sexta-feira, 15 de abril de 2022

FATOS SOBRE O TITANIC QUE POUCOS CONHECEM

 

 Rayna Breuer – DW

Que a viagem inaugural do transatlântico há 110 anos terminou numa tragédia não é nenhum segredo. Mas só alguns sabem que a tripulação não dispunha de um binóculo e que um viajante se salvou por estar embriagado.Sucesso de bilheteria de James Cameron © 20th Century Fox/dpa/picture-alliance Sucesso de bilheteria de James Cameron

O RMS Titanic deveria ser um triunfo da engenharia. Construído em Belfast, o navio era o maior do mundo em sua época. Em 1912, o transatlântico de luxo partiu em sua viagem inaugural de Southampton, na Inglaterra, para Nova York. As pessoas faziam filas para reservar lugares a bordo.

Os preços dos bilhetes de primeira classe variavam, com o mais barato custando 30 libras, o equivalente a cerca de 4 mil euros (R$ 20.500) nos valores atuais. Muitos dos convidados certamente podiam pagar – entre os hóspedes ricos, estava o magnata do setor imobiliário e dono de hotel John Jacob Astor, um dos homens mais ricos do mundo na época, assim como o empresário Benjamin Guggenheim e sua amante. Todos eles queriam fazer história como os primeiros passageiros do Titanic. Outros viam a travessia como uma chance de encontrar uma vida melhor nos Estados Unidos.

Fato é que o Titanic nunca chegaria ao seu destino final. Na noite de 14 de abril de 1912, há exatos 110 anos, a embarcação atingiu um iceberg, e a viagem inaugural terminou num desastre. Muitos mitos e lendas circulam em torno do acidente até hoje. Aqui estão dez fatos sobre o Titanic que você provavelmente não sabia.

1. Sem binóculos à mão

Na fatídica noite de 14 de abril, o marinheiro Frederick Fleet estava de vigia. Ele era um marinheiro experiente que velejava desde os 12 anos de idade. Diz-se que estava muito frio na cabine de comando naquela noite, quando Fleet viu uma massa escura na água – o primeiro avistamento do iceberg – e relatou o perigo a seus superiores. O primeiro oficial respondeu prontamente, mas era tarde demais.

Fleet sobreviveu ao desastre e mais tarde declarou que não tinha binóculos. Os binóculos estavam em um armário trancado, e as chaves haviam sido deixadas com um oficial que não estava a bordo do navio. Parte da tripulação havia sido substituída pouco antes da primeira travessia do Atlântico, e esse oficial estava entre os substituídos. Ele deve ter esquecido de deixar a chave no navio.

História de amor de Rose e Jack em © 20th Century Fox/dpa/picture-alliance História de amor de Rose e Jack em

2. A banda continua tocando

Assim que o Titanic atingiu o iceberg e ficou claro que o navio iria afundar, o caos reinou, e o ar se encheu de medo e gritos dos passageiros correndo para embarcar nos botes salva-vidas. Os músicos do transatlântico, porém, decidiram tocar no convés. Por mais de duas horas após a colisão, a banda ainda tentava acalmar as pessoas assustadas a bordo. Todos os oito músicos perderam a vida no acidente. Esse gesto comovente da banda pode ser visto no filme de 1997 do diretor James Cameron, Titanic.

3. “Sejam britânicos, rapazes, sejam britânicos”

Nenhum dos engenheiros do Titanic sobreviveu. Dizem que o capitão Edward John Smith incentivou sua tripulação com as palavras: “Sejam britânico, rapazes, sejam britânicos”.

Outros homens, inclusive da primeira classe, também preferiram morrer com honra. O empresário Benjamin Guggenheim teria dito: “Nós nos vestimos com o nosso melhor e estamos preparados para cair como cavalheiros”. O magnata do setor imobiliário John Jacob Astor também teria comentado ironicamente: “Eu pedi gelo, mas agora isso é ridículo”. Ele ajudou uma jovem e uma criança imigrante a entrarem em um bote salva-vidas.

Dos cerca de 2.240 passageiros, apenas 700 sobreviveram ao desastre.

4. Bebendo para se aquecer

O mar naquela noite tinha uma temperatura de cerca de zero grau Celsius, uma temperatura na qual uma pessoa normalmente só poderia sobreviver por no máximo 15 minutos.

Charles Joughin, o padeiro-chefe do Titanic, é um dos sobreviventes mais famosos do desastre. Embora tenha sido escolhido como capitão de um dos botes salva-vidas, ele decidiu desistir de seu lugar, pois já havia marinheiros no bote salva-vidas para dirigi-lo.

O capitão do Titanic, Edward John Smith, está entre os que morreram na tragédia© Mary Evans Picture Library/ONSLO/picture-alliance O capitão do Titanic, Edward John Smith, está entre os que morreram na tragédia

Joughin afundou junto com o navio, mas bebeu tanto álcool antes que não sentiu mais o frio da água em que flutuava. Depois de passar duas horas nadando, foi puxado para um bote salva-vidas virado e acabou sendo resgatado por um navio de resgate.

5. Amor no Titanic

A história de amor de Rose e Jack apresentada em Titanic de James Cameron é pura ficção. Mas houve amantes no Titanic que tiveram um fim trágico.

Um exemplo é o do coproprietário da loja de departamentos americana Macy’s e sua esposa: Isidor e Ida Straus. Eles haviam passado o inverno na Europa e estavam voltando para Nova York. A ambos foi oferecido um assento em um bote salva-vidas, mas Isidor recusou – enquanto crianças e mulheres ainda estivessem no navio, ele não queria embarcar.

Sua esposa, Ida, por sua vez, não queria ser resgatada sem o marido e teria dito: “Não serei separada de meu marido. Assim como vivemos, também morreremos juntos”. Várias placas celebram o casal que escolheu compartilhar a morte, incluindo uma na loja de departamentos Macy’s em Nova York.

6. Por que não havia botes salva-vidas suficientes?

O navio deveria ter 32 botes salva-vidas e, embora o número estivesse nos planos do projetista inicial, a empresa de navegação estava convencida de que o navio era seguro e que ter mais botes salva-vidas ocuparia desnecessariamente espaço no convés. Em um navio como aquele, conforto era de extrema importância.

Na verdade, a empresa não violou nenhuma lei de segurança, porque, de acordo com os regulamentos da época, o número de barcos era baseado no peso do navio, não no número de passageiros. Foi um cálculo fatal. Com os 16 botes salva-vidas e quatro botes dobráveis ​que estavam a bordo, apenas 700 pessoas puderam ser resgatadas.

Empresário Isidor Straus abriu mão de seu lugar num bote salva-vidas© Topical Press Agency/Hulton Archive/Getty Images Empresário Isidor Straus abriu mão de seu lugar num bote salva-vidas

7. A arte prediz a vida

Talvez antes de nomear o navio a vapor Titanic, a companhia de navegação White Star Line deveria ter lido o livro Futilidade ou o naufrágio do Titan, de Morgan Robertson, publicado em 1898.

O romance conta a história de um grande e luxuoso navio chamado Titan, que se chocou contra um iceberg enquanto navegava entre os Estados Unidos e a Inglaterra – assim como o Titanic na vida real.

8. A longa busca pelo navio naufragado

Muitos indivíduos partiram para procurar o Titanic afundado, mas foi somente 73 anos após o desastre, em 1985, que o arqueólogo subaquático Robert Ballard conseguiu localizar o naufrágio no Atlântico Norte e fotografá-lo pela primeira vez. Ele financiou esse empreendimento concordando em procurar os restos de dois submarinos afundados em uma missão secreta da Marinha dos EUA. Ele, então, foi autorizado por 12 dias a usar o equipamento da Marinha para encontrar o Titanic. A uma profundidade de 3.800 metros, na escuridão eterna, ele encontrou os destroços do antigo transatlântico de luxo. A descoberta veio bem a tempo, pois os micróbios já haviam se instalado no navio e começaram a decompor o Titanic pedaço por pedaço, até ele, por fim, se tornar pó. Cientistas suspeitam que os destroços desaparecerão em 2030. No entanto, a lenda certamente permanecerá.

Grandes navios de cruzeiro atuais superam as dimensões do Titanic© SEBASTIEN SALOM-GOMIS/AFP Grandes navios de cruzeiro atuais superam as dimensões do Titanic

9. Adaptações cinematográficas conhecidas e não tão conhecidas

A adaptação cinematográfica mais conhecida da história do Titanic é provavelmente o sucesso de bilheteria de James Cameron em 1997. O filme arrecadou 2,5 bilhões de dólares e é considerado um dos filmes de maior sucesso da história do cinema – ganhou 12 Oscars.

Mas também houve outras adaptações cinematográficas. A primeira foi produzida em 1912, mesmo ano em que o navio afundou. Foi intitulada Saved from the Titanic (“Salvo do Titanic”, em tradução livre), e o papel principal foi interpretado por um sobrevivente do desastre. Um filme baseado no Titanic também foi feito na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial, mas os nazistas usaram essa versão cinematográfica como ferramenta de propaganda contra os EUA e o Reino Unido.

10. O Titanic em comparação com navios atuais

Desde 1912, muitos navios de passageiros cruzaram o Atlântico, e o Titanic já foi ultrapassado em tamanho por inúmeras outras embarcações. O maior navio de cruzeiro a ser lançado neste ano chama-se Wonder of the Seas (maravilha dos mares). Ele terá uma largura de 66 metros, em comparação com os 28 metros do Titanic. Há também uma clara diferença de altura: o Wonder of the Seas mede 72,5 metros e o Titanic apenas 53 metros.

NAVIO RUSSO AFUNDADO NO MAR NEGRO

 

BBCNEWS

O cruzador de mísseis Moskva, principal navio da frota russa do Mar Negro, afundou após ser profundamente danificado por uma explosão na quarta-feira (13/04).O Moskva patrulhando o Mar Mediterrâneo ao longo da costa da Síria© MAX DELANY/AFP O Moskva patrulhando o Mar Mediterrâneo ao longo da costa da Síria

A embarcação estava sendo rebocado para o porto quando “mares tempestuosos” o fizeram afundar, de acordo com o Ministério da Defesa russo.

O governo da Ucrânia afirma que a explosão foi causada por um ataque executado por suas forças. Segundo as Forças Armadas ucranianas, eles teriam utilizado um míssil Neptune fabricado nacionalmente.

Moscou, por sua vez, não fez nenhuma menção a bombardeios em suas declarações. As forças russas se limitaram a dizer que o incêndio a bordo foi causado por uma “explosão de munição” no Moskva.

O navio com capacidade para 510 tripulantes era um símbolo do poder militar da Rússia e liderou a parte naval do ataque russo à Ucrânia.

O que se sabe sobre o Moskva?

Imagem de satélite do Moskva no porto da Crimeia em 7 de abril de 2022© MAXAR TECHNOLOGIES Imagem de satélite do Moskva no porto da Crimeia em 7 de abril de 2022

Originalmente construído na Ucrânia na era soviética, o navio entrou em serviço no início dos anos 80, de acordo com a imprensa russa.

O cruzador foi anteriormente usado por Moscou no conflito na Síria, onde forneceu proteção naval às forças russas no país.

O Moskva carrega mais de uma dúzia de mísseis antinavio Vulkan e uma série de armas antissubmarino e torpedos. Ele ainda era equipado com um helicóptero e podia alcançar uma velocidade de 59 quilômetros por hora.

O cruzador é o segundo grade navio russo severamente danificado desde o início da invasão à Ucrânia.

Quais as defesas do navio?

O cruzador da classe Slava era o terceiro maior navio ativo de toda a frota da Rússia e um de seus equipamentos que possuía melhor sistema de defesa, afirmou Jonathan Bentham, especialista naval do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos à BBC News.

O cruzador estava equipado com um sistema de defesa aérea de três camadas que, funcionando corretamente, fornecia três oportunidades de proteção em caso de um ataque de mísseis Neptune.O cruzador de mísseis Moskva em dezembro de 2015 patrulhando o Mar Mediterrâneo na costa síria© MAX DELANY/AFP O cruzador de mísseis Moskva em dezembro de 2015 patrulhando o Mar Mediterrâneo na costa síria

Além das defesas de médio e curto alcance, ele podia ainda ativar seis sistemas de armas de defesa próxima como último recurso.

“O Moskva deve ter cobertura de defesa antiaérea de 360 graus. O sistema CIWS (Sistema de Armas de Defesa Próxima) pode disparar 5.000 tiros em um minuto, essencialmente criando uma parede de artilharia ao redor do cruzador, sua última linha de defesa”, explica Bentham.

Se for comprovado que o ataque veio de um míssil, “levantará questões sobre as capacidades de modernização da frota de superfície russa: se tinha munição suficiente, se tinha problemas de engenharia”.

“Essencialmente, em tese, esse sistema de defesa antiaérea de três camadas seria muito difícil de acertar”, acrescentou o especialista militar.

Domínio no Mar Negro

O navio de guerra era um “símbolo do poder naval russo no Mar Negro”, disse Michael Petersen, do Instituto de Estudos Marítimos da Rússia, à BBC.

“O Moskva tem sido uma pedra no sapato dos ucranianos desde o início deste conflito. Vê-lo tão danificado… acho que será um verdadeiro impulso de moral para os ucranianos.”

Os militares russos têm sido dominantes no Mar Negro desde a anexação da Crimeia em 2014 e usaram sua presença lá para lançar e fornecer apoio à invasão.

A frota do Mar Negro colaborou com a guerra por sua capacidade de lançar mísseis de cruzeiro em qualquer lugar da Ucrânia. Foi ainda importante no apoio às tentativas russas de capturar Mariupol.

Ilha da Cobra

Nos primeiros dias da invasão da Rússia, o Moskva protagonizou um dos momentos marcantes da guerra. O navio foi usado em um ataque à Ilha da Cobra, na fronteira romena, no qual 19 marinheiros ucranianos foram interceptados.

A tropa da Ucrânia inicialmente se recusou a se render e ficou desaparecida por um período, levando a acreditar que os soldados estavam mortos. Mais tarde descobriu-se que eles haviam sido capturados.

Os soldados foram libertados mais tarde como parte de um acordo e em troca de prisioneiros russos. O comandante da tropa ucraniana foi homenageado com uma medalha pelas Forças Armadas de seu país.Selo ucraniano em homenagem à atuação das tropas ucranianas na Ilha da Cobra© UKRAINE POSTAL SERVICE Selo ucraniano em homenagem à atuação das tropas ucranianas na Ilha da Cobra

Os relatos de sua bravura serviram como um impulso para o moral da Ucrânia e a companhia responsável pelos serviços postais no país chegou a criar um selo especial como uma ilustração da Ilha da Cobra.

DECISÃO DE UM MINISTRO DO STF BAGUNÇA A JUSTIÇA BRASILEIRA

 

Uso de mensagens hackeadas
Entenda alcance

Por
Renan Ramalho – Gazeta do Povo
Brasília

Ministro Gilmar Mendes admitiu uso de mensagens hackeadas ao defender anulação de investigações contra dono da cervejaria Petrópolis| Foto: Arquivo STF

No último dia 7 de abril, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), alarmou membros do Ministério Público e da Justiça que ainda nutrem a esperança de salvar o que restou da Lava Jato.

Numa decisão de 27 páginas, atendendo a uma petição que passou despercebido pela imprensa, apresentada em maio do ano passado, o ministro trancou três complexas ações penais e anulou investigações iniciadas ainda em 2015, que tramitavam em Curitiba e São Paulo, contra o empresário Walter Faria, dono da cervejaria Petrópolis.

Faria era réu nos processos e foi denunciado pelo Ministério Público Federal por suposta lavagem de dinheiro. Segundo a acusação, entre 2006 e 2007, ele teria disponibilizado contas na Suíça que receberam ao menos US$ 3,6 milhões.

O dinheiro, ainda segundo o MPF, seria destinado a políticos do MDB como propina em razão da compra, pela Petrobras, de um navio-sonda de US$ 586 milhões. Os senadores Renan Calheiros (AL) e Jader Barbalho (PA) e o ex-deputado Aníbal Ferreira (CE) receberiam parte da quantia, conforme a denúncia, em troca de apoio à permanência de Nestor Cerveró no cargo de diretor internacional da Petrobras.

Para anular as ações contra Walter Faria – que chegou a ser preso em agosto de 2019 e só conseguiu a soltura em dezembro daquele ano, após pagar R$ 40 milhões de fiança –, Gilmar Mendes apontou incompetência da 13ª Vara de Curitiba e suspeição do ex-juiz Sergio Moro no caso.

São os mesmos fundamentos que levaram o STF, no ano passado, a anular as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Lava Jato. O temor de procuradores é que agora outras petições semelhantes de arquivamento sejam apresentadas, levando a mais anulações.

O elemento adicional – e que causou mais sobressalto em quem esteve à frente da Lava Jato – é que, desta vez, Gilmar admitiu e justificou o uso de mensagens hackeadas dos procuradores de Curitiba como base para declarar a parcialidade de Moro na investigação, algo que não havia feito de maneira formal na ação de Lula.

“Gilmar Mendes quer anular toda a Lava Jato com base em mensagens hackeadas. Aliás, nem proferi decisões nesta operação. O STF e a sociedade vão deixar isso acontecer? Mais um balde de água fria nos brasileiros de bem”, protestou Moro no Twitter um dia após a decisão.

Habeas corpus de ofício
O que primeiro chama a atenção na decisão é que ela foi proferida dentro de uma petição no STF apresentada por outro ex-investigado da Lava Jato, o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Vital do Rêgo. Ele teve um inquérito arquivado no ano passado pela Segunda Turma do STF, órgão colegiado que analisa os recursos da Lava Jato.

Vital do Rêgo era suspeito de receber propina em 2014, quando era senador e presidente da CPMI da Petrobras, em troca da blindagem de executivos ligados à empreiteira OAS. Como Gilmar proferiu o primeiro voto a seu favor, assumiu a relatoria do caso no lugar de Edson Fachin, o relator dos casos da operação na Corte.

Walter Faria não é alvo da investigação sobre Vital do Rêgo, mas a defesa aproveitou o arquivamento da investigação contra o ministro do TCU para pedir uma “extensão”. Alegou que ele poderia ter suas ações anuladas pelos mesmos motivos que levaram a Segunda Turma a arquivar a investigação contra Vital: basicamente, a incompetência da 13ª Vara de Curitiba.

A defesa de Faria disse que a Justiça Eleitoral do Distrito Federal analisou suspeitas de uso de suas contas pela Odebrecht para fazer doações de campanha a políticos. Ainda assim, a Justiça Federal do Paraná assumiu o caso e deu curso às ações, focando nas suspeitas de corrupção e lavagem.

Gilmar Mendes admitiu que não poderia aplicar a extensão da decisão a favor de Vital a Walter Faria, uma vez que eles não fazem parte de um mesmo processo. Mas resolveu analisar o caso do empresário mesmo assim, com base no entendimento de que, diante de possíveis ilegalidades no processo, o STF não poderia deixar de corrigi-las.

Quando é assim, caberia ao ministro responsável conceder um habeas corpus “de ofício”, ou seja, por sua própria iniciativa. “Em casos de afetação de um bem jurídico de tamanha magnitude como a liberdade individual, as regras do sistema jurídico e a jurisprudência dos Tribunais apontam para a flexibilização das regras do processo, de modo a reparar, de imediato, a lesão ou ameaça de lesão a esse direito fundamental de primeira ordem”, escreveu.


Incompetência da 13ª Vara de Curitiba
O ministro Gilmar Mendes também apontou que o mesmo caso envolvendo Walter Faria e o uso de suas contas para pagamento de propina a caciques do MDB já era investigado no STF desde 2015, num inquérito contra Renan Calheiros, Jader Barbalho e Aníbal Gomes.

Em setembro de 2019, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), Edson Fachin arquivou as investigações contra os dois senadores, e enviou para a 13ª Vara Federal de Curitiba o restante do inquérito relativo a Aníbal Gomes, que já havia deixado o mandato de deputado federal e, portanto, já não tinha foro privilegiado.

Mas, para Gilmar, esse fato não conferiu competência ao juiz federal Luiz Antônio Bonat, que, nessa época, já havia assumido o lugar de Moro na Lava Jato em Curitiba. Isso porque Gomes ainda recorria para manter o caso no STF e porque as investigações no Paraná contra Faria já ocorriam antes da decisão de Fachin.

No fim de julho de 2019, o empresário fora alvo da Operação Rock City, autorizada por Bonat, tendo sido denunciado pelo MPF em setembro, poucos dias antes da decisão de Fachin que remetia o inquérito que tramitava no STF para a 13ª Vara de Curitiba.

“Não há dúvidas sobre o indevido avanço da força-tarefa da Lava Jato sobre fatos em tramitação no STF antes de decisão definitiva desta Corte sobre o órgão competente para o processamento dos crimes apurados”, escreveu Gilmar na decisão.

O ministro ainda criticou uma manobra feita na Justiça Eleitoral em relação ao caso. Em 2018, o STF mandou para um juiz eleitoral de Brasília delações de executivos da Odebrecht relatando que recorriam a Walter Faria para fazer doações e pagamentos a políticos.

Com o caso na primeira instância eleitoral, o Ministério Público Eleitoral pediu o arquivamento das suspeitas de caixa 2, de modo a transferir o caso para a Justiça Federal de Curitiba, a qual caberia analisar as outras suspeitas, de corrupção e lavagem de dinheiro.

Gilmar Mendes apontou a ocorrência de um “bypass”, ou seja, uma forma de contornar a decisão do STF que havia mandado o caso para a Justiça Eleitoral. Ele ainda fez duras críticas a Bonat pelo fato de ele ter pegado o caso, mesmo após, segundo o ministro, o Tribunal Regional Eleitoral do DF ter determinado o arquivamento de “todas as peças informativas” do inquérito.

Escreveu que houve “indevida atuação” e “interpretação abusiva” da decisão. “O Juízo Federal realizou interpretação heterodoxa e flagrantemente ilegal do acórdão para extrair dele conclusão diametralmente oposta e juridicamente inadmissível – a autorização para o prosseguimento das apurações”, escreveu.

Suspeição de Moro com base nas mensagens hackeadas
Somente a incompetência da 13ª Vara de Curitiba já daria a Gilmar Mendes fundamento suficiente para anular as ações penais de Walter Faria, a cargo do juiz Bonat. Mas o ministro foi adiante para, a pedido da defesa, também analisar se houve quebra da imparcialidade de Moro, que atuou na fase inicial de investigações.

Para isso, usou as mensagens de celular dos procuradores de Curitiba, encontradas nos arquivos apreendidos com hackers que invadiram seus celulares. O material foi disponibilizado publicamente pela defesa de Lula, que conseguiu acesso a ele pelas mãos de outro ministro, Ricardo Lewandowski.

No pedido de arquivamento, a defesa de Walter Faria anexou um suposto diálogo de 2017 em que Moro teria instruído Deltan a adotar uma estratégia pela qual poderia manter o caso do empresário em Curitiba, contornando uma decisão de Fachin à época, que havia enviado a investigação para a Justiça Federal de São Paulo – só em setembro de 2019, o próprio Fachin reconsideraria essa decisão anterior para remeter o caso a Curitiba.

Gilmar considerou que a suposta mensagem de Moro o tornaria suspeito, pelo fato de ter aconselhado uma das partes. Em casos assim, o Código de Processo Penal determina a nulidade. Quanto à ilicitude das provas, o ministro citou precedentes e obras doutrinárias que admitem seu uso nas situações em que elas possam beneficiar alguém acusado injustamente.

“Ainda que se entenda que elas foram obtidas por meio ilícito, é importante pontuar que o interesse na proteção à liberdade dos réus é capaz e justificar a relativização da proibição do uso de provas ilícitas”, afirmou Gilmar Mendes.

Ao longo de toda a decisão, no entanto, ele não adentrou no mérito das acusações contra Walter Faria, de modo a indicar se ele seria culpado ou inocente pela suposta lavagem de dinheiro. Concentrou-se apenas em apontar os erros processuais do caso.

“Por esses motivos, entendo que assiste razão à defesa no que se refere às alegações de nulidade dos processos decorrentes da operação Rock City, a qual atinge os atos pré-processuais nos quais houve a quebra da imparcialidade judicial e a combinação de estratégias acusatórias, bem como os atos decisórios subsequentes à instauração da ação penal, tendo em vista a contaminação pelo vício de origem”, escreveu.

Na prática, o ministro anulou não apenas as ações, mas também boa parte da investigação – algo muito semelhante ao que foi feito em favor de Lula.

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RACHADINHA ENTRE GOVERNO DO PT E CUBA É DENUNCIADA PELOS MÉDICOS CUBANOS

 

Mais Médicos

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo

Embarque de médicos cubanos no aeroporto de Brasília.Foto: Karina Zambrana

Quatro médicos cubanos que trabalharam no Brasil processam a Opas, organização que intermediou a vinda deles junto à ditadura de Cuba.| Foto: Karina Zambrana/Fotos Públicas

Vocês viram a ação que corre num tribunal de apelação do Distrito de Columbia, nos Estados Unidos? Tribunal de apelação é a segunda instância da Justiça americana; o Distrito de Columbia é o Distrito Federal de lá, aquela parte que abriga Washington, a capital federal dos EUA.

Quatro cubanos que vieram ao Brasil como médicos estão processando a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), que foi intermediária de um contrato entre o partido comunista cubano e o governo de Dilma Rousseff. Por esse contrato, o Brasil pagava milhões de dólares para ter 11 mil médicos cubanos trabalhando por aqui e 85% desse valor ficava o governo cubano. Outros 5% iam para a Opas e só 10% ficavam com os cubanos. Agora, eles processam a Opas alegando trabalho análogo à escravidão e que houve tráfico humano.

Oras, o Brasil é cúmplice disso. O governo Dilma fez com que o Brasil se tornasse cúmplice de uma negociata escravista. Nos fez voltar a antes de 13 de maio de 1888. Quanto será que nós, contribuintes brasileiros, vamos ter que pagar se formos processados como a Opas e condenados a indenizar os milhares de profissionais cubanos que participaram do programa Mais Médicos. Esses quatro médicos estão abrindo a porteira; será que tem uma boiada para passar?

De 11 mil cubanos, uma boa parte ficou aqui no Brasil, outros fugiram, outros foram para os Estados Unidos. Eu acho que a maior parte ficou em Cuba mesmo, mas esses não podem fazer nada. Estão sob o jugo dessa ditadura que já dura um bocado de tempo, desde 1959. Enfim, a gente precisa saber disso, pois nós poderemos ser os pagadores dessa conta no futuro.

“Datapovo” impressiona
O presidente Jair Bolsonaro esteve nesta quinta-feira (14) no município de João Pinheiro, no noroeste de Minas Gerais, para entregar títulos de propriedade de terra. Ele depois foi na cidade de Paracatu, de improviso.

Havia muita gente nas ruas e aí fico pensando nessas pesquisas eleitorais que mostram outra coisa. Qualquer pessoa que veja o “Datapovo” e compare com as pesquisas que aí estão, vê que não bate. Eu não sei se tem alguma intenção nisso, se é um erro de contagem, um erro na ponta… O fato que a gente vê com nossos olhos, as pessoas entusiasmadas, não bate com a frieza das pesquisas que são mostradas.

E até agora eu acho que o resultado tem sido o seguinte. Estão dizendo para o Lula que ele não precisa se esforçar, pois já está ganhando. E estão dizendo para Bolsonaro se esforçar porque ele está perdendo. Ou seja, está estimulando um candidato e abrindo a guarda do outro. Não sei se essa é a intenção, mas se for o tiro está saindo pela culatra.


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ESCOLAS BRASILEIRAS ESTÃO DOMINADAS POR PROFESSORES ESQUERDISTAS

 

Doutrinação

Por
J.R. Guzzo – Gazeta do Povo

Convidada por professor, Sonia Guajajara, filiada ao PSOL, trouxe diversas manifestações políticas pessoais em palestra a alunos da escola Avenues| Foto: Reprodução

Há alguma coisa definitivamente errada com o país quando as salas de aula se transformam em delegacias de polícia, os professores viram sargentos da tropa de choque e os alunos são tratados como criminosos. É o que está acontecendo no Brasil de hoje, do ensino médio ao ensino universitário, sob o silêncio e com a cumplicidade das autoridades responsáveis pela educação dos nossos jovens.

Cada vez mais os professores agem como militantes políticos de esquerda e conduzem suas classes como células de ação partidária. Exigem obediência dos alunos – não em questões didáticas ou disciplinares, mas em relação aos mandamentos ideológicos que pregam nos seus cursos. Punem os que expressam ideias próprias ou, até mesmo, os que queiram exercer os seus simples direitos civis. Estão comandando a maior lavagem cerebral já vivida pelo sistema de ensino no Brasil, público ou privado.

Ainda agora, em mais um surto de repressão aberta, um professor da Universidade de São Paulo chamou os agentes de segurança do campus para tirarem da aula, à força, um aluno que estava sem máscara – seu direito líquido, certo e indiscutível, já que por lei, no estado de São Paulo, o uso de máscara só é obrigatório nos hospitais e nos transportes coletivos.

Mas a máscara, hoje, é um sinal público de “resistência política” ao presidente Jair Bolsonaro e ao seu governo; há gente que usa sem pensar em nada disso, é claro, mas para o militante esquerdeiro virou um item indispensável da indumentária de todos os dias. O professor em questão exigiu que o rapaz usasse o uniforme de sua fé – e quando ele quis valer os seus direitos, chamou a polícia.

“Sou um servidor público”, ameaçou. Ou obedece ou vai preso. Os alunos da classe, em vez de darem força para o próprio colega, ficaram ao lado da repressão. É como está o ensino superior no Brasil em 2022.

É óbvio que esse ato de demência não aconteceu em nenhum curso de matemática, engenharia, física ou nada que se relacione às “ciências exatas” – onde os alunos não fazem greve, os professores são obrigados a ter conhecimentos verdadeiros sobre o que estão falando, e o ensino se destina a dar algo de realmente útil à sociedade que está pagando por ele.

O episódio aconteceu nas “humanas”, num curso de “Gestão de Políticas Públicas”, e quem chamou a Guarda Universitária para expulsar o aluno é um professor de “Sociedade e Estado”. O que poderiam ser esse curso e esse professor? Só os interessados sabem; faz parte da prodigiosa, e caríssima, empulhação que arruína a qualidade da universidade brasileira de hoje, onde se multiplicam cursos de “matemática negra”, ou de “vestimentas indígenas”, ou sobre como mascar chicletes, ou sobre qualquer disparate que forneça empregos para professores e funcionários vindos do universo de “esquerda”.

Pouco antes disso, no que vai se tornando uma rotina, um professor de antropologia também de São Paulo – “antropologia”, é claro, do que mais poderia ser? – agora da escola privada Avenues, que cobra mensalidades de R$ 12 mil reais, mandou um aluno calar a boca em plena classe, pela pura e simples infração de discordar de algo que estava ouvindo. “Eu sou um doutor em antropologia com especialidade em Harvard”, disse ele – o que é mentira: ele nunca recebeu qualquer diploma ou título de Harvard. “No dia em que você souber tudo o que eu sei, aí você pode se manifestar”.

Não se trata apenas de repressão grosseira, retrógrada e covarde, com o uso velhaco da posição de “autoridade” para intimidar um garoto de ginásio. É, também, a negação dos princípios mais elementares da atividade pedagógica, ao punir um aluno que tenta expressar um ponto de vista pessoal. E por que isso tudo? Porque o doutor em antropologia tinha trazido a líder indígena profissional Sonia Guajajara, militante aberta do PT e da esquerda, para fazer uma palestra de denúncia do agronegócio.

Segundo a sua ladainha de sempre, a agricultura e a pecuária brasileira estariam “destruindo” o Brasil e o planeta. É o contrário do que deveria ser: convites como esse são para dar aos jovens uma oportunidade de ouvir colocações imparciais, objetivas e científicas sobre os temas atuais. Um aluno quis discordar; o mundo caiu em cima dele.

Os pequenos tiranos do curso de Gestão de Políticas Públicas da USP e da Escola Avenues foram deixados em perfeita paz; continuarão a agir exatamente como agiram. Tudo bem, talvez, com a Escola Avenues – se os pais querem tirar R$ 12 mil do seu bolso, todos os meses, para pagar os ensinamentos da índia Guajajara, problema deles. No caso da universidade pública, é o cidadão brasileiro que está pagando a conta, com os seus impostos de cada dia.


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O CENTRÃO SÃO OS PARTIDOS QUE TÊM MAIORIA NA CÂMARA FEDERAL

 


  1. Política
     

Para os caciques partidários pode ser que não esteja tudo dominado, mas está tudo definido

William Waack, O Estado de S.Paulo

A excepcional eleição deste ano já tem resultado conhecido. É a confirmação da vitória do Centrão, do sistema político tradicional, da fraqueza dos partidos e do degradante nível geral do Legislativo, não importa o vencedor para o Planalto.

É muito elucidativo constatar o conforto político no qual vive o grande grupo amorfo dessas forças políticas. Consolidaram-se como dominantes – a ponto de se importarem relativamente pouco com o resultado da escolha presidencial.

Ciro Nogueira e Jair Bolsonaro
Bolsonaro e Lula reconhecem publicamente as condições políticas e afirmam que sem o Centrão não governam. Foto: Gabriela Biló/Estadão

Esse é o resultado de uma longa linha do tempo que tem como ponto de partida a saída do regime militar. Mas o controle que esse grande grupo hoje exerce é inédito.

Seu símbolo maior é o orçamento secreto, apoiado nas emendas do relator, em si uma contradição com os preceitos democráticos básicos de transparência. Bolsonaro foi manietado pelo STF, mas o Legislativo escapou.

Bolsonaro e Lula reconhecem publicamente as condições políticas e afirmam que sem o Centrão não governam. Não parecem dedicados a alterar esse estado de coisas, talvez convencidos de que o fundamental é escapar de um impeachment. É um reducionismo brutal da expressão “fazer política”.

Diante dessa realidade, o comportamento dos caciques do Centrão é racional, lógico e previsível. Os que estão hoje no governo se empenham pela continuidade do acesso aos cofres e máquina públicos. E no nome do presidente para ajudar a eleger deputados nos distritões estaduais – base de seu poder.

Os que não são governo falam em terceira via, pois nela enxergam ferramenta adicional de barganha. Mas não estão empenhados seriamente em candidaturas competitivas contra os dois líderes das pesquisas. Consideram alguns donos de partidos lançar seus próprios nomes como “candidaturas técnicas” à Presidência, mesmo sabendo que não têm a menor chance de vitória. Assim, não precisam se declarar por Bolsonaro ou Lula antes do primeiro turno, prejudicando a formação de bancadas.

Nas mãos do Centrão foi consideravelmente reduzida à imprevisibilidade com o depois das eleições. Atribui-se pouca probabilidade aos imponderáveis “conhecidos”, como Bolsonaro esticando demais a corda da ruptura institucional para cima do TSE, por exemplo. Ou Lula conquistando um arco de alianças tão amplo a ponto de se considerar “garantida” uma vitória dele em primeiro turno.

É igualmente tido como de baixa probabilidade o surgimento de um nome de terceira via que encante o eleitorado e obrigue os operadores do Centrão, em todas as suas facções, a refazer os cálculos. Por via das dúvidas, melhor nem tentar.

TERCEIRA VIA NÃO DECOLA E FAVORECE BOLSONARO

 

  1. Política 

Sem Simone para segurar o MDB e sem Moro na jogada, a maioria dos aliados e dos votos deles não vai para o petista e pode ir para o capitão

Eliane Cantanhêde, O Estado de S.Paulo

O União Brasil quer fugir de Jair Bolsonaro no primeiro turno, o MDB não quer ser só mais um no Centrão e o PSDB… bem, o PSDB se debate para se manter à tona, jogado para um lado e para o outro por Bolsonaro, o ex-presidente Lula e as próprias divisões internas. O Cidadania tenta evitar que todos afundem.

É óbvio que superestimaram a importância do jantar de Lula com senadores em Brasília no início da semana. Ali não teve nada demais. Nem novidade. Quem estava com Lula continuou com Lula, quem não estava continuou não estando.

O MDB tem 12 senadores e nem metade estava lá, na mansão do ex-senador e ex-presidente do Senado Eunício Oliveira (CE). Ele e o senador Renan Calheiros (AL) são lulistas de outros carnavais. O apoio deles não muda nada.

Além disso, são oito deputados federais do MDB nos nove Estados do Nordeste, que tende para Lula, e nove só nos três Estados do Sul, onde, sem candidatura própria, a debandada seria para o outro lado – Bolsonaro. Alagoas, de Renan, tem 14 votos na convenção nacional do MDB e o Rio Grande do Sul, 44.

Logo, não é inteligente atacar a senadora Simone Tebet agora, como já não foi bombardear o ex-juiz Sérgio Moro. Sem Simone para segurar o MDB e sem Moro na jogada, a maioria dos aliados e dos votos deles não vai para o petista e pode ir para o capitão.

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Única mulher com pré-candidatura confirmada à Presidência da República, Simone Tebet, defendeu projeto de lei que estabelece cota de 30% para parlamentares do gênero feminino em assembleias legislativas do País. Foto: Dida Sampaio/Estadão

Assim, o MDB de 14 Estados, suas frentes (jovem, mulher, afro…) e associações de prefeitos e vereadores reafirmam apoio a Simone. Ruim com ela, pior sem ela. Com ela, o risco é repetir o fiasco de Henrique Meirelles em 2018. Sem, o partido perde assento no centro e se embola com o Centrão – e Bolsonaro. Mais: como Meirelles, ela não tira dinheiro dos candidatos, pois tem o fundo eleitoral das mulheres.

O União Brasil nasceu de uma fusão artificial de DEM e PSL, embalado pelos interesses de seus caciques, e tem problemas de crescimento. Atraiu Moro do Podemos para o limbo e lançou Luciano Bivar para nada. Você não está entendendo nada? Nem eles entendem. Aliás, não se entendem.

E no PSDB, João Doria quer entrar no vácuo das desistências (de Moro, por exemplo) para encostar em Ciro Gomes (PDT) no terceiro lugar – como aponta a pesquisa do Poder 360 – e demonstrar fôlego, reduzindo a rejeição. Eduardo Leite está à espreita.

Enquanto seu lobo e o nome da terceira via não vêm, o maior adversário de Lula e Bolsonaro é a alta rejeição e uma coisa é óbvia, inclusive para os petistas: a campanha do capitão é muito mais eficiente do que a do petista. Ainda vamos ter muita emoção. E muito medo!

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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