terça-feira, 29 de março de 2022

GOOGLE PODE DIVULGAR O SEU SITE

 

 Por Frank Marcel – Agência Mestre

Uma das grandes dúvidas de quem está começando no mundo digital ou lançando o seu primeiro site, é exatamente sobre o funcionamento dos mecanismos de busca. O objetivo da grande maioria é aparecer nos primeiros resultados de pesquisas, mas nem todos sabem como fazer para o Google encontrar o seu site.

Os algoritmos da plataforma vão se atualizando, mas existem alguns métodos que ajudam sua página a ter um bom rankeamento. Além de permitir que o Google encontre o seu site, podem agregar valor ao domínio e à marca.

Para sanar os questionamentos sobre esse tema, leia o artigo e entenda os detalhes!

Como fazer para o Google encontrar o seu site?

Quer saber como fazer para o Google encontrar o seu site? Veja quais são os diferentes caminhos para fazer o seu site aparecer no Google de forma orgânica:

cadastre o sitemap.xml no Google Search Console;

solicite a indexação;

fortaleça seus links;

divulgue o link dos seus sites nas redes sociais;

tenha um código limpo;

preze pela rapidez do seu site;

crie conteúdos estratégicos e de valor;

mantenha seu site atualizado;

defina a canonical tag;

faça linkagem interna.

Essas ações vão contribuir para um bom posicionamento orgânico do seu site. Entenda cada um destes tópicos a seguir:

1. Cadastre o sitemap.xml no Google Search Console

O Google tem o seu modelo preferido e mais indicado de todos para indexar sites, o cadastro do sitemap.xml no Google Search Console (GSC).

Embora esse seja o modelo mais conhecido e indicado, é impressionante a quantidade de sites que ainda não usou o método, seja por não ter um Sitemap XML, ou por ter, mas não fazer o cadastro no GSC.

Esta é, provavelmente, a forma mais eficaz de fazer com que o Google indexe um site, pois você entrega de forma organizada todas as páginas do site (ou quase todas, listando pelo menos as mais importantes).

Apesar do Sitemap XML ser o mais indicado, o Google aceita outros formatos, como um simples arquivo de texto (sitemap.txt), com uma lista de URLs do seu site, uma por linha. Simples assim. Basta enviar este arquivo também pelo Search Console. Não tem desculpa para não ter um sitemap por lá.

Se ainda assim você quiser um Sitemap XML, você pode usar uma ferramenta como o WriteMaps para isso. Na Academia de Marketing Digital, no módulo de SEO, temos uma aula explicando como usar a ferramenta que, entre outros recursos, gera um sitemap.xml a partir da arquitetura de site que você construir.

2. Solicite a indexação

Antigamente, o GSC tinha a opção de rastrear como o Google. Agora, ele não conta mais com essa opção e quando você quer que uma URL seja indexada mais rapidamente, é preciso ir no GSC e clicar em ‘Inspeção de URL’ e colocar a URL na caixa de busca que vai ficar destacada. Após inserir a URL lá e buscar, você pode ver se a página está indexada ou não. Se não tiver, pode solicitar a indexação.

como fazer para o Google encontrar o seu site

Estes métodos servem, não só para um site ser descoberto, mas também para que suas páginas mais profundas, ou seja, mais distantes (em número de cliques) da página inicial serem descobertas. Infelizmente, não há garantia de que cada página listada seja indexada, mas certamente é uma grande oportunidade que está na sua mão.

Veja mais sobre Como Aparecer No Google e Indexar Seu Site no Buscador!

3. Fortaleça seus links

Para o Google encontrar o seu site, ele vai precisar de um link que leve o Googlebot até o site ou página específica. Como o Google também usa links de outros sites para encontrar novas páginas, você pode comentar em blogs ou fóruns populares (independentemente do uso de nofollow nesses sites) e usar o endereço do seu site como assinatura.

Porém, algo que é IMPORTANTE e não deve ser esquecido: caso você escolha utilizar este caminho, não exagere, não abuse de texto âncora e não entre em esquemas de troca de links.

Tudo o que você precisa é apenas um link. Tem um site que você gosta, acompanha e tem um comentário valioso para adicionar ao conteúdo? Ótimo, use um comentário neste site e pronto. Você não precisa e não deve exagerar, comentando bastante neste e em outros sites e blogs.

4. Divulgue o link dos seus sites nas redes sociais

Além da pesquisa do Google, utilize outros canais para ajudar o buscador a ver seu site como referência. Você pode se apoiar em redes sociais como o Twitter, YouTube ou outras que não ofereçam bloqueio ao rastreamento do Google.

O bônus destes métodos alternativos é que o seu site pode já alcançar o público de forma direta e receber visitas de outros canais, enquanto o Google vai lendo o Sitemap e navegando pelo site para encontrar as páginas, classificar e passar a exibir nos resultados de busca.

5. Tenha um código limpo

O rastreamento e a indexação do seu site pode se tornar mais fácil se o backend do seu site estiver “limpo”, em outras palavras, se estiver organizado e se garantir que tenha o código W3C (World Wide Web Consortium) compatível, um padrão para a criação de conteúdos estruturais. Nunca inche o seu código. Certifique-se de que o conteúdo do seu site está dentro de uma boa estrutura HTML.

6. Preze pela rapidez do seu site

O que você pode fazer para tornar seu site ainda mais ágil? Faça uma revisão das imagens, se puder diminuí-las, o faça. Além disso, verifique se existem plugins ou outras aplicações que estão deixando as páginas mais pesadas.

Faça as correções e, com isso, vai ajudar os robôs do Google a fazerem uma leitura muito mais ágil e eficaz, como também vai priorizar a boa experiência dos usuários — o que vai elevar a sua nota de qualidade.

7. Crie conteúdos estratégicos e de valor

Desenvolva conteúdos de qualidade, que cumpram seus objetivos, que ajudem a atingir suas metas de fazer seu site aparecer no Google e obter melhores resultados. Para isso, você não só precisa criar artigos para o blog e textos de apoio para o site com base em uma pesquisa de palavras-chave, como também precisa ter atenção aos detalhes para oferecer algo de valor para o público-alvo.

Pergunte-se sempre se os seus conteúdos estão alinhados à persona da sua marca, ou seja, se são úteis para quem visita seu site.

8. Mantenha seu site atualizado

Além de tudo o que você já aprendeu por aqui, preciso lembrar que se a sua dúvida é como fazer o Google encontrar o seu site, um dos principais segredos é mantê-lo atualizado.

Tenha o cuidado de:

conferir as páginas;

fazer testes;

analisar se há links quebrados;

entre outras possíveis situações que podem prejudicar a experiência dos usuários.

Isso vai ajudar a manter o seu padrão de qualidade elevado.

9. Defina a Canonical Tags

A canonical tag é uma das formas de conseguir a indexação correta dos sites, pois elas definem quando é um conteúdo duplicado ou original. E um alerta: duplicação de páginas pode gerar punição e perda de rankeamento. Portanto, configurar a canonical tag é uma maneira simples de evitar esse problema.

10. Faça linkagem interna

Outra forma de como fazer o Google encontrar o seu site é caprichando na linkagem interna. Isso não significa que você deva repetir várias vezes o link da sua home page em uma mesma página ou artigo, e nem linkar “qualquer coisa”.

As URLs devem ser adicionadas com uma estratégia e fazer sentido com o conteúdo que está sendo exibido. Além de artigos de Blog, é possível linkar para:

páginas de categorias;

subcategorias;

produtos e serviços;

materiais ricos;

etc.

Esses backlinks internos precisam ser de qualidade e ter uma boa ancoragem do link. Isso é imprescindível para aumentar o tempo e a quantidade de páginas que o leitor visita em uma sessão do seu site. Consequentemente, isso ajuda a gerar mais conversões e vendas.

Gostou das dicas? Agora é com você! Siga as orientações, coopere com a busca dos robôs do Google e torne seu site melhor rankeado.

VOCÊ CONHECE A ValeOn?

A MÁQUINA DE VENDAS ONLINE DO VALE DO AÇO

TEM TUDO QUE VOCÊ PRECISA!

A Valeon é uma caixinha de possibilidades. Você pode moldar ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é colocar o consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn possibilita que você empresário consiga oferecer, especificamente para o seu consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a experiência e funcionalidades de uma tecnologia corporativa que atende as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio, também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser. Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.

A Startup Valeon um marketplace aqui do Vale do Aço volta a oferecer novamente os seus serviços de prestação de serviços de divulgação de suas empresas no nosso site que é uma Plataforma Comercial, o que aliás, já estamos fazendo há algum tempo, por nossa livre e espontânea vontade, e desejamos que essa parceria com a sua empresa seja oficializada.

A exemplo de outras empresas pelo país, elas estão levando para o ambiente virtual as suas lojas em operações que reúnem as melhores marcas do varejo e um mix de opções.

O objetivo desse projeto é facilitar esse relacionamento com o cliente, facilitando a compra virtual e oferecer mais um canal de compra, que se tornou ainda mais relevante após a pandemia.

Um dos pontos focais dessa nossa proposta é o lojista que pode tirar o máximo de possibilidade de venda por meio da nossa plataforma. A começar pela nossa taxa de remuneração da operação que é muito abaixo do valor praticado pelo mercado.

Vamos agora, enumerar uma série de vantagens competitivas que oferecemos na nossa Plataforma Comercial Valeon:

  • O Site Valeon é bem elaborado, com layout diferenciado e único, tem bom market fit que agrada ao mercado e aos clientes.
  • A Plataforma Valeon tem imagens diferenciadas com separação das lojas por categorias, com a descrição dos produtos e acesso ao site de cada loja, tudo isso numa vitrine virtual que possibilita a comunicação dos clientes com as lojas.
  • Não se trata da digitalização da compra nas lojas e sim trata-se da integração dos ambientes online e offline na jornada da compra.
  • No país, as lojas online, que também contam com lojas físicas, cresceram três vezes mais que as puramente virtuais e com relação às retiradas, estudos demonstram que 67% dos consumidores que compram online preferem retirar o produto em lojas físicas.
  • O número de visitantes do Site da Valeon tem crescido exponencialmente, até o momento, tivemos 83.000 visitantes.
  • O site Valeon oferece ao consumidor a oportunidade de comprar da sua loja favorita pelo smartphone ou computador, em casa, e ainda poder retirar ou receber o pedido com rapidez.
  • A Plataforma Comercial da Valeon difere dos outros marketplaces por oferecer além da exposição das empresas, seus produtos e promoções, tem outras formas de atrair a atenção dos internautas como: empresas, serviços, turismo, cinemas e diversão no Shopping, ofertas de produtos dos supermercados, revenda de veículos usados, notícias locais do Brasil e do Mundo, diversão de músicas, rádios e Gossip.

                                                                                                                                                                   Nós somos a mudança, não somos ainda uma empresa tradicional. Crescemos tantas vezes ao longo do ano, que mal conseguimos contar. Nossa história ainda é curta, mas sabemos que ela está apenas começando.

Afinal, espera-se tudo de uma startup que costuma triplicar seu crescimento, não é?

Colocamos todo esse potencial criativo para a decisão dos senhores donos das empresas e os consumidores.

E-Mail: valeonbrasil@gmail.com

Site: https://valedoacoonline.com.br/

Fones: (31) 98428-0590 / (31) 3827-2297

segunda-feira, 28 de março de 2022

PRESIDENTE UCRANIANO EXIGE ARMAMENTOS DA OTAN

Por Oleksandr Kozhukhar e Sergiy Karazy – Reuters

LVIV/KIEV, Ucrânia (Reuters) – O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, visivelmente irritado, exigiu que os países ocidentais forneçam uma fração do equipamento militar de seus estoques para seu país e questionou se eles têm medo de Moscou. 

Vários países prometeram enviar mísseis antiblindagem e antiaéreos, bem como armas pequenas, mas Zelenskiy disse que Kiev não está recebendo o que precisa. 

“São tanques para nosso Estado. É a defesa de mísseis. São armas antinavio. Isso é o que nossos parceiros têm, é isso que está apenas acumulando poeira lá”, disse ele em seu agora habitual discurso em vídeo de sábado. “Isso tudo não é apenas pela liberdade da Ucrânia, mas pela liberdade da Europa.” 

A Ucrânia precisa de apenas 1% das aeronaves da Otan e 1% de seus tanques, disse ele, acrescentando ser impossível impedir os ataques russos ao porto de Mariupol, no sul, sem tanques, veículos blindados e aeronaves suficientes. 

“Já estamos esperando há 31 dias. Quem está no comando da comunidade euro-atlântica? Ainda é realmente Moscou, por causa da intimidação?” questionou. 

Zelenskiy tem argumentado repetidamente que a Rússia tentará se expandir ainda mais na Europa se a Ucrânia cair. No entanto, a Otan rejeitou seus pedidos para estabelecer uma zona livre de tráfego aéreo sobre a Ucrânia, alegando que isso poderia provocar uma guerra mais ampla. 

(Reportagem de Oleksandr Kozhukhar, David Ljunggren, Sergiy Karazy e Joan Soley)

 

MUDANÇAS NAS LEIS DO IMPEACHMENT PARA PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Discussão no Senado

Por
Renan Ramalho – Gazeta do Povo
Brasília

O presidente Jair Bolsonaro e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.| Foto: Alan Santos/PR e Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Desde que o Senado instalou uma comissão de juristas para propor uma nova lei do impeachment, políticos e especialistas em Direito têm especulado sobre como as novas regras de cassação poderão impactar um novo mandato do presidente Jair Bolsonaro (PL) ou do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), os dois principais pré-candidatos ao Planalto. Nos bastidores, há a percepção de que parte das ideias para mudar a lei, já apresentadas publicamente, tende a facilitar uma eventual destituição de Bolsonaro e ao mesmo tempo blindar Lula da cassação do mandato.

Especialistas, por outro lado, alertam que alterações legislativas que busquem forçar um resultado ou outro podem se revelar inúteis, na medida em que o impeachment de um presidente depende muito mais de fatores políticos que jurídicos.

A comissão do Senado para propor uma nova lei do impeachment é presidida pelo ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), e conta com mais dez juristas – na maioria advogados ligados ao mundo político. O trabalho deles é elaborar, em até seis meses, uma proposta revendo os ritos do processo e os tipos de crime de responsabilidade que levam um presidente da República a perder o cargo.

Quais são as ideias para mudar a lei que podem afetar Bolsonaro e Lula

Ideias que já circulam na comissão sinalizam tentativas de direcionamento das regras do impeachment contra Bolsonaro e a favor de Lula.

A sugestão mais comentada entre os juristas da comissão é a de tirar do presidente da Câmara o atual poder de decidir, a qualquer tempo e individualmente, se abre ou não o processo de impeachment. O objetivo seria tentar contornar a atual postura do titular do cargo, Arthur Lira (PP-AL), de represar mais de uma centena de denúncias contra Bolsonaro.

“Parece haver consenso na comissão, pelas conversas, que temos que criar mecanismo que não torne a definição sobre instaurar ou arquivar um processo de impeachment, uma decisão unilateral, unipessoal e não sujeita a qualquer tipo de controle”, disse um dos integrantes da comissão à reportagem, que pediu para não ter seu nome divulgado.

As “soluções” seriam a fixação de um prazo fixo para que o presidente da Câmara decida se aceita um pedido de impeachment ou se o rejeita; ou então transferir esse poder para o plenário da Casa, formado por todos os deputados federais.

Esse plano parte das premissas de que Bolsonaro teria claramente cometido vários de crimes de responsabilidade e de que um processo de impeachment só não foi aberto pela proteção que ele recebe de Lira.

Uma tentativa de blindar Lula, por sua vez, estaria na ideia, também muito defendida internamente na comissão, de definir mais precisamente os tipos penais que configuram crimes de responsabilidade de um presidente, passíveis de impeachment. A crítica que se faz é que as descrições atuais dos crimes são muito abertas, genéricas, o que favorece a apresentação de infinitas acusações, criando desgaste e risco de instabilidade para os presidentes.

Nesse sentido, uma das propostas é reduzir o rol de crimes de responsabilidade fiscal que podem ser imputados ao presidente da República. Esses tipos penais, introduzidos na lei do impeachment em 2000, na esteira da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), foram usados para destituir a ex-presidente Dilma Rousseff (PT). E agora há o temor de que também possam ser acionados para denunciar Lula, que já ele fala abertamente em afrouxar políticas de contenção de gastos caso seja eleito.

“A preocupação é dar o mínimo de estabilidade política. O problema é que tem um tanto de tipo penal que foi colocado, uma parte pela LRF, de tipos orçamentários, que quem faz não é o presidente da República, é o secretário do Tesouro”, disse outro membro da comissão à reportagem, também pedindo sigilo de seu nome.

No processo de impeachment de Dilma, parte da comunidade jurídica, especialmente aquela ligada ao campo progressista, criticou duramente o enquadramento das chamadas “pedaladas fiscais” – manobra para ocultar rombos no orçamento federal – como crime de responsabilidade. E mais: defendiam que não era o caso de responsabilizar a petista por isso, mas sim um auxiliar dela que operasse diretamente as contas públicas, como o secretário do Tesouro.


O que está em jogo: as mudanças na lei de impeachment cogitadas por juristas da comissão do Senado
Lewandowski defende redução do poder do presidente da Câmara para abrir impeachment
Tentativas podem ser inúteis, diz autor de livro sobre o impeachment
Estudiosos do impeachment consultados pela Gazeta do Povo, questionam a efetividade dessas medidas, seja para punir Bolsonaro ou para proteger Lula a partir de 2023.

Professor associado da Faculdade de Direito da USP e autor do livro Como remover um presidente, Rafael Mafei sustenta, por exemplo, que Bolsonaro não cai só porque Lira barra os pedidos de impeachment contra ele, mas porque o Congresso não quer. “A gente não pode imaginar que a Câmara está louca para aprovar um impeachment contra o Bolsonaro e é o Lira sozinho que não quer”, diz Mafei. “Ele [Lira] sabe que ele [Bolsonaro] tem o apoio dos deputados para isso [não aprovar um impeachment]”, diz, referindo-se ao apoio que o presidente acabou angariando na Câmara ao se aliar ao Centrão.

Um exemplo disso foi uma decisão de 2016 do então ministro do STF Marco Aurélio Mello, que mandou o então presidente da Câmara Rodrigo Maia instalar uma comissão na para analisar denúncias contra o ex-presidente Michel Temer. Como Temer tinha apoio na Casa, os partidos se recusaram a indicar deputados para o colegiado, o que esvaziou o impulso que Marco Aurélio pretendia dar a um processo de impeachment.

Quanto à ideia de tornar a descrição dos crimes de responsabilidade mais pormenorizada, Mafei também diz que isso não necessariamente blindaria um presidente da República. A lógica por trás dessa hipótese é a de que, quanto mais aberta for a interpretação sobre uma tipificação penal, mais fácil é acusar a pessoa daquele delito. De modo inverso, quanto mais preciso e claro for a definição do crime, mais difícil é enquadrá-lo no delito.

Mafei argumenta, no entanto, que esse raciocínio faz sentido dentro de um processo criminal que corre na Justiça, quando os julgadores têm formação jurídica. No caso do impeachment, os julgadores são políticos e não precisam se prender a uma interpretação cuidadosa da lei para condenar um presidente. O fator determinante do julgamento é a própria política – tudo depende da força ou da fraqueza que o presidente da República tem junto aos parlamentares.

“A ideia de que o tipo [penal] fechado é uma proteção jurídica é concebida no Direito Penal, que é uma área cujos julgamentos são quase sempre feitos por juízes togados, com formação jurídica, que em tese estão atentos ao que é a jurisprudência. A decisão está sujeita a recurso de um tribunal. Quem julga impeachment é um deputado ou senador. Tenho enorme ceticismo de imaginar que o julgamento de qualquer um dos membros do Congresso, no caso da Dilma, teria sido diferente se a redação da lei fosse uma ou outra”, diz o professor.


Novas regras do impeachment podem mexer na relação entre os poderes
Ainda que não necessariamente as mudanças cogitadas possam ameaçar Bolsonaro ou blindar Lula, há o entendimento de que elas podem rebalancear a relação entre os poderes.

O cientista político Carlos Pereira, professor da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo e estudioso das relações entre Executivo e Legislativo, diz que, em tese, quanto mais fácil for o impeachment, mais o presidente tem de atender ao Congresso para não cair. Ao contrário, quanto mais difícil, mais autonomia ele tem em relação ao “legislador mediano”.

“Se o chefe do Executivo souber, ex ante, que o processo é muito mais difícil, isso tenderá a estimular desse governante a um comportamento mais irresponsável, dado que ele sabe de antemão que as chances de perder o cargo de forma antecipada é muito difícil de acontecer. Mas se estivermos numa direção de fortalecer o Legislativo vis-à-vis o Executivo, acho que o Legislativo desejaria criar mais facilidades para se ver livre de um presidente não consistente com as preferências do legislador, pelo menos o legislador mediano”, diz Pereira.

Rafael Mafei, por sua vez, diz que, se um lado regras para facilitar ou dificultar um processo podem fazer pouca diferença para destituir ou manter um presidente, por outro, é importante discutir a atual prerrogativa do presidente da Câmara de represar os pedidos de cassação de um presidente. Segundo ele, a regra atual permite que ele use o poder individual de deflagrar ou não o impeachment como uma “arma de chantagem” sobre o presidente da República, um desequilíbrio que, para ele, merece atenção da comissão de juristas.

“Ele [o presidente da Câmara] transforma o impeachment numa arma de chantagem contra o Executivo, que obriga o presidente a contemplar ele e seu grupo, com mais vantagens e recursos do Orçamento. Esse represamento do impeachment o ajudaria, portanto, a se tornar mais poderoso perante o presidente, e consequentemente mais influente junto aos deputados, porque conseguiria distribuir essas benesses que ele extorque do presidente com a ameaça do impeachment.”

Em seu estudo sobre o tema, Mafei verificou que a prática de segurar por tempo indefinido pedidos acumulados de impeachment foi inaugurada pelo ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (MDB-RJ), depois mantida por seu sucessor, Rodrigo Maia (ex-DEM e atualmente no PSDB), e hoje é usada por Lira para ganhar mais poder.

Em relação ao Judiciário, Mafei entende que, nos dois impeachments ocorridos no Brasil (em 1992 contra ex-presidente Fernando Collor; e em 2016 contra a ex-presidente Dilma Rousseff), o STF tem se limitado a ajustes pontuais no processo, sem entrar no mérito sobre a pertinência ou não das acusações que ambos sofreram.

Mas a iniciativa do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de chamar um ministro do STF para conduzir a elaboração de uma nova lei é foco de incômodo para a deputada estadual Janaina Paschoal (PRTB-SP), professora e doutora em Direito Penal pela USP e autora do pedido de impeachment de Dilma.

“Tenho o sentimento de que o STF tem ultrapassado um pouco os limites, tanto no que concerne ao Executivo quanto no que concerne ao Legislativo. E não gostei de um membro do Judiciário encabeçar uma iniciativa legislativa que vai ter como fim regulamentar todo o processo para tirar o mandato de alguém que está no Executivo. Tem uma questão simbólica mais delicada do que a proposta em si. A mensagem que passa é ruim. Parece uma intervenção do poder Judiciário no Legislativo e até no Executivo”, diz Janaina.

Impeachment é solução para crises políticas?
Uma preocupação presente entre alguns estudiosos é o risco de que a aprovação de regras que travem demais o avanço do impeachment de um presidente no Congresso prolongue ou até deixe sem saída a crise política que levou os parlamentares a iniciar o processo.

E aqui surge um dilema, porque teoricamente o impeachment é um instrumento criado no sistema presidencialista para retirar do poder o chefe do Executivo que comete desvios que atentem contra a Constituição, com atos que comprometam o funcionamento regular das instituições ou com decisões que coloquem em perigo direitos fundamentais da população.

Como o julgamento, no entanto, é feito por políticos, ao longo do tempo, parte relevante dos cientistas políticos tem observado que o instrumento passou a ser usado preponderantemente para remover presidentes que perdem, de forma irremediável, a articulação política necessária junto ao Congresso para governar, mediante a aprovação das políticas públicas.

Para alguns, trata-se de uma forma de flexibilizar o presidencialismo, aproximando-o do sistema parlamentarista, no qual o poder Executivo nasce e necessariamente depende de uma coalizão majoritária formada de antemão no Legislativo na eleição.

“O impeachment foi criado como válvula de escape quando as tensões chegam ao nível de que o presidente perde completamente a legitimidade perante a maioria o Parlamento, para que este se livre do presidente sem grandes traumas”, diz o cientista político Carlos Pereira.

Sem impeachment, uma crise política grave poderia, no limite, levar a uma ruptura na própria ordem democrática, com golpes de Estado ou violência política efetiva.

Dentro da academia, porém, há quem alerte para o risco de banalização do instrumento, no sentido de que seja usado sempre diante de conflitos políticos comuns do Legislativo com o Executivo, especialmente quando não existem crimes de responsabilidade cometidos pelo presidente – ou ao menos quando isso não esteja claro perante a opinião pública.

Historiador e doutor em ciência política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Rafael Lameira diz que o presidencialismo é um sistema que prevê a estabilidade para o chefe do Executivo, eleito pela maioria da população para o mais alto cargo do Estado. “O impeachment, da forma como está sendo usado hoje, é uma distorção das regras do presidencialismo. Porque na prática ele está tornando o mandato do presidente dependente ou confidente ao Congresso. É uma distorção, porque o presidente não dispõe de um instrumento semelhante [a destituição do Congresso]”, diz Lameira.

No sistema parlamentarista, o primeiro-ministro, que é o chefe do Executivo, é um deputado que pertence a um partido ou a uma coalizão majoritária no Parlamento. Quando ele perde popularidade e apoio político no Legislativo, e assim não consegue governar, ele pode, através de um voto de desconfiança, convocar novas eleições para formar um novo Parlamento, onde possa surgir uma nova maioria para dar sustentação a um novo governo.

Lameira entende que, para reduzir a politização extrema do impeachment seria necessário impor um custo ao Congresso, como existe no parlamentarismo, ou então dar à remoção mais legitimidade popular, por exemplo, com a implementação de um “recall” no meio do mandato, convocando o eleitorado a votar se deseja ou não retirar o presidente impopular.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/republica/como-as-mudancas-no-impeachment-podem-facilitar-a-cassacao-de-bolsonaro-e-blindar-lula/
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DESAFIOS PARA AS GRANDES CIDADES

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo

MOBILIDADE URBANA – TRÂNSITO – CONGESTIONAMENTO – Congestionamento de carros nas ruas de Curitiba – Carros – motocicletas – motos – onibus – transporte –

| Foto: Albari Rosa / Arquivo Gazeta do Povo

Atualmente, fala-se muito sobre a quarta revolução tecnológica, ou revolução 4.0, aquela que pega mais ou menos de 2010 a 2040, como sendo uma das mais profundas e radicais mudanças nos processos produtivos, no mundo do trabalho e, por consequência, nas relações sociais. Segundo especialistas no assunto, essa revolução deverá ter efeito amplo nas relações de emprego, podendo ocasionar o fim de muitas vagas de trabalho em atividades hoje desempenhadas pelo ser humano. Os avanços na nanotecnologia e na inteligência artificial exigirão rearranjos significativos em diversos campos profissionais nos quais a tecnologia passará a competir com o ser humano até em atividades intelectuais.

Com a humanidade na faixa de 7,8 bilhões de habitantes, a demanda por bens e serviços é enorme, e isso faz o sistema econômico se expandir, porém, a essência da mudança radical que está por vir é a de que, por enquanto, as previsões apontam que a produção deverá crescer a taxas muito superiores àquelas do emprego global. Somente esse aspecto já impõe um colossal desafio à humanidade, porém, há um segundo efeito que demandará soluções criativas, complexas e necessárias: o crescimento das cidades, especialmente as grandes, e a urgência em corrigir suas deficiências e disfuncionalidades.

Em 2012, a Organização das Nações Unidas (ONU) produziu um estudo denominado A Era das Cidades, no qual afirma que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) se dará essencialmente nas grandes cidades, de forma que suas deficiências e gargalos devem merecer atenção especial e soluções eficazes. “Serão as grandes cidades, e não os países, que passarão a comandar a criação de riqueza. Os prefeitos terão de fazer frente à Era das Cidades na economia mundial, ou seja, cada problema, deficiência ou gargalo deixa de ser problema somente da cidade para tornar-se um empecilho à economia de todo o país”, diz a ONU. Se esse prognóstico está correto, é nas cidades – travadas e cheias de gargalos – que serão concentrados os dois maiores eventos: o aumento da produção sem o correspondente aumento do emprego, o que tende a elevar o número de desempregados.

Os avanços na nanotecnologia e na inteligência artificial exigirão rearranjos significativos em diversos campos profissionais nos quais a tecnologia passará a competir com o ser humano até em atividades intelectuais

Nesse ponto entra outro problema a ser resolvido pela sociedade, empresas e governos como condição necessária para, ao lado de outras soluções, permitir o crescimento da produção nacional, o aumento da produtividade/hora de trabalho e a melhoria do bem-estar físico e mental dos trabalhadores. No século XIX, a revolução industrial inglesa fez surgir severas críticas de intelectuais da época às imposições desumanas materializadas em jornadas de trabalho de 12 ou 14 horas diárias. A evolução das relações entre trabalho e capital levou ao estabelecimento das jornadas de oito horas diárias, o que foi um ganho para a saúde do trabalhador. Porém, as grandes cidades estão travadas e com baixa mobilidade urbana em função de seus congestionamentos e deficiências. Nelas, há legiões de trabalhadores que, desde a hora em que saem de sua residência até a hora de retorno ao lar, são decorridas as mesmas 12 ou 14 horas diárias. Como atacar um problema dessa natureza?

Se há milhões de trabalhadores que passam oito horas no local de trabalho, mas gastam outras quatro ou seis horas no trânsito para cobrir a distância casa-trabalho e trabalho-casa, o alerta da ONU, naquele relatório A Era das Cidades é de estudo obrigatório. O Brasil tem 5.570 municípios, dos quais 1.218 foram criados após a promulgação da Constituição Federal em 1988 e, ainda que a maioria seja composta por cidades relativamente pequenas, há 155 municípios com mais de 200 mil habitantes que abrigam a maior parte da população do país, e nesses municípios estão os maiores problemas de baixa mobilidade, congestionamentos e mal uso de espaços públicos, que precisam de revitalização, segurança e atividade para  atraírem o interesse dos cidadãos, contribuindo na qualidade de vida do trabalhador, de sua família e consequentemente de toda a sociedade. Não há solução fácil e simplistas para tais desafios complexos, porém, é de se esperar que em época de eleições esses temas ocupem as propagandas, os discursos, os debates e os programas de governo. O alerta está feito.


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GASTANÇA NOS TRIBUNAIS MILITARES

O blog que fiscaliza o gasto público e vigia o poder em Brasília

Por
Lúcio Vaz – Gazeta do Povo

Fachada do Tribunal Militar de São Paulo| Foto: Divulgação/TJMSP

Criados para julgar os militares dos estados nos crimes militares, os Tribunais de Justiça Militar gastaram R$ 180 milhões com salários nos últimos quatro anos. Assim como os demais ramos da Justiça, os Tribunais Militares também contam com os seus “penduricalhos” – verbas extras que aumentam a renda dos juízes. Na soma de indenizações e pagamentos retroativos, um desembargador recebeu R$ 1,42 milhão. Um juiz de direito recebeu R$ 466 mil de “férias prêmio” em pagamento único.

As indenizações de férias somaram R$ 8,3 milhões nesse período; os pagamentos retroativos, mais R$ 12 milhões. Contanto com o Superior Tribunal Militar, que processa e julga os militares das Forças Armadas, a despesa com os salários da Justiça militar chegou a R$ 300 milhões de 2019 a 2021. Os orçamentos executados pelos três tribunais militares somaram R$ 188 milhões no ano passado.

Os tribunais militares dos estados contam ainda com as mordomias comuns aos demais tribunais, como diárias e passagens aéreas – algumas internacionais. O presidente do Tribunal de Justiça Militar de São Paulo (TJMSP) em 2019, Paulo Prazak, gastou R$ 21 mil (atualizados) em viagem para Atena (Grécia), onde participou do Seminário de Justiça Militar. E mais R$ 20 mil para participar do Foro Interamericano de Justiça Militar na Guatemala.

Quem faturou mais com verbas extras
O juiz Paulo Prazak faturou um total de R$ 499 mil com férias indenizadas em várias parcelas. Esse pagamento ocorre quando o magistrado deixa de usufruir as férias por “necessidade de serviço”. Ele recebeu cinco parcelas no ano passado, num total de R$ 203 mil. Como os juízes têm direito a 60 dias de férias, costumam acumular essas indenizações. Ele recebeu mais R$ 186 mil de pagamentos “retroativos” e R$ 120 mil de licença prêmio não usufruída. Aposentou-se em junho do ano passado.

O desembargador Jadir Silva, do Tribunal de Justiça Militar de Minas Gerais, recebeu um total de 857 mil de retroativos em quatro anos, sendo R$ 388 mil em apenas três parcelas. Ganhou mais R$ 281 em indenização de férias e R$ 284 mil em licença prêmio não gozada. Um total de R$ 1,42 milhão em penduricalhos. O presidente do tribunal, desembargador Fernando Armando Ribeiro, levou R$ 264 mil de indenização de férias e R$ 280 mil de indenização de férias prêmio.

O juiz de direito aposentado Paulo Eduardo Andrade Reis teve renda bruta de R$ 647 mil em dezembro do ano passado. Naquele mês, ele recebeu R$ 466 mil de indenização de férias prêmio, mais R$ 97 mil de indenização de férias prêmio. Pagou R$ 13,6 mil de imposto de renda e R$ 9,3 mil de previdência, restando-lhe líquido o valor de R$ 616 mil.

O juiz de direito substituto João Libério da Cunha, do TJMMG, recebeu um total de R$ 256 mil de indenização de férias, R$ 270 mil de indenização de férias prêmio e R$ 218 mil de retroativos. O desembargador Sócrates Edgard dos Santos, do mesmo tribunal, levou R$ 256 mil de retroativos, R$ 262 mil de indenização de férias e R$ 279 mil de férias prêmio.

No TJMSP, o juiz de direito Lauro Ribeiro Escobar recebeu R$ 353 mil de indenização de férias, r4 257 mil de retroativos e R$ 143 mil de licença prêmio. O juiz de direito José Machado Marques levou R$ 370 mil de indenização de férias e R$ 186 mil de retroativos. O juiz de direito Ênio Luiz Rossetto recebeu R$ R$ 379 mil de indenização de férias, R$ 254 mil de retroativos e R$ 105 mil de licença prêmio.


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DIREITO CONSTITUCIONAL DE DEPUTADO FEDERAL NÃO É RESPEITADO

 

Deputado federal

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo

Deputado Daniel Silveira voltou a criticar o STF, desta vez na tribuna da Câmara.| Foto: Paulo Sérgio/Câmara dos Deputados

O deputado Daniel Silveira (União Brasil-RJ) subiu à tribuna da Câmara na semana que passou para reclamar do não cumprimento da Constituição por parte de ministros do Supremo Tribunal Federal. Foi um discurso ousado. É bom lembrar que ele já esteve preso, injustamente, por ordem do próprio STF.

Silveira foi detido um ano atrás, às 11 horas da noite, em casa, embora o artigo 5º da Constituição esteja escrito que a casa é o asilo inviolável do cidadão, a menos que ele esteja em flagrante delito. Mas o ministro Alexandre de Moraes inventou um tal de flagrante continuado, pelo fato de as ofensas feitas a ministros do STF estarem em um vídeo na redes sociais.

Na tribuna, Silveira usou uma linguagem muito dura, mas a Constituição diz, no artigo 53, que deputados e senadores são invioláveis por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. Não estou dizendo que concordo com a linguagem dele, mas sim que a gente tem que defender a Constituição. Se não, estamos perdidos, não haverá nada mais para nos defender.

Ainda em seu discurso, o deputado perguntou se não entendiam o que significava a palavra “quaisquer”, porque ele foi preso mais de uma vez por suas opiniões, algo que a Constituição lhe assegura. Posso discordar do estilo e do que ele disse, mas está garantido na lei, o que é que se pode fazer? Temos que seguir a Constituição, ipsis literis, assim como está escrito, porque ela é cidadã, ela é muito clara.

Pois bem, depois dessa fala na tribuna, a subprocuradora da República Lindôra Araújo oficiou ao Supremo para que Silveira volte a usar a tornozeleira eletrônica e que não possa sair de Petrópolis, onde mora, ou de Brasília. O ministro Alexandre de Moraes, alvo das críticas do deputado, aceitou o pedido do MP.

Lindôra chegou a escrever no pedido que o parlamentar tenta abolir a democracia, o que é sem dúvida um exagero. Eu acho que a abolição da democracia pode se dar, pouco a pouco, quando não se respeita a Constituição, porque ela é o cerne da democracia.

Leis casuísticas

Tenho pena do Tribunal Superior Eleitoral que terá de aplicar nesse ano leis casuísticas, será uma loucura. A cada eleição surge uma lei especial. Está escrito na lei: não pode fazer propaganda eleitoral antes de 15 de agosto.

Com base nisso, o Partido Liberal reclamou que num festival de música lá em São Paulo foi mostrada uma bandeira do Lula e falado mal do presidente Jair Bolsonaro. Um juiz do TSE, que é também do Superior Tribunal de Justiça, proibiu manifestações políticas no festival e determinou multa de R$ 50 mil por vez que essa decisão seja descumprida.

Mas o que é propaganda eleitoral? Segundo os juristas, é pedir claramente voto para um candidato e recomendar que não se vote em outro candidato. Qualquer dessas duas opções é propaganda eleitoral e o resto não é. Fazer apologia de pessoas, de ideias, de doutrinas, etc, não é, mas é um negócio muito subjetivo.

Por exemplo, o ex-presidente Lula foi a Niterói (RJ) neste fim de semana comemorar o centenário do PCdoB. Estavam lá vários políticos: a presidente do PT, Gleisi Hoffmann; o ex-ministro Aloisio Mercadante; o ex-senador Lindbergh Faria; o deputado Marcelo Freixo; a ex-deputada Manuela D’Ávila; e o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, do PSB. O evento chamava-se festival vermelho e Lula fez discurso falando mal do adversário e bem do governo dele, enfim.

Ao mesmo tempo, no domingo, teve um evento do PL no Centro de Convenções de Brasília para filiação de apoiadores de Bolsonaro que serão candidatos. Também teve discurso de Bolsonaro, que disse que a luta neste ano não será entre a direita e a esquerda, mas entre o bem e o mal.

Estavam lá aliados dele que serão candidatos: João Roma ao governo da Bahia; Tarcísio Freitas ao governo de São Paulo; Gilson Machado ao Senado por Pernambuco; e Marcos Pontes a deputado por São Paulo. O ministro Braga Netto, provável vice de Bolsonaro, não foi ao evento para evitar qualquer enquadramento na lei.

Então, são manifestações políticas e eleitorais. Mas a lei quer restringir o que está liberado pela Constituição, que fala na livre manifestação do pensamento, das ideias, da expressão, sem censura, e a lei tenta censurar. Esse vai ser um problema sério para o TSE, porque ele é o tribunal da apelação, que terá sempre que resolver esse tipo de conflito.


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NOVA ORDEM MUNDIAL - NÓS CONTRA ELES

  1. Opinião 

A democracia liberal e a globalização econômica enfrentam a sua maior prova desde o fim da guerra fria.Mas o destino do Brasil está nas mãos dos brasileiros

Notas & Informações, O Estado de S.Paulo

A guerra na Ucrânia é o evento geopolítico mais importante desde a queda do Muro de Berlim. A disseminação do liberalismo por meio da retroalimentação entre a democracia e a economia de mercado está ameaçada: em 30 anos, o mundo nunca esteve tão distante do Fim da História, na fórmula otimista de Francis Fukuyama, e tão próximo do Choque de Civilizações, na visão pessimista de Samuel Huntington. Como disse ao Estadão o economista Martin Wolf: “Começamos a nos mover para uma era de conflitos geopolíticos entre democracias e autocracias”. A questão é quão longos, amplos e profundos eles serão.

No pior cenário, o mundo será rachado em dois blocos, o democrático, liderado por EUA e Europa, e o autocrático, liderado por China e Rússia. A desconfiança, não só entre esses blocos, mas em seu interior, pode intensificar o populismo e a corrida nacionalista, balcanizando a economia global. As hostilidades podem escalar para uma 3.ª guerra mundial e, no limite, uma hecatombe nuclear: não o “Fim da História”, mas algo muito próximo do fim do mundo.

Por outro lado, os blocos podem se equilibrar. Sem abrir mão de seus regimes políticos, ambos poderiam combinar segurança e abertura econômica, e cooperar em objetivos como a paz mundial e o combate à crise climática ou à fome. No melhor cenário, a crise pode dar um novo senso de propósito à democracia, a ordem liberal pode ser revigorada no Ocidente e, gradualmente, as forças liberais nas potências autocráticas podem desencadear a erosão do totalitarismo.

O certo é que o liberalismo político e econômico terá de provar resiliência.

Há mais de uma década a democracia está em recessão e a autocracia em ascensão. China e Rússia expandem seu aparato de controle e se mostram mais desabridas em suas ambições imperialistas, enquanto as democracias no Ocidente têm sido vulneradas por aventuras populistas e autoritárias. A globalização sofreu golpes severos: a crise de 2008, as guerras comerciais de Donald Trump, a pandemia e, agora, a guerra.

A alta nos preços de energia e alimentos conduz a uma estagflação – mais ou menos prolongada, conforme o desfecho da guerra. “Acho que haverá uma ‘desglobalização’ entre os países ocidentais e Rússia e a China”, argumentou Wolf. “Os outros países terão de decidir como vão manter relações comerciais.”

A economia brasileira será relativamente pouco afetada. Nem EUA nem China vão querer interferir diretamente no País. A indústria do Brasil talvez siga pouco dinâmica e integrada, mas as suas commodities são importantes para ambos os lados. A exportação de alimentos é vital para o mundo e deve ser, na medida do possível, preservada.

Entre os desafios econômicos estão a estabilidade monetária e financeira e o controle da inflação e da dívida das empresas em dólar. “O País tem ido bem nessa área, mas não sei quanto isso vai durar com o populismo”, advertiu Wolf. “O Brasil precisa de uma liderança melhor.” A crise intensificou a importância das eleições. “Gostaria de ver um líder jovem, com as ideias certas, competente, que diz a verdade aos brasileiros e tenta uni-los para usar o imenso potencial que o Brasil tem.”

Como disse o analista geopolítico Gideon Rachman, para a crise na Ucrânia há três opções: “Uma guerra prolongada; um compromisso de paz; ou um golpe na Rússia. Conte com o primeiro, trabalhe pelo segundo e tenha esperança no terceiro”. Em relação à ordem mundial, pode-se dizer algo análogo: conte com o acirramento entre o bloco democrático e o autoritário, trabalhe por um compromisso entre eles e tenha esperança no reflorescimento das liberdades. Em todo caso, o Brasil tem grandes responsabilidades a assumir e muito trabalho à frente.

Como disse Wolf, “minha visão sempre foi a de que 90% do que determina o sucesso do Brasil são as decisões feitas pelos brasileiros: a qualidade de seus líderes”. Dada a tradição diplomática do Brasil e sua posição na ordem geopolítica e econômica, esse diagnóstico é tão realista quanto alvissareiro. Mas, dada a qualidade dos líderes de intenção de voto, o prognóstico é extremamente desafiador.

 

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...