quinta-feira, 12 de maio de 2022

NEM TODAS AS EMPRESAS ESTÃO PRONTAS PARA ACELERAR A INOVAÇÃO

 

Autor: Felipe Novaes – The Bakery

Larry Fink, o CEO da BlackRock, maior gestora de investimentos do mundo, certa vez escreveu em sua tradicional carta anual ao mercado: “todas as empresas e todos os setores serão transformados pela transição para uma realidade de emissão zero. A pergunta é: você conduzirá ou será conduzido até lá?”. O questionamento de Flink vai muito além das questões de sustentabilidade. Reflete o desejo de todo profissional de inovação no fim do dia, que é priorizar suas apostas e acelerar os resultados obtidos com elas – ao ser um agente ativo (e não passivo) dessa transformação. E isso nos leva a uma segunda questão. Você está satisfeito com a velocidade das suas apostas?

De acordo com a McKinsey, 84% dos CEOs não estão. Embora eles acreditem na importância da inovação para o crescimento da companhia, apenas 6% estão satisfeitos com a performance de suas empresas nessa área. Na prática, o ritmo aquém do esperado obriga um CEO, quando presta contas, a dizer que as metas previstas para 2022 serão alcançadas em 2025 e, no ano seguinte, adiar para 2030. Soa familiar? Cada vez que isso acontece, empresas candidatam-se a perder credibilidade e valor de mercado. E essa pressão recai sobre as chamadas lideranças da inovação, que recebem a missão-quase-impossível de permear a cultura no presente e se antecipar quanto ao futuro.

A responsabilidade não é pequena e, segundo números do Boston Consulting Group, apenas 20% das organizações estão preparadas para escalar a inovação e implantar soluções com eficiência. Esse momento, que eu também chamo de “fase dois” – do qual pouco se fala – é o único caminho possível para se colher os resultados da inovação.

Na hora de inovar, há quem queira copiar o que se aprende em benchmarks, ou criar uma série de iniciativas com um nome bonito e publicitário. Esse caminho é ineficiente. Acredite: essa estratégia de inovação precisa ser repensada.

Não raro, programas de intraempreendedorismo, por exemplo, se encerram com o cheque de alguns milhares de reais como prêmio e nada além disso. São programas como esses, desenhados sem um caminho posterior estruturado, que não deixam claro como ajudarão a organização a sobreviver nos próximos anos. Evitam a complexidade na qual determinadas empresas não se arriscam a pensar.

Fazer seus próprios times agirem como empreendedores requer mais do que as horas de treinamento ou um canal de submissão de ideias que acreditamos ser necessários para transformar o nosso negócio. Requer encarar que os nossos processos e a aversão à tal complexidade podem ser entraves que inviabilizam a inovação. Requer que novas ideias tenham a chance de ganhar vida. Requer compartilharmos não só o risco, mas também os potenciais ganhos futuros com quem nunca imaginamos ter como sócios.

Pressionadas por inovar, há organizações que se perdem, pulam etapas, ou desenham programas que não se encaixam no que elas precisam. Que ignoram que, por mais que esses desenhos resultem em notícias e apresentações inspiradoras, chegar na “fase dois” – de dar escala à inovação e implantar soluções com eficiência – requer velocidade e abordagens que, provavelmente, a empresa “não está disposta a adotar atualmente”.

E você? Quanto tempo gasta revisitando processos para colocar a sua inovação em prática?

PITCH DA ValeOn

1 – PROBLEMAS QUE A STARTUP ValeOn RESOLVE:

A dinâmica empresarial cria fluxos no qual a população busca por produtos e serviços cada vez mais especializados. Desse modo a dinâmica e a rede comercial gera interferências em todas as cidades aqui do Vale do Aço.

Existem as mudanças de costumes e hábitos inseridos na sociedade que por meio das tecnologias acessíveis e do marketing chegam até aos menores lugares, levando o ideário de consumismo e facilitando que esses locais igualmente tenham oportunidade de acesso aos diversos produtos.

A facilidade no acesso as novas tecnologias, à propaganda e estímulo ao consumismo fazem com que mesmo, com o comércio físico existente nessas cidades, ocorra a difusão das compras por meio da internet.

O setor terciário agrega as atividades que não fazem e nem reestruturaram objetos físicos e que se concretizam no momento em que são realizadas, dividindo-se em categorias (comércio varejista e atacadista, prestação de serviços, atividades de educação, profissionais liberais, sistema financeiro, marketing, etc.)

Queremos destacar a área de marketing que é o nosso negócio que contribui na ampliação do leque de informações através da publicidade e propaganda das Empresas, Serviços e Profissionais da nossa região através do site que é uma Plataforma Comercial da Startup ValeOn.

A Plataforma Comercial da Startup ValeOn é uma empresa nacional, desenvolvedora de soluções de Tecnologia da informação com foco em divulgação empresarial. Atua no mercado corporativo desde 2019 atendendo as necessidades das empresas que demandam serviços de alta qualidade, ganhos comerciais e que precisam da Tecnologia da informação como vantagem competitiva.

Nosso principal produto é a Plataforma Comercial ValeOn um marketplace concebido para revolucionar o sistema de divulgação das empresas da região e alavancar as suas vendas.

A Plataforma Comercial ValeOn veio para suprir as demandas da região no que tange à divulgação dos produtos/serviços de suas empresas com uma proposta diferenciada nos seus serviços para a conquista cada vez maior de mais clientes e públicos.

2 – O QUE FAZ A STARTUP ValeOn

A Statup ValeOn através do seu site que é uma Plataforma Comercial feita para fazer publicidade e propaganda online das Empresas, Serviços e Profissionais Liberais da região do Vale do Aço para as suas 27 (vinte e sete) cidades.

A nossa Plataforma de Compras e Vendas que ora disponibilizamos para utilização das Empresas, Prestadores de Serviços e Profissionais Autônomos e para a audiência é um produto inovador sem concorrentes na região e foi projetada para atender às necessidades locais e oferecemos condições de adesão muito mais em conta que qualquer outro meio de comunicação.

3 – VALEON É UM MARKETPLACE – QUE FAZ UM MARKETPLACE?

Marketplace é um site de comércio eletrônico no qual são anunciados produtos das empresas, serviços e profissionais liberais dos parceiros anunciantes.

Um marketplace funciona como um shopping virtual e dessa forma as vantagens desse modelo de negócio atinge todos os envolvidos.

Os consumidores podem comparar os preços, orçamentos e avaliações de vários profissionais nesta vitrine online de conquistar mais clientes.

Marketplace é na realidade uma junção de palavras: Market (mercado em inglês) e Place (lugar em inglês). É basicamente, um lugar onde se faz comércio.

O marketplace remete a um conceito mais coletivo de vendas online. Nessa plataforma, diferentes lojas podem anunciar seus produtos dando aos consumidores um leque de opções.

4 –  MERCADO DA STARTUP ValeOn

O nosso mercado será atingir os 766 mil habitantes do Vale do Aço e poder divulgar os produtos / serviços para vocês clientes, lojistas, prestadores de serviços e profissionais autônomos e obter dos consumidores e usuários a sua audiência.

Viemos para suprir as demandas da região no que tange a divulgação de produtos/serviços cuja finalidade é a prestação de serviços diferenciados para a conquista cada vez maior de mais clientes e públicos.

O QUE OFERECEMOS E VANTANGENS COMPETITIVAS

5 – DIFERENCIAL DA STARTUP ValeOn?

  • A ValeOn inova, resolvendo as necessidades dos seus clientes de forma simples e direta, tendo como base a alta tecnologia dos seus serviços e graças à sua equipe técnica altamente capacitada.
  • A ValeOn foi concebida para ser utilizada de forma simples e fácil para todos os usuários que acessam a sua Plataforma Comercial , demonstrando o nosso modelo de comunicação que tem como princípio o fácil acesso à comunicação direta com uma estrutura ágil de serviços.
  • A ValeOn atenderá a todos os nichos de mercado da região e especialmente aos pequenos e microempresários da região que não conseguem entrar no comércio eletrônico para usufruir dos benefícios que ele proporciona.
  • A ValeOn é altamente comprometida com os seus clientes no atendimento das suas demandas e prazos. O nosso objetivo será atingir os 766 mil habitantes do Vale do Aço e poder divulgar para eles os produtos/serviços das empresas das diversas cidades que compõem a micro-região do Vale do Aço e obter dos consumidores e usuários a sua audiência.

6 – OBJETIVOS FUTUROS DA STARTUP ValeOn

Vamos tornar a nossa marca ValeOn conhecida em toda a região como uma forma de ser desenvolvedora do comércio da região e também de alavancar as vendas do comércio local.

7 – DESCRIÇÃO DA STARTUP ValeOn

A Plataforma Comercial da ValeOn é um site moderno, responsivo, profissional, projetado para atender às necessidades dos serviços da região onde existem várias formas de busca: por cidades, por empresas, por produtos, por atividades, por município e por procura.

Detalhe interessante dessa inovação da ValeOn é que os lojistas/prestadores de serviços/profissionais autônomos inscritos na Plataforma não precisarão fazer nenhuma publicidade ou propaganda, quem o fará é a equipe da ValeOn responsável pela plataforma.

Sobre a publicidade de divulgação dos nossos clientes será feita em todas as redes sociais: Facebook, Instagran, WhatsApp, Google, Linkedin, Rádios locais, Jornais locais e onde for possível fazê-la.

Ao entrar no nosso site você empresário e consumidor terá a oportunidade de verificar que se trata de um projeto de site diferenciado dos demais, pois, “tem tudo no mesmo lugar” e você poderá compartilhar além dos conteúdos das empresas, encontrará também: notícias, músicas e uma compilação excelente das diversas atrações do turismo da região.

8- EQUIPE DA ValeOn

Somos PROFISSIONAIS ao extremo o nosso objetivo é oferecer serviços de Tecnologia da Informação com agilidade, comprometimento e baixo custo, agregando valor e inovação ao negócio de nossos clientes e respeitando a sociedade e o meio ambiente.

Temos EXPERIÊNCIA suficiente para resolver as necessidades dos nossos clientes de forma simples e direta tendo como base a alta tecnologia dos nossos serviços e graças à nossa equipe técnica altamente especializada.

A criação da startup ValeOn adveio de uma situação de GESTÃO ESTRATÉGICA apropriada para atender a todos os nichos de mercado da região e especialmente os pequenos empresários que não conseguem entrar no comércio eletrônico para usufruir dos benefícios que ele proporciona.

Temos CONHECIMENTO do que estamos fazendo e viemos com o propósito de solucionar e otimizar o problema de divulgação das empresas da região de maneira inovadora e disruptiva através da criatividade e estudos constantes aliados a métodos de trabalho diferenciados dos nossos serviços e estamos desenvolvendo soluções estratégicas conectadas à constante evolução do mercado.

9 – CONTATOS

Nossos contatos: Fones: (31) 3827-2297 e (31) 98428-0590 (Wpp)

E-MAIL: valeonbrasil@gmail.com

Site: https://valedoacoonline.com.br/

quarta-feira, 11 de maio de 2022

EXÉRCITO DA RÚSSIA NÃO É O QUE SE ESPERAVA DELE

 

The Economist

Foto: Carlos Barria/REUTERSPor The Economist – Jornal Estadão

Fiasco na Ucrânia poderia ser reflexo de má estratégia ou de uma força de batalha ruim

O trabalho de organizar o maior exercício militar da Otan desde o fim da Guerra Fria manteve o almirante James Foggo, então comandante das forças navais americanas na Europa e na África, ocupado durante o verão de 2018. O Trident Juncture deveria reunir 50 mil soldados, 250 aeronaves e 65 navios de guerra no Ártico europeu em outubro. A movimentação logística de tamanha magnitude foi café-pequeno em comparação ao que a Rússia planejava fazer em setembro na Sibéria. Os exercícios Vostok deveriam ter sido os maiores organizados por Moscou desde os colossais exercícios Zapad, de 1981, gabou-se o ministro da Defesa russo, SergUei Shoigu – deveriam envolver 300 mil soldados, mil aeronaves e 80 navios de guerra.Leia tambémLíder da banda Pussy Riot, crítica de Putin, escapa da Rússia vestida de entregadora

Foi um feito enorme. “Para nós, foi um esforço enorme transportar 50 mil pessoas para o campo de batalha”, recordou-se o almirante Foggo. “Como eles tinham conseguido aquilo?”. A resposta, ele eventualmente descobriu, foi que eles não fizeram aquilo. Uma companhia de soldados (150, no máximo) foi contabilizada em Vostok como um batalhão ou até um regimento (de aproximadamente 1.000 homens). Navios de guerra foram registrados como esquadras inteiras. Essa trapaça pode ter sido um sinal de alerta de que nem tudo é o que parece nas Forças Armadas russas, antes mesmo delas terem atolado nos subúrbios de Kiev.

“Não é um Exército profissional que combate por lá”, afirmou o almirante Foggo. “Eles parecem um bando, uma ralé indisciplinada.” Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, em 24 de fevereiro, as forças russas conseguiram capturar apenas uma cidade grande, Kherson, juntamente com ruínas de Mariupol e fatias do Donbas, a região industrial do leste ucraniano que os russos ocuparam parcialmente em 2014 e agora esperam conquistar totalmente. Esse resultado pífio custou 15 mil vidas de soldados russos, de acordo com uma recente estimativa britânica, excedendo em dois meses as perdas soviéticas em uma década de guerra no Afeganistão. A invasão foi claramente um fiasco. Mas em que medida reflete as verdadeiras capacidades militares da Rússia? Perguntam-se generais ocidentais estupefatos.

Na véspera da guerra, a força de invasão russa era considerada formidável. Agências de inteligência americanas estimavam que Kiev cairia em questão de dias. Algumas autoridades europeias pensaram que a capital ucraniana resistiria poucas semanas. Ninguém imaginou que a cidade receberia autoridades como Antony Blinken e Lloyd Austin, respectivamente os secretários americanos de Estado e da Defesa, dois meses após o início dos combates. Todos acreditaram que a Rússia faria na Ucrânia o que os EUA fizeram no Iraque em 1991: uma campanha de choque e pavor, de força avassaladora, que submeteria o país de maneira rápida e decisiva.

Macron e Scholz mostram apoio à Ucrânia no Portão de Brandemburgo

Os líderes da França e da Alemanha mostraram apoio à Ucrânia no Portão de Brandemburgo. Em Paris, a Torre Eiffel também ganhou as cores da Ucrânia.

Essa crença tinha como base a presunção de que a Rússia havia realizado o mesmo tipo de reforma militar, de cabo a rabo, que os EUA haviam feito durante o hiato de 18 anos entre sua derrota no Vietnã e sua vitória na primeira Guerra do Golfo. Em 2008, a guerra da Rússia contra a Geórgia, um país com menos de 4 milhões de pessoas, apesar de finalmente bem-sucedida, expôs vicissitudes do Exército russo. A Rússia usou em batalha equipamentos obsoletos, teve dificuldade para localizar a artilharia georgiana e se atrapalhou em seu comando e controle. Num estágio determinado, o Estado-Maior russo alegadamente ficou sem conseguir contato com o ministro da Defesa por dez horas. “É impossível não notar um lapso entre teoria e prática”, reconheceu um comandante militar russo na época. Para encerrar esse lapso, as Forças Armadas diminuíram em tamanho e ganharam um lustro.

Espadas de ambição

O gasto militar russo, quando mensurado de maneira apropriada — ou seja, em taxas de câmbio ajustadas em função do poder de compra —, quase dobrou entre 2008 e 2021, aumentando para mais de US$ 250 bilhões, cerca de três vezes os níveis do Reino Unido ou da França. Aproximadamente 600 aviões, 840 helicópteros e 2,3 mil drones novos foram adicionados ao arsenal entre 2010 e 2020. Novos tanques e mísseis foram ostentados em paradas militares em Moscou. A Rússia testou técnicas e equipamentos novos no Donbas, após sua primeira invasão à Ucrânia, em 2014, e em sua campanha para sustentar o ditador sírio, Bashar Assad, no ano seguinte.

Um general europeu aposentado afirma que assistir esse Exército reformulado fracassar o recorda de uma visita à Alemanha Oriental e à Polônia depois do fim da Guerra Fria, quando ele viu o inimigo de perto. “Percebemos que o 3.º Exército de Choque era uma m…”, afirmou ele, referindo-se a uma renomada formação militar soviética com base em Magdeburgo. “Permitimo-nos novamente tropeçar na propaganda que eles colocam no nosso caminho.” Era sabido que o Exército russo tinha problemas, afirma Petr Pavel, general checo aposentado que presidiu o comitê militar da Otan entre 2015 e 2018, “mas a abrangência desses problemas surpreendeu muitos, incluindo a mim mesmo — pois achei que os russos tinham aprendido a lição”.

Corpo de um soldado russo é abandonado em vilarejo na região de Kharkiv, na Ucrânia

Corpo de um soldado russo é abandonado em vilarejo na região de Kharkiv, na Ucrânia 

A interpretação benevolente é que o Exército russo não tem cambaleado na Ucrânia tanto por conta de suas próprias deficiências, mas em razão das ilusões de Putin. Sua insistência em planejar a guerra secretamente complicou o planejamento militar. A FSB, sucessora da KGB, disse-lhe que a Ucrânia estava repleta de agentes russos e cairia rapidamente. Isso provavelmente produziu a insensata decisão de iniciar a guerra enviando paraquedistas com armas leves para a tomada de um aeroporto na região de Kiev e colunas solitárias de blindados avançarem sobre a cidade de Kharkiv, o que causou baixas pesadas em unidades de elite.

Ainda assim, com esse malogrado coup de main, o Exército escolheu então invadir o segundo maior país da Europa por várias direções, dividindo cerca de 120 grupos táticos de batalhão (BTGs) em contingentes de forças isoladas e ineficazes. A tática ruim, por sua vez, combinou-se a uma estratégia ruim: blindados, infantaria e artilharia combateram em campanhas desconectadas. Tanques que deveriam ter sido protegidos com infantaria terrestre vaguearam solitários e acabaram emboscados e capturados pelos ucranianos. A artilharia, principal esteio do Exército russo desde o período czarista, apesar de direcionada com ferocidade contra cidades como Kharkiv e Mariupol, não foi capaz de romper as linhas ucranianas em torno de Kiev.

Problemas em profusão

Nas semanas recentes, autoridades e especialistas debateram as causas do fracasso russo. Alguns estabeleceram comparações com o colapso do Exército francês em 1940. Mas esta analogia não cabe, afirma Christopher Dougherty, ex-estrategista do Pentágono. “A França fracassou porque seguia uma doutrina ruim”, afirma ele. “O fracasso da Rússia se deve em parte ao seu Exército não adotar nenhuma doutrina nem princípios básicos de guerra.”

Falta de experiência é parte do problema. Conforme notou certa vez o historiador Michael Howard, a técnica que um oficial militar aprimora “é quase singular, no sentido de que ele somente terá de exercê-la uma vez em sua vida, se chegar a tanto. É como se um cirurgião praticasse a vida inteira em bonecos para realizar uma única operação”. Os EUA têm segurado o bisturi quase continuamente desde o fim da Guerra Fria; no Iraque, nos Bálcãs, no Afeganistão, na Líbia, na Síria etc. A Rússia não combate numa guerra dessa magnitude contra um Exército organizado desde que tomou a Manchúria do Japão, em 1945.

Estratégias das quais a Rússia conseguiu se valer em guerras menores, no Donbas e na Síria — como usar sensores eletrônicos em drones para localizar alvos para sua artilharia — provaram-se mais difíceis numa escala maior. E coisas que pareciam fáceis nas guerras dos EUA, como aniquilar defesas antiaéreas do inimigo, são na realidade bastante difíceis de fazer. A Força Aérea russa está realizando centenas de missões diariamente, mas ainda tem dificuldades para detectar e atingir alvos em movimento e depende muito de bombas não guiadas, ou “burras”, que só podem ser lançadas com precisão a partir baixas altitudes, o que expõe suas aeronaves ao fogo antiaéreo.

Todos os Exércitos cometem erros. Alguns mais que outros. A característica distintiva dos bons Exércitos é que eles aprendem rapidamente com os próprios erros. Ao abandonar Kiev, colocar o foco no Donbas e instaurar um único general, Alexander Dvornikov, no comando de uma campanha cacofônica, a Rússia dá sinais tardios de adaptação. No início de abril, uma autoridade ocidental, ao ser questionada se a Rússia estava melhorando taticamente, observou que colunas de blindados ainda estavam sendo enviadas sem apoio e em filas únicas para atravessar território controlado pelos ucranianos — uma manobra suicida. Em 27 de abril, outra autoridade afirmou que as forças russas no Donbas pareciam indispostas ou incapazes de avançar sob chuva forte.

Em parte, as dificuldades da Rússia devem-se à heroica resistência ucraniana, apoiada pela torrente de armamentos e informações de inteligência dos ocidentais. “Mas o crédito quanto pela ruína das ilusões russas jaz, tanto quanto, num fenômeno bem conhecido pela sociologia militar”, escreve Eliot Cohen, da Universidade Johns Hopkins, “de que Exércitos, de modo geral, refletem as qualidades das sociedades das quais emergem”. O Estado russo, afirma Cohen, “assenta-se sobre corrupção, mentiras, ilegalidade e coerção”. Todos esses elementos foram revelados pelo Exército russo nesta guerra.

“Eles injetaram muito dinheiro em modernização”, afirma o general Pavel. “Mas grande parte desse dinheiro se perdeu no processo.” A corrupção certamente ajuda a explicar por que os veículos russos são equipados com pneus baratos de fabricação chinesa e por isso acabam atolados em lamaçais na Ucrânia. Também é capaz de explicar por que tantas unidades russas encontraram-se sem rádios criptografados e foram forçadas a substituir sua comunicação por mecanismos civis sem segurança ou até apelar para as redes de telefonia celular ucranianas. Isso, por sua vez, pode muito bem ter colaborado para as baixas entre os generais russos (a Ucrânia alega ter matado dez deles), já que as comunicações dos comandantes nas linhas de frente foram fáceis de interceptar.

Soldados ucranianos conversam em front na região de Zaporizhzhia

Soldados ucranianos conversam em front na região de Zaporizhzhia 

Ainda assim, a corrupção não explica tudo. A Ucrânia também é corrupta, e não muito menos que a Rússia: os países se colocam respectivamente nas 122.ª e 136.ª posições no Índice de Percepção de Corrupção da ONG Transparência Internacional, um grupo de pressão. O que realmente distingue os dois países é o espírito de luta. Os soldados ucranianos estão lutando pela existência de sua nação. E muitos russos nem sabiam que entrariam em guerra até que receberam a ordem para atravessar a fronteira. Uma autoridade europeia de inteligência afirma que os conscritos russos — que Putin prometeu repetidamente que não iria mandar para a guerra — resistiram à pressão de assinar contratos que os transformaram em soldados profissionais; outros se negaram a servir absolutamente. A autoridade afirma que as unidades afetadas incluem a 106.ª Divisão de Guarda Aerotransportada e o 51.º Regimento de Paraquedistas, que são parte da suposta elite das Tropas Aerotransportadas da Federação Russa (VDV), e o 423.º Regimento de Fuzileiros Motorizados, que compõe uma importante divisão de tanques.

Dificuldades em massa

Soldados mal treinados e pouco motivados são um inconveniente em qualquer conflito; especialmente inadequados às complexidades da guerra moderna de armas combinadas, que requer tanques, infantaria, artilharia e poder aéreo trabalhando em sincronia. Tentar uma coordenação de tamanha magnitude na Ucrânia com adolescentes amuados, coagidos ao serviço, alimentados com rações de validade expirada e equipados com veículos com péssima manutenção foi o pico do otimismo.

Tamanha tarefa exige, no mínimo, liderança consistente. E isso também está em falta. Oficiais não comissionados — homens maduros alistados, que treinam e supervisionam os soldados — são a espinha dorsal das Forças Armadas da Otan. A Rússia não possui um quadro militar comparável. “Há coronéis demais e cabos de menos”, afirma uma autoridade europeia de defesa. O treinamento é rígido e antiquado, afirma ele, com obsessão na 2.ª Guerra e pouca atenção em conflitos mais atuais. Isso pode explicar por que a doutrina foi jogada pela janela. Manobras que pareceram fáceis em Vostok e outros exercícios conduzidos pelo Estado russo provaram-se mais difíceis de reproduzir sob fogo e longe de casa.

Se os oficiais russos estudaram a história militar de seu país, parecem ter depreendido as piores lições das guerras no Afeganistão, na Chechênia e na Síria. Durante sua ocupação do norte da Ucrânia, os soldados russos não apenas ingeriram grandes quantidades de bebidas alcoólicas e saquearam lares e comércios, mas também assassinaram grandes números de civis. Alguns deles foram recompensados por isso. Em 18 de abril, a 64.ª Brigada de Infantaria Motorizada, acusada de massacres de civis em Bucha, foi condecorada por Putin por seu “extremo heroísmo e coragem”, que lhe conferiu a honra de se tornar uma unidade de “Guarda”.

Crimes de guerra nem sempre são irracionais. Eles podem servir a propósitos políticos, como aterrorizar a população para sua submissão. Também não são incompatíveis com destreza militar: a Wehrmacht da Alemanha nazista era boa tanto em combater quanto em assassinar. Mas a brutalidade também pode ser contraproducente, inspirando o inimigo a lutar implacavelmente, em vez de se render e arriscar ser morto mesmo assim.

Ataques atingiram o porto, principal porta de entrada de armas e grãos da Ucrânia

A selvageria e a confusão das forças russas na Ucrânia são consistentes com sua recente conduta na Síria. Seus bombardeios contra hospitais ucranianos ecoam os bombardeios contra instalações médicas na Síria. Ainda assim, oficiais militares israelenses que assistiram atentamente a Força Aérea russa atuar na Síria ficaram surpresos por suas atuais dificuldades em defesa antiaérea, localização de alvos e decolagens frequentes. Num determinado estágio, eles consideraram que o envolvimento de sírios em operações aéreas era a única explicação plausível para um nível de profissionalismo tão baixo.

No fim, os israelenses concluíram que falta aos russos treinamento, doutrina e experiência para aproveitar plenamente suas avançadas aeronaves. Pilotos militares israelenses ficaram impressionados, tanto em suas missões de combate quanto nos seus empregos cotidianos como pilotos comerciais, pela tosca abordagem russa em relação à guerra eletrônica, que envolveu bloquear sinais de GPS sobre grandes faixas do leste do Mediterrâneo, às vezes por semanas a fio. Quando a invasão russa à Ucrânia empacou, analistas israelenses perceberam que as forças terrestres da Rússia eram afligidas por muitos desses mesmos problemas.

Alguns amigos dos russos parecem ter a mesma percepção. Syed Ata Hasnain, um general indiano aposentado que comandou as forças da Índia na Cachemira, nota uma “incompetência da Rússia no campo de batalha”, fundamentada em “arrogância e relutância em seguir noções militares básicas já comprovadas”. Um painel de diplomatas e generais indianos aposentados afiliados à Vivekananda International Foundation, um instituto de análise nacionalista próximo ao governo indiano, discutiu recentemente a “visível e abjeta falta de preparo” da Rússia e a “severa incompetência logística” do país. O fato de a Índia ser a nação que mais importa armas russas conferiu um peso especial à conclusão: “a qualidade da tecnologia russa que anteriormente era considerada superlativa está sendo cada vez mais questionada” — apesar da Ucrânia, evidentemente, utilizar em grande parte esse mesmo equipamento.

Ucranianos desmantelam tanque russo nas proximidades de Kiev

Ucranianos desmantelam tanque russo nas proximidades de Kiev 

Um processo similar de reavaliação ocorre neste momento nas Forças Armadas ocidentais. Um campo argumenta que a ameaça russa à Otan não é tão grande quanto temeu-se. “O Exército russo teve a reputação abalada e levará uma geração para se recuperar”, afirma uma análise recente de um governo da Otan. “Ele provou valer menos do que a soma de suas partes num espaço de batalha moderno e complexo.” Mas outra escola de pensamento alerta contra julgamentos precipitados. É cedo demais para tirar conclusões absolutas, alerta uma graduada autoridade da Otan, com a guerra ainda se desdobrando e ambos os lados se adaptando.

Se um dos erros da Rússia foi depreender uma falsa confiança de seu sucesso ao tomar a Crimeia da Ucrânia, em 2014, e em evitar a queda do regime de Assad, na Síria, em 2015, segundo este argumento há um risco similar de que os inimigos da Rússia infiram exageradamente das atuais desordens na Ucrânia. Michael Kofman, do CNA, um instituto de análise, reconhece que ele e outros especialistas “superestimamos o impacto das reformas…e subestimamos a podridão sob Shoigu”. Mas contexto é tudo, nota ele. Nos anos recentes, os cenários que têm preocupado estrategistas da Otan não são guerras na escala do atual conflito, mas operações mais modestas e realistas, com objetivos limitados e pequenas conquistas de território, como uma invasão russa em partes dos Estados bálticos ou uma tomada de ilhas como a norueguesa Svalbard.

Guerras como essas podem se desenrolar de maneiras muito diferentes que o conflito na Ucrânia. Começariam com um front mais estreito, envolveriam menos forças e colocariam menos pressão sobre logística, afirma Kofman. O Kremlin e o Estado-Maior russo não subestimariam a Otan necessariamente da maneira equivocada com a qual desprezaram o Exército ucraniano. E se o governo russo não estivesse tentando minimizar um futuro conflito, qualificando-o como nada além de uma “operação militar especial”, como faz na Ucrânia, poderia mobilizar muito mais forças e conscritos. Não há informação de que muitas das principais capacidades militares dos russos, como armamentos antissatélites e submarinos avançados, tenham sido testadas na Ucrânia de nenhuma maneira.

O Exército ucraniano

Geografia também é importante. Enquanto a logística russa “remete assustadoramente” ao antigo Exército soviético, afirma Ronald Ti, um especialista em logística militar que leciona no Baltic Defence College, na Estônia, sua dependência de ferrovias seria um problema menor em um ataque contra os Estados bálticos. “Uma operação ‘fato consumado’, em que eles extirpem uma fatia de território estoniano, está perfeitamente dentro de suas capacidades”, afirma Ti, “porque eles são capazes de alimentá-la com facilidade por terminais ferroviários”. (Se a Força Aérea russa, com sua falta de experiência e fragilidades agora expostas, seria capaz de proteger esses terminais dos ataques aéreos da Otan é outra questão.)

Lições em abundância

Kofman acredita que a pergunta sobre “quanto dessa guerra decorre de um Exército ruim, o que de importantes maneiras acho que claramente é o caso, e quanto disso é fruto de um plano verdadeiramente terrível” ainda não foi respondida. E ainda assim, é essencial respondê-la. Num artigo seminal, de 1995, o cientista político James Fearon, da Universidade Stanford, na Califórnia, argumentou que guerras caras e destrutivas que governos racionais prefeririam evitar por meio de negociação podem, apesar disso, ainda ocorrer, graças a erros de cálculo sobre capacidades do outro lado. Na teoria, um acordo de paz que evite a guerra refletiria o poder relativo de dois possíveis beligerantes. Mas as partes podem fracassar em alcançar tal barganha, porque esse poder relativo nem sempre é óbvio.

“Líderes sabem coisas a respeito de suas capacidades militares e disposição para a luta que outros Estados não sabem”, escreve Fearon, “e em situações de barganha, eles podem ter incentivos para deturpar tais informações para conseguir um acordo melhor”. Isso ajuda a explicar por que a Rússia inflou tão loucamente sua suposta destreza nos exercícios de Vostok. E isso pode funcionar. “Suspeito que muitos de nós nos deixamos levar pelas paradas do Dia da Vitória que nos mostraram todos os elementos escolhidos estrategicamente desse kit”, afirma o general europeu.

A batalha pelo Donbas não encerrará inteiramente este debate. Um Exército russo que prevalece numa guerra de desgaste por meio de seu poder de fogo superior e maior contingente poderia estar longe daquela força ágil e de alta tecnologia propagandeada ao longo da última década. É mais provável que os passos pesados e desajeitados das forças russas se exauriam muito antes de alcançar objetivos no sul e no leste da Ucrânia, sem mencionar outra tentativa de conquistar Kiev. Estrategistas militares de todo o mundo estarão assistindo de perto, para observar não apenas quão longe a Rússia chegará nas próximas semanas, mas também o que seu desempenho revelará sobre a resiliência, a adaptabilidade e a liderança de suas forças. Como uma faca enfiada num tronco caído, o progresso da campanha revelará a profundidade da podridão. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

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MINISTRO DAS MINAS E ENERGIA AUTORIZOU AUMENTO DO DIESEL SEM CONSULTAR O BOLSONARO

 

Governo
Por
Gazeta do Povo

(Brasília – DF, 12/04/2022) Encontro com Bento Albuquerque, Ministro de Estado de Minas e Energia. Foto: Isac Nóbrega/PR

Bento Albuquerque foi exonerado “a pedido” pelo presidente Jair Bolsonaro, segundo o Diário Oficial da União.| Foto: Isac Nóbrega/PR

O presidente Jair Bolsonaro trocou o comando do Ministério de Minas e Energia (MME). O ministro Bento Albuquerque foi exonerado – “a pedido”, segundo o Diário Oficial da União desta quarta (11) – e, em seu lugar, assume Adolfo Sachsida.

Os decretos foram assinados na terça-feira (10), um dia depois de a Petrobras anunciar um aumento de quase 9% no diesel nas refinarias, contrariando pedidos públicos do presidente para que não promovesse reajuste.

Em transmissão ao vivo na última quinta-feira (5), Bolsonaro citou nominalmente Bento Albuquerque e o presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, afirmando que eles “não podem quebrar o Brasil”.

“Vocês não podem, ministro Bento Albuquerque e senhor José Mauro, da Petrobras, não podem aumentar o preço do diesel. Não estou apelando, estou fazendo uma constatação levando-se em conta o lucro abusivo que vocês têm. Vocês não podem quebrar o Brasil. É um apelo agora: Petrobras, não quebre o Brasil, não aumente o preço do petróleo. Eu não posso intervir. Vocês têm lucro, têm gordura e têm o papel social da Petrobras definido na Constituição”, disse Bolsonaro na live.


Por que a Petrobras dá tanto lucro e o que é feito com o dinheiro
A alta de preços dos combustíveis desde o ano passado já levou o presidente a trocar duas vezes o comando da Petrobras. Em abril de 2021, o economista Roberto Castello Branco, então presidente da companhia, foi substituído pelo general Joaquim Silva e Luna, que acabou afastado um ano depois para dar lugar a Mauro Coelho.

Ambas as trocas ocorreram após Bolsonaro criticar a política de preços de combustíveis que a estatal adota em suas refinarias, que baliza os reajustes a partir da paridade com a cotação do petróleo no mercado internacional e com os custos de importação.

O atual presidente da Petrobras defende a manutenção da atual política de preços. Na semana passada, disse que Bolsonaro já havia entendido muito bem a questão e que não havia feito qualquer pedido quando o colocou no comando da empresa.

Albuquerque, responsável pela indicação de Mauro Coelho, estava à frente da MME desde 2019 e era um dos poucos da composição ministerial do início do governo a se manter no cargo. Almirante de esquadra, ele foi anteriormente diretor-geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha, ocasião em que esteve à frente do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub) e do Programa Nuclear da Marinha (PNM).

Novo ministro era assessor especial de Paulo Guedes
O novo ministro, Adolfo Sachsida, foi um dos principais auxiliares do ministro da Economia, Paulo Guedes. Comandou a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia desde o início do governo e, há três meses, assumiu a chefia da Assessoria Especial de Assuntos Estratégicos da pasta.

Com doutorado em Economia pela Universidade de Brasília (UnB) e pós-doutorado pela Universidade do Alabama, nos Estados Unidos, o economista lecionou na Universidade do Texas. Além disso, é advogado, com formação na área tributária, e técnico de Planejamento e Pesquisa da Carreira Pública pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Nas redes sociais, Sachsida disse que assumir o ministério é o maior desafio profissional de sua carreira. “Agradeço ao presidente [Jair Bolsonaro] pela confiança, ao ministro [da Economia Paulo] Guedes pelo apoio e ao ministro Bento [Albuquerque] pelo trabalho em prol do país. Com muito trabalho e dedicação espero estar à altura desse que é o maior desafio profissional de minha carreira. Com a graça de Deus, vamos ajudar o Brasil.”


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PUTIN NÃO REVELOU NADA DE NOVO NO SEU DISCURSO

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo

O presidente russo, Vladimir Putin, chega à Praça Vermelha, em Moscou, para as comemorações do Dia da Vitória, em 9 de maio de 2022.| Foto: Maxim Shipenkov/EFE/EPA

Considerando todas as possibilidades que haviam sido levantadas nos últimos dias por especialistas e analistas militares, o Dia da Vitória, celebrado pelos russos na segunda-feira, deixou um certo alívio. Não houve a declaração formal de guerra à Ucrânia, nem a invasão da Moldávia, muito menos o temido uso de armas nucleares de menor intensidade; em vez disso, Vladimir Putin teve de se contentar com um discurso em que não fez muito mais que repetir todos os chavões que já vinham sendo usados para justificar a agressão unilateral ao país vizinho.

O ataque certamente não vem se desenrolando como Putin gostaria. Apesar de a força militar russa ser muito superior à ucraniana, os invasores avançam muito lentamente, freados por uma resistência que claramente foi subestimada pelos estrategistas russos. Em dois meses e meio, a Rússia ainda não conseguiu nem mesmo consolidar seu domínio sobre a estratégica área do Donbas (onde estão as regiões de Donetsk e Luhansk, controladas por separatistas pró-russos), embora tenham conquistado uma vitória recente em Mariupol, onde as forças ucranianas que restam estão concentradas em uma siderúrgica.

Putin ainda tem uma série de cartas na manga, que não hesitaria em usar caso se sentisse suficientemente acuado a ponto de não ter mais nada a perder

Com isso, Putin ficou desprovido do paralelo que adoraria ter feito neste 9 de maio, pois o Dia da Vitória é a celebração da rendição alemã no fim da Segunda Guerra Mundial, chamada na Rússia de Grande Guerra Patriótica. O autocrata russo, que acusa a Ucrânia de estar sob o domínio de neonazistas, precisava de um resultado substancial para mostrar que, assim como em maio de 1945 os soviéticos haviam subjugado os nazistas de então na Alemanha, em maio de 2022 os russos tinham vencido os nazistas de hoje na Ucrânia. Sem essa vitória decisiva, restou a Putin apenas prometer que “todos os planos estão sendo implementados” e que “o resultado será alcançado” – o que indica a disposição de seguir em frente com a invasão, sem a perspectiva de um cessar-fogo ou um armistício.

A repetição do discurso habitual, com suas alegações falsas de que a Rússia teria sido praticamente forçada a atacar porque o Ocidente e a Otan não teriam lhe dado escolha, tem duas leituras, que não são mutuamente excludentes. Uma é a de que a fala de Putin tinha como alvo especialmente o público interno; a comunidade internacional enxerga com muita clareza (com as exceções de sempre, caso do ex-presidente Lula) que há apenas um único responsável pela invasão, o autocrata russo. A segunda interpretação, feita por autoridades como o ministro da Defesa britânico, Ben Wallace, é a de que as falas requentadas, sem ações mais incisivas que as acompanhem, são sinal de que no longo prazo a guerra estaria perdida para Putin.


No entanto, ainda é precipitado afirmar que “o Kremlin não tem mais nenhum truque guardado”, como fez Wallace. Putin ainda tem uma série de cartas na manga, que não hesitaria em usar caso se sentisse suficientemente acuado a ponto de não ter mais nada a perder. E por isso é necessário que a comunidade internacional seja capaz de calcular muito bem sua reação à agressão russa, mantendo sua condenação firme e usando todos os meios possíveis para auxiliar os ucranianos, mas sem levar a uma escalada no conflito nem deixar Putin com a sensação de que sua única saída será a guerra generalizada. O foco, aqui, é libertar a Ucrânia dos invasores russos e deixar claro que aventuras semelhantes não serão mais toleradas pela comunidade internacional, e não aproveitar uma suposta fraqueza russa – se é possível falar de “fraqueza” no caso do maior arsenal nuclear do mundo – para humilhar o país.

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TERCEIRA VIA PATINANDO - KALIL EVITA LULA - ALEXANDRE DE MORAIS INTERFERE NA CÂMARA DOS DEPUTADOS

 

Assuntos do dia

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo

O ministro do STF Alexandre de Moraes participa de solenidade do Dia do Marinheiro e de entrega da Medalha de Mérito Tamandaré, no Grupamento de Fuzileiros Navais de Brasília.

Liminar do ministro do STF Alexandre de Moraes manteve o deputado Marcelo Ramos (PSD-AM) como vice-presidente da Câmara: cargo que pertence ao PL, o antigo partido dele.| Foto: José Cruz/Agência Brasil

Terceira Via ainda não encontrou o seu caminho. Ciro Gomes (PDT) está com Covid e está meio resguardado. Já a bancada do PSDB autorizou o presidente tucano Bruno Araújo a manter a negociação da candidatura única com o MDB e o Cidadania. Acho complicado porque a candidata emedebista à Presidência da República, Simone Tebet, já avisou que não será vice de ninguém. Ela também levou um susto porque o marido está com Covid, mas ela testou negativo.

Enquanto isso, João Doria (PSDB) está catando voto no exterior. Ele foi para Nova York (EUA). Se ele fosse para Nova Iorque, no Maranhão, que tem mais de 3.700 eleitores, aí sim seria um lugar para catar voto. Mas, em Nova York (EUA), eu não sei se consegue alguma coisa.

Já Fernando Haddad (PT), que é candidato ao governo de São Paulo, também está afastado porque precisou ser hospitalizado com pedras nos rins. Ela já está em campanha, na verdade, em pré-campanha, porque não se pode dizer que está em campanha por causa da lei eleitoral. É o Brasil da hipocrisia: dá-se um nome diferente, mas se faz a mesma coisa que faria na campanha.

E o ex-presidente Lula está tendo problemas em Minas Gerais para fechar uma aliança com o ex-prefeito Alexandre Kalil, que é candidato ao governo do estado. Está com um jeito de que o PSD mineiro vai acabar indo para o colo do presidente Jair Bolsonaro. É o que a gente está sentindo.

Além disso, Geraldo Alckmin também está com Covid e não pôde comparecer presencialmente ao lançamento da pré-candidatura lulista.

Ex-ministro da Saúde
A Justiça Federal do Amazonas julgou improcedente a ação de improbidade administrativa do Ministério Público Federal, que começou naquele circo da CPI da Covid, no Senado, contra o ex–ministro da Saúde, o Eduardo Pazuello. A decisão beneficiou também a secretária Mayra Pinheiro e outros secretários que a CPI só espinafrava, como Luis Otávio Franco Duarte, Hélio Angotti Neto e Francisco Ferreira Máximo Filho.

O caso se refere à crise do oxigênio em Manaus. O juiz não aceitou a ação de improbidade administrativa contra eles porque não ficou comprovado dolo do ex-ministro. O que a gente viu foi um Ministério da Saúde agindo rapidamente e muito bem, com coragem e desprendimento. Encheram aviões com oxigênio e levaram para lá, naquela correria, e conseguiram ajudar muito a população de Manaus.

Sai do partido, mas não entrega cargo
Mais uma vez o ministro do STF Alexandre de Moraes passou por cima do artigo 2º da Constituição, que fala em poderes independentes e harmônicos. O vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (AM), que ocupa um cargo que por direito pertence ao PL, recorreu ao Supremo e obteve liminar do Alexandre de Moraes mandando o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a não receber nenhuma reclamação do PL querendo a cadeira de volta. Ramos trocou o Partido Liberal pelo PSD no fim do ano passado.

Está acontecendo o mesmo também com a deputada Marília Arraes (PE), que foi eleita pelo PT e recebeu a segunda secretaria da Câmara, mas ela trocou de legenda e foi para o Solidariedade. Como saiu o PT, ela teria que devolver a secretaria ao PT. Já a terceira secretaria, ocupada pela deputada Rose Modesto (MS), que foi para o União Brasil, também teria que ser devolvida ao antigo partido dela, o PSDB. É um ritual, um hábito da Câmara, tem que devolver.

Marcelo Ramos também recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral. O TSE então foi ouvir a Procuradoria-Geral Eleitoral, que se pronunciou com o óbvio. Citando o 2º artigo da Constituição, disseram que isso não é da alçada do TSE, mas sim uma questão interna da Câmara dos Deputados e não se pode se meter nas questões administrativas e internas da arena política.

Parece que só o Supremo não está acompanhando essas coisas que escreveram na Constituição de 5 de outubro de 1988.


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O BRASIL NÃO TEM SEGURANÇA JURÍDICA E PRECISA DELA

 

Leis e normas

Por
Thaméa Danelon – Gazeta do Povo

Detalhe de mão segurando a Constituição Federal junto às bandeiras dos Estados Federativos do Brasil. O STF determinou que o Legislativo faça uma nova lei de repartição do Fundo de participação dos Estados.

Decisões contrárias à lei máxima do país, a Constituição, causam insegurança jurídica e política| Foto: Beto Barata/Arquivo PR

O que significa a tão falada segurança jurídica? Uma explicação simples seria: princípio que estabelece a necessidade de uma previsão e coerência na aplicação das leis. É claro que o Direito não é uma ciência exata, e que dependendo do caso concreto e do entendimento dos juízes aplicadores das leis, nós podemos verificar decisões diferentes e, por vezes, paradoxais. Contudo, o Direito, ou seja, o sistema jurídico, deve ser claro e objetivo para que situações semelhantes sejam julgadas da mesma forma.

Essa previsibilidade e coerência na aplicação das leis concretiza a necessária confiança que precisamos depositar nas instituições e nas próprias nações, pois sendo um país extremamente inseguro juridicamente falando, essa instabilidade irá refletir em outros aspectos, como por exemplo, na área econômica e no ambiente de negócios.

Dificilmente investimentos são gerados em países onde não há segurança jurídica, sejam investimentos nacionais ou, principalmente, os estrangeiros. O investidor dá preferência a países onde o ambiente de negócios é mais seguro e estável, onde as leis não são alteradas frequentemente e, principalmente, onde as decisões judiciais são uniformes, razoáveis e previsíveis.

É essencial que as regras do jogo sejam claras, seja no que se refere à abertura de uma empresa; na criação de um novo produto; sobre as normas que regem as relações de trabalho e tributárias.
Assim, uma legislação clara, objetiva e enxuta, e com juízes que apliquem essas leis de forma adequada, proporcionará um ambiente sadio e razoavelmente estável para os negócios.

Por outro lado, o excesso de leis, sejam trabalhistas, tributárias, e até mesmo processuais e constitucionais, acarretam em um emaranhado de normas que apena atrapalham a realização de novos negócios. Se um sistema jurídico é claro, simples, não paradoxal e nem excessivamente oneroso, a facilidade de compreendê-lo resultará em aumento de investimentos nacionais e estrangeiros, gerando um ciclo virtuoso de criação de empregos, aumento na arrecadação estatal e, consequentemente, uma elevação do bem estar dos indivíduos, que estarão com renda assegurada e recebendo os serviços sociais estatais essenciais com qualidade. Desde que, é claro, agregado a essa segurança não ocorra corrupção ou má gestão da coisa pública.

Assim, para que haja segurança jurídica, é primordial que a Justiça trabalhe para pacificar os conflitos, que traga a paz social. Essa é a finalidade principal do Poder Judiciário, pois quando os juízes são os causadores dos conflitos através de decisões que causam desestabilização, o caos está instalado, juntamente com a insegurança jurídica. Por outro lado, a segurança jurídica traz ordem, estabilidade e harmonia em uma sociedade e também entre os poderes da República.

Como exemplos de causas da insegurança jurídica, pode-se mencionar as decisões monocráticas das Cortes superiores; mudanças bruscas de entendimento dos tribunais sem que haja uma alteração na sociedade que as justifique; decisões contrárias à lei ou à Constituição; decisões que anulam ações criminais cujas investigações e processo se estenderam por anos, e apreciados por inúmeros juízes; sentenças que geram uma sensação de impunidade e também de injustiça.

A segurança é almejada por todas as pessoas e nas mais diversas situações. Queremos estar seguros em relação às nossas escolhas, trabalho e relacionamentos; queremos ter segurança para caminhar nas ruas a pé ou de carro; queremos ter segurança em nosso futuro financeiro bem como para investir; queremos ter segurança nas nossas instituições.

Ninguém busca se tornar inseguro, frágil, vulnerável. Assim como buscamos o abraço seguro de um familiar em um momento de dificuldades, esperamos que a Justiça nos forneça segurança, quando tivermos nosso patrimônio, honra ou dignidade violada.

Um país sem segurança jurídica se torna um país estagnado, que não cresce, que não prospera; e condena o seu povo ao retrocesso, à ignorância e à miséria.


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AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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