segunda-feira, 11 de abril de 2022

DESTRUIÇÃO NA UCRÂNIA

Ucrânia

Por
Luis Kawaguti – Gazeta do Povo

Posto de gasolina destruído na região de Kiev: se a população civil não conseguir deixar a área de Donbass a tempo, possivelmente outras Buchas se repetirão| Foto: Luis Kawaguti

O silêncio nas cidades de Irpin e Bucha é quebrado apenas pelo vento forte, que derruba esquadrias retorcidas de janelas e pedaços de telhas de prédios semidestruídos por granadas de artilharia. Nas ruas, há muitos carros e blindados queimados, mas não é possível ver moradores. O movimento se restringe a alguns repórteres andando a pé. Essa é a primeira impressão dos arredores da capital da Ucrânia, Kiev, após a retirada das tropas russas.

Cerca de 40 mil militares russos abandonaram no último dia 31 suas posições nas cidades do subúrbio da capital ucraniana e da região de Chernigov e Chernobyl. Enquanto retraíam para o norte, em direção a Belarus, defendiam-se das emboscadas de pelotões de infantaria e do fogo da artilharia ucraniana.

A retirada massiva deixou para trás não só um cenário desolador de destruição, mas também dezenas de corpos de civis mortos por estilhaços de bombas ou tiros a curta distância.

Entro em Irpin em um carro dirigido por um jornalista ucraniano. Viemos por uma rota alternativa, pois a ponte que ligava a cidade a Kiev foi dinamitada. Na estrada secundária, a primeira visão é um grande posto de gasolina completamente destruído, onde militares ucranianos montaram um posto de controle.

O comportamento dos soldados é completamente diferente daqueles posicionados nas cidades do oeste, como Lviv – onde os combates de tropas no terreno não ocorreram e os mísseis russos atingiram na maior parte das vezes só alvos militares. Aqui, os soldados quase não fazem perguntas. Ao notar que somos jornalistas, um jovem militar afirma: “Passem, vocês têm que ver o que aconteceu aqui”.

Ele também alerta: “Mantenham o carro na estrada e, quando desembarcarem, só pisem no asfalto, não na terra – a região está toda minada”.

Dirigimos devagar, por uma área cercada de florestas, até chegar a uma rua onde há prédios de no máximo oito andares. Eles estão parcialmente destruídos, com marcas negras de incêndios e completamente vazios. Não resta uma janela intacta e há escombros por toda parte.

Na rua, o que mais chama a atenção são carros de passeio com vidros e lataria varados por centenas de tiros. Ao examinar com mais calma, percebo que na verdade há marcas de tiros e de estilhaços de bomba em toda parte, em paredes, portões, muros… No asfalto há marcas arredondadas feitas pelo impacto de granadas de morteiro. É possível ver crateras de um metro de profundidade feitas por foguetes no terreno.

Fotos: Luis Kawaguti
Me aproximo a pé dos destroços de um foguete retorcido e apanho na mão um estilhaço. Apesar de ter só dois centímetros de comprimento e um de diâmetro, é um objeto estranhamente pesado, feito de metal muito denso. Começo a entender como se processou tanta destruição.

Passamos por um blindado leve MT-LB russo completamente destruído, que teve a torre de tiro arrancada por uma explosão. Acho a torre retorcida alguns metros à frente.

Depois de um entroncamento, fica a avenida principal da cidade de Bucha. Em frente ao que restou do edifício de dois andares de um centro comercial, militares ucranianos tentam consertar um blindado de transporte de tropas que teve uma das rodas destruídas.

Desço do carro para fotografar um tanque T-72 ucraniano abandonado em frente a um prédio destruído. Não é possível saber o que o atingiu. Possivelmente uma mina antitanque – à frente há pilhas delas amontoadas em cantos da rua por engenheiros de combate ucranianos.

A avenida principal de Bucha está parcialmente bloqueada. A barricada foi feita com um caminhão de cimento tombado e obstáculos antitanque. Atrás dela, há um movimento de militares e jornalistas em torno de um corpo. É um senhor idoso em roupas civis, possivelmente morto em uma das explosões ou por tiros de canhão de calibre 30 milímetros – há cápsulas desse calibre por toda parte.

Nas proximidades, é possível ver que soldados ucranianos abandonaram pelo chão lançadores de foguetes M72 usados. Trata-se da versão moderna da bazooka da Segunda Guerra, que dá apenas um tiro.

Seguimos de carro até uma área mais residencial, com casas de dois andares. É possível ver marcas das lagartas dos blindados na terra dos quintais. Muros e cercas foram destruídos.

Mais à frente, me deparo com uma das cenas que marcaram a batalha de Kiev: uma rua estreita repleta de blindados russos destruídos. O metal das carcaças foi retorcido e queimado. Tratava-se de uma grande coluna russa que caiu em uma emboscada.

O primeiro e o último carro de combate da fila foram atingidos do céu por mísseis lançados por drones de grande porte, operados pela Ucrânia. Os demais veículos ficaram presos na rua estreita e foram atacados por tropas de infantaria armadas com foguetes e mísseis antitanque. Moradores relataram que os soldados russos tentaram abandonar os tanques e procuraram abrigo nas casas vizinhas. Não é possível saber se houve sobreviventes.

Aos poucos, surgem alguns moradores. Eles contam que ficaram dias abrigados nos porões de suas casas. Quando retornaram à superfície, encontraram seus lares revirados por tropas russas e também ucranianas, que fizeram pilhagens e usaram as residências como abrigo.

“No começo da invasão, eu quase morri”, diz um morador, que pede para não se identificar. “Vi um tanque de guerra e tentei tirar uma foto. Os soldados apontaram para mim, mas não atiraram e só confiscaram o meu celular. Depois disso, só fiquei em casa”, afirma. Ele conta que ficou dias em um porão de quatro metros quadrados com chão de terra. Sua casa foi invadida pelos russos e pela segunda vez ficou sob a mira de uma arma. Mas sobreviveu.

Porém, muita gente não teve a mesma sorte. O governo ucraniano diz que mais de 300 corpos de civis foram encontrados em Bucha. Muitos deles tinham as mãos amarradas e marcas de tiros disparados a curta distância.

Fotos divulgadas pelos ucranianos mostram grupos de pessoas mortas por explosões de bombas ou corpos de moradores baleados ou atingidos pela artilharia enquanto tentavam escapar da cidade em seus carros. Esse cenário começou a ser chamado no mundo de Massacre de Bucha.

Quando estive na cidade, poucos dias após a saída dos russos, a maioria dos corpos havia sido recolhida. Eles foram enterrados em valas comuns na última sexta-feira, em um evento televisionado que reforçou o discurso de crime de guerra para a audiência internacional. A Rússia nega ter matado civis e diz que a Ucrânia forjou o cenário para atacar Moscou na guerra da informação.

Ainda em Bucha, um militar ucraniano aconselha: melhor não ficar muito tempo aqui, pois ontem os russos atiraram foguetes nesta região. Eu e o jornalista ucraniano pegamos o carro para ir embora. No caminho, sons de tiros de fuzil a alguns quilômetros de distância.

Saio da cidade com a impressão de que cenas como a que acabei de presenciar podem se repetir em breve na guerra da Ucrânia. Especialmente agora em que tropas russas se preparam para uma operação terrestre de larga escala no leste do país.
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CANDIDATOS À PRESIDÊNCIA COM IDEIAS ESQUISITAS

 

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo

Lideranças do PSB e do PT formalizaram a composição entre Lula e Alckmin para este ano| Foto: Ricardo Stuckert/PT

Eu fico me perguntando qual o destino dos candidatos que estão aí jogando seus nomes…

Por exemplo, eu ouvi no fim de semana Sergio Moro, em Washington, dizendo “olha, eu não desisti da candidatura à presidência da República. O que eu disse que foi que eu não vou ser candidato a deputado federal”. Ora, ele era candidato no Podemos. Largou o Podemos assim, de repente. Foi para o União Brasil, que já avisou que lá ele não é candidato a presidente e que, se quiser, tem lugar como deputado federal. Eu concluo que ele vai acabar tendo vaga para deputado estadual e por São Paulo, que nem é o estado dele. Tudo estranho. Lá no Paraná estava tudo pronto no Podemos, com força, com os senadores Oriovisto Guimarães e Alvaro Dias. Mas ele perdeu essa.

No dia seguinte, também nos Estados Unidos (eu acho estranho que candidatos ficam a mais de 8 mil quilômetros de distância do estado que tem mais eleitorado, que é São Paulo, para falar de eleições desde Boston), a senadora Simone Tebet, falando no Brazil Conference, disse que dia 18 de maio o União Brasil, o PSDB e o MDB – que é o partido dela – vão dizer quem vai ser o candidato dos três a presidente. E concorrem neste momento a isso ela, João Dória (pelo PSDB) e pelo União Brasil (um partido grande com DEM mais PSL) Luciano Bivar, que fora dos iniciados em política nem é conhecido. Daí a gente vai se perguntando para onde vai… Tem o Ciro, que vai disputar a terceira via com esse “Centro”.

Na chapa de Lula, fecharam com Alckmin, PSB e PT. Os bolsonaristas estão jogando nas redes sociais todas as declarações que ao longo desses 30 anos Alckmin fez a respeito de Lula. Totalmente oposto do que um companheiro agora está chamando o outro.

Ficou muito estranho. A gente está sentindo que parece que Lula pegou o Alckmin para ele não ser candidato ao governo de São Paulo , onde ele teria muita chance de voltar, para abrir caminho para o Haddad. O sonho do PT é o governo de São Paulo, que tem sido do PSDB. Estão esquecendo que, enquanto eles brigam, Tarcísio está lá.

Por outro lado, Lula falando todos os dias cada vez mais fortalece a minha teoria de que ele está querendo inviabilizar a própria candidatura, não quer mais ser candidato. Muita gente dentro do PT e da esquerda está se queixando disso: pregar aborto para todas as mulheres, dizer que os militares têm que cair fora do governo, que tem que assediar casa dos deputados, abolir reforma trabalhista, teto de gasto, privatizações desfazer tudo, dar força ao MTST. Está muito, muito estranho o rumo dessas candidaturas.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/alexandre-garcia/o-destino-dos-candidatos-a-presidencia/
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ARROCHO SALARIAL DOS SERVIDORES PÚBLICOS

 

  1. Economia 

Porque não tem capacidade para mudanças estruturais

Gasto do governo brasileiro com funcionalismo sempre foi exagerado comparativamente ao padrão internacional; não porque o número de servidores seja particularmente excessivo, mas porque a remuneração média é muito elevada

Luís Eduardo Assis*, O Estado de S.Paulo

Os historiadores do futuro terão muito trabalho em enumerar as atrações do show de aberrações que formarão o legado do governo Bolsonaro. Pois que não se deixe de fora da lista a imposição do maior arrocho já registrado no salário dos funcionários públicos. 

Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro, presidente da República; governo é incapaz de atacar de frente nossas mazelas Foto: Adriano Machado/ Reuters

Há decerto enormes distorções na estrutura salarial dos nossos barnabés. O gasto do governo brasileiro com funcionalismo sempre foi exagerado comparativamente ao padrão internacional. Não porque o número de servidores seja particularmente excessivo, mas porque a remuneração média é muito elevada. Em 2017, o Banco Mundial detectou que a diferença entre a média dos salários dos servidores federais e profissionais do setor privado com funções e qualificações similares era de 96%. Além disso, entre outras deformidades, há um enorme número de carreiras, os benefícios são exagerados e a progressão salarial está muitas vezes desvinculada do desempenho do funcionário. Basta não morrer e esperar um aumento.

Em setembro de 2020, o governo encaminhou ao Congresso uma proposta de reforma administrativa. A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 32/2020 não era ousada, mas sugeria novidades interessantes, como o fim da aposentadoria compulsória como maneira de punir o mau funcionário (uma bizarrice tupiniquim) e a demissão por insuficiência de desempenho ou no caso do cargo ser extinto (para aflição de datilógrafos e ascensoristas). A comissão especial da Câmara desfigurou o projeto original e fez prevalecer a visão corporativista usual. O projeto hoje dormita em algum escaninho empoeirado em Brasília e tem chance zero de ser aprovado.

Nesse ínterim, na falta de capacidade política de propor mudanças estruturais, o governo se vale da inflação para promover o arrocho dos salários. Terceirizou o serviço. A despesa de pessoal do governo central em fevereiro de 2022 ficou, descontada a inflação, 7% abaixo do gasto de dezembro de 2019. Entre fevereiro de 2022 e o mesmo mês de 2020, a folha cresceu 2,38%, contra uma inflação de 16,3%. Essa é a maneira errada de resolver o problema. Só aumenta as distorções já existentes e aciona uma bomba-relógio que pode explodir a qualquer momento, com risco eminente de paralisações e greves.

Longe de resolver, o arrocho apenas instiga os servidores mais aguerridos à mobilização, o que piora o quadro e agrava as disparidades. É o preço que pagamos por um governo incapaz de atacar de frente nossas mazelas. 

* ECONOMISTA. FOI DIRETOR DE POLÍTICA MONETÁRIA DO BANCO CENTRAL E PROFESSOR DE ECONOMIA DA PUC-

ÁGUA GANHA O MESMO STATUS DO PETRÓLEO

 

  1. Economia 

Luiz Carlos Trabuco Cappi*, O Estado de S.Paulo

A Nasdaq tem o seu Water Index, com empresas inovadoras na gestão do recurso; valorização média das companhias de água e saneamento listadas na Bolsa de Nova York bate seguidamente o S&P 500

Sinônimo de vida e saúde, a água está sob risco. Os sinais de escassez por causa de mudanças no ciclo das chuvas, da seca nas nascentes dos rios e da redução do gelo e da neve são globais. Tornou-se um problema econômico, ganha espaço na preocupação dos empresários e analistas e impacta a indústria, o agronegócio e os indicadores.

O drama humano é gigantesco. Segundo a ONU, cerca de 2,2 bilhões de pessoas não têm acesso a água potável certificada, 30% da população mundial. EUA, China e Índia sofrem com a diminuição de seus lençóis freáticos. No Brasil, perdemos 20% de superfície hídrica. Agora, os reservatórios estão abastecidos pelo verão chuvoso, mas o cenário é de incertezas.

Água
É preciso apostar no ESG como um ativo diferenciado do Brasil Foto: Arek Socha/Pixabay

Este ano, a OMS escolheu para o Dia Mundial da Saúde, em 7 de abril, o tema “Nosso Planeta, Nossa Saúde”, reforçando a importância da água entre as variáveis para o equilíbrio do ecossistema. É imprescindível seguir a cartilha endereçada pela sigla ESG (Ambiente, Social e Governança). O investimento em sustentabilidade, tecnologia e infraestrutura de captação e tratamento é questão angular da sobrevivência.

Mas o básico, como reduzir o desperdício, ajuda. Isso depende de valores pessoais e coletivos, além de investimentos em obras para o reaproveitamento da água. Estudo do Bank of America calculou em até US$ 1,5 trilhão os aportes anuais necessários para essa finalidade.

A água ganhou status de ativo e, dos investidores, uma classificação precisa: ouro azul. Iguala-se, assim, ao petróleo, o ouro negro. O petróleo e o ouro são recursos naturais finitos. E agora sobressai a ideia de que também a água é um bem finito, se não cuidarmos dela.

Os esforços para a solução da questão hídrica criam riqueza. A Nasdaq tem o seu Water Index, com empresas inovadoras na gestão do recurso. A valorização média das companhias de água e saneamento listadas na Bolsa de Nova York bate seguidamente o S&P 500. Em 2020, a Bolsa de Chicago lançou um contrato futuro para tentar precificar as expectativas do mercado para esse recurso natural. Entre nós, o novo Marco do Saneamento ativa investimentos. A meta é que 99% da população tenha acesso a água potável e 90% ao saneamento básico em 2033.

O Brasil está no centro dos desafios de superação da crise hídrica – pelo tamanho da sua economia e a dimensão das carências de sua infraestrutura de saneamento – e tem, portanto, necessidade de investimentos. Com mais segurança jurídica, é possível atrair capital para novos projetos rentáveis. É preciso apostar no ESG como um ativo diferenciado do Brasil.

* PRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DO BRADESCO. ESCREVE A CADA DUAS SEMANAS

MUNDO DIGITAL TEM INFLUENCIADORES

 

Projeto Upload – CNN

Primeiro episódio do Projeto Upload da CNN fala sobre influenciadores digitais do mundo corporativo

Stéphanie Fleury compartilha experiências e opiniões com Preta Gil, Nathalia Arcuri, Ricardo Amorim e Cristina Naumovs

O Projeto Upload estreia neste domingo, 10 de abril (22h30), como um guia visual sobre inovação, empreendedorismo e transformação digital comandado por Stéphanie Fleury, a criadora da plataforma DinDin, primeira startup da área financeira vendida para um grande banco na América Latina. A cantora Preta Gil, a jornalista Nathalia Arcuri, o economista Ricardo Amorim e a consultora de criatividade e inovação Cristina Naumovs são os primeiros convidados da temporada que terá dez episódios. Eles falam de uma tendência comum no mercado norte-americano, acompanhada pelo Brasil, que é a “mercadologização” das celebridades, como definem os especialistas.

O episódio Estrelas S/A aborda o marketing de influência, exercido pelos executivos que cruzaram as fronteiras do mundo corporativo para se tornar influenciadores digitais e, ao mesmo tempo, fala das celebridades que fizeram o caminho inverso, entrando para o mercado empresarial. Stéphanie Fleury e seus convidados analisam se é bom para os negócios quando o principal executivo se torna influencer, como as empresas veem esse movimento e compartilham experiências, desafios e das conquistas à frente de seus empreendimentos. 

Além de cantora, Preta Gil criou, em 2017, a agência especializada em música, marketing de influência e entretenimento Music2Mynd. “Quando eu iniciei a minha carreira eu tive que empreender sozinha, né? E uma coisa que eu amo fazer na vida é dividir essa visibilidade, esse know-how com outros artistas”, afirma a artista. Ela conta que a agência começou com poucos clientes, mas Pablo Vittar tinha acabado de explodir e precisava de quem cuidasse da parte comercial. “E foi vindo, gente, até se transformar numa agência com mais de 350 talentos”, comemora.

Ricardo Amorim, considerado pela Revista Forbes como o economista mais influente do Brasil e um dos maiores influenciadores do Linkedin, fez a travessia inversa. “Foi completamente orgânica minhas participações nas redes sociais.  No fundo, eu encontrei nas redes uma forma de expor ideias que  achava importante, que gostaria de compartilhar com mais gente”, afirma. “E, depois, com a minha entrada na televisão, eu me encontrei e fui me tornando um Ricardo Amorim melhor, sendo autêntico, preocupado com as pautas”, completa.  Segundo ele, existe espaço nas redes para quem oferece conteúdo bacana em vez de gritar coisas negativas.

CARACTERÍSTICAS DA VALEON

Perseverança

Ser perseverante envolve não desistir dos objetivos estipulados em razão das atividades, e assim manter consistência em suas ações. Requer determinação e coerência com valores pessoais, e está relacionado com a resiliência, pois em cada momento de dificuldade ao longo da vida é necessário conseguir retornar a estados emocionais saudáveis que permitem seguir perseverante.

Comunicação

Comunicação é a transferência de informação e significado de uma pessoa para outra pessoa. É o processo de passar informação e compreensão entre as pessoas. É a maneira de se relacionar com os outros por meio de ideias, fatos, pensamentos e valores. A comunicação é o ponto que liga os seres humanos para que eles possam compartilhar conhecimentos e sentimentos. Ela envolve transação entre pessoas. Aquela através da qual uma instituição comunica suas práticas, objetivos e políticas gerenciais, visando à formação ou manutenção de imagem positiva junto a seus públicos.

Autocuidado

Como o próprio nome diz, o autocuidado se refere ao conjunto de ações que cada indivíduo exerce para cuidar de si e promover melhor qualidade de vida para si mesmo. A forma de fazer isso deve estar em consonância com os objetivos, desejos, prazeres e interesses de cada um e cada pessoa deve buscar maneiras próprias de se cuidar.

Autonomia

Autonomia é um conceito que determina a liberdade de indivíduo em gerir livremente a sua vida, efetuando racionalmente as suas próprias escolhas. Neste caso, a autonomia indica uma realidade que é dirigida por uma lei própria, que apesar de ser diferente das outras, não é incompatível com elas.

A autonomia no trabalho é um dos fatores que impulsionam resultados dentro das empresas. Segundo uma pesquisa da Page Talent, divulgada em um portal especializado, 58% dos profissionais no Brasil têm mais facilidade para desenvolver suas tarefas quando agem de maneira independente. Contudo, nem todas as empresas oferecem esse atributo aos colaboradores, o que acaba afastando profissionais de gerações mais jovens e impede a inovação dentro da companhia.

Inovação

Inovar profissionalmente envolve explorar novas oportunidades, exercer a criatividade, buscar novas soluções. É importante que a inovação ocorra dentro da área de atuação de um profissional, evitando que soluções se tornem defasadas. Mas também é saudável conectar a curiosidade com outras áreas, pois mesmo que não represente uma nova competência usada no dia a dia, descobrir novos assuntos é uma forma importante de ter um repertório de soluções diversificadas e atuais.

Busca por Conhecimento Tecnológico

A tecnologia tornou-se um conhecimento transversal. Compreender aspectos tecnológicos é uma necessidade crescente para profissionais de todas as áreas. Ressaltamos repetidamente a importância da tecnologia, uma ideia apoiada por diversos especialistas em carreira.

Capacidade de Análise

Analisar significa observar, investigar, discernir. É uma competência que diferencia pessoas e profissionais, muito importante para contextos de liderança, mas também em contextos gerais. Na atualidade, em um mundo com abundância de informações no qual o discernimento, seletividade e foco também se tornam grandes diferenciais, a capacidade de analisar ganha importância ainda maior.

Resiliência

É lidar com adversidades, críticas, situações de crise, pressões (inclusive de si mesmo), e ter capacidade de retornar ao estado emocional saudável, ou seja, retornar às condições naturais após momentos de dificuldade. Essa é uma das qualidades mais visíveis em líderes. O líder, mesmo colocando a sua vida em perigo, deve ter a capacidade de manter-se fiel e com serenidade em seus objetivos.

Nossos contatos: Fones: (31) 3827-2297 e (31) 98428-0590 (Wpp)

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A jornalista Nathalia Arcuri tornou-se uma influencer ensinando as pessoas a tomarem as rédeas da própria vida financeira. Ao criar a plataforma “Me Poupe”, no YouTube, com quase 7 milhões de inscritos, provou que sabe como impedir que o sucesso seja algo efêmero. “O único jeito de você vencer no Brasil é se transformando em uma empreendedora”, alerta. Sozinha, com dinheiro próprio, ela criou a empresa que faturou R$ 85 milhões em quatro anos.

A situação de Stéphanie Fleury não é diferente, já que além de cuidar dos próprios negócios, ela agrega mais uma atividade como apresentadora de televisão.  “É uma virada de chave. No entanto, ter opinião com estilo se tornou fundamental nos dias de hoje para qualquer profissional. Agora que eu sou apresentadora, minha imagem virou um ativo”, afirma.

Cristina Naumovs explica que as marcas precisam ter coerência entre a mensagem divulgada por seus influenciadores e o que praticam no dia a dia. Segundo ela, hoje a discussão mais importante está relacionada à capacidade de comunicação transparente, persuasão, influência e liderança, que são competências reais.

O “Projeto Upload” é exibido aos domingos, às 22h30.

 *Sobre a CNN Brasil*

A CNN Brasil começou a operar em 15 de março de 2020 produzindo conteúdos multiplataformas, com notícias transmitidas na TV, rádio, site, aplicativo e YouTube e ainda em perfis nas redes sociais Instagram, Facebook, Twitter e LinkedIn, pushes, notificações, newsletters e podcasts. A emissora já conquistou 21 prêmios e em seu elenco figuram alguns dos jornalistas mais reconhecidos e com maior credibilidade junto ao público nacional, além de novos talentos do telejornalismo.

domingo, 10 de abril de 2022

GRANDE PRODUÇÃO DE PETRÓLEO MAL APROVEITADO NO BRASIL NAS SUAS REFINARIAS

Combustíveis

Por
Célio Yano – Gazeta do Povo

Plataforma de petróleo da Petrobras: 2,23 milhões de barris por dia produzidos no pré-sal.| Foto: Geraldo Falcão/Agência Petrobras

Em meio a um cenário de alta no preço do petróleo no mercado internacional, a Petrobras anunciou no início do mês a descoberta de uma nova acumulação no pré-sal da porção sul da Bacia de Campos, em um poço pioneiro no bloco Alto de Cabo Frio Central, a 230 km da cidade do Rio de Janeiro. Responsável pela área, o consórcio formado pela estatal e pela BP Energy do Brasil ainda precisa finalizar a perfuração para avaliar o tamanho da reserva e caracterizar a qualidade dos fluidos.

Nos próximos anos, os novos reservatórios vão ajudar a elevar a produção brasileira de petróleo e gás natural, hoje altamente dependente da exploração em águas profundas. Em razão do volume de reservas disponíveis e da opção da Petrobras de investir no pré-sal, mais de três quartos dos hidrocarbonetos extraídos no país vêm hoje dessa província petrolífera.

O ritmo é crescente. Para se ter uma ideia, em 2010, três anos após a descoberta das reservas de pré-sal no Brasil, o país produzia em média 41 mil barris de petróleo por dia a partir dessa camada. Em 2014, o volume chegou a 500 mil. Três anos depois, em 2017, a produção no pré-sal superou, pela primeira vez, a do chamado pós-sal. No ano seguinte, já se extraía 1,5 milhão de barris diários, segundo dados da estatal.

No relatório mais recente da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), referente a fevereiro, foram produzidos no país, por dia, 2,235 milhões de barris de petróleo, além de 96,4 milhões de metros cúbicos de gás natural nos 127 poços localizados na camada do pré-sal. Isso equivale a 75,7% de toda a produção em território nacional, que foi de 2,235 milhões de barris de petróleo e 133 milhões de metros cúbicos de gás natural.

Quase a totalidade da produção conta com a participação da Petrobras, que até 2016 era a única operadora responsável pela operação de atividades de exploração no pré-sal. A partir daquele ano, a empresa deixou de ser monopolista no setor, mas passou a ter o direito de preferência para adquirir ao menos 30% de participação nos consórcios de exploração de áreas leiloados.

Campos operados pela estatal, sozinha ou em consórcio, produziram 94,1% do petróleo e do gás natural em fevereiro. Os campos operados exclusivamente pela Petrobras responderam por 28,5% do total.

Ao todo, as commodities extraídas em território brasileiro provêm de 6.149 poços, sendo 468 marítimos e 5.681 terrestres. Os campos marítimos responderam por 97,1% de toda a produção de petróleo e de 87,5% do de gás natural.

Apesar de o volume de petróleo extraído hoje no Brasil corresponder ao necessário para suprir a demanda do mercado interno, parte do óleo produzido aqui é do tipo pesado e precisa ser misturado a outros tipos para poder ser refinado. Além disso, a capacidade de refino do petróleo para geração de derivados, como gasolina e diesel não atende à necessidade de consumo do país.

Segundo a ANP, em fevereiro, o Brasil precisou importar 5,78 milhões de barris de petróleo ao custo de US$ 482,2 milhões, além de outros 8,98 milhões de barris de derivados, que custaram US$ 723,47 milhões. Na outra ponta, o país exportou 49,46 milhões de barris do óleo bruto, arrecadando US$ 3,45 bilhões.

Para onde vai o dinheiro da produção
Por meio dos chamados contratos de partilha, parte do petróleo e gás natural que é extraído da camada do pré-sal pertence à União. Desde 2010, todo o dinheiro arrecadado com a comercialização desses recursos vai para o chamado Fundo Social, uma reserva destinada a investimentos em saúde educação, cultura, esporte, saúde pública, ciência e tecnologia e meio ambiente.

Em agosto de 2020, o Congresso chegou a aprovar uma lei que alterava a destinação desse capital, distribuindo 50% para o Fundo Social, 30% para o Fundo de Participação dos Estados e Distrito Federal (FPE) e o Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e outros 20% para a um fundo para expansão de gasodutos, o chamado Brasduto. O dispositivo, no entanto, foi vetado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).

Em 2013, para gerir os contratos de partilha de produção e a comercialização de petróleo e gás e representar a União nos acordos de unitização, foi criada a estatal Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA), vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME).

De acordo com a PPSA, em todo o ano passado a União recebeu R$ 1,22 bilhão com a comercialização da parcela de petróleo e gás natural nos contratos de partilha de produção. A cifra superou em 74% o valor de 2020, de R$ 704 milhões, e foi recorde na série histórica, superando o R$ 1,1 bilhão referente a 2018.

Foram comercializados 3,5 milhões de barris de petróleo da União do Campo Entorno de Sapinhoá e da Área de Desenvolvimento de Mero (Libra), além de 57,6 milhões de metros cúbicos de gás natural provenientes de União dos Campos de Búzios, Entorno de Sapinhoá, Tartaruga Verde Sudoeste e Tupi.

De 2013 até o ano passado, foram arrecadados R$ 3,9 bilhões para a União, sendo R$ 2,6 bilhões com a atividade de comercialização do petróleo e gás e R$ 1,3 bilhão com equalização de gastos e volumes realizada pela companhia em áreas onde a União tem participação nos Acordos de Individualização da Produção (AIPs).

No balanço, divulgado em janeiro, o diretor-presidente da PPSA, Eduardo Gerk, disse considerar o resultado o início de uma curva de crescimento para os próximos anos. Um estudo divulgado pela empresa no fim de 2021 estima que até 2031 deverão ser produzidos 8,2 bilhões de barris de petróleo em regime de partilha de produção, sendo de 1,5 bilhão de barris a parcela da União. “Esperamos arrecadar US$ 116 bilhões com a comercialização destes volumes”, afirmou Gerk.


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LAVA JATO CONTINUA SENDO CRITICADA PELO STF

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo

Apesar da previsão constitucional que proíbe o uso de provas ilícitas, Lewandowski afirmou que defesa de Lula pode usar supostas conversas de Deltan Dallagnol em pedido de indenização.| Foto: Nelson Jr./STF

Durante alguns dos julgamentos de casos da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, o ministro Gilmar Mendes, o mais exaltado dos adversários da operação na corte, repetiu inúmeras vezes uma menção sarcástica a um certo “Código Penal soviético” – era uma tentativa de atingir o ex-juiz Sergio Moro, que nas supostas conversas entre procuradores da força-tarefa teria o apelido de “Russo”. Com a ironia, Mendes insinuava que Moro teria agido à margem da lei, fazendo as próprias regras para julgar e condenar os corruptos do petrolão. No entanto, cada vez mais fica claro que a prática de subordinar a lei aos desejos do julgador, como era a praxe dos processos teatrais da União Soviética que buscavam ostracizar os adversários do regime, é cortesia não de Moro, mas dos ministros de tribunais superiores.

Afinal, em um país onde os magistrados das principais cortes do país seguem à risca a lei e a jurisprudência, Deltan Dallagnol jamais teria sido condenado a indenizar Lula pela apresentação de PowerPoint exibida por ocasião da denúncia formal contra o ex-presidente no caso do tríplex do Guarujá, em 2016. Havia inúmeros motivos processuais e de mérito para que o pedido de indenização feito pelo petista não fosse aceito. O caso do PowerPoint já tinha sido analisado pela Corregedoria do Ministério Público Federal e pela Corregedoria Nacional do Conselho Nacional do Ministério Público, que não viram problema algum na apresentação; o CNMP também decidira arquivar a representação contra Dallagnol e seus colegas de força-tarefa Roberson Pozzobon e Januário Paludo. Ora, diz o princípio do non bis in idem que ninguém pode responder mais de uma vez pelo mesmo ato – quanto mais quatro vezes. Além disso, a defesa de Lula processou Dallagnol diretamente, quando na verdade a ré deveria ser a União, já que o então procurador agia na qualidade de membro do MPF; toda a jurisprudência do STF aponta nesta direção. Por fim, ainda que a entrevista coletiva na qual se deu a exibição dos slides tenha ocorrido em Curitiba, Lula preferiu iniciar a ação na Justiça estadual paulista.

Em um país onde os magistrados das principais cortes do país seguem à risca a lei e a jurisprudência, Deltan Dallagnol jamais teria sido condenado a indenizar Lula

E, nas duas primeiras instâncias, os magistrados que analisaram o caso foram certeiros ao negar a indenização. O juiz Carlo Melfi, da 5.ª Vara Cível de São Bernardo do Campo (SP), e os desembargadores da 8.ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo tiveram o mesmo entendimento: a apresentação simplesmente refletia o conteúdo da peça de denúncia entregue pelo MPF ao Judiciário; o acórdão da decisão de segunda instância diz explicitamente haver “inexistência de abuso nas expressões utilizadas na referida divulgação” – que, aliás, se justificava dada a notoriedade do denunciado. Ainda que a estratégia de comunicação da força-tarefa tivesse um certo grau de ineditismo a ponto de provocar discordância em alguns círculos, em momento algum ela violou os direitos ou a honra dos acusados, seja Lula, sejam todos os outros alvos da Lava Jato, já que as entrevistas coletivas eram um hábito da operação, não se resumindo à denúncia contra o ex-presidente.

Pois a Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça ignorou todos esses fatores para condenar Dallagnol a indenizar Lula em R$ 75 mil – a pretensão do petista era tirar R$ 1 milhão do ex-procurador. O preconceito contra a Lava Jato ficou claro em expressões como “juízo de exceção” e “funcionamento anômalo”, usadas por Raul Araújo, um dos quatro ministros que votaram pela condenação. Dallagnol, então, recorreu ao Supremo Tribunal Federal para reverter a sentença, e o ministro Ricardo Lewandowski se tornou o responsável pelo mais recente absurdo judicial cometido contra a Lava Jato ao permitir que a defesa de Lula use no processo as supostas conversas de Dallagnol com outros membros da força-tarefa e com Moro, fruto de uma invasão dos celulares das autoridades.


Tais conversas já seriam imprestáveis como prova judicial pelo simples fato de jamais terem tido sua autenticidade comprovada, mesmo após perícia da Polícia Federal. Mas, ainda que fossem indubitavelmente verdadeiras, seu uso ainda estaria proibido pelo fato de terem sido fruto de um crime, pois a Constituição Federal é claríssima ao afirmar, no inciso LVI do artigo 5.º, que “são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos”. Embora haja jurisprudência que aceita tais evidências quando elas servem para inocentar um réu, obviamente não é esta a situação em tela, já que a defesa de Lula quer usar as supostas conversas contra Dallagnol, não a seu favor. Não existe nenhuma argumentação jurídica possível para defender a decisão de Lewandowski.

Cada vez mais, fica cristalino que, quando se trata de prejudicar a Operação Lava Jato e seus protagonistas, e demolir os resultados conquistados por anos de trabalho incansável e heroico, vale absolutamente tudo: ignora-se a Constituição, os códigos processuais, os bons princípios jurídicos, decisões anteriores das mesmas cortes superiores, a verdade dos fatos. Já estamos um passo além do “garantismo” que, entre duas interpretações possíveis da lei, escolhe sempre aquela que acaba favorecendo os corruptos; agora, trata-se de negar a própria letra da lei e dos códigos, protegendo uma elite de intocáveis, colocados longe do alcance dos agentes da lei. Poucas coisas podem ser mais soviéticas que isso.


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MORO DEFENDE A TERCEIRA VIA E DIZ QUE É CANDIDATO

 

Terceira via

Por
Renan Ramalho – Gazeta do Povo

Sergio Moro reafirmou estar “à disposição” para ser candidato à Presidência| Foto: Divulgação

O ex-juiz Sergio Moro reafirmou neste sábado (9) estar “à disposição” para ser o candidato à Presidência da República da chamada “terceira via” – de partidos que rejeitam o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Mas fez um apelo para que a sociedade civil e o setor privado se mobilizem, caso queiram um presidenciável de “centro”.

“Não é só o mundo político. É importante que a sociedade civil e o setor privado brasileiro se posicionem e digam o que esperam para o futuro do país. Há realmente um desejo de se ter uma via democrática, contra esses dois extremos? Se há isso, as pessoas precisam se erguer e se manifestar. Porque o que mais ouvi durante esses meses, muitas vezes era: ‘Precisamos de uma terceira via’ e um tapinha nas costas”, disse, durante a Brazil Conference, evento de sabatinas e palestras realizado em Boston, por estudantes da Universidade de Harvard.

“Ou seja, se a sociedade, se o setor privado, se as pessoas não se mobilizarem para se ter um candidato de centro, que possa vencer os extremos, nós não teremos. E teremos mais quatro anos, infelizmente e aqui espero estar errado, mas se tiver mais quatro anos com alguns desses extremos, são mais quatro anos perdidos e de progressiva degeneração institucional. Então, é aquele momento em que brasileiros têm que se levantar e discutir que país que eles querem para o futuro”, completou em seguida.

Antes, Moro disse que quem decidirá sobre candidatura é a União Brasil, “especialmente o presidente Luciano Bivar, que tem sido o principal agente na formação desse centro democrático”. Repetiu que sua atitude, de suspender sua candidatura, ao ingressar no partido, mostra seu “desprendimento”.

“Agora, é especialmente importante que o candidato do centro seja um candidato competitivo. O que nós tínhamos visto e estávamos vendo nas pesquisas é que meu nome estava lá em terceiro lugar, depois de Lula e de Bolsonaro. Então, acho que na formação desse centro democrático, eu tenho uma participação importante”, afirmou.

‘Autossacrifícios’ para aprovar reformas
Na sabatina, Moro foi questionado sobre como pretende formar maioria no Congresso, dado o passado de dificuldades para aprovar suas propostas junto aos parlamentares e de atritos com o presidente Jair Bolsonaro quando foi ministro da Justiça.

Moro disse acreditar que, no início do mandato, poderá aprovar com facilidade o fim da reeleição e do foro privilegiado para o presidente da República. Com essa demonstração de “autossacrifício”, poderia ganhar apoio para as reformas administrativa e tributária.

“O que nós estamos em falta hoje no Brasil é um pouco daquele espírito público de liderança de a pessoa mostrar que está disposta a enfrentar interesses especiais. E uma forma de demonstrar isso é fazer autossacrifícios. Então quando digo que é importante acabar com a reeleição para o presidente da República, é que o presidente acaba sinalizando para a população e mesmo para o mundo político que ele está disposto a fazer sacrifícios”, disse.

“Quando encaminha projeto de emenda constitucional, acabando com o foro privilegiado para todo mundo, inclusive para o presidente da República, é a mesma sinalização. E aí quando você vai fazer uma reforma administrativa, quando vai fazer uma reforma tributária, que envolvem também perdas e ganhos a depender dos grupos envolvidos, você tem a legitimidade pra destacar olha: eu fiz alguns sacrifícios, a classe política cortou alguns de seus direitos e interesses.”

STF, educação e segurança
Indagado sobre o STF, Moro repetiu que respeita a instituição e que não vai incentivar ofensas aos ministros. Em seguida, criticou “erros” recentes do tribunal no combate à corrupção, como a transferência de casos de corrupção para a Justiça Eleitoral e o fim da prisão após condenação em segunda instância.

“Agora, em vez de lamentando ou criticando o Supremo, o que eu tenho defendido é que a gente precisa, além das reformas necessárias para o Brasil voltar a crescer, o que gente precisa é de pacote ético”, disse, defendendo o fim da reeleição, o fim do foro privilegiado, a volta da execução em segunda instância e maior autonomia da Polícia Federal.

Ao responder a uma pergunta sobre seus planos para a educação, Moro disse não existir uma “bala de prata”. “O que faz boa educação pública são bons professores, que precisam ter treinamento, capacitação, remuneração condigna e precisa, claro, de cobrança de desempenho, para que tenhamos resultado”, afirmou.

Disse que tem uma equipe trabalhando em propostas na área, que incluem fazer o governo federal priorizar a primeira infância, com esforços para alfabetização e ensino de matemática. Outra ideia é transferir a gestão das universidades federais para o Ministério da Ciência e Tecnologia, para que o Ministério da Educação se concentre na educação básica.

Ao abordar a área da segurança, Moro citou números favoráveis de 2019, quando ocupou o Ministério da Justiça, principalmente a redução de 22% no número de homicídios, apreensões recordes de drogas e armas, e a transferência de líderes do PCC para presídios federais.

Afirmou que, em relação às armas, enquanto ministro, defendeu apenas o direito de as pessoas terem a posse dentro de suas casas e também o direito de usá-las em toda a extensão de uma propriedade rural.

“Relativamente a outros temas, de porte de arma e de armamento pesado, de grosso calibre ou de repetição automática, eu fui contra. Não concordo que pessoas possam andar na rua portando armas automáticas ou de grosso calibre”, disse.


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