segunda-feira, 27 de junho de 2022

EDUCAÇÃO FINANCEIRA E EMPREENDEDORISMO É ESSENCIAL NO ENSINO

EDUCAÇÃO FINANCEIRA

O debate reaqueceu depois que a deputada Luciana Genro se posicionou contra o tema nas escolas e foi alvo de críticas

DANIEL REIS – Jornal Estadão

As escolas públicas devem ensinar educação financeira?
A OCDE entende que a educação financeira deve começar na escola. (Tiago Queiroz / Estadão)
  • A aprovação do PL 231/2015 no início do mês acendeu o debate sobre a inclusão da educação financeira nas propostas pedagógicas das escolas do Rio Grande do Sul
  • Para OCDE, as pessoas devem ser educadas sobre questões financeiras o mais cedo possível em suas vidas

A aprovação do Projeto de Lei 231/2015 no início do mês acendeu o debate sobre a inclusão da educação financeira nas propostas pedagógicas das escolas públicas e privadas do Rio Grande do Sul. Na votação da matéria, no último dia 7 de junho, a deputada Luciana Genro (Psol) fez críticas à proposta e foi alvo de críticas nas redes sociais.

Como e quando falar sobre dinheiro com os filhos?

E-Investidor ouviu especialistas para entender a importância de o tema fazer parte da grade curricular nas escolas.

No debate do Legislativo gaúcho, a deputada foi contra a justificativa de apoiadores do PL que defendem a educação financeira para combater o endividamento no Brasil. Em abril, o País atingiu o recorde de 77,7% das famílias fechando o mês com alguma dívida.

A deputada Any Ortiz (Cidadania), por sua vez, defendeu o tema como necessário para os jovens pelo fato de melhorar a capacidade de as pessoas fazerem escolhas com mais consciência, especialmente quem está em situação de vulnerabilidade. “O conhecimento ajuda a construir uma sociedade mais crítica e questionadora”, afirmou na ocasião.

A aprovação da PL incentiva as escolas a seguirem o que já está previsto para todo o País. Desde 2017 (na educação infantil e ensino fundamental) e 2018 (no ensino médio), o governo federal entende que a educação financeira deve ser abordada de forma transversal pelas escolas em aulas e projetos de várias disciplinas, como matemática, geografia e língua portuguesa.

Já a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) defende que as lições comecem na escola. “As pessoas devem ser educadas sobre questões financeiras o mais cedo possível em suas vidas”, diz um documento da organização datado de 2005, que define a educação financeira como o processo pelo qual os consumidores e investidores financeiros melhoram a sua compreensão dos produtos, conceitos e riscos financeiros.

Wendy Beatriz, coordenadora do projeto Educação Financeira da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), compartilha do entendimento sobre o ensino transversal do tema. “Podemos trabalhar educação financeira com história, geografia, linguagens… É como ensinar responsabilidade social. Não precisamos chegar para criança e falar: ‘tem que separar o lixo porque isso é responsabilidade’. Nós simplesmente explicamos as consequências positivas de separar o lixo”, afirma a professora de Ciências Contábeis.

Para ela, são as pessoas em situação de vulnerabilidade financeira – parte das que estão nas escolas públicas – as que mais precisam aprender sobre o tema. “Tem a ver com saber fazer as melhores escolhas e ter consciência delas”, diz.

Para a professora da rede pública do RS Cláudia Campos, a disciplina é eficaz quando começa no ensino básico, mostrando para as crianças, de forma lúdica e em pequenas ações, o que é supérfluo e o que é necessário. “É possível mostrar, por exemplo, que ao apontar um lápis indiscriminadamente ou rasgar folhas do caderno sem necessidade, a família terá que deixar de comprar algo em casa”, diz.

Campos desenvolveu um projeto sobre venda de hortaliças com os seus alunos e conquistou o selo Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF) por dois anos consecutivos. No País, outras 304 iniciativas possuem esse reconhecimento. Ela utiliza os materiais do site Vida e Dinheiro, que tem o objetivo de oferecer aos professores cursos gratuitos de formação em educação financeira.

A iniciativa é do próprio ENEF, foi instituída em 2010 e era coordenada pela Associação de Educação Financeira do Brasil (AEF-Brasil). A AEF, no entanto, encerrou as suas atividades no ano passado. Em 2021, o governo federal lançou, por meio do Ministério da Educação e em parceria com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o Programa Educação Financeira nas Escolas, que deu continuidade ao site.

O professor da faculdade de Educação da UFRGS Juca Gil considera que a temática é importante para todos os cidadãos e cabe, sim, na escola pública. Segundo ele, a justificativa da vulnerabilidade e da pobreza não deve ser central para a discussão. “Todo filho deveria saber quanto paga de aluguel e de mercado. Isso é educação financeira real. Neste caso, os pobres sabem mais do que o jovem da classe média”, pontua Gil.

Para ele, o conteúdo deveria abranger até o sistema tributário – para questionar o atual modelo considerado “regressivo” – e a como não cair em arapucas do sistema financeiro, como altos juros do cartão de crédito. Mas as escolas não podem resolver sozinhas o problema da falta de educação financeira no País. “Por mais bem equipadas e com os melhores profissionais, nenhuma instituição resolve nada por conta. A sociedade tende a jogar isso para escola”, diz o professor da UFRGS.

Ele avalia que o Ministério da Economia deveria promover um grande projeto pedagógico de educação financeira. Apesar de entender que o processo possui suas dificuldades, o professor afirma que as escolas devem abordar o tema, sempre de forma transversal.

Myrian Lund, planejadora financeira CFP pela Associação Brasileira de Planejamento Financeiro (Planejar) e que trabalha com crianças em escolas, explica que, no ensino fundamental, são abordados conceitos como produção e consumo; oferta e demanda; organização; cuidados e planejamento. “Esse panorama ajuda a repensar vidas, seus objetivos, a forma de lidar com o dinheiro e a não cair nas armadilhas do comércio e da nossa própria cabeça”, afirma.

Já Eduardo Reis, educador financeiro da Ágora Investimentos, diz que a maior parte das escolas não está preparada para receber este ensino, pois não possui profissionais habilitados para isso. Ele defende que tenham professores exclusivos para a matéria.

“O cuidado em ensinar corretamente é a maior preocupação. Existem muitas pessoas que não têm a devida especialização na matéria e não são educadas financeiramente, o que pode gerar equívocos de interpretação e prática”, diz Reis.

Precariedade

Ao classificar a obrigatoriedade prevista no PL 231/2015 como “ridícula”, Luciana Genro pontuou que cabe aos professores definirem o que será adicionado no conteúdo.

A parlamentar diz que os educadores financeiros fazem um trabalho importante, mas não serão eles quem irão às escolas públicas ensinar. As falas da deputada viralizaram em um vídeo na internet e foram alvo de críticas de usuários nas redes sociais e influenciadores de finanças, como Nath Finanças e Kid Investor.

“As escolas não têm dinheiro sequer para pagar o deslocamento deles, mesmo que eles queiram trabalhar de graça. Serão os professores da própria rede pública que darão essa aula, então eles próprios devem definir a hierarquia de prioridades de acordo com a comunidade que eles vivem e com as necessidade”, disse Luciana em entrevista ao E-Investidor.

De acordo com a professora de Educação Universidade Estácio de Sá e titular aposentada da UERJ, Inês de Oliveira, neste momento pós-pandemia, há outras prioridades, como uma formação social que contribua para a construção de uma “consciência coletiva”. “A sociedade joga a conta na escola, mas não estão cuidando nem dos conteúdos básicos”, diz Oliveira.

Nova Lei no RS

Há sete anos tramitando na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do RS, o PL 231/2015 foi aprovado com 36 votos favoráveis e seis contrários. O seu texto original previa a obrigatoriedade das escolas de ensino fundamental e de ensino médio de incluir o tema. No entanto, a CCJ ajustou o texto “a fim de prevenir eventual alegação de inconstitucionalidade, ilegalidade ou antijuridicidade”.

Com isso, as escolas “poderão incluir” o tema e não serão obrigadas. A nova Lei, portanto, não altera o que já vem sendo abordado nas escolas do Brasil, tendo em vista que a BNCC já entendia que a Educação financeira deve ser abordada de forma transversal pelas escolas, em aulas e projetos de outras disciplinas.

*Colaborou: Emylly Alves

 

DISTRIBUIDORAS ESTOCAM DIESEL COM MEDO DE ESCASSEZ

 

  1. Economia 

Número de licenças liberadas pela ANP saltou de uma média de 36 por mês, no primeiro trimestre, para 433 só em maio; País depende do produto importado

  • Gabriel Vasconcelos, O Estado de S. Paulo

RIO – Para driblar o risco de escassez de diesel a partir de agosto, as principais distribuidoras de combustíveis do País aumentaram em mais de dez vezes o número de licenças de importação do produto nos últimos meses. Existe o receio de que, na esteira da guerra entre Rússia e Ucrânia, parte dos países da Europa passe a usar mais diesel no lugar do gás russo. Outros fatores levados em conta são o início das férias de verão no Hemisfério Norte e a previsão de furações na costa dos EUA – que costumam provocar a paralisação da produção local. No Brasil, que depende em até 30% das importações, a demanda tende a crescer com o escoamento da safra agrícola.

Levantamento feito pelo Estadão/Broadcast mostra que, em abril, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) emitiu 305 licenças de importação de diesel. Um mês depois, o número de autorizações saltou para 433 – 12 vezes mais do que a média registrada no primeiro trimestre do ano, de 36 licenças por mês. Em anos anteriores, esse número raramente ultrapassou a casa das 30 emissões mensais. 

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Número de licenças para importação de diesel liberadas pela ANP saltou para 433 em maio  Foto: Tiago Queiroz/Estadão

As licenças têm validade de 90 dias, renováveis por igual período. Essas autorizações não são uma garantia de importação à frente, mas agentes do setor confirmam que a explosão dos números traduz o momento do mercado de combustíveis, indicando esforço das empresas para importar volumes maiores ou, pelo menos, diversificar sua origem à frente.

Dados da ANP sobre fornecimento de combustível mostram que, entre produção local e importação, a Petrobras forneceu 81% do diesel do País nos quatro primeiros meses do ano – o equivalente a 13,6 milhões de metros cúbicos. O porcentual é inferior ao fornecido pela estatal em 2019 (85,12%), o último ano antes da pandemia, com demanda doméstica mais estável.

O consumo brasileiro aumenta, sobretudo, entre agosto e outubro, quando é puxado pela colheita e transporte da safra agrícola. Paralelamente, diz Felipe Perez, estrategista de downstream da consultoria S&P Global, a demanda global no pós-pandemia retornou mais rápido do que a oferta, e as cargas do refinado devem se tornar cada vez mais disputadas.

Até o início da guerra na Ucrânia, cerca de 60% do diesel consumido pelos europeus vinha da Rússia, porcentual em queda gradual devido às sanções. Segundo Perez, a alternativa natural da Europa é o diesel das refinarias do Oriente Médio e Ásia, mas as cargas americanas do Golfo do México também entraram na mira europeia.

O presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo e Gás (IBP), Eberaldo de Almeida, afirma que os europeus já têm importado diesel da costa do Atlântico e que o mercado está “mais curto”. Isso, diz ele, fica claro pelo maior tempo de espera por cargas e pela queda de volume disponível para encomendas. “Antes, havia pelo menos 15 navios de diesel disponíveis; hoje, são dois ou três.” 

Três empresas detêm 81,5% das importações

A profusão de licenças para importação de diesel se concentra nas três maiores importadoras do País: Vibra (antiga BR Distribuidora), Raízen e Ipiranga. Pelos relatórios da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), 81,5% das 848 licenças emitidas nos primeiros cinco meses do ano pertencem às três empresas. Em termos de volume, a fatia chega a 76,6% do total.

Em seguida, vem a Petrobras, com 10 licenças de importação, mas com o equivalente a 11,9% do volume total autorizado para compras no exterior. Historicamente, a estatal produz ao menos três quartos de todo o diesel consumido no País, mas também importa combustível para cumprir contratos de fornecimento.

Ex-presidente da ANP e hoje à frente do comando da petrolífera Enauta, Décio Oddone avalia que o pico de licenças está associado à necessidade de garantir combustível a clientes com que as três empresas têm contratos ativos ou de mais longo prazo, mesmo que com margens menos atrativas que de costume.

Pequenos e médios importadores, por sua vez, podem esperar por uma conjuntura de preços mais vantajosa para operar. Eles têm afirmado, porém, que a tentativa do governo Bolsonaro de interferir nos reajustes dos combustíveis (que hoje seguem a variação do barril de petróleo no mercado internacional) pode inviabilizar financeiramente a importação do produto.

Importadores independentes não teriam como concorrer com a Petrobras, que ficaria com preços defasados em relação ao exterior.

A Vibra informou que atua para garantir o fornecimento à rede de clientes contratuais e usuais e que, desde o fim do ano passado, ampliou as importações para fazer frente à recuperação da demanda pós-pandemia e à sinalização, dada pela Petrobras, de que haveria limitações para o atendimento da integralidade dos pedidos.

‘Pedidos atípicos’

 Executivos do setor têm relatado “dificuldades” para comprar mais diesel da Petrobras. Procurada, a empresa disse que cumpre integralmente obrigações contratuais junto às distribuidoras, com entregas de diesel em patamares regulares. Mas disse que segue resolução da ANP segundo a qual, em conjuntura de demanda superior à oferta, o volume disponível pode ser rateado entre as empresas de forma proporcional às compras de cada uma delas nos três meses anteriores.

“Desde o fim de 2021, os pedidos de diesel têm sido atípicos e superiores ao mercado esperado e, como consequência, mesmo após avaliação de máxima disponibilidade, considerando nossa capacidade de produção e oferta, o volume aceito vem sendo inferior aos pedidos atípicos”, informou.

DICAS PARA RECUPERAR A AUTOESTIMA NO TRABALHO

 

Vanessa Gebrim – Tomás Camargos, sócio-fundador da VIK

Pós-pandemia, Síndrome de Burnout, desmotivação, infelicidade no ambiente de trabalho, alto índice de depressão – esses foram temas em alta nos últimos meses, mas com algumas medidas é possível reverter esses cenários; especialistas listam dicas

O último ano foi marcado por muitos debates sobre a infelicidade no mercado de trabalho. Um dos temas recorrentes foi a crescente nos casos de Síndrome de Burnout, em pessoas que extrapolavam as horas de trabalho em home office. O transtorno que é causado pelo esgotamento físico e mental, devido a rotina de trabalho exaustiva, é um exemplo de como as empresas precisam se reinventar para não prejudicar os colaboradores e até sua presença no mercado. Outros temas debatidos também foram o aumento do turnover nas empresas, além do estresse e problemas com sono/concentração devido a pandemia.

Em meio às mudanças na vida profissional e pessoal, se adaptar pode se tornar um processo difícil e doloroso e que também pode trazer danos para a autoestima. Para se ter ideia, de acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo (USP), em onze países, o Brasil lidera os casos de depressão e ansiedade durante a pandemia. De acordo com o estudo, o país é o que mais tem casos de ansiedade (63%) e depressão (59%). Números como esses mostram como a saúde mental dos brasileiros foi afetada durante a pandemia.

De acordo com Tomás Camargos, sócio-fundador da VIK – startup que nasceu para ajudar as empresas a melhorarem a saúde de seus colaboradores, implementando um programa que visa transformar a vida das pessoas e o resultado das corporações -, as empresas devem enxergar a saúde como um investimento e não como uma linha de custo para a empresa. “As boas organizações precisam investir no bem-estar dos membros da equipe para evitarem, futuramente, gastarem com doenças causadas pelo sedentarismo e estresse, por exemplo. Isso também permite com que elas diminuam consideravelmente os custos das organizações com plano de saúde, absenteísmo e baixa produtividade. No Brasil. esse movimento vem acontecendo, em que a preocupação com a saúde está cada vez mais consciente e estratégica para as corporações”, revela.

Para a psicóloga Vanessa Gebrim, especialista em Psicologia Clínica pela PUC de SP, sentir-se bem tem sido um desafio para muitas pessoas e colaboradores nessa fase de pandemia. “As frustrações comprometeram até mesmo a autoestima, já que muitas pessoas não conseguiram realizar os projetos que tinham planejado. Esse aumento nos casos de depressão e ansiedade se deram também por conta das mudanças drásticas na rotina, além de todo o medo e incerteza que vieram junto. Às pessoas ficaram com as emoções à flor da pele, o que prejudica o equilíbrio e contribui para a baixa autoestima”, explica.

Abaixo, os especialistas listam 10 dicas para recuperar a autoestima no trabalho. Confira:

1 – Faça amigos no trabalho: ter uma amizade no trabalho torna os colaboradores mais engajados e felizes. Isso é o que diz uma pesquisa realizada pelo Instituto Gallup que revela a importância de ter um melhor amigo no ambiente profissional. “Muitas vezes, com a correria do dia a dia, as empresas deixam de lado o incentivo para que as equipes se conheçam, uma das formas de mudar esse cenário é optar por programas de gamificação que levem engajamento, saúde e socialização entre os colaboradores”, indica Camargos.

Para ele, é possível incentivar essa relação de amizade por meio de atividades físicas. “Durante o programa corporativo de saúde e integração desenvolvido pela VIK, por exemplo, os colaboradores de uma determinada empresa participam de uma competição virtual de atividade física, por meio de um sistema gamificado e suas atividades físicas aparecem em um ranking que funciona como uma rede social saudável. O programa gera um movimento interessante, as pessoas começam a conversar em torno de um assunto prazeroso e, naturalmente, as relações são suavizadas ao longo do período”, explica.

2 – Procure por grupos de Networking: é possível fazer parte de grupos online ou presenciais em uma região. “Além de possibilitar conhecer novas pessoas, todos estão abertos para conversar e melhorar suas habilidades. Nessas reuniões, também é possível treinar a desenvoltura, comportamento e abordagens”, sugere Mara Leme Martins, PhD. Psicóloga e VP BNI Brasil – Business Network International.

3 – Saia da zona de conforto e converse com novas pessoas: quando se trata de networking, é importante falar com as pessoas e pensar em maneiras criativas de construir o seu negócio. “Dedique tempo aos relacionamentos que você já tem. Estenda a mão e pergunte se as pessoas estão bem, se há algo que você pode fazer para ajudá-las”, explica Mara Leme Martins.

4 – Cuidados com sua saúde física e mental: o Brasil é um dos países mais sedentários da América Latina. Segundo uma pesquisa divulgada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), quase metade dos brasileiros – 47% – não praticam exercícios suficientes para manter o corpo saudável. Outro dado alarmante é sobre a saúde mental da população, já que o país tem o maior índice de prevalência da doença na América Latina. As empresas podem ajudar a transformar os hábitos e a rotina dos funcionários. “É fundamental que os líderes pensem no impacto da saúde no potencial humano e a importância da implementação de programas de saúde/qualidade de vida para os colaboradores. Por isso, devem disponibilizar momentos de lazer, atividades físicas em grupo, meditação e confraternização”, aconselha Camargos.

Além da mudança na prática de atividade física e no sedentarismo, a implementação de programas de humanização afeta outros setores da vida dos colaboradores. “Percebemos as transformações de hábitos nos participantes mais conscientes quando se trata de nutrição, álcool, cigarro, diminuição do estresse e melhora no sono/concentração”, conta Tomás.

5 – Faça terapia: a falta de autoestima pode ser uma ponte para quadros de ansiedade, medos, fobias e até para depressão. “Procurar um profissional pode ser necessário e ajuda no sentido de fazer com que o paciente entre no processo de autoconhecimento, trazendo mais segurança e autonomia para sua vida. Além disso, contribui no controle das emoções, fortalecendo a autoconfiança e autoaceitação. Existem abordagens e técnicas bastante eficazes que podem ser a chave para a melhora do bem-estar emocional da pessoa”, explica Vanessa Gebrim.

6 – Seja agradável: desenvolver a simpatia ajuda a abrir portas no networking. Estar aberto para conversar ou expressar essa vontade ajuda muito no primeiro contato e a quebrar o gelo. “Uma ótima oportunidade para desenvolver esse ponto é participar de alguns grupos ou reuniões de empreendedores”, sugere Mara Leme Martins.

7 – Ouça o que os outros dizem: saber ouvir e compartilhar é fundamental para vencer a timidez. “O ambiente do BNI é norteado pelo compartilhamento de recursos. Esses podem ser de ordem material ou imaterial, como talentos, habilidades, conhecimentos, informações, contatos, saberes, experiências e tantas outras riquezas que todos temos. Colaborar é um movimento natural do ser humano, que tem prazer em se colocar à serviço do todo, ao contrário do que fomos levados a acreditar”, aconselha Mara.

8 – Esteja alinhado com o propósito da empresa em que trabalha: de acordo com uma pesquisa realizada pela Sodexo Benefícios e Incentivos, 53,8% dos brasileiros acreditam que seu propósito de vida está conectado com seu trabalho atual. “Mais do que um salário alto e benefícios, os colaboradores querem se sentir uma parte fundamental da empresa. Hoje, vida pessoal e profissional estão interligadas, somos uma mesma pessoa”, acrescenta Camargos.

As corporações que não se adaptarem vão ser ultrapassadas. “As startups são a prova de como esse cenário mudou, ninguém quer mais passar horas sentado no escritório, sem um momento de interação ou com roupas sociais desconfortáveis. As pessoas procuram qualidade de vida, horários flexíveis e experiências novas”, finaliza Camargos.

9. Se olhe e se entenda: é importante entender que tudo o que a pessoa fizer que, de alguma forma, contribua para que ela se orgulhe de si, a ajudará a fortalecer sua autoestima. “Quando a pessoa está focada em seus aspectos negativos, a insegurança certamente estará presente em sua rotina e relacionamentos. Dentro do processo de autoconhecimento, a pessoa aprende a gerenciar suas emoções e desenvolve sentimentos positivos sobre si e sobre o mundo”, conclui a psicóloga Vanessa Gebrim.

10. Lei da Reciprocidade: é importante ter a visão de que a confiança colaborativa é a moeda mais valiosa nos negócios – nos relacionamentos e na vida. O marketing de referência e indicações nunca foram tão importantes quanto nos dias de hoje, em que as empresas precisam conquistar novos clientes, presencialmente ou remotamente, para não colocar em risco a sua operação.

“Os empreendedores, sendo tímidos ou não, precisam aprender os benefícios da filosofia “Givers Gain”, ou seja, “Se eu lhe ajudar indicando negócios, você vai se interessar em me ajudar também”. “É a Lei da Reciprocidade em ação no mundo dos negócios”, conclui Mara Leme Martins.

RESUMO DO PITCH DA VALEON

Saudações da Valeon

Sou Moysés Peruhype Carlech CEO da Startup Valeon

Nossa Empresa: WML COMERCIAL DE INFORMÁTICA E ELETRÔNICOS LTDA.

A Startup Valeon é uma empresa desenvolvedora de soluções de Tecnologia da Informação com foco em divulgação empresarial e o nosso principal produto é a nossa Plataforma Comercial cujo site é um Marketplace.

Além do visual atrativo, bom Mídia Kit, participação do site em todas redes sociais, aplicativo Android “valeon” e métricas diárias e mensais, temos usado cada vez a tecnologia a nosso favor para nos aproximarmos das empresas, antecipar tendências e inovar sempre. Precisamos sempre estarmos em evolução para fazermos a diferença e estarmos sempre um passo à frente.

1 – IDEIA DO SITE

Iniciamos a nossa Startup Valeon durante um curso de Aceleração no SEBRAE-       MG e a partir daí estamos trabalhando com uma ideia de projeto diferente, repetitivo e escalável e no início em condições extremas de incerteza.

O nosso produto que é uma Plataforma Comercial Marketplace site Valeon, foi pensada para atender os interesses dos clientes e para satisfazer uma necessidade específica deles para gerar negócios com as seguintes vantagens:

  • Gera maior visibilidade da sua marca;
  • É um investimento de baixo custo com alta capacidade de retorno;
  • Maior chance de conquistar novos clientes;
  • Aumenta a eficiência da sua equipe de marketing;
  • Serve como portfólio para todos os seus produtos e serviços;
  • Quando combinado com SEO atrai mais clientes;
  • É uma forma de seus clientes te encontrarem online.
  • Venda de produtos e serviços 24h por dia

2 – POTENCIAL INOVADOR

Temos um layout bonito, desenho Think moderno e um Product Fit bem aceito e adequado ao mercado consumidor, com objetivos claros e alinhados com uma carga de inovação e estratégias para conquistar o mercado.

Diferimos dos outros marketplaces pela inclusão de outros atrativos que não sejam só os produtos e promoções, utilizamos os seguintes artifícios para atrair os consumidores como: empresas, serviços, turismo, cinemas e diversão no shopping, ofertas de produtos de Lojas, Veículos e Supermercados, Notícias locais do Brasil e do Mundo, Rádios,  Músicas e Gossip.

3 – ESTÁGIOS DE VALIDAÇÃO DA IDEIA

A Startup Valeon já passou pelos três estágios a saber:

1º Estágio – A própria ideia do negócio

2º Estágio – Teste de Solução da proposta

3º Estágio – Teste do Produto que é o site da Valeon que passou por vários processos durante os dois anos de sua existência, com muitos ajustes e modificações, reorganização interna por várias vezes do layout e esses momentos de dificuldades nos levou a fases de grande aprendizado e juntamos todos os ingredientes para nos levar para um futuro promissor.

4 – POTENCIAL DE MERCADO

Fizemos um estudo profundo do Mercado do Vale do Aço para melhor posicionar a nossa marca Valeon junto às empresas e consumidores.

Nossos concorrentes indiretos costumam ser sites da área, sites de diretório e sites de mídia social e o nosso concorrente maior ainda é a comunicação offline que é formada por meios de comunicação de massa como rádios, propagandas de TV, revistas, outdoors, panfletos e outras mídias impressas e estão no mercado há muito tempo, bem antes da nossa Startup Valeon.

Consultando o nosso Mídia Kit verificamos que a região do Vale do Aço possui 27 Municípios e os 4 Municípios mais importantes têm 806 km² e uma população de +500 mil habitantes.

O Potencial do Mercado Consumidor do Vale do aço é estimado em R$ 13 Bilhões.

O Potencial de Mercado no seu eixo logístico é aproximadamente 50% do Potencial de Negócios do País (R$ 13,093 bilhões)

5 – ESTÁGIO DE DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO

A Startup Valeon passou pelos estágios de desenvolvimento, introdução e se encontra no estágio de crescimento.

A mídia, as empresas e os consumidores já têm conhecimento da existência do site e o número de acessos tem aumentado consideravelmente e chegamos a mais de 130.000 visitantes.

Estratégias para o crescimento da nossa empresa:

  1. Investimento na satisfação do cliente. Fidelizar é mais barato do que atrair novos clientes.
  2. Equilíbrio financeiro e rentabilidade. Capital de giro, controle de fluxo de caixa e análises de rentabilidade são termos que devem fazer parte da rotina de uma empresa que tenha o objetivo de crescer.
  3. Desenvolvimento de um planejamento estratégico. Planejar-se estrategicamente é como definir com antecedência um roteiro de viagem ao destino final.
  4. Investimento em marketing. Sem marketing, nem gigantes como a Coca-Cola sobreviveriam em um mercado feroz e competitivo ao extremo.
  5. Recrutamento e gestão de pessoas. Pessoas são sempre o maior patrimônio de uma empresa.

6 – KNOW-HOW DOS EMPREENDEDORES

Temos a plena consciência que o nosso Know-How está relacionado com inovação, habilidade e eficiência na execução de modificações e atualizações do site e no atendimento aos clientes.

Somos muito Profissionais, temos Experiência para resolver as necessidades dos nossos clientes, temos Gestão Estratégica, temos o conhecimento e soluções estratégicas para as constantes mudanças do mercado e aproveitamento de Oportunidades do Mercado para o lançamento da Plataforma Comercial Valeon.

7 – EQUIPE DE TRABALHO

Moysés Peruhype Carlech – Engº. Mecânico e Professor

André Henrique Freitas Andrade – Programador e Web Designe

E-Mail: valeonbrasil@gmail.com

Site: https://valedoacoonline.com.br/

Fones: (31) 98428-0590 / (31) 3827-2297

domingo, 26 de junho de 2022

GUERRA AUMENTA TENSÕES ENTRE A RÚSSIA E A POLÔNIA

 

RFI 

As tensões entre a Rússia e a Polônia aumentaram neste sábado (25). Moscou afirmou ter matado “quase 80” combatentes poloneses em bombardeiros no leste da Ucrânia. Já Kiev acusou o Kremlin de querer “atrair” Minsk para a guerra e pede mais armas para aliados europeus. Países do G7 se reúnem a partir de domingo (26) para discutir eficácia de sanções.

© REUTERS/Oleksandr RatushniakUcrânia: tensões aumentam entre Polônia e Rússia e Kiev acusa Kremlin de atrair Belarus para guerra

“Quase 80 mercenários poloneses, 20 veículos blindados de combate e oito lança-mísseis múltiplos Grad foram destruídos em ataques com armas de alta precisão na usina de zinco Megatex, na localidade de Konstantinovka”, declarou o ministério da Defesa russo em um comunicado. A cidade está situada na região de Donetsk.

A Rússia usa o termo pejorativo de “mercenários” para todos os voluntários estrangeiros que combatem nas forças ucranianas. Em abril, o ministério russo da Defesa afirmou que quase 30 “mercenários” poloneses foram mortos na região de Kharkiv (nordeste da Ucrânia).

O ministério russo não precisou se os bombardeios tinham acontecido na sexta (24) ou neste sábado. O ministério polonês de Relações Exteriores disse não ter nenhuma informação sobre o assunto.

Ataques vindos do vizinho

Já Kiev acusou Moscou neste sábado de querer “atrair” Minsk, aliado diplomático da Rússia, “para a guerra” na Ucrânia, após ter informado mais cedo que uma cidade ucraniana havia sido bombardeada por mísseis russos vindos de Belarus.

“O ataque de hoje foi diretamente ligado aos esforços do Kremlin para levar o Belarus para a guerra na Ucrânia”, afirmou no Telegram a direção geral de Informação ucraniana, ligada ao ministério da Defesa.

“Por volta das 5 horas da manhã, a região de Tcherniguiv foi bombardeada massivamente por mísseis, vinte atingiram a cidade de Desna, vindos do território bielorrusso”, indicou no Facebook o comando norte das tropas ucranianas, precisando não ter conhecimento de vítimas de momento. “Uma estrutura foi atingida”, de acordo com o Exérctio ucraniano, sem indicar se era militar ou não.

Segundo o serviço de Informação ucraniano, “seis aviões Tu-22M3 atiraram 12 mísseis de cruzeiro da cidade de Petrykawé”, no sul de Belarus.

“Os aviões decolaram do aeroporto de Chaikovka na região de Kalouga”, no oeste da Rússia, a 270 quilômetros ao norte da fronteira ucraniana, indicou. “Logo após eles entraram no espaço aéreo de Belarus. Após ter lançado os mísseis, eles voltaram para a Rússia”, afirmou, precisando que de Densa, os russos atingiram alvos “nas regiões de Kiev e de Soumy”, no noroeste do país.

Densa se situa a 70Km de Kiev e à mesma distância ao sul da fronteira com Belarus.

Neste sábado o presidente russo Vladimir Putin se encontra com o chefe de estado bielorusso, Alexandre Lukachenko, em São Petersburgo, na Rússia, antes de uma visita a Belarus, prevista para quinta-feira (30), do chefe da diplomacia russa Serguei Lavrov.

Ainda que não esteja envolvida diretamente no conflito com a Ucrânia, Belarus serviu de apoio logístico às tropas de Moscou durante as primeiras semanas da ofensiva russa.

Reuniões dos aliados    

Os aliados ocidentais da Ucrânia, por outro lado, se reunirão a partir de domingo em uma cúpula do G7 – as maiores economias do mundo – na Alemanha. Diante de um conflito que corre o risco de se prolongar no tempo, os membros da Otan, da qual a Ucrânia não faz parte, se reunirão em Madri na próxima semana.

Durante essas reuniões, os países ocidentais farão um balanço da eficácia das sanções impostas à Rússia e a Belarus e estudarão uma possível nova ajuda à Ucrânia.

Neste sábado, o governo espanhol anunciou um novo plano de ajudas diretas à Ucrânia de € 9 bilhões. O presidente do Governo, Pedro Sánchez, afirmou em coletiva de imprensa que, somadas a um primeiro pacote de medidas de € 6 bilhões aprovado em março, essas ajudas diretas representariam, até o final do ano, cerca de € 15 bilhões, “mais de um ponto do Produto Interno Bruto (PIB)”.

Kiev insiste que precisa de mais armas para neutralizar o avanço das tropas russas e “estabilizar” a situação no Donbass, no leste, onde estão ocorrendo intensos combates. Isso “nos permitirá estabilizar a situação na região mais ameaçada de Lugansk”, disse o comandante-chefe das Forças Armadas da Ucrânia, Valeriy Zaluzhnyi, na sexta-feira.

A situação é especialmente difícil na cidade industrial de Severodonetsk, bombardeada por Moscou durante semanas e onde as tropas ucranianas receberam ordens para se retirar na sexta-feira. “(…) 90% da cidade está danificada, 80% das casas terão que ser demolidas”, disse o governador da região de Lugansk, onde está localizada a cidade.

(Com informações da AFP)

O BRASIL É O REI DA BUROCRACIA COM OS IMPOSTOS MAIS ELEVADOS DO MUNDO

Artigo
Por
Antonio Tuccilio


Imagem ilustrativa.| Foto: Pixabay

O Brasil é um dos países que mais paga imposto no mundo. Nosso sistema tributário é quase uma chacota internacional. Burocrático, lento e caro. Nossa carga tributária está muito próxima da de países, como Áustria e Bélgica, ambos superdesenvolvidos, com ótimo sistema educacional, bons serviços de segurança e saúde. Muito diferentes daqui. É desproporcional.

A taxa tributária média do Brasil é de 34%, o que nos leva ao 4º lugar no ranking de países com a mais elevada carga tributária sobre empresas, ficando atrás apenas de Índia, Malta e Congo. Mas isso não é o pior: nosso país também possui uma das maiores tributações em relação à folha de pagamento, o que é péssimo, ainda mais levando em conta a taxa de desemprego.

Aumentar a taxação de quem cria empregos não é uma ideia muito sábia. Para as empresas e os trabalhadores brasileiros, custa em média cinco meses por ano apenas para pagar os tributos. Enquanto isso, a qualidade dos serviços oferecidos à população deixa muito a desejar. Sei que é essa pergunta é um clichê, mas não custa questionar: para onde vai o dinheiro dos nossos impostos?

Enquanto isso, os problemas se acumulam. Principalmente nas grandes metrópoles, como São Paulo e Rio de Janeiro, há falta de sistema de segurança efetivo, a saúde está sucateada e sobrecarregada e a educação segue ainda em pior estado. Estamos em 2022 e estima-se que mais de 35 milhões de brasileiros vivem sem saneamento básico. O volume de investimentos do setor público em infraestrutura é muito inferior ao da iniciativa privada.

Não é novidade, mas também temos um sério problema de distribuição de renda e alocação de recursos. São Paulo, o estado mais rico do país, tem renda per capita de R$ 48 mil, enquanto o Maranhão, um dos estados mais pobres da nação, tem renda de média de R$ 14 mil por habitante.

Também há a questão da assimetria em relação aos salários de servidores municipais, estaduais e federais. Enquanto os municipais têm média salarial de R$ 2,9 mil, os estaduais e federais recebem R$ 5 mil e R$ 9 mil, respectivamente. Ou seja, os estaduais recebem o dobro dos municipais e os federais, o dobro dos estaduais. Tremenda discrepância e sem sentido.

No Brasil com B de burocracia, contribuímos muito e temos pouco retorno. Nossa realidade consiste em muita desigualdade social. Claro, é possível mudar. Mas é preciso saber se aqueles que fazem as leis querem que algo mude. Por enquanto, parece que não.

Antonio Tuccilio é presidente da Confederação Nacional dos Servidores Públicos (CNSP).
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PRESIDENTE ELEITO DA COLÔMBIA TEM IDEIAS ESQUERDISTAS

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo


O presidente eleito da Colômbia, Gustavo Petro, comemora com sua esposa, Verónica Alcocer.| Foto: EFE/Mauricio Dueñas Castañeda

Em um segundo turno no qual 16 milhões de eleitores não quiseram ir às urnas, uma diferença de meros 700 mil votos decidiu o novo presidente da Colômbia no último dia 19. Gustavo Petro, do Pacto Histórico, senador e ex-prefeito da capital Bogotá, é o primeiro candidato de esquerda a se tornar presidente do país, dando continuidade a uma série de vitórias eleitorais na América do Sul, sendo a mais recente a do chileno Gabriel Boric.

Petro é um ex-guerrilheiro; durante sua juventude, fez parte do grupo armado urbano Movimento 19 de Abril (M-19), que depôs as armas em 1990 em uma negociação da qual Petro fez parte; a antiga guerrilha, então, incorporou-se à política colombiana por meio da constituição de um partido que Petro deixou em 1997, saltando de legenda em legenda até participar da criação do Pacto Histórico, em 2021. Essa coalizão inclui desde entidades de centro-esquerda como a Colômbia Humana, de Petro, até o Partido Comunista Colombiano e outros grupos marxistas.

A esta altura, a maior chance de conter eventuais arroubos mais extremistas de Petro e seus apoiadores de primeira hora está na busca por uma maioria no Legislativo

Seu programa de governo está repleto de iniciativas que combinam o populismo gastador de esquerda com a militância ambientalista, e cujas consequências para as contas nacionais podem ser desastrosas. Petro considera que a geração de empregos compete primariamente ao Estado, e não tanto à iniciativa privada; ele propõe inchar a folha de pagamento do governo para absorver parte dos desempregados colombianos, dando a boa parte deles empregos no campo. Já o seu plano de “desescalada gradual da dependência econômica de petróleo e carvão”, como diz o texto do plano de governo, pode fazer da Colômbia um importador de gás e petróleo em 2026 e 2028, respectivamente – hoje, o país é o terceiro maior produtor de petróleo da América do Sul e a commodity representa metade das exportações colombianas –, privando o governo de recursos que poderiam ser usados no combate à pobreza.

Apesar dessas e de outras propostas do candidato de esquerda, a verdade é que o segundo turno da eleição deixou muitos conservadores sem escolha aceitável. O adversário de Petro, o engenheiro Rodolfo Hernández, chegou a ser apelidado de “Trump colombiano”, mas sua plataforma, especialmente em temas morais, estava bem distante do conservadorismo. Contrário às leis restritivas sobre porte e uso de drogas, o candidato pretendia distribui-las aos dependentes, o que, segundo ele, quebraria o narcotráfico (como se os cartéis atuassem vendendo drogas apenas dentro da Colômbia); além disso, ele defendeu a atual lei colombiana que permite o aborto até o fim do segundo trimestre de gestação. Hernández chegou a ampliar consideravelmente sua votação do primeiro para o segundo turno, mas não foi capaz de ser escolhido como o “mal menor” por todos os eleitores do direitista Federico “Fico” Gutiérrez, nem por uma parcela dos ausentes do primeiro turno suficiente para lhe dar a vitória.


A esta altura, a maior chance de conter eventuais arroubos mais extremistas de Petro e seus apoiadores de primeira hora está na busca por uma maioria no Legislativo. O Pacto Histórico conquistou 20 de 108 senadores e 28 de 188 deputados nas eleições parlamentares de março deste ano, um desempenho que fez da coalizão uma das principais forças políticas nas duas casas do Congresso, mas longe de ter maioria absoluta ou mesmo de uma situação confortável que permitisse buscar apenas aliados menores mais à esquerda. Sem fazer alianças com partidos mais ao centro, e até à centro-direita, Petro não conseguirá governar, e para isso terá de fazer concessões que amenizem os aspectos mais radicais de sua plataforma.

Mesmo com décadas de luta contra guerrilhas de esquerda e narcoterroristas, a Colômbia registra um período longo de estabilidade política – o último golpe de Estado ocorreu em 1953 e a democracia foi restabelecida em 1958 – no qual liberais e conservadores se alternaram no poder. A economia de mercado trouxe crescimento, mas há parcelas da população que não se beneficiaram desta prosperidade. Assim como no Chile agora governado por Boric, o desafio de Petro é aprimorar o sistema econômico, e não subvertê-lo.


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RÚSSIA UTILIZA DA GUERRA CIBERNÉTICA PARA ESPIONAR OS SEUS INIMIGOS

 

Relatório

Por
Luis Kawaguti – Gazeta do Povo


O presidente russo, Vladimir Putin, durante cúpula virtual dos Brics nesta semana| Foto: EFE/EPA/MIKHAIL METZEL/KREMLIN/SPUTNIK

A Rússia vem tentando espionar 42 países – incluindo o Brasil -, segundo um relatório divulgado nesta semana pela Microsoft. As ações ocorrem em meio a uma guerra de espionagem entre agências de inteligência russas e o Comando Cibernético dos Estados Unidos no contexto da guerra na Ucrânia.

A americana Microsoft afirmou que Moscou atacou 128 alvos espalhados pelo mundo, entre eles governos, think tanks, organizações de ajuda humanitária, empresas de tecnologia da informação e organizações responsáveis por infraestrutura crítica dos países.

Em 29% dos ataques, hackers russos conseguiram invadir os computadores de seus alvos. Porém, a Microsoft não detalhou quais países tiveram dados roubados nem que tipo de informações os russos procuravam.

Moscou nega qualquer tipo de espionagem ou ação cibernética na guerra da Ucrânia.

Segundo o especialista em conflitos cibernéticos Eduardo Izycki, pesquisador do King’s College de Londres, a Rússia tem possivelmente dois grandes objetivos nesse tipo de operação. O primeiro é descobrir que tipos de armas e equipamentos militares estão sendo realmente mandados pelo Ocidente para a Ucrânia.

“Houve anúncios públicos dos países prometendo armamentos, mas os russos querem saber o que o Ocidente está enviando de fato e em que ritmo isso ocorre. Toda movimentação de tropas e armas em qualquer lugar do mundo é documentada de alguma forma e essas informações estão nos meios digitais”, afirmou o pesquisador à coluna Jogos de Guerra.

“Isso é uma forma de monitorar algo com objetivo militar. Aliás, é possível argumentar que isso pode ser até considerado ação legítima diante do direito internacional”, disse.

O outro objetivo da espionagem cibernética é descobrir o quanto os políticos dos países-alvos estão dispostos a apoiar a Ucrânia ou a Rússia. Com essas informações, Moscou pode explorar, por exemplo, divisões nos países da OTAN ou no Congresso americano. Ou pode ainda decidir quais nações vai cortejar diplomaticamente para conseguir aliados ou apoio político.

Por isso, a Rússia não só atacou governos, mas também organizações não governamentais – que trabalham analisando esse tipo de informação e medindo o apetite político das nações para a guerra.

Fontes da cúpula do governo brasileiro afirmaram a este colunista que até agora não foram detectados vazamentos de dados significativos ou estratégicos do Brasil (informações de inteligência como essas não são debatidas em comunicados oficiais). Mas não é possível dizer com certeza que não tenha havido invasão.

Essa incerteza não é particularidade do Brasil, pois não há sistema inviolável. Estados Unidos e países europeus também estão investigando se seus dados foram acessados ou não. A Microsoft tem acesso a esse tipo de informação porque a maior parte dos países usa seus produtos e eles podem ser monitorados remotamente pela empresa.

O governo brasileiro tem investido muito em defesa cibernética e o país passou da 71ª para a 18ª posição no Índice Global de Segurança Cibernética, ligado a uma agência da ONU. O atual esforço de segurança integra a Estratégia de Governo Digital 2020-2022, que visa facilitar o acesso da população a serviços públicos e tecnologias digitais.

Na opinião de Izycki, a maior possibilidade é que o Brasil tenha sido alvo de uma operação de coleta de dados não específica – onde os hackers russos não visariam, por exemplo, a cúpula do governo, que tem maiores níveis de proteção.

O Brasil está atualmente em uma “saia justa” diplomática em relação ao bloco diplomático dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). O bloco surgiu com um viés econômico e comercial, mas a guerra na Ucrânia e as sanções americanas a Moscou têm feito a Rússia e a China se esforçarem para um dar um tom mais político ao grupo – tentando transformá-lo em um bloco político para enfrentar os Estados Unidos e seus aliados.

O Brasil e a Índia vêm tentando se manter equilibrados e evitar a politização dos Brics, mas a tensão está crescendo. Na última quinta-feira, na cúpula dos Brics (que ocorreu de forma virtual), o presidente chinês, Xi Jinping, disse que o bloco entrará em uma nova jornada e criticou a ordem mundial hegemônica – na qual os EUA e seus aliados estariam obrigando os países a “escolher lados”.

Segundo a Microsoft, o Brasil não estava entre os maiores alvos dos hackers russos. Os países que receberam o maior número de tentativas de invasão cibernética foram os Estados Unidos, com 12% dos casos, e a Polônia, com 8%. Também sofreram tentativas de espionagem cibernética russa Romênia, Alemanha, França, Suécia, Finlândia, Letônia, Lituânia, Grã-Bretanha, Índia, Austrália, Canadá, México, Japão e países do Oriente Médio, Ásia Central e África.

Mas podemos confiar inteiramente no relatório da Microsoft?

Segundo analistas, dificilmente a Microsoft reportaria um ataque que não aconteceu, mas a forma de classificar e contar as ocorrências pode ser questionada.

Por exemplo, a empresa afirma que um dos únicos países próximos da Rússia que não sofreram com ações dos hackers foi a Estônia – que mantém seus dados de governo armazenados em “nuvens” públicas, que contam com o serviço de empresas como a própria Microsoft.

Hoje, governos como o dos Estados Unidos não conseguem cuidar de sua defesa cibernética apenas com recursos públicos. Washington possui órgãos de inteligência, como a NSA, que se encarrega de vigilância cibernética, e de defesa, como o Comando Cibernético – uma estrutura militar completa dedicada ao combate no ciberespaço. Mesmo assim, os EUA têm uma dependência cada vez maior não só da Microsoft, mas das chamadas Big Techs, como Google, Apple e Meta para identificar e conter ataques cibernéticos.

Há um debate interno no país do quanto é desejável essa dependência de empresas privadas.

O próprio relatório da Microsoft tenta dar a entender que a melhor maneira dos governos protegerem seus dados não é mantê-los em servidores localizados em instalações governamentais – pois esses prédios podem ser bombardeados nas guerras. A empresa diz que a opção mais segura é colocá-los em “nuvens” que operam a partir de servidores localizados em diversos países.

A Rússia atingiu seus objetivos de guerra cibernética na Ucrânia?
Dias antes de a Rússia começar a bombardear a Ucrânia, em fevereiro, o Parlamento ucraniano autorizou que seus dados e serviços públicos digitais fossem transferidos para empresas como a Microsoft. Elas ganharam acesso de segurança, permitindo um alto nível de controle dos sistemas ucranianos, com o objetivo de combater ações cibernéticas da Rússia.

Logo no início dos ataques, prédios onde estavam servidores de computador ucranianos foram bombardeados, mas a interrupção de alguns serviços públicos foi apenas momentânea – pois os dados já não estavam mais lá.

Em paralelo, o Comando Cibernético americano teria entrado em combate virtual contra os órgãos de inteligência russos, como FSB, SRV (as agências de espionagem interna e externa, ou seja, a antiga KGB) e a GRU, a diretoria geral das forças armadas.

Segundo Isycki, a defesa cibernética do Ocidente foi fundamental para impedir que a Rússia usasse, por exemplo, uma arma cibernética chamada Industroyer 2 – criada pelo grupo hacker Sandworm, subordinado ao GRU. Foi esse “vírus” de computador que causou o desligamento de redes elétricas ucranianas durante a anexação da Crimeia e a invasão de Donbas em 2014.

A guerra cibernética tem várias vertentes. Uma delas é a espionagem, descrita no início da coluna. Mas no começo da guerra da Ucrânia, o objetivo dos hackers russos estava mais voltado para a destruição de infraestrutura real e não roubo de dados.

Ou seja, eles tentaram usar malwares ou armas cibernéticas conhecidas como “wipe” (varrer ou limpar, em inglês), que apagam os conteúdos de servidores e os tornam inúteis. Sistemas de distribuição de energia elétrica, água e transportes hoje em dia dependem desses servidores.

Assim, o que a Rússia fez foi tentar combinar ataques com armas de efeito cinético (mísseis, carros de combate) e de efeito cibernético (vírus de computador). Por exemplo, segundo o relatório da Microsoft, os hackers do Sandworm invadiram o sistema de controle da rede ferroviária ucraniana. As ferrovias são a principal forma de transporte de refugiados e feridos e de entrada de armas no país. Dias depois, em 3 de maio, subestações estratégicas da rede ferroviária foram bombardeadas com mísseis em Lviv.

A Microsoft também atribui a destruição por mísseis do aeroporto de Vinnytsia a informações coletadas pela Rússia após seus hackers invadirem sistemas de controle da cidade.

Mas também não se deve superestimar as capacidades cibernéticas da Rússia. Quando estive na Ucrânia, nos primeiros 75 dias da guerra, pude constatar que as redes ferroviárias eram rapidamente consertadas após os ataques. Minha percepção pessoal era que a rede de internet das maiores cidades ucranianas (em guerra) era muito mais rápida e eficiente que as redes das empresas brasileiras de telefonia celular (em paz).

Relatórios das inteligências britânica e americana apontaram que, no início da invasão, a Rússia teria falhado em coordenar ações entre suas diversas unidades. Isso teria levado, por exemplo, aos russos desistirem de tentar tomar a capital Kyiv (há outras teorias, como a de que o ataque à capital seria uma distração). Da mesma forma, a avaliação dos analistas no campo cibernético é que a Rússia não conseguiu combinar em todos os momentos as ações de guerra reais com as virtuais.

Isso ocorre porque os objetivos no campo de batalha podem mudar rapidamente, mas a preparação para um ataque cibernético é muito trabalhosa. “Você pode dar a ré num carro de combate e atacar do outro lado, mas pode levar dias para mudar o alvo de um ataque cibernético”, disse Izycki.

De acordo com o relatório da Microsoft, quando a Rússia unificou seu comando, retirou as tropas dos arredores de Kyiv e focou a ofensiva em um só ponto, o Donbas, no leste, desde abril, o número de ataques cibernéticos caiu drasticamente na Ucrânia. O foco mudou para a espionagem cibernética fora da Ucrânia, segundo o relatório da empresa americana.

Guerra de informação

Generalizando, além das vertentes de espionagem e destruição de infraestrutura no mundo “real”, a guerra cibernética da Rússia atua de uma terceira forma: impulsionando notícias falsas (ou verdadeiras, mas fora de contexto) para tentar influenciar a opinião pública a seu favor.

De acordo com o relatório da Microsoft, a Rússia “plantou” desde 2021 sites falsos na internet com o objetivo de difundir a narrativa de que laboratórios financiados pelos EUA na Ucrânia estariam desenvolvendo armas biológicas. Ao longo da guerra, esses sites serviram de apoio para uma inundação de informações promovida pela Rússia na internet difundindo essa teoria.

Há, ou havia, laboratórios na Ucrânia que usavam verbas ocidentais, mas não há nenhuma prova de que eles desenvolveriam armas biológicas.

Segundo a Microsoft, o consumo de notícias de sites patrocinados pela Rússia durante a guerra aumentou 216% na Ucrânia e 82% nos Estados Unidos.

Já a mídia ocidental tradicional tem sido o principal canal de difusão de informações com ênfase ao ponto de vista ucraniano. Por exemplo, veículos de imprensa divulgaram números de baixas russos sem mencionar que a Ucrânia não divulga suas próprias baixas.

Segundo analistas, em um cenário possível, porém não comprovado, o Brasil pode estar sendo ou vir a ser alvo desse tipo de propaganda.

Segundo a Microsoft, a Rússia vem difundindo notícias que expõem as fraquezas dos sistemas de governo e dos líderes das democracias ocidentais. Os regimes democráticos são vulneráveis a esse tipo de ataque por causa da liberdade de expressão e da atual onda de polarização política que assola não só o Brasil.

O Brasil pode, por exemplo, sofrer com notícias impulsionadas que deem ênfase a afirmações (verdadeiras) da França que ocorreram no passado. O país questionou a forma como o Brasil trata a preservação da Amazônia. Exposta a uma grande quantidade desse tipo de notícias, parte da população pode criar antipatia pelo Ocidente – o que favoreceria uma eventual aproximação com a Rússia ou adesão aos Brics. Mas, por ora, não há evidências concretas de que isso esteja ocorrendo ou venha a ocorrer.

Por outro lado, as ações de espionagem cibernética, praticadas não só pela Rússia, mas pelo Ocidente, tendem a continuar.


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BOLSONARO AINDA NÃO DEFINIU O SEU CANDIDATO A VICE

Indefinição

Por
Rodolfo Costa – Gazeta do Povo
Brasília


O ex-ministro da Defesa, Braga Netto (em primeiro plano), com Bolsonaro logo adiante: general segue como o nome preferido do presidente para assumir a vice na chapa.| Foto: Marcos Corrêa/PR

O presidente Jair Bolsonaro (PL) está decidido a postergar ao máximo a escolha do vice de sua chapa à reeleição. Aliados da base no Congresso e interlocutores do governo dizem que a intenção é fazer uma escolha apenas “aos 45 minutos do segundo tempo”. O objetivo, segundo explicam os mais próximos do presidente, é evitar o “fogo amigo” do núcleo político do governo para “queimar” o preferido de Bolsonaro: o general Braga Netto, ex-ministro da Defesa.

Cientes dessa preferência do presidente pelo general, aliados políticos ainda tentam demover Bolsonaro dessa ideia e persuadi-lo a optar por outro nome. A opção mais citada na base governista é o a deputada federal Tereza Cristina (PP-MS), ex-ministra da Agricultura. Ele é a preferida do Centrão, o bloco que partidos que dá sustentação ao governo no Congresso.

Entre os aliados políticos que apoiam Tereza como vice estão o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL); o ministro das Comunicações, Fábio Faria (PP); o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, presidente licenciado do PP; e o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto.

Com menos de um mês restando para as convenções partidárias, que ocorrem entre 20 de julho e 5 de agosto, os aliados políticos tentam convencer Bolsonaro a escolher Tereza em conversas privadas. Mas o presidente da República reiteradamente desconversa sobre o tema e tenta sempre mudar o assunto.

Embora não tenha objeções pessoais em relação a Tereza e não a descarte como vice, Bolsonaro demonstrou incômodo a interlocutores com a pressão política para a escolha da ex-ministra. Inclusive, ele suspeita de que a base governista esteja usando a imprensa para “fritar” Braga Netto, com sugestões e informações de que o general teria “entregue os pontos” e que o núcleo político estaria tentando encontrar uma “saída honrosa” para o ex-ministro.

A fim de evitar o “fogo amigo” contra Braga Netto, Bolsonaro deixou claro ao seu núcleo eleitoral que também não descarta escolher a ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves (Republicanos); e o ex-ministro Rogério Marinho (PL), do Desenvolvimento Regional.

Como Bolsonaro tenta conter a pressão política pela escolha do vice
A indefinição momentânea pela escolha do vice é politicamente estratégica para Bolsonaro. Interlocutores palacianos entendem que ele quer evitar uma fritura política semelhante à que sofreu Geraldo Alckmin (PSB) quando foi definido como o vice do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Diferentes alas dos partidos que apoiam a pré-candidatura do petista deram sinais de oposição à escolha e geraram mal-estar político e eleitoral.

Ao postergar a escolha do vice, Bolsonaro mantém a base de apoio na expectativa e adia possíveis oposições internas ao nome escolhido. Como consequência, ele diminui o tempo que seu vice seria exposto a potenciais frituras e tem a chance de explicar seus motivos quando “bater o martelo”.

O presidente sabe que o nome a ser escolhido por ele não será uma unanimidade na base aliada, mas o objetivo de Bolsonaro é buscar algum minimamente consensual a fim até de mitigar possíveis críticas em sua base eleitoral. A lógica política é de que, quanto menor for a oposição e maior a união, mais eleitores o vice poderá conquistar.


Quando questionado pela imprensa sobre a escolha de vice, Bolsonaro tem evitado dar sinais de preferência por um nome ou outro. Na segunda-feira da semana passada (13), Bolsonaro disse que Braga Netto é um nome “palatável” e “de consenso”, que “sabe conversar com o Parlamento”, mas também falou de Tereza Cristina. “É um excelente nome também. Vai ser definido mais tarde”, disse.

Em entrevista à jornalista Leda Nagle no dia 15, ele disse que Braga Netto está “cotadíssimo”, bem como Tereza Cristina está “cotadíssima”. “Eu nem falei que o Braga Netto é meu vice, como é que vou trocar? Vou trocar de esposa se nem casei ainda? Toda semana inventam uma fofoca”, desabafou. “Querem fazer uma briga [entre] homem e mulher. É isso o que eles querem fazer. Vão querer falar que eu prefiro não uma mulher, mas um homem. Ou então tumultuar, o que já estão fazendo em Brasília”, acrescentou.

Na última sexta-feira (17), ele reforçou, em entrevista à rádio Meio Dia Rio Grande do Norte, que ainda não havia escolhido o vice e que poderia ser Tereza, Braga Netto e poderia “até ser o Rogério Marinho”. “Está em aberto ainda. Tem especulações, nós estamos abertos para conversar, discutir. Mas digo: tem dois excelentes nomes, Tereza Cristina e Braga Netto no momento”, afirmou.

Quais as chances de Braga Netto ser escolhido o vice da chapa de Bolsonaro
A depender da vontade de Bolsonaro e das condições em convencer aliados políticos de sua escolha, o vice da chapa tende a ser Braga Netto. Interlocutores do Planalto evitam dizer que a escolha do general está definida, mas afirmam que ele de fato está está bem cotado.

No Planalto, é dito que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) foi sondado por Valdemar Costa Neto e Ciro Nogueira para ajudá-los a persuadir Bolsonaro a escolher Tereza Cristina como vice. Os três são membros da coordenação política da pré-candidatura à reeleição. O filho do presidente os teria avisado, porém, que a escolha de vice é “inegociável” e que a decisão final cabe ao pai.

O entendimento de Bolsonaro é que ele cedeu em muitos aspectos ao seu núcleo político desde o início do relacionamento com o Centrão, em 2020, com a distribuição de cargos políticos, a liberação de generosos recursos para as emendas de relator e a permissão para que a Casa Civil tenha a última palavra na execução do Orçamento. O presidente, porém, quer ter a palavra final na indicação do vice e espera que seus aliados respeitem.

Braga Netto preenche alguns requisitos considerados imprescindíveis por Bolsonaro. “É discreto, leal e alinhado. O presidente quer alguém que esteja na mesma sintonia que ele; não alguém que fique batendo de frente, igual ao [atual vice, Hamilton] Mourão”, diz uma liderança do governo na Câmara.

Outro motivo pelo qual Braga Netto é bem cotado é pelo fato de ser um militar. Na política, um general (quatro estrelas) do Exército é tido como uma figura que assegura um “seguro” contra um possível impeachment de Bolsonaro. “Eu tenho de ter um vice que não tenha ambições de assumir a minha cadeira ao longo do mandato”, declarou Bolsonaro em março em entrevista à TV Jovem Pan.

Bom relacionamento entre Bolsonaro e Braga Netto pode ser decisivo
Há alguns sinais nos bastidores que sugerem a possibilidade de Bolsonaro definir Braga Netto como vice, segundo avaliações de aliados da base mais ideológica e de interlocutores palacianos. Um deles é o relacionamento próximo entre os dois. O fato do militar ter se desincompatibilizado do Ministério da Defesa e assumido um cargo de assessor especial do gabinete pessoal da Presidência da República é um gesto considerado significativo no Planalto.

Desde abril, Braga Netto trabalha muito próximo de Bolsonaro. O militar é recebido todos os dias pela manhã pelo presidente e também os dois costumam almoçar juntos. Outro sinal de que Braga Netto pode ser definido como vice é a decisão tomada por ele em se desincompatibilizar do atual posto de assessor especial até 30 de junho. A legislação eleitoral prevê que servidores públicos comissionados têm o prazo de até três meses antes das eleições para desocupar cargos públicos a fim de concorrer às eleições.

Antes de se desincompatibilizar, Braga Netto vai viajar ao Rio de Janeiro. A pedido do próprio Bolsonaro, o general tem auxiliado o presidente em interlocução com empresários e políticos no Rio e em Minas Gerais, onde cumpriu agenda no início deste mês com industriais na Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e com prefeitos na Associação Mineira de Municípios (AMM).

Aliados de Braga Netto cobram que ele faça mais viagens pelo país. Mas, devido ao atual cargo, ele tem evitado isso e cumpre mais agendas acompanhado de Bolsonaro. A expectativa é que ele comece a circular com mais autonomia a partir de 30 de junho, quando se desincompatibilizar. Os mais próximos do ex-ministro sustentam que sua proximidade com Bolsonaro é um “ativo” importante e que mesmo a rejeição do presidente entre as mulheres seria um argumento insuficiente para preterir Braga Netto. No Planalto, seus apoiadores destacam que o próprio setor agropecuário prefere o militar como vice do que Tereza Cristina, segundo informações de abril do jornal Estado de S. Paulo, confirmadas pela Gazeta do Povo.

Quais as chances de Bolsonaro escolher Tereza Cristina como vice
A possibilidade de Bolsonaro escolher Tereza Cristina como vice não é descartada no Planalto e na base governista, embora até alguns governistas favoráveis a ela admitam que Braga Netto é o nome favorito de Bolsonaro.

Outros dizem que ela “está na frente” na “disputa”, embora ponderem que Tereza Cristina ainda tenha resistências em relação à ideia de assumir a missão. Aliados de Tereza da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que ela presidiu até 2018, admitem que ela própria não se sente convencida de aceitar uma indicação de vice. A ex-ministra sinaliza que sua posição não seria um impedimento para aceitar um eventual convite de Bolsonaro para concorrer com ele na chapa presidencial, mas ainda avalia tal cenário com ressalvas.

A meta de Tereza segue a disputa do Senado por Mato Grosso do Sul. O planejamento inicial do governo era tê-la como futura senadora para ampliar a base de Bolsonaro em caso de reeleição.

A alta rejeição de Bolsonaro junto às mulheres, porém, mudou um pouco os planos do núcleo político do presidente. Valdemar Costa Neto e Ciro Nogueira, por exemplo, recomendaram que ela mantenha aguerrida sua pré-campanha, mas pediram que deixe de sobreaviso a possibilidade de uma disputa à vice-presidência.

O entendimento da coordenação eleitoral de Bolsonaro é que Tereza ajudaria a reduzir a rejeição do presidente junto às mulheres e, consequentemente, conquistar mais votos nesse segmento social. Além disso, Costa Neto e Ciro Nogueira acreditam que ela também possa ampliar os votos da chapa no agronegócio e na região Centro-Sul do país, a fim de contra-atacar a estratégia de Lula em crescer nas regiões Sul e Sudeste.

Que fatores podem comprometer a escolha de Tereza Cristina
Os presidentes nacionais de PL, Valdemar Costa Neto, e PP, Ciro Nogueira, ponderam que Tereza Cristina também atende aos critérios de discrição, lealdade e alinhamento exigidos por Bolsonaro. Porém, há quem entenda que o presidente tem um pé atrás em relação a escolhê-la não por falta de confiança nela, mas pela influência que o Centrão poderia exercer em um eventual mandato dela como vice.

Pessoalmente, Bolsonaro gosta e confia em Tereza a ponto de técnicos do Ministério da Agricultura não descartarem a possibilidade de ela reassumir a pasta caso ela concorra ao Senado, vença a disputa e o presidente da República seja reeleito.

No caso de ser indicada a vice, contudo, existe um receio do presidente sobre o nível de influência política sobre ela e se ela seria fiel a ele ou aos partidos. A desconfiança de Bolsonaro em relação à escolha do vice é algo admitido reservadamente por alguns interlocutores do governo.

Ex-ministro da Saúde do governo, Luiz Henrique Mandetta (União Brasil) acredita que, por esse motivo, Tereza não será escolhida a vice na chapa. “Bolsonaro não põe a Tereza porque não confia em ninguém, muito menos nela, que fala pelos ruralistas. Dali saíram os impeachments”, declarou ao jornal O Estado de S. Paulo. A escolha pela ex-ministra como vice favoreceria Mandetta, que também é pré-candidato ao Senado por Mato Grosso do Sul.

A disputa pelo Senado no estado é apontado nos bastidores como outro motivo pelo qual Bolsonaro não se sente muito convencido em ter Tereza como vice. O presidente ainda se ressente de Mandetta e não deseja dar chances de vitória a ele, principalmente ao considerar um cenário em que Bolsonaro seja reeleito. Alguns interlocutores acreditam, porém, que os dois poderiam se reaproximar e que o relacionamento atual não seria uma entrave para a ex-ministra ser indicada como vice.

Quais as chances de Damares compor a chapa com Bolsonaro
Entre a opção pessoal de Bolsonaro por Braga Netto e o apoio do núcleo político por Tereza Cristina, existe a possibilidade dos dois lados procurarem um “meio-termo”. Esse nome seria o de Damares Alves. A ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos agrada a diferentes alas do governo.

De um lado, Damares é fiel a Bolsonaro e vista pela base mais ideológica do governo como alguém que não se curvaria a vontades e pressões político-partidárias como vice-presidente. Ela também atenderia ao perfil almejado pela base política de escolher uma vice mulher, que ajude a puxar votos na região Centro-Sul e reduza a rejeição do presidente junto ao eleitorado feminino. Seus defensores dizem, ainda, que ela conseguiria votos nas regiões Norte e Nordeste.

Embora não tenha sido citada por Bolsonaro como opção à vice em entrevistas recentes, o presidente a mantém bem cotada no caso de a base política não se convencer da indicação de Braga Netto. E, embora o Centrão tenha preferência por Tereza, o núcleo político não rejeita Damares e valoriza sua agenda de viagens com a primeira-dama, Michelle Bolsonaro. As duas participam de eventos voltados para o eleitor evangélico e feminino com o objetivo de consolidar votos entre mulheres e conservadores.

A cúpula do partido Republicanos e os mais próximos de Damares até avaliam bem o fato de Bolsonaro não citá-la como opção a vice. A lógica política no entorno da ex-ministra é de que, ao ser “esquecida”, ela consegue evitar o “fogo amigo” e “comer pelas beiradas”, embora enfrente a oposição da deputada ex-ministra-chefe da Secretaria de Governo Flávia Arruda (PL), no Distrito Federal. As duas são pré-candidatas ao Senado na capital federal. Damares descarta abrir mão da disputa e está disposta a manter sua candidatura caso não seja indicada a vice de Bolsonaro.


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PT USA O MST PARA FRAUDAR TERRAS

 

O MST quer, hoje, o que sempre quis: invadir terra para receber verba do governo

J.R.GUZO – Jornal Estadão

ex-presidente Lula já garantiu, entre as múltiplas promessas que está fazendo na campanha eleitoral para a Presidência da República, que o MST vai ter uma posição importante no seu governo. É um dos seus piores projetos, caso isso seja mesmo um projeto, e não uma peça de conversa fiada para tapear a esquerda mais primitiva que viaja no seu bonde – e para atender as neuroses da porção do público urbano que se assusta com os “pecados mortais” da produção rural brasileira. Essa gente tem certeza de que a soja e o milho estão destruindo a Floresta Amazônica. Acha que o agronegócio “envenena a comida” dos brasileiros, com a utilização de “agrotóxicos” e outros horrores da química. Está convencida de que os fazendeiros perseguem os índios. Suas terras são muito grandes, mecanizadas e consumidoras de tecnologia avançada – coisas que o “pequeno proprietário” e a “agricultura familiar” não podem ter. Na verdade, o agronegócio é o oposto do que os padres, os centros acadêmicos e os artistas de novela querem para o Brasil rural: um País de “pequenas propriedades”, dedicado à produção de coisas “orgânicas”, aos métodos naturais de cultivo e capaz de obter a aprovação da menina Greta e do ator Leonardo DiCaprio. O MST finge que está nessa balada.

Ex-presidente Lula discursa durante reunião Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Março de 2022, em Londrina, no Paraná.
Ex-presidente Lula discursa durante reunião Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Março de 2022, em Londrina, no Paraná. Foto: Ricardo Chicarelli/AFP

Tudo isso é uma falsificação completa. O agronegócio é o setor mais bem-sucedido da economia brasileira, e não precisa das ideias de Lula e do PT – chegou aonde está sem eles, e só prospera com eles de longe. Quanto ao MST, pode-se dizer com segurança que a última coisa que passa pela cabeça dos seus proprietários é fazer uma reforma agrária no Brasil. O MST quer, hoje, o que sempre quis: invadir terra para receber verba do governo, diretamente ou por meio de ONGs, em nome da solução do “problema social no campo”. Esse problema tem de existir sempre – sem ele, os dirigentes do MST não vivem. Eles não querem terra para o pequeno agricultor que não tem dinheiro, nem condições, para comprar um pedaço de chão. Querem se entender com o Banco do Brasil. Nada poderia provar isso com mais clareza do que a sua posição contrária à distribuição de títulos de propriedade que vem sendo feita pelo governo. Como assim? O objetivo do MST não é fornecer aos sem-terra justamente isso – terra para cultivar e legalização da sua propriedade? Não: o MST acha que a terra tem de ser “coletiva”.

No governo Dilma houve 1.000 invasões. No de Lula foram 2.000. No de Fernando Henrique foram 2.500 – inclusive a fazenda do próprio presidente. Em 2021, foram 11 e, ao todo, de 2018 para cá, apenas 24. Não é preciso dizer mais muita coisa.

VAREJA ADOTA CONTÊINERES MARÍTIMOS PARA FUGIR DE CUSTOS

 

Mais baratos, flexíveis e compactos, pontos de venda modulares surgem em locais que variam de postos de gasolina a praças  

Márcia De Chiara, O Estado de S.Paulo

Dois anos de pandemia marcados pelo abre-e-fecha de lojas para conter a disseminação do vírus não só aceleraram a digitalização do varejo, mas também levaram um número crescente de empresários do comércio a apostar em um novo modelo de loja física. Mais compactos, baratos e, sobretudo, flexíveis, os pontos de venda modulados, inspirados no contêiner usado no transporte marítimo, viraram febre no varejo.

As lojas modulares ganham espaço em postos de gasolina, estacionamentos, condomínios, praças e boulevards, por exemplo. Elas escapam do aluguel pesado das lojas de rua e de shoppings e também das taxas de condomínio.

chilli beans
Loja da Chilli Beans dentro de contêiner localizado na avenida Sumaré; unidades fora de shoppings vieram após ‘chacoalhão’ da covid, diz o CEO, Caito Maia.  Foto: Werther Santana/Estadão

A estreante no formato é a Chilli Beans, de óculos de sol. “Acho que não teria uma Eco Chilli se não houvesse pandemia”, afirma o CEO e fundador da varejista, Caito Maia. Depois do que ele considera ter sido um “chacoalhão” provocado pela covid-19, diz que os empresários tiveram de criar outros canais de venda, além do online. “Não sei o que pode acontecer no futuro e preciso ter acesso ao consumidor”, diz.

Apelo sustentável

Hoje, a rede tem cinco lojas modulares, de 15 metros quadrados, feitas com plástico reciclado e que usam energia solar. Essas unidades estão sendo testadas em vários locais: dentro de um posto de gasolina na Zona Oeste da capital paulista, em Boituva (SP), em Porto Alegre e em duas cidades mineiras, Itajubá e Piumhi.

Se passarem no teste, a meta é abrir mais 70 lojas nesse formato até o fim do ano. O alvo são municípios com 40 mil a 50 mil habitantes, onde não há shoppings e o investimento em uma loja de rua tradicional não se paga com volume de vendas. “Há no Brasil 600 municípios com esse perfil, é um mercado gigantesco”, diz Maia.

Em três anos, o plano da varejista é abrir 400 Eco Chilli, que devem consumir R$ 52 milhões de investimento de franqueados. A cifra aplicada numa loja desse tipo é de R$ 130 mil, a metade do que seria gasto em uma loja tradicional, de tijolo e cimento. Em quatro anos, quando estiverem em pleno funcionamento, devem responder por 20% das vendas. A varejista projeta fechar o ano com um total de mil lojas franqueadas e faturamento de R$ 1 bilhão.

A ótica estreia no segmento muito tempo depois do restaurante Madero, um dos pioneiros, do supermercado Hirota, do Carrefour e da chocolateria Cacau Show, por exemplo.

Cinco meses após o início da pandemia, em julho de 2020, o Hirota abriu as duas primeiras lojas automatizadas, dentro de contêiner adaptado em condomínios residenciais. Hoje, são 83 na Grande São Paulo, no ABC Paulista e em Guarulhos (SP). A perspectiva é de chegar a 100 até o fim deste ano. “É o modelo de loja que mais cresce e no qual a empresa mais aposta”, diz Hélio Freddi, diretor da rede.

O projeto nasceu como loja em contêiner, mas migrou para salas disponíveis em condomínios, muito em função da arquitetura do local. Hoje, das 83 lojas, oito estão em contêiner. Freddi diz que esse ponto de venda caiu no gosto do consumidor. “Primeiro, tivemos a pandemia e, agora, é o aperto financeiro: as pessoas não estão fazendo compra do mês, mas pequenas compras.”

O Carrefour, maior varejista de alimentos e bebidas do País, abriu as duas primeiras lojas autônomas em contêiner em dezembro de 2020. Já são 18 em operação, das quais três em contêineres. O plano para este ano é acelerar a inauguração de lojas nesse formato em condomínios residenciais.

Segundo Daniel Roque, diretor de Canais e Expansão da Cacau Show, metade das 220 lojas abertas este ano e um terço das 280 em fase de implantação estão em contêineres. A chocolateria adotou esse formato em janeiro. Hoje, são 302 lojas em contêineres, de um total de 3 mil pontos de venda.

Inspiração digital

Fora dos endereços tradicionais de compras, as lojas modulares são herança da pandemia não só por “ir” aos locais frequentados pelo consumidor no seu dia a dia, mas também por retratar a agilidade que o varejo ganhou com a transformação digital forçada. “O varejo ficou mais ágil, e a loja dentro do contêiner é um modelo que tem a ver com essa agilidade”, diz Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC).

No varejo digital, se o negócio não vai bem, rapidamente é alterado. Já na loja física tradicional, essa mudança é mais custosa e trabalhosa: envolve grandes investimentos, contratos de locação por períodos longos, por exemplo. Se algo der errado na loja modular, como o mercado não ser promissor como se imaginava, é só mudar rapidamente de lugar e colocá-la em outra praça. O investimento na estrutura física não fica comprometido. “A flexibilidade da loja-contêiner de testar, trocar, fechar, aumentar é típica do mundo digital”, diz.

Terra observa que a tendência foi acelerada nos últimos dois anos também por outro fator: o aumento exponencial do custo da construção. “Construir uma loja tradicional está assustando muita gente; em alguns setores, o custo chegou a dobrar, e o varejo sempre busca alternativas.” 

Novo filão de metalúrgicas 

O reaproveitamento de contêineres marítimos para instalar pequenas lojas virou inspiração de um novo filão de negócio: a fabricação de lojas modulares. O interesse dos comerciantes por esse tipo de ponto de venda ganhou força na pandemia, e as indústrias voltadas para produção deste modelo de loja comemoram o crescimento acelerado da procura.

A metalúrgica TAEC Módulos, de Pirajuí (SP), por exemplo, ingressou nesse segmento em março de 2020 e está em ritmo acelerado. Entre os clientes atendidos, estão a Petrobras (com a loja BR Mania), ShellCacau ShowChiquinho SorvetesChopp GermâniaAmbev e supermercados como Hirota e Zaitt.

No primeiro semestre deste ano, a empresa ampliou em 50% a produção de espaços modulares e o faturamento em relação ao mesmo período de 2021. “O varejo é o segmento mais aquecido”, conta o gerente de vendas, Flávio Papile.

A companhia, que também atende a escolas, hospitais e delegacias com esse tipo de construção, encerrou o ano passado com vendas de R$ 50 milhões. A expectativa é de fechar 2022 com uma receita entre R$ 75 milhões e R$ 80 milhões. Hoje, tem 121 funcionários trabalhando em dois turnos, dos quais 70 contratados neste ano. A meta é chegar a 300 até dezembro.

“Começamos na construção modular porque vimos muitos varejistas usando contêiner marítimo como loja e enxergamos uma oportunidade”, explica Papile. É que a loja instalada em um contêiner tradicional tem limitações de espaço, de eficiência térmica e acústica, além da falta de rastreabilidade. 

As lojas modulares erguidas pela metalúrgica têm estrutura de aço, e as paredes são de painéis termoacústicos, com a possibilidade de vários acabamentos. O prazo de entrega, que em 2020 era de 45 dias, hoje está em 60 dias, por causa da forte procura.

Sustentabilidade

Com fábrica em Cotia (SP), a Fuplastic, que faz projetos modulares com plástico 100% reciclado, começou a fabricar lojas modulares em março de 2020.

“Hoje, as grandes marcas estão nos procurando, por ser um projeto sustentável”, afirma Bruno Abramo Frederico, CEO da empresa. 

A ótica Chilli Beans, por exemplo, é um dos clientes da Fuplastic. A fabricante tem mais de 100 projetos de lojas modulares em andamento para grandes prestadores de serviços e varejistas. 

By valeon

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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