terça-feira, 7 de junho de 2022

GOVERNO QUER ZERAR TRIBUTOS SOBRE COMBUSTÍVEIS

 

Impostos federais

Por
Rodolfo Costa
Brasília


Presidente Jair Bolsonaro anunciou intenção de compensar estados para reduzir ICMS sobre combustíveis| Foto: Alan Santos/PR

O presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciaram nesta segunda-feira (6) um plano para tentar aprovar no Senado o projeto de lei complementar (PLP) 18/22 que estabelece uma alíquota de 17% do ICMS sobre os combustíveis e ao mesmo tempo reduzir o preço dos combustíveis ao consumidor final e conter a pressão inflacionária.

O governo pretende encaminhar ao Congresso Nacional uma proposta de emenda à Constituição (PEC) abrindo uma exceção no teto de gastos para compensar o estados pela perda de arrecadação com o estabelecimento do teto no ICMS sobre os combustíveis. Como contrapartida pelo ressarcimento, o governo quer que os estados derrubem a zero a alíquota do ICMS sobre o diesel e o gás de cozinha. Esse plano valeria até 31 de dezembro deste ano.

O governo promete ainda zerar os impostos federais que incidem sobre a gasolina e o etanol, mas não se comprometeu a reduzir a zero o ICMS incidido sobre ambos. A alíquota do imposto estadual ficaria fixada em 17% até o fim do ano.

O anúncio foi feito em pronunciamento à imprensa no Palácio do Planalto que contou com participação de ministros de Estado e dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). O PLP 18/22 fixa um teto de 17% ao ICMS que incide sobre combustíveis, energia elétrica, comunicações e transporte coletivo ao reconhecer estes setores como serviços essenciais. O projeto já foi aprovado na Câmara dos Deputados.

O que deve ser feito para baixar o preço do combustível?
A Petrobras tem de abandonar a paridade de preços com o exterior
O governo tem de subsidiar o preço com recursos do Tesouro
O governo tem de pagar um subsídio, mas apenas aos pobres
Os estados têm de reduzir o ICMS
Um fundo de estabilização de preços, com royalties e dividendos da Petrobras
Governo também propõe isenção de tributos federais sobre gasolina
Além de propor ressarcir os estados pela perda de receita com ICMS, o governo também propôs reduzir a zero a tributação de PIS, Cofins e Cide sobre a gasolina e o etanol. Hoje, diesel e gás de cozinha já são isentos de tributos federias.

A sugestão de PEC apresentada pelo governo tem o objetivo de induzir os estados a aceitarem a proposta de redução do ICMS no PLP 18. O ministro da Economia, Paulo Guedes, não revelou o valor de recursos a serem repassados aos estados, mas há quem aponte que os valores poderiam ultrapassar os R$ 20 bilhões.

“Em havendo o entendimento por parte dos senadores e em se aprovando o PLP e promulgando de forma bastante rápida uma emenda à Constituição, essa diminuição de carga tributária faria valer imediatamente na ponta da linha para os consumidores, para enfrentarmos o problema fora do Brasil [guerra na Ucrânia] que tem reflexos para todos nós aqui dentro”, disse Bolsonaro.

Guedes disse que a PEC trata de uma transferência “extraordinária” de recursos para que os estados não sejam penalizados pela perda de receitas e afirmou que tudo será feito dentro do teto de gastos, sem extrapolá-lo.

“Esse conceito é um conceito sólido e estamos mantendo nosso duplo compromisso. Primeiro vamos proteger a população novamente, o governo federal transferindo recursos não para dar subsídios, mas para transferir e permitir redução de impostos. É o que estamos fazendo e é muito parecido com o que ocorreu com a cessão onerosa. Na verdade, nós transferimos recursos para os estados”, declarou.

O chefe da equipe econômica reiterou que o Tesouro tem receitas orçamentárias extraordinárias que ainda não foram lançadas no Orçamento em função do excesso de arrecadação e que a operação para ressarcir os estados está contemplado em função dessas receitas. “Os recursos vindo extraordinários acima das nossas previsões serão repassados à população através da redução de impostos dos estados”, destacou.

Relator do PLP 18 quer apresentar relatório até terça-feira
A participação de Pacheco e Lira na reunião desta segunda foi importante para alinhar o debate político em torno da engenharia política por trás do PLP 18. Inclusive, o relator do texto no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), ex-líder do governo, que esteve presente na reunião no Palácio do Planalto desta segunda, quer apresentar seu parecer até esta terça-feira (7).

Caso o relator acate as sugestões feitas pelo governo e altere sua redação para prever as mudanças a serem feitas, o PLP 18 volta à Câmara. Os deputados, assim, teriam que referendar as alterações. Na sequência, deputados e senadores precisariam aprovar e promulgar a PEC a ser enviada pelo governo.

Lira elogiou as propostas do governo e se comprometeu a dar resposta aos problemas da alta dos combustíveis e da energia elétrica. “Penso que essa iniciativa avança no sentido de diminuição dos índices inflacionários e de um acalento da vida daquelas pessoas que estão na ponta, no sofrimento, no dia a dia, nas cidades mais humildes e na base da pirâmide. Afeta a classe média, tira o humor dos mais ricos e massacra os mais humildes”, declarou Lira.

Pacheco disse que vai levar a proposta do governo para conhecimento dos senadores e espera que, com diálogo, seja possível buscar um consenso que possa convergir os interesses e percepções da Câmara, do Senado, do governo e dos estados. “De fato, é a oportunidade ao diálogo, ao consenso e o que é mais importante: favorecer o consumidor final em relação ao problema gravíssimo do preço dos combustíveis”, declarou.

O presidente do Senado apontou, ainda, que a proposta do governo inclui a desoneração do gás natural, o GLP, não apenas do gás de cozinha. Para ele, as isenções refletirão para o consumidor final uma “desoneração importante”. “Acolheremos as reivindicações, levaremos ao Senado Federal a todos para a apreciação do PLP e das medidas legislativas e propostas para fazer valer as iniciativas”, disse.


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TSE SOLICITA POIO DE LÍDERES RELIGIOSOS PARA A ELEIÇÃO

 

Reunião

Por
Alexandre Garcia
De Santa Cruz do Sul (RS)


Presidente do TSE, Edson Fachin, se reuniu com lideranças religiosas em busca de apoio que garanta a paz nas eleições de outubro| Foto: Antonio Augusto/TSE

Tem gente que acha que não existe Constituição nesse país. O artigo 5º garante a liberdade de pensamento. O artigo 220, a liberdade de expressão, de expor um pensamento, uma opinião ou uma crítica, em qualquer plataforma, vedada a censura, de natureza política, científica e artística.

No entanto, tinha gente querendo processar o presidente Jair Bolsonaro porque ele fez uma crítica ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele expressou sua opinião dizendo que lá tem uma “sala secreta” que faz a apuração dos votos. Então, meu Deus do céu, o mundo veio abaixo.

Agora, a vice-procuradora geral da República, Lindôra Araújo, disse que isso é liberdade de expressão, feita pelo presidente da República, e recomendou que se arquive porque não tem crime nenhum nisso.

Mas é, como sempre, o Supremo Tribunal Federal sendo posto a serviço de partido pequeno, que não tem voto no Congresso. Em geral, isso é para a oposição subir à tribuna ou mesmo no plenário da Câmara e do Senado, e xingar o presidente se quiser, afinal é para isso que existe a inviolabilidade prevista na Constituição. A oposição pode até xingar até a mãe do presidente que não tem problema nenhum em um país normal.

Mas, aqui no Brasil, a normalidade não vale para Daniel Silveira, por exemplo. Mas vai lá um partidinho pequeno, que não tem voto, não tem voz, vai até o Supremo e ele acolhe com o maior prazer a queixa. O STF se torna o braço do pequeno partido para fazer essas coisas.

Pacto com religiões
O TSE assinou nesta segunda-feira (6), com autoridades religiosas, uma espécie de pacto de paz nas eleições. Eu nunca vi isso. Esse apelo para juntar religião com eleição. Rima, mas não é uma solução.

Meu sonho seria que houvesse uma união das religiões para orar para que Deus ficasse de olho na apuração e mandasse o seu anjo exterminador, com sua espada flamejante, eliminar qualquer mão que queira mudar o voto de cada um, seja para que lado for. Até mesmo omitir o voto ou esconder, que é um crime gravíssimo, porque a base da democracia é o respeito ao voto de cada um. Cada voto. Porque cada voto pode ser a vitória de um candidato, ou do desempate do vencedor. Então tomara que seja isso, que os líderes religiosos rezem bastante.

Respeito à maioria
Eu ouvi nessa cerimônia um discurso do procurador-geral Augusto Aras que me deixou preocupado. Ele disse: “não há democracia sem respeito das minorias”, talvez fosse “às minorias”, mas de qualquer maneira, fica no ar um mau cheiro de tentativa de subversão da ordem das coisas. Porque democracia é a vontade da maioria e não da minoria. A maioria respeita a minoria, mas a minoria também respeita a vontade da maioria. Democracia é a maioria do povo, o regime da maioria do povo.

E como estão subvertendo tudo por causa de uma microminoria de 1,5% no país, impõe-se uma série de obrigações para a maioria, para que a microminoria seja respeitada. Agora não se respeita a vontade da maioria, que tem que se curvar, porque a minoria pode se sentir mal, mas se faz sentir mal toda a maioria. Acho que a gente tem que parar para pensar um pouquinho no que estão nos impondo.


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ECONOMIA BRASILEIRA VAI MELHORANDO

 

PIB de 1%

Por
J.R. Guzzo

O ministro da Economia, Paulo Guedes, durante cerimônia de hasteamento da bandeira, no Palácio da Alvorada.


O ministro da Economia, Paulo Guedes, durante cerimônia de hasteamento da bandeira, no Palácio da Alvorada.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A economia do Brasil cresceu 1% no primeiro trimestre de 2022, o que não é um marco na história universal do progresso, mas é simplesmente três vezes mais que o “0,3” que os sábios do FMI previam com a certeza de quem ganha um Nobel de economia.

É óbvio que os economistas brasileiros mais procurados pelos jornalistas concordaram de olhos fechados com essa previsão deprimente – alguns deles, como se sabe, estão nessa vida há mais de 30 anos, falando sem parar que “o modelo” capitalista morreu no Brasil, e não vai ressuscitar nunca mais. Era a prova final, segundo eles, que “o Bolsonaro” está arruinando o país; no máximo consegue “despiorar”, mas com certeza está conduzindo a economia brasileira para a sua destruição.

Não é só o crescimento econômico. O desemprego teve uma redução dramática. Caiu de 14,8% para 10,5%, segundo a última aferição – e isso significa, na prática, que no momento há 100 milhões de brasileiros com trabalho formal, com o índice de ocupação superando os números de antes da pandemia. É o melhor índice desde 2015.

Há nove meses seguidos o país tem superávit fiscal, gastando menos no que arrecada – apesar de todas as despesas com o combate à Covid, verbas extras para a saúde dos estados, 500 milhões de doses de vacina e o auxílio emergencial em dinheiro para os cidadãos, hoje no valor de R$ 400 por mês e oficializado com o nome de Auxílio Brasil. A inflação de maio foi de 0,4% – cerca de metade do que previam todos os economistas, analistas de banco e os especialistas do “mercado”.

O superávit citado acima é o maior em mais de 20 anos. A dívida pública bruta, que inclui a previdência social, os estados e os municípios, está em níveis anteriores aos da pandemia. O agronegócio pode ter em 2022 o melhor ano de sua história, e as exportações batem novos recordes.

Resumo desta ópera: para um país que precisa crescer como uma China durante dez ou 20 anos para sair da pobreza, o desempenho da economia é ruim – até por problemas estruturais, legais e políticos que impedem o crescimento de qualquer nação. Mas a realidade da economia brasileira de hoje não tem absolutamente nada a ver com o quadro de calamidade que é apresentado todos os dias ao público.

O fato é que os números acima são tratados pela mídia brasileira como se fossem um segredo de Estado – é mais fácil o camelo da Bíblia passar pelo buraco de uma agulha do que encontrar essas realidades expostas de maneira clara ou com destaque no noticiário. Sai alguma coisa num fundo de página ou num restinho de telejornal, é verdade, porque também seria impossível não publicar nada. Mas os comentários sempre dizem que os números estão “abaixo” do que deveriam ser e jamais que estão acima do que foi previsto; a situação, no seu modo de ver as coisas, apenas fica “menos pior”.

Da mesma forma, jamais se encontra, em alguma matéria indignada com a inflação brasileira, qualquer menção ao fato de que a inflação nos Estados Unidos está em 8,5% e a da Alemanha, o modelo extremo de seriedade e disciplina econômicas, está acima de 8% – os piores índices em meio século.

Também nunca se menciona, quando falam de inflação, os dois anos de paralisação da economia, com os “fique em casa”, as quarentenas e os “lockdowns” aplicados com tanta excitação pelo Supremo Tribunal Federal, pelos governadores e pelos prefeitos; é como se nada disso tivesse existido, ou tido algum efeito sobre a alta de preços.

Em todo o mundo, a inflação só existe no Brasil, e só “o Bolsonaro” é culpado por ela. É um retrato acabado do Brasil de hoje, segundo a mídia. Só acontecem coisas mais ou menos “piores”.

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DADOS SÃO MUITO IMPORTANTES NAS DECISÕES

 

Liderança

Estadão Blue Studio Express

Dados: qual a importância nas decisões ágeis e certeiras?Foto: Adobe Stock

Atualmente, os dados possuem grande importância nas decisões ágeis e certeiras de gestões. Para entender melhor a relevância das informações, é preciso recordar um pouco sobre uma prática antiga, mas utilizada ainda hoje em algumas empresas.

Em um passado não tão distante, a intuição norteava boa parte das decisões empresariais para a implantação de mudanças e soluções de problemas. Basicamente, a vivência dos executivos formava a base para as escolhas dos caminhos dentro das companhias. Em resumo: algo que funcionou no passado servia como máxima para uma nova situação.

Atualmente, porém, as mudanças exigem cada vez mais agilidade e assertividade, em um mundo corporativo mais complexo e competitivo. Nesse contexto, os dados se tornaram um ativo estratégico poderoso para as empresas que realmente sabem analisar corretamente as informações nas tomadas de decisões.

Como definido no livro Data Science para Negócios, de Foster Provost e Tom Fawcett, data science é o conjunto de princípios fundamentais que norteiam a extração de conhecimento a partir dos dados. A fonte de conhecimento, portanto, não está mais na experiência de determinados colaboradores, mas nas informações disponíveis e corretamente trabalhadas.

Estudo do Massachusetts Institute of Technology (MIT), por exemplo, comprovou que quanto mais orientadas por dados, mais produtivas se tornam as empresas.

Importância dos dados nas decisões

Mas por que será que isso ocorre? Qual a real importância dos dados nas decisões empresariais? Head of Data and Analytics na dti, Victor Pontello explica que, embora extremamente capaz e inteligente, o ser humano possui uma capacidade cognitiva limitada.

“Essa limitação se dá tanto no que se refere à capacidade de processamento de informações quanto aos vieses de julgamento aos quais estamos naturalmente expostos e prejudicam nossa capacidade de tomada de decisão.”

 

 

 

 

Como exemplo, Pontello cita a tendência das pessoas em confirmar o 

 

 

que supõem ser verdade, mesmo quando as evidências mostram o contrário. Ou a tendência a responder inconscientemente a questões complexas, como o quão felizes realmente somos com nossa vida, com respostas a outras perguntas menos complexas, como qual o nosso estado de humor no momento.

“Além desses, poderíamos citar vários outros que mostram o quão irracional realmente somos ao tomar decisões e o quanto isso pode pôr em risco os negócios de uma organização.”

Dessa forma, Pontello explica que a utilização dos dados para a tomada de decisões amplia nossa capacidade cognitiva, mitigando as armadilhas da nossa natureza enviesada, no que se refere a julgamentos e resoluções.

“O acesso aos dados para a tomada de decisão apresenta uma forma de capacitação das pessoas, de modo que mais indivíduos possam chegar às mesmas conclusões, de posse dos mesmos dados.”

Qualidade das informações

Para que isso ocorra, porém, as informações precisam ser corretas e qualificadas. Caso contrário, os resultados serão adversos, com decisões sistematicamente equivocadas.

Dessa forma, as empresas precisam encontrar formas para trabalhar com os dados. Segundo o especialista, o primeiro ponto é promover uma mudança de paradigma, tratando essas informações como ativos geradores de valor. “Eles não são o que sobra da operação ou um mal necessário.”

Trabalhados com zelo, governança e preocupação com a qualidade, os dados precisam estar no centro do negócio. Nesse contexto, surge a tecnologia como uma ferramenta valiosa.

“Ela amplia as fronteiras da capacidade humana de modo a podermos armazenar, processar e extrair conhecimento de cada vez maior quantidade de dados, e isso com maior velocidade, o que seria impossível para a capacidade cognitiva natural do ser humano.”

Nesse aspecto, o Head of Data and Analytics na dti destaca temas como Inteligência Artificial, Aprendizado de Máquina, Computação na Nuvem, entre outros.

Equilíbrio

Apesar da grande importância dos dados para a tomada de decisões, a intuição e a experiência não podem ser completamente descartadas. Como em tudo na vida, é preciso encontrar um equilíbrio para combinar todos os elementos e, com isso, tomar as melhores decisões.

“A intuição atrelada à experiência é uma grande aliada no processo de transformação data driven das organizações. Esses pontos representam a expertise no conhecimento do negócio, que é fundamental, na identificação, validação e evolução de oportunidades de iniciativas data driven”, explica.

Pontello lembra ainda que nem sempre será possível tomar as decisões com base nesses fatos, o que ressalta a importância da experiência e intuição. Com isso, a combinação desses fatores se faz mais que necessária para a conquista dos melhores resultados.

“A grande diferença é que, quando a organização fomenta uma cultura data driven as pessoas desconfiam mais da intuição e tendem a não se satisfazer com respostas que não sejam evidenciadas pelos dados.”

Segundo Pontello, esse desconforto natural contribui com a adoção de ações promotoras da cultura data driven, criando um ciclo virtuoso. “Dessa forma, com a evolução da transformação data driven nas organizações a tendência é de que a intuição e a experiência passem a ser muito mais utilizadas para produzir perguntas a serem respondidas com os dados do que propriamente respostas.”

Evolução gradativa

Para conquistar esse patamar de maturidade dentro da empresa, portanto, é natural passar por um processo gradativo de evolução. Afinal, existe uma mudança cultural dentro da organização, o que leva tempo.

Dessa forma, o Head of Data and Analytics na dti afirma que é fundamental que as lideranças comprem a ideia e acreditem nessa transformação, mesmo que as primeiras iniciativas possam surgir de maneira bottom up, ou seja, partindo do micro para o macro da empresa.

Mas como trabalhar essa transformação na prática? Como na maioria das vezes isso soa bastante abstrato, Pontello afirma que uma forma de implementar o conceito é promover a dúvida dentro da organização. “A ideia é que não se acredite cegamente em nenhuma intuição, seja lá qual for o cargo e experiência da pessoa.”

Ao tratar cada intuição como uma hipótese a ser validada, o especialista acredita que é possível forçar uma postura mais ativa de todos os colaboradores, criando assim uma necessidade de dados de qualidade para fundamentar as decisões. “Isso gera uma aceleração orgânica da transformação data driven.”

Outro ponto importante é trabalhar a liderança por meio do exemplo. “Muito relacionado à metodologia ágil, esse ponto prevê começar com pequenas iniciativas bem organizadas e controladas, focadas em validar o conceito data driven através da geração de valor.”

Dessa forma, o valor gerado às iniciativas serve como inspiração para a implementação desse conceito em outras frentes.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Para ilustrar a importância dos dados nas decisões empresariais, Pontello apresenta a própria dti como exemplo. “O interessante do contexto é que o DNA ágil da empresa faz com que a operação seja intrinsecamente data driven. Isso acontece porque, ao desenvolvermos um produto, buscamos sempre por geração de valor, que deve ser medida e utilizada como um indicador se estamos no caminho certo.”

Dessa forma, o especialista afirma que é possível podermos continuar o desenvolvimento sabendo do valor gerado ou ainda corrigir a rota, otimizando os recursos e o tempo de desenvolvimento. “Utilizamos os dados para levantamento de riscos nas operações, indicadores de projetos, saúde financeira, acompanhamento de RH, entre outras iniciativas internas.”

Por fim, Pontello destaca que a empresa atua diretamente com a geração de valor para os clientes com base nos dados. “Nesse caso ajudamos a identificar as oportunidades, priorizamos as principais dores e elaboramos perguntas de negócios a serem respondidas com os dados.”

Portanto, a dti acaba atuando em toda a cadeia de geração de valor dos dados, desde o processo de digitalização e transformação digital até o processamento dos dados,extração de conhecimento e insights utilizados na tomada de decisão, seja de maneira automatizada ou manual.

Com essa “aula” promovida por Pontello, certamente ficou fácil entender a importância dos dados nas decisões ágeis e certeiras em uma empresa. Quer saber mais sobre assuntos relacionados? Então acesse o site da dti.

BENEFÍCIOS DA INTELIGÊNCIA HÍBRIDA PARA AS EMPRESAS

 

Yup Chat

Você sabia que a inteligência híbrida combina IA e humana? Os sistemas de atendimento ao cliente com IA dependem de bots e humanos trabalhando, não substituindo-os.
Com os recentes avanços tecnológicos, especialmente no campo da aprendizagem de máquina (ou Machine Learning), a IA proporciona um progresso surpreendente nos serviços de atendimento a cliente.
A Harvard Business Review (agosto de 2018) aponta como a IA irá alterar radicalmente como o trabalho é feito e quem o faz. O maior impacto da tecnologia será complementar e aumentar as capacidades humanas e não substituí-las.
De acordo com uma pesquisa da HBR foi descoberto que “ humanos e IA aprimoram ativamente os pontos fortes complementares uns dos outros: a liderança, o trabalho em equipe, a criatividade e as habilidades sociais do primeiro e a velocidade, escalabilidade e capacidades quantitativas deste último. Os negócios exigem os dois tipos de recursos”.
O que é inteligência híbrida?
Bots e Humanos: inteligência híbrida
Inteligência híbrida é a combinação da inteligência humana e da máquina, expandindo o intelecto humano em vez de substituí-lo – como muitos temiam.
Agora o homem e a máquina estão começando a trabalhar juntos em vez de uns contra os outros. Os humanos estão ajudando a impulsionar a inteligência híbrida em diversas áreas empresariais e indústrias.
A tecnologia mais recente para serviços são os agentes virtuais: sistemas automatizados que podem usar IA para reconhecer e responder às solicitações dos clientes por telefone, mensagens ou chat.
De acordo com a história do atendimento ao cliente, talvez você possa pensar que o objetivo aqui é mais uma vez reduzir humanos e economizar dinheiro. Mas não é isso. Trabalhando em conjunto, os humanos e os bots podem resolver mais problemas com rapidez e garantir uma excelente experiência ao cliente.
Confira abaixo como uma força de trabalho híbrida – humana e IA beneficiam empresas, agentes e clientes.
Como os bots e humanos podem trabalhar juntos
Investir na combinação de IA e inteligência humana pode resultar em uma experiência “quase humana” para os consumidores. Vamos pensar o seguinte: os bots não podem substituir completamente os humanos, pelo menos por enquanto, e eles precisam trabalhar com a inteligência humana para fornecer os resultados corretos. Quando colocados lado a lado para trabalharem juntos, o bot e o humano, é possível entender verdadeiramente o que os clientes desejam e oferecer-lhes a melhor experiência.
Bots que transferem o cliente para o agente de atendimento
Quando um cliente liga para a central de atendimento, existe sempre aquela possibilidade de o cliente pedir algo que o bot não pode oferecer, ou até mesmo algo que o bot não consegue decifrar. Veja alguns exemplos:
O cliente começa dar indícios que está chateado e os bots detectarem facilmente, porque o cliente usa pontos de exclamação, começa a gritar ou xingar. Desta forma, o bot pode transferir para um agente humano rapidamente.
Os bots podem facilmente coletar informações como o nome do cliente, número da conta, histórico do cliente e uma descrição do problema, em seguida, sugerir soluções antes de transferir o cliente a um agente.
Em ambos os casos acima, ao obter ajuda dos bots os agentes têm uma grande vantagem: eles já sabem com quem estão falando, qual é o problema, histórico de compras e perfil do cliente. Essas são algumas das diversas informações que os bots conseguem encontrar e enviar aos agentes de atendimento ao cliente.
Ter o histórico do cliente preparado pelo bot encurta o tempo de resolução e oferece uma melhor experiência de suporte ao cliente.
Agentes de atendimento ao cliente são assistidos por bots
Existem aquelas empresas que não se sentem confortáveis com seus clientes conversando com bots porque desejam oferecer um toque humano desde o início do contato. E está tudo bem.
Neste caso, os agentes de atendimento ao cliente são assistidos por bots. Ou seja:
Se houver um novo desconto, o bot rapidamente consegue sinalizar o agente.
Se algum produto estiver fora de estoque ou uma nova regra impedir o cliente de acessar uma promoção, o agente também saberá.
É como ter um assistente de valor inestimável ao seu lado tentando descobrir o melhor que você tem a dizer ao seu cliente.
Inteligência híbrida: homem e máquina em um único propósito
A transformação do atendimento ao cliente impulsionada pela IA não se trata de demitir funcionários, mas torná-los mais inteligentes. Quando os bots lidam com consultas rotineiras respondendo prontamente, seus clientes ficam mais felizes. E quando sua equipe de atendimento ao cliente se concentra em tarefas mais complexas, certamente podem fornecer um trabalho muito melhor.
Agora, seus agentes de atendimento ao cliente podem deixar todo o trabalho árduo e repetitivo para as máquinas e se concentrar em solucionar os problemas dos clientes.
Inteligência híbrida: bots e humanos, são capazes de fazer mais pelos clientes do que um agente sozinho, muito mais rápido e com maior precisão. Certamente a implantação de uma força de trabalho híbrida aproveita o melhor da IA e dos humanos para criar a melhor experiência do cliente.

CARACTERÍSTICAS DA VALEON
Perseverança
Ser perseverante envolve não desistir dos objetivos estipulados em razão das atividades, e assim manter consistência em suas ações. Requer determinação e coerência com valores pessoais, e está relacionado com a resiliência, pois em cada momento de dificuldade ao longo da vida é necessário conseguir retornar a estados emocionais saudáveis que permitem seguir perseverante.

Comunicação

Comunicação é a transferência de informação e significado de uma pessoa para outra pessoa. É o processo de passar informação e compreensão entre as pessoas. É a maneira de se relacionar com os outros por meio de ideias, fatos, pensamentos e valores. A comunicação é o ponto que liga os seres humanos para que eles possam compartilhar conhecimentos e sentimentos. Ela envolve transação entre pessoas. Aquela através da qual uma instituição comunica suas práticas, objetivos e políticas gerenciais, visando à formação ou manutenção de imagem positiva junto a seus públicos.

Autocuidado

Como o próprio nome diz, o autocuidado se refere ao conjunto de ações que cada indivíduo exerce para cuidar de si e promover melhor qualidade de vida para si mesmo. A forma de fazer isso deve estar em consonância com os objetivos, desejos, prazeres e interesses de cada um e cada pessoa deve buscar maneiras próprias de se cuidar.

Autonomia

Autonomia é um conceito que determina a liberdade de indivíduo em gerir livremente a sua vida, efetuando racionalmente as suas próprias escolhas. Neste caso, a autonomia indica uma realidade que é dirigida por uma lei própria, que apesar de ser diferente das outras, não é incompatível com elas.
A autonomia no trabalho é um dos fatores que impulsionam resultados dentro das empresas. Segundo uma pesquisa da Page Talent, divulgada em um portal especializado, 58% dos profissionais no Brasil têm mais facilidade para desenvolver suas tarefas quando agem de maneira independente. Contudo, nem todas as empresas oferecem esse atributo aos colaboradores, o que acaba afastando profissionais de gerações mais jovens e impede a inovação dentro da companhia.

Inovação

Inovar profissionalmente envolve explorar novas oportunidades, exercer a criatividade, buscar novas soluções. É importante que a inovação ocorra dentro da área de atuação de um profissional, evitando que soluções se tornem defasadas. Mas também é saudável conectar a curiosidade com outras áreas, pois mesmo que não represente uma nova competência usada no dia a dia, descobrir novos assuntos é uma forma importante de ter um repertório de soluções diversificadas e atuais.

Busca por Conhecimento Tecnológico

A tecnologia tornou-se um conhecimento transversal. Compreender aspectos tecnológicos é uma necessidade crescente para profissionais de todas as áreas. Ressaltamos repetidamente a importância da tecnologia, uma ideia apoiada por diversos especialistas em carreira.

Capacidade de Análise

Analisar significa observar, investigar, discernir. É uma competência que diferencia pessoas e profissionais, muito importante para contextos de liderança, mas também em contextos gerais. Na atualidade, em um mundo com abundância de informações no qual o discernimento, seletividade e foco também se tornam grandes diferenciais, a capacidade de analisar ganha importância ainda maior.

Resiliência

É lidar com adversidades, críticas, situações de crise, pressões (inclusive de si mesmo), e ter capacidade de retornar ao estado emocional saudável, ou seja, retornar às condições naturais após momentos de dificuldade. Essa é uma das qualidades mais visíveis em líderes. O líder, mesmo colocando a sua vida em perigo, deve ter a capacidade de manter-se fiel e com serenidade em seus objetivos.

Nossos contatos: Fones: (31) 3827-2297 e (31) 98428-0590 (Wpp)
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segunda-feira, 6 de junho de 2022

BOLSONARO E LULA DISPUTAM O ELEITORADO DE SÃO PAULO

 

Estratégias eleitorais
A batalha de São Paulo

Por
Rodolfo Costa
Brasília


São Paulo tem demandado esforços e preocupações de Bolsonaro e Lula, que querem a vitória no estado para si e seus apadrinhados, Tarcísio de Freitas e Fernando Haddad| Foto:

Maior colégio eleitoral do país com cerca de 32,6 milhões de eleitores, o estado de São Paulo é crucial para as pré-candidaturas do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). As duas campanhas já traçam suas estratégias, que envolvem não apenas a disputa presidencial, mas também a eleição para o governo paulista. A avaliação é de que candidatos ao Palácio Bandeirantes fortalecidos ajudam os presidenciáveis, e vice-versa.

A fim de impulsionar suas pré-campanhas, Bolsonaro e Lula querem intensificar suas estratégias junto a seus respectivos pré-candidatos ao governo estadual de São Paulo, o ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad (PT). O objetivo de Bolsonaro e de Lula é fortalecer seus apadrinhados para ampliar suas margens de voto e apoio.

A pré-campanha de Bolsonaro calcula que ele mantenha a dianteira em relação a Lula no estado, mas entende que Tarcísio está com dificuldades em diminuir a distância para Haddad. Já a coordenação de Lula reconhece que ele está atrás de Bolsonaro em São Paulo e, por isso, quer potencializar Haddad para ampliar sua margem de votos no estado e no país.

A preocupação dos dois lados é com uma possível “desconexão” entre seus votos e o de seus pré-candidatos ao governo. Levantamento feito pelo Instituto Paraná Pesquisas aponta Bolsonaro com 39,1% das intenções de voto em São Paulo e Lula com 35%. Mas, na eleição estadual, o mesmo instituto mostra um cenário mais favorável ao PT, com Haddad na liderança (28,6% das intenções de voto) e Tarcísio com 17,9%.

Ainda assim, o Paraná Pesquisas também mostrou maior equilíbrio na disputa estadual quando os candidatos ao governo paulista são associados aos presidenciáveis – o que indica o potencial de transferência de votos. Nesse caso, ao ser diretamente associado a Bolsonaro, Tarcísio atinge 31% das intenções de voto. E Haddad chega a 35,3% quando associado a Lula. Isso indica que a eleição em São Paulo tende a ser acirrada, tanto para o governo estadual quanto para a Presidência.

Qual é a estratégia do Planalto para Tarcísio e quais os desafios
A principal estratégia da campanha de Bolsonaro para impulsionar a pré-candidatura de Tarcísio é fortalecer a associação entre o presidente e o ex-ministro da Infraestrutura. Há um reconhecimento no Palácio do Planalto de que seu apadrinhado ainda não é tão conhecido entre a maioria dos eleitores em São Paulo e que, para isso, o presidente deve voltar mais vezes ao estado.

“Quem vai puxar o Tarcísio é o Bolsonaro. Aqui, vai se repetir a polarização e ele vai crescer junto com o presidente”, diz um interlocutor do Planalto que pediu para não ser identificado. Existe uma cobrança da base política do governo no Congresso para o cumprimento de agendas do presidente no estado e, principalmente, o lançamento de novas ações do Executivo.

Há uma avaliação na base de que o governo federal carece de entregas e ações de impacto para fortalecer a candidatura de Tarcísio, à exceção da renovação da concessão da Rodovia Dutra (que desta vez abrange também a BR-101, a Rio-Santos) e os planos para a privatização do Porto de Santos. Parte dessas avaliações se deve a uma cobrança de parlamentares para que o Planalto autorize o empenho e a execução de emendas parlamentares para congressistas de São Paulo.

Porém, mesmo congressistas da base dizem que somente a liberação de emendas parlamentares pode ser insuficiente para fortalecer Tarcísio e Bolsonaro no estado. A ala mais ideológica de aliados do governo critica alguns congressistas que são beneficiados por emendas parlamentares que irrigam suas bases eleitorais, mas não associam os recursos ao governo federal.


Para congressistas da base do governo, falta melhorar a coordenação política para impulsionar Tarcísio e Bolsonaro no estado. “O governo tem tido pouca entrega para o paulista comemorar. E muito deputado que tem recebido emenda pega o dinheiro, entrega em sua cidade e fala que é dele, não vincula com Bolsonaro ou põe uma foto com o presidente ao lado”, diz um deputado influente da bancada paulista. “Isso é uma falha da articulação do governo, que precisa melhorar”, diz outra liderança do estado.

O Planalto tem ouvido as críticas e sugestões feitas por aliados de São Paulo e procura ser um mediador para ajustar as pontas soltas, num em diálogo que envolve Tarcísio e sua coordenação. O temor é que os atritos na base com o ex-ministro possam prejudicar Bolsonaro em São Paulo. Um desafio é afinar a agenda do ex-ministro com aliados políticos. Existe uma crítica de que a base não é previamente avisada sobre a divulgação de eventos com a presença do pré-candidato.

“Se ele [Tarcísio] crescer, vai crescer organicamente em função do Bolsonaro pisar aqui e carregar ele, porque hoje ainda ele não é tão conhecido e tem muito racha interno nos partidos. Uma parte grande da base ainda flerta com o Rodrigo [Garcia (PSDB), governador de São Paulo [candidato à reeleição]”, prevê um aliado.

A coordenação de campanha de Tarcísio minimiza as críticas feitas por aliados. Interlocutores do ex-ministro entendem que alguns parlamentares estejam ressentidos e queiram ser mais prestigiados por ele, e sustentam que ele vai fazer campanha com os aliados, mas não exclusivamente com eles.

“Há uma enorme preocupação dos deputados em se reeleger. Cada um está cuidando da sua eleição, mas o Tarcísio não vai fazer campanha exclusiva para eles”, afirma um interlocutor do núcleo eleitoral do ex-ministro. É reconhecido em seu entorno político, porém, que a costura com os partidos é um desafio a ser superado.

O ex-ministro da Infraestrutura sinalizou que seu vice seria alguém do PL. Um nome bem cotado é o da deputada federal Rosana Valle, mas ainda não é consensual até devido a divisão interna da sigla no estado. Uma parcela do partido de Bolsonaro se dispôs a apoiar Tarcísio, mas outra ala – composta por deputados estaduais – é favorável a apoiar Rodrigo Garcia.

O racha interno é reconhecido por deputados federais da legenda, que alertam, ainda, para a possibilidade de uma parcela considerável de prefeitos apoiarem o atual governador. O PL não é o único partido da base onde Tarcísio busca apoio. O PP, outro partido da base do governo, está propenso a apoiar Garcia.

Devido ao cenário político-partidário em São Paulo, Tarcísio e o Republicanos analisam a hipótese de ceder a vice ao PP e compor com o PL em outros cargos em um eventual governo paulista. Interlocutores do ex-ministro ponderam que ele está com um discurso bem alinhado e preparado para subir nas pesquisas, o que pode ajudá-lo a construir uma forte coalizão com legendas de centro.

“Tarcísio está fazendo contato com a sociedade civil e ele está com um bom discurso. Está empolgando a classe média paulista, que é complicada: era um reduto tucano e, hoje, está órfão, mas vê Tarcísio como uma possibilidade”, analisa um assessor. “E ainda tem o ‘bolsonarismo’, que impulsiona a campanha dele e é forte em São Paulo. É um candidato para ir ao segundo turno”, acrescenta.

Para ampliar sua base de apoio político e eleitoral, Tarcísio também vai apostar em algumas pautas estratégicas. Uma delas é explorar a marca de ter sido “tocador de obras” como ministro e de prometer concluir as obras paradas no estado, principalmente no transporte urbano, onde é especialista. Outro pilar dessa estratégia é prometer transformar o estado no maior “hub” de parcerias público-privadas (PPPs), a fim de manter a coerência com a política econômica do ministro da Economia, Paulo Guedes, e alavancar o desenvolvimento através do investimento privado em São Paulo.

Para a educação, Tarcísio se dispõe a corrigir o “apagão educacional” gerado pela pandemia de Covid para as classes mais pobres e reparar a evasão escolar no estado. Para a saúde, a promessa é reduzir as filas de atendimentos e cirurgias em hospitais.

Outro ponto central é a segurança pública. O ex-ministro tem se posicionado de forma crítica às câmeras instaladas nos policiais e fiscalizar os criminosos. “Ele mesmo disse que a câmera do policial custa três vezes mais do que uma tornozeleira do bandido. Queremos discutir quem, de fato, temos que monitorar, a fim de dar força à ação policial absolutamente defasada em relação em termos de salário e com um déficit de 15 mil pessoas”, diz um interlocutor de Tarcísio.

Como Lula e Haddad pretendem crescer em São Paulo
O PT também tem seus próprios desafios políticos em São Paulo para alavancar Haddad e Lula. Muitos petistas acreditavam que Haddad cresceria independentemente da pré-candidatura do ex-governador paulista Márcio França (PSB). Mas a divisão de palanques para Lula entre os dois têm travado um avanço maior do petista no estado.

O Instituto Paraná Pesquisas mostrou que, em abril, Hadadd tinha 30,2% das intenções de voto. O índice desacelerou para 29,7% no primeiro levantamento feito em maio. E, no mais recente, ficou em 28,6%. França tinha 17,1% dos votos em abril e avançou para 18,6% no início de maio. Agora, aparece com 17,7%.

Em um cenário sem França, Haddad não absorveria todos os votos do ex-governador do PSB, mas chegaria a 34,5%, segundo o Paraná Pesquisas, o que o asseguraria no segundo turno contra Tarcísio, que iria a 21,7% dos votos.

Mas o PT aposta no potencial de crescimento de Haddad e trabalha para compor com França. O próprio Lula entrou no circuito e, em diálogo com seu pré-candidato a vice, Geraldo Alckmin (PSB), tenta demover o ex-governador de sua pré-candidatura.

A aproximação feita por Lula, porém, se mostrou ineficaz até o momento. França tem dado sinais de que vai seguir na disputa – a não ser que PSB e PT entrem em acordo. O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, defende um critério político para a definição de uma candidatura única da esquerda, enquanto França sustenta que o impasse seja resolvido por pesquisa encomendada pelos partidos. Os petistas propõem a unificação de palanque com a oferta da vaga de vice de Haddad a França ou de o ex-governador ser o candidato ao Senado na chapa.

A solução da disputa eleitoral com o PSB em São Paulo é fundamental por outro motivo para as aspirações políticas do PT: a transferência do capital político de Alckmin, ex-governador do estado. O pré-candidato a vice de Lula tem viajado o estado e se posicionado como um cabo eleitoral de França, não de Haddad.

A expectativa entre petistas é que Alckmin possa ser um cabo eleitoral importante para alavancar Haddad e Lula no estado. Alckmin tem procurado atrair o eleitor do que a campanha petista chama de “direita moderada”, incluindo com segmentos religiosos, do mercado financeiro e do agronegócio.


Metodologia das pesquisas citadas na reportagem
No levantamento da eleição presidencial em São Paulo, o Instituto Paraná Pesquisas entrevistou pessoalmente 1.880 eleitores em 76 municípios do estado de São Paulo entre os dias 22 e 26 de maio de 2022. A margem de erro é de 2,3 pontos percentuais e o nível de confiança atinge 95%. O levantamento foi feito sob encomenda da BGC Liquidez Distribuidora de Títulos Mobiliários Ltda, e está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo BR-06924/2022.

No caso da pesquisa pra eleição para o governo de São Paulo, o Paraná Pesquisas entrevistou pessoalmente 1.880 eleitores entre os dias 22 e 26 de maio de 2022 em 76 municípios do estado. A margem de erro é de 2,3 pontos percentuais e o nível de confiança atinge 95%. O levantamento foi contratado pela corretora BGC Liquidez e está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo SP-01735/2022.


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BOLSONARO E BIDEN VÃO SE ENCONTRAR NA CÚPULA DAS AMÉRICAS

 

Agenda Internacional
Por
Wesley Oliveira
Brasília


Esta será a primeira viagem de Bolsonaro aos Estados Unidos desde que Joe Biden assumiu a Casa Branca, em 2021| Foto: Alan Santos/PR

O presidente Jair Bolsonaro (PL) embarca nos próximos dias para os Estados Unidos para um encontro com o presidente americano, Joe Biden. A agenda está prevista para ocorrer entre os dias 8 e 10 de junho, em Los Angeles, durante a nona edição da Cúpulas das Américas, evento que deve reunir lideranças do continente.

A viagem ocorre depois de uma ofensiva diplomática de Biden para que Bolsonaro aceitasse o convite da Casa Branca. Desde que tomou posse, em 20 de janeiro de 2021, o presidente americano evitou gestos de aproximação a Bolsonaro e nunca conversou sequer por telefone com o brasileiro. Segundo o chefe do Planalto, a ida aos EUA só foi acertada depois da garantia de um encontro bilateral de ao menos 30 minutos entre os dois chefes de Estado.

“Não iria jamais para lá para ser moldura de uma fotografia. Tem uma audiência bilateral de pelo menos 30 minutos com ele? Tive três horas com Putin. A resposta foi sim. Então iremos falar a posição do Brasil, falar o que havia tratado com o presidente Donald Trump para continuarmos essa política”, disse Bolsonaro recentemente.

Temendo um esvaziamento da Cúpulas das Américas depois da resistência de algumas lideranças em participar do encontro, Biden enviou o ex-senador Christopher Dodd para convencer Bolsonaro sobre a importância de sua participação. O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, sinalizou que não pretende comparecer caso os líderes das ditaduras de Cuba, Nicarágua e Venezuela não sejam convidados.

Até esta sexta-feira (3), às vésperas do evento, a Casa Branca ainda não havia confirmado a lista de lideranças que irão à Cúpula das Américas. “Vamos informar publicamente sobre a lista final de convidados. O importante é dizer por que estamos nos reunindo. Não estamos focados em quem está convidado e quem não está, mas nos resultados que queremos alcançar com essa cúpula”, disse Juan Gonzalez, diretor para o Hemisfério Ocidental do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.


Biden deve tratar de pandemia, segurança e mudanças climáticas com Bolsonaro
Até o momento, o Palácio do Planalto ainda não confirmou a data do encontro fechado entre Bolsonaro e Biden. Em nota, governo se limitou a informar que a “agenda será divulgada em momento oportuno”. Espera-se, contudo, que o encontro ocorra entre quarta (8) e sexta-feira (10), quando o presidente da República comparecerá ao evento acompanhado do ministro das Relações Exteriores, Carlos França.

Na reunião entre Bolsonaro e Biden, o Itamaraty tem a expectativa de que os presidentes conversem sobre os temas tratados no âmbito da Cúpula. Entre estes, estão a preparação para enfrentar pandemias, a recuperação econômica pós-coronavírus, o fortalecimento da democracia na América Latina, bem como o desenvolvimento sustentável e as energias limpas.

Para além desses assuntos, também está previsto para ser abordado na esfera bilateral o impacto do conflito na Ucrânia no suprimento de fertilizantes, assim como seu efeito sobre a segurança alimentar global. O Brasil está empenhado em cumprir o pedido da Organização Mundial do Comércio (OMC) em ampliar a produção de alimentos.

O diretor do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca adiantou que os dois líderes terão uma “lista longa” de termas que serão discutidos na Cúpula das Américas. De acordo com Juan Gonzalez, assuntos como insegurança alimentar, resposta econômica à pandemia, saúde, segurança sanitária e mudanças climáticas serão debatidos. “São áreas em que o Brasil desempenha papel muito importante”, disse.

Além de Bolsonaro, devem ir aos EUA ministro como Joaquim Leite (Meio Ambiente), Fábio Farias (Comunicações) e Paulo Guedes (Economia). Entre outros temas, Farias pretende tratar sobre o avanço do 5G, enquanto Guedes vai discutir a entrada do Brasil na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Paralelamente, a Casa Branca espera que Bolsonaro seja signatário de um documento em defesa da democracia. A medida seria uma forma de rechaçar a presença de líderes de ditaduras como Cuba, Nicarágua e Venezuela.

“Os Estados Unidos sabem que todos temos trabalho a fazer para construir uma democracia forte e inclusiva no hemisfério, inclusive aqui em casa”, afirmou Brian Nichols, secretário de Estado adjunto para Assuntos do Hemisfério Ocidental, em entrevista coletiva.

Na mesma coletiva, Juan Gonzalez reforçou que os americanos confiam no sistema eleitoral brasileiro. “A questão das eleições brasileiras deve ser decidida pelos brasileiros. E os Estados Unidos têm confiança nas instituições eleitorais do Brasil, que se mostraram robustas”, disse.

Encontro será usado pela campanha de Bolsonaro 
Além do Itamaraty e de integrantes do governo, o encontro com Biden é defendido por integrantes do núcleo de campanha do presidente como uma forma de Bolsonaro faturar politicamente. Assim como a agenda como o presidente da Rússia, Vladimir Putin, em fevereiro, o encontro com o líder dos EUA pode afastar o discurso de que o presidente brasileiro é um pária internacional.

No núcleo de campanha, os aliados de Bolsonaro acreditam que ele pode faturar politicamente caso consiga emplacar o debate sobre a alta inflação compartilhada por Brasil e EUA na pandemia. Neste caso, o tema corrobora o discurso que Bolsonaro tem adotado de que o Brasil não é o único a conviver com a disparada nos preços e a carestia.

Além da agenda com Biden, o Itamaraty negocia um encontro com o primeiro ministro do Canadá, Justin Trudeau. A ideia é pautar a intermediação de compra de fertilizantes com o líder canadense em um aceno para o agronegócio no Brasil. Há também pedidos para encontros bilaterais com Bolsonaro vindos de chefes de Estado da Colômbia, da Guatemala e de El Salvador.

Adversário de Bolsonaro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) costuma afirmar em seus discursos que o Brasil está isolado do mundo por conta das políticas do atual presidente. Recentemente, depois do convite de Biden ao presidente brasileiro, o líder petista passou a fazer críticas ao chefe de Estado americano.

“Não é possível que o presidente [Joe] Biden, que nunca fez um discurso para dar um dólar para quem está morrendo de fome na África, anunciar US$ 40 bilhões para ajudar a Ucrânia a comprar armas. Não é possível”, afirmou o petista durante discurso em ato público, em Porto Alegre.


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DESEMPREGO IMPEDE ESTUDANTES DOS EUA DE PAGAREM AS SUAS DÍVIDAS COM AS UNIVERSIDADES

 

Educação

Por
Maria Clara Vieira – Gazeta do Povo


A bolha das universidades americanas: um resultado da gestão Obama| Foto: Criative Commons/Divulgação

Com oito das dez melhores universidades elencadas entre as melhores do mundo em 2022, os Estados Unidos são, há décadas, referência internacional em ensino superior – um sistema cujas joias da coroa são representadas pela Ivy League, a liga que reúne, entre outras instituições, as celebradas Harvard, Yale e Columbia.

Diferentemente do Brasil, as grandes universidades americanas, bem como faculdades de médio e pequeno porte, são majoritariamente particulares: as bolsas são concedidas, em teoria, por mérito, enquanto o restante dos estudantes deve arcar com os custos do curso escolhido. Uma engrenagem simples e eficiente que, em menos de duas décadas, graças a uma mistura de má gestão e ideologia, se transformou em uma bola de neve econômica que não para de crescer.

Cerca de 44 milhões de americanos detêm, juntos, uma dívida de mais de 1,7 trilhão de dólares com o governo americano – valor superior ao saldo do PIB do Brasil em 2021, estimado em 1,6 trilhão de dólares. Trata-se, majoritariamente, de jovens e adultos que cursaram o ensino superior na última década; graduados, mestres e doutores que fizeram empréstimos que chegam à casa dos 50 mil dólares (quase 240 mil reais, na cotação aproximada da data da reportagem) por seus títulos, não encontraram espaço no mercado de trabalho e não têm ideia de como vão pagar a dívida.

Enquanto a ala mais radical do Partido dos Democratas, unida a outros grupos de ativistas, pressiona o presidente Joe Biden pelo perdão integral do montante trilionário – apelando até para a “justiça racial” -, estudantes e pais frustrados enfrentam as perguntas que passam ao largo das soluções fáceis: um ensino superior cada vez mais caro, enviesado e sem garantias de retorno financeiro ainda vale a pena? Se o montante das dívidas não tende a diminuir, quem pagará as próximas? Aos brasileiros, cabe também o questionamento: o que a crise do financiamento estudantil americano tem a ensinar sobre o futuro da educação no país?

A espiral da intervenção: do cheque em branco de Obama ao calote em massa  
O caminho da crise é um retrato fidedigno da “espiral do intervencionismo” prevista pelo economista austríaco Ludwig von Mises, segundo o qual a esquerda tende a criar novas intervenções estatais para corrigir os desastres causados por suas próprias criações. Calcado em empréstimos fornecidos por bancos privados e garantidos pelo governo federal, ajustados às necessidades do cliente, o sistema de financiamento estudantil nos Estados Unidos foi criado em 1965 e levou mais de quatro décadas para alcançar a marca dos 500 bilhões de dólares. Tudo mudou quando o democrata Barack Obama chegou à Casa Branca.

A partir de 2010, o governo americano tornou-se o único credor dos empréstimos estudantis, executando, nas palavras da ex-secretária de educação do governo Donald Trump, Betsy DeVos, uma “aquisição federal completa do sistema”.

“A Secretaria de Educação passou a ser responsável pela maior carteira de empréstimos diretos de todo o governo federal. Os empréstimos estudantis federais são a segunda maior fonte de dívida do consumidor nos Estados Unidos, atrás apenas da dívida hipotecária. Os americanos contraem mais dívidas estudantis do que cartões de crédito ou empréstimos para carros. Do dia para a noite, o departamento se tornou, em essência, um dos maiores bancos do país”, escreve DeVos, em seu novo livro “Hostages No More” (“Reféns Nunca Mais”, sem tradução para o português), que será lançado este mês e foi obtido em primeira mão pela Gazeta do Povo.

O resultado: em apenas seis anos – de 2007 a 2013 – o valor chegou à casa do trilhão. Diante dos maus resultados, a administração democrata cumpriu rigorosamente o ciclo vicioso do intervencionismo e dobrou a aposta:

“Em vez do plano de pagamento fixo usual de dez anos, os alunos receberam uma nova opção de plano de pagamento com base em quanto ganhariam após a formatura. O cálculo do governo Obama de que federalizar empréstimos estudantis seria uma fonte de dinheiro foi baseado em apenas na pequena porcentagem de beneficiários que escolheriam a opção de pagamento baseada na renda. Mas – surpresa! – os estudantes recorreram a essa modalidade em número muito superior às suas projeções. Quando o governo faz empréstimos e depois diz aos devedores que eles não precisam pagar, haverá um déficit. E alguém paga a conta”, narra a ex-secretária.

Finalmente, em março de 2020, no início da crise do coronavírus, as dívidas estudantis com o governo federal chegaram ao fatídico valor de 1,6 trilhão de dólares. E, tudo isso, às custas de famílias de baixa renda:

“A mídia quer que todos acreditem que os empréstimos estudantis são principalmente dos pobres. Isso seria, para usar uma frase do momento, uma fake news. De acordo com dados do Federal Reserve, os 40% mais bem remunerados entre as famílias devedores respondem por quase 60% do total da dívida pendente dos empréstimos estudantis. Mais da metade do montante vem de famílias com pós-graduação, que representam apenas 14% do total de famílias americanas. Em suma, isso significa que o perdão de empréstimos estudantis em massa é um Robin Hood reverso – uma transferência dos pobres e da classe média para os ricos”, alerta Betsy DeVos.

O problema da superprodução de elites 
A crise das universidades americanas conta com um outro elemento agravante: a falência do próprio modelo universitário em capacitar os alunos para o mercado de trabalho, que não dá conta de absorver todos os pós-graduados que se formam anualmente. O ciclo vicioso de empréstimos, afinal, não garante a qualidade dos programas oferecidos nem do corpo docente – nos tempos correntes, não garante sequer que os alunos sejam livres para debater o que quiserem.

“Existem mais de 11 milhões de vagas não-ocupadas nos Estados Unidos, e a taxa oficial de desemprego é de 3,6%. Geralmente, o objetivo das faculdades de quatro anos é produzir alunos completos, em vez de fornecer treinamento para uma profissão específica. Os graduados muitas vezes recusam os ‘empregos braçais’ e anseiam por mais empregos políticos em Washington do que o número de cargos disponíveis. Mais jovens deveriam escolher escolas de comércio baratas em vez de programas de artes liberais de quatro anos”, explica o especialista em educação da Heritage Foundation, Adam Kissel, em entrevista à Gazeta do Povo.

“Subsídios federais maciços para dívida estudantil levaram as universidades a aumentar os preços. Quando os estudantes pagam caro por diplomas universitários, muitas vezes saem acreditando que merecem empregos de elite. As faculdades mantêm essa pretensão ensinando-lhes que se tornarão parte da elite e terão um papel na mudança da cultura dos Estados Unidos para a esquerda. Muitos graduados acreditam que um diploma universitário lhes dá um status para comandar aqueles que são menos instruídos”, avalia Kissel.

O cenário remete também ao conceito proposto pelo cientista e estatístico russo-americano Peter Turchin: a superprodução de elites. Para Turchin, trata-se de um problema que está na raiz da fragmentação da sociedade e é um desencadeador de crises severas.

“Ondas passadas de instabilidade política, como as guerras civis do final da República Romana, as Guerras Religiosas Francesas e a Guerra Civil Americana, tiveram muitas causas interligadas e circunstâncias exclusivas de sua época. Mas um traço comum nas épocas que estudamos foi a superprodução da elite. Os outros dois elementos importantes foram a estagnação e declínio dos padrões de vida da população em geral e o aumento do endividamento do Estado”, explica o estudioso, em artigo de 2013.

“A superprodução da elite geralmente leva a mais competição intra-elite que gradualmente mina o espírito de cooperação, seguido por polarização ideológica e fragmentação da classe política”, prevê Turchin. Qualquer relação com o cenário político contemporâneo, portanto, não é mera coincidência – nem, tampouco com o cenário brasileiro, que há anos forma doutores para o desemprego, seja através de universidades públicas sucateadas e sustentadas às custas dos mais pobres ou programas de financiamento que têm tudo para acabar como nos Estados Unidos. A solução, contudo, tampouco passa por uma completa deslegitimação do ensino superior.

“O ecossistema universitário dos EUA é extremamente diversificado. Muitas faculdades foram por um caminho sem volta, ideologicamente. Em vez de tentar reformá-las, é melhor construir ao redor delas, como a nova Universidade de Austin [a “universidade dos cancelados” – leia aqui a reportagem], e criar credenciais alternativas, como substituir a métrica dos diplomas por capacidade de aprendizado”, propõe Kissel. “Além disso, o financiamento do governo deve mudar drasticamente de faculdades e universidades de quatro anos para faculdades técnicas de dois anos”. Trata-se de uma reforma urgente, de cujo sucesso depende, em muito, a prosperidade das próximas gerações.


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BIDEN VAI SE DESCULPAR COM O BOLSONARO?

 

Cúpula das Américas

Por
Alexandre Garcia


| Foto: EFE

O que vai fazer Bolsonaro nos EUA? Será que o presidente e Biden vão reatar relações? Convém questionar por que Biden fez algumas declarações quase hostis contra o Brasil. Depois mandou um ex-senador, Christopher Dodd, como enviado dele pra ver se convencia Bolsonaro a ir para a Cúpula das Américas, que é uma promoção do novo governo dos Estados Unidos.

Se Bolsonaro não fosse, o evento seria esvaziado, porque o mexicano já não vai. O López Obrador disse que não vai, pois não foram convidados os ditadores de Cuba, da Nicarágua e da Venezuela.

O ex-senador esteve com o presidente e Bolsonaro disse: “eu não vou lá só pra tirar foto, pra ser moldura de foto do Biden”. Foi direto com o ex-senador, que por sua vez disse: “não, o presidente quer ouvi-lo, quer ouvir suas reinvindicações”.

Bolsonaro então pediu que Christopher Todd dissesse a Biden que há compromissos assumidos entre o então chefe de estado americano Donald Trump e o Brasil. “Não são compromissos individuais, pessoais, são compromissos de chefe de estado e eu espero que o chefe de estado dos Estados Unidos cumpra com esses compromissos”, afirmou o presidente.

Portanto Bolsonaro não vai só tirar fotografia com o Biden. Vai ter uma conversa de no mínimo meia hora. Ele argumenta que com o Putin conversou três horas, e sem aquela mesa comprida que separou o Putin de Macron.

Enfim, talvez haja algo importante além disso. Acho que vai ter consequência internas aqui. Biden e Bolsonaro assinarão uma declaração conjunta de democracia, estimulando a democracia num continente que volta e meia, inclusive aqui dentro, tem apelos totalitários. Não conseguem esconder. Aqui nós temos, inclusive, instituições de estado que estão demonstrando pura ideologia totalitária.

Julgamento de deputados no STF

Por falar nisso, amanhã vai ter um julgamento importante no Supremo, porque mais uma vez o ministro Nunes Marques é o rebelde solitário, que está ao lado da Constituição, mas não ao lado do restante do Supremo. Provavelmente vai ser derrotado em número de votos lá, mas sairá vitorioso porque defendeu a Constituição. É o caso do deputado estadual do Paraná, Francischini, e um deputado federal do Sergipe, Valdevan Noventa. Os dois haviam sido cassados. Valdevan Noventa, por ter recebido R$ 86 mil de pessoas físicas, foi enquadrado como ilegal. Abuso de poder econômico. Só que na decisão de Nunes Marques é mostrado que não estava vigente a proibição quando ele recebeu o dinheiro.

E lá no Paraná, o que Francischini fez foi denunciar, postar denúncias de pessoas reclamando da ilicitude de algumas atitudes nas seções de votação. Ele perdeu no Tribunal Superior Eleitoral e com isso três deputados também perderam o mandato porque foram eleitos com os votos de Francischini. Agora, os três podem reocupar suas vagas, dependendo do que acontecer nesta terça-feira.

Lá na Câmara, o presidente Arthur Lira, ao receber a decisão do ministro Nunes Marques, imediatamente tirou o suplente e botou o Noventa. O suplente, que era do PT, mobilizou seu partido e entraram com um pedido nesse domingo no Supremo. Marcaram o julgamento já para esta terça-feira, numa super velocidade. São coisas que a gente descobre todos os dias com surpresa. A gente não imagina que possa acontecer, mas, no entanto, acontece.


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INTERNET QUÂNTICA AINDA VAI SER REALIDADE

 

Foto: Instagram da Prefeitura de Areia Branca

Por André Shalders, Daniel Weterman, Julia Affonso e Vinícius Valfré

Cachês de até R$ 800 mil são pagos a artistas com dinheiro enviado por deputados e senadores; prefeitos decidem o que fazer com valores sem transparência

BRASÍLIA – Mesmo sem energia elétrica, saneamento básico, asfalto ou posto de saúde, pequenas cidades investiram milhões em shows de cantores, a maioria deles sertanejos, neste ano eleitoral. Deputados e senadores enviam os recursos diretamente para o caixa das prefeituras, que podem dar ao dinheiro o destino que bem entenderem, sem prestação de contas.

Localizada a 110 km de Maceió, a cidade de Mar Vermelho (AL) está entre os cem municípios de menor renda no País. Seus 3.474 habitantes enfrentam problemas, como falta de saneamento – presente em apenas 14,9% das casas –, ausência de pavimentação – só 24% das moradias estão em ruas com urbanização adequada – e de emprego (9,4% da população estava empregada em 2019). Ainda assim, o prefeito André Almeida (MDB) gastou R$ 370 mil com Luan Santana. É como se cada morador tivesse de desembolsar R$ 106 com o cachê. A apresentação será em agosto, a dois meses das eleições.

STJ suspendeu show que custou R$ 704 mil de cachê a Gusttavo Lima em pequena cidade da Bahia.
STJ suspendeu show que custou R$ 704 mil de cachê a Gusttavo Lima em pequena cidade da Bahia.  Foto: Felipe Martini/Globo/Divulgação

Casos como esse proliferam pelo interior do País, onde inexistem políticas públicas. Levantamento do Estadão mostra gastos superiores a R$ 14,5 milhões com cachês de Gusttavo Lima, Zé Neto e Cristiano, Wesley Safadão, Luan Santana e Leonardo em 48 cidades. Os artistas foram contratados por prefeituras para fazer shows neste ano em municípios com menos de 50 mil habitantes.

A festança só foi possível com a ajuda de Brasília: as cidades que contrataram os shows receberam R$ 28,5 milhões em emendas parlamentares de uso livre. São as chamadas “emendas Pix”, também conhecidas como “cheque em branco”. O dinheiro cai direto na conta da prefeitura e nem mesmo os vereadores sabem ao certo quanto será gasto com os shows. Parte dos municípios nem sequer publicou os contratos. Dos 48 shows bancados com verba pública, o Estadão conseguiu rastrear os cachês em 35 deles.

Especialistas em contas públicas criticam a destinação do dinheiro. “É mais fácil desviar recursos por causa de um show do que por causa de uma obra. Uma obra pode ser aferida. Num show, é tudo muito relativo, o que é mais um motivo para essa profusão”, afirmou Gil Castello Branco, da Contas Abertas. “Esse é um sintoma claro da captura do Orçamento por interesses menores em que o dinheiro é desperdiçado com gastos de baixa eficiência, baixa qualidade e questionável prioridade”, disse Marcos Mendes, do Insper.

Os recursos que vão patrocinar o show de Luan Santana em Mar Vermelho foram enviados pelo senador Renan Calheiros e pelo deputado Isnaldo Bulhões, ambos do MDB alagoano. Ao fazer a emenda, o parlamentar não determina qual será o destino do dinheiro. Trata-se de uma decisão que cabe ao prefeito.

É evidente que tem um caráter eleitoreiro. As pessoas ficam muito gratas ao prefeito ou ao parlamentar que colocou a emenda porque o cidadão atribui a esses políticos a gratuidade do show, que não é gratuito. (…) É mais fácil desviar recursos por causa de um show do que por causa de uma obra. Uma obra pode ser aferida. Num show, é tudo muito relativo (…)”

Gil Castello Branco, diretor executivo da Contas Abertas

Renan disse que costuma apoiar o Festival de Inverno da cidade, mas afirmou ser contra a contratação de artistas a preços exorbitantes. “Eles pedem todo ano uma participação para este festival. Mas não fizemos isso para (a prefeitura) contratar (artistas) com esses honorários que estão sendo denunciados, não. Sou contra”, declarou o senador. Bulhões, por sua vez, ressalvou que a emenda foi para a cidade, não para custear show.

Embaixador

Em São Luiz (RR), com 8.232 habitantes, a prefeitura aceitou pagar R$ 800 mil por um show de Gusttavo Lima em dezembro. Dados do IBGE indicam que menos da metade da população tem tratamento de esgoto adequado e apenas 17% das vias públicas estão urbanizadas. Na contratação, sob investigação do Ministério Público, a prefeitura argumentou que se tratava de “show musical do artista de notável reconhecimento”.

Esse é um sintoma claro da captura do Orçamento por interesses menores em que o dinheiro é desperdiçado com gastos de baixa eficiência, baixa qualidade e questionável prioridade (…) É uma questão de primeira ordem que precisa ser revista no âmbito de uma reforma do processo orçamentário.”

Marcos Mendes, pesquisador do Insper

Estadão revelou, na quarta-feira, o caso de Teolândia (BA), que contratou Gusttavo Lima por R$ 704 mil enquanto a população ainda enfrenta os efeitos das chuvas que atingiram a região, com estradas em estado precário e pontes destruídas. O cantor foi escolhido porque a prefeita Maria Santana (Progressistas) disse que “sonhava” conhecê-lo. Neste domingo, 5, o presidente do Superior Tribunal de Justiça, Humberto Martins, mandou cancelar de vez a Festa da Banana, a poucas horas da apresentação.

Sem justificativa

Diante da falta de normas para o uso do dinheiro, prefeitos escolhem os artistas sem qualquer justificativa plausível. A prefeitura de Areia Branca (SE) aceitou pagar R$ 550 mil a Wesley Safadão para uma festa que vai superar R$ 1,5 milhão em gastos com cachês. Em documento oficial, a cidade usou uma frase do professor Jorge Ulisses Jacoby Fernandes, autor do livro Contratação Direta Sem Licitação, copiada também em outros contratos semelhantes: “Todo profissional é singular, posto que esse atributo é próprio da natureza humana”.

Os prefeitos não são donos do dinheiro, eles são administradores. A prefeita não está ali para realizar sonhos dela, mas para fazer acontecer as prioridades do município que ela administra.”

Leandro Consentino, cientista político do Insper

Além dos cachês, há uma ampla estrutura de palco, sonorização e equipes de segurança custeadas pelos cofres públicos. Em Santa Terezinha do Itaipu (PR), com 23 mil habitantes, a festa teve Gusttavo Lima, por R$ 850 mil. A prefeitura gastou ao menos R$ 2,2 milhões com as demais atrações e estrutura.

Cantor Leonardo é contratado, sem licitação, para show na cidade de Nhandeara (SP), no valor de R$ 290 mil. Foto: Reprodução
Cantor Leonardo é contratado, sem licitação, para show na cidade de Nhandeara (SP), no valor de R$ 290 mil. Foto: Reprodução 

Sem transparência

Em vários shows não é possível saber de quanto será o cachê. É o caso de Conceição do Jacuípe (BA), com 33,6 mil habitantes, onde 20% dos moradores não têm asfalto na frente de suas casas. Mesmo assim, a prefeitura contratou o cantor Wesley Safadão para a festa junina. Por quanto? O vereador Edinaldo Puridade (sem partido) disse que só conseguirá saber depois do pagamento efetuado.

Outra cidade baiana que contratou um show de Luan Santana, mas não divulgou o cachê, foi Itiruçu, com 12 mil habitantes. Por lá, os vereadores inovaram e aprovaram projeto autorizando a prefeitura a contratar sem aval do Legislativo. No Portal da Transparência, não há uma única informação do show. Procurados, os artistas mencionados não retornaram aos contatos da reportagem.

O mais irônico é que isso tenha vindo à tona no contexto de críticas à Lei Rouanet, uma política pública que funciona, que tem regras, feitas por pessoas que se beneficiam de cachês milionários pagos com dispensa de licitação para eventos claramente eleitoreiros.”

Leandro Machado, cientista político e mestre em Administração Pública

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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