segunda-feira, 6 de junho de 2022

SERTAEJOS FATURAM ALTO COM CIDADES POBRES

 

Foto: Instagram da Prefeitura de Areia Branca

Por André Shalders, Daniel Weterman, Julia Affonso e Vinícius Valfré

Cachês de até R$ 800 mil são pagos a artistas com dinheiro enviado por deputados e senadores; prefeitos decidem o que fazer com valores sem transparência

BRASÍLIA – Mesmo sem energia elétrica, saneamento básico, asfalto ou posto de saúde, pequenas cidades investiram milhões em shows de cantores, a maioria deles sertanejos, neste ano eleitoral. Deputados e senadores enviam os recursos diretamente para o caixa das prefeituras, que podem dar ao dinheiro o destino que bem entenderem, sem prestação de contas.

Localizada a 110 km de Maceió, a cidade de Mar Vermelho (AL) está entre os cem municípios de menor renda no País. Seus 3.474 habitantes enfrentam problemas, como falta de saneamento – presente em apenas 14,9% das casas –, ausência de pavimentação – só 24% das moradias estão em ruas com urbanização adequada – e de emprego (9,4% da população estava empregada em 2019). Ainda assim, o prefeito André Almeida (MDB) gastou R$ 370 mil com Luan Santana. É como se cada morador tivesse de desembolsar R$ 106 com o cachê. A apresentação será em agosto, a dois meses das eleições.

STJ suspendeu show que custou R$ 704 mil de cachê a Gusttavo Lima em pequena cidade da Bahia.
STJ suspendeu show que custou R$ 704 mil de cachê a Gusttavo Lima em pequena cidade da Bahia.  Foto: Felipe Martini/Globo/Divulgação

Casos como esse proliferam pelo interior do País, onde inexistem políticas públicas. Levantamento do Estadão mostra gastos superiores a R$ 14,5 milhões com cachês de Gusttavo Lima, Zé Neto e Cristiano, Wesley Safadão, Luan Santana e Leonardo em 48 cidades. Os artistas foram contratados por prefeituras para fazer shows neste ano em municípios com menos de 50 mil habitantes.

A festança só foi possível com a ajuda de Brasília: as cidades que contrataram os shows receberam R$ 28,5 milhões em emendas parlamentares de uso livre. São as chamadas “emendas Pix”, também conhecidas como “cheque em branco”. O dinheiro cai direto na conta da prefeitura e nem mesmo os vereadores sabem ao certo quanto será gasto com os shows. Parte dos municípios nem sequer publicou os contratos. Dos 48 shows bancados com verba pública, o Estadão conseguiu rastrear os cachês em 35 deles.

Especialistas em contas públicas criticam a destinação do dinheiro. “É mais fácil desviar recursos por causa de um show do que por causa de uma obra. Uma obra pode ser aferida. Num show, é tudo muito relativo, o que é mais um motivo para essa profusão”, afirmou Gil Castello Branco, da Contas Abertas. “Esse é um sintoma claro da captura do Orçamento por interesses menores em que o dinheiro é desperdiçado com gastos de baixa eficiência, baixa qualidade e questionável prioridade”, disse Marcos Mendes, do Insper.

Os recursos que vão patrocinar o show de Luan Santana em Mar Vermelho foram enviados pelo senador Renan Calheiros e pelo deputado Isnaldo Bulhões, ambos do MDB alagoano. Ao fazer a emenda, o parlamentar não determina qual será o destino do dinheiro. Trata-se de uma decisão que cabe ao prefeito.

É evidente que tem um caráter eleitoreiro. As pessoas ficam muito gratas ao prefeito ou ao parlamentar que colocou a emenda porque o cidadão atribui a esses políticos a gratuidade do show, que não é gratuito. (…) É mais fácil desviar recursos por causa de um show do que por causa de uma obra. Uma obra pode ser aferida. Num show, é tudo muito relativo (…)”

Gil Castello Branco, diretor executivo da Contas Abertas

Renan disse que costuma apoiar o Festival de Inverno da cidade, mas afirmou ser contra a contratação de artistas a preços exorbitantes. “Eles pedem todo ano uma participação para este festival. Mas não fizemos isso para (a prefeitura) contratar (artistas) com esses honorários que estão sendo denunciados, não. Sou contra”, declarou o senador. Bulhões, por sua vez, ressalvou que a emenda foi para a cidade, não para custear show.

Embaixador

Em São Luiz (RR), com 8.232 habitantes, a prefeitura aceitou pagar R$ 800 mil por um show de Gusttavo Lima em dezembro. Dados do IBGE indicam que menos da metade da população tem tratamento de esgoto adequado e apenas 17% das vias públicas estão urbanizadas. Na contratação, sob investigação do Ministério Público, a prefeitura argumentou que se tratava de “show musical do artista de notável reconhecimento”.

Esse é um sintoma claro da captura do Orçamento por interesses menores em que o dinheiro é desperdiçado com gastos de baixa eficiência, baixa qualidade e questionável prioridade (…) É uma questão de primeira ordem que precisa ser revista no âmbito de uma reforma do processo orçamentário.”

Marcos Mendes, pesquisador do Insper

Estadão revelou, na quarta-feira, o caso de Teolândia (BA), que contratou Gusttavo Lima por R$ 704 mil enquanto a população ainda enfrenta os efeitos das chuvas que atingiram a região, com estradas em estado precário e pontes destruídas. O cantor foi escolhido porque a prefeita Maria Santana (Progressistas) disse que “sonhava” conhecê-lo. Neste domingo, 5, o presidente do Superior Tribunal de Justiça, Humberto Martins, mandou cancelar de vez a Festa da Banana, a poucas horas da apresentação.

Sem justificativa

Diante da falta de normas para o uso do dinheiro, prefeitos escolhem os artistas sem qualquer justificativa plausível. A prefeitura de Areia Branca (SE) aceitou pagar R$ 550 mil a Wesley Safadão para uma festa que vai superar R$ 1,5 milhão em gastos com cachês. Em documento oficial, a cidade usou uma frase do professor Jorge Ulisses Jacoby Fernandes, autor do livro Contratação Direta Sem Licitação, copiada também em outros contratos semelhantes: “Todo profissional é singular, posto que esse atributo é próprio da natureza humana”.

Os prefeitos não são donos do dinheiro, eles são administradores. A prefeita não está ali para realizar sonhos dela, mas para fazer acontecer as prioridades do município que ela administra.”

Leandro Consentino, cientista político do Insper

Além dos cachês, há uma ampla estrutura de palco, sonorização e equipes de segurança custeadas pelos cofres públicos. Em Santa Terezinha do Itaipu (PR), com 23 mil habitantes, a festa teve Gusttavo Lima, por R$ 850 mil. A prefeitura gastou ao menos R$ 2,2 milhões com as demais atrações e estrutura.

Cantor Leonardo é contratado, sem licitação, para show na cidade de Nhandeara (SP), no valor de R$ 290 mil. Foto: Reprodução
Cantor Leonardo é contratado, sem licitação, para show na cidade de Nhandeara (SP), no valor de R$ 290 mil. Foto: Reprodução 

Sem transparência

Em vários shows não é possível saber de quanto será o cachê. É o caso de Conceição do Jacuípe (BA), com 33,6 mil habitantes, onde 20% dos moradores não têm asfalto na frente de suas casas. Mesmo assim, a prefeitura contratou o cantor Wesley Safadão para a festa junina. Por quanto? O vereador Edinaldo Puridade (sem partido) disse que só conseguirá saber depois do pagamento efetuado.

Outra cidade baiana que contratou um show de Luan Santana, mas não divulgou o cachê, foi Itiruçu, com 12 mil habitantes. Por lá, os vereadores inovaram e aprovaram projeto autorizando a prefeitura a contratar sem aval do Legislativo. No Portal da Transparência, não há uma única informação do show. Procurados, os artistas mencionados não retornaram aos contatos da reportagem.

O mais irônico é que isso tenha vindo à tona no contexto de críticas à Lei Rouanet, uma política pública que funciona, que tem regras, feitas por pessoas que se beneficiam de cachês milionários pagos com dispensa de licitação para eventos claramente eleitoreiros.”

Leandro Machado, cientista político e mestre em Administração Pública

domingo, 5 de junho de 2022

O QUE PENSAM OS PRESIDENCIÁVEIS SOBRE A REFORMA TRABALHISTA

 

Eleições 2022

O que presidenciáveis propõem para as leis trabalhistas

Por
Vandré Kramer – Gazeta do Povo


Presidenciáveis têm opiniões distintas sobre a reforma trabalhista aprovada em 2017.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Um dos desafios de quem assumir a Presidência da República em 1.° de janeiro será a geração de empregos. E os pré-candidatos estão divididos em relação à legislação trabalhista: há quem defenda um aprofundamento da reforma aprovada em 2017, rumo a mais flexibilização nas relações entre patrões e empregados, mas também há quem proponha a revogação parcial ou total da nova legislação, alegando que ela prejudicou trabalhadores.

O pano de fundo dessa discussão é a situação do mercado de trabalho, que tem melhorado mas segue crítica. A taxa de desemprego está em dois dígitos desde fevereiro de 2016. No trimestre encerrado em abril, era de 10,5%. São 11,3 milhões de pessoas desempregadas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A informalidade também é elevada: eram 38,7 milhões de pessoas nesta condição, também em abril, nível similar ao de dezembro de 2019, antes da pandemia. E o rendimento médio real (já descontada a inflação) de todos os trabalhos caiu 7,9% no comparativo entre os trimestres encerrados em abril de 2021 e 2022.

A reforma trabalhista proposta e aprovada no governo de Michel Temer mudou regras sobre férias e jornada de trabalho, acabou com a obrigatoriedade da contribuição sindical e criou novas modalidades de trabalho, como o intermitente.

A expectativa era de geração de 2 milhões de vagas em dois anos e 6 milhões em dez anos. O próprio Temer considerou que os números foram superestimados. Especialistas consideram que, para gerar mais emprego, é necessário que a atividade econômica cresça com mais vigor. Nos últimos cinco anos, o PIB brasileiro cresceu ao ritmo médio de 0,98% ao ano, enquanto a economia mundial avançou 2,2% ao ano, mesmo com a pandemia, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Parte da reforma trabalhista foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele rejeitou, em novembro, que beneficiários da Justiça gratuita pagassem pela perícia e honorários advocatícios sucumbenciais caso fossem a parte vencida em um processo.

Outros itens estão sendo questionados no STF, como a criação do contrato de trabalho intermitente e a constitucionalidade do teto indenizatório de até 50 vezes o último salário contratual do empregado por danos morais em ações judiciais.

Na última quinta-feira (2), o Supremo avaliou a prevalência de convenções e acordos trabalhistas sobre o legislado – e decidiu que o negociado deve prevalecer sobre a legislação no caso de restrição ou suspensão de direito não assegurado pela Constituição, mantendo assim o espírito da reforma trabalhista. O julgamento, de repercussão geral, cria jurisprudência para processos semelhantes.

Um dos itens da reforma trabalhista que foi considerado constitucional pelo Supremo, em junho de 2018, foi o fim da contribuição sindical obrigatória.

Na sexta (3), Temer comentou as críticas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reforma trabalhista aprovada em 2017. Disse achar que Lula quer “tirar direitos dos trabalhadores”, e que a pré-campanha do petista parou de falar explicitamente em revogação da reforma “porque não seria uma coisa boa para o trabalhador”. Também cobrou franqueza, dizendo que Lula deveria afirmar claramente que pretende restabelecer a contribuição obrigatória aos sindicatos.

O governo de Jair Bolsonaro fez tentativas de afrouxar as regras trabalhistas. Uma delas foi a Carteira Verde e Amarela, um modelo voltado para jovens que estão entrando no mercado de trabalho em que há um contrato individual, que prevalece sobre a CLT, mas mantém os direitos constitucionais. A adesão seria voluntária.

O programa também previa cursos de qualificação, mediante vouchers de qualificação para o Sistema S, além de medidas específicas para a contratação de pessoas com mais de 55 anos, como a redução de alíquotas do FGTS de 8% para 2% e isenção de contribuição previdenciária e salário-educação. Mas a proposta, anunciada em novembro de 2019, foi revogada por Bolsonaro em março do ano seguinte, pouco antes de a medida provisória sobre o tema perder validade.

Uma nova tentativa de promover uma minirreforma trabalhista foi barrada pelo Senado em setembro de 2021. A MP 1045, que originalmente criava novo programa de redução ou suspensão de salários e jornada trabalho, passou a incluir, após tramitação na Câmara, programas de geração de emprego e qualificação profissional, redução de jornada de trabalho de mineiros e o direito de gratuidade na Justiça trabalhista.

Veja a seguir o que presidenciáveis pensam sobre a reforma trabalhista e que medidas pretendem implantar:

Ciro Gomes (PDT)
Ciro Gomes já disse que pretende revogar a reforma trabalhista. Na avaliação dele, embora ela tenha trazido “algumas atualizações necessárias, aproveitou também para praticar golpes profundos contra o trabalhador e contra os sindicatos”.

Ciro afirmou que, se eleito, organizará ” uma grande mesa de diálogo com os trabalhadores e os empresários para corrigir as distorções e atualizar nossa legislação de acordo com as melhores práticas internacionais”.

Uma alternativa que ele pretende implementar, caso eleito, é a substituição da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) por um Código Brasileiro do Trabalho, que revogaria parte da reforma trabalhista aprovada no governo Michel Temer, incluiria novas formas de trabalho e colocaria o serviço público nas mesmas regras.

Jair Bolsonaro (PL)
O governo de Jair Bolsonaro já cogitou fazer reformas mais profundas na área trabalhista, avançando em novas flexibilizações nas relações entre patrões e empregados com o objetivo de elevar os níveis de emprego. O programa Carteira Verde e Amarela, citado anteriormente neste texto, ia exatamente nessa direção, com foco em criar oportunidades para jovens trabalhadores e profissionais mais velhos.

Além disso, a pedido do Ministério da Economia, especialistas fizeram estudos na área. Entre as medidas propostas estavam o fim da multa do FGTS, mudanças no seguro-desemprego, possibilidade de trabalho aos domingos e a inexistência de vínculo trabalhista entre aplicativos e trabalhadores.

Apesar de o governo dizer que não dizer que necessariamente endossaria as propostas, o presidente afirmou que pretende retomar medidas para estimular o mercado de trabalho.

Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
A reforma trabalhista é alvo de críticas de Luiz Inácio Lula da Silva, que considera que os autores têm “mentalidade escravocrata.” Ele já sinalizou em algumas ocasiões que pretende fortalecer os sindicatos trabalhistas, em sentido oposto ao que fez a reforma de 2017.

Lula afirmou que “no mundo desenvolvido em que você tem economia forte, você tem sindicato forte, em qualquer país do mundo. Se você tiver economia forte você tem sindicato forte”.

A revisão da reforma trabalhista, porém, é um tema que causa ruídos na pré-campanha do petista. Seu partido endossou proposta para revogá-la, mas Lula considera que há entraves para a iniciativa.

Segundo informações que vieram a público, a ideia é focar as alterações legislativas nos seguintes pontos: mudança das regras para o trabalho intermitente; garantia de direitos para profissionais que atuam com aplicativos; e a possibilidade de os sindicatos determinarem, em assembleia com seus filiados, as fontes de seus recursos.

Simone Tebet (MDB)
A pré-candidata do MDB, Simone Tebet, pouco se manifestou a respeito da reforma trabalhista. Em fevereiro, durante evento do Lide, ela destacou que as mudanças adotadas durante o governo Temer não foram as “ideais”, mas as “possíveis”.

Ela reiterou, em maio, que está comprometida com pautas liberais na economia, citando que, enquanto parlamentar, votou a favor da reforma da Previdência, da reforma trabalhista e do teto de gastos.


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GUERRA NA UCRÂNIA PARA NÃO TERMINAR

 

Cem dias da invasão

Por
Luis Kawaguti – Gazeta do Povo


Ataque de milícia pró-Rússia em Donetsk: independentemente do desfecho no campo de batalha ucraniano, o que parece certo é que caminhamos para um mundo mais instável e perigoso| Foto: EFE/EPA/ALESSANDRO GUERRA

A guerra na Ucrânia ultrapassa os cem dias de duração e seu desfecho vai depender mais das decisões tomadas na Casa Branca e no Kremlin do que da perícia dos militares no campo de batalha ucraniano. Estão em jogo o rumo da economia mundial e a expansão (predatória, para alguns) dos ideais do liberalismo ocidental em meio ao fortalecimento de nacionalismos (agressivos, na opinião de outros).

Segundo dados da ONU, 4.183 civis foram mortos até agora no conflito e 5.014 foram feridos. Mas esses números são apenas os casos confirmados – a estatística pode ser muito mais alta.

Os números de baixas militares ucranianas em geral não são divulgados e as estimativas sobre baixas russas não podem ser verificadas de forma independente – mas estima-se dezenas de milhares em ambos os lados.

Além disso, a guerra produziu ao menos 6 milhões de refugiados, que rumaram na maioria dos casos para países europeus, e cerca de 1,5 milhão de deslocados internos.

Segundo o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a Rússia controla 20% do território ucraniano e a linha de frente se estende por mais de mil quilômetros entre o leste e o sul do país.

Na Rússia, todos os órgãos de mídia independentes deixaram o país ou foram fechados. Centenas de empresas, lojas e cafés ocidentais também baixaram as portas e incontáveis empregos foram perdidos.

A economia russa não colapsou como previa o Ocidente com suas sanções, mas o país tem encontrado grande dificuldade de importar itens de alta tecnologia, especialmente semicondutores.

As opções de Washington

Na Casa Branca, há duas correntes de pensamento distintas. Uma delas quer pressionar por um rápido cessar-fogo, que deve incluir a cessão de territórios à Rússia por parte da Ucrânia.

Isso evitaria mais mortes a curto prazo, traria um alívio à economia mundial, que vive uma onda inflacionária, e reduziria o risco de uma guerra direta e de larga escala entre a Rússia e a OTAN (aliança militar ocidental). O medo maior, sem dúvida, é o da quebra do tabu nuclear.

A outra ala sustenta que os Estados Unidos e seus aliados europeus devem aumentar o apoio econômico, político e de armamentos à Ucrânia (sem mandar tropas) até a expulsão completa das tropas russas do território ucraniano.

A ideia dessa corrente é enfraquecer a Rússia de modo mais permanente, de forma que Moscou não possa lançar outras operações militares como a da Ucrânia. Para eles, um cessar-fogo agora só daria mais tempo para a Rússia se preparar melhor para tomar a Ucrânia.

Outros vão mais além, defendendo a própria desestabilização do regime russo.

Assim, do ponto de vista americano, independentemente da Rússia obter uma vitória parcial, anexando os territórios já conquistados, ou ser expulsa completamente dessas áreas, o importante é impedir que a Ucrânia se torne um Estado falido.

Essa ideia se reflete, em parte, em um ensaio recente do cientista político americano Francis Fukuyama, publicado na revista Foreign Affairs. Ele diz: “Se Putin minar a independência e a democracia ucranianas, o mundo vai voltar para uma era de nacionalismo agressivo e intolerante, reminiscente ao início do século XX”. Já um eventual fiasco econômico e militar da Rússia – que é governada de modo autoritário, segundo Fukuyama – fortaleceria os ideais de um mundo livre e democrático.

É preciso fazer a ressalva de que Fukuyama foi o autor, em 1989, do ensaio “O fim da história?”, que foi transformado em livro e afirmava que a democracia liberal do Ocidente seria a forma definitiva de governo no futuro. Isso não é exatamente o que está ocorrendo até agora.

Também é preciso dizer que o governo de Joe Biden não deixou claro qual caminho vai tomar: pressionar pela paz ou apoiar a Ucrânia até a vitória.

Ideologia à parte, a questão econômica também está longe de ser resolvida. Por um lado, ao fornecer armas à Ucrânia, Washington tem investido em sua base industrial de defesa, injetando dinheiro na economia e gerando recursos para o desenvolvimento de novas tecnologias bélicas. Os EUA também devem abrir mercado na Europa para a exportação de gás de xisto, na medida em que os europeus tentam substituir as importações de gás natural da Rússia.

Mas as sanções à Rússia também têm aspectos negativos para os EUA, como a inflação (que não pode ser atribuída só à guerra, pois houve uma pandemia, mas é agravada por ela). Outro problema para os EUA é a insegurança no mercado causada pelo congelamento da reserva de mais de US$ 600 bilhões que a Rússia tinha em dólares. A longo prazo, outras nações podem relutar em investir nesse tipo de reserva, o que pode enfraquecer a moeda americana.

O país também tenta impedir uma aproximação maior entre países como Rússia, China e índia, que poderia reduzir a influência econômica americana no Indo-Pacífico e até globalmente.

As opções de Moscou
A Rússia, por sua vez, vem tornando explícito há anos seu descontentamento com a expansão da OTAN para leste – com a inclusão na aliança de países que já haviam sido dominados pela ex-União Soviética. Desfrutando de uma posição militar e política mais forte nos últimos anos, a Rússia decidiu usar meios militares para fazer valer seu ponto de vista e invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro.

Após a Revolução de Maidan, que derrubou um governo pró-Rússia na Ucrânia em 2014, o Kremlin vem buscando a “desmilitarização” da Ucrânia. Ou seja, em seu conceito de defesa nacional, precisa ter um território neutro entre suas fronteiras e os países da OTAN.

O presidente Vladimir Putin ainda tem muitos recursos para escalar a guerra na Ucrânia, mas não tem feito isso. Seu governo chama o conflito de “operação militar especial”, para não dar a ideia de que se trata de uma guerra de sobrevivência da Rússia, mas sim uma operação importante, porém circunscrita a uma região estratégica específica.

Esse status quo corresponde a um acordo tácito que vigorava na Rússia desde o início do governo Putin, nos anos 2000. De forma muito geral: o governo se compromete a fornecer condições para que a população russa tenha estabilidade, prosperidade relativa, liberdades individuais e possibilidades de enriquecimento. Em contrapartida, a população não deve contestar as decisões políticas do governo, segundo artigo de Michael Kimmage e Maria Lipman na Foreign Affairs.

Para manter a estabilidade política no país, Putin tem duas opções. Uma delas é, após conquistar Donbas, declarar um cessar-fogo unilateral e clamar vitória anexando à Rússia (ou criando governos títeres) regiões industrializadas, ricas em recursos minerais e providas e de importantes “portos quentes”, cujas águas não congelam no inverno.

Ele também tem a opção de continuar a campanha militar de forma lenta – como vem fazendo – sem mobilizar mais tropas e recursos, mas conquistando aos poucos regiões ucranianas estratégicas, se valendo para isso da vantagem da artilharia russa. O risco dessa opção é que as armas de ataque prometidas pelo Ocidente cheguem em grande quantidade ao campo de batalha e permitam aos ucranianos realizarem uma contraofensiva de fato.

Mas Putin também pode declarar mobilização nacional e assim aumentar em grande escala o número de militares conscritos enviados à guerra, assim como a quantidade de armamentos. Com isso, ele poderia, por exemplo, não só anular a contraofensiva ucraniana, mas conquistar cidades como Odesa (acabando com a saída da Ucrânia para o mar) ou mesmo a capital Kyiv. Na prática, isso transformaria a Ucrânia em um Estado falido.

Mas essa opção pode causar um desequilíbrio político interno na Rússia. A conscrição em massa dos homens faria com que os russos passassem a ver a guerra na Ucrânia não como um conflito distante, mas como uma ameaça direta. Isso mudaria completamente a vida civil no país e necessitaria de uma justificativa mais robusta do que a atual mentira de “desnazificar” a Ucrânia, país visto como uma espécie de extensão da Rússia. O discurso teria que mudar para algo como “uma guerra do povo russo contra o Ocidente”, o que é uma opção muito arriscada.

Há ainda a opção de Moscou fazer uso de armas nucleares táticas, ou seja, bombas nucleares de menor potencial (com um décimo ou metade da potência da bomba de Hiroshima). A resposta do Ocidente possivelmente seria com um teste nuclear ou um ataque convencional contra a Rússia. Mas Putin tem se mostrado muito cauteloso em entrar em um confronto militar direto com a OTAN e essa hipótese parece menos provável.

As opções da Ucrânia
A Ucrânia tem a opção de trocar os territórios ocupados pela paz, mas não é isso que o governo tem sinalizado. Zelensky disse nesta sexta-feira (3) que a vitória será da Ucrânia e que o país fez o que era considerado “impossível” para deter a Rússia.

Assim, ele tem sinalizado que aposta na ajuda econômica e militar do Ocidente para expulsar o exército invasor de seu território.

Adotando um discurso inflamado de vitória desde o início da guerra, dificilmente Zelensky conseguiria no atual momento convencer a população de que é preciso ceder território. Suas forças armadas também teriam que ser convencidas. Elas até cogitam concessões, como o comprometimento em não entrar para a OTAN, mas se desmilitarizar ou ceder território é uma opção muito mais complicada.

Por tudo isso, um cessar-fogo não parece viável a curto prazo, mas pode ganhar força com a crescente pressão da comunidade internacional – aterrorizada pelo aumento do custo da energia, da consequente inflação e de uma possível crise mundial de alimentos.

Outra opção plausível é a relativa consolidação das linhas de frente e a transformação do conflito em uma guerra de atrito (que gera muita violência para pequenas conquistas de território), que pode se estender por meses ou anos – mas sem uma alteração significativa da atual intensidade. Isso assemelharia a guerra da Ucrânia ao que foi chamado de “guerras eternas” no Afeganistão, Iraque e Síria, por exemplo.

Não é possível descartar também a vitória de um dos lados, que poderia significar a manutenção da hegemonia americana ou um passo em direção ao multilateralismo (ou nacionalismo) propagandeado pelos russos. Mas o que parece certo é que caminhamos para um mundo mais instável e perigoso.


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A JUSTIÇA NÃO PODE PERSEGUIR A FAMÍLIA DOS RÉUS

 

Por
André Uliano – Gazeta do Povo


O deputado Daniel Silveira, na Câmara| Foto: Elaine Menke/Câmara dos Deputados

Imagine que o seu cônjuge está sendo processado por algum crime (ou que ele simplesmente está sendo perseguido judicialmente em virtude de suas opiniões políticas). Imagine agora que ele está foragido (ou que ele está simplesmente se recusando a cumprir decisões arbitrárias).

Imaginou? Ok. É aqui que entra a parte mais importante. Pense que um dia você acorda de manhã com o telefone tocando. É o seu genro. Ele está aos prantos. É que sua filha foi presa. O juiz determinou a prisão dela para forçar seu marido a se submeter à decisão (ou ao arbítrio, como queira).

Você sente sua cabeça girar. O seu estômago se retrai. A sensação de nojo, repugnância e injustiça invade a sua alma.

Mas não para por aí. No dia seguinte, é o seu filho quem liga. A conta bancária dele foi congelada. O dia do pagamento da mensalidade das crianças está próximo. Todo o salário dele foi confiscado. A ordem veio do mesmo juiz. Ele quer que o seu marido cumpra a decisão.

Nos dias que se seguem várias pessoas da sua família são alvo de perseguição. Mais tarde também as pessoas do círculo de amigos de seu marido começam ser vítimas de restrições.

Você acha que isso descreve uma democracia? É claro que não.

Em democracias, há muitos séculos um forte processo de humanização do processo penal foi deflagrado. Dentro desse processo, consagrou-se o que chamamos de princípio da intranscendência ou da personalidade da pena. Segundo esse postulado, ninguém pode ser responsabilizado – ou ter sua esfera jurídica diretamente afetada por qualquer forma que seja – em virtude de conduta cometida por terceiro.

Por isso, você jamais verá algo que se pareça com a história acima em qualquer democracia.

E no Brasil?

Bom, o Brasil parece-se cada vez mais com algo que não uma democracia, em grande parte por força de decisões heterodoxas que vem sendo proferidas.

Com efeito, se um viajante do tempo ingressasse na Delorean (o inolvidável automóvel da séria “De Volta para o Futuro”) durante o momento de esperança da Constituinte de 88 e fosse lançado para o período atual, após conversar com algum constitucionalista e receber as últimas notícias ele perguntaria se o levaram de volta para o final da década de 60 em pleno AI5. É que ele ouviria que parlamentares tem suas imunidades violentadas em crimes de fala, pessoas (inclusive deputados) são investigados por participarem de manifestações populares de rua, e grupos de determinado segmento político são perseguidas por fatos não previstos como crime sem a observância do devido processo legal em simulacros cujo desfecho já é conhecido de antemão em virtude da parcialidade dos julgadores.

Dentro desse contexto, segundo afirmado pela advogada Paola Daniel e amplamente veiculado pela mídia, o Ministro Alexandre de Moraes teria determinado o bloqueio e o sequestro de bens da conta da esposa do Deputado Daniel Silveira, em virtude de processo no qual apenas este último figura como réu.

Caso o fato se confirme, trata-se de episódio muito preocupante para a democracia e o Estado de Direito no Brasil. E não será o primeiro nesse caso. De fato, durante todo o procedimento, a atuação do STF foi marcada por indícios de parcialidade, refletida na seletividade (pessoas de esquerda que cometeram condutas semelhantes, mesmo sem gozarem de imunidade, e até que já defenderam expressamente o fechamento do STF não responderam penalmente); no açodamento (processo tramitou muito mais rápido do que o normal); na prática constante de ilegalidades processuais; e, na desproporcionalidade da pena aplicada.

Não bastasse, como já explicamos em detalhe em texto anterior, a punibilidade do parlamentar já foi extinta, visto que o Presidente da República concedeu indulto a Daniel Silveira. Com isso, qualquer imposição de cautelar nesta altura, mesmo contra o próprio deputado, já é um ato de violência judicial alheio ao Estado de Direito.

Agora, caso se confirme que seus familiares estão sendo perseguidos, trata-se de atrocidade sem precedente na vigência da atual ordem constitucional. É um retorno à barbárie. Fora da civilização é sabido que comumente quando o membro de um grupo é vítima de um crime, a resposta dá-se por meio de vingança contra toda a sociedade a que o autor do delito pertença.

Mas em Estados Constitucionais não funciona assim.

É importante salientar que não é que no Brasil aquela garantia não esteja previsto em nosso ordenamento. A Constituição Cidadã de 1988 é expressa em seu art. 5º, XLV, em afirmar que “nenhuma pena passará da pessoa do condenado”, consagrando o princípio de que tratamos acima.

A jurisprudência também é remansosa e pródiga na aplicação desse postulado humanista do processo penal. O próprio STF já lançou mão dele muitas vezes. Entre vários julgados que poderiam ser citados, no AC 1033, AgR-QO, de relatoria do Ministro Celso de Mello, julgado em 2006, ficou assentado:

“O postulado da intranscendência impede que sanções e restrições de ordem jurídica superem a dimensão estritamente pessoal do infrator”.

Em se confirmando as notícias, de lá pra cá, em termos de jurisdição constitucional, involuímos.


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CRIATIVIDADE NAS ESCOLAS

 

  1. Educação 

Pisa avalia isso pela 1ª vez

Competência, segundo especialistas, ajuda na aprendizagem dos conteúdos curriculares e é essencial para encarar os desafios do futuro

  • Leon Ferrari, O Estado de S.Paulo

Se dar aula de Química e Matemática já é difícil, como ensinar crianças e adolescentes a serem criativas? Em um tempo de mudanças rápidas e ampla oferta de informação, as escolas têm de preparar as próximas gerações para novos desafios. Muitas das profissões do futuro ainda nem existem, mas educadores dizem que é preciso estimular habilidades úteis em qualquer cenário. 

É por isso que, pela primeira vez, o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), prova da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), traz um teste cognitivo de pensamento criativo. Vai aferir a capacidade de alunos de 15 anos de arquitetar, avaliar e melhorar ideias que possam virar soluções originais e eficazes.

O teste do Pisa, aplicado até o último dia 31 no Brasil, dura 1 hora e a aferição de resultados se dá em relação a adequação, flexibilidade e/ou originalidade das soluções propostas. O aluno também responde a questionários sobre facilitadores e impulsionadores do pensamento criativo, para entender como os ambientes social e escolar estão ligados ao desenvolvimento de habilidades.

Criatividade
Nas salas de aulas do Centro de Inovação da Educação Básica Paulista (CIEBP), preparo para tecnologia e inovação Foto: FELIPE RAU/ESTADÃO

“Lendo um livro e completando exercícios, o aluno não vai desenvolver esse tipo de habilidades transversais do século 21. Precisa se envolver mais em atividades que façam sentido para ele. E ter tempo para isso, porque é difícil ser criativo em um minuto”, disse ao Estadão Natalie Foster, analista da OCDE. Os resultados do Pisa saem em 2024.

Mão na massa

Segundo a professora de Psicologia da PUC-Campinas Solange Wechsler, a criatividade envolve duas etapas principais: o pensamento divergente, de ter várias ideias para solucionar um problema; e o convergente, que é avaliar a adequação dessas ideias.

Todos, em maior ou menor grau, têm potencial criativo. Os níveis mais altos vêm do estímulo. É importante incentivar desde cedo, mas pode ser feito em todas as etapas de ensino e áreas do conhecimento. Não é exclusivo das disciplinas de Artes, como se associa. 

A OCDE estima que 14% dos empregos correm risco de ser totalmente automatizados e 32% mudarão significativamente com o avanço da robótica. Mas não é tão fácil substituir o pensamento criativo por máquinas. O relatório Futuro do Trabalho 2020, do Fórum Econômico Mundial, diz que a criatividade será a quinta habilidade mais requisitada pelo mercado para 2025. Além disso, crianças e jovens lidarão com emergências, como epidemias crises climáticas.https://arte.estadao.com.br/uva/?id=2v9lrQ

Segundo estudo da OCDE, em 11 países e com mais de 20 mil estudantes, a criatividade é um dos objetivos de currículos escolares da maioria – a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento do Ministério da Educação, inclui essa habilidade. Em geral, diz a organização, o problema é que a criatividade aparece na parte “aspiracional” ou introdutória dos currículos.

Falta decrição prática

Quando a OCDE mostrou ferramentas que ajudam a tornar a aprendizagem mais visível e tangível, os docentes se mostraram receptivos – sete de cada dez dizem ter usado. Para Solange, a escola criativa será aquela que reconhece que há vários estilos. “Você pode fazer visualmente o trabalho, escrever, compor música, dançar, enfim, diferentes maneiras de expressar o conteúdo.”

O pensamento criativo não deve tomar o tempo das competências técnicas exigidas nos currículos. Ao contrário, é aliado na aprendizagem. “Muitos estudos mostram que a inserção da criatividade na escola aumenta a sensação de bem-estar, leva ao aumento da frequência e melhora o desempenho, porque motiva alunos a participar, dar ideias e explorar possibilidades”, diz Tatiana Nakano, pesquisadora do Instituto Ayrton Senna.

Segundo ela, um dos obstáculos é que nos sistemas de ensino a memorização é o foco, o aluno tem pouco protagonismo e o erro é “punido”. “A criatividade tem a ver com se expor à possibilidade de erro e não sofrer crítica.” Formar melhor os docentes, defende, é um dos primeiros passos.

No espaço ekoa, em São Paulo, que atende crianças de até 7 anos, o pensamento criativo não é disciplina, mas está embutido nas atividades, diz o professor e coordenador de Corpo em Movimento da escola, Marcos Mourão. O colégio prioriza turmas multietárias, no protagonismo dos alunos e em atividades em vários espaços – sem sala fixa para as turmas –, com ênfase no ar livre. “A ideia é o professor oferecer situações exploratórias, de pesquisa e experimentação.”

Tendência
De olho no futuro, educadores no Espaço Ekoa em SP apostam no cognitivo para assim estimular a criatividade em crianças e jovens  Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO

“Entendemos que as crianças se deparam com problemas e têm capacidade de solucionar”, explica Ana Paula Yazbek, diretora pedagógica. Segundo ela, muitas vezes há surpresas, pois os menores sugerem aplicações a objetos que vão além da lógica adulta. 

No dia da visita do Estadão, em uma aula de corpo e movimento – similar à educação física –, o tema do dia era o pião. Primeiro, em uma sala, os pequenos se debruçam no tapete quadriculado para ver um minidocumentário. O vídeo mostra como a brincadeira é desenvolvida e de que materiais o brinquedo é feito em várias regiões, como a Amazônia e a periferia de São Paulo.

“Temos de ampliar o repertório deles”, explica Mourão.

No segundo momento, já na quadra, eles se dividem em grupos e cada um recebe uma variação do pião. Quem já entendeu como fazer o objeto rodopiar partilha dicas com o colega em dificuldade. “Deixa que te ensino”, diz uma aluna para outra. Mourão circula entre eles e dá explicações só quando é preciso, além de ajudá-los a confeccionar um peão com tampas de garrafa pet.

Sem boletim

Separada por um riacho do Parque da Chapada dos Veadeiros, em Alto Paraíso de Goiás (GO), a Escola Vila Verde também aposta em turmas com alunos de diferentes idades – no caso, bisseriadas. Em 2015, a instituição foi reconhecida pelo MEC como referência em inovação e criatividade. É mantida pelo Instituto Caminho do Meio, uma organização da sociedade civil, e oferece da educação infantil ao fundamental 2.

Para Fernando Leão, assessor pedagógico do instituto, a diferença da escola convencional é a metodologia de projetos, relação com a natureza e foco em aspectos psicossociais e socioemocionais. “A criatividade é ‘efeito colateral’ disso tudo.” No início do bimestre, o que norteia os conteúdos são projetos individuais, da turma e entre classes escolhidas pelos próprios alunos. Os temas são diversos, como compostagem, imigração na Europa e suicídio de adolescentes, de modo a trabalhar competências previstas e curriculares. Depois, o resultado é apresentado aos demais.

Não há boletim nem prova. O aluno recebe relatório qualitativo individual, sobre o desenvolvimento de sete conteúdos essenciais. Professores analisam a capacidade de emitir conceitos, memorizar, resolver problemas, além de autocuidado e relação com outros, a sociedade e o ambiente.

Os alunos auxiliam ainda na gestão da escola. Toda sexta-feira tem assembleia com as crianças e, dali, saem decisões coletivas: recentemente, avaliaram ser necessário mais uma casinha de madeira na escola. A partir disso, as crianças pensam em como arrecadar verba para construí-la. 

Tecnologia

Já o Centro de Inovação da Educação Básica Paulista (CIEBP), criado em 2020 pela Secretaria Estadual de São Paulo, quer expandir horizontes de alunos do fundamental, do médio e da Educação de Jovens e Adultos (EJA) pela tecnologia. Eles são chamados a pensar em problemas do futuro e expostos ao que pode ajudá-los a criar soluções.

A concepção dos centros, segundo Débora Garofalo, coordenadora do CIEBP e finalista do Global Teacher Prize (o Nobel da Educação), também parte do pressuposto que esses jovens já nascem “conectados”. “A escola tem grande papel de fazer com que esses meninos não sejam só consumidores de tecnologia, mas produtores. Com isso, desenvolvem habilidades como pensamento crítico e criatividade.”

Há 14 centros no Estado, com salas equipadas com computadores, iPads, placas de programação, câmeras, cortadoras a laser, microfones e martelos. O objetivo não é formar técnicos ou programadores, mas desenvolver habilidades que os ajudem no futuro

Os centros são instalados em áreas ociosas de escolas. O primeiro, por exemplo, divide espaço com a Escola Professora Zuleika de Barros Martins Ferreira, na zona oeste da capital. Enquanto as paredes do colégio são bege, as do centro alternam azul, verde e laranja vibrantes. Nelas, mensagens como “Sabe aquela ideia que você sonha em colocar em prática? Aqui é o lugar certo para começar” ou “Boas ideias para compartilhar, e muita vontade de inovar na educação” estão estampadas.

A reportagem participou de uma trilha de sustentabilidade no centro feita com turmas do ensino médio. Ao mesmo tempo em que responderam a dúvidas dos alunos, os professores traziam questões e incentivavam os jovens a colocar a “mão na massa”. Eles foram desafiados a fazer maquetes de uma vila sustentável, pensar em um podcast sobre o tema, além de desenvolver um jogo. A formação continuada de professores e gestores educacionais também é oferecida no centro.

PROPOSTAS DE LUCIANO HUCK PARA OS PRESIDENCIÁVEIS

 

Para fomentar debate na eleição presidencial

Foto: Leo Souza/Estadão

Por Redação

Apresentador de TV e empresário afirma, em artigo no ‘Estadão’, que há ainda muito jogo pela frente na campanha, apesar da polarização

Em artigo no Estadão, o apresentador de TV e empresário Luciano Huck afirma que há ainda muito jogo pela frente nesta eleição presidencial. Segundo ele, o pleito não está definido, apesar de antever uma campanha presidencial “dura e truculenta”.

O empresário e apresentador Luciano Huck convidou um grupo multidisciplinar para elaborar 22 propostas em áreas como educação, ambiente e seguridade social (Foto: Felipe Rau/Estadão)
O empresário e apresentador Luciano Huck convidou um grupo multidisciplinar para elaborar 22 propostas em áreas como educação, ambiente e seguridade social (Foto: Felipe Rau/Estadão) Foto: ESTADAO CONTEUDO / ESTADAO CONTEUDO

Para fomentar os debates até o dia 2 de outubro, quando os brasileiros escolherão o ocupante do Palácio do Planalto a partir de 2023, Huck lista 22 propostas em áreas como educação, ambiente e seguridade social, elaboradas por um grupo multidisciplinar, de todo o espectro político. Leia abaixo todas elas:

22 propostas para 2022

  1. Tornar fixo amplo programa de renda básica e aperfeiçoar seu cadastro nacional
  2. Revisar produtos da cesta básica e aumentar sua desoneração
  3. Fazer da diplomacia do Brasil referência mundial na pauta climática e ambiental
  4. Punir o desmatamento e premiar o morador da fronteira amazônica que não desmatar e impedir desmatamento
  5. Travar toda e qualquer iniciativa de regularização de grilagem de terras
  6. Retomar o programa de demarcação de reservas indígenas
  7. Multiplicar incentivos à bioeconomia e à agricultura sustentável
  8. Conectar toda a rede escolar pública à internet e acelerar o letramento digital dos alunos e dos professores
  9. Lançar um programa de revitalização do acolhimento à primeira infância
  10. Modernizar e ampliar a oferta do ensino profissional, aderente à economia moderna
  11. Adotar intersetorialidade e territorialidade como pilares de políticas sociais
  12. Estimular a agenda de políticas afirmativas e ampliar a diversidade de atores na sua formulação
  13. Fechar um pacto federativo pela responsabilidade fiscal, vetando aumento de custos recorrentes sem respectivo crescimento das receitas
  14. Aprovar uma reforma tributária ancorada na simplificação e progressividade de impostos
  15. Digitalizar documentos, sistemas de gestão e bancos de dados públicos
  16. Criar uma plataforma social integrada no ambiente digital
  17. Dar transparência à execução das despesas públicas pelos três Poderes
  18. Retomar o cumprimento da Lei de Acesso à Informação e estimular ferramentas de accountability
  19. Acabar com a possibilidade de reeleição para cargos no Executivo
  20. Manter a política de cláusula de barreiras a fim de reduzir número de partidos
  21. Democratizar estrutura e atividade internas dos partidos políticos
  22. Ampliar acesso ao Fundo Partidário e regulamentar uso do fundo eleitoral

INFLUENCIADORES NO BRASIL

BBB dita os líderes do marketing de influência no Brasil

Gláucio Amaral, Diretor executivo da Agência Ecco

No mundo atual, as redes sociais ditam o ritmo da sociedade, e no Brasil, essa influência acontece de uma forma extremamente poderosa. No caso do Brasil, o surgimento destes grandes nomes no mercado manifesta-se de diversas fontes, como é o caso do BBB.

Mesmo após 20 anos de sua estreia na televisão brasileira, o programa segue batendo recordes impressionantes de audiência, transformando os seus participantes em verdadeiras potências midiáticas literalmente do dia para noite.

No mundo atual, as redes sociais ditam o ritmo da sociedade. No Brasil, essa influência acontece de uma forma extremamente poderosa. Segundo dados publicados pela Hootsuite e WeAreSocial, o Brasil é o terceiro país que mais usa redes sociais, com mais 150 milhões de pessoas conectadas por 3h42m na média diária nesses aplicativos.

Por conta destes índices altíssimos, é possível observar a importância desse segmento em diversos elementos do dia-a-dia da sociedade, causando impactos diretos nos mais variados setores da coletividade. Sabendo reconhecer esse grande poder de ação, as marcas aproveitam desse caminho para fortalecer o seu impacto no mercado.

E os resultados realmente comprovam a eficiência. Segundo estudo recente do Instituto Qualibest, 76% dos internautas brasileiros já compraram algo ou utilizaram algum serviço indicado por uma propaganda feita por um influenciador digital. Como se não bastasse a alta taxa de sucesso, as chamadas campanhas de marketing de influência ganham ainda mais destaque ao levarmos em conta o ROI (sigla em inglês para retorno sobre investimento) desse tipo de ação, que rende às empresas US$ 5,78 para cada dólar aplicado, segundo estudo feito pela Marketing Hub.

Dessa forma, cada vez mais o mercado vem valorizando os chamados influenciadores digitais, potencializando o poder das marcas através de ações conjuntas nas redes. Nesse contexto, o surgimento dos criadores de conteúdos tornou-se um assunto a ser estudado e acompanhado mais de perto, na tentativa de entender de onde surgem esses figurões.

Uma fábrica de influenciadores

No caso do Brasil, o surgimento destes grandes nomes no mercado manifesta-se de diversas fontes. Memes, canais no YouTube ou o próprio carisma na rede social aparecem como fortes justificativas para o alto número de seguidores nas contas dos influenciadores nas redes. No entanto, o país convive com um elemento importante e que funciona além dessas lógicas: o BBB. Mesmo após 20 anos de sua estreia na televisão brasileira, o programa segue batendo recordes impressionantes de audiência, transformando os seus participantes em verdadeiras potências midiáticas literalmente do dia para noite.

O maior exemplo desse fenômeno aconteceu no ano passado. Juliette Freire foi anunciada como participante da 21ª edição da atração contando com pouco mais de 4 mil seguidores no seu Instagram. Pouco menos de um ano depois, a paraibana não só venceu a edição, faturando R$ 1,5 milhão, mas também conquistou o público brasileiro, somando a impressionante marca de 33 milhões de seguidores na rede.

O caso de Juliette é o case mais forte, porém é apenas um exemplo dentre tantos recentes que mostram como os participantes do BBB, sobretudo nas últimas duas edições, atraem o público brasileiro, se consolidando como os principais nomes dos influenciadores brasileiros nas redes sociais. Tanto que, apenas dois meses após deixar o programa, a campeã já estampava a campanha publicitária de dez empresas, embolsando certamente uma quantia superior ao grande prêmio do programa.

Fenômeno explicado

A justificativa do porquê um ex-BBB atingir um patamar de influenciador digital tão elevado, é uma complexa e intrigante combinação de fatores. No entanto, o primeiro deles é também o mais óbvio: a enorme popularidade da atração. Mesmo após 20 anos de sua estreia na televisão brasileira, o BBB segue batendo recordes impressionantes nas suas temporadas mais recentes. A edição de 2021 foi acompanhada por mais de 40 milhões de pessoas, ou um quinto da população brasileira, diariamente.

Vale dizer, no entanto, que a alteração na seleção dos participantes não foi o único motivo que explica a recente explosão midiática do BBB. Outro aliado importante nesse processo acabou sendo a pandemia do coronavírus. O fato do público se ver obrigado, de uma hora para outra, a ficar apenas em casa, mudou totalmente a lógica de como o entretenimento passou consumido no planeta. Sem as opções externas ou de aglomeração para o divertimento, uma grande parcela da população brasileira potencializou como o seu passatempo principal, curiosamente, um programa em que as pessoas ficam “presas” numa casa e são vigiadas durante as 24 horas do dia.

A STARTUP VALEON OFERECE SEUS SERVIÇOS AOS EMPRESÁRIOS DO VALE DO AÇO

Moysés Peruhype Carlech

A Startup Valeon, um site marketplace de Ipatinga-MG, que faz divulgação de todas as empresas da região do Vale do Aço, chama a atenção para as seguintes questões:

• O comércio eletrônico vendeu mais de 260 bilhões em 2021 e superou pela primeira vez os shopping centers, que faturou mais de 175 bilhões.

• Estima-se que mais de 35 bilhões de vendas dos shoppings foram migradas

para o online, um sintoma da inadequação do canal ao crescimento digital.

• Ou seja, não existe mais a possibilidade de se trabalhar apenas no offline.

• É hora de migrar para o digital de maneira inteligente, estratégica e intensiva.

• Investir em sistemas inovadores permitirá que o seu negócio se expanda, seja através de mobilidade, geolocalização, comunicação, vendas, etc.

• Temas importantes para discussão dos Shoppings Centers e do Comércio em Geral:

a) Digitalização dos Lojistas;

b) Apoio aos lojistas;

c) Captura e gestão de dados;

d) Arquitetura de experiências;

e) Contribuição maior da área Mall e mídia;

f) Evolução do tenant mix;

g) Propósito, sustentabilidade, diversidade e inclusão;

h) O impacto do universo digital e das novas tecnologias no setor varejista;

i) Convergência do varejo físico e online;

j) Criação de ambientes flexíveis para atrair clientes mais jovens;

k) Aceleração de colaboração entre +varejistas e shoppings;

l) Incorporação da ideia de pontos de distribuição;

m) Surgimento de um cenário mais favorável ao investimento.

Vantagens competitivas da Startup Valeon:

• Toda Startup quando entra no mercado possui o sonho de se tornar rapidamente reconhecida e desenvolvida no seu ramo de atuação e a Startup Valeon não foge disso, fazem dois anos que estamos batalhando para conquistarmos esse mercado aqui do Vale do Aço.

• Essa ascensão fica mais fácil de ser alcançada quando podemos contar com apoio dos parceiros já consolidados no mercado e que estejam dispostos a investir na execução de nossas ideias e a escolha desses parceiros para nós está na preferência dos empresários aqui do Vale do Aço para os nossos serviços.

• Parcerias nesse sentido têm se tornado cada vez mais comuns, pois são capazes de proporcionar vantagens recíprocas aos envolvidos.

• A Startup Valeon é inovadora e focada em produzir soluções em tecnologia e estamos diariamente à procura do inédito.

• O Site desenvolvido pela Startup Valeon, focou nas necessidades do mercado e na falta de um Marketplace para resolver alguns problemas desse mercado e em especial viemos para ser mais um complemento na divulgação de suas Empresas e durante esses dois anos de nosso funcionamento procuramos preencher as lacunas do mercado com tecnologia, inovação com soluções tecnológicas que facilitam a rotina dessa grande empresa. Temos a missão de surpreender constantemente, antecipar tendências, inovar. Precisamos estar em constante evolução para nos manter alinhados com os desejos do consumidor. Por isso, pensamos em como fazer a diferença buscando estar sempre um passo à frente.

• Temos a plena certeza que estamos solucionando vários problemas de divulgação de suas empresas e bem como contribuindo com o seu faturamento através da nossa grande audiência e de muitos acessos ao site (https://valedoacoonline.com.br/) que completou ter mais de 100.000 acessos.

Provas de Benefícios que o nosso site produz e proporciona:

• Fazemos muito mais que aumentar as suas vendas com a utilização das nossas ferramentas de marketing;

• Atraímos visualmente mais clientes;

• Somos mais dinâmicos;

• Somos mais assertivos nas recomendações dos produtos e promoções;

• O nosso site é otimizado para aproveitar todos os visitantes;

• Proporcionamos aumento do tráfego orgânico.

• Fazemos vários investimentos em marketing como anúncios em buscadores, redes sociais e em várias publicidades online para impulsionar o potencial das lojas inscritas no nosso site e aumentar as suas vendas.

Proposta:

Nós da Startup Valeon, oferecemos para continuar a divulgação de suas Empresas na nossa máquina de vendas, continuando as atividades de divulgação e propaganda com preços bem competitivos, bem menores do que os valores propostos pelos nossos concorrentes offlines.

Pretendemos ainda, fazer uma página no site da Valeon para cada empresa contendo: fotos, endereços, produtos, promoções, endereços, telefone, WhatsApp, etc.

O site da Valeon é uma HOMENAGEM AO VALE DO AÇO e esperamos que seja também uma SURPRESA para os lojistas dessa nossa região do Vale do Aço.

VOCÊ CONHECE A ValeOn?

A MÁQUINA DE VENDAS ONLINE DO VALE DO AÇO

TEM TUDO QUE VOCÊ PRECISA!

A Valeon é uma caixinha de possibilidades. Você pode moldar ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é colocar o consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn possibilita que você empresário consiga oferecer, especificamente para o seu consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a experiência e funcionalidades de uma tecnologia corporativa que atende as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio, também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser. Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.

A Startup Valeon um marketplace aqui do Vale do Aço volta a oferecer novamente os seus serviços de prestação de serviços de divulgação de suas empresas no nosso site que é uma Plataforma Comercial, o que aliás, já estamos fazendo há algum tempo, por nossa livre e espontânea vontade, e desejamos que essa parceria com a sua empresa seja oficializada.

A exemplo de outras empresas pelo país, elas estão levando para o ambiente virtual as suas lojas em operações que reúnem as melhores marcas do varejo e um mix de opções.

O objetivo desse projeto é facilitar esse relacionamento com o cliente, facilitando a compra virtual e oferecer mais um canal de compra, que se tornou ainda mais relevante após a pandemia.

Um dos pontos focais dessa nossa proposta é o lojista que pode tirar o máximo de possibilidade de venda por meio da nossa plataforma. A começar pela nossa taxa de remuneração da operação que é muito abaixo do valor praticado pelo mercado.

Vamos agora, enumerar uma série de vantagens competitivas que oferecemos na nossa Plataforma Comercial Valeon:

  • O Site Valeon é bem elaborado, com layout diferenciado e único, tem bom market fit que agrada ao mercado e aos clientes.
  • A Plataforma Valeon tem imagens diferenciadas com separação das lojas por categorias, com a descrição dos produtos e acesso ao site de cada loja, tudo isso numa vitrine virtual que possibilita a comunicação dos clientes com as lojas.
  • Não se trata da digitalização da compra nas lojas e sim trata-se da integração dos ambientes online e offline na jornada da compra.
  • No país, as lojas online, que também contam com lojas físicas, cresceram três vezes mais que as puramente virtuais e com relação às retiradas, estudos demonstram que 67% dos consumidores que compram online preferem retirar o produto em lojas físicas.
  • O número de visitantes do Site da Valeon (https://valedoacoonline.com.br/)  tem crescido exponencialmente, até o momento, temos mais de 120.000 visitantes e o site (https://valeonnoticias.com.br/) também nosso tem mais de 1.400.000 de visitantes.
  • O site Valeon oferece ao consumidor a oportunidade de comprar da sua loja favorita pelo smartphone ou computador, em casa, e ainda poder retirar ou receber o pedido com rapidez.
  • A Plataforma Comercial da Valeon difere dos outros marketplaces por oferecer além da exposição das empresas, seus produtos e promoções, tem outras formas de atrair a atenção dos internautas como: empresas, serviços, turismo, cinemas e diversão no Shopping, ofertas de produtos dos supermercados, revenda de veículos usados, notícias locais do Brasil e do Mundo, diversão de músicas, rádios e Gossip.

                                                                                                                                                                   Nós somos a mudança, não somos ainda uma empresa tradicional. Crescemos tantas vezes ao longo do ano, que mal conseguimos contar. Nossa história ainda é curta, mas sabemos que ela está apenas começando.

Afinal, espera-se tudo de uma startup que costuma triplicar seu crescimento, não é?

Colocamos todo esse potencial criativo para a decisão dos senhores donos das empresas e os consumidores.

E-Mail: valeonbrasil@gmail.com

Site: https://valedoacoonline.com.br/

Fones: (31) 98428-0590 / (31) 3827-2297

 

sábado, 4 de junho de 2022

DESASTRES AMBIENTAIS

 

Editorial
Gazeta do Povo

Bairro de Jardim Monteverde, região limítrofe entre Recife e Jaboatão dos Guararapes, atingido pelas fortes chuvas na Região Metropolitana do Recife


Deslizamentos de terra como o que causa sofrimento à população de Recife e Jaboatão dos Guararapes é um evento previsível por parte das prefeituras.| Foto: TV Brasil

De Petrópolis ao Recife, o roteiro da tragédia se repete. Em fevereiro, quase 250 pessoas morreram na cidade da região serrana do Rio de Janeiro, vítimas de enchentes e deslizamentos de terra. Na capital pernambucana, dias atrás, o mesmo cenário, com quase 130 mortos. Também em comum, o perfil de muitas das vítimas, que viviam nas chamadas “áreas de risco”, locais onde o excesso de chuvas costuma potencializar o desastre, seja pelo alagamento, seja porque os morros não oferecem a segurança necessária para as fundações das residências. E, a cada catástrofe, o Brasil se pergunta por que tantas mortes seguem acontecendo.

Ninguém vive em áreas de risco por opção. É ingênuo imaginar que esses brasileiros ignoram a possibilidade de uma enchente ou deslizamento. Se vivem nesses locais, é quase sempre por não terem outra escolha, fazendo um cálculo forçado de custo-benefício entre correr o risco de perder a vida em um desastre e simplesmente não ter um teto sob o qual morar. Em alguns casos, políticas de reassentamento mal formuladas ignoram que naquelas casas erguidas de forma precária estão investidas todas as economias de uma família, ou levam comunidades inteiras para locais distantes, privando-as de oportunidades de trabalho e meios de subsistência; nessas circunstâncias, não surpreende que haja quem resista à desocupação, ou que áreas onde houve a remoção voltem a ser habitadas em pouquíssimo tempo.

Há muito oportunismo político e ideológico que se beneficia da manutenção de brasileiros pobres em locais vulneráveis a tragédias

Há situações em que é possível reduzir bastante ou eliminar os riscos por meio de obras de saneamento básico, contenção de encostas e demais melhorias de infraestrutura. No entanto, em muitos outros casos não há outra saída a não ser a remoção, especialmente em áreas ambientalmente degradadas, onde os elementos naturais que garantiriam maior estabilidade ao terreno já se foram e não há como recuperá-los enquanto houver ocupação humana. Nestes casos, é dever do poder público elaborar políticas inteligentes de reassentamento, que incluam, por exemplo, o pagamento de indenizações adequadas, o aproveitamento de imóveis desocupados em regiões centrais, ou a construção de moradias em áreas novas que possam ser rapidamente integradas à cidade por meio de serviços públicos como transporte coletivo, saúde e educação.

Em ocasiões como essas, o jornalismo, cumprindo sua função de fiscal do poder público, costuma mostrar, usando os orçamentos e os dados sobre o uso dos recursos públicos, que muito raramente os governos aplicam integralmente o dinheiro previsto para a prevenção de desastres ou para que as pessoas que vivem em áreas de risco sejam realocadas em outros locais, com segurança. Esses gestores precisam, sim, ser chamados à responsabilidade – mas não apenas eles. Há muito oportunismo político e ideológico que se beneficia da manutenção de brasileiros pobres em locais vulneráveis a tragédias. Ativistas sociais, membros do MP, defensores públicos e até parlamentares se opõem a esforços legítimos de governos usando todo tipo de justificativa, de “respeito aos direitos humanos” à luta contra uma suposta “gentrificação” de áreas bem localizadas. Em um caso recente, a bancada do PSol na Câmara Municipal de São Paulo foi contrária a um projeto de lei que instituía um bônus a ser pago, além do valor de avaliação, a famílias que deixassem suas casas construídas em áreas de risco.


Enchentes provocadas por chuvas acima do normal são fenômenos que ocorrem até mesmo em países muito desenvolvidos – mas as vítimas, quando as há, são em número muito menor que em eventos similares ocorridos no Brasil, justamente porque há investimento não apenas na prevenção de desastres, mas também em políticas racionais de ocupação do solo. Com as tragédias se repetindo com triste frequência, é impossível alegar que o Brasil não sabe o que tem de ser feito, em que locais, de que forma e a que custo, para evitar mais mortes. Se elas continuam ocorrendo, é graças aos omissos e aos oportunistas, que têm nas mãos o sangue daqueles que foram levados pela água e pela lama.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/editoriais/recife-desastre-omissos-oportunistas/
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LULA E SEU PALAVRÓRIO

 

Opinão
Por
Guilherme Macalossi – Gazeta do Povo


Dilma, Lula e Alckimin durante evento do PT em Porto Alegre.| Foto: Montagem,/Ricardo Stuckert/PT

A retórica é a grande força de Lula, mas também sua fraqueza. Pessoas que gostam da própria voz tendem a se auto encantar ao se ouvir. E o ex-presidente, como é sabido por todos, gosta de falar. E, nos últimos tempos, principalmente para convertidos. Quando chegou a poder em 2003, o líder petista era cercado de cérebros privilegiados na esquerda. Seu grande articulador político era José Dirceu, de quem jamais foi próximo ou amigo. Não compartilhavam das mesmas opiniões, mas se completavam. A situação mudou. Os escândalos de corrupção tragaram boa parte dessas figuras. Hoje ele é cercado de sabujos que o idolatram em uníssono. A ausência de contestação e o servilismo quase messiânico, que precede o bolsonarismo, alimentam os vícios de Lula, que fala cada vez mais certo de que suas palavras são a lei e única verdade.

Na entrevista que concedeu a mim e a colegas na Rádio Bandeirantes, Lula se enrolou na própria retórica. O questionei sobre ter um cheque em branco para governar o país e como negociaria com o Congresso de Arthur Lira. Em sua resposta, o ex-presidente afirmou que dialogava com todos, inclusive os que participaram do, nas palavras dele, “golpe contra Dilma Rousseff”. O provoquei então sobre a posição de seu atual vice, Geraldo Alckmin, que, na época, defendeu o afastamento da então mandatária. “Não fale isso que não é verdade”, retrucou. Eu insisti, induzindo Lula a reafirmar a versão: “Geraldo Alckmin era contra o impeachment de Dilma?”. Lula narrou então que Alckmin “não só era contra como ele pediu o parecer de um advogado que deu um parecer contra o impeachment”.

De imediato, esse trecho da entrevista girou o país, colado a uma entrevista de 2016 ao SBT em que o ex-governador de São Paulo justificava como correta a posição do PSDB em votar “favoravelmente ao impeachment”. O flagra da tentativa de mudar a história repercutiu no mundo político, principalmente em setores importantes da esquerda que foram obrigados a engolir em seco a incomoda e pragmática aliança com o ex-tucano. O desmentido, afinal, se dava na véspera de uma agenda oficial de Lula, Alckmin e Dilma no Rio Grande do Sul. Foi necessário muito afago público entre os protagonistas do episódio para tentar abafar o constrangimento da situação. Em vão.

Também repercutiu a resposta de Lula sobre a interlocução com o mercado. Perguntei quem era o formulador econômico da campanha petista, e mencionei supostas conversas com Pérsio Arida. Lula disse então que Arida “foi indicado pelo companheiro Alckmin para conversar com a Fundação Perseu Abramo sobre o programa de governo”. Nesta quinta, na coluna “Painel”, na Folha de São Paulo, o economista, que foi um dos criadores do Plano Real, negou tal informação. Disse que teve “uma conversa com Aloizio Mercadante em março”, mas que nada sabia “do programa de governo do PT”. Mais um desmentido.

Vigaristas e ignorantes travestidos de jornalistas acreditam que entrevistar é tomar partido, e que ouvir o entrevistado e deixá-lo falar é o mesmo que subscrever suas ideias. Desconhecem qualquer técnica porque tudo o que entendem é a linguagem militante da pancadaria, da polêmica pela polêmica, da subserviência ao alarido das redes sociais e a necessidade incessante de chocar, mesmo que para isso precisem penhorar qualquer fiapo de pudor ou resquício de integridade. Afundados no ressentimento, não produzem nada, a não ser bile.

Na entrevista para a Rádio Bandeirantes, Lula pode falar livremente. Sem que entrevistadores e entrevistado caíssem no bate-boca pueril, que serviria apenas para alegrar bolhas ideológicas, o petista perdeu mais do que ganhou. Está, afinal, a uma semana sendo exposto pelos espectadores atentos e pelo jornalismo profissional. Quem venceu foi o público, que viu, por trás de todo aquele palavrório desenfreado, um conjunto de falsificações.


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STF EXTRAPOLA NAS SUAS DECISÕES

 

Cidadania em risco

Por
Alexandre Garcia


O presidente do STF, Luiz Fux, foi desconvidado para uma palestra no Rio Grande do Sul.| Foto: Nelson Jr./SCO/STF

Penso que um dos maiores momentos da cidadania ocorreu semana passada, quando o empresariado do pujante município gaúcho de Bento Gonçalves desconvidou o presidente do Supremo, ministro Luiz Fux, de uma palestra no Centro de Indústria, Comércio e Serviços. O título da palestra seria “Risco Brasil e a Segurança Jurídica”. Soou como um deboche, já que a Suprema Corte tem sido o foco dessa insegurança. Hoje estou no Rio Grande do Sul e soube que o mesmo pode ocorrer com o convite ao ex-presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli, em relação a uma palestra num evento em Gramado.

Ontem ao ser condecorado na Assembleia Legislativa, eu mencionei o episódio ao ocupar a tribuna. O orador anterior, deputado Macedo, fizera menção do incidente de Bento Gonçalves. Um incidente que saudei como intolerância do bem, porque a cidadania tem tolerado muito – e o exercício da passividade não é o exercício da cidadania.

A tolerância tem encorajado avanços cada vez maiores nas nossas liberdades. Quando senadores, num julgamento presidido pelo então chefe do Supremo, ministro Lewandowski, rasgaram o parágrafo da Constituição que estabelecia oito anos de impedimento em cargo público para a presidente condenada e todos ficamos calados, nossa omissão autorizava atos futuros semelhantes. E vieram.

Sob o pretexto da pandemia, o Supremo deu poderes a prefeitos e governadores de ficarem acima de cláusulas pétreas da Constituição, que tratam de direitos e garantias fundamentais, e que só poderiam ser mudadas por uma nova Constituinte. No entanto suprimiu-se o direito de ir e vir, de reunião e de culto.

Antes já se havia suprimido a exigência do Ministério Público, num inquérito criado pelo Supremo, em que a suposta vítima é a investigadora, é quem denuncia e julga e também executa a pena. O passo seguinte a esse “inquérito de fim do mundo” como o chama o ministro Marco Aurélio, foi suprimir o artigo 220 da Constituição, que trata da liberdade de expressão em qualquer plataforma e veda qualquer tipo de censura.

Nosso silêncio, nossa omissão, foi autorizando a lenta substituição da Constituição por juízes constituintes. Estamos como o sapo que se sente confortavelmente aquecido na panela sobre o fogo. Por isso que o despertar da cidadania em Bento Gonçalves e agora em Gramado, pode ser visto como esperança de fim dessa tolerância servil. Uma intolerância democrática, legalista, se levanta, nos sacode a cidadania. Temos, na nossa história muitos exemplos, da busca da liberdade, ainda que tardia. As vozes legalistas podem ter a força do basta aos que estão indo além de seus deveres. A voz da intolerância cidadã é a força da democracia.


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