quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

VITÓRIA DA OPERAÇÃO LAVA JATO NO STJ

 

Arquivamento

Por
Renan Ramalho
Brasília

Ao arquivar inquérito, o ministro Humberto Martins, presidente do STJ, não reconheceu irregularidades, como no uso de mensagens hackeadas| Foto: Emerson Leal/STJ

Chegou ao fim nesta semana uma das principais frentes de ataque contra a Lava Jato em Brasília: o inquérito, aberto em fevereiro do ano passado, pelo presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Martins, para apurar supostas tentativas de procuradores da operação em Curitiba de investigar clandestinamente os ministros da Corte.

Após quase um ano de sua instauração, o inquérito foi arquivado por Martins. No despacho, ele disse que “não ficou configurada, até o presente momento, a existência de indícios de autoria e de materialidade de condutas delitivas” por integrantes da extinta força-tarefa.

“Das informações prestadas pelas autoridades estatais não se verifica a existência de indícios suficientes de autoria e de materialidade de eventuais crimes, o que induz à convicção de que o arquivamento do presente inquérito é medida que se impõe”, escreveu o ministro.

Ele ressaltou que, durante a tramitação, diversos órgãos foram acionados para prestar informações que pudessem esclarecer se os procuradores haviam tentado investigar ministros do STJ de forma ilegal – uma investigação do tipo só poderia ser autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e ficaria a cargo da Procuradoria-Geral da República (PGR).

As respostas apresentadas pelos órgãos – entre os quais a própria PGR, o STF e a Receita Federal – levaram o presidente do STJ a concluir que não há indícios de crime.

“Não obstante as notícias da imprensa veiculando fatos que em tese poderiam configurar crimes, não se apurou qualquer indício de conduta delitiva que eventualmente pudesse ter sido praticado pelos agentes públicos que constam como autores nas notícias divulgadas nacionalmente”, escreveu ainda no despacho de arquivamento.

Dentro do Ministério Público Federal, a decisão foi vista como uma das poucas vitórias recentes para o legado Lava Jato.

“Deixa as coisas no lugar correto. Se é que houve falhas, elas precisam ser apontadas, mas não se pode colocar essa zona de penumbra sobre toda a atuação, de todos os membros que atuaram da Lava Jato, e em todos os fatos, que existiram. Se houve falhas, ou decisões do STF de anular processos, isso é um fato que não pode simplesmente apagar todo o conjunto de operações”, disse à Gazeta do Povo o presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Ubiratan Cazetta, que batalhou pelo arquivamento do inquérito em razão de uma série de irregularidades (leia mais detalhes abaixo).

Nos últimos dois anos, a operação vem sofrendo sucessivas derrotas, seja pela anulação pontual de condenações de importantes políticos, por viradas na jurisprudência ou novas leis que prejudicaram o combate à corrupção, ou ainda pela perseguição de seus protagonistas por parte de políticos que antes foram investigados.

O inquérito do STJ é considerado emblemático dessa ofensiva, principalmente porque foi motivado por notícias baseadas em supostas mensagens privadas dos procuradores, obtidas ilegalmente por hackers, que ajudaram a desmoralizar a Lava Jato a partir de 2019.

Essa série de reportagens, que ficou conhecida como Vaza Jato, assim como as próprias mensagens, foram citadas, por exemplo, no julgamento do STF que declarou a suspeição do ex-juiz Sergio Moro nas ações penais contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O arquivamento do inquérito do inquérito do STJ, nesse sentido, foi comemorado por defensores da operação. “A cada dia que passa, as teses Vaza Jatistas são derrubadas e desacreditadas diante da conclusão de que a operação Lava Jato atuou dentro da lei, com base em fatos e provas. Vitória da sociedade. Tentaram sequestrar a narrativa e reescrever a história, mas não conseguiram”, postou no Twitter Deltan Dallagnol, ex-chefe da força-tarefa no Paraná.

“A grande verdade é que com todo o circo da Farsa Jato, eles nunca conseguiram demonstrar que um inocente sequer foi condenado na Lava Jato ou que alguém foi incriminado injustamente. Glenn [Greenwald] e sua turma só ajudaram a soltar bandidos e a prejudicar o combate à corrupção no Brasil”, postou Moro, também no Twitter.

Qual era o foco da investigação
A abertura do inquérito no STJ foi motivada pela suspeita de que procuradores da Lava Jato em Curitiba estariam consultando informalmente a Receita Federal para analisar o patrimônio de ministros da Corte, listados numa anotação encontrada com um operador de propinas.

A suspeita surgiu a partir de um suposto diálogo entre eles ocorrido em 2015. Quem encontrou essas mensagens foi a defesa de Lula, que, em fevereiro, havia conseguido no STF, pelas mãos do ministro Ricardo Lewandowski, acesso aos arquivos digitais dos hackers.

Diante de notícias da existência desse suposto diálogo, Humberto Martins abriu a investigação, por iniciativa própria e sem consultar o MPF – o ato foi claramente inspirado no inquérito das fake news, aberto de ofício em 2019 por Dias Toffoli para apurar ofensas e ameaças aos ministros do STF.

A justificativa oficial era que a suposta investigação clandestina da Lava Jato sobre os integrantes do STJ seria uma tentativa de “violação da independência jurisdicional e de intimidação de ministros”.

Em março do ano passado, no mês seguinte à abertura do inquérito no STJ, Martins pediu informações à Receita. Queria saber se de 2014 até então, haviam sido solicitadas, formal ou informalmente, informações fiscais de ministros da Corte. Também queria dados sobre acessos a essas informações na base de dados do órgão, que são rastreáveis.

Para quem acompanhou o inquérito por dentro – os autos até hoje são mantidos em sigilo – a resposta da Receita foi crucial para esvaziar a suspeita de apurações clandestinas.

Martins também recebeu informações da PGR, que disse que não havia qualquer apuração interna de irregularidades por parte dos procuradores, como também pediu o arquivamento do inquérito. O STJ ainda teve acesso a todos os arquivos dos hackers, fornecidos pelo STF e também pela Justiça Federal de Brasília, onde tramita a investigação sobre eles.

No fim de março, no entanto, o inquérito do STJ foi paralisado por decisão da ministra do STF Rosa Weber. Ela atendeu a pedido de um dos procuradores investigados, Diogo Castor de Mattos, que apontava uma série de irregularidades no inquérito.

Na época, Martins estava na iminência de decretar medidas mais duras na investigação, como uma busca e apreensão, para coletar provas, motivo pelo qual negou acesso aos autos à Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR).

Revelou-se que entre os alvos da investigação estavam membros de todos os níveis hierárquicos do MPF, incluindo uma subprocuradora-geral da República (Luiza Frischeisen),  três procuradores regionais (Januário Paludo, Orlando Martello Júnior e Eduardo Pelella) e dois procuradores de primeira instância (Deltan Dallagnol e Diogo Castor de Mattos).


O principal problema do inquérito, apontado desde o início pelo MPF, era o uso de mensagens obtidas de forma criminosa por hackers, um tipo de prova ilícita que nunca poderia sustentar uma investigação contra alguém, muito menos embasar eventuais condenações.

Para reforçar esse ponto, o subprocurador José Adonis apresentou ao STF parecer da Polícia Federal em que o setor de perícia declarava ser impossível atestar a integridade e autenticidade das mensagens em poder dos hackers, uma vez que não houve acesso aos celulares dos procuradores para uma comparação com o teor original do que foi digitado.

Na época, o delegado Felipe Alcântara de Barros, responsável por requisitar a perícia, criticou a tentativa de usar a PF para atestar se as mensagens eram verdadeiras. Como havia prévio conhecimento da ilicitude desse tipo de prova – mensagens hackeadas –, a tentativa de validar o material configuraria um abuso de autoridade.

“A invasão de dispositivo resulta na coleta de dados indelevelmente marcados por um vício de ilegalidade, circunstância que não pode – ou ao menos não se espera – ser superada com flancos de investigação em face das próprias vítimas. O caminho e sentido oposto, para fins de obtenção de provas ilícitas por derivação, levaria a eutanásia dos rumos da Polícia Judiciária, atingindo por ricochete, em visão holográfica, todos os princípios que inspiram a atuação policial”, escreveu o delegado.

Ao receber essas informações, inclusive sobre a iminência de diligências contra os procuradores, Rosa Weber determinou a suspensão do inquérito, no final de março. Na decisão, rechaçou duramente o uso do material apreendido com hackers. “O processo penal não persegue punição a qualquer preço”, escreveu a ministra na decisão.

Ela também apontou outras irregularidades. O inquérito do STJ não tinha por propósito apurar ameaças a ministros, como no caso do STF, mas sim supostas investigações ilegais contra seus membros.

Constatou também que a própria PGR já havia comunicado que iria apurar internamente o caso, como manda a lei orgânica do Ministério Público – o STJ, portanto, não poderia tomar a frente da investigação sobre os procuradores.

Para a ANPR, era uma das falhas mais importantes do caso. “Esse arquivamento traz as coisas para o seu devido lugar e obviamente ajuda a eliminar suspeitas infundadas. Se é que havia motivo para a investigação, ela deveria ter sido feita pelo procurador-geral”, diz Cazetta.

Objeto da investigação ia além do que foi divulgado
As informações prestadas por Humberto Martins a Rosa Weber indicaram também que o objetivo do inquérito ia além do que fora inicialmente divulgado.

Segundo publicou à época o jornal O Globo, ele anexou reportagens que apontavam supostos diálogos entre procuradores de Curitiba e subprocuradores da PGR sobre trechos da delação em que Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, falava sobre supostos pagamentos de propina ao próprio ministro, por meio de seu filho, o advogado Eduardo Martins. O acordo de colaboração, firmado pela PGR, acabou excluindo esse relato.

Na mesma época, o filho do ministro era investigado pela Lava Jato do Rio de Janeiro, por suposto recebimento de recursos desviados da Fecomércio para defender interesses do ex-presidente da entidade, Orlando Diniz, junto a ministros do STJ.

Ao justificar ao STF a instauração do inquérito, Humberto Martins falou em “dever institucional de autodefesa” do Judiciário, diante da suspeita da prática de condutas com “intuito de intimidar, desmoralizar e deslegitimar o papel do STJ e de seus membros”.

Arquivamento não admite irregularidades
No ato de arquivamento, o ministro, no entanto, não admitiu irregularidades. Novamente, buscou justificar a instauração com base no regimento do STJ e na decisão do STF que validou o inquérito das fake news.

O fim do inquérito, no entanto, não fez cessar totalmente as preocupações dentro do MPF. Ainda tramitam no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) procedimentos disciplinares que tentam usar as mensagens como provas contra ex-integrantes da extinta força-tarefa.

“Estamos acompanhando todos esses casos. Não se pode usar mensagens obtidas de forma ilegal. Embora o ministro Humberto Martins não tenha enfrentado diretamente esse tema, quando ele reconhece a inexistência de indícios mínimos, indiretamente reconhece que aquele material é no mínimo insuficiente e problemático. Isso é bom não só para a Lava Jato, mas para a reafirmação de um conceito de que prova ilícita não serve para condenar ninguém”, diz Ubiratan Cazetta, da ANPR.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/republica/fim-de-inquerito-no-stj-contra-procuradores-representa-vitoria-da-lava-jato/
Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

FISCALIZADORES DAS AGÊNCIAS VÃO DECIDIR QUEM VIOLA AS LEIS ELEITORAIS?

 

Temor de arbitrariedade

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo

Redes sociais firmaram acordo com o TSE para combater a desinformação nas eleições deste ano.| Foto: Jeremy Bezanger/Reprodução/Unsplash

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) fez um convênio com oito redes sociais para que elas ajudem a fiscalizar fake news e possíveis infrações contra a Lei Eleitoral. Entraram nisso: Twitter, Tik Tok, Facebook, WhatsApp, Google, Instagram, Youtube e o Kwai. Não entrou o Telegram. O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do TSE, está tentando fazer alguma coisa, porque a plataforma não tem representante no Brasil.

O que preocupa é que haja arbitrariedade: quem vai decidir o que viola a Lei Eleitoral? Vale a gente lembrar que, acima do TSE, acima das leis, está a lei maior, que se chama Constituição, que no artigo 220 garante a liberdade de expressão e proíbe, terminantemente, a censura prévia.

Em tempo, o TSE finalmente respondeu às dúvidas dos militares que mandaram 80 perguntas, em dezembro, sobre a segurança do processo de apuração dos votos da eleição deste ano.

Em plena atividade
O presidente Jair Bolsonaro já está em plena atividade na Rússia. A diferença no fuso horário de Moscou é de seis horas. De lá, ele deve seguir para a Hungria. Vai continuar os contatos para estimular as relações comerciais entre o Brasil e os países do Leste europeu.

Vacinas
A pedido de um partido político, o ministro Ricardo Levandowski, do Supremo Tribunal Federal, proibiu que o Disque 100 do Ministério da Família, Mulher e Direitos Humanos seja usado para receber queixas de efeitos adversos das vacinas.

O fato é que no Senado já se discutiu que há, no mínimo, 5 mil mortes súbitas sob investigação. A grande pergunta que a gente tem que fazer à Anvisa, que autorizou as vacinas. Como é que a Anvisa está monitorando isso? Está acompanhando? O que vai dizer a respeito?

A Câmara de Vereadores de Vitória, no Espírito Santo, por 9 votos a 4, proibiu a exigência do passaporte de vacina, o que contraria uma portaria do governador do estado. Uma lei municipal é maior que uma portaria. Aliás, o Supremo Tribunal Federal, quando compartilhou s responsabilidades sobre o combate à pandemia com governadores e prefeitos, usou o argumento de que eles estão mais próximos da população.

Investimentos
O terceiro melhor investimento do mundo, que é a Bolsa de Valores de São Paulo, já recebeu até dia 11 de fevereiro R$ 42,3 bilhões de investimentos estrangeiros. Sabe por quê? Está sobrando dinheiro no mundo. E também porque nossos vizinhos não são bom investimento.

A Argentina está com 50% de inflação, portanto, não é negócio investir lá, e o Chile está com uma constituinte que pode estragar toda a boa economia chilena que foi estruturada pelos Chicago Boys tempos atrás.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/alexandre-garcia/quem-vai-decidir-o-que-viola-a-lei-eleitoral/
Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

TCU APROVA A PRIVATIZAÇÃ0 DA ELTROBRAS

 

Governo quer finalizar processo até maio

Por seis votos a um, o Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou a primeira e mais importante etapa da privatização da Eletrobras

Marlla Sabino e Guilherme Pimenta, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA – O Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou nesta terça-feira, 15, a primeira etapa da privatização da Eletrobras, vista como principal oportunidade da equipe de Jair Bolsonaro repassar uma grande estatal para a iniciativa privada. Por seis votos a um, o órgão fiscalizador manteve os parâmetros que já haviam sido indicados pelo ministro-relator do tema, Aroldo Cedraz, em dezembro. As recomendações foram consideradas pelo Ministério de Minas e Energia (MME).

Ao Broadcast/Estadão, o secretário especial de Desestatização do Ministério da EconomiaDiogo Mac Cord, afirmou que a decisão é “extraordinária” e não compromete o cronograma para a operação de desestatização da estatal, prevista para ser realizada até maio. “Aconteceu o que deveria ter acontecido – um debate amplo e transparente, mas sem comprometer o prazo: colocou-se em votação, e venceu o parecer do relator”, afirmou o secretário.

Nessa fase, o TCU analisou os valores envolvidos na privatização referentes ao bônus de outorga que a União irá receber pela assinatura dos novos contratos das 22 usinas hidrelétricas da estatal e os repasses a serem feitos para amortizar as tarifas dos consumidores nos próximos anos. Em dezembro, atendendo a recomendações do voto do ministro relator do processo no TCU, Aroldo Cedraz, o Conselho de Política Energética (CNPE) revisou os valores dos contratos adicionados e fixou o montante em R$ 67 bilhões – sendo R$ 25,3 bilhões a serem pagos ao Tesouro Nacional.

A discussão do tema foi retomada com a apresentação do voto-vista do ministro Vital do Rêgo . Em seu parecer, o ministro apontou três grandes falhas na modelagem econômico-financeira da operação, o que elevaria o valor da privatização para o dobro previsto pelo governo. Segundo ele, o montante pelos novos contratos chegaria a R$ 130,4 bilhões, com repasse de R$ 57,2 bilhões ao Tesouro. O principal ponto de polêmica foi em relação a venda de “potência de energia”, referente a contratação a longo prazo para atender o sistema em horários de maior demanda. Este ponto, entretanto, não foi seguido pelos demais ministros do TCU.

Aroldo Cedraz
Aroldo Cedraz também será o relator da segunda parte da desestatização da Eletrobras Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O ministro também questionou os impactos tarifários da desestatização da estatal nas contas de luz. Ao criticar dados encaminhados pelo governo ao TCU, o ministro afirmou que foi necessário buscar estudos de outras entidades para mensurar os efeitos aos consumidores. Segundo ele, segundo a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), com as premissas indicadas no voto, haveria um custo adicional entre R$ 52,4 bilhões e R$ 104,2 bilhões em 30 anos, já considerando os repasses para a CDE. “Isso corresponde a um aumento tarifário entre 4,3% e 6,5% ao ano”, argumentou. No futuro, segundo ele, existirá o sentimento de que “a Eletrobras foi vendida pela metade do preço e a iniciativa privada está fazendo a festa”.

“É obrigatório que o tribunal exerça suas obrigações de resguardo do patrimônio público. O que se demonstrou é que as falhas na modelagem e nos parâmetros resultam em última instância no desfazimento de patrimônio da União por valor menor do que representa, com consequências deletérias para o setor elétrico”, argumentou. “O TCU não pode assumir o ônus de calcular o valor que será adicionado aos novos contratos de concessão de energia elétrica, mas deve, por atribuição constitucional, apontar os erros e determinar aos órgãos responsáveis que adotem as medidas necessárias para efetuar as devidas correções.”

A segunda parte da análise sobre a desestatização da Eletrobras, que envolverá a modelagem da operação, deve ser concluída pela área técnica do TCU entre o fim deste mês e o início de março. O relator desta etapa também é o ministro Aroldo Cedraz.

AUTORIDADES UTILIZAM O NEGACIONISMO CIENTÍFICO PARA IMPOR REGRAS

 


Brasil: em nome da ciência, STF e imprensa contrariam tudo o que a OMS dizOMS é contra obrigatoriedade e passaporte de vacinas, entre outras razões, porque não funciona na situação atual.

Por
Madeleine Lacsko – Gazeta do Povo

Ministro Ricardo Lewandowski durante sessão da segunda turma do STF.| Foto: Nelson Jr./SCO/SSTF

Outro dia, tive um dos momentos mais legais da minha vida em redes sociais. Diversos cientistas, de várias áreas diferentes, concluíam que já haviam esgotado os esforços em passar informações sobre COVID e vacinas. Agora, o problema estava nas dúvidas que eles não sabiam que a população tinha e em formas eficientes de ouvir as pessoas e endereçar o que elas querem saber. Mas o STF e a imprensa não estão nem aí para esse povo.

Eu já tive desespero e vontade de chorar ao ver inteligentinho que ouviu o galo cantar e não sabe onde defendendo como verdade científica obrigatoriedade de vacinação para criança e passaporte de vacina. Depois eu tive raiva. Agora eu só concluo que Darwin estava errado. A gente mora num país em que a elite intelectual contraria o que a OMS diz sobre vida e morte mas o país ainda não acabou. Vejam que coisa, Deus deve ser brasileiro mesmo.

Se você me acompanha, já está cansado de ouvir isso, mas repito para os que não me acompanham. Uma das minhas melhores experiências profissionais foi ser Consultora Internacional em Comunicação para o Desenvolvimento do Unicef Angola na campanha que erradicou a pólio no país, em 2011. Passei a gravidez lá. Nossa tarefa era atingir a cobertura vacinal mínima necessária para a erradicação, o que repetidas vezes não se conseguia devido a grupos muito hesitantes e resistentes.

Não estou falando de tia do zap, estou falando de gente que dava tiro na gente com medo do que a vacina pudesse fazer com seus filhos. Naquele ano, colegas meus foram explodidos no Paquistão tentando vacinar contra a pólio. Não foi por terrorista não, foi por gente com medo. Nem nesses casos a Organização Mundial de Saúde recomenda que seja instituída vacinação obrigatória. E por quê? Porque não dá certo, simples assim.

Eu li com todo carinho o voto do ministro Ricardo Lewandowski, meu querido e inesquecível professor, na ADPF 754, sobre a vacinação obrigatória de crianças contra a COVID. A parte jurídica nem tenho capacidade para avaliar, sempre um espetáculo. Mas o negacionismo científico eu tenho como avaliar e está presente da primeira à última página. De onde tiraram que obrigar a vacinar aumenta a cobertura vacinal? Da imaginação. Segundo os estudos desde a década de 1950, não funciona assim.

Sinceramente, eu já perdi completamente a paciência com colegas jornalistas que ficam agora defendendo obrigatoriedade de vacinação. São os mesmos negacionistas científicos que, 10 anos atrás, defendiam direito de vegano de Santa Cecília não vacinar filho. Agora juram que é ciência o que não é. Há 10 anos também juravam que era ciência o que não era, que jamais chegaríamos a níveis críticos de cobertura vacinal em doenças erradicadas. Vai falar isso agora para quem perdeu filho morto por sarampo.

Eu só consegui implementar uma política eficiente de comunicação para convencer pessoas resistentes a vacinar porque admiti que era ignorante no tema, não tive preguiça de estudar e ouvi as pessoas com carinho e atenção. Vacinação obrigatória é um recurso extremo para situações limite. O que é uma situação limite? Quando toda a população que tem hesitação vacinal já foi diretamente acessada pelas autoridades de saúde e não se chegou ao mínimo necessário para a cobertura que garanta imunidade.

Aqui no Brasil tem fila de gente em posto para tomar vacina. Onde tem vacina as pessoas vão. Qual é a consequência prática de dizer que é obrigatório? Segundo a OMS, despertar desconfiança sobre a vacina onde não tinha. Parabéns à Rede e ao Judiciário pela excelência na prática brasileira de ser bom de iniciativa e ruim de terminativa. Nós já passamos da fase de reação para a fase de estabilização da pandemia. Medidas radicais nem funcionam mais pela exaustão psicológica.

Fiquei só com algumas dúvidas. A decisão do ministro Lewandowski cita o também querido ministro Barroso: “Vale lembrar, a propósito, que esta Suprema Corte assentou que decisões administrativas relacionadas à proteção à vida, à saúde e ao meio ambiente devem observar standards, normas e critérios científicos e técnicos, tal como estabelecidos por organizações e entidades internacional e nacionalmente reconhecidas”. E daí ele decide contrariar só a OMS e a Anvisa no tema obrigatoriedade de vacina? Não entendi. A decisão cita mais G1 e Folha de São Paulo do que cientista.

A OMS e a Anvisa são contra obrigatoriedade da vacina em primeiro lugar por razões práticas. Tumultua qualquer campanha de vacinação ficar provocando os reticentes antes de acessar com calma toda a população para esclarecimentos de dúvidas. Além disso, há considerações de ética médica. Já o Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU é contra a obrigatoriedade da vacina da COVID por violação de Direitos Humanos mesmo. E isso eu vou deixar a própria Michelle Bachellet contar para vocês:

“Injusto, imoral e contraproducente” é o título do vídeo que compara duas decisões concomitantes que prejudicam o enfrentamento da pandemia. Vamos lembrar que o vírus circula mundialmente, então é necessário o combate mundial. Ao mesmo tempo que não temos vacina disponível para algumas regiões, outras regiões têm vacina sobrando e, em vez de dar para quem quer, pretendem primeiro obrigar quem não quer.

E o tal do passaporte da vacina? Existe uma discussão científica, mas não é dessa simplicidade Dollynho que a gente vê na imprensa. Entre os jornalistas, funciona mais ou menos assim. Se a Janaína Paschoal é contra o passaporte da vacina, então eu sou a favor. E daí dane-se a OMS, que é contra o passaporte da vacina até mesmo para viagens internacionais. Sério? Sério, pode ler aqui. Por que a OMS é contra? O que o passaporte de vacina atesta? Pensa bem.

“NÃO exija comprovação de vacinação contra COVID-19 para viagens internacionais como o único caminho ou condição que permite viagens internacionais, dado o acesso global limitado e a distribuição desigual de vacinas COVID-19. Os Estados Partes devem considerar uma abordagem baseada em risco para facilitar as viagens internacionais, suspendendo ou modificando medidas, como testes e/ou requisitos de quarentena, quando apropriado, de acordo com as orientações da OMS”, diz a última diretiva da OMS.

Ela reporta a outra, mais importante. “É posição da OMS que as autoridades nacionais e os operadores de transporte não devem introduzir requisitos de comprovação da vacinação COVID-19 para viagens internacionais como condição de partida ou entrada, uma vez que ainda existem incógnitas críticas sobre a eficácia da vacinação na redução da transmissão. Além disso, considerando que há disponibilidade limitada de vacinas, a vacinação preferencial de viajantes pode resultar em suprimentos inadequados de vacinas para populações prioritárias consideradas de alto risco de doença grave de COVID-19. A OMS também recomenda que as pessoas vacinadas não sejam isentas de cumprir outras medidas de redução de risco em viagens”, diz a diretiva internacional. Eu não me conformo que tem gente escrevendo sobre COVID sem ler isso.

O que diz a OMS sobre passaporte de vacina? Não serve para muita coisa. Sei lá, pode ter um efeito placebo, eu fico mais tranquila quando sei que o pessoal perto de mim está vacinado. Mas garante que a pessoa não vai passar COVID? Não. Quem tomou vacina precisa ser testado para saber se está ou não passando COVID? Sim, não basta ter o passaporte não. O passaporte é para dar a burocrata o que fazer? Ou trabalho para falsificador?

É negacionismo científico formular uma política pública que force equivalência entre testar negativo para COVID e apresentar prova de vacina. O teste negativo significa que aquele indivíduo não vai contaminar os demais ao redor. A vacina garante isso? Não. Garante, no máximo, que ele não vai morrer de COVID ou terá sintomas mais amenos se pegar a doença.

Pensar que o tal do passaporte vacinal não tem nada demais por ser inócuo é um erro gigantesco. Estamos submetidos a um sem número de mudanças de rotina e de regras desde o início da pandemia. Muita gente perdeu pessoas queridas, estabilidade financeira, moradia, negócios. A criação do passaporte dá a impressão falsa de que é seguro o ambiente onde ele é exigido. Chega a ser cruel insinuar isso porque não é seguro. É seguro o ambiente onde todo mundo se testou.

Eu costumo dizer que o Brasil será salvo pelo antidoping e pela matemática. Estar vacinada não significa que eu, Madeleine, tenho apenas 0,000000000001% de chance de morrer se pegar COVID. Não. Eu tenho ou 100% ou 0%, ou morro ou não. A média dos vacinados é que morre mais ou menos, eu só morro por inteiro. Tomei vacina para ter uma probabilidade maior de ser do povo do 0%. Sei que um dia entrarei para o 100%, espero que não agora. Para mim, não pegar a doença interessa demais e isso se controla com testagem em massa. Será que não tem ninguém da Rede para pedir isso no STF?

Voltemos aqui à questão que eu gosto tanto, dos Direitos Humanos. Esta semana, o direito pessoal aos nossos dados passou a fazer parte da Constituição Federal, um avanço muito significativo na era digital. Ocorre que a cabeça do debate público ainda está catando milho em máquina de escrever. Não vi ainda ser feito o cruzamento entre isso e o passaporte de vacina. O tema já é discutido na Europa desde o início da vacinação:

Aqui não estou dizendo que o passaporte vacinal é ou não é uma violação de Direitos Humanos. Quem tiver paciência de ver a hora e meia de palestra vai entender que é algo muito complexo e depende demais da forma como é feito. Estou falando de outra coisa, da qualidade das nossas discussões. Nós nem discutimos isso, que é importantíssimo. Estamos reproduzindo bate-boca de rede social.

A OMS disse publicamente que é contra vacina obrigatória e passaporte vacinal até entre países. Como o STF e a imprensa acham que ser a favor disso é ciência? Simples, seguem a Bíblia do parque de areia antialérgica da internet. Tem de falar o exato oposto de tudo o que o Bolsonaro e a Damares falaram. Mesmo no caso em que eles mentem, o oposto de uma mentira não é necessariamente a verdade. E a imprensa só cobre bate-boca de rede social, que vai parar na peça do STF e justifica obrigar a vacinar. Coitados dos cientistas sérios nessa história.

Politizar ou reduzir a tretinha de rede social a vacinação dos filhos dos outros é uma das coisas mais cruéis que eu já vi. E isso não é culpa só do STF não. Nossos políticos e a imprensa têm uma longa tradição de tratar o povo feito lixo mesmo. Desde o início da pandemia ninguém fez e ninguém exigiu um plano completo e consistente de como seria feito o combate ao COVID. Vivemos de gambiarra e orçamento secreto.

Empresto as palavras da dra. Leana Wen, especialista em Saúde Pública e colunista do Washington Post e da CNN. “Saúde pública é sobre fazer o bem maior para o maior número (de pessoas). Continuar a fechar escolas e prejudicar a economia não vai ajudar os mais vulneráveis. Nós precisamos de melhores tratamentos para os imunocomprometidos enquanto, ao mesmo tempo, reconhecemos que boa saúde não é apenas ausência de COVID”. É um debate duro e necessário, impossível de acontecer na gritaria e confusão das redes, que virou o único tema do noticiário.

Decidir vacinar ou não um filho não é simples. Não é uma vacina que está aí há 30 anos para a gente confiar de olhos fechados. A imprensa não esclarece sobre efeitos colaterais e trata como terraplanista quem pergunta. Mas eu também vi pais chorando na Inglaterra porque perderam os filhos para a COVID e queriam ter tido eles a palavra final sobre vacinar. O governo decidiu não vacinar, como vários outros.

As grandes autoridades mundiais em Saúde e Direitos Humanos concordam que tem de haver vacina disponível para todos e que não pode haver obrigatoriedade. Infelizmente, políticos no mundo todo não têm conseguido atender nem um requisito nem outro. Ouço demais falar de ser ou não experimental, o que tem diferentes significados para cientistas e o público em geral. Não é argumento. Se houvesse uma poção mágica ou reza para salvar um filho meu, eu tenho o direito de decidir se recorro a isso ou não.

Não navegamos um oceano de certezas, mas um oceano de exaustão em que as famílias merecem respeito e razoabilidade. Talvez você conheça alguém que foi ridicularizado por dúvidas sobre vacinação em crianças. Talvez isso tenha acontecido com você. Ano passado, a Organização Mundial de Saúde fez um material sucinto e bem explicado em português, espero que ajude.

Já quanto à obrigatoriedade da vacinação, divido com você algo que aprendi trabalhando no STF. Não existe na prática obrigação legal quando não há previsibilidade de punição caso a obrigação não seja cumprida. O próprio ministro Lewandowski disse que a vacinação é obrigatória, mas não pode ser forçada. Tomara que essa confusão toda não tenha interferido na sua serenidade para decidir o que fazer na pandemia.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/madeleine-lacsko/brasil-em-nome-da-ciencia-stf-e-imprensa-contrariam-tudo-o-que-a-oms-diz/
Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

O MODERNISMO DE ONTEM E DE JOJE

 


  1. Cultura
     

Hoje o máximo da vanguarda modernista é ler um livro inteiro sem ir às redes sociais

Leandro Karnal, O Estado de S.Paulo

Há cem anos, a ainda pacata vida cultural de São Paulo foi abalada pela Semana de Arte Moderna. Um grupo de intelectuais, vários deles ligados à Academia Paulista de Letras, usou o espaço do Teatro Municipal para indicar vanguardas e criticar modelos antigos, como a poesia Parnasiana. 

Aqueles dias memoráveis viraram tópico de estudo. A Semana aparece nos vestibulares. Vários dos integrantes transformaram-se em “medalhões” da cena artística. A poeira baixou um pouco. Não sei se há uma pesquisa, no entanto, imagino que existam boas tribos citando “ora direis ouvir estrelas” de Bilac como há encantados com o ódio de Bandeira ao “lirismo que para e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo”. O volumoso rio da língua portuguesa admitiu igarapés variados. 

Leilão do Banco Santos
Esboço da tela ‘Operários’ feito por Tarsila do Amaral em 1933 Foto: James Lisboa Leiloeiro

Sou historiador e não literato. Tenho dúvida se modernos e parnasianos seriam inimigos ou faces distintas de uma mesma moeda. De um lado, uma cara arrojada e arlequinal; de outro, uma coroa de fraque e pince-nez – ambos fundidos de mesmo metal raro e algo elitista. Do ponto de vista da novidade, Carolina de Jesus é um terremoto social mais denso com seu Quarto de Despejo do que os debates de 1922. Se não quisermos entrar na delicada seara social-étnica, tenho a sensação de que, bem antes daquele fevereiro de 1922, O Guesa [de Sousândrade tinha um potencial revolucionário certamente perturbador. 

Volto ao tema: 1922 foi um ano agitado! Em fevereiro, São Paulo gritou ao mundo seu orgulho de vanguarda. Em março, fundava-se o Partido Comunista, em Niterói (RJ). No início de julho, os canhões do Forte de Copacabana anunciavam o começo do fim da República Velha. E, claro, Epitácio Pessoa passaria o poder ao famigerado Arthur Bernardes em meio às celebrações do centenário da Independência. Nos agitados meses de 1922, o mundo ainda veria o choro inicial de um futuro laureado do Nobel: José Saramago. Naquele ano, o prêmio foi para o espanhol Jacinto Benavente. 

No mundo de 2022, quem seria moderno? A primeira e segunda geração de modernistas já viraram nomes de ruas, praças e bibliotecas. No atomismo atual, onde estaria a modernidade? Acho que o máximo da vanguarda modernista hoje é ler um livro inteiro sem consultar redes sociais durante a leitura. Quem faz isso está além de Macunaíma de Mário ou da pedra poética de Drummond. Ler e pensar já é ato de modernidade completamente fora do padrão e de imensa ousadia.

METAVERSO UMA NOVA FORMA DE NEGÓCIOS

 

Thaís Monteiro

Marcas como TIM, Brahma ingressam no metaverso em busca de conexões e novas frentes de negócios

O termo metaverso foi cunhado pela primeira vez pelo autor Neal Stephenson em 1992, com a publicação do livro de ficção científica Snow Crash. Nele, o personagem principal, Hiro Protagonist, vive a vida de um entregador de pizzas na realidade física, mas é um príncipe samurai no universo virtual denominado metaverso.

Vinte e nove anos depois, o termo ultrapassou a bolha de leitores da trama Snow Clash. De 2020 para 2021, o número de buscas pela palavra aumentou mais de dez vezes, segundo o Google Analytics. Conforme dados da Comscore, o termo foi mencionado nas redes sociais 84 mil vezes ao longo de 2021. O pico de menções ocorreu em 28 de outubro, quando o Facebook anunciou seu rebrand de Facebook Inc. para Meta, um reposicionamento que deixou clara a ambição em ser uma das desenvolvedoras do metaverso.

O filme Jogador Nº 1, dirigido por Steven Spielberg é a comparação mais mencionada na mídia para exemplificar o que seria o metaverso

Hoje, são considerados metaversos espaços como o Cidade Alta, servidor que existe no jogo GTA. A Outplay é responsável pelo servidor. De acordo com Paulo Benetti, CEO da empresa, apesar das ações serem crescentes nos últimos anos, o reposicionamento do Facebook com seu foco na construção do metaverso foi essencial para que o conceito permeasse as estruturas e estratégias de anunciantes.

Como a aquisição da Blizzard pela Microsoft pode mudar o metaverso

“A palavra mais falada em 2021 nas descrições de startups e artigos de tecnologia no geral, definitivamente, foi metaverso, mas o termo acabou se popularizando para todos com a mudança do Facebook para Meta, no fim de outubro. Logo, as marcas começaram a entender que aquilo não era só mais uma aposta, ou algo temporário, e começaram a procurar formas de se posicionar rapidamente”, descreve.

Prova disso é a entrada da TIM no metaverso. Em janeiro, a operadora inaugurou um novo conceito de loja no mundo físico e uma replicação da flagship no metaverso da plataforma Cryptovoxels. “Até então, essa realidade era mais próxima de aficionados por games e amantes de criptomoedas. Com a disseminação do termo para o público em geral, nossa decisão estratégica foi estar presente no metaverso para ampliar a nossa conexão com os consumidores”, conta Bruno Vasconcellos, diretor de e-commerce & remote sales channels da TIM Brasil. O espaço replica a experiência estética da loja da TIM e tem um segundo andar destinado a ser um espaço gamer, com produtos da operadora e parceiros. Ainda neste trimestre, a empresa lançará uma arena para eventos virtuais de música e entretenimento.

Espaço da TIM no metaverso conta com área gamer (Crédito: Divulgação/TIM)

Por enquanto, a intenção da empresa é marcar presença se posicionando de uma forma inovadora, oferecendo mais um canal de conexão com os clientes e a possibilidade de entretenimento, mas está nos planos articular ações tendo em vista faturamento e monetização. Para apresentar esse canal, a TIM instalou um “Espaço Metaverso” na loja física do BarraShopping, no Rio de Janeiro, no qual o cliente pode participar de uma experiência em realidade virtual que exemplifica o que é o metaverso e como funciona a loja da TIM nesse ambiente.

A finalidade é que a estratégia evolua para se tornar uma nova frente de negócios, com a venda de NFTs. “Mais para frente teremos o grande desafio de comercializar nossos produtos e serviços nessa realidade virtual, com a finalidade de torna-la um braço do nosso e-commerce. Já temos por lá, por exemplo, links que direcionam para a nossa loja virtual”, explica Vasconcellos.

Brahma: como combinar games e cerveja com responsabilidade

Outras marcas, brasileiras e globais, também já ingressaram no metaverso através de plataformas em que é possível constituir avatares e relações como na proposta de um metaverso. Ainda em 2020, o jogo Animal Crossing atraiu presença de marcas como Netflix e Hellman’s, que construíram ilhas próprias no mapa do jogo. A Amaro criou coleções de roupas físicas inspiradas pelos usuários do game a partir de uma interação que os consumidores realizavam com o avatar virtual da loja. Em 2021, no Fortnite, a Ferrari apresentou o seu novo modelo 296 GTB e a Havaianas criou um mapa interativo para apresentar seus produtos licenciados com o game. No Roblox, a Vans criou uma pista de skate denominada Vans World. No Cidade Alta, a Brahma realizou uma ação para promover a Brahma Puro Malte com uma narrativa em que os bares da cidade ficaram sem bebidas.

Para Benetti, o metaverso garante possibilidades de ações mais contexto e narrativas envolventes. Mas seu maior trunfo são os tipos e quantidades de conexões a serem feitas. “Criamos experiências para milhares de jogadores e criadores de conteúdo que, em sua maioria, criam conteúdos em seus canais de live streams”, conta.

De maioria formado pela geração Z, esses jogadores e streamers tem a capacidade de influenciar interagindo no metaverso, através de transmissões e outras ações em redes sociais. “Da mesma forma que marcas estão inseridas em novelas e programas de televisão, o placement de produtos dentro do metaverso tem o mesmo viés, porém – eu entendo – que de uma forma mais fidedigna, já que o personagem e a interpretação dele dentro do metaverso acaba sendo uma extensão daquele criador de conteúdo ou jogador, uma vez que acaba trazendo o mesmo estilo de vida, moda e de consumo com os que ele possui na vida real, ou, com o que ele ainda quer ter/ser na vida real. E esses criadores de conteúdo influenciam diretamente sua grande audiência a partir de tudo o que ele vive no metaverso”, opina.

Novos negócios e marcas: como será formado o metaverso?

Relacionamento de trabalho

A pandemia tornou claro para a TIM o quão fundamental é a proximidade com seus clientes de forma virtual e imersiva. Da mesma forma, empresas começaram a perceber que precisavam de novas formas para engajar os colaboradores remotos. O metaverso também serviu de resposta a essa demanda. No final de 2021, o Zro Bank, banco multimoedas, inaugurou um escritório virtual na plataforma Gather Town. O objetivo é trazer uma realidade mais humanizada, um dos grandes ganhos do trabalho presencial, para as interações remotas.

O espaço é utilizado para reuniões em salas fechadas, conversas um a um, para avisos pontuais, eventos e comemorações online. Apesar da aproximação via metaverso não substituir o calor humano de um abraço, um café na copa e um happy hour presencial, Taynah Carvalho, head de recursos humanos do Zro Bank diz que a experiência tem deixado a rotina mais leve, lúdica e divertida. “O metaverso é usado no nosso dia a dia, como no escritório comum, diminuímos a quantidade de reuniões em 60%, pois quando precisamos falar com alguém vamos até a sala virtual e resolvemos assuntos mais rápidos”, descreve Taynah Carvalho, head de recursos humanos do Zro Bank. Os próximos passos do projeto é atender clientes e fornecedores no metaverso.

FANS TOKENS DA VALEON

Os Clubes de Futebol no Brasil e no Mundo estão alinhados fora de campo e estão investindo em inovação e no mercado de criptoativos, mais especificamente as Fans Tokens que são moedas digitais chamadas de CHILIZ(CHZ).

A novidade é atribuir um valor de ativo financeiro a um produto com o qual o fã cria relacionamentos e experiências com o Clube de Futebol e que antes era apenas um serviço sem valor de revenda ou de valorização desse ativo. As Fans Tokens ajudam os clubes a melhorar a parte financeira.

Assim como nenhum elemento do marketing faz nada sozinho, não só em clubes, mas em qualquer empresa, as Fans Tokens também precisam ter a imagem trabalhada para chegar ao consumidor de forma clara, oferecendo algo que seja palatável e legível ao torcedor, ou seja, as pessoas precisam entender do que se trata este ativo digital para poder consumi-lo.

Como toda inovação, as Fans tokens ainda estão numa fase inicial e todos nós estamos aprendendo com elas. Não podemos perder de foco é que a tecnologia não pode ser o fim, a tecnologia é simplesmente o meio e é a chave para o engajamento e temos que compreender que a tecnologia pode gerar lucro, construir operações sustentáveis, proteger a integridade da concorrência, desenvolver multiplataformas e muito mais.

Engajar os fãs não é algo exclusivo do esporte. Pelo contrário, todas as marcas querem encantar seus consumidores e engajá-los das mais variadas formas. Descobrir essas formas é uma das muitas atividades de quem trabalha com comportamento do consumidor.

Em marketing, podemos definir o engajamento do cliente como os comportamentos espontâneos, interativos e cocriativos do consumidor, principalmente em trocas não transacionais entre consumidor e empresa para atingir seus objetivos individuais e sociais.

Em outro contexto, porém, podemos pensar no engajamento como um estado de espírito motivacional relacionado à marca e dependente do contexto de um cliente, caracterizado por níveis específicos de atividade cognitiva, emocional e comportamental nas interações da marca. E, nesse aspecto, surge um fator importante: como os consumidores engajados fornecem referências e recomendações para produtos específicos, o engajamento do cliente é um elemento-chave nas estratégias das empresas para o desenvolvimento de soluções, de novos produtos e retenção de clientes. É aqui que surge a ideia da monetização.

A Startup Valeon cria as FANS TOKENS VALEON para premiar uma enorme comunidade de consumidores que utilizam as redes sociais, que são o nosso público-alvo, que são as pessoas que achamos que podem realmente se beneficiar do nosso produto que é a Plataforma Comercial Marketplace Valeon e muitas vezes não possuem o conhecimento básico de como o nosso produto funciona.

As Fans Tokens são para aqueles que não querem apenas ser espectadores, mas para aqueles que desejam ter um papel mais ativo na comunidade das redes sociais.

A tokenização fornece novas maneiras inspiradoras de classificar valor, criando novos ativos ou reinventado os tradicionais, abrindo portas para melhoria de processos totalmente novos, fluxos de receitas e envolvimento dos clientes com novas oportunidades.

Pensando nisso, a Startup Valeon através do seu Site, aposta na possibilidade de trazer o consumidor que pode estar longe ou não conhece a Valeon para perto da gente e ainda ser nosso colaborador participando ativamente do nosso desenvolvimento, gerando transformações e tendo o direito de fornecer conhecimentos específicos para o desenvolvimento do Site.

Valor do Fan Token Valeon = R$ 1,00

Solicitamos a colaboração dos consumidores do Vale do Aço para as oportunidades de influenciarem em algumas decisões do nosso dia-a-dia e quanto maior o peso de suas opiniões, mais Fan Tokens irá ganhar.

1 – Você pode auxiliar no desenvolvimento do nosso Site Valeon verificando alguma possibilidade de melhoria nele.

Prêmio: 50 Fan Token Valeon

2 – As Empresas, Serviços e Profissionais que desejarem participar aderindo suas Publicidades e Propagandas ao Site Valeon terão descontos.

Prêmio: 30% na mensalidade

3 – Sugestões de Internautas que queiram incluir ÁLBUNS DE MÚSICAS de até 150 MB NA COLEÇÃO DE MÚSICAS do Site Valeon.

Prêmio: 20 Fan Token Valeon

VALIDADE DAS FANS TOKENS VALEON: 06 MÊSES

IPAT/06/10/2021

Envie sua MENSAGEM por e-mail no site da Valeon

Nossos contatos: Fones: (31) 3827-2297 e (31) 98428-0590 (Wpp)

E-MAIL: valeonbrasil@gmail.com

Site: https://valedoacoonline.com.br/

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

CONTRATO MAL FEITO PELO PT FAZ EMPRESA CONCESSIONÁRIA DO GALEÃO DEVOLVER A CONCESSÃO DO AEROPORTO

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo

Prestes a completar um ano à frente da operação do aeroporto, a concessionária RIOgaleão, alcança 60% das obras de melhoria da infraestrutura do aeroporto a menos de um ano dos Jogos Olímpicos (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

O Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão, era operado pela concessionária RIOGaleão havia pouco mais de oito anos.| Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Em 2007, o Brasil foi escolhido para receber a Copa do Mundo de 2014; dois anos depois, em 2009, o Rio de Janeiro venceu a disputa para sediar os Jogos Olímpicos de 2016. Àquela altura, apenas autênticos Pachecos – o personagem dos anos 80 que se tornou o estereótipo do torcedor fanático e ufanista que só via qualidades no time brasileiro – admitiriam que os aeroportos do país estavam à altura de receber o mundo todo nos dois maiores eventos esportivos do planeta, ou que o governo teria condições de bancar as reformas necessárias. Infelizmente, os governos petistas de Lula e Dilma Rousseff estavam cheios de Pachecos estatólatras, que admitiram tardiamente a incapacidade da estatal Infraero de dar conta de tudo o que precisava ser feito, principalmente em Guarulhos e no Galeão, as principais portas de entrada do país. Era preciso recorrer, ainda que a contragosto, à iniciativa privada.

O Galeão foi concedido em novembro de 2013, tarde demais para qualquer reforma substancial antes da Copa – Guarulhos tinha sido leiloado no início de 2012, e só inaugurou seu moderno Terminal 3 um mês antes do pontapé inicial de Brasil x Croácia, que abriu o mundial de futebol. A bem da verdade, nem mesmo no Rio-2016 era possível identificar alguma melhoria significativa no Galeão. Quando a chama olímpica estava no Rio, uma das empresas líderes do consórcio que arrematara o aeroporto, a Odebrecht, já estava completamente encrencada depois que a Lava Jato havia desvendado a participação da empreiteira na roubalheira petista. Além disso, as regras impostas por Dilma ainda deixavam 49% da participação nas mãos da Infraero, com todas as suas dificuldades na realização de investimentos. Nem mesmo a Changi, operadora que administra o aeroporto de Cingapura, várias vezes eleito o melhor do mundo, conseguiu reverter o declínio. A Covid-19 foi a gota d’água: o setor aéreo foi um dos que mais sofreram, e o Galeão, particularmente, tem tido muito mais dificuldade para retomar os níveis pré-pandemia que outros aeroportos brasileiros. A Changi, que se tornou o único parceiro privado com a saída da Odebrecht, anunciou, na quinta-feira, que estava devolvendo a concessão.

A Copa e os Jogos Olímpicos se foram, mas o Brasil precisa de aeroportos maiores e mais modernos se um dia quiser ser um destino turístico relevante

Pouco antes da Copa, já em pré-campanha para a reeleição, Dilma dissera que “os aeroportos, por exemplo, não têm padrão Fifa, têm padrão Brasil, vocês vão me desculpar. Não estamos fazendo aeroporto só para a Copa, só para a Fifa. Estamos fazendo para os brasileiros”, quase insinuando que, no fim, não era necessário realizar tantas e tão grandes melhorias porque os eventos esportivos eram esporádicos; o “padrão Brasil” bastaria. Nada mais enganoso. De fato, a Copa e os Jogos Olímpicos se foram, mas o Brasil precisa de aeroportos maiores e mais modernos se um dia quiser ser um destino turístico relevante. Em 2019, último ano “normal” do turismo, o país recebera 6,4 milhões de visitantes estrangeiros – um desempenho medíocre, muitas vezes menor que o de várias nações que nem de longe têm os mesmos atrativos do Brasil. Se atraíssemos o mesmo número de turistas por ano que a Tailândia (39,8 milhões em 2019), nossos aeroportos estariam em colapso, incapazes de atender essa demanda.

Também pesou na decisão de devolução o temor de concorrência predatória dos futuros responsáveis pelo aeroporto Santos Dumont, cujo leilão de concessão estava previsto para ocorrer no primeiro semestre deste ano e que operaria em condições bem mais favoráveis que as previstas no contrato do Galeão, ainda contaminado pelo estatismo. No início de fevereiro, a pedido do governo fluminense, o Santos Dumont já havia sido separado do seu bloco original e seria concedido isoladamente. Com a devolução do Galeão, o Ministério da Infraestrutura decidiu suspender temporariamente a concessão do Santos Dumont e deve leiloá-los em conjunto, provavelmente em 2023, eliminando qualquer inquietação sobre concorrência entre os dois aeroportos cariocas, que terão o mesmo operador.


Desde o fim do governo petista, em 2016, o Brasil evoluiu bastante na modelagem de concessões de infraestrutura aeroportuária – o fim da participação obrigatória da Infraero e o sistema de blocos com vários aeroportos, misturando “joias da coroa” com terminais menores, foram uma “herança bendita” do governo Temer que a gestão de Jair Bolsonaro manteve. Grandes operadores estrangeiros já demonstraram seu interesse ao longo dos anos e o conjunto Galeão-Santos Dumont, no destino turístico mais procurado do Brasil, tem tudo para ser bastante atrativo. Se o governo, além de desenhar bons editais e contratos, souber ganhar a confiança do investidor com reformas que darão saúde fiscal e permitirão um crescimento sustentável do país no médio e longo prazo, o transporte aéreo e o turismo serão amplamente beneficiados.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/editoriais/aeroporto-galeao-devolucao-concessao/
Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...