sexta-feira, 25 de março de 2022

MARKETING DIGITAL ORIENTA O COMÉRCIO PARA CONQUISTAR CLIENTES

 

Redacaoherospark

Começar a empreender no mundo digital pode ser assustador. Mas quando se tem uma grande referência, como Conrado Adolpho, é até possível ter uma boa inspiração na hora de correr atrás do sucesso!

Não sabe quem é Conrado? Ele é simplesmente o criador do famoso método do marketing brasileiro: “Os 8Ps do Marketing Digital”. Além disso, já conquistou vários cases de sucesso, mudando a vida de muitos empreendedores no país.

Por isso, se você está querendo montar seu próprio empreendimento, conheça um pouco mais sobre Conrado Adolpho e os 8Ps do Marketing Digital e se inspire para começar a sua jornada. Boa leitura!

O que você verá:

Quem é Conrado Adolpho?

Como funciona o método 8Ps de Conrado Adolpho?

Quais são os 8ps e o que significam?

Como a Startup Valeon pode ajudar a aumentar suas vendas?

Quem é Conrado Adolpho?

Para quem ainda não conhece, Conrado Adolpho é um empresário carioca com mais de 25 anos de carreira na área de marketing digital.

Antes de conquistar o sucesso, ele fazia palestras ensinando sobre marketing digital para educar o mercado. Assim, Conrado decidiu escrever o livro “Google Marketing”, no qual coletava todas as informações abordadas nas palestras.

Mais tarde esse livro se tornou o famoso best-seller “Os 8Ps do Marketing Digital”. A partir dele, Conrado Adolpho começou a realizar cada vez mais palestras e o livro dos 8Ps ficou entre os mais vendidos do país.

Nessa trajetória, o empresário conseguiu ajudar mais de 20.000 empresas a conquistarem resultados positivos no mercado. Além disso, hoje, seu livro é utilizado como aporte teórico em grandes faculdades no Brasil e em Portugal.

Como funciona o método 8Ps de Conrado Adolpho?

O método 8Ps desenvolvido por Conrado Adolpho funciona transformando estratégias do marketing, consideradas básicas, em um formato mais acessível e de acordo com a atual realidade do mercado.

Quais são os 8ps e o que significam?

Pesquisa: os consumidores estão cada vez mais cautelosos na hora de comprar. Então, é importante conhecê-los e saber quais são suas necessidades para poder oferecer uma solução adequada.

Planejamento: consiste na organização do que foi pesquisado e entendido anteriormente. Assim, será possível definir as metas e os objetivos que se deseja atingir.

Produção: na hora de produzir conteúdos é importante abordar assuntos relacionados ao seu negócio.

Publicação: ao fazer uma publicação, o adequado é adotar estratégias de SEO. Torne seu conteúdo relevante e útil para o seu cliente.

Promoção: a criação de conteúdo é a melhor forma de promover sua empresa, assim como potencializando sua marca com anúncios pagos.

Propagação: o método de Conrado Adolpho comprova que estimular o compartilhamento das informações é uma ótima forma de atingir mais pessoas.

Personalização: personalize a comunicação com a sua persona. Esse é o diferencial para engajar e fidelizar o seu negócio.

Precisão: é a forma como são acompanhadas as métricas das estratégias lançadas e mensurado os seus resultados.

Em síntese, o método mostra a importância de identificar a persona ou representação do seu cliente ideal. Assim, é possível identificar as dores e a forma de resolver o problema do consumidor.

Como a Startup Valeon pode ajudar a aumentar suas vendas?

A Startup Valeon, assim como Conrado Adolpho, apoia a realização do sonho de vários empreendedores! Não por acaso, possuímos uma das plataformas mais completas na América Latina para quem deseja criar um negócio no mundo digital.

Vendas pela internet com o site Valeon

Você empresário que já escolheu e ou vai escolher anunciar os seus produtos e promoções na Startup ValeOn através do nosso site que é uma Plataforma Comercial Marketplace aqui da região do Vale do Aço em Minas Gerais, estará reconhecendo e constatando que se trata do melhor veículo de propaganda e divulgação desenvolvido com o propósito de solucionar e otimizar o problema de divulgação das empresas daqui da região de maneira inovadora e disruptiva através da criatividade e estudos constantes aliados a métodos de trabalho diferenciados dos nossos serviços e conseguimos desenvolver soluções estratégicas conectadas à constante evolução do mercado.

Ao entrar no nosso site você empresário e consumidor terá a oportunidade de verificar que se trata de um projeto de site diferenciado dos demais, pois, “tem tudo no mesmo lugar” e você poderá compartilhar além dos conteúdos das empresas, encontrará também: notícias, músicas e uma compilação excelente das diversas atrações do turismo da região.

Insistimos que os internautas acessem ao nosso site (https://valedoacoonline.com.br/) para que as mensagens nele vinculadas alcancem um maior número de visitantes para compartilharem algum conteúdo que achar conveniente e interessante para os seus familiares e amigos.

Enquanto a luta por preservar vidas continua à toda, empreendedores e gestores de diferentes áreas buscam formas de reinventar seus negócios para mitigar o impacto econômico da pandemia.

São momentos como este, que nos forçam a parar e repensar os negócios, são oportunidades para revermos o foco das nossas atividades.

Os negócios certamente devem estar atentos ao comportamento das pessoas. São esses comportamentos que ditam novas tendências de consumo e, por consequência, apontam caminhos para que as empresas possam se adaptar. Algumas tendências que já vinham impactando os negócios foram aceleradas, como a presença da tecnologia como forma de vender e se relacionar com clientes, a busca do cliente por comodidade, personalização e canais diferenciados para acessar os produtos e serviços.

Com a queda na movimentação de consumidores e a ascensão do comércio pela internet, a solução para retomar as vendas nas lojas passa pelo digital.

Para ajudar as vendas nas lojas a migrar a operação mais rapidamente para o digital, lançamos a Plataforma Comercial Valeon. Ela é uma plataforma de vendas para centros comerciais que permite conectar diretamente lojistas a consumidores por meio de um marketplace exclusivo para as empresas.

Por um valor bastante acessível, é possível ter esse canal de vendas on-line com até mais de 300 lojas virtuais, em que cada uma poderá adicionar quantas ofertas e produtos quiser.

Nossa Plataforma Comercial é dividida basicamente em página principal, páginas cidade e página empresas além de outras informações importantes como: notícias, ofertas, propagandas de supermercados e veículos e conexão com os sites das empresas, um mix de informações bem completo para a nossa região do Vale do Aço.

Destacamos também, que o nosso site: https://valedoacoonline.com.br/ já foi visto até o momento por 100.000 pessoas e o outro site Valeon notícias: https://valeonnoticias.com.br/ também tem sido visto por 1.000.000 pessoas , valores significativos de audiência para uma iniciativa de apenas dois anos.

Nossos contatos: Fones: (31) 3827-2297 e (31) 98428-0590 (Wpp)

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quinta-feira, 24 de março de 2022

GUERRA NA UCRÂNIA PODERÁ VIRAR UMA TERCEIRA GUERRA MUNDIAL

 

 Rosalia Romaniec – DW

Guerra de agressão da Rússia desperta medo generalizado de um conflito global, talvez nuclear. Não faltam os paralelos com Hitler. Quão concreto é o perigo? Deve-se combater Putin de frente ou ceder a suas ameaças?Míssil hipersônico russo © Alexander Zemlianichenko/AP/picture alliance Míssil hipersônico russo

Quando, em 13 de março, mísseis russos atingiram um centro de treinamento militar próximo à cidade ucraniana de Lviv, deixando 35 mortos, o abalo se fez sentir até na Polônia. Mais 20 quilômetros para o oeste, e a carga teria atingido território polonês e, portanto, um Estado-membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Um ataque a um país da aliança é um ataque contra todos – esse é o consenso entre os parceiros. Jake Sullivan, assessor nacional de segurança do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, advertiu que o país “defenderá cada centímetro do território da Otan”.

Grande parte dos especialistas se recusa no momento a considerar uma Terceira Guerra Mundial, mas há muito está presente o temor de uma escalada nesse sentido.

“A ideia de que vamos enviar equipamento ofensivo e ter aviões e tanques e trens entrando com pilotos e tripulações americanos… isso é o que se chama Terceira Guerra Mundial, OK? Vamos deixar bem claro”, declarou Biden recentemente.

Proporcionalmente pequena é a disposição da Otan de intervir diretamente na guerra na Ucrânia, por exemplo declarando uma zona de exclusão aérea: o risco de uma confrontação com a Rússia seria grande demais, alega.

Nuclear ou não, eis a questão

Mas e se de fato se chegar a esse ponto? Uma consequente guerra mundial poderia ser travada de modo “convencional”, ou seja, sem armas atômicas, porém seria grande o perigo de ogivas nucleares também serem empregadas.

A aliança ocidental reagiria a armas atômicas táticas – lançadas em palcos de guerra delimitados, com baixo ou médio poder explosivo, fora do território da Otan – de modo diferente que a mísseis nucleares estratégicos, que têm o potencial de reduzir o mundo a cinzas, de um dia para o outro.

Enquanto para alguns analistas as ameaças nucleares do presidente russo não passam de um blefe, outros consideram o ex-agente da KGB capaz de precipitar um apocalipse nuclear.

“Putin não deve esquecer que a Otan também é uma aliança nuclear”, argumenta à DW o ex-ministro polonês do Exterior e da Defesa Radek Sikorski. “Ele sabe que não se sobrevive a uma guerra nuclear. O dia em que Putin lançar mão de uma arma atômica será o último da sua vida.”

Imagens de destruição em Hiroshima por bomba atômica dos EUA, em 1945, permanecem uma advertência à humanidade© Reinhard Schultz/imago images Imagens de destruição em Hiroshima por bomba atômica dos EUA, em 1945, permanecem uma advertência à humanidade

O historiador teuto-americano Conrad Jarausch compara a estratégia do chefe do Kremlin à de Adolf Hitler em 1939: Putin desencadeou um conflito regional e adverte o Ocidente de que “se ele reagir de modo proporcionalmente pesado, vai eclodir a Terceira Guerra Mundial”.

No entanto esse automatismo não existe, rebate Stefan Garsztecki, da Universidade Técnica de Chemnitz: “Não é preciso ocorrerem outros estágios de escalada, como em 1939 – contanto que haja oposição maciça.” Os conflitos “congelados” na Geórgia e na Moldávia provariam isso.

O cientista político e historiador acredita que a Otan deveria definir “linhas vermelhas” mais claras: “Se houver o perigo de Kiev e Odessa se transformarem num Aleppo [um dos palcos sangrentos da guerra na Síria] europeu, então será preciso considerar mais seriamente uma zona de exclusão aérea.”

“É preciso deter essa guerra de modo radical”

Um confronto originalmente regional que desencadeia um conflito global é algo que já ocorreu por diversas vezes na história mundial, lembra Sven Lange, comandante do Centro de História Militar das Forças Armadas Alemãs, em Potsdam. O melhor exemplo foi a Primeira Guerra Mundial.

Para uma guerra mundial, contudo, “a contribuição da Rússia não é decisiva”, mas sim como “as duas potências globais, isto é, os EUA e a China”, se posicionarão. Lange avalia que no momento Pequim não pode ter qualquer interesse nisso: “Creio que haverá um apoio da China à Rússia, mas não tão maciço que vá redundar num conflito imediato com os EUA.”

No Leste Europeu cresce o nervosismo, pois a guerra se aproxima cada vez mais, com ofensivas aéreas russas também no oeste ucraniano. Acumulam-se os apelos para que a Otan envie aviões de combate e feche o espaço aéreo da Ucrânia; assim como para que a Alemanha suspenda o fornecimento de energia pela Rússia, cortando essa fonte de financiamento da guerra de Putin.

Quanto mais ao leste, mais uma escalada parece iminente: “Já estamos todos nessa guerra”, declarou recentemente a escritora ucraniana Katja Petrowskaja na TV alemã. “Quem aprendeu alguma coisa com a história sabe que não existe mais possibilidade de deter essa guerra, se não agirmos de modo radical.”

© DW

Putin é o novo Hitler?

Na Alemanha, tais sugestões são recebidas antes com frieza analítica. Para o cientista político Herfried Münkler, da Universidade Humboldt, de Berlim, o mais importante é “delimitar no espaço e no tempo o conflito, para evitar que se alastre num incêndio descontrolado”.

A retórica de Petrowskaja vai no sentido contrário: “Isso pode ser compreensível diante dos horrores na Ucrânia, mas acaba resultando em se invocar uma grande guerra com palavras.” Münkler, no entanto, não vê no momento uma alternativa responsável para a forma como a Otan está agindo.

Embora o secretário-geral da organização, Jens Stoltenberg, assegure que “um por todos, todos por um”, os impactos de mísseis hipersônicos não muito longe das fronteiras da Otan despertam medo na região. A visita do presidente americano à Polônia, na sexta-feira (25/03), visa também acalmar o flanco ocidental da aliança transatlântica.

Alguns historiadores já traçam analogias com a Segunda Guerra Mundial, sobretudo no que tange o procedimento de Vladimir Putin: assembleias populares com o fim de legitimar uma anexação, ou a invasão da Polônia pelo Exército Vermelho, em 17 de setembro de 1939, seriam “o mesmo padrão que Putin repetiu na Crimeia e no leste da Ucrânia”, segundo o cientista político Garsztecki.

“A partir de 1938, Adolf Hitler promoveu uma revisão da ordem de paz acordada na Conferência de Paris [de 1919], e Putin tenta, de modo semelhante, revisar as consequências da queda da União Soviética”, reforça Herfried Münkler.

O político polonês Sikorski chega a fazer uma comparação direta entre os dois autocratas: “Putin é como Hitler antes do Holocausto, mas depois da invasão da Polônia, em 1939.” Entretanto Münkler desaconselha tal comparação, “porque ela cria uma indubitabilidade onde ainda não há nenhuma”. Além disso, Hitler teria sido impelido por uma ideologia racial que no momento não se percebe em Putin, frisa o historiador.

Autor: Rosalia Romaniec

APÓS 30 DIAS DE GUERRA O BALANÇO É EXTREMAMENTE FAVORÁVEL À UCRÂNIA

 

 RFI

Em 30 dias de guerra na Ucrânia, Kiev afirma ter conseguido deter parcialmente o avanço russo. O exército ucraniano e as forças de defesa territorial realizaram várias contraofensivas, principalmente nos subúrbios da capital. Um mês após o início da invasão russa, especialistas militares ocidentais acreditam estar detectando cada vez mais sinais que demonstrariam a situação precária do exército russo na ofensiva – entre eles, o francês Vincent Tourret, da Fundação de Pesquisas Estratégicas.© REUTERS – ALEXEY PAVLISHAK

Em entrevista a Stefanie Schüller, da redação internacional da RFI, o pesquisador avalia que o momento atual poderia ser ideal para a Ucrânia começar a tentar recuperar territórios. “O exército russo não tem reserva operacional. Isso quer dizer que já engajou o melhor de suas tropas, a maior parte de suas tropas e que, sem mobilizar mais recursos, sem conseguir novos recrutas e soldados, não será capaz de atingir seus objetivos”, afirma.

RFI: Após um mês de combates na Ucrânia, qual é o resultado para as tropas russas?

Vincent Tourret: A avaliação é extremamente negativa para eles, porque eles não alcançaram nenhum de seus objetivos de campanha: nenhuma grande cidade ucraniana caiu, além de Kherson. A capital, Kiev, ainda está de pé. Ela ainda não está cercada. O governo ucraniano continua a assegurar a representação do seu país no exterior, a obter apoio internacional e continua a comandar as suas tropas de forma eficaz para a defesa do seu país.

As forças russas hoje se encontram lutando com falhas logísticas, desorganização no terreno, mas também no comando. Vemos os efeitos de uma ofensiva que foi confusa. Os russos se neutralizaram, eles mesmos, ao iniciar uma invasão que se mostra mal planejada.

As forças armadas russas sofreram perdas materiais, mas também perdas humanas. O Estado-maior russo tem homens suficientes para substituir soldados mortos ou feridos?

Na minha opinião, há duas respostas: primeiro, é preciso considerar a quantidade de homens que os russos de fato têm para conquistar as cidades ucranianas. Hoje, com o número de 130 mil homens engajados e perdas avaliadas em torno de 10%, é muito insuficiente para garantir o cerco e a conquista de tantas cidades. Eles não podem cercar Kiev, Kharkiv ou outras cidades e, ao mesmo tempo, sitiar Mariupol, por exemplo. E em segundo lugar, o exército russo não tem reserva operacional. Isso quer dizer que já engajou o melhor de suas tropas, a maior parte de suas tropas e que, sem mobilizar mais recursos, sem conseguir novos recrutas e soldados, não será capaz de atingir seus objetivos.

Vários especialistas internacionais, incluindo você, falam hoje de um “ponto alto” ou um “ponto de virada” para o exército russo. O que isso significa, exatamente?

O conceito de “ponto alto” é um conceito militar antigo, mas que ainda funciona. Na ofensiva, mas também na defensiva, se você não for cuidadoso, poderá deixar passar a excelência da sua eficiência. Ou seja, se você não mudar de estratégia, se continuar usando os mesmos meios, terá rendimentos decrescentes, ficará preso nas dinâmicas que lhe são desfavoráveis ​​ou que se tornarão desfavoráveis.

No caso da guerra na Ucrânia, os russos usaram seu potencial ofensivo, mas este potencial tem sido muito mal engajado. E hoje, se não fizerem uma pausa operacional – o que parecem estar fazendo justamente para se rearticular e reorganizar –, correm o risco de se tornarem extremamente vulneráveis ​​às contraofensivas ucranianas. Portanto, correm o risco de se desestabilizar.

Vimos que os ucranianos estão resistindo em vários pontos estratégicos, mas eles seriam capazes de realizar verdadeiras contraofensivas?

Desde o início do conflito, vimos que os ucranianos lideraram uma defesa admirável, muito inteligente, muito ágil. Eles se deslocam e concentram muito bem suas forças. Anteriormente, os ucranianos já haviam realizado contraofensivas em escala limitada, que eram táticas, como pudemos observar, em particular, nos arredores de Kharkiv ou Kiev, onde os ucranianos tentaram limpar as aproximações de suas cidades para não ficarem cercados.

Nos últimos dias, observamos contraofensivas em larga escala dos ucranianos. Isso mostra que eles estão bem cientes de que os russos estão em uma situação muito vulnerável. Para os ucranianos, este é provavelmente o momento mais favorável para tentar contra-atacar e recuperar o terreno perdido.

Os ucranianos têm chance de sucesso?

Os ucranianos estão sob forte pressão para reconquistar seus territórios. Eles não podem ficar paralisados, afinal, as tropas russas ainda estão na Ucrânia. Uma estagnação do conflito, com cidades ucranianas que estariam à mercê do fogo da artilharia russa e que hoje são massivamente bombardeadas pelos russos, não é sustentável.

Portanto, os ucranianos estão sob pressão para retomar esses territórios, uma pressão tão importante, também, por desempenhar um papel fundamental na sua capacidade de negociar com a Rússia. O governo ucraniano sabe que, se quiser fazer valer suas demandas junto às autoridades russas, para ser levado a sério, deve ser capaz de mostrar não apenas que o exército ucraniano pode impedir o avanço das forças russas, mas também pode infligir algumas derrotas realmente grandes e decisivas sobre eles.

O risco que percebemos é que a clara superioridade dos russos permaneça em todo o segmento pesado, como aviação, mísseis, artilharia. Em termos de poder de fogo, os russos estão bem à frente dos ucranianos.

Em que aspectos os ucranianos têm vantagens?

Na defesa, os ucranianos podem se dispersar, eles conhecem o terreno. Eles podem, portanto, compensar sua inferioridade tecnológica, quantitativa e qualitativa com o terreno, com determinação, inteligência e agilidade. Por outro lado, quando eles se movem para a posição contraofensiva, eles têm que correr riscos muito maiores e tornam-se mais vulneráveis ​​aos contra-ataques dos russos.

Existe, portanto, um risco real de que o exército ucraniano acabe com suas forças com contraofensivas excessivas. No entanto, os ucranianos sabem que este é, de fato, um momento favorável para contraofensivas, porque os russos são desorganizados, têm grandes problemas. Então, talvez seja hora de se aproveitar dessas fraquezas. Mas é preciso cuidado, porque as forças ucranianas também estão desgastadas pelos combates. Elas também não podem se dispersar neste momento.

Nesse contexto, como seria o fim do conflito?

A chance de qualquer resolução rápida deste conflito já acabou há muito tempo. Hoje, caminhamos para uma intensificação do conflito. Haverá cada vez mais violência. Mas sobre o final da guerra, prefiro não dizer nada. Seria realmente imprudente de minha parte.

VINGANÇA CONTRA A LAVA JATO DESESTIMULA O COMBATE À CORRUPÇÃO

 


Por
Gazeta do Povo

Procurador Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, durante entrevista no estúdio do jornal Gazeta do Povo

Deltan Dallagnol, ex-chefe da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

A Lava Jato é uma conquista do Brasil reconhecida em todo o mundo. Em mais de cinco anos de operação, a sociedade brasileira teve acesso a um verdadeiro raio-x dos meandros da corrupção no sistema político, foram devolvidos aos cofres públicos bilhões de reais desviados durante os governos petistas, empresários e políticos corruptos foram presos e condenados. Infelizmente, apesar desse passado de conquistas, desde 2018 a Lava Jato vem sofrendo derrotas sucessivas nos planos políticos e institucional. Figuras influentes que foram condenadas têm obtido vitórias espantosas nas instâncias superiores da Justiça, não raro graças a julgamentos repletos de falhas, baseados em convenientes mudanças de jurisprudência, na morosidade do sistema de justiça criminal ou em provas obtidas de maneira fraudulenta. Em 2021, a operação foi encerrada de forma melancólica e, ao que parece, agora os corruptos partem para a desforra.

Essa é a sensação que fica diante da recente condenação de Deltan Dallagnol no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Numa decisão injusta e equivocada, o ex-coordenador da Lava Jato, foi condenado a pagar R$ 75 mil para o ex-presidente Lula devido a uma apresentação de slides feita em 2016, na qual teria ocorrido “violação da imagem e da honra”. Na ocasião, Deltan apresentou para a imprensa a justificativa da primeira denúncia contra o petista na operação, por corrupção e lavagem de dinheiro. O caso em questão era o do triplex do Guarujá (SP). No slide principal da apresentação que ficou amplamente conhecida, o nome de Lula aparecia ao centro, rodeado de termos referentes aos crimes dos quais ele estava sendo acusado ou investigado.

A defesa de Lula, que pede R$ 1 milhão de indenização, alega que, na época da denúncia do triplex, ele não era acusado do crime de organização criminosa, objeto de outra investigação que então tramitava na Justiça Federal, e que desaguaria na absolvição do petista em 2019. Esse argumento foi derrotado nas duas primeiras instâncias, mas saiu vitorioso no STJ, que desconsiderou apontamentos técnicos e a própria jurisprudência do tribunal.


Ainda que haja ressalvas provenientes de competentes juristas a respeito daquela forma de publicizar a investigação, dado o fato de que apresentações como a de Deltan não eram usuais, considerá-la ilícita é um absurdo. Além disso, é preciso enfatizar que a estratégia de comunicação usada pela Lava Jato sempre foi legítima e necessária para o engajamento da população. Não havia nenhum impedimento legal para que o Ministério Público expusesse o panorama geral sobre seu trabalho naquele momento. Na apresentação, não havia factoides. Tudo se referia a investigações efetivas e apresentá-las de forma sistemática e ampla, explicando elementos ou conceitos que poderiam ser de difícil compreensão para a imprensa, não constituía ilicitude alguma, nem afetava o curso da operação, ainda que o conteúdo fosse para além do que constaria nas acusações propriamente ditas. A linguagem usada era composta por descrições e adaptações necessárias para a melhor prestação de contas por parte de agentes públicos.

A exposição do procurador a respeito do papel de Lula nos esquemas investigados foi clara, acessível aos cidadãos e fundamentada em evidências acumuladas em mais de dois anos de trabalho. Só há e só houve “espetacularização do evento”, como alega a defesa de Lula, para quem rechaça ou rechaçava a Lava Jato como um todo, recusando-se a acreditar, de modo pertinaz, nas inúmeras revelações que a operação fez ao longo de sua atividade e preferindo crer que tudo não passava de invenção, a despeito das evidências. Para os brasileiros comuns, dotados de bom senso, não houve espetáculo algum. Na verdade, era apenas uma explicação clara do que os procuradores haviam encontrado. Algo objetivo, eficiente, mas até simples em sua forma.

Há ainda o aspecto de que o envolvimento do ex-presidente Lula, por si só, já atraía holofotes espontaneamente, afinal, tratava-se da figura política mais influente do país, o que obviamente tornava ainda mais importante o apreço à transparência por parte da Lava Jato, de modo a resguardar a própria legitimidade das investigações e torná-la, na medida do possível, imune à pressão de poderosos que se sentissem incomodados.

Essa publicização foi o que impediu – ao menos por um tempo – que sabotagens políticas ocorressem nas sombras, fazendo uso de nociva influência para prejudicar a operação. Essa também era a característica que permitia à sociedade saber das negociatas que ocorriam no submundo da estrutura estatal do Brasil, algo que não deixava de ser, de certa forma, inédito em nossa história.

No momento em que uma figura como Lula é denunciada, era impossível que o fato não tivesse grande repercussão na imprensa. Foi isso o que aconteceu e, na ocasião, mesmo que alguns nomes do mundo jurídico tenham exposto certo desconforto, não houve nenhuma reação relevante na esfera pública apontando para a ilegalidade do ato. Afinal, o caso não corria sob segredo de justiça e não havia nenhum impedimento legal para a coletiva de imprensa.

Agora, o que parece estar em curso é não só uma retaliação contra os responsáveis pela operação, mas a costura de um guarda-chuva de proteção dos poderosos, de modo que nunca mais algum grupo de procuradores tenha a “petulância” de repetir o que fez a Lava Jato. Daqui em diante, agentes públicos envolvidos em investigações de corrupção terão que avaliar bem as probabilidades de vingança por parte daqueles que hoje estão sendo presos, pois, lá na frente, em instâncias superiores, há grandes chances de os punidos serem absolvidos, independentemente da consistência das evidências.

Agora, o que parece estar em curso é não só uma retaliação contra os responsáveis pela operação, mas a costura de um guarda-chuva de proteção dos poderosos, de modo que nunca mais algum grupo de procuradores tenha a “petulância” de repetir o que fez a Lava Jato

Isso transforma o trabalho de combate ao crime numa espécie de arena reservada apenas para aqueles com disposição para o martírio, com incentivos explícitos para que não se faça nada contra quem possui recursos e poder.  Diante dessa infame caçada, quando aparecerão novamente agentes públicos dotados da coragem e do senso de missão que Deltan Dallagnol sempre teve? Quantos estarão dispostos a trocar a comodidade de uma atuação meramente burocrática por um desempenho fora do comum, motivado unicamente pelo desejo de fazer o que deve e o que o país precisa, da melhor forma possível?

Por fim, a decisão é um golpe forte não só no procurador, mas em todos os brasileiros que vibravam, até poucos anos atrás, com um país que parecia estar mudando, no qual políticos poderosos enfim eram julgados com o mesmo rigor que os cidadãos comuns. Em seu auge, a Lava Jato conquistou amplo apoio popular porque era o avanço concretizado do combate à corrupção, uma agenda pública sonhada por gerações, mas que infelizmente foi vivida por tempo curto demais.


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PT E PSDB NUNCA FORAM INIMIGOS

Falsa polarização

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo

Antigo adversário de Lula, o ex-governador Geraldo Alckmin se filiou ao PSB para agora se tornar vice do petista| Foto: Divulgação/PSB

O ex-governador Geraldo Alckmin, que deixou o PSDB, assinou ficha de filiação o PSB nesta quarta-feira (23). Ou seja, tirou o “D”, de democrata, para acompanhar Lula, como vice, na chapa 13 para a Presidência da República. Logo Alckmim que foi adversário de Lula a vida toda.

A deputada Tabata Amaral (PSB-SP) escreveu em uma rede social que lamenta que a terceira via não tenha decolado, porque o Brasil não suporta mais a polarização. É que antes a gente tinha uma falsa polarização. Fingia-se que era PSDB contra PT, mas era uma ideologia só: socialista com duas faces tal qual uma moeda. Tanto é que agora estão juntos para enfrentar o presidente Jair Bolsonaro nas urnas.

O presidente, já se sabe, terá como vice o general Braga Netto. Bolsonaro disse que a escolha dele não é para angariar votos, mas é para dar respaldo, costas quentes, a um segundo mandato dele. Braga Netto é garantia de pessoa de confiança, discreto, amigo de sempre e com força, poder, literalmente. Hoje, ele é ministro da Defesa, pelo menos até se desincompatibilizar no fim do mês.

Dallagnol perde no STJ
O ex-procurador Deltan Dallagnol foi condenado, por 4 a 1, na quarta turma do Superior Tribunal de Justiça, a pagar R$ 75 mil de indenização para Lula, por causa da apresentação em PowerPoint que ele fez demonstrando como funcionava a Lava Jato.

Dallagnol teve uma surpresa nesta quarta de manhã quando, segundo ele, sua esposa foi abrir a conta do banco no celular e viu a entrada de muitos créditos de gente que descobriu o CPF dele e fez transferências no Pix para ajudar a pagar a indenização. Essa é a reação do público tentando fazer Justiça.

Embora tenha servido para alertar o Ministério Público sobre manifestações espetaculosas antes de a pessoa ser condenada. O MP denuncia e ponto. E no caso, ele estava denunciando, não estava condenando. Mas, enfim, serve de lição.

Eu até imagino o Ministério Público hoje que está eivado de militâncias por aí. É como se nos Estados Unidos uma corte superior liberasse Al Capone e condenasse Elliot Ness a indenizá-lo. É mais ou menos isso que está acontecendo.

Agora eu fico preocupado porque os corruptos que devolveram mais de R$ 6 bilhões que o Ministério Público conseguiu pegar de volta, de desvios da Petrobras, podem entrar na Justiça e pedir um estorno – “queremos o dinheiro da corrupção de volta”. Esse é o perigo que a gente está correndo nessa história.

PL cresce a olhos vistos
O PL, partido ao qual se filiou o presidente da República e que vai filiar o pré-candidato a vice, general Braga Netto, hoje é a maior bancada da Câmara, graças à janela partidária. A legenda ficou com um saldo positivo de 21 deputados, com a saída de seis e a entrada de 27. Está em primeiro lugar com um total de 63 parlamentares.

Em segundo lugar vem o PT, com 54. O União Brasil, que era o maior, passou para o terceiro lugar, com 52. Em quarto lugar está o PP, que ganhou mais oito e ficou com 51, assim como o Republicanos, que também ganhou outros oito e tem agora 40. Ou seja, partidos que apoiam o presidente da República só crescem.

Agora uma coisa interessante: a Rede, esse partido que gosta de fazer barulho no Supremo Tribunal Federal, está confirmando a teoria do ministro Luiz Fux, que diz que partido que não tem voto em plenário usa o STF como o seu braço. A Rede tem só um deputado e um senador – bem barulhento, aliás.

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O SUCESSO NÃO É ALCANÇADO COM RECEITAS SIMPLISTAS

Receitas simplistas de sucesso

Por
José Pio Martins – Gazeta do Povo

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| Foto: Bigstock

Quando estourou a crise financeira mundial em 2008-2009, procurei estudar as causas e consequências daquela crise, pelo menos o suficiente para me julgar em condições de opinar e escrever a respeito. Demorei um pouco para me sentir confortável em sair falando. A despeito de eu ter sido diretor e presidente de banco, ter ocupado funções em finanças no setor privado e no setor público, e muitos anos atuando como professor de Teoria Econômica e Finanças, a crise veio carregada de complexidades que me obrigaram a gastar bom tempo estudando o assunto.

Naqueles anos, a taxa de desemprego aumentou em grande parte do mundo e, como sempre acontece, houve uma avalanche de artigos e palestras sobre o mundo do trabalho e o futuro do emprego. Na esteira desse movimento, surgiram as costumeiras publicações, artigos e e livros, dando receitas para obter sucesso profissional como empregado, profissional autônomo ou empreendedor.

As receitas fáceis e simplistas sempre me incomodaram, no mínimo porque o ser humano é um animal complexo, diferente e único, logo, não acredito em receita única e válida para todas as pessoas. Também sempre me incomodou o conhecido discurso sobre a gestão de pessoas nas empresas, dizendo coisas como: “Nosso maior ativo é nosso capital humano” ou “em nossa empresa, somos uma família”. Isso me soa como demagogia.

Penso que esse discurso, ademais de ser falso, é também desnecessário, pois, tratar bem os empregados, respeitá-los, oferecer bom ambiente de trabalho e cumprir as normas legais é atitude obrigatória de qualquer gestão civilizada. Vale mencionar que as ações gerenciais no mundo do emprego seguem leis econômicas e estão submetidas aos imperativos da competição e da eficiência, acima do discurso de que empresa é família.

Empresa deve ser instituição honesta e humana, mas não é família. Diante de uma crise (como a que estamos ainda metidos devido à pandemia), as empresas simplesmente demitem e o fazem no pior momento da vida das pessoas. Há um conflito dramático, pois, se não agirem com racionalidade e priorizando a sobrevivência financeira da organização, o resultado é a falência, e aí não se salva emprego nenhum. Habitualmente, ironizo dizendo que, na crise, família não demite o filho, divide o bife. Empresa demite.

Mas, voltando às receitas simplistas para o sucesso, refiro-me a um livro que me caiu nas mãos naquele ano de 2009, chamado “Derrubando Mitos”, de Phil Rosenzweig, ex-executivo empresarial que se tornara consultor e professor na cidade de Lausanne, na Suíça. Dele, extraí uma frase apropriada. “O sucesso nos negócios é algo de natureza indefinida”, disse o autor.

Esse livro, apesar de publicado há 14 anos, mantém-se atual e merece ser lido por quem queira melhorar seu entendimento do assunto e, principalmente, por quem pensa ter descoberto a receita de sucesso nos negócios e na carreira. Muitos são os consultores, escritores, executivos e palestrantes que dizem conhecer a receita do sucesso. Mas, ainda que digam coisas úteis e válidas, não há fórmulas mágicas nem receitas gerais para explicar por que algumas empresas ou pessoas têm sucesso e outras fracassam.

Habitualmente, ironizo dizendo que, na crise, família não demite o filho, divide o bife. Empresa demite

Senti-me confortado lendo o livro, porque penso que há vários caminhos que levam ao sucesso, como há vários que levam ao fracasso. E como dizia Aristóteles, “o homem é o homem e suas circunstâncias”. Ignorar a influência do momento, do contexto e do acaso no destino do sucesso ou do fracasso é simplificar a coisa.

Existem princípios aplicáveis no alto desempenho empresarial ou pessoal. Porém, cada organização e cada profissional acabam fracassando ou tendo êxito com vários ingredientes próprios. O caminho que leva ao paraíso é cheio de ramificações, atalhos e ocorrências favoráveis, que surgem, por vezes, independentemente da vontade ou da ação dos líderes.

O livro “Derrubando Mitos” afirma que a receita única do sucesso ou do fracasso não existe. Pode ser agradável ler e ouvir gurus e palestrantes dando receitas prontas, que trazem conselhos válidos, mas não são suficientes para levar ao sucesso em um mundo complexo. Em geral, a receita tem de ser personalizada, segundo as peculiaridades do caso, as características pessoais do agente e as circunstâncias do ambiente interno e externo. Vale a pena pensar sobre isso.


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SINÓPSE DO LIVRO "DERRUBANDO MITOS"

 

Por J. Ferrari e David Cohen e Innovatrix

Quando você compra um carro usado, pode sentir vontade de acreditar no que o vendedor diz: “um carro tão bom por um preço tão baixo!”. Além disso, não acreditar nele dá trabalho. Você precisa entender um pouco de carros, e é desagradável enfrentar o vendedor. Mesmo assim, você sabe que o vendedor tem motivos para “enfeitar” a verdade. Então você chuta os pneus, experimenta o carro num test-drive, faz perguntas probatórias. Pode até trazer um amigo que entenda de mecânica. Essa experiência toda está longe de ser divertida mas, se você não exercer um mínimo de ceticismo, há um preço que pagará mais tarde. O carro pode dar problemas. Então você se arrependerá de não ter investido um pouquinho de ceticismo no início do processo.

Esse raciocínio foi descrito pelo astrônomo americano Carl Sagan (1934-1996), no livro O Mundo Assombrado pelos Demônios. O mundo dos negócios está repleto de vendedores de carros usados. Curiosamente, homens que se orgulham de sua racionalidade e seu sangue-frio para tomar decisões costumam comprar esses carros de olhos fechados. Pior, dirigem-nos em alta velocidade, em estradas mal sinalizadas.

Claro, estamos falando em linguagem figurada. Os carros usados de Sagan, no mundo das empresas, são as teses de como alcançar o sucesso. Os vendedores, há de todos os tipos: consultores, mágicos, acadêmicos, psicólogos. Phil Rosenzweig, um professor de estratégia e

gestão internacional da escola de negócios IMD, na Suíça, se propõe a ser aquele amigo que entende de carros. Neste livro, ele revela os principais truques que grandes gurus, jornalistas e até respeitadas instituições utilizam — na maioria das vezes, sem ter consciência disso — para vender suas idéias. Eleito um dos melhores livros de negócios do ano passado pelo Financial Times, Wall Street Journal e pelo Boston Globe, Derrubando Mitos não fornece uma estratégia segura para alcançar o sucesso. Mas vai ajudá-lo a evitar grande desastres no caminho.

Ainda sobre o livro Derrubando Mitos (ver postagem do dia 08/10/2008), achei domingo passado um post sobre o livro escrito pelo senhor J. Ferrari em seu blog. Como todos sabem que achei esse livro espetacular, resolvi publicar o post integralmente. Vale a pena ler, principalmente para os que ainda não leram o livro.

Se você ler muitos livros sobre administração de empresas, é praticamente inevitável que desenvolva certo grau de ceticismo. Num dia, você acompanha os argumentos do consultor americano Jim Collins, autor de grandes sucessos como Empresas Feitas para Vencer (editora Campus). Ele assegura que as empresas só se tornam excelentes se seguirem uma estratégia incremental, com pequenas melhorias de cada vez. Aí você lê o professor de Harvard Clayton Christensen, outro autor de sucesso. Ele diz que, enquanto você dá um duro danado para melhorar seus serviços ou produtos, existe alguém lá fora inventando alguma coisa que vai fazer todo mundo esquecer aquilo que você produz.

Se você acompanha as teses de gestão há algum tempo, já deve ter visto vários modismos: a solução dos problemas da empresa pela aposta na qualidade, a solução pela reengenharia de processos, a salvação pelo foco em uma única atividade central, a salvação pelo investimento em várias atividades diferentes… É possível até que você tenha ficado em dúvida sobre o que é ser um gestor. Afinal, o que é administrar? É controlar, como dizia o pensador clássico francês Henri Fayol? Ou é realizar, apostar em coisas novas, como defende o megaguru americano Tom Peters? Será pensar e planejar, como diz o mestre da competitividade, Michael Porter? Ou liderar, como diz Warren Bennis, um especialista em… claro, liderança?

Para quem fica perdido no meio de tantas teorias contraditórias, vale a pena investir algum tempo na leitura de mais um livro de administração: Derrubando Mitos – Como Evitar os 9 Equívocos Básicos no Mundo dos Negócios (Editora Globo), do americano Phil Rosenzweig, professor de Estratégia e Gestão Internacional da escola de negócios IMD, na Suíça. O livro foi considerado um dos melhores lançamentos do ano passado pelos jornais econômicos Financial Times e Wall Street Journal. A edição brasileira, recém-lançada, é o primeiro tomo da coleção Época Negócios.

O principal mote do livro é revelar os truques que grandes gurus, jornalistas e até respeitadas instituições usam – na maioria das vezes, sem ter consciência disso – para vender suas ideias. Seus ataques se dirigem desde a autores famosos, como Jim Collins e Tom Peters, até a ícones da mídia especializada, como as revistas Fortune, Business Week e Forbes, e consultorias estabelecidas, como a Bain.

O primeiro dos nove truques que Rosenzweig apresenta é o efeito aura. Ele dá o título da obra, em inglês (The Halo Effect). O efeito aura foi um termo inventado pelo psicólogo americano Edward Thorndike no início do século passado. Nasceu da observação de Thorndike, de um serviço que prestou para o Exército americano. Sua tarefa era determinar quais soldados eram bons em tiro, quais eram os melhores corredores, quais eram os mais fortes e assim por diante. Depois de aplicar questionários a alguns comandantes, o psicólogo percebeu um fenômeno curioso. Quando um soldado era considerado bom em algo, geralmente ganhava notas altas em todos os quesitos.

Thorndike explicou o resultado como uma espécie de contaminação. Ao ver uma pessoa muito boa em algum campo de atuação, automaticamente acreditamos que ela se sobressai em outras atividades. Exemplos recentes? Com a economia brasileira em alta, o presidente Lula bateu recordes de popularidade, mesmo durante o escândalo político do mensalão. Nos Estados Unidos, logo após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, quando um sentimento de união tomou conta do país, o presidente Bush foi bem avaliado em pesquisas sobre sua política econômica. Inversamente, quando as críticas à invasão do Iraque aumentaram, os americanos avaliaram sua conduta da economia como ruim.

Muitas vezes, essa contaminação faz sentido. Se uma companhia de renome lança um produto, é natural que as pessoas prefiram comprar dela, em vez de testar o produto feito por uma empresa desconhecida. A armadilha é que a aura nos impede de enxergar com clareza. Vários estudos mostram que nossas opiniões são influenciadas pelo contexto. Um deles é do professor de administração Barry Staw, da Universidade da Califórnia. Staw propôs tarefas a vários grupos. Depois, disse a alguns desses grupos que eles tinham tido bom desempenho, e a outros que não tinham ido bem. Staw fez isso aleatoriamente. E aí pediu aos grupos que descrevessem o trabalho em equipe. Nos grupos que ele afirmou ser melhores, as pessoas classificaram as equipes como mais abertas a mudanças, mais coesas, mais motivadas. Nos grupos que ele disse terem se dado mal, as pessoas se lembraram de comunicação ruim, falta de união e baixa motivação.

E qual o problema do efeito aura? É que ele contamina grande parte dos estudos supostamente científicos sobre sucesso. Talvez motivação seja um ingrediente essencial para o sucesso, mas, se você pergunta o segredo do sucesso a uma pessoa bem-sucedida, é provável que ela se lembre de ter tido mais motivação do que teve de verdade. O mesmo vale para clima organizacional, inteligência, ousadia etc.

Esse seria um problema dos livros que apontam receitas de sucesso a partir de empresas bem-sucedidas. Segundo Rosenzweig, o sucesso financeiro atual das empresas cria um efeito aura que faz executivos, empregados, rivais, jornalistas e até analistas especializados achar que tudo o mais vai bem.

As demais ilusões descritas por Rosenzweig são:

– A confusão entre correlação e causalidade. Digamos que um estudo tenha descoberto que as empresas mais bem-sucedidas financeiramente gastam mais com programas de educação para seus gerentes. O que concluir daí? Que as empresas que investem em seus funcionários colhem melhores resultados? Ou que as empresas que colhem melhores resultados têm mais dinheiro para programas de educação? a ilusão de que há uma explicação única para o sucesso.

– A busca de causas a partir dos efeitos. É uma ilusão comum nos estudos que procuram inferir receitas de sucesso olhando apenas para empresas bem-sucedidas.

– A ilusão das pesquisas “rigorosas” (quantidade de dados analisados não é igual a profundidade das conclusões).

– O mito do sucesso duradouro: a maioria das empresas bem-sucedidas, por uma simples questão estatística, tende a ter resultados piores que suas concorrentes no futuro, um fenômeno conhecido como regressão à média. Foi o que aconteceu com as empresas que constavam no livro Feitas para Durar, durante a década de 1990.

– A ilusão do desempenho absoluto: os carros da General Motors são hoje muito melhores que na década de 1980. O que explica sua queda na participação de mercado nos EUA, de 35% em 1990 para 25% em 2005? Os concorrentes melhoraram mais. Parece óbvio, mas, até o escândalo da “contabilidade criativa” de empresas americanas no início do século, a maioria dos altos executivos recebia bônus vinculados a resultados absolutos, e não às conquistas reais de mercado.

– O erro de interpretação: se olhamos apenas as empresas bem-sucedidas, não enxergamos aquelas que adotaram a mesma estratégia e se deram mal. Em vez de uma receita de sucesso, podemos estar seguindo uma receita de volatilidade. Um exemplo: durante um incêndio, uma pessoa se jogou do 4º andar e escapou sem nenhuma contusão e nenhuma queimadura. Mas jogar-se pela janela é uma estratégia radical que, na maioria das vezes, leva à morte. Em um incêndio, faz mais sentido esperar os bombeiros.

– A ilusão da física dos negócios. Essa é a noção de que o mundo dos negócios se presta a previsões, de que resultados podem ser repetidos, de que existem leis que regem os resultados. Não há.

O maior mérito do livro “Derrubando Mitos”, de Phil Rosenzweig (veja edição de março da Época Negócios) é demolir, sem dó nem piedade, a ideia mais cara aos “mercadores de ilusões” que dominam a literatura empresarial: “excelência empresarial”, entendida como vantagem competitiva sustentável, não existe. Nunca existiu, e está cada vez mais longe de existir. Qual o corolário disso? Simples. As várias safras de livros que apareceram, dos anos 80 para cá, com a pretensão de fornecer receitas para a “excelência”, são enganosas e levam à conclusões falsas. Rosenzweig desconstruiu o mantra da gurulândia – “faça assim, que você terá sucesso”- usando uma linguagem clara, sem tecnicismos estatísticos e dando nomes aos bois. Os bois se chamam: Tom Peters, Jim Collins, e mais uns três ou quatro “encantadores de serpente” do circuito dos palestrantes de negócios. Leiam o livro. Para mim é a melhor coisa publicada em nossa área em muitos anos. Mas o que me deixa pasmo é o seguinte: as conclusões do livro não são novidade. Pesquisadores dignos desse nome já vinham mostrando isso (os “bois”, acima, não são nada rigorosos, são só pretensiosos). Dois deles – Robert Wiggins e Tim Ruefli, da Universidade do Texas (corra ao Google!) -concluíram que vantagem competitiva é raríssima e, quando acontece, dura pouco. É da natureza da competição capitalista, leitor. Gente como Joseph Schumpeter – sobre quem já escrevi nesta revista – já tinha cantado essa pedra há décadas. Vantagem duradoura não pode existir num regime em que a competição é que gera a riqueza. É precisamente como na evolução biológica: as espécies coexistem interconectadas numa “corrida armamentista evolucionária” que não acaba nunca. Se um predador fica mais veloz, a presa desenvolve melhor camuflagem; aí o predador fica mais sensível ao odor da presa, e ela, então, “aprende” a saltar mais longe etc. Isso dura indefinidamente, não há descanso. Os biólogos, inspirados por Lewis Carrol, autor de “Alice no país das maravilhas”, chamam isso de competição “rainha vermelha” – um personagem de Carrol que diz: “aqui, você tem que correr o máximo que puder, para conseguir ficar no mesmo lugar”. Foi esse, exatamente, o efeito que o Wal Mart introduziu no varejo. Seus competidores não agüentaram o ritmo da corrida que ele impôs e vários “pediram para sair” (KMart, por exemplo, uma ótima empresa aliás). No sistema capitalista, a inovação (dinheiro novo) não vem de empresas que ficam na “crista da onda” por muito tempo, vem das que introduzem novos modelos e práticas de negócios, ameaçando a posição dos estabelecidos, obrigando-os a correr atrás, e puxando a média para cima. Eu chutaria que, nos setores mais competitivos, não há sucesso que fique “na crista da onda” por mais de 15 anos em média, e a tendência é essa janela diminuir. Vamos encarar o fato: empresas não inovam sustentavelmente, é o mercado que inova. E eu que, um dia, acreditei no conto da vantagem competitiva sustentável… Quero meu dinheiro de volta!

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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