quinta-feira, 16 de junho de 2022

GÁS DA ÁFRICA PODERÁ SER SOLUÇÃO PARA A EUROPA

 

Energia

Por
Mariana Braga


Cargueiro de gás no Porto de Dacar, no Senegal: continente oferece grandes possibilidades, mas ameaças climáticas e terrorismo são empecilhos| Foto: EFE/Mariscal

Não é novidade que a Europa está se reorganizando para não depender mais do gás russo até 2030. Antes das sanções impostas ao país comandado por Vladimir Putin, cerca de 40% do combustível consumido pelo continente vinha da Rússia. Uma das possíveis saídas para a Europa é aumentar as importações da África, que atualmente representam 10% do que é utilizado em solo europeu.

A Itália saiu na frente. Menos de uma semana depois da invasão russa à Ucrânia, o chefe da diplomacia, Luigi di Maio, foi à Argélia fazer as primeiras negociações. Até fevereiro, 45% das importações de gás italianas partiam da Rússia. Em abril, o país assinou com o presidente da Argélia, Abdelmadjid Tebboune, um acordo que permite o aumento de 40% nas importações. Depois disso, negociações aconteceram também na República do Congo e na Angola.

A Alemanha também não perdeu tempo. Em maio deste ano, o chanceler alemão, Olaf Scholz, enviou representantes para a capital do Senegal, Dacar, para confirmar o interesse em importar do país africano. E o presidente senegalês, Macky Sall, garantiu a negociação. “Estamos prontos para trabalhar numa perspectiva de alimentar o mercado europeu de gás natural liquefeito (GNL)”, disse Sall em coletiva.

Possibilidades na África

De acordo com o Instituto Statista, em 2020 a Argélia foi o maior produtor de gás do continente africano, com 39,4 milhões de metros cúbicos. A Nigéria ficou na segunda posição, com pouco mais de 35 milhões. Em seguida, o Egito, com 7 milhões e a Líbia, com 4.

A Nigéria, a Argélia e o Níger aproveitaram as fragilidades geradas pela guerra na Ucrânia para tirar do papel um projeto antigo. Trata-se da criação de um gasoduto transaariano de 1970. A Nigéria também resgatou um plano grandioso de construção de um gasoduto submarino que deve contornar a África Ocidental e chegar até a Espanha.

O Senegal e a Mauritânia vão explorar um campo descoberto em 2015, com reservas estimadas em 1,4 trilhão de metros quadrados, o que seria o suficiente para abastecer 35 anos de consumo da Itália, por exemplo. A produção em 2030 pode chegar a 10 milhões de toneladas. Em curto prazo, o Senegal deve explorar o petróleo do campo de Sangomar, ao sul de Dacar, que poderá produzir 200 mil barris por dia a partir do ano que vem.

O Moçambique também construiu estruturas para produção de gás. Segundo o Instituto de pesquisa Iris, o país pode se tornar um gigante do mercado de gás natural, ao lado de Qatar, Estados Unidos e Austrália.

Ameaças climáticas e terrorismo
A República do Senegal e outros países africanos criticam as medidas climáticas tomadas na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima no ano passado, que visa acabar com financiamentos de projetos de exploração de combustíveis fósseis no exterior sem técnicas de captura de carbono até o final de 2022.

Em coletiva, o presidente senegalês disse que a decisão é injusta. “Os países industrializados continuam a utilizar fontes muito poluentes, como carbono e petróleo. E querem condenar os combustíveis fósseis dos países que não têm indústria e onde a maior parte da população não tem acesso à energia. É injusto”, desabafou Macky Sall.

A África é rica em recursos, mas está exposta a grandes riscos climáticos. Por mais que seja o continente que gera menos gás carbônico por habitante, as indústrias de extração de combustível trazem risco para a região.

Outro empecilho é o ataque de grupos jihadistas. Em 2010, grandes empresas do setor de combustíveis, como ExxonMobil e ENI, miraram nas reservas da província do Cabo Delgado, em um projeto de 15 bilhões de euros.  A previsão era de que a produção começasse na região ainda em 2022. No entanto, depois de um ataque jihadista, o projeto foi adiado para 2024 ou 2026.

Na região do delta do Níger, grupos armados se manifestam contra instalações petrolíferas. No entorno, atuam grupos terroristas como Boko Haram e Al-Qaeda.

Concorrência
O conselheiro de energia do chefe de Estado senegalês, Mamadou Fall Kane, contou em coletiva que as primeiras exportações estão previstas para o mercado asiático. “Mas nada impede de renegociar os destinos com a operadora, devido às mudanças na geopolítica da energia”, explicou.

O analista Benjamin Augé, em entrevista ao Le Monde, não foi tão otimista sobre a capacidade da África de suprir a demanda europeia: “Nenhum país africano, neste momento, é capaz de aumentar massivamente sua produção, tendo em vista que as necessidades europeias são para agora e não para 2035”.

A economista e especialista em energia Carole Nahkle disse à BBC que considera pouco provável que, no momento, a África possa suprir a demanda que era atendida pela Rússia. “Mas, em longo prazo, veremos mais investimentos para tornar possível extrair gás do solo africano e enviá-lo à Europa”, projetou.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/o-gas-da-africa-pode-substituir-o-produto-russo-na-europa/
Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

O QUE É SER MULHER

 

Politicamente correto e transexualidade
Por que ativistas tornaram essa pergunta tão difícil de responder

Por
Eli Vieira


Matt Walsh, apresentador da empresa conservadora de mídia Daily Wire, está à frente do documentário “O que é uma mulher?”, que traz equilíbrio ao debate sobre gênero e sexualidade, mas tem alguns pontos cegos.| Foto: Reprodução / YouTube

O documentário What is a woman? (“O que é uma mulher?”, em tradução livre), lançado nos Estados Unidos este mês pela empresa independente de mídia conservadora The Daily Wire e apresentado pelo comentarista político Matt Walsh, é um bom documentário para trazer equilíbrio ao debate público sobre gênero e transexualidade. Lembrando outras obras televisivas como The Enemies of Reason (“Os Inimigos da Razão”, série documental de 2007), em que o zoólogo Richard Dawkins teve as hélices de seu DNA aumentadas de duas para dez, ao menos segundo uma entrevistada que faz terapia alternativa, Walsh entrevista socraticamente, com a singela pergunta, adeptos de outra variedade alternativa de epistemologia.

Trata-se da crença associada à teoria queer, ao ativismo identitário e às obsessões subjetivistas dos nossos tempos de que a identidade de uma pessoa pode flutuar nas nuvens da cultura e dos hábitos sem âncora na realidade, ao ponto que toda pessoa que se disser homem, mulher ou nenhum dos dois, à revelia da biologia, deve não só ter a tolerância alheia (como prega o liberalismo), mas também a aceitação e a afirmação dos terapeutas. Qualquer outro caminho terapêutico que não seja este é tratado como intolerância, ignorância e até um empurrão em suicidas à beira de saltar do prédio da vida.

Também são entrevistadas pessoas que resistem a essa crença, como o próprio apresentador Matt Walsh, que expressa sua oposição em um podcast diário produzido pela mesma Daily Wire. A direção de Justin Folk é competente, fazendo a uma hora e meia de duração passar de forma fluida e bem conectada. O tom, na maior parte espirituoso, varia na direção do drama e do horror, e alguns espectadores podem sentir que algumas dessas variações são repentinas.

O bom

O título do documentário é uma pergunta que os progressistas e até o público sem afiliações ideológicas explícitas cada vez mais se sentem desconfortáveis para responder, por preocupação ou medo de cometer “transfobia” ao definir mulher como fêmea adulta humana, definição correta que (ainda) está nos dicionários. Quando sabatinada em abril passado por parlamentares, a atual juíza da Suprema Corte americana Ketanji Jackson se recusou a respondê-la, com a desculpa de que não é bióloga.

Quando alguém tenta uma resposta, como a pediatra entrevistada Michelle Forcier, especialista em “terapia afirmativa de gênero” para trangêneros, é circular: mulher é quem se identifica como mulher. Ao que Walsh rebate prontamente repetindo a pergunta.

Como mostra Matt Walsh entrevistando pessoas nas ruas, especialmente mulheres, não é só a juíza que tem receio de dar uma resposta. O documentário passa a impressão de que pessoas comuns andando pelas ruas, especialmente em estados “azuis” (em que o Partido Democrata costuma vencer eleições), estão sob o domínio do politicamente correto.

Nos ‘Dois Tratados sobre o Governo’, de 1689, o filósofo inglês John Locke (1632-1704) propôs que “todo homem tem posse de sua própria pessoa”. Sua ideia de que o corpo é uma propriedade do indivíduo era algo novo. Décadas após sua morte, no século XVIII, quando a sodomia era crime no Reino Unido, homens presos por sodomia citavam Locke de segunda mão: “não há crime em fazer o uso que eu quiser do meu próprio corpo”, disse um, “não posso fazer uso do meu próprio corpo?”, perguntou retoricamente outro preso em flagrante delito em Londres. A julgar pelo documentário de Matt Walsh, hoje não é o liberalismo que é repetido por cidadãos comuns, mas as ideias relativistas cozinhadas nas universidades desde os pensadores pós-modernos dos anos 1960.

O mais explicitamente relativista dos entrevistados é Patrick Grzanka, professor de psicologia nas universidades de Maryland e do Tennessee. O documentário brinca com a prolixidade de Patrick na edição, sobrepondo trechos de sua resposta longuíssima que no fim não respondia nada. Quando Matt insistiu na pergunta, o professor reagiu perguntando por que ele tinha tanto interesse na resposta. Porque gostaria de “chegar à verdade”, respondeu Matt. Isso, segundo Patrick, é “profundamente transfóbico, condescendente e mal-educado”, rebateu o especialista, pedindo “diga-me qual é a sua verdade”. Para seguidores do pós-modernismo, a verdade se desmembra e é algo que é posse de alguém, como o corpo para Locke.

Matt Walsh também desafiou o dr. Patrick Grzanka a definir o que é mulher sem usar a palavra “mulher”. Declarando o exercício interessante, o último falha em dar uma resposta. A pediatra Michelle Forcier, que além de fazer terapia “afirmativa de gênero” também realiza abortos, não se sai muito melhor. Ela alega que “bebês e crianças pequenas entendem o gênero”, o que parece uma interpretação torta de estudos que mostram que bebês fixam os olhos por mais tempo em faces que se parecem com a de sua mãe. Pressionada a respeito da capacidade de crianças pequenas de decidir algo tão consequente quanto seu próprio gênero, quando Walsh lembra que elas acreditam em Papai Noel, a dra. Forcier responde que “para aquela criança, Papai Noel é real”.

Walsh brilha especialmente na cena do popular programa de televisão Dr. Phil, apresentando por um discípulo de Oprah Winfrey. Ele pressiona outros convidados do programa a responder o que é uma mulher, e uma pessoa que se apresenta com aparência feminina na maquiagem e no cabelo, mas com barba, também apela para o relativismo e definição circular. Ele aponta uma contradição na ideologia: se sexo é diferente de gênero, e pessoas trans mudam gênero e não sexo, por que se afirma que mulher trans é um sinônimo de mulher? O que está havendo é que os adeptos dessas ideias estão removendo qualquer conotação da característica sexo dos termos “mulher”, “homem”, “menina” e “menino”. É uma ressignificação unilateral. Outra contradição está em pedir tratamentos de natureza sexual biológica, como os hormônios, para quem se diz “transgênero” em vez de “transexual”.

Duas especialistas de opiniões opostas parecem ser as mais sensatas entrevistadas no documentário, embora o tratamento das duas na edição seja bem diferente. Marci Bowers, uma cirurgiã que faz cirurgias de mudança de genital e cuja resposta à pergunta foi um pouco melhor que as outras, e é ela própria transexual, diz com franqueza que a cirurgia não é perfeita e que é uma “barganha faustiana”. Ela reconhece que há também um novo fenômeno de contágio social de identidades LGBT, mas alega que é “pequeníssimo”. Sua paciente mais jovem que fez essa cirurgia tinha à época 16 anos.

A outra especialista é a psiquiatra Miriam Grossman, que representa uma visão mais cautelosa e conservadora, mas sem negar que a transição pode ser o tratamento para uma parte das pessoas que manifestam disforia de gênero (que é um transtorno psiquiátrico reconhecido e consiste em uma persistente e profunda rejeição das próprias características sexuais). Grossman dá a incidência “clássica” da disforia na população (uma em 30 mil ou 100 mil pessoas), informa que a maioria das crianças que manifestam a disforia tem resolução sem necessidade de transicionar — geralmente, crescem gays ou lésbicas. Quando informada que suas opiniões que há poucos anos eram o consenso na psiquiatria foram chamadas de coisa de “dinossauro” por Bowers, a dra. Grossman ri. Ela acerta ao indicar que o conceito “gênero” é subjetivo. Como se observa hoje, uma parte crescente dos jovens que se dizem trans nos Estados Unidos é de “transgêneros” que jamais experimentaram disforia na vida. A disforia é uma condição necessária para a definição de uma pessoa como transexual.

A questão mais sensível tocada pelo documentário é o uso de bloqueadores de puberdade em crianças na terapia “afirmativa”. Claramente, a posição mais irresponsável é a dos terapeutas afirmativos que alegam que a puberdade é como uma música que pode ser pausada e continuar depois sem problemas. Grossman relata que conhece pacientes cuja puberdade foi bloqueada e têm doenças atípicas para sua idade. Há relatos também de incapacidade de ter orgasmos e até mesmo um prejuízo à própria transição, pois há menos desenvolvimento de tecido genital necessário para a cirurgia mais tarde.

O medicamento Lupron (nome genérico leuprorelina ou leuprolida), usado como bloqueador de puberdade, foi proposto inicialmente para câncer de próstata e infertilidade. Uma fabricante da droga, a TAP Pharmaceutical Products, foi multada em 875 milhões de dólares pelo governo americano em 2001 por práticas fraudulentas em sua venda, como prêmios para médicos que a prescrevessem. O processo não teve relação com o mecanismo de ação da droga. A leuprolida também já foi usada para castração química de pedófilos reincidentes. Um oficial do governo francês disse à Deutsche Welle que o termo correto não é castração química, mas “camisa de força química”, pois os efeitos sobre a libido são transitórios.

O mau

Matt Walsh está bem amparado pela boa filosofia ao rejeitar termos relativistas de seus entrevistados como “sua verdade”. Porém, enquanto tem sucesso em apontar contradições neles, ele também cai em contradição nas redes sociais, às vezes em questão de poucas horas.

Nas conversas que se seguiram à estreia do documentário no início do mês, em resposta a um internauta que disse a ele que “adultos devem poder tomar as próprias decisões”, Walsh publicou no Twitter: “Não estou falando do que adultos têm permissão para fazer com os seus corpos. Estou falando do que médicos e farmacêuticas devem ter permissão para fazer com os corpos de outras pessoas visando o lucro.”

Uma hora antes, respondendo a um comentarista que disse “Deve ser ilegal para qualquer um em qualquer idade transicionar. Ponto final”, o apresentador acrescentou “Sim. Posto de outra forma: deve ser ilegal que médicos façam isso [tratamento de transição] em qualquer pessoa de qualquer idade.” Essa opinião dele não é de hoje. Em março de 2021, comentando o caso de Elliot Page, artista de Hollywood que tomou hormônios masculinos e removeu os seios, Walsh disse que “deve ser ilegal médicos amputarem as partes do corpo de uma pessoa fisicamente saudável”.

Não se sabe qual é o caso de Page, mas o problema geral, que antecede esta década em que emergiram evidências de contágio social de identidades LGBT, é que transexuais não são, de início, pessoas saudáveis. Como dito, sofrem de disforia, um transtorno psiquiátrico. É papel dos psiquiatras e terapeutas oferecer tratamento para esse transtorno. E é direito e liberdade dos pacientes com idade para assim decidir optar pela transição como terapia para si próprios.

Por uma mera questão de lógica, um possível tratamento não pode ser uma patologia. O xarope não pode ser a tosse. E é um fato mencionado pacificamente na literatura especializada que, para uma parte ainda incerta, mas provavelmente menor que a metade dos jovens que manifestam disforia, a transição é o tratamento — que envolve mudar o conteúdo do guarda-roupas, tomar hormônios e (o que é mais dramático e não é escolhido por todos) fazer cirurgias na genitália e nas mamas. Essa é a parte correta de se dizer que a transexualidade não é uma doença: a doença é a disforia. Um erro na atualidade é o relaxamento do crivo médico que precisa estar presente para avaliar se aquela pessoa realmente é transexual. Essa avaliação precisa ter no diagnóstico de disforia uma condição necessária. E é essa necessidade que está sob ataque do ativismo e sob dúvida irrazoável da ideologia identitária.

O feio
Uma escolha estranha do documentário foi a falta de convite à YouTuber conservadora transexual Blaire White, que já teve conversas públicas com Ben Shapiro, fundador e editor emérito da Daily Wire. Blaire fez a transição hormonal, fez cirurgias para ajustar aspectos do rosto, mas não quis fazer a cirurgia genital. É contra o bloqueio da puberdade e a classificação de crianças como “trans”. Com a única exceção de Marci Bowers, não parece ter havido por parte dos produtores interesse em trazer o outro lado da moeda: transexuais que fizeram a transição, seja ela hormonal, genital, ou ambas, e estão satisfeitos com isso.

A parte mais dramática do documentário é o depoimento de Scott (Nellie) Newgent, apresentado assim, com o nome feminino antigo e o nome masculino novo, sem clareza do documentário sobre qual é o preferido. Newgent chora se dizendo preocupado com as crianças sendo submetidas à transição em cinco hospitais pediátricos americanos. Segundo ele o custo da transição para cada criança é de US$70 mil, havendo assim incentivo financeiro para a terapia afirmativa. Newgent fez sete cirurgias, inclusive a faloplastia, uma tentativa de construir um pênis com um enxerto de pele removida de alguma parte do corpo — ele mostra a cicatriz no braço e menciona complicações como pelos crescendo na parte interna de sua uretra. Não fica claro se Newgent sofria de disforia desde cedo, viveu grande parte da vida como mulher lésbica.

É muito improvável que a opinião de um único transexual seja suficiente para tirar grandes conclusões sobre todos. Newgent tem uma história trágica de arrependimento e problemas de saúde, parte dela se explica pela época em que fez a transição, parte se explica pela falta de escrutínio médico sobre a sabedoria de sua decisão à época em que começou (o que inclui avaliar se havia mesmo disforia), e parte se explica por negligência médica. É importante que sua opinião seja trazida, pois é justamente a opinião que ativistas identitários que seguem a teoria queer e preferem falar em “transgêneros” em vez de transexuais querem silenciar. Outras pessoas como Newgent existem, especialmente nesta nova geração que alega que é possível ser algo que não é nem homem nem mulher.

Newgent cita estatísticas alarmantes de que o número de suicídios de pessoas trans após o tratamento de transição permaneceria alto até uma década após o seu início. A sugestão é de que o índice de suicídios não é melhorado pela mudança de aparência, hormônios e cirurgias. Newgent está desatualizado. O maior estudo a respeito é de holandeses e envolveu mais de oito mil transexuais acompanhados por um longo período, de 1972 a 2017. O estudo foi publicado em 2020 na revista Acta Psychiatrica Scandinavica e tem primeira autoria de C. M. Wiepjes, do Departamento de Endocrinologia da Universidade Livre de Amsterdã.

Wiepjes e colegas concluem que “não houve aumento no risco de morte por suicídio ao longo do tempo”, mas houve “até uma queda no risco de morte por suicídio nas mulheres trans”, que transicionaram do sexo masculino para o feminino onde possível. O risco de suicídio de pessoas trans nos Países Baixos, com notória cultura de tolerância, continua alto antes e depois da transição comparado à população geral, mas não é muito diferente do índice para homens gays. As razões para isso continuam sendo investigadas. Mas está claro que está errada a mensagem do documentário, que também se vê no podcast de Matt Walsh, de que a transição não ajuda essas pessoas.

O fim

Embora pudesse ser mais equilibrado, What is a woman? é uma grande contribuição ao debate público das questões de gênero e sexo, além da transexualidade e a saúde mental dos jovens. Traz a esse debate uma refrescante diversidade de ideias que há anos têm sido ativamente suprimidas pelas ideologias dominantes na academia, em setores governamentais, em Hollywood e até nos setores de recursos humanos de grandes empresas. A Daily Wire tem sido a alternativa à mensagem única e monótona de progressismo identitário que se vê na produção cultural de amplo alcance. Além deste documentário, a empresa de mídia também está produzindo filmes com a atriz Gina Carano, demitida injustamente da série The Mandalorian, da Disney+, por comentários e piadas contra o autoritarismo sanitário na pandemia e as insanidades queer dos nossos tempos.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/o-que-e-uma-mulher-por-que-ativistas-tornaram-essa-pergunta-tao-dificil-de-responder/
Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS PESSOAIS JÁ ESTÁ EM VIGOR

 

Leandro da Luz Neto, especialista em direito digital

A LGPD deve ser vista como um investimento e não um custo

Descumprir a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) pode custar muito caro às empresas. Além das sanções pecuniárias previstas pela legislação, descuidar dos dados pessoais dos clientes, consumidores, fornecedores e colaboradores pode acarretar danos de reputação incalculáveis para uma empresa e excluí-la de fato do setor em que atua.

Este é o alerta lançado pelo advogado Leandro da Luz Neto, especialista em direito digital, do escritório Wilhelm & Niels, que prevê que nos próximos anos empresas de todos os portes – das multinacionais aos pequenos comércios – terão se adequado à lei.

“Hoje uma empresa que cumpre a LGPD começa a se destacar no mercado porque passa uma imagem de credibilidade e confiança para clientes, fornecedores, parceiros e até aos colaboradores, demonstra respeito aos seus clientes”, explica o advogado.

“Independentemente de o negócio ser pequeno ou grande, muitos empresários não enxergam a necessidade de proteger a sua empresa, enquanto responsáveis pela gestão das informações”, diz o especialista.

A LGPD foi aprovada em 2018, mas as punições começaram a valer só em agosto do ano passado. A lei estabelece condições de tratamento e armazenamento de dados pessoais de todos os cidadãos e cria procedimentos e normas para o compartilhamento com terceiros. Ela se aplica a qualquer operação de tratamento realizada por pessoa natural ou por pessoa jurídica de direito público ou privado, independente do meio, salvo algumas exceções previstas na lei.

O descumprimento dessas normas pode acarretar multas salgadas, podendo chegar até a 2% do faturamento da empresa, limitada, no total a R$ 50 milhões. Mas essa é só a face mais visível do potencial prejuízo financeiro. A conta pode inflar a tal ponto que, em casos extremos, pode colocar em risco a sobrevivência do negócio.

“Pessoas que tiveram seus dados expostos, por exemplo, podem acionar a Justiça para pedir indenizações e reparações, sem contar que um vazamento de dados resulta num desgaste da imagem para a empresa, cujo preço pode ser incalculável e irreversível. Por isso, implementar a LGPD deve ser enxergado como um investimento e não um custo”, afirma o especialista. 

Vantagens de implementar a LGPD

Luz Neto explica que as vantagens de implementar a LGPD e as desvantagens de não se adequar à lei são múltiplas e vão muito além de evitar multas e punições impostas pela Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), órgão da administração pública direta federal do Brasil que possui a atribuições relacionadas a proteção de dados pessoais e da privacidade, e sobretudo, o dever de realizar a fiscalização do cumprimento da Lei n.º 13.709/2018.

1) Estar em conformidade com a lei é uma obrigação e, descumpri-la, pode gerar sanções pecuniárias como multas sobre o faturamento e multas diárias, além de publicização da infração, entre outras punições.

2) Empresas que respeitam dados de seus clientes, usuários, fornecedores e parceiros ganham a confiança do mercado e passam uma imagem de credibilidade; vazamentos e descuidos de informações podem causar um dano de reputação imensurável.

3) O respeito da LGPD agrega valor de mercado às empresas, o que resulta em mais oportunidades para novos negócios.

4) Garantir a segurança dos dados, ou seja, saber como e onde estão armazenados e como devem ser compartilhados, torna mais fácil estabelecer políticas de segurança e medidas mais efetivas de proteção, além dos benefícios econômico-financeiros que podem ganhar com a revisão dos procedimentos administrativos, pois evita o desperdício de recursos.

5) Empresas que não possuem um ambiente seguro colocam em risco sua permanência no mercado, abrindo espaço para concorrentes que tratam dados e informações de acordo com a lei.

Segundo o especialista, muitas empresas ainda desconhecem a LGPD, já outras sabem da necessidade de se adequar a ela, mas estão segurando a aplicação. “Até aparecer a sanção. Esse é o típico exemplo do barato que sai caro. É um problema cultural que pode gerar muitos problemas para os negócios”, afirma Luz Neto.

VOCÊ CONHECE A ValeOn?

A MÁQUINA DE VENDAS ONLINE DO VALE DO AÇO

TEM TUDO QUE VOCÊ PRECISA!

A Valeon é uma caixinha de possibilidades. Você pode moldar ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é colocar o consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn possibilita que você empresário consiga oferecer, especificamente para o seu consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a experiência e funcionalidades de uma tecnologia corporativa que atende as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio, também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser. Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.

A Startup Valeon um marketplace aqui do Vale do Aço volta a oferecer novamente os seus serviços de prestação de serviços de divulgação de suas empresas no nosso site que é uma Plataforma Comercial, o que aliás, já estamos fazendo há algum tempo, por nossa livre e espontânea vontade, e desejamos que essa parceria com a sua empresa seja oficializada.

A exemplo de outras empresas pelo país, elas estão levando para o ambiente virtual as suas lojas em operações que reúnem as melhores marcas do varejo e um mix de opções.

O objetivo desse projeto é facilitar esse relacionamento com o cliente, facilitando a compra virtual e oferecer mais um canal de compra, que se tornou ainda mais relevante após a pandemia.

Um dos pontos focais dessa nossa proposta é o lojista que pode tirar o máximo de possibilidade de venda por meio da nossa plataforma. A começar pela nossa taxa de remuneração da operação que é muito abaixo do valor praticado pelo mercado.

Vamos agora, enumerar uma série de vantagens competitivas que oferecemos na nossa Plataforma Comercial Valeon:

  • O Site Valeon é bem elaborado, com layout diferenciado e único, tem bom market fit que agrada ao mercado e aos clientes.
  • A Plataforma Valeon tem imagens diferenciadas com separação das lojas por categorias, com a descrição dos produtos e acesso ao site de cada loja, tudo isso numa vitrine virtual que possibilita a comunicação dos clientes com as lojas.
  • Não se trata da digitalização da compra nas lojas e sim trata-se da integração dos ambientes online e offline na jornada da compra.
  • No país, as lojas online, que também contam com lojas físicas, cresceram três vezes mais que as puramente virtuais e com relação às retiradas, estudos demonstram que 67% dos consumidores que compram online preferem retirar o produto em lojas físicas.
  • O número de visitantes do Site da Valeon tem crescido exponencialmente, até o momento, tivemos 130.000 visitantes.
  • O site Valeon oferece ao consumidor a oportunidade de comprar da sua loja favorita pelo smartphone ou computador, em casa, e ainda poder retirar ou receber o pedido com rapidez.
  • A Plataforma Comercial da Valeon difere dos outros marketplaces por oferecer além da exposição das empresas, seus produtos e promoções, tem outras formas de atrair a atenção dos internautas como: empresas, serviços, turismo, cinemas e diversão no Shopping, ofertas de produtos dos supermercados, revenda de veículos usados, notícias locais do Brasil e do Mundo, diversão de músicas, rádios e Gossip.

                                                                                                                                                                   Nós somos a mudança, não somos ainda uma empresa tradicional. Crescemos tantas vezes ao longo do ano, que mal conseguimos contar. Nossa história ainda é curta, mas sabemos que ela está apenas começando.

Afinal, espera-se tudo de uma startup que costuma triplicar seu crescimento, não é?

Colocamos todo esse potencial criativo para a decisão dos senhores donos das empresas e os consumidores.

E-Mail: valeonbrasil@gmail.com

Site: https://valedoacoonline.com.br/

Fones: (31) 98428-0590 / (31) 3827-2297

quarta-feira, 15 de junho de 2022

POSSIBILIDADE DE ROMPIMENTO ENTRE O EXECUTIVO E O STF

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo

(Orlando – EUA, 11/06/2022) Palavras do Presidente da República, Jair Bolsonaro. Foto: Alan Santos/PR


O presidente Jair Bolsonaro.| Foto: Alan Santos/Presidência da República

O termômetro institucional de Brasília voltou a registrar febre alta na última semana, depois de um certo período de normalidade. Antes de ir aos Estados Unidos para a Cúpula das Américas, o presidente Jair Bolsonaro subiu o tom mais uma vez contra o Supremo Tribunal Federal em várias ocasiões, deixando no ar a grave possibilidade de uma ruptura ao afirmar que poderia não cumprir eventuais decisões contrárias da corte. No dia 7, afirmou em solenidade no Planalto: “Eu fui desse tempo [em que ‘decisão do Supremo não se discute, se cumpre’], não sou mais. Certas medidas saltam aos olhos dos leigos, é inacreditável. Querem prejudicar a mim e prejudicam o Brasil”. No dia seguinte, disse a empresários no Rio de Janeiro que “decisão do Supremo se cumpre, não se questiona? Eu sou o capitão. O que eu faço? Não vou cumprir. Isso não é afronta”. Nos dias seguintes, Bolsonaro voltou a criticar tribunais superiores, especialmente o TSE.

A indignação presidencial tem lá suas razões. Pelo menos desde a instauração do inquérito das fake news, em 2019, o Supremo vem atropelando liberdades e promovendo aquilo que já chamamos de “apagão da liberdade de expressão” no Brasil. Não falamos de decisões em que a Constituição e a lei admitem interpretações divergentes, e em que o Supremo acaba escolhendo aquela da qual discordamos; referimo-nos a decisões que claramente violaram o ordenamento jurídico nacional, com instituição de censura, prisões e cassações arbitrárias, desrespeito à imunidade parlamentar, medidas cautelares sem previsão legal, negação do devido processo legal e da ampla defesa, e a promessa feita a quem quiser ouvir que tais procedimentos continuarão ocorrendo. E, ainda que o arbítrio venha revestido de um verniz de legalidade conferido pelo fato de constar em decisão judicial que segue todos os ritos, nem por isso deixa de ser arbítrio. Quem ignora o papel desestabilizador da democracia que o Supremo, o TSE e outros tribunais vêm exercendo no Brasil atual padece de um caso sério de miopia, seja por desconhecer o alcance das liberdades individuais e a necessidade de sua proteção intransigente, seja porque tais decisões vêm atingindo apenas aqueles que certos setores da sociedade e da opinião pública efetivamente gostariam de ver enfraquecidos.

A situação atual é extremamente grave, e nem as atitudes do Supremo, nem as declarações do presidente Bolsonaro ajudam o país a viver o necessário clima de normalidade

A pergunta que surge como consequência dessa constatação, no entanto, não tem resposta simples. Diante de um Supremo que se considera capaz de tudo, e diante de um Senado que claramente não cumpre sua obrigação institucional de servir como freio aos excessos dos ministros do STF, qual é a resposta correta a se dar?

Bolsonaro escolheu subir o tom, como um jogador de pôquer que aumenta a aposta do seu adversário e dá a impressão de que pode partir para o all in, quando se coloca todas as fichas no jogo, deixando apenas duas alternativas: ganhar ou perder absolutamente tudo. De todas as respostas possíveis, no entanto, é a que nos parece a pior, porque é exatamente aquela que coloca a democracia brasileira em perigo sem que haja quem esteja disposto a salvá-la. Se em crises institucionais anteriores, como nas que envolveram Supremo e Senado em torno dos casos de Renan Calheiros e Aécio Neves, houve bombeiros em ambos os lados que se dispuseram a costurar soluções, hoje os ânimos estão muito mais exaltados. Um descumprimento de decisão judicial traria uma ruptura de consequências imprevisíveis – e não se pode descartar que os adversários políticos do presidente (estejam eles no Congresso ou em um tribunal superior) estejam esperando justamente por um passo em falso como este para conseguir um impeachment ou uma cassação do registro de candidatura.


Engana-se – mesmo que de boa fé – quem coloca as chances de pacificação nas Forças Armadas, como se um “Poder Moderador” fossem. O artigo 142 da Constituição não lhes dá essa atribuição. Em um cenário de guerra aberta entre Executivo e Judiciário, não há base legal para que os militares deponham um presidente por ordem do Supremo, nem que dissolvam o STF por ordem do presidente da República. Com ambos os lados elevando as tensões em vez de dissipá-las, o resultado inevitável seria uma desordem institucional que, na pior das hipóteses, acabaria resolvida pela força, não pelas vias legais, trazendo de volta épocas que julgávamos ter ficado para trás.

Hoje, a única forma de desarmar a bomba é que um dos lados assuma o compromisso de reduzir a tensão. O tempo em que “decisão do Supremo se cumpre” não passou; ele permanece, e continuará sendo assim. Mas sim, decisão do Supremo se questiona – de forma serena, com forte embasamento jurídico, apontando os equívocos e, quando possível, com a contestação também por meio de recursos, onde forem possíveis. Não com bravatas, muito menos com ameaças. Bem sabemos que haverá quem considere tal atitude uma demonstração de covardia, e não de grandeza; e admitimos a possibilidade de que alguns ministros do Supremo redobrem a aposta no arbítrio, sabendo que o Planalto não buscará a ruptura. Mas também sabemos que, se um dos lados estiver disposto ao diálogo, há ao menos uma chance de pacificação; se nenhum dos lados o desejar, o caos é o desfecho inevitável. A situação atual é extremamente grave, e nem as atitudes do Supremo, nem as declarações do presidente Bolsonaro ajudam o país a viver o necessário clima de normalidade.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/editoriais/bolsonaro-supremo-crise-institucional/
Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

EMPRESÁRIOS NÃO APROVAM PLANO DE GOVERNO PETISTA

 

Revogação excluída
Por
Wesley Oliveira
Brasília


Lula foi alvo de críticas por parte de empresários após divulgação da prévia do plano de governo| Foto: Ricardo Stuckert/PT

Aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lançaram um esforço conjunto na última semana para tentar aproximar a campanha do mercado financeiro. A estratégia ocorre em meio a críticas provocadas pela prévia do plano de governo do PT que previa, por exemplo, a revogação do teto de gastos e da reforma trabalhista. O esboço foi redigido pela Fundação Perseu Abramo, entidade ligada ao PT, mas o documento final elaborado com a anuência dos demais partidos da coligação deve retirar o termo “revogação” pelo menos da reforma trabalhista.

Desde o ano passado, as mudanças propostas por Lula na reforma trabalhista são motivos de diversos reveses dentro da campanha do PT, justamente por causa das críticas do mercado e de lideranças de centro, com quem Lula busca uma aproximação. A expectativa era de que a prévia do plano de governo trouxesse apenas o termo revisão da reforma.

Contudo, o ex-ministro Aloizio Mercadante, responsável pela elaboração do documento, optou pelo termo “revogação”, o que desagradou partidos como PSB e Solidariedade, além de provocar reações negativas no mercado. Escalado para solucionar o impasse, o deputado Alexandre Padilha (PT-SP) procurou empresários para sinalizar que o documento divulgado pelo PT ainda passará por uma revisão, com a colaboração dos demais partidos da coligação.

Além do PT, integram o grupo o PSB, responsável pela indicação do ex-governador Geraldo Alckmin como vice na chapa, o Solidariedade, Psol, PV, Rede e PCdoB. “Pode ter certeza que o programa Lula e Alckmin será dos dois, dos vários partidos e da sociedade, não apenas de uma fundação de um partido”, amenizou Padilha depois da divulgação do documento.

Nesta terça-feira (14), os demais partidos da coligação anunciaram ter chegado a um acordo para formulação do programa de governo. Ao todo foram analisadas 124 contribuições ao texto inicial, que agora será submetido à análise de Lula, Alckmin e dos presidentes das legendas. A expectativa é que a versão final do programa seja divulgada já na próxima semana e sem a palavra “revogação” da reforma trabalhista.


Deputado dialoga com empresários para evitar desgastes de Lula com o mercado
Escalado para contornar a crise, Padilha jantou na semana passada com banqueiros e representantes do mercado financeiro em São Paulo. O encontro, que reuniu ao menos 40 empresários, foi oferecido pelo grupo Esfera, do empresário João Carlos Camargo. 

De acordo com o deputado, a campanha do PT tem mostrado aos empresários que Lula está aberto ao diálogo e que pretende ouvir todos os setores. Como sugestão, o PT pretende emplacar no plano de propostas uma mesa de negociação com representantes do governo, do empresariado e dos empregados.

“Aquilo [plano de governo] ainda é um rascunho, que está sendo discutido com os partidos coligados e também com a sociedade. Lula nunca usou a palavra revogação da reforma trabalhista”, disse Padilha.

Como forma de amenizar as críticas, a coordenação da campanha de Lula já antecipou ao mercado que vai excluir a palavra “revogação” da reforma trabalhista das diretrizes do plano de governo. O termo dará lugar a uma proposta de mudança da legislação trabalhista construída em negociação tripartite.

A previsão de revogação da reforma trabalhista foi alvo de críticas por nomes como Luiza Trajano, dona da rede de varejo Magazine Luiza. De acordo com ela, o texto aprovado em 2017 pelo então presidente Michel Temer (MDB) foi responsável pela geração de diversos empregos.

“Essa reforma não dá para tirar. Ela ajuda a criar muitos empregos. Temos de enfrentar as taxas de desemprego com outras soluções”, disse Trajano em entrevista à revista Veja.

Em postagem no Twitter no último domingo (12), a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, tentou minimizar a polêmica e disse que “o verbo usado é o que menos importa”.

“Revogar ou revisar são verbos equivalentes. Para rever uma legislação ao final tem de revogar as disposições em contrário. Essa celeuma em relação a reforma trabalhista é fumaça. Não ajuda na solução do problema que temos hoje, desemprego e baixa renda”, escreveu.

PT vai propor mesa de negociação entre Lula e o mercado financeiro
Agora, líderes do PT afirmam que o eventual governo de Lula não pretende enviar para o Congresso uma proposta sem antes debater todos os pontos entre representantes dos trabalhadores e das empresas. Também atuando como interlocutor de Lula com o mercado, o presidente do Solidariedade, deputado Paulinho da Força (SP), admitiu o recuo da campanha. “Pontos serão revogados, não a reforma trabalhista como um todo”, afirmou, sem especificar.

Além da mudança no termo sobre a reforma trabalhista, o PT sinaliza que pode rever a proposta sobre o teto dos gastos – embora isso seja menos provável. Criticada por Lula, a lei também foi implementada no governo de Michel Temer e limita os gastos do governo.

Líderes do PT costumam defender a revogação do teto de gastos, de um modo geral. Mas, em outros partidos, há uma ala que busca por um meio-termo. Neste caso, a revogação do teto aconteceria apenas para determinados tipos de gastos, como os da área social e da educação, por exemplo.

Lula vai jantar com empresários em evento por adesão
Até o momento, Lula tem dito que não pretende se reunir formalmente com empresários para discutir seu plano de governo. Integrantes do partido têm defendido que, neste momento, as conversas ocorram apenas por meio de interlocutores do ex-presidente. 

Além de Padilha, essas conversas estão ocorrendo por meio da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e do economista Gabriel Galípolo, que foi presidente do banco Fator. O economista é visto como uma espécie de “ponte” do PT com o mercado financeiro.

Integrantes do núcleo de campanha defendem que a estratégia de Lula visa evitar desagradar aliados antes de haver consenso sobre as propostas a serem apresentadas na disputa pelo Palácio do Planalto.

Paralelamente, Lula pretende se reunir no final deste mês com empresários e advogados mais próximos para arrecadar fundos para sua campanha. O jantar está sendo promovido pelo Prerrogativas, grupo de advogados críticos à operação Lava Jato, e os ingressos para participar custam entre R$ 3 mil e R$ 20 mil. O grupo também foi responsável pelo primeiro encontro público entre Lula e Alckmin no final do ano passado. Desta vez são esperadas cerca de 100 pessoas.

No encontro, a ideia é que Lula e Alckmin debatam sobre seus planos para um eventual governo.


Economistas lançam manifesto em apoio à chapa Lula-Alckmin
Um grupo de economistas lançou nesta última terça-feira (14) um manifesto em apoio à chapa de Lula com Alckmin. O documento, que reuniu mais de mil assinaturas, defende revisões nas reformas trabalhista e previdenciária, e a elaboração das reformas política e tributária ampla, com a taxação de lucros e dividendos.

Os economistas pedem ainda a revisão da política de paridade de preços dos combustíveis a valores internacionais, especialmente ao dólar. Em diversas vezes Lula já sinalizou que, se eleito, irá “abrasileirar” o preço do etanol, diesel e gasolina.

“Temos clareza de que o retorno do Brasil a uma trajetória de progresso civilizatório passa, necessariamente, pela eleição da chapa Lula-Alckmin no primeiro turno das eleições gerais”, diz um dos trechos do manifesto.

Entre os signatários estão Leda Paulani, professora de Economia na USP, Clélio Campolina, ex-ministro da Ciência, Luiz Gonzaga Belluzzo, professor da Unicamp e Rogério Studart, ex-diretor-executivo do Banco Mundial.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/eleicoes/2022/estrategia-do-pt-para-conter-criticas-do-mercado-ao-plano-de-governo-de-lula/
Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

MINISTRO ALEXANDRE DE MORAIS É ELEITO PRESIDENTE DO TSE

 

Corte eleitoral

Por
Camila Abrão


O ministro do STF Alexandre de Moraes foi eleito presidente do TSE.| Foto: STF

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes foi eleito nesta terça-feira (14) presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele estará à frente da Corte eleitoral durante as eleições deste ano e o mandato será de dois anos, prorrogáveis por mais dois. O ministro Ricardo Lewandowski foi eleito vice-presidente. A posse de ambos só irá ocorrer no dia 16 de agosto.

O plenário do TSE é composto por sete ministros, três indicados pelo Supremo, dois do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e outros dois juristas. A presidência do Tribunal sempre é ocupada por um integrante do STF e a eleição é simbólica, pois a cúpula do Tribunal funciona com um rodízio entre os magistrados da Corte. O ministro Edson Fachin, atual presidente do TSE, continuará no cargo até agosto, quando seu prazo limite de quatro anos na Corte eleitoral acaba.

Durante a sessão, Moraes citou o momento de “reconstrução espiritual e econômica” do país, após a morte de mais de 600 mil pessoas devido a Covid-19 e as “nefastas consequências” da pandemia na economia.

“Nossos eleitores e nossas eleitoras merecem esperança, esperança nas propostas e projetos sérios de todos os candidatos. Nossos eleitores e nossas eleitoras não merecem a proliferação de discursos de ódio, de notícias fraudulentas e da criminosa tentativa de cooptação por coação e medo de seus votos por verdadeiras milícias digitais. A Justiça Eleitoral não tolerará que milícias pessoais ou digitais desrespeitem a vontade soberana do povo e atentem contra a democracia no Brasil” ressaltou.

“E para isso sabemos, nós todos da Justiça Eleitoral, que podemos contar com o apoio dos demais Poderes e órgãos republicanos de nosso país, que acreditam e defendem o fortalecimento da democracia, inclusive o Ministério Público Eleitoral, a Polícia Federal e as Forças Armadas, instituição séria, competente e parceira histórica do poder Judiciário do auxílio da realização e segurança das eleições no mais longínquos rincões do Brasil”, completou Moraes.

O presidente eleito do TSE também reforçou a “confiabilidade, o sucesso e a transparência” das urnas eletrônicas nas eleições brasileiras. As declarações de Moraes ocorrem em um momento de tensão institucional entre a Corte e as Forças Armadas, que reforçam os questionamentos ao sistema eleitoral eletrônico feitos pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).

Fachin afirmou que com a eleição da nova cúpula do TSE a “Justiça Eleitoral renova, uma vez mais, o seu pacto indissolúvel com a democracia e com a missão de realizar eleições seguras em todo o território nacional.”

“A sucessão democrática no exercício dos cargos mais elevados da República, sem percalço com obediência à regras já conhecidas de todo e qualquer certame, seja no âmbito interno da Justiça Eleitoral, seja nas eleições gerais, é um sinal indelével e inapagável da atuação serena, firme e constante dessa Justiça Eleitoral no âmbito da República brasileira”, disse Fachin.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/eleicoes/2022/moraes-e-eleito-presidente-do-tse-eleicoes/
Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

INQUÉRITO DO FIM DO MUNDO DAS FAKE NEWS PEGA MAIS UM

 

Ex-senador Magno Malta

Por
Alexandre Garcia

Plenário do Senado Federal durante sessão deliberativa ordinária. Em pronunciamento, senador Magno Malta (PR-ES). Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado


Ex-senador, Magno Malta disse em encontro conservador que o ministro Luis Roberto Barroso batia em mulher| Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

Tem mais um nome no “inquérito do fim do mundo”, como se referia o ex-ministro Marco Aurélio Mello, hoje aposentado, ao famigerado inquérito das fake news. É Magno Malta, que não é mais senador, mas está no inquérito do Supremo Tribunal Federal. O STF é só para quem tem foro privilegiado, mas esse inquérito não obedece a nada, não segue o devido processo legal, e por isso tem um monte de gente nele.

E por que ele está? Porque no fim de semana, em Campinas, num congresso conservador, Malta acusou o ministro Luis Roberto Barroso, do STF, de bater em mulher. O ex-senador disse que na sabatina de Barroso, no Senado, em 2013, descobriram que ele teria dois processos na Lei Maria da Penha.

O ministro Barroso respondeu que não há o menor vestígio de veracidade no que disse Magno Malta e entrou com uma queixa-crime por calúnia. Até aí, tudo bem. Só que isso deveria ir para o devido juiz e não para o STF. Para o Supremo seria apenas se Malta fosse ainda senador, mas não é mais. Mas no fim foi para esse inquérito. Tanto que o ministro Alexandre de Moraes, que é o relator, já deu 15 dias para ele se explicar.

É o Brasil de hoje, que supõe que ninguém sabe ler a Constituição. Que a gente não está ligando a mínima para os nossos direitos e para a organização jurídica do país.

Caso Daniel Silveira acabou
A vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, oficiou ao Supremo Tribunal Federal dizendo que está na hora de encerrar o caso Daniel Silveira, porque já há um indulto do presidente da República que está pronto, acabado, eficaz e vigente. Então é preciso que a Justiça reconheça que acabou.

Silveira estava condenado à prisão em regime fechado a oito anos e nove meses por crime de opinião. À revelia do que está escrito na Constituição, no artigo 53, que diz que senadores e deputados são invioláveis por quaisquer palavras proferidas. Mas a Câmara dos Deputados se acovardou e se avergonha por passar por cima de um artigo da Constituição que exatamente protege o direito do parlamentar de falar em nome de seus eleitores e de seus coestaduanos.

Era um caso para apenas pedir licença à Câmara para processar Daniel Silveira por calúnia, injúria e difamação, ou levá-lo para a Comissão de Ética por falta de decoro, se ele usou linguagem ofensiva ou indevida.

Mas, enfim, a vice-procuradora agora está dizendo para o Supremo reconhecer o fim de tudo, porque não tem mais nada para fazer. Todos os penduricalhos da pena acabaram lá no dia em que saiu o decreto de indulto, dali para frente não tem mais nada. Nem multa, nem tornozeleira, mais nada.

E, aliás, está na hora de alguém dizer que esse “inquérito do fim do mundo” não existe também. Ele não tem base em nada e nem contou com o Ministério Público no início dele. Era uma portaria interna lá do Supremo de algo que não aconteceu dentro das dependências do tribunal, mas cresceu, agigantou-se. O pior de tudo é a omissão de quem deveria representar a opinião pública e se cala. É quase um suicídio.

Collor volta às origens

O senador Fernando Collor (PTB-AL), que com três semanas de campanha se elegeu senador em 2014, não vai tentar a reeleição no Senado. Ele decidiu voltar às origens, por onde ele começou. Quer ser de novo governador de Alagoas. E, para isso, terá o apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL).


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/alexandre-garcia/inquerito-do-fim-do-mundo-no-supremo-faz-mais-uma-vitima/
Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

STF AFIRMA QUE HOUVE CORRUPÇÃO NOS GOVERNOS LULA E DILMA

 

Presidente do STF

Por
Thaméa Danelon


Presidente do STF, Luiz Fux, falou sobre os casos de corrupção em evento do Tribunal de Contas do Pará| Foto: Nelson Jr./SCO/STF

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, disse na última sexta-feira (10) que os escândalos de corrupção apurados nos casos do mensalão e da Lava Jato ocorreram de fato. A afirmação foi feita em evento público do Tribunal de Contas do Pará. Fux também afirmou que ninguém pode esquecer desses casos de corrupção, embora tenha havido anulação formal de vários processos.

O ministro do STF mencionou que eram verdadeiros os “R$ 50 milhões nas malas”, referindo-se, indiretamente, ao dinheiro do ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB) encontrado em um apartamento em Salvador. Fux também mencionou a devolução de US$ 98 milhões realizada pelo ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, afirmando, que “não eram notas americanas falsificadas”.

O atual presidente do STF foi um dos magistrados que votou contra a anulação dos processos da Lava Jato do ex-presidente Lula. Contudo, a maioria do Supremo entendeu que essas ações criminais deveriam ser anuladas. Com a anulação de quatro processos – sendo que em dois deles já havia sentenças condenatórias –, Lula recuperou, ainda que formalmente falando, a condição de ficha limpa, tendo sido restabelecida sua elegibilidade.

É importante destacar que Fux afirmou que as anulações foram meramente formais, pois, de fato, os cancelamentos dos processos e condenações se basearam em formalidades processuais e, no meu entendimento, não teriam qualquer base jurídica. Embora os quatro processos tenham sido anulados, os fatos praticados não foram apagados, eles não deixaram de existir.

As evidências dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro não desapareceram, uma vez que, de fato, os crimes ocorreram, pois houve o recebimento de vantagem ilícita (propina) para que construtoras fossem beneficiadas em inúmeros processos licitatórios referentes à Petrobras (crime de corrupção passiva), e o valor espúrio recebido teve a sua origem ilícita dissimulada (crime de lavagem de dinheiro).

Assim, está plenamente correta a afirmação do ministro Luiz Fux de que a anulação desses processos ocorreu apenas por questões formais. Primeiro o STF entendeu que o juízo da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba não era processualmente competente, e que o juízo correto seria o do Distrito Federal. Posteriormente, o tribunal decidiu que o ex-juiz Sergio Moro era suspeito para julgar Lula, ou seja, não seria imparcial, mesmo havendo uma decisão condenatória proferida por outra juíza – a magistrada Gabriela Hardt.

Desta forma, o que ocorreu foram apenas ANULAÇÕES dos quatro processos contra o ex-presidente, significando que ele não foi inocentado, ou seja, não houve decisão de absolvição em favor dele. O que de fato aconteceu foi a defesa e o acolhimento de questiúnculas e filigranas jurídicas, que, no meu entender, não apresentavam qualquer base no Código de Processo Penal e nem na doutrina, ou seja, nos manuais escritos por professores e juristas.

Quem afirma que o ex-presidente foi absolvido, ou que foi inocentado, não está alinhado com a verdade, mas apenas desinformando a população com a utilização de jogo de palavras.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/thamea-danelon/corrupcao-do-mensalao-e-da-lava-jato-existiu-de-fato-diz-fux/
Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

TENDÊNCIA DE JUROS É AUMENTAR JUNTO COM A INFLAÇÃO

 

Política monetária

Por
Vandré Kramer


| Foto: Pixabay

A inflação em alta deve levar Brasil e Estados Unidos a elevar suas taxas de juros nesta quarta-feira (15). As decisões se darão em meio a muito nervosismo nos mercados financeiros globais, que começaram a semana com grandes perdas.

Os investidores são influenciados principalmente pelo cenário dos EUA, que enfrentam a maior inflação em quatro décadas e tendem a fazer um aperto monetário mais forte que o esperado até pouco tempo atrás, o que acaba por tirar muitos dólares de países emergentes.

No Brasil, o mais provável, na avaliação do mercado, é que o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) reajuste a Selic dos atuais 12,75% para 13,25% ao ano. Nos EUA, o Comitê do Mercado Aberto Livre (FOMC, que tem função semelhante à do Copom aqui) tende a promover uma alta de até 0,75 ponto percentual na taxa básica, que hoje está no intervalo entre 0,75% e 1% ao ano. A principal dúvida é se, no Brasil, novas altas virão nas próximas reuniões. Para os americanos, isso é tido como certo.

O mau humor dos mercados – influenciados pela perspectiva de juros mais altos e até uma recessão nos EUA, em paralelo à percepção de maiores riscos fiscais no Brasil – fica expresso na taxa de câmbio brasileira. O dólar começou o mês cotado abaixo de R$ 4,80, mas acumulou altas desde então, fechando esta terça-feira (14) em R$ 5,13. A B3, a bolsa brasileira, acumula uma queda de 8,34% neste mês, caindo de 111.350 pontos em 31 de maio para 102.063 pontos nesta terça.

Cenário para o Brasil
Levantamentos feitos com bancos e corretoras mostram que cresceu a percepção de que a taxa de juros brasileira voltará a subir em agosto, após a provável alta desta quarta. Em um levantamento feito pelo jornal Valor Econômico, por exemplo, a maioria dos respondentes vê uma alta de mais 0,25 ponto porcentual na Selic em agosto, com o ciclo de alta sendo encerrado no patamar de 13,5% ao ano.


A expectativa do Itaú é de que “o comitê mantenha a sinalização de perseverança em sua estratégia até que se consolide o processo de desinflação e ancoragem das expectativas em torno de suas metas”. Ou seja, dado o contexto de inflação elevada, persistente e disseminada, com uma nova rodada de piora nas expectativas, levará o Copom a sinalizar um ajuste moderado para a reunião seguinte, em agosto.

Quem também projeta que o ciclo de alta segue até agosto é a XP Investimentos. A justificativa é de que a inflação segue pressionada e difundida, com prováveis reflexos no curto prazo. Mas a expectativa da corretora é de uma alta de meio ponto percentual, o que levaria o ciclo de alta, iniciado em março de 2021, até 13,75% ao ano.

A corretora vê fortes possibilidades de que a inflação perca força a partir do segundo semestre por três razões:

Política monetária significativamente contracionista no Brasil e no mundo;
Preços das commodities, em reais, estáveis desde setembro de 2021; e
Demanda interna deve começar a sentir os efeitos dos juros mais elevados.
Possibilidade de o ciclo de alta nos juros acabar neste mês

O Bradesco, por outro lado, aponta que a persistência da inflação (de 11,73% nos 12 meses encerrados em maio) e as surpresas com a atividade econômica (o PIB cresceu 1% no primeiro trimestre), exigem um maior aperto monetário por parte do BC. Mas, na avaliação do banco, esse aperto virá com a manutenção da taxa mais elevada por mais tempo – e não com aumentos adicionais após a reunião desta quarta.

A instituição financeira considera que a resiliência da atividade econômica torna mais difícil o processo de redução da inflação: “A combinação de atividade mais forte e inflação mais persistente irá demandar que a autoridade monetária (o BC) postergue o início do corte dos juros”.

Outras instituições que projetam estabilidade nos juros após a reunião desta semana são a Infinity Asset, que considera que parte das pressões inflacionárias permaneceram semelhantes aos meses anteriores, e a Nova Futura Investimentos, que aponta que o pacote de combustíveis dificulta a tarefa do Copom, apesar da redução da inflação no curto prazo.

Segundo a corretora, a aprovação do pacote, que estabelece um teto para o ICMS, tem potencial de reduzir a inflação neste ano, em troca de uma alta em 2023.

O Itaú Asset, entretanto, vê riscos maiores. Segundo o “Valor”, com as discussões em andamento em torno das medidas do governo para conter a alta dos combustíveis e da energia, os reflexos na política monetária podem indicar um cenário de ajuste mais intenso. O objetivo seria o de contrabalançar a política fiscal mais expansionista.

A gestora de ativos estima que somente uma Selic de 16% seria suficiente para levar a inflação à meta em 2023.

Há quem espere alta mais forte no Brasil nesta quarta
A Suno Research projeta, para esta reunião, uma elevação maior que a prevista pela maioria do mercado. A projeção é de uma alta de 0,75 ponto percentual, levando a taxa Selic para 13,5% ao ano, onde permaneceria até o primeiro trimestre de 2023.

O economista-chefe, Gustavo Sung, considera que internacionalmente as commodities seguem pressionadas, o petróleo voltou ao patamar de US$ 120 por barril e o conflito no Leste Europeu e seus choques prosseguem. “Problemas na cadeia produtiva global se mantêm e pressionam os preços dos bens industriais. Por outro lado, os países desenvolvidos começaram a elevar as taxas de juros, o que pressiona a taxa e a inflação brasileira.”


Domesticamente, ele considera que o preço dos alimentos deve se estabilizar no segundo semestre, mas os preços dos bens industriais e dos serviços continuam pressionados.

Cenário para os juros nos Estados Unidos

Nos Estados Unidos, o principal fator de preocupação é a inflação, que atingiu 8,6% nos 12 meses encerrados em maio. É a maior alta em quatro décadas. E colocou o Fed (o BC americano) em uma situação delicada, por causa da possibilidade de a maior economia mundial entrar em recessão. “A inflação está muito elevada”, reconheceu o presidente da instituição, Jerome Powell.

A expectativa é de que o Fed possa ser mais agressivo e aumentar a taxa de juro americana além do meio ponto percentual que marcou as últimas movimentações. O que é certo, segundo o head de renda fixa do banco suíço Julius Baer, Markus Allenspach, é que o mercado está posicionando para uma declaração mais agressiva por parte do FOMC.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/economia/juros-taxa-alta-caminho-brasil-eua/
Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

DICAS PARA EVITAR GOLPES PELO WHATSAPP

Juliana Callado Gonçales*

O WhatsApp é considerado um dos principais meios de comunicação. Com mais de 120 milhões de contas, o Brasil é o segundo país em número de downloads do aplicativo, ficando atrás apenas da Índia.

Se de um lado esse aplicativo facilita a nossa comunicação, por outro ele vem sendo cada vez mais utilizado para a prática de crimes de estelionato e extorsão. O objetivo deste texto é explicar como esses golpes funcionam e passar algumas dicas para tentar evitá-los. Também serão mencionadas as condutas que a vítima deve tomar.

1- Sequestro do WhatsApp por clonagem do chip ou técnicas de engenharia social

Como o golpe funciona: Com um chip novo e os dados pessoais da vítima, o criminoso entre em contato com a operadora de telefonia e solicita a ativação do número da vítima no novo chip.

A partir daí do criminoso “assume a identidade da vítima” e passa a pedir dinheiro para os contatos, principalmente familiares, alegando emergências e a impossibilidade de acessar a sua conta bancária.

Quando o chip é clonado a vítima perde o acesso ao seu celular e aplicativos.

Outra forma de assumir a identidade da vítima através do WhatsApp é através de técnicas de engenharia social para convencer o usuário a passar o código de instalação do aplicativo. Nesse caso, a vítima não perde o acesso do seu telefone, mas apenas do seu WhatsApp.

A engenharia social consiste em técnicas empregadas por criminosos para induzir a vítima a enviar dados confidenciais. Essas técnicas exploram principalmente a confiança e a falta de conhecimento da vítima. As principais formas de engenharia social são: oferecimento de brindes através de acessos em links fraudados, sites de vendas falsos, descontos em produtos e serviços falsos, contato de falsos funcionário pedindo a atualização de cadastro.

Como tentar evitar este golpe: Não habilitar a verificação em duas etapas via SMS, prefira aplicativos de tokens de acesso, como Google Authenticator e Authy.

Ative a verificação em duas etapas no WhatsApp. Ative também os códigos PIN e PUK do seu chip SIM.

Por fim, tome cuidado com e-mails promocionais e ligações solicitando códigos e senhas. Não é conduta comum das empresas solicitar tais dados. Recebendo qualquer contato nesse sentido não repasse informações e se dirija diretamente até o estabelecimento para verificar o ocorrido.

Os engenheiros sociais são ardilosos, criam uma situação muito próxima da realidade, até com sons de pessoas falando ao fundo para parecer uma empresa e gravações de músicas e áudios iguais ao de bancos e lojas quando transferem ligações entre departamentos.

Como agir no caso de ter sido vítima: avise os seus contatos, principalmente familiares. Envie um e-mail para o endereço support@whasapp.com informando a clonagem da sua conta e solicitando a desativação.

É importante registrar um boletim de ocorrência e em alguns caso pode ser necessário o ajuizamento de ação judicial.

2- Criação de perfil fake para solicitar depósito para contatos da vítim

Como o golpe funciona: o criminoso acessa bancos de dados e obtém informações sobre a vítima e seus familiares. Em seguida cria uma conta no WhatsApp com a foto da vítima, facilmente obtida em redes sociais. Com esta conta, entra em contato com os familiares da vítima alegando problemas no celular e na conta bancária. Afirma que teve que trocar de celular e solicita depósitos de valores em contas de terceiros.

Nesse caso o celular e o WhatsApp da vítima não são afetados e continuam funcionando normalmente.

Como tentar evitar esse golpe: aumente as configurações de privacidade das suas redes sociais e evite deixar o seu perfil sem limitações de acesso. Tome cuidado ao disponibilizar os seus dados pessoais, suas informações são a extensão da sua personalidade e podem ser utilizadas para aplicar golpes nos seus familiares. É importante entender que nós temos um papel importante para garantir a nossa segurança.

A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), tem como principal propósito proteger as nossas informações pessoais para evitar as situações narradas acima. É importante que você compartilhe os seus dados apenas com empresas que cumpram esta lei. É seu direito exigir das empresas, comércio, órgãos públicos informações sobre as medidas adotadas para a proteção dos seus dados. Lembre-se, não é um favor, é uma obrigação legal de todo aquele que recebe dados pessoais utilizá-los de forma segura.

Como agir no caso de ter sido vítima: Comunique imediatamente os seus contatos, principalmente seus familiares. Instrua os seus parentes a não realizarem depósitos em contas de terceiros por mais convincente que pareça a situação. Avise que no caso de mudança de número você irá ligar para comunicar e não enviará mensagens. Denuncie a conta pelo próprio aplicativo e através do e-mail support@whatsapp.com.

*Juliana Callado Gonçales é sócia do Silveira Advogados e especialista em proteção de dados pessoais (www.silveiralaw.com.br)

 

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...