sábado, 19 de fevereiro de 2022

O TRABALHO DEVE SER UM PROCESSO CONSTRUTIVO E PRAZEROSO

 

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Leandro Karnal tira dúvidas

Em bate-papo com leitores no Telegram, professor e historiador fala sobre zona de conforto, relações com pessoas difíceis no trabalho, liderança e outros temas; confira entrevista em áudio e texto

Marina Dayrell, O Estado de S.Paulo

No último ano de pandemia e isolamento social é bem provável que você tenha ouvido por aí sobre a importância de se autoconhecer. Para muito além de um tema constante em sessões de terapia, o autoconhecimento é visto por especialistas como uma das primeiras ferramentas para construir uma carreira profissional. 

Estratégia, plano de carreira, branding pessoalrecolocação no mercado, pivotagem e mudança de profissão, empreendedorismo: tudo passa, primeiro, pelo autoconhecimento. Quem sou eu? O que eu quero ser? O que eu quero fazer da vida? O que eu não quero fazer? Onde quero chegar? Do que eu gosto? O que me irrita? 

“Tudo isso é um processo de autoconhecimento. Se você iniciar o autoconhecimento pessoal, ele vai afetar o profissional, não há ninguém que seja sábio em apenas um campo”, explica Leandro Karnal, historiador e professor, que participou do bate papo com integrantes do grupo Estadão Carreira e Empreendedorismo no Telegram, no último dia 1º. 

Leandro Karnal
O historiador Leandro Karnal, colunista do Estadão Foto: Helvio Romero/Estadão

O professor respondeu a dez perguntas sobre autoconhecimento, zona de conforto, colegas de trabalho difíceis, liderança e muito mais. Confira o papo no player abaixo ou na transcrição do texto.00:0026:17

Qual a diferença entre o autoconhecimento pessoal e o profissional? Em que momento um se sobrepõe ao outro? 

Todo o autoconhecimento, que é a base da filosofia, a primeira questão socrática, “Conhece a ti mesmo”, é um progresso, mas nós temos diferentes habilidades, nós temos habilidades distintas no campo pessoal. Há pessoas, por exemplo, que são excelentes profissionais e são maus maridos ou más esposas, maus namorados, más namoradas. Isso é possível, mas todo o processo de autoconhecimento faz avançar. 

Por exemplo, o que me irrita? O que me agrada? Quais são os pontos em que eu chego ao meu limite? Quais são as minhas possibilidades físicas, os meus limites físicos, meus limites psíquicos? Tudo isso é um processo de autoconhecimento. Se você iniciar o autoconhecimento pessoal, ele vai afetar o profissional, não há ninguém que seja sábio em apenas um campo.

O que fazer quando a empresa em que você trabalha se torna tóxica e começa a afetar a sua saúde? Dá para mudar sua empresa sem ter que se mudar dela? Como?

Essa é sempre uma pergunta muito complexa. Por exemplo, eu já trabalhei em escolas quando jovem, muito difíceis, muito agressivas em situações que eu diria até humilhantes, mas eu precisava daquele dinheiro. Na minha vida, especialmente no início da carreira, que eu não podia escolher, a escola podia me agredir, podia me humilhar, os alunos podiam ser agressivos, mas eu tinha que comer, pagar aluguel, eu tinha que pegar o ônibus. Então, às vezes, o imperativo das suas necessidades se sobrepõe a isso. 

Então, aí é tentar diminuir os danos. Há empresas que realmente talvez seja melhor você atrasar o aluguel e não trabalhar nelas, você não comer o que quer e não trabalhar nelas, mas nós não temos sempre escolha, nós não somos herdeiros milionários. Então, eu tenho que negociar com o real. 

Quando eu estava em um lugar muito ruim, eu tentava me adaptar, melhorar alguns pontos, tentava diminuir aquele incômodo que uma empresa tóxica produz, mas por vez a gente tem que aceitar que tem um chefe. Eu tive chefe, estou pensando agora mentalmente num aqui em São Paulo, que nós, carinhosamente, apelidamos de “o louco”, não só eu, como os outros professores também. Então, o que se faz com “o louco”? Primeiro, não deixar se contaminar pela insanidade dele ou dela. Segundo, fazer exercício de desintoxicação ao sair do trabalho, meditação, relaxamento, aquilo que você tiver à mão e imediatamente imaginar que você tem que procurar outra empresa.

É uma experiência, mas claro que eu estou falando de coisas que não envolvem, por exemplo, assédio sexual e violência física, aí não tenho que negociar, aí tem que sair imediatamente e denunciar imediatamente. Mas quando é aquela agressividade difusa, aquela agressividade, às vezes, muito passiva, inclusive, aquele caráter tóxico que perturba, aí o ideal é, realmente, levar um pouquinho com a barriga, se possível, e avaliar: “eu preciso mais do dinheiro ou da minha paz de espírito? Eu preciso pagar o aluguel, alimentar meu filho ou eu preciso de estabilidade psíquica?”

A vida não é ideal, mas aprender a negociar com situações difíceis é como você fazer uma espécie de estágio em um campo minado, depois fica mais fácil andar em um território normal e plano. Quem sobe montanha facilmente com dificuldades, quando tem que correr na planície, vai ser muito melhor.

Você acredita que é possível encontrar felicidade no trabalho? Acredita que, em alguns casos, são as pessoas que tornam os locais de trabalho insuportáveis? 

A questão é muito interessante. Primeiro, a pergunta seria: é possível encontrar felicidade? Porque quem consegue responder a isso consegue responder no trabalho, na família e assim por diante. Se vocês consideram felicidade um estado paradisíaco, um Nirvana, algo que, uma vez atingido está conquistado, eu diria, não, não é possível encontrá-la nem no trabalho e nem na família, e nem sozinho. 

Mas, se você considera felicidade um evento perfectível, ou seja, possível de ser aperfeiçoado, e um caminho de crescimento para um bem-estar, aí você segue o conselho do professor Shawn Achor, de Harvard, que diz que felicidade não é o prêmio, mas é o caminho para conseguir o prêmio, ou seja, você não será feliz quando for o chefe, o coordenador geral, o CEO de uma empresa. Você tem que ser feliz para crescer na hierarquia de uma empresa, tem que ser feliz para construir um bom casamento, você tem que ser feliz para construir um bom namoro. 

Então, a questão não é exatamente como encontrar felicidade no trabalho, mas de que forma eu concebo felicidade, não exatamente como paraíso, mas como, pelo menos, uma maneira de evitar o inferno, o que já é um grande caminho. Agora, eu, sim, acho que como a gente trabalha muito e vai trabalhar bastante e, com as atuais reformas da previdência, vamos trabalhar ainda mais no futuro, eu preciso considerar que o trabalho não pode ser uma suspensão da minha vida feliz enquanto que estar fora do trabalho seja a verdadeira vida. Eu tenho que integrar a produção do que eu faço para conseguir dinheiro, para conseguir aquilo que o trabalho dá, como uma etapa da minha felicidade. 

Não existe a possibilidade de eu ser feliz durante doze horas em casa e infeliz durante o restante do tempo no trabalho, isso não existe. Eu tenho que buscar uma vida mais harmônica. Felicidade não é paraíso, não se deve confundir alegria e tristeza, estados passageiros, com felicidade – uma etapa de conquista, de metas e de questões importantes para mim. Se você confunde felicidade com alegria e tristeza, você vai oscilar completamente ao longo de um dia. Felicidade é um estado permanente. Felicidade é clima. Alegria e tristeza são chuva ou vento, variam a toda hora. 

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Como lidar com colegas de trabalho difíceis? 

Eu acho que eu nunca trabalhei na minha vida sem ter algumas pessoas difíceis. Eu fico feliz quando é um colega e não um chefe, que é mais fácil lidar numa relação horizontal do que vertical. A primeira coisa que eu sempre pensei no meu crescimento profissional é se os meus colegas não estavam em algum grupo perguntando como lidar comigo também, ou seja, que você pode ser também a pessoa difícil. 

Há pessoas mais fáceis e há pessoas mais difíceis. Aprender a negociar com diferentes timings, diferentes percepções de tom de voz, diferentes percepções de gentileza, educação e trato com os outros é um grande desafio de vida. Agora, quando se torna insuportável, fala-se com a pessoa e, quando se torna impossível conviver, fala-se com o RH. As pessoas difíceis, às vezes, precisam de um toque afetivo e outras precisam de uma chamada formal advertida pelo chefe. Então, tem que aprender a lidar com isso. 

Há pessoas difíceis na sua família, porque há na minha família, há na família de todo mundo. Então, como é que a gente lida com aquela pessoa difícil na festa de Natal? Senta longe dela, evita contrariar, sorri e se afasta imediatamente. Quando possível, essa é uma boa solução. Se não for o chefe, é um pouquinho mais fácil.

Como as lideranças podem ajudar seus liderados a se conhecer melhor e como podem personalizar a gestão de acordo com o que motiva cada membro?

Uma das grandes habilidades de qualquer pessoa que exerce qualquer função, desde um pai até um professor, de um chefe até um político, é saber que as pessoas são diferentes, as pessoas reagem de forma distinta e que as pessoas não podem ser tratadas em conjunto. A primeira questão de um chefe é o exemplo. Se eu quero, por exemplo, pensar que eu tenho que espalhar relações mais cordiais, relações dóceis, mais simpáticas, a primeira questão é que eu sou a demonstração disso. É provável que você não contrataria um personal trainning, por exemplo, que fosse obeso, é provável que você desconfiaria de médico pneumologista que fumasse bastante, porque eu sou a vitrine da minha própria motivação e daquilo que eu estou falando. 

Então, uma liderança ensina pelo exemplo, que a gente chama de currículo oculto, e ela vai começar essa liderança, estabelecer diferenciações entre as pessoas e aprender a lidar com isso. Pessoas não são robôs, pessoas são diferentes, alguns precisam de uma energia A, outros de uma energia B na resposta. Um chefe tem que ser inteligente e sábio. Inteligente para dominar a técnica e sábio para poder lidar com pessoas. 

Pouca gente tem vocação para chefia, muita gente tem vocação para o poder, porque muita gente quer mandar para os benefícios do cargo. Pouca gente sabe que um cargo é um exercício de serviço, eu estou a serviço de todos e por isso que eu tenho a capacidade de dizer o que é prioridade, mas isso não é fácil e poucas pessoas têm essa percepção, especialmente no Brasil, que chefia é serviço e não privilégio, cargo de nobreza, condado ou algo que eu ganhei dos deuses para poder aproveitar a vida. 

Como lidar ou indicar aos seus superiores no caso de perceber que sua atuação não é necessariamente no local que você tem mais aptidões ou habilidades?

É sempre complicado porque nem sempre as chefias, por exemplo, conseguem ouvir essa ideia. Se eu quero eficácia, eficiência, harmonia, as críticas construtivas são muito bem-vindas. Eu acho que deve-se falar com franqueza que eu posso ser mais útil na posição A do que na B, porque eu tenho mais habilidades na posição A do que na B. Eu posso servir mais. 

É claro que não existe o emprego ideal e, às vezes, estar em um lugar deslocado, me ensina habilidades que eu posso utilizar em outra ocasião. O Steve Jobs, na sua biografia, diz que ter feito um curso de caligrafia em uma universidade menor dos Estados Unidos, na qual ele não se formou, ajudou a conceber todo o sistema de fontes para o Mac. Então, às vezes, exercer esses cargos, como os velhos empresários que só admitem que seu filho o suceda se exerceu todas as etapas da cadeia produtiva, pode ser útil, mas não pode contrariar minha natureza, nem me forçar a ser o que eu não sou. 

Eu posso aprender em quaisquer cargos. Seria muito bom que eu tivesse passado por vários, mas qual é o cargo em que eu posso melhor desempenhar com mais habilidade? E, se eu explicar isso com tranquilidade para a empresa, realmente vai ajudar. Se a empresa não ouve, se ela não me quer no cargo que eu sou mais útil e mais produtivo, aí o questionamento é sobre a empresa. É uma empresa que funciona de uma maneira racional, de forma a valorizar seus trabalhadores? Essa é sempre uma questão. De novo, depende da minha liberdade diante do dinheiro naquela ocasião. 

Não seja difícil, mas seja sempre consciente de que seu projeto de vida é maior, inclusive do que a empresa em si, e que você não existe só para agradar uma empresa, mas também você precisa trabalhar em conjunto. 

Como identificar que estou em uma zona de conforto ou que tenho dificuldade para sair dela? É sempre prejudicial ficar na zona de conforto?

Essa é a pergunta de um milhão de dólares, né? Zona de conforto é o seu pior inimigo. Tudo aquilo que te deixa quentinho e acomodado, não exige o melhor e vai produzir um efeito negativo no seu crescimento. Então, qual é o equilíbrio entre o que me desafia e aquilo que me deixa totalmente confortável? 

A primeira pergunta a se fazer é: nos últimos seis meses você enfrentou novas habilidades e aprendizados? Nos últimos seis meses, você, naquela função e daquela forma, conseguiu aprender algo? Foi desafiada em qualquer forma, em qualquer habilidade? Se a resposta for não, você está em uma zona de conforto. Ela é o apogeu de qualquer trabalho, de qualquer casamento, mas ela também é o início do declínio, porque ela é uma solidificação, uma calcificação ou, em outras palavras, um enrijecimento das suas habilidades.

Então, a zona de conforto é ruim, porque ela vai deixar de desafiar e você vai gastar um capital acumulado. O problema é que não há capital infinito e quando surgir um novo desafio, uma nova conjuntura econômica, uma nova forma de ver a empresa, você pode dançar, porque você está calcificada em um cargo. É muito importante se perguntar se onde eu estou, estou sendo desafiado? Aquilo que eu estou fazendo é  algo que de fato promove o melhor de mim, exige o máximo de mim? Senão é hora de você criar esses desafios ou assumir funções que contenham estes desafios. Tudo que te acomoda sabota o seu futuro estratégico. https://omny.fm/shows/trabalho-mental/nova-temporada-do-trabalho-mental-vem-a-ou-a-o-tea/embed

Por que na vida profissional parece ser mais fácil definir o que não queremos, mas temos dificuldade para encontrar o que queremos de fato? Como ter mais clareza para construir uma carreira?

Eu acho que existe uma fantasia que é a ideia de vocação. Vocação vem do latim vocare que é ‘chamar’. Era concebida como modelo religioso, como a vocação de Abraão. Deus aparece, ele sai da sua terra e vai. Ou a vocação de São Mateus, Jesus chega, aponta para ele no trabalho de coletor de impostos e ele passa a ser um evangelista, um discípulo. Essa é uma ideia religiosa de vocação. 

Não existe um campo único, absoluto, em que você vai ter clareza total de que aquela é a sua carreira. O ponto que eu me encontro hoje não é o ponto que eu pensava aos 19 anos ao concluir a minha primeira graduação. O ponto que eu me encontro hoje não é o ponto que eu imaginava quando comecei a pós-graduação. A todo instante, a vida, especialmente no mundo líquido, naquele mundo que a gente usa as siglas VUCA (volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade) e BANI (frágil, ansioso, não-linear e incompreensível) aumentou muito a  velocidade nesse mundo.

Você não vai ter uma carreira única, uma área de atuação, um conhecimento ou uma habilidade. Então, você não é um gênio da música, um gênio da dança que só pode fazer aquilo e, provavelmente, não seria feliz em nenhum outro campo. Nós somos pessoas múltiplas e, quanto mais múltiplos formos, melhor. Por isso, não existe um caminho, mas existe uma possibilidade de você saber, como eu sei, que eu serei melhor na área de humanas, na comunicação, do que na física atômica, ou seja, eu tenho grandes campos. Mas não pense que é uma coisa única, especial e que descobrindo você não terá novos desafios. Então, esteja plástico, esteja apto. Esteja sempre em crescimento, proporcione que você consiga crescer. 

Antes, me perguntaram se é sempre prejudicial ficar na zona de conforto e eu não respondi adequadamente: não. Não é sempre prejudicial, apenas é prejudicial ao crescimento, mas pode ser bom se você busca apenas a estabilidade.

Faz sentido o ensinamento daquela frase, um tanto quanto polêmica, “trabalhe com o que ama e nunca mais precisará trabalhar na vida”?

Eu acho que existe uma questão a pensar previamente, o que é trabalho para você? Quando eu digo ‘trabalhe com o que ama e nunca mais precisará trabalhar na vida’, eu estou concebendo o trabalho feito como uma espécie de hobby ou lazer como um trabalho prazeroso e um trabalho feito por necessidade como um trabalho difícil. Então, nós temos aqui um debate entre a concepção protestante e a concepção católica de trabalho. 

O trabalho para o calvinista clássico, como Weber indicava, é uma maneira de construir o mundo e completar a criação. O trabalho católico é concebido como o castigo que Deus deu no Gênesis a Adão, ou seja, Adão, vai ganhar o pão com o suor do rosto e Eva tem três pragas, né? Dificuldades na gravidez, depois parir na dor e ainda ser submetida a um marido. 

O trabalho, ele sempre vai ser cansativo do ponto de vista físico, porque eu vou enfrentar pessoas fora do universo afetivo da família. O trabalho sempre vai ter uma carga pesada, mesmo que eu seja um criador de arte, um coreógrafo, alguém da área de criação. Mas se eu fizer aquilo que eu gosto, o trabalho vai ser, como tudo na vida, um processo construtivo, porque família também é um desafio esgotante. Trabalho é um desafio esgotante. Do jeito que nós vivemos hoje, as férias são esgotantes, você volta das férias querendo férias, você está arrasado do tanto que você aproveitou as coisas. 

Eu não gosto muito dessa afirmação, porque ela parece indicar que o trabalho naturalmente é algo pesado. E, se eu transformar em hobby, se torna algo leve. Todo esforço físico ou psíquico, afetivo ou pessoal, é árduo e ele implica aquele crescimento, o que os franceses chamam de goût de l’effort, o gosto do esforço, que vai fazer com que eu, como pianista, como marido, como escritor, o que eu quiser, seja complicado, mas o gosto vem dessa complicação. 

Não há ninguém que passe os dias trabalhando perfeitamente feliz. Se alguém me disser, que prefere estar no trabalho do que estar em casa de tanto que gosta, é porque essa pessoa tem uma família complicada e prefere fugir disso pro escritório, né? Mas, sim, o trabalho tem que ser visto como parte da vida, como processo construtivo e desafio para que eu cresça. Aí sim, você não vai precisar trabalhar do ponto de vista de um trabalho árduo, burocrático ou repetitivo.

Existe diferença entre o processo de autoconhecimento para o adulto e para o adolescente? Que dicas você daria?

Essa pergunta é essencial, porque nós aprendemos sempre todos os dias, mas há um momento em que existe conhecimento sobre estruturas já definidas. Na adolescência existe a descoberta de caminhos. O adolescente tem dificuldade em se perceber dentro de um sistema, ele se acha sempre centralizado e, por isso, para ele, as coisas são todas autorreferentes. Fizeram isso porque eu sou assim. Falaram isso pra me atingir. Fizeram isso para mim. Porque exatamente ele é muito autorreferente. 

O processo de crescimento que todos passamos é perder essa autorreferência, ou seja, que não está chovendo porque eu estou atrasado, que esse é um jogo de massas de ar que não tem nada a ver com o meu atraso, que a pessoa está gritando, mas não é exatamente para mim aquilo, mas é, na verdade, algo que pertence a ela, como um processo dela. 

Então, o processo de conhecimento na adolescência, ele é mais instável, porque o humor ainda não enfrentou desafios muito grandes. Na média, existe uma magnificação, um aumento dos problemas na adolescência, porque eu não estou lidando com outros problemas. E depois, as novidades, né? Ah, levei um fora na adolescência, estou arrasado. Depois que a gente, na minha idade, levou dez foras, quinze foras, trinta foras, aquele mais um incomoda, mas já é uma ferida sobre uma pele calejada. 

Uma das coisas boas do envelhecimento ou da maturidade, se a gente preferir um eufemismo, é que a gente vai dar perspectiva às coisas. Então, funciona como uma criança. A criança, por exemplo, dá uma batida no pé e chora com desespero. Depois que você tem um cálculo renal, essa dor entra em perspectiva, né? Uma mulher que tem um parto natural. que é um grau normal de dor muito elevado, vai considerar que aquela queimadura na cozinha não é nada. 

A vida amplia horizontes. Por isso, tem que ser compreensivo, porque na adolescência esses horizontes são novos, as experiências são novas e funcionam sempre com uma intensidade muito grande, para a qual eu não tenho defesa racional. Hoje, quando alguém me diz aquilo que aos 16 anos me desconstruía, alguém me diz ‘nossa, eu odeio você’, eu penso assim, ‘ah, você tem razão. Por vez, eu também me odeio. Muita gente me odeia e a gente vai continuar existindo’. Mas, aos 16 anos, um ‘eu odeio você’ me pega profundamente. Então, não é que a gente melhore, é que a gente cria perspectiva. São processos distintos. Eu hoje só sou mais maduro do que eu era, porque eu já fui muito imaturo. Então, tem que ter muita paciência. Lidar com jovens é um exercício. de muita paciência.

MISTURA DE ONLINE COM FÍSICO GERA NEGÓCIOS E EMPREENDDORISMO

 

  1. PME 

Caito Maia: ‘É um momento muito especial para lançar uma marca’

Para fundador da Chilli Beans e apresentador do Shark Tank Brasil, empresa com propósito pode fazer a diferença em pessoas isoladas em casa; confira dicas de negócios em bate-papo com Caito

Ludimila Honorato, O Estado de S.Paulo

A pandemia do novo coronavírus traz dúvidas constantes aos empreendedores, seja sobre como iniciar um novo negócio, alavancar um que já exista ou meios de encorajar a equipe diante de tantos desafios. Para Caito Maia, que fundou a Chilli Beans há 24 anos, momentos de crise sempre oferecem oportunidades, então é preciso estar atento ao mercado e, principalmente, ao que o cliente quer e onde ele está.

“Você pode começar uma empresa nesse novo mundo, com esse novo comportamento do ser humano. A mistura de online com físico é uma combinação muito boa e muito essencial. Mas também é um momento muito especial para lançar uma marca. As pessoas estão em casa e, se você vier com marca sem produto e sim com propósito, de um jeito interessante e verdadeiro, a sua marca vai ser lançada de um jeito muito especial. Ano passado aconteceu isso e neste ano pode acontecer de novo”, diz o empresário e investidor do programa Shark Tank Brasil.

Caito falou mais sobre esse tema em um bate-papo no grupo Estadão Carreira e Empreendedorismo, no Telegram, no dia 25. Ele respondeu dúvidas gerais sobre empreendedorismo e como empreender na pandemia, enviadas pelos membros da comunidade, seguidores e leitores nas redes sociais. Por meio de áudio, ele interagiu em tempo real com os integrantes do grupo, que também mandaram perguntas sobre seus próprios negócios.

Ouça, no player abaixo, o que ocorreu no dia do evento.00:0022:30

De forma inclusiva, para quem também não pode ouvir, confira os principais destaques do bate-papo em texto.

Como saber quando é a hora certa de expandir o negócio?

Primeiro de tudo, como a Chilli Beans expandiu? Quando eu comecei a ver demanda, quando as pessoas começaram a me buscar, me procurar querendo comprar uma franquia. É claro que você tem de estar um pouco preparado para expandir o seu negócio via franquia ou via segunda loja, tem de estar com faturamento real, com uma lucratividade interessante. Mas, às vezes, expanda, veja o que está acontecendo, veja a oportunidade e, se for interessante, aconteça.

Qual é uma boa oportunidade de empreender no meio da pandemia?

Acho que a gente teve algumas mudanças no consumo, no jeito que as pessoas compram. Você pode começar uma empresa nesse novo mundo, com esse novo comportamento do ser humano. A mistura de online com físico é uma combinação muito boa e muito essencial. Mas também é um momento muito especial para lançar uma marca. As pessoas estão em casa, e se você vier com marca sem produto e sim com propósito e de um jeito interessante e verdadeiro, a sua marca vai ser lançada de um jeito muito especial. Ano passado aconteceu isso e esse ano pode acontecer de novo.

Qual o maior desafio ao vender na pandemia?

As pessoas estão dentro de casa, então o desafio é chegar até as pessoas. Se você não tem fôlego para investimento, você tem uma condição interessante de chegar via Instagram, porque as pessoas estão muito (nas redes sociais), a audiência quadruplicou durante esse momento, você pode tanto vender quanto se comunicar e dividir sua marca com as pessoas que estão paradas nesse presente momento.

Mas a gente não pode esquecer que isso é uma coisa passageira. Já temos uma vacina e depois vai vir uma demanda reprimida como aconteceu no ano passado com a experiência física. Então, fale com seu cliente agora, plante sementinhas no cliente, venda para o cliente, mas depois que voltar exercite os dois canais, tanto físico quanto online.

Caito Maia
Caito Maia considera que a força da marca Chilli Beans, da história por trás do produto e as campanhas que fazia ajudaram no sucesso da empresa. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Em plena pandemia, estou lançando uma marca de lingerie. Qual a indicação?

O mais importante nesse momento é que quadruplicou a audiência em rede social. Então, se a gente está falando do lançamento de uma marca de lingerie, contar uma história interessante, fortalecer a marca, contar para o consumidor o que a sua lingerie tem de diferente das outras… é um momento muito interessante e muito especial.

Não esqueçam de que as pessoas estão em casa, estão abertas como uma esponja para receber informações de uma marca. E se essa informação for bacana e relevante e fizer toda a diferença, isso vai grudar na cabeça do consumidor para sempre.

Como apoiar o franqueado nesse momento, com lojas e shoppings fechados?

O que tem funcionado para a gente no ano passado e neste ano, primeiro, é estar próximo do franqueado toda semana. Segundo, escutando quais são as necessidades dessas pessoas. Muitas vezes, você vai perceber que a necessidade não é simplesmente uma atitude ou um prazo de pagamento, mas um carinho, dividir informações positivas. Então, é a simplicidade de ter reuniões semanais com seus franqueados, escutar o que eles estão precisando.

E o mais interessante que eu faço questão: eu sempre começo a primeira página com ‘notícias boas’. Eu sempre trago positivismo, é impressionante como tem resultado. Outra coisa importante é o seguinte: o que salvou a gente no ano passado foram essas reuniões e a gente percebeu que quatro assuntos eram o problema do franqueado.

O primeiro problema era a parte trabalhista, então aquele incentivo do governo, eles não sabiam como ajudar. Nosso advogado ensinava como usar esse benefício em que o governo pagava o salário do funcionário. Segundo: eu pus meu time inteiro da parte de expansão para negociar aluguel de shopping, para não pagar naquele momento. Terceiro: ficar atento com impostos. Existem alguns benefícios interessantes com imposto. E, por último, eu dei um prazo de pagamento para eles pagarem as peças para a gente.

Qual foi sua estratégia para vender óculos escuros em meio a uma pandemia, em que as pessoas tem de ficar em casa?

A gente vende óculos de grau. As pessoas estão em casa, olhando no celular, na televisão, lendo livro, e é impressionante como existe uma necessidade brutal de usar (óculos de) grau, então a gente fortalece esse canal.

Como empreendedores e organizações sociais podem informar melhor suas causas para captação de recursos?

É muito fácil falar de fora sobre esse momento da pandemia, ainda mais para esse setor de recursos sociais. Mas volto a repetir: eu acho que se você tiver uma marca interessante, uma história interessante para contar, as pessoas vão te olhar de um jeito diferente, vão olhar para o teu projeto de um jeito diferente. Eu mesmo, durante a padenmia, investi em alguns projetos cujo discurso era muito especial e tinha muito a ver com o momento em que estamos vivendo.

Qual foi o maior desafio que você teve ao começar a Chilli Beans?

Eu tive alguns vários desafios. Primeiro, como era um formato diferente de vender óculos, e todo mundo vendia óculos na ótica, as pessoas olhavam para a gente com cara de ‘patinho feio’. Acho que a força da marca, a força da história que tinha por trás do produto, as campanhas que a gente fazia, isso nos ajudou muito.

A dificuldade maior é a mesma que todo mundo tem: capital de giro. Naquela época, não tinha essa coisa de investidor e não tinha dinheiro de empréstimo barato para a gente colocar no mercado. Mas a gente tem de ir vencendo, tem de ir construindo de acordo com nossas necessidades, nossos ganhos, construindo nossa empresa.

Quais suas recomendações para empreendedores que desejam exportar?

A recomendação que eu dou é assim: muito cuidado. Antes de você pensar no mercado internacional, pense no Brasil. O Brasil é um país incrível, cheio de oportunidades. Se você tiver certeza absoluta de que já explorou todo o mercado nacional, que está aqui com nossa língua, com nossa cultura, aí sim você dá o próximo passo.

E cuidado, porque você precisa de uma necessidade de capital de giro muito grande, mas a dica que eu dou é: se você decidir pelo mercado internacional, respeite a cultura do país e tenha um parceiro local, que é muito importante para dividir com você como funciona o varejo nesse local. A gente tem loja no mundo inteiro e cada lugar funciona de um jeito.

Existe alguma metodologia de validação de uma ideia ou modelo de negócio?

É claro que você tem de ter consciência se seu negócio para em pé. Parte disso é o lado financeiro, para você entender rentabilidade, ver seu aluguel, todo seu movimento, se é um negócio lucrativo. Mas tem uma coisa que não tem jeito, que é a prática, que é quando você vai para o jogo, vai exercitar seu negócio, ajustando, escutando seu consumidor, vendedor, gerente.

Essa é uma coisa que faz toda a diferença nos dias de hoje, e sempre foi assim. Mas a minha indicação é: na hora que for por o negócio, faça a conta, pegue um especialista, consulte alguém para ver se tem lucratividade, rentabilidade, quais são os produtos que dão lucratividade, os que não dão, para você ter clareza do seu negócio. Depois disso, vai para a vida, vai para a prática.

É certo afirmar que sucesso é apenas um meio para desenvolver mais pessoas e aumentar a capacidade de atender e suportar outros empreendimentos?

Na verdade, o sucesso é a combinação de algumas coisas. Se a gente for fazer um exercício, é o exercício com pessoas, o entendimento de pessoas, um time interessante envolvido, um produto que você tem uma história para contar e uma marca em que você faça investimento e exercite essa marca para que você não venda desconto, mas sim valor agregado.

Como conseguir investidor em um estágio inicial de um projeto?

Você tem de ter um negócio lucrativo, com visão, em que a conta fecha, um negócio com diferencial. Hoje, já existem várias boutiques de investidores, só cuidado para você não vender mais do que você precisa para um investidor. Eu comecei o negócio sem investidor, fui construindo, ganhando, construindo cada tijolinho com meus lucros. Só depois de 22 anos de negócio, eu fui colocar um investidor, justamente para ter tranquilidade financeira.

O que você indicaria como melhores meios de divulgação eletrônica de um negócio de doces e bolos para festas e casamentos?

Acho que precisa tomar um pouco de cuidado com mídia social nesse momento. Acho que um corpo a corpo bem direcionado para onde está o seu cliente, acho interessante, uma coisa física. Às vezes, o corpo a corpo de uma coisa física via panfletagem, identificar onde está o seu público e ir até ele tem resultados muito interessantes. Eu tenho feito isso com lojas que eu inauguro, eu faço panfletagem num raio de 5 km da loja e tem funcionado bem. O custo é muito baixo e eu controlo com quem quero falar.

Quais são os melhores produtos para se investir nesse momento de pandemia?

Os melhores produtos para se investir num momento de pandemia continuam sendo os que você mais gosta, que você mais se atrai e tem envolvimento. Acho que isso é prioridade de tudo.

Estou no ramo ótico e acabei abrindo uma agência de marketing focado no ramo ótico. Percebi que houve uma demanda muito grande no período de pandemia. É hora de expandir?

Essa é uma super oportunidade, porque eles ainda têm uma linguagem muito antiga. Se você, como marketing, trouxer mídias sociais, comunicação social, toda essa parte de tecnologia, e fizer um trabalho interessante, você tem uma oportunidade gigantesca. Quando a onda vem, tem de surfar.

Estou começando no ramo de semijoias pelo online. Deveria investir em loja física futuramente?

Nesse momento, divulga sua marca online, segura o online, faz parcerias, divulga, impulsiona, põe toda sua energia e fôlego no online. Vai chegar uma hora que você vai precisar vir para o físico, mas tenha certeza de que nessa hora você tenha conhecimento do seu produto, saiba qual seu preço, quem é seu cliente, onde você tem de estar. Porque o online vai te ajudar, por um preço muito barato, a fortalecer o negócio, viabilizar e, quando for para o físico, já estará com muita informação.

Qual é o setor dentro do Brasil que ainda tem muita carência e seria bom investir?

Acho que tem vários setores no nosso dia a dia que estão muito carentes, velhos, antigos. Eu próprio, quando lancei a Chilli Beans há 24 anos, só tinha ótica e tudo trancado. A própria Barbearia Corleone: era super velho o conceito de barbeiro e eles modernizaram. A gente tem muito exemplo e ainda tem muito setor que está muito arcaico. Então, veja no dia a dia coisas que as pessoas consomem como oportunidade, que pode ser um caminho muito interessante. Colocar a mão numa coisa que as pessoas consomem bastante e está velho pode ser uma oportunidade.

Em um brainstorming, muitas ideias são levantadas, algumas colocadas em prática e outras guardadas. Qual a melhor metodologia para aplicar e ser mais assertivo?

Uma coisa que eu faço muito é dar 15, 20 minutos para as pessoas darem um monte de opinião. Depois, eu faço uma brincadeira que chama ‘jogo dos três’: você seleciona os três assuntos mais votados. Depois dos três, você decide o primeiro.

Como agregar valor para uma marca?

O primeiro passo é ter certeza de que você tem uma marca legal, um logotipo legal. Como faz isso? Exercitando com amigos, com clientes, ver se as pessoas lembram, se tem aderência, se tem leitura. Se você tiver condição de ter uma ajuda profissional para analisar sua marca, é perfeito. Segunda coisa é: anuncie a marca em vez de produto.

Quero começar a vender um produto, porém tenho pouco capital e estou esperando sair a patente para inserir o produto no mercado. Qual dica você daria para entrar em algo mesmo com muitas incertezas e pouco capital?

Não tenha medo, se joga. Vai para o mercado, vai para a prática, mesmo não tendo patente, veja o que o mercado acha, se seu preço é legal, se as pessoas gostam do seu produto, acha o seu cliente. Não é hora de ter medo e, na verdade, você não tem de ter medo nunca. A gente tem frio na barriga, mas faz parte do jogo.

Tenho um plano de negócio, acredito nele, mas não tenho capital. Busco um sócio?

Não acho que tem de buscar um sócio nesse momento. Acho que tem de ir para a vida. Eu também não tinha dinheiro e comecei a vender um [óculos]  que virou dois, que viraram quatro, que viraram oito, que viraram 16. Agora, se você quer realmente ter um investidor, precisa ter um negócio um pouco mais sólido na mão para mostrar para a pessoa que o negócio já tem tração.

Como você desenvolve seus colaboradores para que tenham uma mente de líderes empreendedores?

É dando liberdade de expressão, escutando, trazendo essas pessoas para a negociação, para a conversa, para a construção. É impressionante como essa simplicidade de construir junto com o time envolve as pessoas. Muitas vezes, o que as pessoas querem não é dinheiro, elas querem se sentir valorizadas, sentir que podem contribuir.

O que fazer para manter a equipe unida em meio a esse caos?

As pessoas estão precisando de contato, de conversar, de entender, falar, contribuir. O contato humano, mesmo que não seja físico, tem feito muita diferença para as pessoas. Eu questiono muito a história do home office, porque ele pode ser muito nocivo para a cabeça das pessoas. Então, o contato constante com o time, colocando metas, criatividade, trabalhos para crescer é o que tem mantido minha equipe e meus franqueados unidos.

Tenho um estúdio fotográfico e tenho convicção de que as fotos publicitárias só agregam às vendas. Ainda assim, alguns consideram como ‘gasto’.

Fique atenta porque a gente tem uma demanda reprimida, que vai vir depois da pandemia, muito forte. E mesmo agora, acho que seu setor é muito necessário. Eu não parei de fotografar campanha, só acertei a parte de saúde no estúdio. E mais do que isso, uma foto bem tirada faz toda diferença, ainda mais agora que as pessoas estão dentro de casa acessando Instagram, Facebook. Eu tenho um time com quem trabalho há dez anos, que é muito competente e entende a minha linguagem.

Comecei meu negócio, simultaneamente, há um ano, no físico e no online, mas o físico decolou e o online estancou. Você tem alguma dica para nosso online decolar também?

Contrate um profissional que vai te alavancar. Inclusive, você põe uma meta para ele: você paga em cima do seu incremento de venda. Eu vejo muita gente derrapando porque não tem técnica online. Na hora que eu montei um time online, minha venda quadruplicou.

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CONSUMIDORES MAIS EXIGENTES DEVEM SER OUVIDOS

 

Por Ivan Preti, Principal Technical Account Manager na Zendesk

Diversas empresas ainda estão segurando a implementação de projetos futuros até que o cenário global se torne mais claro, e mirando seus investimentos de curto prazo em experiência do cliente. Mas por que o CX? Quando as interações humanas estão sob risco, é a qualidade, e não a quantidade, o que mais importa.

O estudo CX Trends 2022 mostrou que a pandemia não tornou os consumidores mais tolerantes, mas, pelo contrário, os tornou mais exigentes em relação à qualidade do serviço que recebem. “Essa empresa não me responde”, “em quanto tempo vou receber a minha compra”, “como faço para devolver este produto”… são questões frequentes e que muitas empresas ainda não conseguem endereçar. No Brasil, a pesquisa revelou que 75% dos consumidores abandonam uma marca depois de uma única experiência ruim, o que comprova a indisposição dos compradores para experiências frustrantes.

Essa mudança de comportamento é algo que provavelmente o time que está na linha de frente do atendimento já percebeu. Os clientes estão buscando interações mais empáticas e convenientes, e as empresas que conseguem estabelecer este nível de atenção acabam vinculando este serviço à direta geração de negócios.

Como mostrou um levantamento de 2020 da pesquisadora sobre hábitos de consumo, Hibou, 97% dos consumidores disseram que um bom atendimento está em ser ouvido. Pois é, parece uma frase antiga e até clichê, mas a verdade é que ainda hoje existe um gap entre a percepção do cliente e a da empresa sobre o serviço prestado. Enquanto 65,6% das marcas afirmam proporcionar um bom atendimento, 43% dos consumidores sentem que o serviço que prestam ainda é uma questão secundária para elas.

Mas os consumidores querem apenas ser ouvidos? Não. Eles querem que seus problemas sejam resolvidos o mais rápido possível. Para atingir essa satisfação e criar experiências de alta qualidade é preciso ir além do suporte básico. E a maneira mais eficaz de conseguir isso não é fazendo promoções e oferecendo descontos, mas tornando fácil e simples para os clientes encontrarem a marca no momento em que mais precisam.

Isso significa estar disponível em diversos canais de atendimento, como WhatsApp, redes sociais, chat, telefone, e garantir que todos eles entreguem o mesmo nível de atenção e agilidade ao cliente. Inclusive, que estejam integrados entre si, oferecendo a possibilidade do consumidor começar a conversa em um e continuar em outro. É a tal da personalização, parte importante hoje da estratégia de humanização do atendimento e que, segundo o CX Trends 2022, levaria 99% dos brasileiros a comprarem mais de uma marca.

Muita coisa, não? Mas acredite, alcançar esse nível de engajamento não é fácil. As empresas precisam equipar seus times de suporte com verdadeiras tecnologias de inteligência do cliente, com softwares capazes de dizer quem são essas pessoas, de onde vieram e seus possíveis problemas.

Chegar a esta posição é incrivelmente valioso nos dias de hoje. Quando uma empresa percebe que não é a quantidade de tickets processados em um dia, mas a qualidade e personalização entregue em cada um deles que faz a diferença para o cliente, ela muda toda a sua forma de pensar o serviço de atendimento. E aí fica mais fácil conectar todas as áreas em um mesmo objetivo comum, e também de compartilhar os aprendizados e feedbacks dos clientes.

Os dados são claros: os consumidores querem ser bem atendidos. Mesmo sabendo que isso não é nada fácil no dia a dia, é possível começar essa jornada de contatos mais significativos. O primeiro passo é a virada de chave no pensamento, e o segundo, direcionar ações para o estabelecimento de uma cultura de prestação de serviços e tecnologias que tornam isso viável.

Seria incrível se 2022 fosse o ano em que as expectativas dos clientes e das empresas se encontrassem, e essa diferença de percepção de ambos os lados não existisse mais. Para isso acontecer, é preciso dar o primeiro passo em colocar o cliente no centro do negócio. Você está preparado?

QUEM SOMOS

A Plataforma Comercial da Startup ValeOn é uma empresa nacional, desenvolvedora de soluções de Tecnologia da informação com foco em divulgação empresarial. Atua no mercado corporativo desde 2019 atendendo as necessidades das empresas que demandam serviços de alta qualidade, ganhos comerciais e que precisam da Tecnologia da informação como vantagem competitiva.

Nosso principal produto é a Plataforma Comercial ValeOn um marketplace concebido para revolucionar o sistema de divulgação das empresas da região e alavancar as suas vendas.

A Plataforma Comercial ValeOn veio para suprir as demandas da região no que tange à divulgação dos produtos/serviços de suas empresas com uma proposta diferenciada nos seus serviços para a conquista cada vez maior de mais clientes e públicos.

Diferenciais

  • A ValeOn inova, resolvendo as necessidades dos seus clientes de forma simples e direta, tendo como base a alta tecnologia dos seus serviços e graças à sua equipe técnica altamente capacitada.
  • A ValeOn foi concebida para ser utilizada de forma simples e fácil para todos os usuários que acessam a sua Plataforma Comercial , demonstrando o nosso modelo de comunicação que tem como princípio o fácil acesso à comunicação direta com uma estrutura ágil de serviços.
  • A ValeOn atenderá a todos os nichos de mercado da região e especialmente aos pequenos e microempresários da região que não conseguem entrar no comércio eletrônico para usufruir dos benefícios que ele proporciona.
  • A ValeOn é altamente comprometida com os seus clientes no atendimento das suas demandas e prazos. O nosso objetivo será atingir os 766 mil habitantes do Vale do Aço e poder divulgar para eles os produtos/serviços das empresas das diversas cidades que compõem a micro-região do Valeo do Aço e obter dos consumidores e usuários a sua audiência.

Missão:

Oferecer serviços de Tecnologia da Informação com agilidade, comprometimento e baixo custo, agregando valor e inovação ao negócio de nossos clientes, respeitando a sociedade e o meio ambiente.

Visão:

Ser uma empresa de referência no ramo de prestação de serviços de Tecnologia da Informação na região do vale do aço e conquistando relacionamentos duradouros.

Valores:

  • Ética e Transparência
  • Profissional, ambiental e social
  •  – Busca pelo melhor

Nossos contatos: Fones: (31) 3827-2297 e (31) 98428-0590 (Wpp)

E-MAIL: valeonbrasil@gmail.com

Site: https://valedoacoonline.com.br/

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

A VERDADE SOBRE O BOLSONARO

 

Autor desconhecido

Quem é esse Presidente que aprovou pensão vitalícia às crianças com microcefalia.

“Mas eu detesto esse jeito dele. Não tem finesse e nem postura de chefe da nação.”

Quem é esse Presidente que aumentou o piso salarial dos professores em 33%. Nem nos 16 anos do governo daquele outro, houve um reajuste tão significativo. O piso da categoria pode passar de R$ 2.886,24 para R$ 3.845,34.

“Ele nunca fez nada pela educação do nosso país.”

Quem é esse Presidente que baixou o valor do imposto do DPVAT para motos de 84,58 para 12,30.

“E daí? Ele é homofóbico…”

Quem é esse Presidente que perdoou a dívida do FIES. Tal medida irá alcançar mais de um milhão de estudantes.

“Monstro! Nunca se preocupou com os mais pobres.”

Quem é esse Presidente que extinguiu 21 mil cargos e comissões, gerando uma estimativa de economia em 195 milhões nos gastos anuais com o dinheiro público.

“Mas ele é misógino, preconceituoso, não vou com a cara dele.”

Quem é esse Presidente que conseguiu uma redução de 21.2% nos índices de assassinato. Conseguiu bater todos os recordes na apreensão de drogas. Bateu todos os recordes na bolsa de valores. Bateu todos os recordes no agronegócio brasileiro. Bateu todos os recordes nas exportações. Asfaltou as grandes rodovias do país que estavam abandonadas há décadas. Levou água para o nordeste.  Conseguiu mudar a CNH para melhor e aumentou a pontuação. Construiu ferrovias e privatizou portos e aeroportos.

“Genocida! Faz arminha, faz…”

ZERO DENÚNCIA DE CORRUPÇÃO!

“Hummmmm… Miliciano…”

Quem é esse Presidente que quando vai a São Paulo em visita oficial, fica hospedado em um QUARTEL e não em um hotel 5 estrelas.

“O famoso Presidente dos ricos. Esse não gosta de pobres.”

Quem é esse Presidente que na primeira oportunidade que teve, colocou um terrivelmente cristão no STF e já deixou claro que tendo outra oportunidade irá indicar mais dois nomes com o mesmo perfil. Quando discursou na ONU defendeu a sua fé e expôs a perseguição que os cristãos sofrem ao redor do mundo.

“Mas ele é ignorante na hora de falar. Grosso!”

“Quem ele pensa que é em fazer tudo isso? Ele faz tudo isso e ainda come farofa no meio da rua com uma bota horrível no pé. Sem postura nenhuma, era melhor quando tinha cenas artísticas das crianças passando a mão em homem nú…”

Essa sua birra em querer cobrar perfeição de alguém que é humano, beira a loucura.

A hipocrisia que você insiste em ruminar dia e noite é doença, te desejo melhoras.”

BOLSONARO MANDA NOVA LISTA DE PRIORIDADES AO CONGRESSO

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo

Bolsonaro ao lado de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco na abertura do ano legislativo no Congresso: lista de prioridades inclui agenda de costumes e pautas de segurança pública.| Foto: Alan Santos/PR

O governo federal entregou aos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), uma lista com 45 prioridades para este ano, repetindo o que fizera no início de 2021, quando a relação tinha 35 itens. E, assim como no ano passado, a atitude padece das mesmas virtudes – como o fato de citar alguns projetos realmente importantes e necessários para o país – e vícios como a ausência de temas fundamentais e a amplitude da lista. Afinal, quem tem 45 prioridades muito provavelmente não tem nenhuma, especialmente quando o governo, mais uma vez, não diz quais são as “prioridades dentro das prioridades”, os temas que gostaria de ver aprovados pelo Congresso caso não seja possível (como provavelmente não será) cobrir a relação inteira.

De imediato, chama a atenção o fato de parte considerável da lista de 2022 repetir a relação de 2021, indicando que o Congresso, por quaisquer motivos – incluindo a falta de empenho do governo junto à sua base de apoio, ou uma rejeição dentro do Legislativo apesar da vontade do Planalto –, não deu conta da lista anterior, o que conduz a uma outra questão: se em 2021 o Legislativo não chegou a aprovar os 35 itens apontados pelo governo, é sensato esperar que esse mesmo Legislativo leve adiante uma lista ainda maior em ano eleitoral, em que o calendário é mais curto e os melindres dos parlamentares são maiores?

É inexplicável a ausência, na lista, de projetos que reforcem o bom e necessário combate à corrupção

Também é preciso destacar que a relação de 2022, ao contrário da lista de 2021, não incluiu a reforma administrativa, que muitos consideram vir antes mesmo da reforma tributária (esta, sim, presente na lista), já que seria melhor determinar primeiro que tamanho se pretende dar à máquina pública para que só depois seja possível definir de que forma a sociedade será obrigada a custeá-la. No entanto, infelizmente a urgência do redesenho do Estado brasileiro, deixando-o mais racional, foi deixada de lado, superada pelo corporativismo e pela “necessidade” de não irritar o funcionalismo, base eleitoral de muitos parlamentares e setor que o próprio Jair Bolsonaro também gosta de afagar, como já fez durante a tramitação da reforma da Previdência. PECs como a dos Fundos e a do Pacto Federativo, mencionadas em 2021, também ficaram pelo caminho.

E, para um governo que foi eleito na esteira de uma enorme insatisfação popular com a roubalheira promovida pelo petismo durante sua passagem pelo Palácio do Planalto, é inexplicável a ausência de projetos que reforcem o bom e necessário combate à corrupção. O mais importante deles, que estabelece a possibilidade de prisão após a condenação em segunda instância, já não estava na lista de 2021 e segue fora das prioridades governamentais neste ano – aliás, o Centrão que hoje apoia Bolsonaro foi um dos responsáveis pela manobra que impediu a votação da PEC 199/19 na comissão especial que analisa o tema.


Mesmo sem contemplar um assunto que rendeu muitos votos a Bolsonaro em 2018, aliados do presidente enxergam outros pontos da lista como acenos ao seu eleitor; é o caso de projetos na área de segurança pública e da chamada “pauta de costumes”, como a regulamentação do ensino domiciliar, ou homeschooling. Mas a própria base de apoio de Bolsonaro já se encarregou de bombardear parte da lista. “Em ano eleitoral, uma matéria dessa magnitude [referindo-se à redução da maioridade penal] não passa. Bolsonaro se elegeu com essa bandeira, então é mais um aceno para seu eleitor”, disse à Gazeta do Povo um congressista do Centrão.

Se é assim, no entanto, a lista de prioridades perde boa parte do seu peso. O eleitor que se preocupa com os temas que levaram Bolsonaro ao poder em 2018, como o liberalismo econômico e o conservadorismo de costumes, quer ver empenho real do governo na aprovação dessas pautas, e não a mera repetição de boas intenções por meio de uma relação como a que acaba de ser entregue ao Congresso. Quando um assunto é realmente prioritário para o Poder Executivo, ele não apenas fala, mas trabalha para que seja aprovado – e às vezes até trabalha sem falar. Uma lista que já peca pela omissão de temas fundamentais não pode ser encarada como mera peça eleitoral elaborada na esperança de que o eleitor se dê por satisfeito com ela.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/editoriais/a-nova-lista-de-prioridades-de-bolsonaro/
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