domingo, 13 de março de 2022

DISNEY ENCANTA OS CLIENTES

 

peepi.co

Você sabia que os principais postes dos parques da Disney são pintados todas as noites? E que cada elemento de decoração é posicionado estrategicamente para garantir a melhor experiência do cliente?

Não é à toa que, entre os mais de 134 milhões de visitantes de seus parques em 2014, 70% já haviam os visitado anteriormente. Ou seja, clientes satisfeitos que desejavam continuar a se relacionar com a empresa.

A preocupação com o consumidor é tanta, que semanalmente cerca de 1.500 clientes são entrevistados nos parques para saberem quão perto de 100% a Disney está.

O que podemos aprender com a Disney é que nenhum detalhe é insignificante e que qualquer coisa pode ser crucial para definir uma boa experiência.

VOCÊ CONHECE A ValeOn?

A MÁQUINA DE VENDAS ONLINE DO VALE DO AÇO

TEM TUDO QUE VOCÊ PRECISA!

A Valeon é uma caixinha de possibilidades. Você pode moldar ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é colocar o consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn possibilita que você empresário consiga oferecer, especificamente para o seu consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a experiência e funcionalidades de uma tecnologia corporativa que atende as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio, também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser. Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.

A Startup Valeon um marketplace aqui do Vale do Aço volta a oferecer novamente os seus serviços de prestação de serviços de divulgação de suas empresas no nosso site que é uma Plataforma Comercial, o que aliás, já estamos fazendo há algum tempo, por nossa livre e espontânea vontade, e desejamos que essa parceria com a sua empresa seja oficializada.

A exemplo de outras empresas pelo país, elas estão levando para o ambiente virtual as suas lojas em operações que reúnem as melhores marcas do varejo e um mix de opções.

O objetivo desse projeto é facilitar esse relacionamento com o cliente, facilitando a compra virtual e oferecer mais um canal de compra, que se tornou ainda mais relevante após a pandemia.

Um dos pontos focais dessa nossa proposta é o lojista que pode tirar o máximo de possibilidade de venda por meio da nossa plataforma. A começar pela nossa taxa de remuneração da operação que é muito abaixo do valor praticado pelo mercado.

Vamos agora, enumerar uma série de vantagens competitivas que oferecemos na nossa Plataforma Comercial Valeon:

  • O Site Valeon é bem elaborado, com layout diferenciado e único, tem bom market fit que agrada ao mercado e aos clientes.
  • A Plataforma Valeon tem imagens diferenciadas com separação das lojas por categorias, com a descrição dos produtos e acesso ao site de cada loja, tudo isso numa vitrine virtual que possibilita a comunicação dos clientes com as lojas.
  • Não se trata da digitalização da compra nas lojas e sim trata-se da integração dos ambientes online e offline na jornada da compra.
  • No país, as lojas online, que também contam com lojas físicas, cresceram três vezes mais que as puramente virtuais e com relação às retiradas, estudos demonstram que 67% dos consumidores que compram online preferem retirar o produto em lojas físicas.
  • O número de visitantes do Site da Valeon tem crescido exponencialmente, até o momento, tivemos 83.000 visitantes.
  • O site Valeon oferece ao consumidor a oportunidade de comprar da sua loja favorita pelo smartphone ou computador, em casa, e ainda poder retirar ou receber o pedido com rapidez.
  • A Plataforma Comercial da Valeon difere dos outros marketplaces por oferecer além da exposição das empresas, seus produtos e promoções, tem outras formas de atrair a atenção dos internautas como: empresas, serviços, turismo, cinemas e diversão no Shopping, ofertas de produtos dos supermercados, revenda de veículos usados, notícias locais do Brasil e do Mundo, diversão de músicas, rádios e Gossip.

                                                                                                                                                                   Nós somos a mudança, não somos ainda uma empresa tradicional. Crescemos tantas vezes ao longo do ano, que mal conseguimos contar. Nossa história ainda é curta, mas sabemos que ela está apenas começando.

Afinal, espera-se tudo de uma startup que costuma triplicar seu crescimento, não é?

Colocamos todo esse potencial criativo para a decisão dos senhores donos das empresas e os consumidores.

E-Mail: valeonbrasil@gmail.com

Site: https://valedoacoonline.com.br/

Fones: (31) 98428-0590 / (31) 3827-2297

sábado, 12 de março de 2022

RÚSSIA À BEIRA DA FALÊNCIA TÉCNICA

 

 dw.com

Agências de classificação de risco e economistas avaliam que a Rússia ficará inadimplente com seus credores em breve. O motivo são as severas sanções econômicas contra Moscou.Decreto de Putin autorizou governo russo a pagar sua dívida em rublos ao invés de em moeda estrangeira© Andrei Gorshkov/Sputnik/AP/picture alliance Decreto de Putin autorizou governo russo a pagar sua dívida em rublos ao invés de em moeda estrangeira

Os mercados de títulos de dívida estão ficando caóticos no que diz respeito à Rússia. “Nunca vi nada parecido”, diz Arthur Brunner, negociador de títulos. Ele trabalha há alguns anos em Frankfurt no banco de investimentos ICF Kursmakler. “Nos anos 90, a Rússia também estava sob enorme pressão. A própria Rússia comprou títulos no mercado a preços de banana. Hoje, apenas o pagamento já é, em si, um problema.”

Isso porque as sanções impostas à Rússia pelos países do Ocidente cortaram de forma significativa o acesso de Moscou aos mercados financeiros internacionais. É por isso que a agência de classificação de riscos Fitch baixou a classificação de crédito da Rússia de B para C na terça-feira. Isso significa que os títulos do governo russo afundaram ainda mais na faixa de junk bond. A Fitch fala agora que uma moratória russa é “iminente”.

Tesouro tem reservas

Nas últimas semanas, outras agências de classificação de risco rebaixaram os títulos russos. A Fitch justificou sua decisão pelos “desenvolvimentos que prejudicaram ainda mais a disposição da Rússia em pagar a sua dívida soberana”. A agência se referia a um decreto presidencial em vigor há alguns dias, que permite que o país pague sua dívida em rublos ao invés de em moeda estrangeira.

Em tese, a Rússia poderia pagar todos os seus vencimentos. Os cofres do Estado estão cheios, também por causa do aumento dos preços da energia no mercado mundial nos últimos meses. A agência de notícias financeiras Bloomberg estima o passivo da Rússia com credores estrangeiros em apenas 50 bilhões de dólares. “O Estado russo tem uma dívida externa bastante baixa”, diz à DW Marcel Fratzscher, presidente do Instituto Alemão de Pesquisa Econômica (DIW), em Berlim.

Ao exportar petróleo e gás, afirma, a Rússia obteve altos excedentes na balança comercial e conseguiu reduzir sua dívida nos últimos anos. As reservas do Banco Central russo, por exemplo, estão em 640 bilhões de dólares. Mas uma grande parte dessas reservas de divisas no exterior foi congelada pelas sanções. Como resultado, Fratzscher também acredita que a Rússia entrará em inadimplência nos próximos meses.

Risco delimitado de contágio

É verdade que uma moratória da Rússia provavelmente teria pouco impacto sobre o sistema financeiro internacional, devido à sua dívida externa comparativamente baixa. A Rússia poderia, contudo, tentar criar incerteza seletiva, fazendo, por exemplo, ataques hackers ou transações em mercados cambiais. “Receio uma expansão do conflito para o sistema financeiro global, no qual a Rússia e seus parceiros tentarão causar distorções a fim de prejudicar a economia do Ocidente”, diz Fratzscher.

Isso poderia ocorrer já na próxima semana, para quando são devidos pagamentos de juros no valor de 100 milhões de dólares. No início de abril, um título de cerca de 2 bilhões de dólares estará pendente. “Vemos a inadimplência como o cenário mais provável”, escreveu o banco de investimentos americano Morgan Stanley a seus clientes no início desta semana.

Se a Rússia não puder mais cumprir suas obrigações, investidores na Alemanha também seriam afetados, pois bancos alemães também possuem títulos do governo russo. No entanto, os valores são administráveis, diz Fratzscher, que não vê um problema para o sistema bancário no caso de uma moratória da Rússia.

De qualquer forma, os órgãos monetários em Moscou estão tentando tomar contramedidas. Nesta semana, o Banco Central russo impôs restrições drásticas ao comércio de moedas. Por exemplo, os russos não estão autorizados a retirar mais de 10 mil dólares das contas em moeda estrangeira até setembro. Os bancos russos também estão proibidos de vender moedas estrangeiras.

Se a primeira inadimplência russa ocorrer na próxima semana, isso ainda não significará a falência do país. Após uma inadimplência inicial, há um período de carência de 30 dias, portanto uma inadimplência formal não estaria configurada até meados de abril. Por outro lado, como a Rússia tem reservas suficientes de moeda estrangeira, mas não pode recorrer a elas por causa das sanções, seria considerada uma inadimplência formal ou técnica.

MUITA PREOCUPAÇÃO COM O PETRÓLEO E NENHUMA COM AS COMMODITIES

 

Questiona ex-diretor da ANP

 EDUARDO CUCOLO – FOLHA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As propostas do Congresso e do governo federal para suavizar a alta dos preços do diesel e da gasolina no Brasil mostram um fetiche em relação ao petróleo que é incompreensível em termos de prioridade de gastos e refletem uma preocupação puramente eleitoral.

A avaliação é de David Zylbersztajn, professor do Instituto de Energia da PUC-Rio e ex-diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo (1998-2001).

Nesta quinta (10), a Petrobras anunciou um mega-aumento no preço dos combustíveis, e o Senado aprovou propostas que mudam tributos e criam um auxílio-gasolina.

Ele questiona por que não se discute criar mecanismos semelhantes para amenizar o impacto da alta de outras commodities, como soja e trigo, que também subiram por causa do conflito na Ucrânia e afetam mais diretamente as pessoas de menor renda.

Zylbersztajn calcula que seriam necessários cerca de R$ 50 bilhões para reduzir em R$ 1 o preço da gasolina e mais R$ 50 bilhões para ter o mesmo resultado no diesel. O valor supera os R$ 89 bilhões destinados em 2022 ao Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família.

Para ele, a única política que se justifica, do ponto de vista social, é um subsídio ao gás de cozinha, ainda assim, focado apenas nas pessoas de baixa renda.

Zylbersztajn afirma que a cotação do petróleo já ultrapassou a marca dos US$ 100 em outras ocasiões, como em 2008, e que é possível conviver com os repasses para o preço dos combustíveis sem que isso desorganize a economia brasileira.

“Já vivemos isso no passado. Se pegar o petróleo em 2008 e atualizar pela inflação, chega em valores próximos a US$ 140. Se atualizar de 2011 a 2014 fica em um patamar mais alto também. E a gente não viu essa histeria”, afirma Zylbersztajn em entrevista à Folha.

Para ele, não faz sentido taxar ganhos extraordinários de empresas de petróleo neste momento com novos tributos. Se a Petrobras pagar mais dividendos com esses lucros, o dinheiro deveria ser utilizado para saúde, educação e outras prioridades, não para subsidiar combustíveis fósseis, afirma.

Fetiche

Por que está todo mundo tão preocupado com o petróleo e não com o trigo, a carne, a soja? É comida na mesa das pessoas. Tem um fetiche em relação ao petróleo que é incompreensível em termos de prioridade.

Vamos privilegiar o consumidor de baixa renda do gás de cozinha. É uma questão social, de atendimento de quem precisa daquilo para poder sobreviver. É um item essencial. É relativamente barato comparado ao resto e com impacto social infinitamente maior.

Vamos pegar gasolina a R$ 7. É o preço de uma passagem de trem no Rio. Ninguém está preocupado com o cara que anda apertado no trem. Em vez de tratar disso, está tratando de quem está sozinho andando de carro. Mesmo no caso do diesel, mais de 80% do transporte rodoviário está nas mãos de grandes transportadoras. Essas empresas têm condições de absorver neste momento esse aumento episódico do diesel.

O que eu chamo de fetiche do petróleo tem muito a ver com atendimento eleitoreiro, claramente. É 90% isso, e o resto é boa-fé de algumas pessoas mal informadas.

Petróleo já foi mais caro

Ficou caro, mas será que é só por causa do barril de petróleo? Esse barril já esteve bem mais alto do que está hoje durante muito tempo entre 2011 e 2014. O nosso problema hoje é o câmbio. As pessoas estão mirando em alguma coisa que não é exatamente para onde se deve mirar.

A gente vem com petróleo perto de US$ 100 desde antes da invasão da Ucrânia. Tem uma volatilidade natural em uma situação como essa. Se a guerra ficar circunscrita à Rússia, estamos falando de 7% da produção mundial, o que é absolutamente maleável até em um prazo relativamente curto.

Já convivemos bastante tempo com valores até maiores. Se o conflito não se estender, a tendência é o mercado se acomodar.

Amortecer flutuações

Existe isso para o resto da economia? Vamos criar um amortecimento para quando os juros forem muito altos, para quando o câmbio for muito alto, quando o preço de outras commodities estiver muito alto.

Só que todo esse amortecimento vem de dinheiro do Tesouro. Quando tira dinheiro do Tesouro, tira da conservação das estradas. Os cortes na educação foram de R$ 700 milhões. Estamos falando em dar bilhões para combustíveis fósseis. Seria lindo pegar o dividendo da Petrobras e aplicar em saúde e educação. Não tem de ser aplicado no setor de óleo e gás.

Para você subsidiar alguma coisa para alguém sentir no bolso precisa de um valor grande. Para baixar em R$ 1 o preço da gasolina, são R$ 50 bilhões. Mais R$ 50 bilhões para o diesel. O orçamento para restauração de estradas são R$ 6 bilhões. Mesmo assim foi cortado. Se você quer reduzir consumo de diesel, não vale a pena recuperar estradas?

Desabastecimento

O câmbio era mais favorável [de 2011 a 2014], e a Petrobras praticou preços artificiais, quase quebrou, teve um prejuízo de US$ 40 bilhões. Foi a maior dívida corporativa do planeta. Hoje, se jogar o preço abaixo do mercado, não vai ter importação, e a Petrobras não tem condições de prover todo o mercado de derivados. Aí vai faltar combustível.

Taxação de petroleiras

Você tem um contrato de concessão. Os lucros em relação à produtividade dos campos já são taxados. Estaria claramente quebrando contrato. E seria a partir de que lucro? O que é lucro excepcional? Se você quer atrair investimento, vai quebrar a regra de jogo, vai quebrar contrato? Nos contratos de concessão estão estabelecidas as regras dos impostos que você paga.

PREÇOS DOS COMBUSTÍVEIS NO CONTEXTO DA GUERRA

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo

Bomba de combustivel em posto da Petrobras – frentista – alcool – gasolina

| Foto: Arquivo/Gazeta do Povo

Nesta quinta-feira, dia 10 de março, a Petrobrás anunciou nova alta nos combustíveis, na esteira da nova crise do petróleo provocada pelo conflito no Leste Europeu. Depois de 57 dias sem aumento, a partir desta sexta-feira, dia 11, o preço da gasolina para as distribuidoras passou de R$ 3,25 para R$ 3,86 por litro, um aumento de 18,8%, enquanto o diesel vai de R$ 3,61 para R$ 4,51, crescendo 24,9%. O gás de cozinha, por sua vez, passou de R$ 3,86 para R$ 4,48 por quilo, um reajuste de 16%.

Em resposta ao problema, o Congresso aprovou no mesmo dia um projeto de lei que impõe mudanças sobre a cobrança do ICMS. Segundo a nova regra, o imposto passará a ser cobrado na forma de um valor fixo por litro de combustível e uniforme para todos os estados e Distrito Federal, como já ocorre com os tributos federais PIS e Cofins, e não mais como um percentual do preço de venda. Hoje, o tributo é calculado no final de toda a cadeia de distribuição na forma de percentual no preço da venda, criando um “efeito cascata”. Atualmente, a alíquota varia de 23% a 34% sobre o preço da gasolina e de 12% a 25% no óleo diesel, dependendo da unidade federativa. Com a nova regra, os estados teriam que definir um percentual uniforme já este ano, durante reunião do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), órgão que reúne os secretários de Fazenda de todos os estados.

As decisões expõem a pressa de Brasília para dar resposta ao problema cadente da crise internacional dos combustíveis provocada pela invasão da Ucrânia pela Rússia, mas também revelam a tentativa de acomodar uma disputa em curso nos bastidores do governo. De um lado, setores ligados ao chamado Centrão, tendo como expoentes figuras como os ministros da Casa Civil, Ciro Nogueira, e do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, defendem mudanças nas políticas de preço da Petrobrás, para diminuir o impacto inflacionário do estresse no mercado internacional.  Do outro lado, a equipe econômica comandada por Paulo Guedes defende meios alternativos de chegar ao mesmo resultado, como um teto para o ICMS, que impactaria diretamente no preço final pago pelos consumidores nos estados.


A disputa por óbvio guarda relação com o cenário eleitoral, mas também reflete uma preocupação genuína com a pressão inflacionária provocada pelo aumento do preço dos combustíveis. Ao contrário do que muitos analistas defendem na grande imprensa, o preço da gasolina já deixou de ser um problema das classes privilegiadas no Brasil há algum tempo. Os dados do último censo de 2019 revelam que cerca de 50% dos domicílios do país possuem ao menos um carro na garagem.

O aumento dos combustíveis também provoca impacto inflacionário. Quase 82% das cargas que circulam no país vão de caminhão. Isso significa que o preço do diesel impacta diretamente o preço do frete, o que tem consequências no valor final dos produtos consumidos pelos brasileiros. A cotação do diesel também afeta as tarifas de ônibus, com impacto direto no orçamento de milhões de famílias brasileiras.

O gás de cozinha, por sua vez, é outro item que sofre efeitos do que ocorre no mercado internacional. É um produto de primeira necessidade, cujo preço mexe substantivamente na vida dos mais pobres. Em um país cuja crise provocada pela pandemia já tinha feito com que famílias mais vulneráveis tivessem que retornar ao uso da lenha e do carvão para a cozinha, a notícia pode trazer impactos ainda mais perversos.

O tema é delicado e exige atenção da sociedade e dos governantes. Especialmente porque não se pode ter certeza sobre o quanto vai durar o desequilíbrio no mercado internacional. Economistas têm apontado que o boicote dos Estados Unidos e do Reino Unido ao petróleo russo pode levar facilmente o preço do barril a US$ 150,00. Nesse cenário de imprevisibilidade e insegurança, investidores tendem a fechar as torneiras, o que pode se transformar rapidamente em recessão global, considerando os impactos inflacionários provocados pelo desequilíbrio nos preços dos combustíveis. Para um mundo que ainda está se recuperando de dois anos de pandemia da COVID-19, os riscos são tremendos e não podem ser ignorados, especialmente se considerarmos a possibilidade de prolongamento dos conflitos no Leste Europeu ou mesmo a explosão de outros na esteira dos abusos cometidos pelos russos.

Nesse cenário, não há escolha fácil. É verdade que o preço final dos combustíveis tem relação direta com o sistema tributário, particularmente com o ICMS. Ainda que a ideia de mexer no tributo estadual pareça tentadora, é importante ter em vista que o ICMS corresponde na média de 15% a 20% do total da arrecadação dos estados, enquanto os impostos federais representam menos de 2% da arrecadação da União. Considerando que os estados são responsáveis diretos pela provisão de serviços de saúde, educação, segurança pública, assistência social, entre outros, o que inclui a folha de pagamento de milhares de servidores públicos, os impactos na arrecadação podem precarizar serviços essenciais. Ou seja, a operacionalização da mudança do cálculo tem que levar em conta um universo de decisões que exige cálculo, prudência e alinhamento entre entidades federadas e União.

É importante lembrar que a política de preços da Petrobrás, ligada ao mercado internacional, tampouco permite soluções simplistas. A empresa está comprometida com uma dívida milionária gerada pelas interferências irresponsáveis e escândalos de corrupção da gestão petista. E o Brasil não é autossuficiente em Petróleo, o que significa que parte do produto consumido aqui tem que ser trazido de fora, a preços tabelados pela cotação de mercado. Nesse sentido, atuar como no passado, retirando a empresa de uma posição mais responsável frente ao mercado internacional, pode agravar ainda mais a crise, cobrando seu preço em perda de credibilidade e de valor real de mercado da companhia.

Ou seja, a operacionalização da mudança do cálculo tem que levar em conta um universo de decisões que exige cálculo, prudência e alinhamento entre entidades federadas e União

Nesse sentido, o melhor caminho para superar o problema com o preço atual dos combustíveis seria trabalhar para reverter o atual cenário de desvalorização da moeda brasileira, que felizmente já mostra sinais de recuperação nos últimos meses. Quanto mais recados o governo fosse capaz de mandar para os mercados, com comprometimento em relação a reformas estruturais do Estado brasileiro e privatizações de ativos, maior seria a credibilidade do país, e, consequentemente, a valorização do real. Entre as reformas, por óbvio, a racionalização do sistema tributário também poderia ter efeitos positivos.

No curto prazo, também é possível avaliar de maneira mais racional a proposta de subsídios, ao menos para o gás de cozinha. Operacionalizar esse tipo de proposta não é fácil e exigiria mobilização em tempo recorde do governo. Porém, é importante lembrar que, faz bem pouco tempo, a equipe econômica atual demonstrou capacidade de criar mecanismos de contenção de crise para lidar com os efeitos perversos da pandemia e com a paralisação da atividade econômica. Em momentos de crise, é preciso usar a criatividade e aproveitar o potencial oferecido pelas novas tecnologias.

Nada disso exclui opções de médio e longo prazo para atingir um preço mais razoável para o combustível pago pelos brasileiros, mas não se pode negar que a crise atual tem um potencial destruidor para a vida de muitos brasileiros, que não podem ser submetidos sem qualquer tipo de proteção ao funcionamento das forças de mercado num período em que elas são alteradas pela sanha expansionista de um autocrata irresponsável no Leste Europeu.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/editoriais/a-crise-dos-combustiveis-no-contexto-da-guerra/
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APESAR DA CRISE O NOSSO PIB CRESCEU

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo

Mesmo com os efeitos da estiagem na agricultura, PIB teve maior crescimento desde 2010.| Foto: Confederação Nacional da Agricultura/Wenderson Araújo

O IBGE acaba de mostrar que o PIB brasileiro cresceu 4,6% em 2021 e superou as perdas da pandemia. No ano anterior, embora o FMI tenha previsto uma queda de 9%, o PIB do Brasil caiu metade disso: 3,9%. A despeito da campanha do fique em casa e feche tudo, o brasileiro levantou, sacudiu a poeira, e deu a volta por cima. Nossa resiliência é parte de nossa energia, nossa força, nosso espírito, principalmente se o governo não atrapalha.

Mesmo quando o clima atrapalha, como aconteceu com o agro, tivemos o maior crescimento desde 2010 e nosso Produto Interno Bruto chegou a R$ 8,7 trilhões. E não é um número abstrato, distante, porque, segundo o IBGE, o consumo familiar subiu 3, 6%, assim como subiram a poupança e o investimento privado. Fonte de emprego para a mão-de-obra mais necessitada, a construção civil cresceu 9,7%. Neste ano, o investimento estrangeiro já procura o Brasil como porto seguro e nossa moeda se valorizou em cerca de 10% frente ao dólar, a moeda-base do mundo.

O que houve? Deus olhou para o Brasil? O destino resolveu nos premiar? Ou fomos nós que nos rebelamos contra a campanha pessimista? Aposto na última hipótese. Em primeiro lugar, porque nos rebelamos contra grupos políticos-fisiológicos que se apropriavam do estado, que é patrimônio de todos os brasileiros. Quando a maioria decidiu, nas urnas, por uma proposta que não queria partidos políticos dominando estatais e a administração direta federal, boa parte da transformação se concretizou.

A principal vítima da rapina, a Petrobras, teve resultado recordista, assim como o BNDES, que ajudava ditaduras estrangeiras e agora investe nos empreendimentos brasileiros. A Caixa Econômica se tornou o banco social que é sua vocação e tem tido os maiores resultados da história . Antigas estatais que sempre tiveram prejuízos, nunca foram tão bem.

Isso sem falar nos resultados na administração direta. O Banco Central repassou no ano passado, cerca de R$ 72 bilhões ao Tesouro. As contas do setor público tiveram o primeiro resultado positivo em sete anos, de R$ 64,7 bilhões em 2021, isso que impostos foram reduzidos sobre combustíveis e bens duráveis.

E ainda sobrou sobrou para concluir obras cronicamente inacabadas, como pontes e a bendita água para o Nordeste, além de subsidiar a renda das vítimas do feche tudo, com o Auxílio Brasil, e perdoar 92% das dívidas dos estudantes no Fies. Sobrou até para dar os 33% aos professores do básico. As centenas de bilhões que sobraram porque o roubo acabou, mostra o tamanho que os corruptos tiravam dos pagadores de impostos.

No estado inchado, ainda se penduravam nas folhas de pagamento milhares de cargos em comissão, DAS de alto nível, que não apareciam no local de trabalho e sustentavam boas casas no Lago Sul de Brasília. Foram simplesmente demitidos. Lei Rouanet passou a apoiar quem realmente precisa e acabaram-se as mamatas de imposto sindical e ajudas estranhas.

Ministros tiveram autonomia, mas sem mando de partidos políticos. Os que desfrutavam do dinheiro fácil que vinha com o suor dos pagadores de impostos reagiram de todas as formas, até mesmo usando a pandemia, mas não conseguiram vencer o povo resiliente, teimoso e mais informado.

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ATUAL PRESIDENTE DO TSE CHAMA PARTIDOS PARA ENTENDIMENTOS ELEITORAIS

 

Eleições
Eleições 2022
Urna eletrônica

Por
Renan Ramalho – Gazeta do Povo
Brasília

Edson Fachin e Alexandre de Moraes durante reunião com o PCdoB no TSE.| Foto: Abdias Pinheiro/Secom/TSE

Empossado em fevereiro no comando do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Edson Fachin iniciou nesta semana uma série de encontros com presidentes e líderes de partidos. O objetivo, além de estreitar a relação institucional com as legendas, é reforçar o convite para que elas participem ativamente dos eventos de auditoria interna das urnas eletrônicas.

Só na última quarta (9), Fachin recebeu dirigentes, advogados e parlamentares do PDT, PCdoB, Republicanos e PSD. Apresentou a eles um calendário dos próximos testes e cerimônias de certificação da segurança dos sistemas eletrônicos de votação. Também participou das conversas Alexandre de Moraes, que assumirá a presidência do TSE em setembro, mês anterior às eleições. O objetivo é fazer reuniões com os demais partidos nas próximas semanas.

Nas reuniões do dia 9, Fachin incentivou que representantes e técnicos dos partidos compareçam aos testes para que possam atestar a integridade do processo. Disse que os partidos são fundamentais para a democracia. Fez questão de frisar que eles também são “entidades fiscalizadoras” do processo eleitoral e que essa tarefa não deve se restringir à verificação e denúncia de irregularidades cometidas por candidatos adversários – durante a campanha, os partidos podem acusar políticos que fazem propaganda irregular, por exemplo, ou que cometam abusos mais graves que possam levar à cassação da candidatura. Para além disso, as legendas, na visão do ministro, devem participar ativamente no acompanhamento da preparação e funcionamento do sistema de votação.

No ano passado, um clima crescente de desconfiança em relação às urnas eletrônicas – sobretudo em razão de questionamentos de Jair Bolsonaro (PL) durante a tramitação da proposta de implementação do voto impresso –, despertou nos ministros da Corte Eleitoral o temor de uma revolta popular contra uma possível derrota do presidente nas eleições deste ano, sob o pretexto de fraude no registro digital ou na contagem automatizada dos votos.

Fachin e outros ministros do TSE temem “repetição” da invasão do Capitólio
Para os ministros, foi semeado o risco de ocorrer, após as eleições, algo que seria “catastrófico” para a imagem do país e da própria Justiça Eleitoral: um ato, em Brasília ou nas capitais, semelhante à invasão do Capitólio, sede do Congresso americano, em janeiro de 2020, levado a cabo por parte dos eleitores do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, que perdeu a disputa sob protesto de que teria sido vítima de fraude na votação em vários estados.

Dois fatores apontavam para a possibilidade de um evento do tipo se repetir no Brasil. Em primeiro lugar, o discurso semelhante, por parte de Bolsonaro, e disseminado muito antes da disputa, de que haverá fraude na eleição – o que Trump também fez nos EUA, mas em relação à possibilidade de votar pelos correios. E também a própria admiração e mimetização, por parte do presidente brasileiro, ao estilo de fazer política do ex-presidente americano.

A avaliação dentro do TSE é que nos EUA o ato só não trouxe danos à própria ordem democrática porque as Forças Armadas, outras instituições de Estado e a comunidade internacional não embarcaram na narrativa da fraude e mantiveram-se firmes na defesa da vitória de Joe Biden.

E é um apoio semelhante a esse que Fachin, assim como seu antecessor na presidência do TSE, Luís Roberto Barroso, busca construir. Por isso a iniciativa, ainda no ano passado, de ampliar a participação dos militares no processo eleitoral. Se antes eles apenas ajudavam a garantir a segurança do transporte das urnas para locais perigosos ou distantes, agora integram uma comissão de fiscalização do sistema, junto com várias outras instituições.

A recente iniciativa de Fachin de buscar aproximação com os partidos faz parte desse plano de agregar apoio das instituições para o processo eleitoral. A ideia é que, em caso de eventual contestação do resultado, as legendas fechem questão em defesa do TSE. Reuniões com partidos também foram feitas em gestões anteriores, mas agora ganharam mais peso.

Fachin também espera que os partidos contribuam para desmentir notícias falsas disseminadas contra as urnas eletrônicas antes e durante a campanha, justamente para mitigar a desconfiança que poderia alimentar o risco de revoltas contra os resultados.

Nessa frente, uma medida adicional é integrar a esse trabalho os Tribunais Regionais Eleitorais (TREs), que também participarão de uma campanha institucional do TSE para esclarecer a população sobre a segurança na votação.

Fachin quer observadores internacionais nas eleições do Brasil
Outra iniciativa de Fachin para aumentar a confiança nas urnas e desestimular qualquer tentativa de contestação dos resultados é ampliar a observação internacional sobre as eleições brasileiras. Para isso, o ministro tem buscado enviar representantes do TSE para missões de observação em eleições em outros países.

No próximo domingo (13), por exemplo, o ministro Mauro Campbell irá representar o Brasil na observação internacional das eleições que vão renovar o Congresso na Colômbia. O TSE também pretende enviar um representante para a eleição presidencial da França, em abril.

O objetivo é que, em contrapartida a essas missões, observadores internacionais venham ao Brasil antes e no dia das eleições, em outubro, para atestar a lisura do processo. A Organização dos Estados Americanos (OEA) será uma das instituições chamadas para isso.


Partidos ainda têm dúvidas sobre questões eleitorais

Os representantes dos partidos aproveitaram a reunião com Fachin para expressar dúvidas que ainda têm em relação a regras específicas relacionadas às eleições. O presidente do PSD, Gilberto Kassab, e o presidente do PDT, Carlos Lupi, apresentaram queixas quanto à prestação de contas do TSE, cujo sistema é criticado pelos partidos.

A proposta do novo Código Eleitoral, já aprovada na Câmara, mas ainda em tramitação no Senado, mudaria a forma de informar ao TSE como os partidos gastam o dinheiro dos fundos partidário e eleitoral. Em vez de usarem o sistema do tribunal, poderiam contratar auditorias contábeis externas e depois apresentar os resultados à Corte.

Como a proposta ainda não foi aprovada definitivamente no Congresso, a tendência é que seja mantido o atual modelo de prestação de contas.

O presidente do Republicanos, Marcos Pereira, comunicou a Fachin que há dúvidas sobre o teto de gastos nas campanhas – para cada cargo, há um limite de despesas. O partido também questionou sobre como as legendas que formam federações partidárias farão para compor a cota feminina na disputa (uma federação é uma aliança na qual as siglas concorrem juntas para cargos no Legislativo, sob o compromisso de atuarem juntos por quatro anos). A lei diz que, em cada legenda, ao menos 30% da chapa deve ser de mulheres. A dúvida é sobre qual fatia cabe a cada partido dentro de uma federação.

Em relação a esses assuntos, Fachin respondeu que não é mais possível alterar as resoluções do TSE que regulamentam os procedimentos. O esclarecimento virá se as siglas apresentarem consultas formais, às quais os ministros têm obrigação de responder.


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POLÍTICA É UM FORTE COMBUSTÍVEL PARA A DEMAGOGIA

 

  1. Opinião 

A alta dos combustíveis dá pretexto para que populistas ignorem o histórico desastroso da intervenção em preços e se apresentem como defensores dos consumidores

Notas & Informações, O Estado de S.Paulo

O agravamento da crise dos combustíveis no Brasil por causa da guerra da Ucrânia tem servido de pretexto para que populistas exerçam sua especialidade, que é criar soluções simples, e erradas, para problemas complexos. Contra a alta da gasolina, do gás de cozinha e do diesel, políticos de diferentes credos ideológicos apresentam-se como voluntariosos salvadores do povo, propondo e aprovando medidas que, além de pouco eficazes ou completamente inúteis, podem se provar desastrosas. 

O presidente Jair Bolsonaro, o mais destacado desses demagogos, tem insistido obsessivamente em impor alguma forma de controle desses preços, muito antes que o primeiro soldado russo pusesse os pés na Ucrânia. A guerra é, portanto, apenas o pretexto mais recente para que – a título de conter a inflação, que costuma tirar votos – se articule alguma forma de controle de preços, tiro que quase sempre sai pela culatra. 

Não é à toa que Bolsonaro tem como associados dessa articulação os demonizados petistas – que, quando estiveram no poder, seguraram o preço dos combustíveis para conter a inflação e reduzir os danos eleitorais, causando estragos na Petrobras, em particular, e na economia, em geral.

Não faltou nem a fingida indignação que tão bem caracteriza o populismo. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), foi às redes sociais para declarar que o reajuste dos preços dos combustíveis anunciado pela Petrobras “foi um tapa na cara de um país que luta para voltar a crescer”. Ora, há tempos o referido “país que luta para crescer” vem sendo estapeado pelo grupo político que está no poder, que sistematicamente atropela a responsabilidade fiscal.

A questão dos combustíveis é séria. Correções de 18% a 25% de uma só vez impõem ônus imediatos e severos sobre donos de automóveis e caminhoneiros e sobre o orçamento das empresas de transportes. 

Há efeitos não tão imediatos, mas de extensão maior. Aumento nos transportes resulta em outras correções de preços, da matéria-prima da indústria ao feijão trazido do campo até a mesa do consumidor. Assim, afeta também os orçamentos dos que não são consumidores diretos de combustíveis, mas precisam consumir para se manter. Estes são, em geral, os consumidores de renda menor e mais vulneráveis às altas de preços. Ademais, variações tão expressivas nos combustíveis afetam a programação orçamentária das empresas e podem prejudicar decisões essenciais. Será inevitável que o aumento dos combustíveis impulsione a inflação, que já alcança 10,54% no acumulado de 12 meses.

Logo, o problema é realmente sério em muitos sentidos e precisa ser enfrentado, mas jamais com as comprovadamente ineficazes e danosas tentativas de controle de preços nem com renúncia fiscal num cenário já desafiador para as contas públicas.

A alta dos combustíveis agora anunciada, das mais expressivas em muitos anos, é apenas parcialmente justificada pela guerra da Ucrânia, pois os preços estavam parados havia quase dois meses, desde bem antes, portanto, do início do conflito. Não estão claras as razões para represamento de preços por período tão longo, e não se pode condenar quem veja nisso o resultado das pressões do presidente Bolsonaro sobre a Petrobras.

Medidas como as aprovadas ou em tramitação no Congresso, como a mudança da regra de cobrança do ICMS sobre combustíveis, a criação de um fundo de amortecimento das oscilações de preços ou ainda a instituição de uma espécie de auxílio-gasolina, terão impacto pouco significativo sobre o preço final dos combustíveis, mas poderão gerar desastres fiscais e sofrer contestação judicial. São bilhões de reais que não chegarão aos cofres públicos ou que deles serão retirados como subsídio, sem que haja compensação suficiente do lado das despesas. O problema não será apenas do Tesouro Nacional. Estados e municípios serão também prejudicados.

Controlar preços sempre foi a tentação dos populistas. Isso nunca funcionou. Mas a turma em Brasília, sobretudo em ano eleitoral, não costuma se preocupar muito com as consequências do que faz.

EMPRESÁRIOS TÊM VISÃO DO FUTURO E GOVERNO TEM MIOPIA RETRÓGRADA.

 

  1. Opinião 

Na questão da mobilidade, companhias privadas e lideranças empresariais têm olhos voltados para o futuro, mas a ação pública mantém vícios do passado

Notas & Informações, O Estado de S.Paulo

Há um notório descompasso entre o papel cada vez menos relevante da indústria de transformação na economia brasileira e a evolução da mentalidade de parte de empresários e executivos do setor. Há dirigentes industriais, inclusive em associações empresariais, como a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), preocupados com as transformações por que passa o mundo, exigindo soluções que, ao mesmo tempo, assegurem o progresso dos negócios e sejam, sobretudo, condizentes com as novas exigências ambientais e sociais.

A ampliação desse descompasso, como vêm comprovando as estatísticas da produção industrial, que definha há muitos anos, e a modernidade de número crescente de gestores do setor privado, porém, parecem sugerir que o Brasil está perdendo a corrida para reconquistar alguma relevância no mercado mundial de bens industriais, no qual só tem peso em segmentos muito restritos. A aparência pode, felizmente, ser falsa.

Visões pertinentes sobre as necessidades presentes e, especialmente, futuras, disposição de atender às novas e mutantes demandas e preocupação com inovação e tecnologia fundamentam programas de investimentos de empresas do segmento de transportes. São essas as marcas que perpassam os planos de dirigentes ouvidos pelo Estadão para o caderno especial Estadão Mobilidade Insights, que circulou com a edição de 9 de março. Lá estão caminhos para a sustentação e o crescimento da produção, em ambiente com muitos e novos desafios, mas que podem e estão sendo trilhados. É assim caminhando que a indústria pode recuperar seu papel transformador na estrutura produtiva do País.

A ambientalmente inevitável transformação dos padrões de consumo de energia, com o objetivo vital de reduzir a emissão de carbono, está no centro das preocupações de empresários e executivos ouvidos pelo jornal. Eletrificação, por exemplo, é uma meta praticamente universal. Há quem vá adiante, ao dizer que a eletrificação é um caminho, mas não o único, para algo mais abrangente, que é a descarbonização, a redução dos lançamentos de gás carbônico na atmosfera para conter o efeito estufa. Isso implica outras mudanças no padrão energético mundial, para a substituição, no menor prazo possível, da utilização de combustíveis fósseis, por exemplo. Biogás e gás natural somam-se à eletricidade para acelerar e estimular as transformações.

Há avanços nessa direção. A filial brasileira da sueca Volvo, por exemplo, é a segunda unidade desse grupo industrial em todo o mundo a ter toda sua linha de produtos eletrificada. Estudos da associação representativa do setor, a Anfavea, mostram que carros elétricos poderão ser produzidos localmente, fortalecendo a estrutura industrial do País.

Aos desafios de prazo mais longo, somam-se outros típicos do mercado brasileiro – como a idade excessiva da frota, que agrava sua ineficiência, e a incapacidade do produto brasileiro de alcançar mercados mais exigentes – e os trazidos por eventos recentes de alcance planetário. A pandemia e a invasão da Ucrânia pela Rússia afetaram vários segmentos da economia mundial e a extensão e a duração de seu impacto global ainda não podem ser aferidas com precisão.

Devem ser acrescentados a esses outros problemas que prejudicam a mobilidade de mercadorias e pessoas. São dificuldades estruturais que o Brasil enfrenta há muitas décadas e que vêm sendo mitigadas, quando o são, com muita lentidão. A persistente precariedade da malha rodoviária num país em que o modal rodoviário responde por mais de 60% de toda a carga movimentada é uma das mais óbvias. A ineficiência das operações portuárias é outra. O desprezo histórico por modais economicamente mais adequados, como as ferrovias e as hidrovias, piora o quadro. Tudo isso depende de ação pública, não de investimentos diretos, mas de programas e regras adequadas que abram espaço para a gestão privada desses setores. Também aqui há descompasso, entre objetivos reais e concretos da iniciativa privada e a lentidão das ações do poder público.

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...