segunda-feira, 4 de julho de 2022

PROGRAMA DE GOVERNO LULA CITA DROGAS E POLICIAIS

 

Análise
Por
Gabriel de Arruda Castro, especial para a Gazeta do Povo


Lula, durante seu discurso no lançamento de sua pré-candidatura a presidente.| Foto: Reprodução/TV PT/Youtube

Como parte dos preparativos para a campanha eleitoral que pretende dar um quinto mandato ao PT – o terceiro a Luiz Inácio Lula da Silva -, a equipe do petista lançou a primeira versão de seu programa de governo no fim de junho. No campo da segurança pública, as promessas são genéricas, mas permitem um vislumbre de como seria um novo mandato do petista.

O documento foi lançado em um evento em 21 de junho. Embora a equipe de Lula afirme que o plano de governo ainda possa ser modificado, o material traz pistas importantes – e preocupantes: menos rigor no combate às drogas, mudanças na doutrina policial e acenos a grupos ideológicos cujos objetivos nem sempre se alinham com os da sociedade como um todo.

O documento completo tem 34 páginas. A segurança pública ocupa uma parcela tímida do total: aproximadamente uma página. Um dos trechos mais importantes é o que trata da política sobre drogas. A campanha do petista indica que vai adotar uma postura menos agressiva. “O país precisa de uma nova política sobre drogas, intersetorial e focada na redução de riscos, na prevenção, tratamento e assistência ao usuário”. O termo “Redução de riscos” se refere a programas que, em vez de remover as drogas das mãos dos usuários, buscam tornar a experiência menos perigosa à saúde deles. Em muitos lugares, por exemplo, isso inclui a distribuição de seringas para usuários de heroína ou de cachimbos para usuários de crack, de forma a diminuir os riscos de contágio por doenças infecciosas.

O texto prossegue afirmando que “O atual modelo bélico de combate ao tráfico será substituído por estratégias de enfrentamento e desarticulação das organizações criminosas”. É um sinal de que, no que depender de Lula, as incursões policiais em áreas controladas pelo tráfico tendem a diminuir.

O documento fala ainda na “melhoria da qualificação técnica dos policiais”, incluindo a “reformulação dos processos de seleção” e a “atualização de doutrinas”. Em outra passagem, também menciona a modernização dos “mecanismos de fiscalização e supervisão da atividade policial”. Vindo de um partido que apoiou a decisão do STF que proibiu operações nas favelas e que com frequência acusa a polícia de promover o “genocídio da população negra”, a promessa parece indicar uma tentativa de restringir a atuação da polícia e de torná-la mesmo combativa.

O texto elaborado pela campanha de Lula também afirma que as ações de segurança incluirão medidas específicas que lidem com “violências contra mulheres, juventude negra e população LGBTQIA+”. Não há detalhes de como esses objetivos serão atingidos.

Histórico

Algumas das propostas são genéricas e nada trazem de detalhes. Mas, como Lula já foi presidente, é pertinente olhar para os dados da segurança pública em sua gestão.

Sem se distinguir claramente dos adversários, a campanha de Lula promete investir em tecnologia e valorizar os policiais no combate ao crime organizado, com a padronização das jornadas de trabalho. É um pequeno aceno às categorias policiais, que tendem a ser mais alinhadas com a plataforma de Jair Bolsonaro (PL). Entretanto, a maior parte dos policiais brasileiros (incluindo todos os civis e militares) tem seus salários definidos e bancados pelos governos estaduais, não o federal. O documento de Lula também é relevante pelo que deixa de fora, como a redução da maioridade penal e o aumento no rigor aplicado na punição a criminosos.

Uma versão prévia do programa de governo também citava o “controle de armas” como um dos pilares da política de segurança pública – sem explicar a que tipo de armas, e que forma de controle, se referia. Na versão mais recente, o tema foi deixado de lado.

A falta de detalhes das propostas não permite uma análise mais profunda de como seria a segurança pública em um eventual governo Lula. Mas o histórico do PT no governo federal fornece pistas importantes.

Dos pré-candidatos ao Planalto, Lula e Jair Bolsonaro já foram presidentes. Portanto, eles podem ser julgados por seu desempenho concreto no cargo, não somente pelas ideias presentes em seus documentos de campanha. E o histórico de Lula e seu partido, que permaneceu no poder de 2003 a 2016, não é dos melhores.

Foi durante o governo petista que mudanças importantes afrouxaram o combate ao crime no país. Em 2006, por iniciativa do governo federal, o Congresso aprovou uma lei (11.343/2006) que, na prática, impede a prisão de quem é flagrado com quantidades pequenas de droga (vistas como sendo para consumo próprio). Ou seja: a nova promessa de uma abordagem menos agressiva contra as drogas não é tão nova assim. Especialistas afirmam que a medida beneficiou o tráfico e tornou mais difícil o combate ao crime. “Essa política de descriminalização do consumo de drogas vem causando uma tragédia para o jovem brasileiro — e a criminalidade está cada dia melhor financiada”, diz Olavo Mendonça, especialista em segurança pública e major da Polícia Militar do Distrito Federal.

Também foi durante a gestão do PT, com a chancela do Congresso, que o governo levou adiante o Estatuto do Desarmamento, em 2003. Apesar de em 2005 um referendo ter rejeitado a proibição total do comércio de armas, mesmo a opção menos restritiva acabou sendo mais rigorosa do que a norma até então estava em vigor. Os resultados da mudança não ficaram claros.

Ainda com o apoio do governo federal (neste caso, na gestão de Dilma Rousseff), a audiência de custódia passou a valer em 2015. Desde então, quem é preso em flagrante é levado pela polícia a um juiz em até 24 horas, e o magistrado decidirá pela manutenção da prisão ou soltura. Na prática, o novo modelo reduziu significativamente o número de suspeitos que permanecem detidos em caso de flagrante. Isso gerou situações em que criminosos confessos são liberados pela porta da frente horas após terem sido presos.

Os números mostram como o governo petista não foi capaz de conter a criminalidade. Entre 2006 e 2016, a taxa de homicídios do país passou de 25 para aproximadamente 30 mortes por 100.000 habitantes. Isso é três vezes o valor considerado tolerável pela Organização Mundial de Saúde. O desempenho só não foi pior porque o estado de São Paulo conseguiu reduzir drasticamente o número de assassinatos, o que teve um impacto nos números nacionais. O último ano com o PT na presidência – 2016 – teve um índice recorde de criminalidade. “O governo do PT promoveu o desencarceramento em massa, e foi no governo do PT que saidões foram levados à máxima potência e se criou a audiência de custódia. O Brasil virou a terra da impunidade”, diz Mendonça.

No saldo da gestão de Michel Temer (que assumiu em abril de 2016 e ficou até o fim de 2018), houve uma queda em relação à gestão da petista Dilma Rousseff. E o governo Bolsonaro, que tem um legado questionável em algumas áreas, possui bons números a apresentar na segurança pública: na comparação com 2018, último ano antes do atual presidente assumir o poder, os homicídios caíram quase 20% — de aproximadamente 51 mil para 41 mil.

Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o país fechou 2021 com os menores índices de homicídio desde 2011. Os estados exerceram um papel central nessa queda, mas também houve colaboração do governo federal. A redução aconteceu em 21 estados, de todas as regiões do país.  Apesar de o governo ter buscado facilitar a venda legal de armas – ou talvez justamente por isso -, as taxas de crimes contra a vida caíram substancialmente. Entre 2019 e 2020, os registros de armas quase dobraram, chegando a 186 mil em um ano.

O dilema de Lula

Enquanto se prepara para a campanha, o petista se vê diante de um dilema: se simplesmente repetir as propostas de campanhas anteriores (e que não trouxeram bons resultados), provavelmente se verá em uma posição de fragilidade. Ao mesmo tempo, se mudar de rumo e adotar uma estratégia mais efetiva contra o crime, admitirá indiretamente o fracasso da política de segurança pública petista contrariando o discurso ideológico do PT. Talvez por isso sua campanha tenha optado por um programa de governo genérico.

Mas as declarações de Lula tampouco ajudam. Por mais de uma vez, em discursos recentes, ele criticou o que classifica como encarceramento excessivo de jovens negros, e insinuou que eles não deveriam ser presos, por exemplo, por roubarem um aparelho de celular.

Para o advogado Fabricio Rebelo, presidente do Centro de Pesquisa em Direito e Segurança, o tom genérico das propostas não é capaz de esconder o mau histórico do PT no campo da segurança pública. “A fórmula petista na segurança pública já foi testada e seus resultados são extremamente ruins. Qualquer eleitor que tenha essa área como foco de preocupação prioritária tem todas as razões para temer um eventual retorno do partido ao poder”, diz ele.

Para Rebelo, a referência à juventude negra e à população LGBT no documento parece indicar uma preferência por bandeiras ideológicas em vez de políticas públicas eficazes no campo da segurança. “Não é algo que preocupe pelo foco de atenção nesse grupo, que, como todos os outros, deve ter seus direitos assegurados, mas pela insistência nessa visão segmentada da segurança. No fundo, isso deriva da visão distorcida de que a criminalidade não é uma opção do indivíduo, mas uma determinação da sociedade, pela qual a culpa é dela, e não do bandido”, diz.

Rebelo destaca que a menção ao “controle de armas” na versão inicial do documento indicava uma insistência em uma política que se provou equivocada. “O que vimos durante muitos anos no Brasil foi a construção de uma narrativa para justificar o desarmamento, que por aqui se pautou no apelo da suposta redução de criminalidade, sobretudo com argumentos genéricos, muitas vezes com viés emocional, que apostavam no desconhecimento do assunto pelo público. Com os resultados dos últimos anos, porém, essa narrativa ruiu diante da observação empírica”, diz. Ele se refere à queda no número de homicídios nos últimos anos, justamente quando aumentou o registro de armas de fogo legais no país.

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/eleicoes/2022/programa-de-governo-de-lula-sugere-menos-rigor-contra-as-drogas-e-reeducacao-de-policiais/
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INVASÃO DO CAPITÓLIO NO EUA

Editorial
Por
Gazeta do Povo


Apoiadores do então presidente Donald Trump invadem o Capitólio dos Estados Unidos, em 6 de janeiro de 2021.| Foto: Jim Lo Scalzo/EFE/EPA

Depoimentos recentes feitos a uma comissão da Câmara de Representantes (o equivalente norte-americano da Câmara dos Deputados brasileira) estão ajudando a reconstruir todas as circunstâncias que levaram à invasão do Capitólio por apoiadores do então presidente Donald Trump, em 6 de janeiro de 2021. E o quadro que está emergindo é ainda mais preocupante: se o fato de um grupo tentar interromper uma sessão do Congresso já era, por si só, demonstração de uma mentalidade antidemocrática, muito pior é saber que isso ocorreu com o conhecimento, a conivência e o estímulo de Trump.

Naquele 6 de janeiro, o Congresso se reuniria para certificar os resultados do Colégio Eleitoral, que dera 306 votos ao democrata Joe Biden e 232 a Trump. No fim da manhã, perto da Casa Branca, o presidente discursou a dezenas de milhares de apoiadores, usando frases como “nós vencemos essa eleição, e vencemos de lavada”, e “nós nunca desistiremos, nós nunca concederemos, isso não acontece, você não concede quando há roubo envolvido”. Antes mesmo que Trump tivesse terminado seu discurso, parte do público desse comício se dirigiu à sede do Legislativo norte-americano, forçando a entrada e interrompendo a sessão de certificação dos resultados, que só foi retomada à noite, quando a invasão já havia sido repelida. Cinco pessoas morreram e houve centenas de feridos, incluindo quase 140 policiais.

A pressão de Trump sobre várias autoridades, para que elas dessem credibilidade à narrativa infundada de uma enorme fraude eleitoral que tirou a reeleição do republicano, já era conhecida, mas foi reforçada em alguns dos depoimentos recentes, como os de ex-funcionários do Departamento de Justiça. Um deles, o ex-procurador-geral adjunto interino Richard Donoghue, disse ao comitê de deputados que o Departamento de Justiça encontrou, de fato, “casos isolados de fraude”, mas que “nenhum deles chegou perto de colocar em questão o resultado da eleição em qualquer estado em particular” – o que acabou confirmado por auditorias e recontagens. Mesmo juízes nomeados por Trump não viram motivo para anulação de resultados em estados onde Biden saiu vencedor.

O choro é livre, mas o uso da força não é – ou seja, em uma democracia o direito à crítica pode ser exercido de formas até bastante intensas, mas não se recorre à violência para fazer valer as próprias vontades

O comitê está descobrindo, também, que o papel real de Trump nos acontecimentos do próprio 6 de janeiro foi além do discurso incendiário. O presidente não chegou a incentivar explicitamente uma invasão do Capitólio, mas sua retórica inflamada inegavelmente construiu o clima para a invasão violenta da sede do Legislativo; além da recusa em reconhecer o resultado, Trump se referiu à certificação que ocorria no Congresso, dizendo que “vocês terão um presidente ilegítimo, isso é o que terão, e não podemos deixar isso acontecer” – não foi nada surpreendente que muitos tivessem concluído que este “não deixar isso acontecer” incluísse uma invasão do Congresso para impedir a certificação. Isso tudo também já era conhecido, mas um depoimento em particular, da ex-assessora da Casa Branca Cassidy Hutchinson, mostra que Trump foi além da incitação.

De acordo com Hutchinson, Trump sabia que alguns apoiadores tiveram armas apreendidas, e mesmo assim não quis o uso de detectores de metal antes de seu discurso na Casa Branca, dizendo não se importar que houvesse pessoas armadas, pois não era ele que estaria em perigo. Além disso, a ex-assessora afirmou ter ouvido do vice-chefe de Gabinete da Casa Branca que Trump chegou a tentar assumir o volante do veículo presidencial após o discurso, para ir ao Capitólio. Este relato específico vem sendo questionado, mas, ainda que Hutchinson estivesse equivocada neste caso – pois ela não presenciou essa atitude de Trump, fiando-se no relato de um terceiro, ao contrário dos outros episódios narrados, que ela presenciou –, isso não anularia o fato de que Trump estava ciente da possibilidade de uma tragédia e não agiu para contê-la.


A invasão do Legislativo pelos apoiadores de Trump revela um forte contraste com a reação dos perdedores de quatro anos antes. Quando Trump venceu a disputa presidencial em 2016, os democratas, a esquerda e todos os que rejeitavam a ideia de vê-lo na Casa Branca não esconderam sua frustração – pelo contrário, manifestaram-na de forma bastante veemente; jornalistas e formadores de opinião previram o apocalipse; estudantes universitários precisaram de “safe spaces” nas instituições de ensino para tentar lidar com a eleição do republicano, como se suas vidas tivessem perdido o sentido. Por mais melodramáticas e exageradas que fossem essas reações, elas não chegaram perto de uma contestação ou uma tentativa de “virar a mesa”. Tanto Barack Obama quando outros ex-presidentes democratas, como Jimmy Carter e Bill Clinton, participaram da cerimônia de posse. Em 2020, os republicanos até começaram fazendo a coisa certa, buscando a Justiça e usando as ferramentas legais para contestar resultados no Legislativo. Mas, uma vez derrotados ali, caberia reconhecer que a via institucional estava esgotada e não havia mais nada a fazer. A invasão do Capitólio, no entanto, mudou tudo e demonstrou que Trump e seus apoiadores não haviam aprendido a lição que seus adversários colocaram em prática quatro anos antes: o choro é livre, mas o uso da força não é – ou seja, em uma democracia o direito à crítica pode ser exercido de formas até bastante intensas, mas não se recorre à violência para fazer valer as próprias vontades.

De forma bastante paradoxal, os depoimentos sobre a postura antidemocrática de Trump vêm no mesmo momento em que o mundo presencia os efeitos do que talvez seja o grande legado de sua presidência: uma Suprema Corte capaz de julgar com justiça, aplicar a Constituição e defender liberdades e direitos básicos como a vida. Essa ambivalência, em que um líder enxerga com clareza a importância de alguns valores fundamentais enquanto despreza outros da mesma importância, é uma das grandes dificuldades da safra atual de governantes. Tem sido quase impossível encontrar líderes que tenham, ao mesmo tempo, plataformas corretas sobre o respeito à vida, à família e a valores como a liberdade de expressão, e um forte compromisso com a democracia; eis um dos maiores desafios do mundo atual, pois mesmo alguns poucos governantes com esse perfil em nações relevantes já seriam capazes de fazer um grande bem à comunidade global.

ESPECIAL
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PESQUISAS E EXPLORAÇÃO DE POTÁSSIO AUMENTAM NO BRASIL

 

De janeiro a junho, o número de solicitações à agência de mineração chegou a 50, três vezes mais do que a média anual da última década

André Borges, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA – A crise dos fertilizantes deflagrada pela guerra entre Rússia e Ucrânia gerou uma corrida pela extração de potássio no Brasil – processo que tem pressionado municípios em diversas regiões do País, por causa do impacto ambiental envolvido nessas atividades. Os pedidos para pesquisa e exploração do mineral bateram recorde no primeiro semestre de 2022, superando o que se viu nesse setor na última década.

Estadão fez um levantamento dessas solicitações de exploração de potássio registradas pela Agência Nacional de Mineração (ANM). De janeiro a junho, o órgão responsável pela concessão de pesquisas e lavras minerais recebeu um total de 50 pedidos relacionados à extração de potássio, a maior parte deles concentrada no Amazonas, ao longo da calha do Rio Madeira. Há pedidos também em outros Estados, como Goiás, Bahia, Sergipe, Piauí e Minas Gerais.

O número supera com folga os registrados na última década. No ano passado, por exemplo, quando o governo já se preocupava com a oferta de fertilizantes no País, apenas nove solicitações relacionadas a potássio chegaram à ANM. Desde 2013, a média de requisições enviadas à agência foi de 14 registros por ano. O que se vê apenas neste primeiro semestre, portanto, equivale ao triplo do volume médio anual dos últimos dez anos.

A corrida pelo potássio tem exercido pressão em processos de licenciamento ambiental que, muitas vezes, incluem impactos em unidades de conservação ambiental e, em algumas situações, áreas de preservação paisagística. Um exemplo é o que se vê no interior de Minas Gerais.https://arte.estadao.com.br/uva/?id=zPaj4y

O movimento para nacionalizar a produção de potássio tem sido puxado pelo Ministério da Agricultura (Mapa), que teve de buscar alternativas para garantir o abastecimento nacional. O Brasil adquire no exterior 85% do volume de fertilizantes aplicado anualmente nas lavouras. A Rússia é uma das principais exportadoras – em janeiro, respondeu por 30,1% do adubo que entrou em território nacional, segundo o Ministério da Economia. No ano passado, os russos foram responsáveis por 23,3% do fertilizante que chegou ao Brasil.

Para garantir o estoque nacional, outros países foram acionados, como Canadá, Irã e Marrocos. “Mesmo com os conflitos, não houve interrupção das importações de fertilizantes russos e, consequentemente, da atividade de produção no campo”, informou o Mapa.

Em março, um decreto instituiu o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF), que inclui metas e ações para reduzir a participação atual de 85% da importação de fertilizantes para cerca de 50%, até 2050. Essa redução inclui, além da exploração nacional de potássio, o uso de adubos orgânicos enriquecidos com minerais, entre outros.

Projetos de longo prazo

Não é possível prever, neste momento, quando a exploração nacional de potássio deverá ter resultado efetivo, uma vez que isso depende do processo de licenciamento ambiental em cada região e do ritmo de investimento de cada empresa. O que se sabe, porém, é que se trata de um processo de longo prazo, dadas as características das minas, que dependem de aporte financeiro pesado e infraestrutura logística que viabilize o empreendimento.

Portanto, não será do dia para a noite que a exploração nacional de potássio ajudará a reduzir a dependência internacional do principal insumo usado na produção de fertilizantes. Além de exigir investimentos bilionários, o início da produção é complexo e leva anos para se consolidar.

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Estoque de potássio na Rússia; o Brasil importa 85% do volume de fertilizantes usados anualmente no campo  Foto: Sergei Karpukhin/Reuters – 26/08/2013

O presidente da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Mineral (ABPM), Luís Azevedo, que já atuou com projetos de potássio, afirma que a característica das jazidas de potássio encontradas na Amazônia, por exemplo, onde estão as rochas com maior concentração do minério, estão localizadas em profundidades de aproximadamente 800 metros.

“São áreas profundas e de grande complexidade. Um furo de sondagem de 800 metros, por exemplo, leva de dois a três meses para ser feito, e tudo isso só para ver se a área tem sinais de viabilidade. São projetos com custo inicial acima de US$ 1 bilhão”, afirma Azevedo.

Já em áreas de Estados como Goiás e Minas Gerais, ele explica, o potássio é encontrado em rochas na superfície e o teor do minério contido nessas rochas é bem inferior àquele que se encontra na Amazônia. “É uma opção mais barata e rápida, apesar de menor teor. Talvez seja o caminho mais recomendável neste momento, porque os demais projetos levam, pelo menos, cinco anos para se viabilizarem”, diz o executivo.

Estoque em dia 

O receio com a falta do insumo levou o Brasil a importar mais fertilizantes do que no ano passado. Entre janeiro e maio de 2022, o produtor nacional importou 15,22 milhões de toneladas de fertilizantes, 16% a mais que os 13,12 milhões comprados no mesmo período de 2021. 

“Apesar das sanções impostas contra a Rússia e Belarus no início deste ano, os produtores nacionais, num movimento de antecipação de compras, fizeram fortes aquisições do insumo”, afirmou a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). “Os fertilizantes já estão sendo internalizados e o Brasil provavelmente terá suprimentos adequados para o plantio das safras 2022/23.”

Os dados de comércio exterior compilados pelo Ministério da Economia apontam que as importações brasileiras atingiram 4,06 milhões de toneladas em maio, 25% acima do volume adquirido no mês anterior e 57% superior ao mesmo mês em 2021.

JOVEM APROVADO EM MEDICINA VIRA PESQUISADOR

Dedicação nos estudos

Por
Sissy Zambão, especial para o Sempre Família


Após ser aprovado em medicina, Caio, com 13 anos, aceitou ser pesquisador na área de saúde.| Foto: Arquivo pessoal/Caio Temponi

Caio Temponi, aos 13 anos de idade, se tornou a pessoa mais jovem no Brasil a passar em medicina, além de já ter outras aprovações semelhantes em seu histórico escolar. Ele estuda, diariamente, por 10 horas e frequenta o 2º ano do Ensino Médio, em Fortaleza, das 13h30 às 22 horas. Além disso, suas manhãs são dedicadas aos exercícios de aprofundamento e aulas de inglês.

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Os pais de Caio, Laurismara e Antônio Temponi, perceberam a facilidade de aprendizado que o filho tinha, quando ele completou 2 anos. Na época ele ganhou um quebra cabeça alfabético e começou, sozinho, a soletrar as letras. “A partir desse momento começamos a dar as ferramentas necessárias para que ele pudesse avançar em conhecimento”, conta a mãe.

Para auxiliar nos estudos do jovem, Antônio e Laurismara recorreram ao Kumon (ensino autodidata), que permitiu ao menino avançar em cinco anos seu desenvolvimento. Assim, se fez necessário buscar novos conteúdos, mais avançados, para auxiliar no ensino do Caio. “Minha matéria preferida é matemática, mas gosto de estudar os conteúdos de todas as outras”, destaca o adolescente que também dedica tempo para hobbies, como jogar ping pong, futebol, xadrez e sair com seus amigos.

Por se relacionar bem com qualquer faixa etária, seja da mesma idade ou outra mais velha, Laurismara e Antônio valorizam o momento que Caio pode ter com os amigos, além de incentivá-lo ao lazer. “A felicidade dele é a nossa felicidade”, complementam os pais.


Colecionador de aprovações
Apaixonado por estudar desde a infância, seus pais nunca precisaram cobrar qualquer momento de estudo ou seu rendimento escolar. Tanta dedicação, resultou em inúmeras aprovações.

Ele coleciona medalhas em olimpíadas cientificas e também foi aprovado aos 12 anos na Escola Preparatória de Cadetes do Ar (Epcar), em Barbacena (MG), gabaritando todas as provas objetivas, sendo o único da história a realizar o feito.

Além disso, aos 13 anos, somada à aprovação de medicina, na Universidade de Fortaleza, o jovem também se classificou, em primeiro lugar, no curso de administração, na Universidade Estadual do Ceará (UECE) e em direito, na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).

Ingresso na pesquisa científica
Após acompanhar o progresso de Caio, Fabiano de Abreu Agrela, PhD neurocientista, chefe do departamento de Ciências e Tecnologia Logos University International, UniLogos, nos Estados Unidos, o convidou para integrar sua equipe de pesquisadores.

“No Brasil há uma falta de pesquisadores, principalmente bons e criativos. O Caio tem sede de conhecimento e aprende muito rápido”, conta Agrela, ao explicar os motivos para o convite.

As pesquisas realizadas na área da saúde, desde já tem motivado Caio a continuar na área científica, sempre com o apoio de seus pais. “Quando ele foi convidado pelo doutor Fabiano e sua equipe para participar de pesquisas, ficamos bem animados e estamos ao seu lado, apoiando essa nova fase de vida”, destacam eles entusiasmados por seu filho poder fazer a diferença no mundo através da pesquisa. “Foi maravilhoso receber o convite, me deixa bastante feliz e motivado para fazer o meu melhor”, diz Caio.

O futuro à Deus pertence
Desejando desde pequeno ser juiz federal, Caio se vê, atualmente, dividido entre medicina e direito, mas não tem pressa para escolher. Apoiando o filho em suas decisões, Laurismara e Antônio, ainda que tenham preocupações comuns a qualquer mãe e pai, dedicam-se para que o jovem colha os frutos no futuro. “Eu desejo no futuro mais investimento na educação, para podermos melhorar cada vez mais o nosso país”, espera o jovem.


Leia mais em: https://www.semprefamilia.com.br/virtudes-e-valores/aprovado-em-medicina-jovem-de-13-anos-recebe-convite-para-tornar-se-pesquisador/?ref=mais-lidas&_gl=11eee12q_gaODg0ODYxMjMuMTY1Mzk5Njk5Mg.._ga_B7X3QY6Y1N*MTY1NjkzNjM5Mi4yNi4xLjE2NTY5MzY0NjEuMA..
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A CRIATIVIDADE EXIGE DISCIPLINA

 

Diz Daniel Wakswaser, da Ambev

Segundo vice-presidente de marketing da gigante de bebidas, empresa percebeu que boas ideias ajudam negócio como um todo

Entrevista com

Daniel Wakswaser, vice-presidente de marketing da Ambev

Fernando Scheller, O Estado de S.Paulo

ENVIADO ESPECIAL A CANNES – Depois de passar muito tempo desconfiando dos benefícios da criatividade – por se considerar uma empresa mais comercial -, a Ambev redefiniu seu marketing e abraçou o conceito como pilar para o negócio como um todo. Segundo o vice-presidente de marketing da gigante das bebidas, Daniel Wakswaser, uma boa ideia não vem só de arroubos de brilhantismo. “A criatividade não é só uma faísca de improviso, precisa de disciplina e processos”, disse o executivo ao Estadão durante o Cannes Lions – Festival Internacional de Criatividade. 

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Wakswaser diz que a Ambev é uma empresa ‘mais de fazer do que de falar’ Foto: Soraya Ursine/Estadão

Como foi sua trajetória até o comando do marketing da Ambev?

Estou na Ambev há 15 anos, entrei direto da faculdade como trainee. E eu cheguei a uma Ambev muito diferente da de hoje. Na época, a empresa era mais comercial, lógica e racional. Participei dessa transformação. Comecei na área comercial e fui um dos primeiros a ir cedo para o marketing. Cuidei de algumas marcas, como Brahma, Antarctica e Bohemia. Depois, durante quatro anos, criei ZX, nossa célula de interna de empreendedorismo, que trouxe projetos como cervejas artesanais e o Zé Delivery. 

E como essa fase à frente de um negócio ajudou na volta ao marketing?

Meus quatro anos de ZX foram assim: 10% do tempo era marketing e 90% finanças, vendas etc. E acho que me formou um marqueteiro mais completo. Depois disso, eu fui para o marketing global, para dar um passo para cima em criatividade. Foi um momento de, com o time dos EUA, definir esse sonho em 2017 ou 2018: de algum dia, a AB InBev poder ser o Anunciante do Ano em Cannes (como ocorreu em 2022). Começamos a criar processos de criatividade para o mundo. A criatividade não é só uma faísca de improviso, precisa de disciplina e processos.

Esse processo, que incluiu mudanças em determinados discursos, está pronto? O que falta?

Estamos no começo do caminho. Foi um amadurecimento entender que a criatividade serve à eficiência do negócio. Em algum momento, pensávamos que criatividade não era para a gente. Mas começamos a perceber que, quanto mais criativo você for, mais resultado você vai trazer. Porque criatividade é fazer algo de um jeito novo e que se destaca. E isso geralmente requer menos investimento. E não só para o marketing: logística, comercial e indústria também têm de ser criativos. Quanto mais criativa é a organização, mais eficiente ela é.

Como você trabalha o ESG dentro do marketing? Como cuidar para que cada marca tenha um espaço genuíno?

Temos de tomar muito cuidado, na indústria do marketing, de não só pegar as coisas novas e fazer “cases” bonitos e sem profundidade. As pessoas hoje são muito mais criteriosas e têm acesso a mais informação para saber o que é verdade e o que é a tentativa de surfar uma onda. A Ambev é uma empresa mais de fazer do que de falar. Guaraná Antarctica, por exemplo, está nesse tema de seleção feminina há muito tempo. Agora que a gente começou a ganhar prêmio de criatividade. Outra marca, a Corona, fala há muito tempo sobre sustentabilidade, sobre como a gente recicla o plástico, como reciclar a garrafa. E agora estamos ganhando prêmios em Cannes com uma competição para os pescadores pescarem plástico – o que é supercriativo, mas que só pode ser feito porque já falamos disso há muito tempo. 

Mas nem toda a marca precisa ter um apelo ESG…

A gente como companhia tem de ter esse compromisso com o Brasil. Mas, de fato, nem toda marca precisa fazer tudo. Essa é a beleza de ter um portfólio tão grande.

À medida que o portfólio cresce, há um desafio de se achar novas formas de comunicação com o cliente?

Sim, e por isso que criatividade e disciplina têm de andar juntos. O Zé Delivery faz parte de uma transformação da empresa, que é a de se tornar uma plataforma. Antes a gente era uma vertical de cerveja, depois de bebidas e agora temos três verticais: bebidas, serviço direto para o consumidor e a plataforma B2B, que a gente serve os bares e restaurantes. É preciso conectar tudo isso, pois cada marca precisa ser construída. O Zé Delivery tem o propósito de melhorar a socialização. Assim, consegue ser muito mais do que um app de delivery e pode se aventurar em diversos assuntos. Isso vai ficar claro na Copa do Mundo. Vamos falar de muita coisa, além de cerveja gelada. 

Como a entrada em novas categorias de bebidas muda os processos internos?

Para trazer as novas categorias, precisamos de um processo de inovação disciplinado. Antes, a gente achava que a forma de lançar era: ter uma ideia, refinar no laboratório e expandir nacionalmente. E descobrimos que esse laboratório (interno) não consegue replicar a vida real. Agora fazemos pilotos em uma cidade. Fizemos isso com o Zé Delivery e a marca Spaten, que é um supersucesso. E isso requer certa humildade, pois, por mais experiência que a gente tenha, às vezes não sabemos o que consumidor quer.

EMPRESAS CRESCEM NO PÓS-PANDEMIA

 

Pipedrive – plataforma global de receita inteligente para pequenas empresas

Apesar do bom resultado, a economia apresenta desafios, gerando redução nos orçamentos e demissões das empresas 

A Pipedrive, primeira plataforma global de receita inteligente para pequenas empresas, anuncia os resultados de seu relatório anual Mercado de Vendas & Marketing. A pesquisa examinou as tendências dessas áreas em todo o mundo, incluindo o Brasil, e foi realizada em dezembro de 2021. Os dados apontam para áreas-chave nas quais as empresas podem investir quando há sinais de instabilidade econômica, como a adoção de tecnologia e automação, integração entre vendas e marketing, papel da liderança na saúde e no sucesso dos negócios e produtividade no trabalho remoto, por exemplo.

Apesar dos desafios que os empresários enfrentaram em 2020, mais de 70% dos entrevistados viram um aumento na receita de suas empresas após a pandemia, e 40% superaram as previsões de rendimento em 2021, em comparação com 2020. No entanto, apenas 64% dos profissionais de vendas dessas organizações atingiram suas metas anuais em 2021 – os principais fatores apontados foram orçamentos (43%) e equipes (43%) reduzidos.

“A tecnologia tem a capacidade de ajudar as empresas, principalmente as de pequeno porte, a obter informações valiosas para que possam reduzir custos e criar eficiências operacionais quando necessário. Isso não apenas ajuda a obter vantagem competitiva no mercado, mas também pode aliviar as pressões internas dentro das organizações, o que é importante quando os tempos são economicamente difíceis. A incerteza e volatilidade econômica já são realidade – o que mais importa é preparar os negócios para o sucesso, implementando a infraestrutura certa que pagará dividendos a longo prazo”, afirma Dominic Allon, CEO da Pipedrive.

As principais descobertas da pesquisa foram:

Forte crescimento no setor

Apesar dos desafios enfrentados no ano passado, 71% dos entrevistados disseram que sua empresa cresceu mais em 2021 do que em 2020, enquanto 73% disseram que sua empresa atingiu ou superou as metas de receita.

A adoção de tecnologia ajuda no crescimento e na satisfação dos funcionários

Os entrevistados que adotaram a tecnologia e automatizaram suas tarefas de vendas e marketing tiveram 16% mais chances de atingir suas metas de vendas. Eles também tiveram 22% mais chances de estarem satisfeitos com as ferramentas disponibilizadas para eles.

Uma liderança forte é a chave para o sucesso

Quase 40% dos entrevistados que não atingiram sua meta de vendas no ano passado (e nunca ou raramente atingiram sua cota regular de vendas) acreditavam que a liderança e o gerenciamento em sua empresa exigem melhorias.

Integração de vendas e marketing aumenta a receita

Empresas com as áreas de vendas e marketing bem integradas tiveram 26% mais chances de dizer que sua receita superou as previsões. Elas também são mais propensas a ter uma compreensão mais clara de estratégia, missão e objetivos.

O investimento em marketing gera resultados

Mais de 78% dos entrevistados relataram um retorno médio bom ou muito bom de seu investimento em marketing em 2021. Enquanto isso, as empresas que aumentaram os gastos em marketing tiveram mais lucratividade.

O trabalho remoto contribui para uma melhor produtividade

Dois terços dos entrevistados disseram que o trabalho remoto teve um impacto positivo em sua vida profissional, enquanto metade (46%) disse que o formato os tornou mais produtivos, em comparação com 12% que disseram ser menos produtivos trabalhando de casa.

Metodologia

O Relatório Anual de Vendas e Marketing da Pipedrive 2021-2022 entrevistou 1.114 profissionais de vendas e marketing, empresários e pessoas envolvidas no setor globalmente. A amostra inclui pessoas que trabalham para startups, PMEs e grandes empresas. A pesquisa foi realizada em dezembro de 2021.

Sobre o Pipedrive

Fundado em 2010, o Pipedrive é o primeiro CRM e plataforma de gerenciamento de receita inteligente para pequenos negócios. Hoje, o Pipedrive é usado por equipes em mais de 95.000 empresas em todo o mundo. A Pipedrive tem sede principal em Nova York e possui escritórios na Europa e nos Estados Unidos. A empresa é apoiada por um acionista majoritário, Vista Equity Partners, e por outros como Bessemer Venture Partners, Insight Partners, Atomico, DTCP e Rembrandt Venture Partners. Saiba mais em https://www.pipedrive.com/pt.

Vendas pela internet com o site Valeon

Você empresário que já escolheu e ou vai escolher anunciar os seus produtos e promoções na Startup ValeOn através do nosso site que é uma Plataforma Comercial Marketplace aqui da região do Vale do Aço em Minas Gerais, estará reconhecendo e constatando que se trata do melhor veículo de propaganda e divulgação desenvolvido com o propósito de solucionar e otimizar o problema de divulgação das empresas daqui da região de maneira inovadora e disruptiva através da criatividade e estudos constantes aliados a métodos de trabalho diferenciados dos nossos serviços e conseguimos desenvolver soluções estratégicas conectadas à constante evolução do mercado.

Ao entrar no nosso site você empresário e consumidor terá a oportunidade de verificar que se trata de um projeto de site diferenciado dos demais, pois, “tem tudo no mesmo lugar” e você poderá compartilhar além dos conteúdos das empresas, encontrará também: notícias, músicas e uma compilação excelente das diversas atrações do turismo da região.

Insistimos que os internautas acessem ao nosso site (https://valedoacoonline.com.br/) para que as mensagens nele vinculadas alcancem um maior número de visitantes para compartilharem algum conteúdo que achar conveniente e interessante para os seus familiares e amigos.

Enquanto a luta por preservar vidas continua à toda, empreendedores e gestores de diferentes áreas buscam formas de reinventar seus negócios para mitigar o impacto econômico da pandemia.

São momentos como este, que nos forçam a parar e repensar os negócios, são oportunidades para revermos o foco das nossas atividades.

Os negócios certamente devem estar atentos ao comportamento das pessoas. São esses comportamentos que ditam novas tendências de consumo e, por consequência, apontam caminhos para que as empresas possam se adaptar. Algumas tendências que já vinham impactando os negócios foram aceleradas, como a presença da tecnologia como forma de vender e se relacionar com clientes, a busca do cliente por comodidade, personalização e canais diferenciados para acessar os produtos e serviços.

Com a queda na movimentação de consumidores e a ascensão do comércio pela internet, a solução para retomar as vendas nas lojas passa pelo digital.

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domingo, 3 de julho de 2022

DESAFIOS ECONÔMICOS PARA O PRÓXIMO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

 

Perspectivas

Por
Vandré Kramer – Gazeta do Povo


Funcionários limpam vidros do Palácio do Planalto: quem governar o país a partir de 1.º de janeiro de 2023 vai enfrentar uma série de desafios econômicos.| Foto: Marcos Correa/PR

Quem assumir a Presidência em 1.º de janeiro terá de enfrentar, logo de cara, desafios econômicos que entrelaçam questões internas e externas: juros altos, baixo crescimento e questões complexas na área fiscal, apontam economistas ouvidos pela Gazeta do Povo.

A última ata do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) aponta que as incertezas sobre o futuro das contas públicas e as políticas de sustentação da demanda agregada podem trazer risco de alta à inflação. E considera que as medidas fiscais em tramitação no Congresso aumentariam a expectativa de inflação para 2023.

O economista-chefe do banco Modal, Felipe Sichel, aponta que se caminha para um período de fortes incertezas nos próximos meses. “O principal questionamento que se faz é de como vai ser a condução da política econômica no próximo ano.”

Questão fiscal será decisiva
Um dos fatores que será decisivo será a questão fiscal. Três dos quatro principais candidatos – Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PL) e Ciro Gomes (PDT) já afirmaram que pretendem rever o teto de gastos. A medida foi implantada em 2017, no governo Michel Temer, para controlar as despesas públicas.

Segundo Eduarda Korzenowski, economista da Somma Investimentos, sem uma âncora fiscal, a tendência é de impactos negativos para a economia. “Os juros tendem a ficar mais elevados e a atividade econômica, mais fraca ainda.”

A diretora de macroeconomia da Tendências Consultoria, Alessandra Ribeiro, aponta que vai ser preciso pensar na sustentabilidade das contas públicas. “Não dá para agir como se tivesse ‘licença para matar’. Isto desencadearia um gatilho forte para o pessimismo.”

Segundo o Banco Central, nos 12 meses encerrados em abril o endividamento público chegou a 78,3% do PIB e o superávit primário do setor público, a R$ 137,4 bilhões (1,52% do PIB), a maior parte dele conseguida pelos governos estaduais e municipais).

Ela também lembra que a realidade fiscal em 2023 deve ser diferente. Atualmente, segundo ela, tem-se uma arrecadação maior em função das commodities em valores elevados e da retomada do setor de serviços após os piores impactos da pandemia da Covid-19. Mas, ao mesmo tempo, o governo está ampliando os gastos e as renúncias tributárias. “O cenário da arrecadação no próximo ano será diferente, com gastos estruturais maiores.”

O quadro fiscal pode ser prejudicado pela proliferação de medidas – já aprovadas ou em estudo – para aliviar os preços dos combustíveis, em especial por meio de redução de impostos. Em paralelo, o Senado aprovou e a Câmara deve analisar nos próximos dias uma proposta de emenda à Constituição que permite despesas de mais de R$ 41 bilhões fora do teto de gastos com uma série de benefícios, como a ampliação do Auxílio-Brasil e do vale-gás e a criação de vouchers para caminhoneiros e taxistas.

Por mais que algumas dessas medidas sejam inicialmente de caráter temporário, restritas a 2022, especialistas veem riscos de que se tornem permanentes. Foi o que ocorreu com o próprio piso de R$ 400 do Auxílio Brasil, que antes seria válido até o fim de 2022 e depois foi tornado permanente – e agora tem chances de ser elevado em mais R$ 200.

Reflexos da alta nos juros
Os economistas sinalizam que a tendência é de um crescimento mais fraco no próximo ano. Dois fatores devem contribuir para isso: os efeitos da alta nos juros e o desaquecimento da economia global.

Ao mesmo tempo em que a atividade econômica no Brasil vai estar menos acelerada, o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, avalia que a inflação deve perder força. “Dificilmente o PIB irá avançar tanto em 2023, por causa dos efeitos da política monetária.”

O Copom também deixou claro, na ata da última reunião, a decisão de reduzir sua projeção de inflação (IPCA) para 2023 de 4% para algo “em torno da meta”, que é de 3,25%, com oscilação de 1,5 ponto porcentual para cima ou para baixo.

“Diante desse cenário desafiador, o Comitê reconheceu que a manutenção da taxa Selic por um período suficientemente longo não asseguraria, neste momento, a convergência da inflação para em torno da meta no horizonte relevante de política monetária”, diz o economista-chefe da XP Investimentos, Caio Megale.

Para Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veddha Investimentos, o cenário indica para uma taxa Selic de dois dígitos ao longo de todo o ano de 2023. Atualmente ela está em 13,25% ao ano e há sinalização de uma alta de mais 0,5 ponto porcentual na próxima reunião, em agosto.


Agenda de reformas é um dos desafios econômicos
Outro desafio econômico de quem ocupar o Palácio do Planalto a partir de 2023 será o de destravar o crescimento da economia brasileira, que nos últimos dez anos cresceu à média de 0,27% ao ano, enquanto a economia mundial avançou 2,83% ao ano.

Entidades como a Confederação Nacional da Indústria (CNI) estão encaminhando propostas aos presidenciáveis, apontando para a necessidade de reformas e de preservação do arcabouço da política econômica.

Contudo, Vale não vê espaço para mudanças. “Os pré-candidatos vem mostrado um espírito pouco reformista. E ao que tudo indica, teremos um Congresso forte e, também, sem esse espírito de mudanças. Estamos perdendo um tempo precioso.”


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/economia/quais-desafios-economicos-de-quem-governar-pais-a-partir-2023/
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PT E CENTRÃO COBIÇAM AS ESTATAIS

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo


Gleisi Hoffmann, deputada federal pelo PT.| Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Michel Temer ainda era presidente interino do Brasil quando o Congresso aprovou e ele sancionou a Lei das Estatais (13.303/16), a primeira grande resposta da classe política, pressionada pelas revelações da Operação Lava Jato sobre a extensão da pilhagem lulopetista sobre a Petrobras e outras empresas. Ela trouxe uma série de avanços na governança dessas empresas, especialmente ao impor regras para a nomeação de gestores, reduzindo a chance de cargos importantes caírem nas mãos de políticos e “companheiros” sem experiência alguma no ramo a que a estatal se dedica. Mas, como tantos outros avanços trazidos diretamente pela Lava Jato ou como consequência da operação, também este tem seu desmonte articulado nos corredores de Brasília.

“Vamos trabalhar com essa lógica de mudar a Lei das Estatais, por medida provisória (…) Obviamente, temos que ver o texto que é possível. Isso foi discutido e está sendo feito”, afirmou, dias atrás, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). Sem dizer explicitamente que trechos seriam alterados, o deputado chamou de “amarras” as regras de compliance e disse que elas precisavam ser conciliadas com o “objetivo social” das estatais. No dia seguinte, a também deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) foi mais explícita e, no plenário da Câmara, atacou a Lei das Estatais, especialmente os critérios para a nomeação de diretores.

O histórico de ladroagem e a pressão atual pelo relaxamento das boas regras de governança mostram que há todos os motivos possíveis para manter as mãos dos políticos longe dos cargos das estatais

O artigo 17 da Lei das Estatais exige experiência no setor de atuação da empresa para os cargos de diretor, presidente, diretor-geral, diretor-presidente e membro do Conselho de Administração, e impede que tais postos sejam ocupados por ministros, secretários estaduais ou municipais, detentores de mandato eletivo – em todos esses casos, a vedação se estende aos parentes –, dirigentes partidários ou sindicais, e pessoas com qualquer tipo de conflito de interesse. É o tipo de regra que incomoda tanto petistas quanto partidos do Centrão, todos empenhados em tomar o controle de estatais, seja para proveito pessoal, seja para a implantação de projetos de poder que fraudam a democracia brasileira, objetivo do mensalão e do petrolão.

Para voltar a colocar a mão no butim das estatais, o Centrão, que hoje está na base aliada do presidente Jair Bolsonaro, não se incomoda em abraçar novamente o petismo, de quem já foi aliado no passado – o PP de Barros foi um dos partidos com mais integrantes encrencados na Lava Jato. Obviamente, os olhares mais gananciosos estão voltados para a Petrobras, cuja política de preços, resultado da gestão profissional implantada em 2016 com Pedro Parente, está sob ataque tanto do governo quanto da esquerda. Após a privatização da Eletrobras (colocando um fim às inúmeras nomeações políticas para cargos na empresa) e a possível venda dos Correios (onde surgiu o mensalão), a petrolífera ganhou ainda mais importância como a grande torneira que fisiológicos e corruptos têm à disposição, caso consigam mudar a lei.


A Lei das Estatais é um legado da Lava Jato que precisa ser preservado. Não é mera coincidência que, após sua aprovação, várias empresas antes deficitárias graças ao descalabro petista tenham voltado a dar lucro, caso dos Correios e da Petrobras. A intenção de mudar a Lei das Estatais mostra qual é o padrão adotado pelo PT e pelo Centrão: quando a privatização for inevitável, é preciso cobrar um preço caro da sociedade, como no caso dos “jabutis” incluídos na venda da Eletrobras, usando um truque de redação legislativa que impediria Bolsonaro de vetar as partes problemáticas; para as empresas que permanecerem na mão do governo, é preciso facilitar o retorno das práticas que permitiram os megaesquemas de corrupção. Gleisi reclamou que as regras da Lei das Estatais representam uma “criminalização da política” – mas foram os políticos que assaltaram as estatais durante a passagem do PT pelo poder. O histórico de ladroagem e a pressão atual pelo relaxamento das boas regras de governança mostram que há todos os motivos possíveis para manter as mãos dos políticos longe dos cargos das estatais.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/editoriais/pt-centrao-lei-das-estatais/
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PREÇO DO LEITE DISPARA E VACAS SÃO VENDIDAS PRA CORTE

Mercado lácteo

Por
Marcos Tosi – Gazeta do Povo

Arapongas, 9 de Setembro de 2008 – ARQUIVO – BANCO DE IMAGENS – PECUÁRIA – Criação de gado para produção de leite no assentamento de sem terra Dorcelina Folador em Arapongas norte do estado – Foto: Daniel Castellano / Gazeta do Povo


Estiagem diminuiu qualidade do pasto e elevou preço dos grãos para alimentar o rebanho| Foto: Daniel Castellano / Arquivo Gazeta do Povo

De repente, o assunto virou o preço do leite, que disparou e chegou a patamares nunca antes alcançados, entre R$ 7 e R$ 10, acima até do litro da gasolina. A crise no setor lácteo, no entanto, não surgiu de maneira súbita. Foi se avolumando nos últimos três anos, num contexto de pandemia, alta do dólar e inflação, agravado pela seca na última safra e a guerra na Ucrânia. O custo do milho, principal prato bovino, foi às alturas, assim como o de outros itens que pesam na produção leiteira, como suplementação mineral, fertilizantes e combustíveis.

Fato é que todo esse cenário fez diminuir a oferta de leite no País em 10,3% no primeiro trimestre, ou 10 milhões de litros por dia. E os preços dispararam. Nos últimos doze meses, até maio – portanto, sem contabilizar a alta de junho – , o leite UHT em caixinha subiu 29,43% para o consumidor, os queijos 17,4%, o iogurte 20,4% e a manteiga 17,4%, todos acima da inflação medida pelo IPCA, de 11,7%.

As contas, no entanto, apertaram primeiro para o lado do produtor de leite, antes de apertar para o consumidor. Isso fica claro quando se olha para a relação de troca do leite com os insumos.

Mais de 40 litros de leite para comprar um saco de milho

Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/Usp) mostram que em 2019 o pecuarista precisava produzir 28 litros de leite para comprar uma saca de 60kg de milho. Em 2020, o valor médio anual subiu para 34 litros por saca e, em 2021, chegou a 43 litros por saca. Este ano começou com um pico de 45 litros/saca. Os recentes recuos no preço dos grãos, combinados com alta no preço pago ao produtor, trouxeram a relação de troca para 35 litros de leite por saca de milho. Mas a média do ano ainda está elevada, em 41 litros por saca.

“Se comparar com 2019, o produtor perdeu 46% do poder de compra que tinha frente ao insumo. Trocando em miúdos, ficou mais caro alimentar o rebanho, ficou mais caro fazer desembolso desse manejo nutricional. Então, o produtor acaba diminuindo os investimentos na atividade como um todo”, avalia Natalia Grigol, pesquisadora do Cepea.

Para evitar prejuízo, produtor vendeu vacas para o abate
Quem confirma essa redução dos investimentos é o produtor de leite Jônadan Ma, de Uberaba, uma das maiores bacias leiteiras do país. Diante da alta dos custos, Jônadan, como muitos pecuaristas, resolveu mandar para o abate fêmeas com menor produtividade, aproveitando o preço valorizado da arroba do boi. “Reduzi a operação para que o prejuízo fosse menor. Fiz leilão, vendi parte do gado, abati fêmeas. E essas vacas, ainda que menos produtivas, têm um peso enorme no montante da produção vendida ao mercado. É o que explica também essa queda de 10,3%. Quanto mais cabeça comendo, mais prejuízo para o produtor”.

O setor sente hoje os efeitos de fatores climáticos adversos de meses atrás. A seca do último ciclo, que já tinha prejudicado as pastagens, impacta também agora, na entressafra, por que a silagem de menor qualidade se traduz em menor conversão em leite. Jônadan reclama de falta de solidariedade dos laticínios e dos supermercados. “No ano passado, o consumidor pagava 4 a 5 reais no litro de leite e essa margem poderia ser passada em parte para o produtor, para ele suportar o período de crise de aumento de custos, mas não aconteceu. Aí o produtor não tinha o que fazer, a não ser de desfazer do plantel, matar matriz e reduzir o nível tecnológico. E, claro, a produção diminuiu”.

Margens estreitas pressionam os pequenos produtores
A atividade de produção de leite no Brasil é uma das mais pulverizadas. O IBGE estima 1,1 milhão de produtores, dos quais 70% são pequenos, que extraem até 50 litros de leite por dia, muitos exercendo a atividade como fonte secundária de renda. Todo o setor vem sendo pressionado desde 2020 pelo aumento sucessivo do Custo Operacional Efetivo, medido pelo Cepea. Só no último mês surgiram os primeiros sinais de queda.

O cenário envolve mudanças mais profundas do que uma mera variação sazonal na oferta. Em outros períodos de vacas magras, um movimento normal do mercado seria o pequeno produtor vender o rebanho para outro pecuarista, e as vacas continuarem produzindo. Natalia Grigol diz que o relato de Jônadan, do Triângulo Mineiro, se repete por todo País. “Nesse último ano, por conta do aumento muito forte nos custos de produção de leite e devido à alta do preço da arroba de carne, muitos produtores não só deixaram a atividade, como também mandaram os animais para o abate”, afirma. É o “adeus às mimosas” que estão mais perto do final do ciclo produtivo ou são de gado misto, que entrega pouco leite.

Os dados oficiais devem aparecer no próximo censo do IBGE, que começa o levantamento em agosto, mas a Federação da Agricultura de Santa Catarina estima que pelo menos nove mil produtores abandonaram a atividade leiteira durante a pandemia. No início da década de 90 eram 75 mil produtores no estado, hoje já seriam apenas 24 mil. Sem o leite, que cumpre um fator social importante – é dinheiro que “pingava” todo mês na propriedade – os produtores têm de apostar em outra atividade econômica, vender ou arrendar as terras.

Vai levar tempo ainda para normalizar oferta
Relatos da indústria sobre a queda dos volumes captados confirmam o enxugamento da atividade no país. O envelhecimento dos pecuaristas e a dificuldade de mão de obra são outros fatores que também estão empurrando mais gente para fora da atividade, segundo Ronei Volpi, presidente da Comissão de Bovinocultura de Leite da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA).

No curto prazo, para o consumidor, não há perspectiva de diminuição de preços do leite, porque deve levar algum tempo para normalizar a oferta. A entressafra, que está terminando no Sul e apenas começando no Sudeste, coincide com a época de maior consumo, no inverno. Segundo Volpi, as indústrias ainda “estão desesperadas atrás de leite, fazendo leilão com os produtores”.

“A gente espera voltar a uma certa normalidade no segundo semestre, mas o realinhamento de preços deve seguir. A inflação é mundial, os Estados Unidos estão com índice de quase 10%. Tem também as consequências da guerra, os fertilizantes, que dobraram de preço, e assim por diante. O leite não vai voltar a custar 2 ou 3 reais”, afirma Volpi. Ele também é crítico do desbalanço na cadeia produtiva. “Os produtores estão recebendo R$ 2,80 ou R$ 3,00 no máximo. E o leite chega no mercado a R$ 7,00 ou R$ 8,00. Aquela fatia de leão do varejo não cai nunca”.

Auxílio Emergencial estimula o aumento no consumo
Apesar do cenário macro adverso, na ponta do consumo há sinais de reação. Guilherme Sousa Dias, assessor técnico da CNA, observa que o Auxílio Emergencial do governo tem efeito direto no consumo de lácteos. “A pecuária leiteira é praticamente voltada para o mercado nacional. Se a economia vai mal, os preços vão mal também. Essa injeção de recursos, de 7,4 bilhões de reais em abril, pagos à população em situação emergencial, afetou positivamente a demanda.”

As vendas começaram a crescer no atacado. Jessica Olivier, analista de mercado da Scot Consultoria, sugere uma explicação. “O nível de desemprego está caindo, o que leva o consumidor a consumir mais os derivados, não só o leite, principalmente nas camadas mais pobres. Mas o preço do leite ainda não deve baixar. As pastagens vão demorar alguns meses, até outubro e novembro, para melhorar de novo, com as chuvas”. Quanto à oferta, a tendência é de os médios e grandes compensarem os que foram embora, pela elevação da produtividade. “Os pequenos produzem de 15 a 20 litros de leite ao dia, por vaca. Os produtores maiores conseguem 40 litros por dia”, sublinha Jessica Olivier.

Produtor pede explicações dos laticínios e dos supermercados
Para o pecuarista Jônadan Ma, não há muito que os consumidores e produtores de leite possam fazer. “Tanto nós como os consumidores somos tomadores de preço, não dizemos quanto vamos receber ou pagar. Queremos a cadeia funcionando de uma forma ganha-ganha, mas a conta sempre tem arrebentado nas duas extremidades. O consumidor paga caro e o produtor ganha pouco. Alguém no meio está ganhando muito. É essa conta que eu faço, curta e grossa”.

A reportagem fez contato com a Associação Brasileira do Supermercados (Abras) e tentou ouvir a Viva Lácteos, que representa os laticínios, para avaliarem o cenário atual dos preços do leite. Até o fechamento do texto, não houve retorno. O espaço segue aberto.

País está entre líderes globais na produção de leite

A produção de leite no Brasil é de 35,4 bilhões de litros por ano, a terceira maior do mundo. Em 2020, o país ordenhou 16,1 milhões de vacas, com uma média de produção de 2.192 litros por vaca/ano. A média é puxada pelos estados do Sul, todos com produção de mais de 3500 litros/vaca/ano, e que respondem por 51% da produção nacional, liderada por Minas Gerais, com 27% do total.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/agronegocio/por-que-o-preco-do-leite-disparou-vacas-viram-churrasco-e-apontam-novo-rumo-do-setor/
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OTAN E SEUS ADVERSÁRIOS

Defesa

Por
Luis Kawaguti


Cúpula da OTAN em Madri, nesta semana: declaração feita pelos países da aliança deixa claro que o mundo caminha para uma escalada de confrontação| Foto: EFE/EPA/LUKAS COCH

A OTAN (aliança militar ocidental) realizou nesta semana uma reunião de cúpula histórica, que formalizou a nova realidade da política mundial provocada pela guerra na Ucrânia. Nela, a Rússia não é mais vista pelo Ocidente como uma parceira em potencial, mas sim como a maior ameaça à aliança.

A China foi classificada, por sua vez, como um “desafio” à segurança, aos interesses e aos valores da ordem internacional. A Declaração da Cúpula de Madri também relevou que a OTAN permanece preocupada com a ameaça do terrorismo global e com a mudança climática.

A cúpula foi uma tentativa do Ocidente de demonstrar força e coesão. Mas ainda não está claro se essa união vai se manter em meio às crises energética e de alimentos, que foram drasticamente agravadas pela guerra na Ucrânia.

O ponto de vista que aparenta predominar entre os países da aliança é o de lideranças como os Estados Unidos e a Grã-Bretanha. Eles defendem um reforço de tropas na frente oriental da OTAN, o aumento dos gastos militares na Europa e o apoio à Ucrânia até a expulsão completa das tropas de seu território.

A ideia é fazer com que a Rússia não seja mais capaz de invadir militarmente outro país vizinho, segundo afirmou a chanceler britânica Liss Truss à BBC. Londres disse, durante a reunião, que enviará mil combatentes para defender a Estônia.

Os Estados Unidos disseram que mandarão dois esquadrões de caças F35 (que são alguns dos mais avançados do Ocidente) para a Grã-Bretanha, dois navios contratorpedeiros para a Espanha e milhares de tropas para a Romênia.

A ideia é que essa mobilização continue até que, no ano que vem, as tropas na frente oriental da OTAN (próxima da Rússia) passem de 40 mil para 300 mil. Para se ter ideia dessa dimensão, Moscou usou cerca de 200 mil tropas para invadir a Ucrânia em 24 de fevereiro.

As tropas da OTAN na Europa também vão passar a se organizar não mais em grupos de batalha, mas em brigadas e divisões de exército – unidades maiores e mais adequadas para fazer frente a guerras de alta intensidade. Em paralelo, Finlândia e Suécia, países historicamente neutros, devem entrar na aliança.

Estrategicamente, o objetivo é que a Europa passe a gastar mais com armas para que sua defesa dependa menos dos EUA – liberando Washington para se voltar mais para a região do Indo-Pacífico (por causa da expansão chinesa).

A recente Declaração da Cúpula de Madri diz que “a Federação Russa é a ameaça mais significativa e direta para a segurança dos aliados e para a paz e estabilidade na área euro-atlântica”.

A Rússia, por sua vez, vem afirmando que foi a OTAN quem adotou uma postura agressiva, com seu movimento de expansão para leste desde o fim da Guerra Fria. O motivo geoestratégico da Rússia para invadir a Ucrânia foi criar uma área neutra entre a aliança militar ocidental e o território russo.

Na cúpula de Madri, não surgiram vozes dissidentes da postura da aliança de armar a Ucrânia e reforçar as capacidades militares dos europeus. Seus maiores defensores, além de EUA e Grã-Bretanha, são os países mais próximos da Rússia, que já sofreram com invasões e dominação durante o período soviético – como a Polônia, a República Tcheca, os países bálticos e a própria Ucrânia.

Quando visitei um centro de recrutamento de civis na Ucrânia, em março deste ano, me impressionei com as colocações dos voluntários. Eles disseram preferir morrer no campo de batalha a ver suas famílias assassinadas ou passando fome nas mãos dos russos. Essas atrocidades cometidas pelos russos estão na história e na cultura desses países.

Mas, em nações mais distantes da fronteira russa, começam a surgir críticas à abordagem de confrontação, que foi oficializada na cúpula de Madri. Seu argumento é que a Ucrânia deveria ceder parte de seu território à Rússia em troca de um cessar-fogo. Em tese, isso evitaria uma matança maior tanto para ucranianos como para russos. Estima-se que a Ucrânia perde cerca de 200 militares por dia na Batalha de Donbas.

Contudo, as críticas à postura da OTAN não são motivadas apenas por razões humanitárias. As sanções econômicas à Rússia vêm causando uma alta no preço dos derivados de petróleo e o bloqueio do Mar Negro – por onde era escoada a produção de grãos da Ucrânia, impasse que elevou o custo global dos alimentos.

Na prática, a maioria dos países vem experimentando insatisfação da população, provocada pelas seguidas altas de preços nos postos de gasolina e nas lojas e supermercados.

Segundo analistas, isso pode levar ao fortalecimento de políticos ou partidos populistas e de tendência isolacionista no Ocidente. Em teoria, a ascensão deles pode, no futuro, diminuir o apetite da OTAN para confrontar a Rússia. O maior exemplo é a política de “América primeiro”, do governo de Donald Trump. O ex-presidente americano chegou a cogitar retirar os EUA da OTAN em 2018.

Porém, mesmo que um governo isolacionista seja eleito em 2024 nos EUA, é pouco provável que o país se retire da OTAN. Em 2018, Trump levantou essa possibilidade em um cenário de descontentamento com seus aliados europeus que não estavam cumprindo o estabelecido na aliança de investir anualmente 2% de seu PIB (Produto Interno Bruto) em defesa.

A vontade do Ocidente em apoiar a Ucrânia contra a Rússia por ora não parece abalada, mas a situação pode mudar. Com a chegada do inverno no hemisfério norte, pode faltar gás para aquecer as casas. Além disso, as empresas do Ocidente já começam a sentir o efeito de competição de empresas asiáticas – que vêm comprando petróleo e derivados da Rússia a preços mais baixos que os do resto do mercado.

Sabe-se, por exemplo, que a Rússia já está entre os maiores fornecedores de petróleo da China e da Índia. Esse tipo de negociação de preços é sigilosa, mas já foi confirmado que refinarias indianas estão comprando petróleo russo com ao menos US$ 30 de desconto por barril. Elas refinam o petróleo e revendem seus derivados com preços mais altos para o mercado do Ocidente, burlando o embargo a Moscou.

Países industrializados da Europa, como a Alemanha e a Itália, já estão sentindo os efeitos da concorrência e também buscam alternativas ao gás russo. Porém, mesmo contrariados, continuam apoiando a resolução dos colegas da OTAN.

A principal resposta do governo do americano Joe Biden deve ser uma tentativa inédita de congelar globalmente os preços do petróleo russo. Mas analistas estão céticos sobre a viabilidade do projeto, pois os EUA não controlam a maioria da produção de petróleo mundial.

China
“Nós nos defrontamos com competição sistemática daqueles, incluindo a República Popular da China, que desafiam nossos interesses, segurança e valores, à procura de minar a ordem mundial baseada em leis”, diz o texto da declaração dos chefes de Estado da OTAN.

A China é a única nação citada nominalmente quando a aliança descreve no documento estar sendo confrontada por ameaças cibernéticas, espaciais, híbridas e assimétricas. A declaração conjunta também cita o “uso malicioso de tecnologias disruptivas”.

A OTAN não diz exatamente quais são as ameaças específicas relacionadas a Pequim. Mas sabe-se que a China usou espionagem cibernética para roubar tecnologia do Ocidente e agora trava uma guerra comercial com os Estados Unidos.

Como cenário de fundo, Pequim também vem desenvolvendo tecnologia militar disruptiva, como os chamados mísseis hipersônicos – que não podem ser abatidos por defesas antiaéreas – e armas capazes de destruir satélites no espaço.

A OTAN não relacionou no documento a questão nuclear e a China, mas a inteligência ocidental identificou em 2021 que os chineses estão construindo ao menos 230 silos de mísseis balísticos intercontinentais (ICBM, na sigla em inglês) no deserto de Gobi e na província de Xinjiang.

Não é novidade que a China tem armas nucleares. Mas a inteligência americana afirmou que o objetivo do país é quadriplicar seu arsenal, atingindo a marca de mil armas nucleares.

Se isso acontecer, o equilíbrio bipolar do poder nuclear global, exercido por Estados Unidos e Rússia (que têm 1.550 armas ativas cada), será abalado.

O crescimento do arsenal chinês tem potencial para criar um sistema tripolar e assim anular os efeitos da atual paridade de armamentos e o conceito de MAD (sigla em inglês para destruição mútua assegurada), instrumentos que por cerca de 70 anos vêm impedindo uma guerra nuclear.

Assim, a escalada chinesa poderia deflagrar, por um período de alguns anos, uma nova corrida armamentista nuclear – até o sistema se reequilibrar em um novo sistema bipolar.

Além disso, antes do início da guerra na Ucrânia, China e Rússia anunciaram uma parceria estratégica irrestrita.

Analistas se dividem sobre a consistência e a possível duração dessa aproximação. A única certeza é que o Ocidente fará o que estiver ao seu alcance para tentar afastar as duas potências, como ocorreu na década de 1960 durante a Guerra Fria.

Mudança climática
A mudança climática é definida pela OTAN como o “desafio do nosso tempo”. A aliança diz que o assunto terá um impacto profundo na segurança dos países aliados.

O assunto também não é especificado na declaração, mas parece apontar para o esforço do Ocidente para diminuir o uso de combustíveis fósseis – não só para preservar o meio ambiente, mas para diminuir a influência da Rússia no cenário energético global.

Mas uma parte da declaração preocupou alguns analistas brasileiros: “Nós vamos integrar considerações sobre mudança climática em todas as funções principais da OTAN”, afirma a Declaração de Madri. O temor desses analistas é que a OTAN use esse argumento para intervir na região amazônica no futuro.

A possibilidade não pode ser descartada, embora seja pouco provável. Os recursos e a atenção da aliança militar ocidental estão voltados para a Europa, a região do Indo-Pacífico e para o Oriente Médio.

O argumento do clima pode ser usado para tentar criar barreiras comerciais para produtos agrícolas brasileiros, mas isso também é pouco provável em um contexto de possível crise mundial de alimentos.

Porém, uma alegada invasão da Amazônia pode ser usada em campanhas cibernéticas de desinformação para gerar polarização na América Latina e eventual sentimento de repulsa às ações globais da OTAN.

Esse tipo de campanha já está em curso na Europa, mas envolvendo o tema dos refugiados. Segundo relatório recente da Microsoft, a Rússia tem lançado campanhas de desinformação para tentar explorar eventuais divisões entre os governos ocidentais ou incentivar distúrbios sociais.

Hackers russos teriam criado, por exemplo, grupos e perfis falsos no aplicativo de mensagens Telegram, para difundir mensagens reais e falsas. Seu objetivo é incentivar o ódio contra refugiados ucranianos em nações europeias – ressaltando aumento de despesas dos governos locais e aumento do desemprego. Ação dessa natureza já teria sido descoberta na Polônia.

Como fica o Brasil?

A OTAN aponta como seus adversários a Rússia, a China, o terrorismo e as mudanças climáticas, entre outros desafios. Nos bastidores, a guerra econômica, a vulnerabilidade das democracias liberais a campanhas de desinformação e a polarização política ameaçam os objetivos atuais da aliança.

No início da guerra da Ucrânia, analistas levantaram a possibilidade de que Moscou poderia fazer um ataque restrito a um dos países da OTAN, para pôr à prova o artigo quinto da aliança – que diz que um ataque a um membro é um ataque a todo o grupo.

Uma eventual falta de reação do Ocidente, com o objetivo de não deflagrar a Terceira Guerra Mundial, poderia fazer a OTAN ruir. Mas o governo de Vladimir Putin também não arriscou estratégia tão ousada e parece agora apostar em uma nova crise do petróleo para enfraquecer a aliança.

Nesse contexto, o Brasil vem sendo cortejado por meio do bloco econômico dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e depende da importação de fertilizantes produzidos na Rússia. A chancelaria brasileira vê o Brics como uma boa oportunidade econômica, mas se sente desconfortável com a atual tentativa chinesa de ampliar o grupo, para transformá-lo em bloco de oposição política ao Ocidente.

Por outro lado, durante o governo Trump, o Brasil foi aceito como “aliado extra-OTAN”. Isso abriu oportunidades de comprar armamentos ocidentais com restrições, mas que são importantes para o Brasil. Trump costurava com o governo de Jair Bolsonaro uma aproximação ainda maior com a OTAN, mas a ideia não avançou devido à derrota eleitoral do americano.

O governo brasileiro quer agora permanecer em uma posição de equilíbrio, tentando não pender para nenhum dos dois lados. Mas a Declaração da Cúpula de Madri mostra que isso vai ser cada vez mais difícil em um mundo que tende para uma escalada de confrontação.


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