quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

RÚSSIA USA A ESTATAL GAZPRON COMO MEIO DE CHANTAGEM AOS SEUS ADVERSÁRIOS

 

Energia
Por
Fábio Galão – Gazeta do Povo

Estande da Gazprom no Fórum Internacional de Gás Natural de São Petersburgo, em outubro do ano passado| Foto: EFE/EPA/ANATOLY MALTSEV

A Gazprom, estatal russa de gás natural, está no meio das tensões na crise de concentração de tropas da Rússia na fronteira com a Ucrânia.

Na segunda-feira (7), durante visita à Casa Branca do chanceler alemão, Olaf Scholz, o presidente americano Joe Biden disse que uma invasão russa ao país vizinho seria respondida, entre outras medidas, com o encerramento do projeto do gasoduto Nord Stream 2, por meio do qual a estatal bombeará o combustível diretamente para a Alemanha.

Analistas não deixaram de observar que Scholz não endossou claramente a ameaça de Biden – o gasoduto, já concluído mas cujo licenciamento está parado por questões burocráticas, teve apoio da sua antecessora, Angela Merkel, mas foi duramente criticado pelos Estados Unidos e outros países, pela possibilidade de aumentar a dependência da Europa de gás natural fornecido pela Rússia.

Criada em 1989, como a primeira estatal da então União Soviética, a Gazprom é hoje a maior empresa de gás natural de capital aberto do mundo e a maior empresa da Rússia em faturamento. O governo russo detém 50,23% das ações da companhia.

O uso político da Gazprom pelo presidente Vladimir Putin é criticado pelo Ocidente. Em 2018, um estudo encomendado pelo Parlamento Europeu apontou que a estatal “é especialista em formular a agenda de política externa de Moscou em termos comerciais”.

“Para cada caso de coerção energética, a Gazprom formula uma justificativa comercial ou técnica. Mas avaliações políticas sustentam as decisões da Rússia sobre quando oferecer descontos em suas exportações de energia. Eles normalmente coincidem com as prioridades estratégicas da Rússia. Por exemplo, Moscou tem um histórico de dar descontos, mas também de retirá-los, quando as condições políticas mudam”, denunciou.

O relatório apontou como exemplo o episódio em que o então presidente ucraniano Viktor Yanukovych decidiu se juntar à União Econômica da Eurásia no final de 2013, em detrimento à entrada na União Europeia. Quando seu sucessor, Petro Poroshenko, reverteu essa decisão, ocorreram aumentos no preço do gás e interrupções no fornecimento.

Além disso, a Gazprom criou rotas alternativas de fornecimento do combustível para o mercado europeu que contornavam a Ucrânia. “Essa política de usar as exportações de energia para intimidar ou assediar é uma demonstração da realpolitik russa e reverbera em todo o continente europeu”, destacou o documento.

No ano passado, a Gazprom alavancou seu monopólio do gás sobre a Moldávia ao sugerir que o governo pró-europeu do país deveria abandonar um acordo de livre comércio com a União Europeia e interromper a liberalização do mercado de gás em troca de preços mais baixos do combustível em um novo contrato de longo prazo com a empresa.

Também em 2021, parlamentares europeus cobraram que a Gazprom fosse investigada por possíveis violações de regras de concorrência, já que teria bombeado menos gás para a Europa para forçar a aprovação do Nord Stream 2.

Nesta quinta-feira (10), Scholz receberá líderes de três países bálticos, Lituânia, Estônia e Letônia, e para os críticos da postura relutante do chanceler alemão, chegou a hora do Ocidente não se intimidar diante do uso político da Gazprom, já descrita como “um Estado dentro de outro Estado”.

“Os estados bálticos sempre foram contra este projeto e se sentem ameaçados enquanto pequenos países e ex-repúblicas soviéticas. Há uma clara expectativa de que Berlim tome uma posição mais clara diante da ameaça russa”, disse ao site Politico o parlamentar Norbert Röttgen, curiosamente, da União Democrata-Cristã, partido de Merkel – cujo apoio ao Nord Stream 2 é considerado um dos maiores erros da sua gestão.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/gazprom-como-a-gigante-russa-de-gas-natural-e-usada-por-putin-para-chantagear-adversarios/
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LIBERDADE DE EXPRESSÃO É PROIBIDA NO BRASIL

Liberdade de expressão
Por
Leonardo Desideri – Gazeta do Povo
Brasília

Partidos podem defender o que quiserem? Para o youtuber Monark (no canto esq. superior), sim.| Foto: Reprodução/YouTube

A polêmica envolvendo o youtuber Monark, que, em uma discussão sobre liberdade de expressão, defendeu que todos os partidos devem ser livres para manifestar qualquer tipo de opinião – mesmo opiniões nazistas –, dominou as redes sociais na terça-feira (8). Até figuras públicas como o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e Sergio Moro, ex-ministro da Justiça, entraram no debate, classificando como inaceitáveis as falas de Monark.

O assunto acabou rendendo discussões paralelas, como a comparação entre nazismo e comunismo. “Estou elaborando um Projeto de Lei que torna ilegais partidos comunistas e nazistas, por terem cunhos ideológicos totalitários ateístas marxistas. Acabemos de uma vez por todas com a farsa dos assassinos do bem, que são lobos em pele de lobos mesmo”, disse o deputado federal Marco Feliciano (PL-SP).

No Brasil, nenhum partido defende abertamente o extermínio de etnias, como fazia o nazismo. Mas há, sim, aqueles que se inspiram em ideologias totalitárias e pregam publicamente a discriminação contra certos grupos, como algumas legendas comunistas. Além disso, há partidos que se já se posicionaram publicamente a favor da legalização do aborto, defendendo que um grupo inteiro de seres humanos tenha sua dignidade intrínseca negada.

Partidos comunistas defendem, em diferentes níveis, a discriminação contra pessoas e a promoção de uma ideologia assassina
O Brasil tem 32 partidos políticos, dos quais pelo menos três sustentam abertamente o projeto de instauração de um regime comunista no Brasil. A ideologia que mais matou pessoas na história da humanidade – na China, na antiga URSS, na Ucrânia, no Camboja, em Cuba, na Romênia, etc. – inspira partidos como o PCB (Partido Comunista Brasileiro), o PCdoB (Partido Comunista do Brasil), o PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado), o PCO (Partido da Causa Operária) e o PSOL (Partido Socialismo e Liberdade).

O PCdoB foi aquele que mais diluiu a radicalidade do seu discurso comunista ao longo dos anos. Ele se define hoje como “uma organização de caráter socialista, patriótica e anti-imperialista” com inspiração nos “valores da igualdade de direitos, liberdade e solidariedade, de uma moral e ética proletárias, humanistas e democráticas”. Ainda assim, afirma que “guia-se pela teoria marxista-leninista”, o que deixa claro que a sua inspiração de fundo é a mesma do comunismo.

Todos os outros partidos citados deixam claro seu caráter revolucionário e a intenção de penetrar no atual sistema de poder para destruí-lo por dentro, promovendo uma revolução com base no antagonismo entre classes.

O PSOL, por exemplo, propõe “um enfrentamento revolucionário contra a ordem capitalista estabelecida”. Diz que é “fundamental impulsionar, especialmente durante os processos de luta, o desenvolvimento de organismos de auto-organização da classe trabalhadora, verdadeiros organismos de contra-poder”.

Afirma ainda que é preciso “rechaçar a conciliação de classes e apoiar as lutas dos trabalhadores”. Para o partido, são necessárias “reivindicações para a luta imediata e bandeiras históricas para além da ordem”. As mudanças propostas, segundo o partido, “não se realizam plenamente nos parâmetros do sistema capitalista”.

O PSTU se define como “um partido socialista e revolucionário” e diz que “só uma revolução socialista, apoiada na mobilização e na organização dos trabalhadores e trabalhadoras, pode dar fim a este sistema de exploração e opressão e abrir caminho para a construção do socialismo”. Segundo o partido, é preciso “abolir a grande propriedade privada, nacionalizar as terras e colocar tudo isso sob controle dos trabalhadores e dos setores oprimidos”.

O PCB afirma ser um “partido revolucionário que visa à conquista do poder político pelo proletariado e trabalhadores em geral”. A legenda quer “ruptura com o sistema capitalista”. “Nós, comunistas, lutamos pela transformação radical da sociedade atual”, diz o partido. “Somente a intensa luta política e ideológica envolvendo a participação ativa das massas trabalhadoras será capaz de promover os embates sociais e a ampla mobilização em torno do projeto socialista”, acrescenta. O objetivo final do PCB é “a derrubada do domínio da burguesia e a conquista do poder político pelo proletariado”.

O PCO relata ser um “partido político brasileiro de extrema-esquerda”, com origem na Causa Operária, antiga “organização de esquerda marxista, de orientação trotskista, atuante no Brasil entre os anos 1980 e 1990”. Para o PCO, é precisa uma mobilização das massas para conseguir a “abolição da propriedade privada capitalista”.

Alguns partidos defendem a descriminalização do aborto
O aborto é um crime no Brasil, de acordo com o Código Penal. Além disso, o Código Civil afirma que “a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”. Portanto, a legislação brasileira reconhece os bebês em gestação como sujeitos de direito. Ainda assim, há partidos que defendem abertamente a descriminalização do aborto, o que representaria, na prática, um aval para o extermínio desses bebês.

O lobby mais forte vem do PSOL. A legenda é autora da ADPF 442, proposta ao STF em 2017, em que sustenta que o aborto até 12 semanas de gestação deve ser descriminalizado no Brasil.

O PT já se manifestou em “defesa da autodeterminação das mulheres, da descriminalização do aborto e regulamentação do atendimento a todos os casos no serviço público” numa resolução aprovada em um congresso do partido em setembro de 2007. O documento continua valendo até hoje.

Em 2020, o PT, o PSOL e outros três partidos de esquerda – o PDT, o PCdoB e o PSB – foram ao Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir a suspensão de uma portaria do Ministério da Saúde que pretendia criar critérios mais claros para o aborto em casos de estupro. A portaria foi entendida por esse partidos como uma tentativa de limitar o aborto nesses casos.

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/nao-ha-partido-nazista-no-brasil-mas-pais-tem-partidos-ideologias-perigosas/
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LOCKDOWN CAUSA PREJUÍZO À PREFEITURA DE ARARAQUARA-SP

 

Abuso policial

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo

Mulher é detida por Guarda Municipal em praça de Araraquara| Foto: Reprodução

O 9 de fevereiro de 2022 vai ficar marcado como um grande dia para o Nordeste, em especial para o Rio Grande do Norte. A água do rio São Francisco está chegando na região onde as pessoas recebiam água pelo carro-pipa. É uma grande mudança.

O presidente Jair Bolsonaro esteve lá, levou muitos ministros, teve festa nas ruas, a multidão cantando… Em Caicó, o presidente desfilou pelas ruas cheias de gente. E aí eu fico pensando sobre as pesquisas de opinião, que mostram a popularidade de Bolsonaro supostamente em queda, quando vejo essas coisas. Mas, enfim, deixa para lá, a pesquisa que siga o seu caminho.

A transposição do Velho Chico foi um projeto do imperador Dom Pedro II. Ele foi na cachoeira de Paulo Afonso, no lombo de cavalo, e lá planejou que o árido fosse atendido por um desvio das águas.

Demorou, mas chegou o dia. Fica o registro desse grande dia tão significativo para o Nordeste. A água já está chegando a Pernambuco, Paraíba, Ceará e agora Rio Grande do Norte.

Totalitarismo de esquerda e de direita
Por causa da profanação da igreja em Curitiba liderada por uma vereador do PT e das demissões do podcaster Monark, do Flow Podcast, e do comentarista Adrilles Jorge, do programa “Pingos nos Is” da Jovem Pan, está se falando muito de nazismo e comunismo nos últimos dias. Para mim, é tudo a mesma coisa. Extrema direita e extrema esquerda se tocam. Fazem a mesma coisa e o nome disso é totalitarismo.

O que é um totalitário? A gente conhece pelos gestos, pelas ações. Pode ser da extrema esquerda ou da extrema direita, comunista ou nazista. Ambos segregam, perseguem os contrários e impõem medidas autoritárias e arbitrárias, obrigam as pessoas a fazer o que não querem, passam por cima dos direitos civis, de locomoção e de acesso ao trabalho, à escola e ao culto. Os totalitários nazistas ou comunistas são iguais. Hitler ou Stalin, os dois são genocidas, não importa o rótulo que lhes dão.

Prefeitura condenada
E a pandemia serviu para revelar muitos desses totalitários. Por exemplo, agora mesmo, a Justiça da 1ª Vara da Fazenda Pública condenou a prefeitura de Araraquara (SP) a pagar R$ 10 mil por danos morais para Silvana Tavares Zavatti. Ela estava sentada no banco de uma praça quando foi abordada pela Guarda Municipal, que disse que ela tinha que sair dali. Silvana invocou a lei maior, a Constituição, que lhe garante a livre locomoção em todo o território brasileiro em tempos de paz.

Mas para todo o arbitrário, autoritário, nazista ou comunista, vale a palavra do chefe, e não a Constituição. Não existe lei maior que a palavra do chefe. E o prefeito, no caso, tinha baixado um decreto que não podia ter ninguém na rua. Aí ela foi jogada no chão e algemada por se recusar a cumprir a “ordem”.

A imprensa sabuja chegou a dizer que ela mordeu o braço do guarda. É claro, vocês viram a imagem, o braço do guarda estava estrangulando a mulher. E Silvana foi conduzida, algemada, para o camburão. E agora ganhou na Justiça o direito de ser indenizada.

A prefeitura alegou o seguinte: que o ato visou impedir uma aglomeração. Vocês já viram aglomeração de uma pessoa? Pois é. É que todo ditador, totalitário, que tenha a natureza totalitária, em que o Estado está acima do indivíduo, sem respeitar suas liberdades, sempre tem uma justificativa, por mais ridícula que seja, como essa explicação da prefeitura. Vamos pensar a respeito.

O exemplo dos caminhoneiros
Por fim, também falando sobre liberdades, eu sempre vi jornalista e advogado, OAB, defendo as liberdades. E hoje quem defende são os caminhoneiros, que dão exemplo para o mundo. Os caminhoneiros do Canadá, seguido pelos caminhoneiros da Nova Zelândia, e de vários países europeus.

Liberdade, essa é a palavra-chave, básica da democracia. O resto é regime totalitário. Nazista ou comunista.


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AÉREA AZUL FOCA MAIS NO COMÉRCIO DE CARGAS

 

Juliana Estigarríbia

10 de fevereiro de 2022 | 05h10

Avião de passageiro convertido em cargueiro  Foto: Bruno Tortorella/Azul

Com menos gente e mais produtos a serem transportados, a Azul avança na estratégia de fortalecer sua área de cargas. Além de converter quatro aviões de passageiros em cargueiros, após ter conseguido autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), pretende comprar uma empresa de transporte rodoviário, para se firmar como uma companhia de logística integrada.  O objetivo é atuar com mais competitividade no chamado “last mile” – o da entrega na casa do cliente. “Dentro da nossa estratégia para 2022 e 2023, queremos comprar uma empresa de transporte rodoviário para agregar ao negócio da Azul”, disse ao Broadcast a diretora da Azul Cargo, Izabel Reis.

Executivos do grupo vêm afirmando reiteradamente que a Azul Cargo deve ter receita recorde de R$ 1 bilhão no exercício de 2021. “É um mito que o transporte aéreo de carga é mais caro. Temos agilidade, menos manuseio e propensão reduzida de sinistro.”

Segundo a executiva, a empresa vem se preparando há muito tempo para oferecer soluções integradas para os clientes, que atualmente somam mais de 100 mil CNPJs em carteira, sendo que 200 representam cerca de 50% do faturamento total.

“Não fazemos só o transporte aéreo, entregamos onde o cliente quiser”, afirma. Hoje, a Azul Cargo tem 300 lojas no Brasil no modelo de franquia, em que o representante ganha remuneração a cada negócio que ele agregar: realização da coleta, manuseio, se o produto é expresso, entre outros.

“As empresas que trabalham conosco precisam de logística, não querem contratar alguém para coletar a carga, outra para transportar e mais uma para fazer o ‘last mile’. O cliente quer o melhor preço, o melhor prazo e alguém que controle isso tudo para ele, ou seja, que forneça uma visão integrada do processo”, avalia.

Atualmente a Azul Cargo realiza mais de 1,2 milhão de entregas por mês e, com as lojas espalhadas pelo Brasil, já atende 4.200 municípios. De acordo com a executiva, se o cliente precisa de agilidade e tem prazo de um ou dois dias, ele pode colocar a encomenda no avião. Se tiver mais tempo e quiser um valor menor, a companhia também tem a opção do rodoviário através de parceiros. Mas a ideia é ir além. “Queremos atingir o cliente de 500 km a 800 km que hoje, com o aéreo, não somos competitivos.”

Processo complexo

A Azul recebeu autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para operar o primeiro jato E1, da Embraer, convertido em cargueiro, na última sexta-feira. Após um longo processo, que incluiu inúmeros testes de voos, a Azul Cargo terá quatro cargueiros convertidos, além de outras aeronaves dedicadas dentro da estratégia de se consolidar como uma empresa de logística integrada.

Segundo Izabel Reis,  a conversão de aeronave é um processo complexo principalmente porque envolve autorizações da Anac para garantir a segurança da operação. O novo cargueiro precisa atender a especificações como peso e barreiras de contenção, principalmente contra fogo (no caso de carga perigosa). Todas as modificações precisam ser homologadas.

Ela conta  que no início da pandemia a Azul buscou a Anac para viabilizar o transporte de carga nos assentos dos passageiros, movimento que já estava acontecendo ao redor do mundo. Com isso, uma parte dos 118 assentos do E1 foi removida para transportar carga. A nova configuração trouxe uma capacidade de até sete toneladas.

Em fevereiro de 2021, a companhia começou a gestar o projeto de conversão integral do E1, com o envolvimento da Embraer e cooperação de uma empresa especializada de São José dos Campos (SP). O primeiro protótipo saiu em setembro e, na última sexta-feira, a Anac concedeu a permissão oficial de voo para o novo cargueiro, que pode transportar de 13 a 15 toneladas de carga.

Além dos E1s convertidos, agora a Azul Cargo conta com uma frota dedicada de dois Boeing 737 e cinco aeronaves modelo ATR que podem ser rapidamente transformadas em cargueiros. “Todos os nossos 47 E1s são elegíveis para conversão”, diz.

Afora a carga geral, que inclui itens como máquinas e eletrônicos, um grande foco da Azul Cargo é o e-commerce, que tem como característica pacotes de até três quilos e uma grande diversidade de produtos. “O novo E1 convertido tem um custo benefício muito bom. O cliente pode entregar volumes um pouco menores”, relata, citando gigantes do e-commerce como clientes. “O Mercado Livre já utiliza nossas aeronaves e vai continuar usando nessa nova versão.”

Ela ressalta que o projeto de conversão do E1 não elimina a meta de ter cargueiros novos em 2023, mas pondera que o processo de chegada e adaptação de uma nova aeronave costuma ser longo, de pelo menos dois anos. “Conseguimos a conversão do E1 em 8 meses. Mesmo quando a pandemia acabar, esses cargueiros convertidos permanecerão assim, já estão com volumes comprometidos.”

SETORES QUE MAIS INVESTEM EM TECNOLOGIA NO BRASIL

 

Nível de tecnologia
Por
GazzConecta – Gazeta do Povo

Os setores que mais investem em tecnologias digitais no Brasil| Foto: Unsplash, Lukas Blazek/Reprodução

Um estudo realizado pela Cortex, empresa de inteligência de dados para marketing e vendas, revela quais são os setores que mais investem em tecnologias digitais no Brasil.

Segundo a pesquisa, os setores de varejo, financeiro, serviços, construção e educação são os que mais investem e os que estão mais avançados tecnologicamente dentro de um universo de 233,4 mil empresas analisadas entre matrizes e filiais.

Dessas, 79,1 mil empresas foram identificadas com alto nível de tecnologia, 105 mil com médio e 49,3 mil com baixo nível de tecnologia.

As empresas foram avaliadas, dentro de uma pontuação de 0 a 100, em categorias como Cloud Providers, Business Email Hosting, CRM, Marketing Automation, AI Services, Blog, E-commerce e Security. Ao todo, 9.585 tecnologias foram monitoradas.

Cortex/Divulgação
Nas empresas avaliadas com alto índice tecnológico em relação ao porte, as grandes empresas lideram o ranking com 44,5%, em segundo lugar temos as microempresas com 28,4%, seguidas das pequenas, com 21,8% e por último, as médias com 5,3%.

Quanto à adoção tecnológica em relação ao faturamento, as empresas com valor superior a R$ 500 milhões lideram. Em contrapartida, temos as com menor faturamento em segundo lugar, ficando em terceiro as empresas que conquistam entre R$ 1 e 4 milhões.

O estudo também mostra que o índice de adoção tecnológica em relação à quantidade de funcionários é maior dentre as empresas com menos colaboradores, de 1 a 3 pessoas. Em segundo lugar, companhias que ficam entre 1 mil e 5 mil funcionários e em terceiro, empresas de 4 a 50 funcionários.

No setor de varejo, líder em adoção tecnológica no Brasil, o comércio de vestuário, acessórios, produtos alimentícios e produtos farmacêuticos são os que mais se destacam na análise.
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GOVERO FEDERAL INVESTE NO TURISMO EM SANTANA DO PARAÍSO-MG

Portal Minas

O Governo Federal, através do Ministério do Turismo está investindo R$1,15 milhão para a construção e melhoria de equipamentos turísticos em Santana do Paraíso. Os recursos deverão ser aplicados em obras de paisagismo, de calçamentos para os turistas transitarem e praticarem atividades físicas, rampas de acessos, iluminação e banheiros.

As intervenções deverão proporcionar um espaço moderno de interesse turístico à cidade, próxima aos atrativos naturais, como trilhas, matas, serras, lagoas e cachoeiras, além de oferecer uma infraestrutura adequada aos turistas.

Para o ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, as obras serão um importante incremento no turismo de Santana do Paraíso. “Minas Gerais por si só é um mundo de atrativos turísticos e esses investimentos contribuirão ainda mais com o setor no estado e nessas regiões, que são tão bonitas e que atraem milhares de visitantes ano a ano, em busca de diversão e de contato com a natureza e religião”, ressaltou.

Santana do Paraíso com os cofres cheios

Somados a estes recursos enviados pelo Ministério do Turismo, Santana do Paraíso recebeu também recentemente o aporte de R$ 2,5 milhões que deverão ser investidos em obras de mobilidade urbana e fortalecimento do serviço público. 70% desse valor já está no caixa da prefeitura e a última parcela deverá ser depositada no mês de julho próximo. Esses recursos foram enviados pelo Governo de Minas e são provenientes do chamado “Acordo da Vale” que destinou R$ 1,5 bi para todos os municípios mineiros.

 

EMPRESA QUE PIVOTOU FOI VENDIDA POR MILHÕES DE DÓLARES

 

Por Tainá Freitas

Stewart Butterfield fundou duas empresas de jogos — e acabou criando duas empresas de tecnologia. Entenda como foi a fundação do Slack

Em 2002, Stewart Butterfield criou sua primeira empresa de jogos: a Ludicorp. Na época, a companhia passou a desenvolver o jogo Game Neverending – apenas para descobrir que o que fez sucesso mesmo foi a ferramenta de compartilhamento de imagens. Foi assim que nasceu o Flickr, rede social de imagens vendida para o Yahoo um ano depois, por cerca de US$ 20 milhões.

Em 2009, Butterfield criou sua segunda empresa de jogos: a Tiny Speck. Na época, a companhia começou a desenvolver o jogo Glitch. Embora tenha recebido mais de US$ 15 milhões em investimentos para ajudar o negócio a deslanchar, o jogo foi descontinuado três anos depois. Foi com esse fracasso que nasceu o Slack, rede social corporativa vendida à Salesforce por US$ 27,7 bilhões no ano passado.

PIVOTAR É PRECISO

Pivotar (ou pivotagem) é um dos termos mais antigos do ecossistema de startups. Significa mudar completamente de objetivo ou direção. No entanto, na vida de um empreendedor, isso costuma acontecer uma vez… E não garante a receita do sucesso. No caso de Butterfield, ele pivotou duas companhias de jogos – e as transformou em negócios lucrativos.

CRIANDO O SLACK

O Slack foi lançado oficialmente em 2013 por Butterfield, Cal Henderson, Eric Costello, Serguei Mourachov e equipe. Isso porque o projeto já estava sendo executado dentro da companhia: a plataforma havia sido criada pelos próprios funcionários para comunicação entre os escritórios dos Estados Unidos e Canadá. Com a falha de audiência do Glitch, o fundador novamente viu a oportunidade de pivotar e criar um negócio lucrativo.

Desde então, o Slack tem sido uma ferramenta corporativa de conversação. Permite que pessoas possam se comunicar de qualquer lugar do mundo, seja do smartphone, computadores ou tablet, de forma sincronizada. Facilita o compartilhamento de imagens, vídeos, áudios, códigos de programação e até mesmo a realização de ligações.

ABRINDO CAPITAL

Em 2019, a companhia abriu capital através de listagem direta na NYSE, Bolsa de Valores de Nova York. Naquela época, a startup contava com 8 milhões de usuários ativos diariamente e 3 milhões de assinantes. Já havia levantado mais de US$ 1 bilhão em investimentos – o que ajudou a sustentar o seu modelo freemium.

A abertura de capital foi um sucesso: a companhia alcançou o valor de mercado de US$ 15,7 bilhões. O valuation é mais do que o dobro dos US$ 7,1 bilhões que havia sido avaliada em 2018. Cada ação foi vendida por US$ 26.

E A PANDEMIA?

A pandemia chegou um ano depois que o Slack se tornou uma companhia pública. Os investidores passaram a acompanhar de perto o desempenho da empresa. Mas, por ser uma ferramenta que facilita o trabalho remoto, este foi um período de crescimento para a companhia.

Em março de 2020, o Slack atingiu o recorde de 12,5 milhões de usuários ativos simultaneamente.

AQUISIÇÃO PELA SALESFORCE

E foi no primeiro ano da pandemia que a Salesforce viu potencial no Slack e adquiriu a empresa por US$ 27,7 bilhões. A companhia é conhecia por sua plataforma de CRM e, com a compra, passou a concorrer diretamente com o Microsoft Teams e outras ferramentas.

“Nós estamos muito entusiasmados com a chegada do Slack à família Salesforce. Agora temos o melhor sistema de CRM com a plataforma de comunicação digital mais inovadora do mundo”, afirmou Marc Benioff, presidente e CEO da Salesforce, no anúncio. “Juntos, nós vamos definir o futuro dos softwares de negócios. Nosso objetivo é criar uma sede virtual onde as organizações possam atender às demandas dos clientes e dos funcionários em qualquer lugar.”

O “não” do cliente a uma proposta. Por quê?

Moysés Peruhype Carlech

Fiquei pensando e ao mesmo tempo preocupado com o seu “não”, sem nenhuma explicação, à nossa proposta de divulgação da sua loja e de resto todas as lojas desse Camelódromo na no Site da nossa Plataforma Comercial da Startup Valeon.

Esse “não” quer dizer, estou cheio de compromissos para fazer pagamentos mensais, não estou faturando o suficiente para cobrir as minhas despesas, a minha loja está vendendo pouco e ainda me vem mais uma “despesa” de publicidade da Startup Valeon?

Pergunto: como vou comprar na sua loja? Se não sei qual é a sua localização aí no Camelódromo? Quais os produtos que você comercializa? Se tem preços competitivos? Qual a sua interação online com os seus clientes? Qual o seu telefone de contato? Qual é o seu WhatsApp?

Hoje em dia, os compradores não têm tempo suficiente para ficarem passeando pelo Camelódromo, vendo loja por loja e depois fazendo a decisão de compra, como antigamente.

A pandemia do Covid-19 trouxe consigo muitas mudanças ao mundo dos negócios. Os empresários precisaram lutar e se adaptar para sobreviver a um momento tão delicado como esse. Para muitos, vender em Marketplace como o da Startup Valeon se mostrou uma saída lucrativa para enfrentar a crise. Com o fechamento do comércio durante as medidas de isolamento social da pandemia, muitos consumidores adotaram novos hábitos para poder continuar efetuando suas compras. Em vez de andar pelos corredores dos camelódromos e shoppings centers, durante a crise maior da pandemia, os consumidores passaram a navegar por lojas virtuais como a Plataforma Comercial Valeon. Mesmo aqueles que tinham receio de comprar online, se viram obrigados a enfrentar essa barreira. Se os consumidores estão na internet, é onde seu negócio também precisa estar para sobreviver à crise e continuar prosperando.

É importante você divulgar a sua loja na internet com a ajuda do Site da Startup Valeon, que no caso não é uma despesa a mais e sim um investimento para alavancar as suas vendas. Desse modo, o seu processo de vendas fica muito mais profissional, automatizado e eficiente.  Além disso, é possível a captação de potenciais compradores e aumentar o engajamento dos seus clientes.

Não adianta pensar dessa forma: “Eu faço assim há anos e deu certo, porque eu deveria fazer diferente? Eu sei o que preciso fazer.” – Se você ainda pensa assim, essa forma de pensar pode representar um grande obstáculo para o crescimento do seu negócio, porque o que trouxe você até aqui é o que você já sabe e não será o que levará você para o próximo nível de transformação.

O que funcionava antes não necessariamente funcionará no futuro, porque o contesto está mudando cada vez mais rápido, as formas como os negócios estão acontecendo são diferentes, os comportamentos dos consumidores está se alterando, sem contar que estão surgindo novas tecnologias, como a da Startup Valeon, que vão deixar para trás tudo aquilo que é ineficiente.

Aqui, na Startup Valeon, nós sempre questionamos as formas de pensar e nunca estamos totalmente satisfeitos com o que sabemos justamente por entender que precisamos estar sempre dispostos a conhecer e aprender com o novo, porque ele será capaz de nos levar para onde queremos estar.

Mas, para isso acontecer, você precisa estar disposto a absorver novas formas de pensar também e não ficar amarrado só ao que você já sabe.

Se este for seu caso, convido você a realizar seu novo começo por meio da nossa forma de anunciar e propagar a sua empresa na internet.

Todos eles foram idealizados para você ver o seu negócio e a sua carreira de uma forma completamente diferente, possibilitando levar você para o próximo nível.

Aproveite o final do ano para promover a sua próxima transformação de vendas através do nosso site.

Então, espero que o seu “não” seja uma provocação dizendo para nós da Startup Valeon – “convença-me”.

E-Mail: valeonbrasil@gmail.com

Site: https://valedoacoonline.com.br/

Fones: (31) 98428-0590 / (31) 3827-2297

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

ADVOGADOS QUEREM PROJETO QUE ANULA OS PROCESSOS

 

Justiça criminal
Por que isso preocupa o MP

Por
Renan Ramalho – Gazeta do Povo
Brasília

Falta de acesso de advogados aos autos da investigação poderá ser usada para anular o caso| Foto: Gecom-TJPB

Começou a ganhar tração na Câmara dos Deputados um projeto de lei que acendeu a luz amarela entre membros do Ministério Público. Patrocinado pela nova presidente da seccional paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), Patricia Vanzolini, a proposta prevê a anulação de atos processuais que violem as prerrogativas da advocacia.

Na prática, qualquer ato dentro de um processo civil ou penal que atropele um direito do advogado e que seja relevante para a defesa de seu cliente – por exemplo, a comunicação com um réu antes de ele depor ou que estiver preso; ou o acesso aos autos de uma investigação sem segredo de Justiça – levará à nulidade daquele ato.

Isso ocorrerá ainda que não tenha sido provado um prejuízo para a pessoa defendida pelo advogado. Em geral, só existe nulidade quando a defesa consegue comprovar que a parte foi prejudicada por aquele ato, mas o projeto prevê que, quando houver violação à prerrogativa do advogado, “o reconhecimento da nulidade independerá da prova de prejuízo, que será presumido de forma absoluta”.

A nulidade será reconhecida não só quando o advogado não conseguir falar com o cliente ou não tiver acesso aos autos. Mas também quando seu escritório ou local de trabalho for violado; quando não conseguir entrar num edifício ou recinto onde deva praticar ato ou colher prova útil para seu trabalho, ainda que fora do expediente; ou quando não puder falar perante um juiz para esclarecer um fato relevante para o caso – a chamada “questão de ordem”.

O texto original da proposta foi elaborado pela própria Patricia Vanzolini, advogada criminalista, doutora e professora de Direito Penal, e por alguns colegas associados ao M133, um instituto de valorização da advocacia. Na Câmara dos Deputados, a proposta foi oficialmente apresentada pela deputada Joenia Wapichana (Rede-RR) em 2020.

Na semana passada, Vanzolini foi a Brasília conversar com o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PSD-AM), que também é advogado, para dar impulso à tramitação. Ainda em 2020, o projeto foi apensado à proposta do novo Código de Processo Penal, mas seu teor não foi incorporado pelo relator João Campos (Republicanos-GO).

O intuito de Vanzolini é que Ramos, como vice-presidente, consiga desvincular o projeto da reforma do CPP, que, por ser bem mais ampla e complexa, tem a tramitação mais lenta. O objetivo, portanto, é aprovar o projeto de forma separada e mais rápida.

As preocupações no MP com o projeto de lei
A movimentação em favor do projeto disparou um alerta entre procuradores e defensores do combate à corrupção e à criminalidade. O temor é justamente de que violações a direitos dos advogados que não impliquem em qualquer prejuízo ou dano a direito fundamental de réus causem a anulação de processos e, assim, dificultem ainda mais a punição de criminosos.

Há uma preocupação em relação ao acesso a trechos de uma investigação, algo sujeito à avaliação do juiz que supervisiona o caso. Isso porque cabe a ele decidir se libera ou não o acesso, mesmo quando o caso não está sob sigilo, a depender do andamento da apuração. Muitas vezes, há diligências planejadas – uma busca e apreensão, por exemplo – e a revelação de parte do inquérito pode frustrar sua realização, permitindo que o investigado, prevendo que será alvo da medida, destrua ou suma com as provas que seriam recolhidas.

Se o juiz nega acesso a uma parte do inquérito que possa revelar um plano da investigação, isso poderia abrir uma brecha para o advogado buscar a anulação do caso, por causa da violação a seu direito de acesso.

Há procuradores que temem ainda as consequências de violações a direitos mais simples dos advogados, como o de se reunir com o juiz do caso independentemente de horário previamente marcado. Assim, se um magistrado, por exemplo, deixar de atender o defensor de um réu por um problema de agenda, só isso poderia acarretar uma nulidade.

Esse direito não está especificado na justificativa do projeto de lei, mas o texto proposto, por si só, não lista exatamente quais direitos violados levarão à nulidade de um ato do processo.

Para o ex-procurador Deltan Dallagnol, que foi chefe da força-tarefa da Lava Jato, o projeto, se aprovado pode causar o que alguns estudiosos chamam de “overreacting”, ou seja, um efeito devastador, muito além do razoável, para os processos.

“Acaba fulminando por nulidade coisas que não deveriam, de modo algum, ser fulminadas por nulidade, ampliando ainda mais esse buraco negro das nulidades brasileiras, que acaba sugando e derrubando processos”, diz ele.

Dallagnol lembra que quando um ato é anulado, o Ministério Público não pode recorrer para revalidá-lo. O contrário, no entanto, é possível. Ou seja, quando o juiz rejeita uma nulidade, a defesa pode recorrer a uma instância superior para tentar outra vez.

“Isso faz com que o Ministério Público, para ganhar, tenha de ganhar em todas as instâncias. E ainda que ganhe em todas as instâncias, se no Supremo Tribunal Federal tiver maioria de três contra dois numa turma a favor da nulidade, derruba o processo, ainda que a maior parte dos julgadores, em todas as instâncias, tenham julgado contrariamente à declaração da nulidade”, acrescenta o procurador.

Os argumentos a favor da proposta
À Gazeta do Povo, Patricia Vanzolini disse que, embora as prerrogativas dos advogados estejam fixadas em lei, há uma tendência jurisprudencial de relativizá-las, especialmente porque, em muitas situações, é impossível comprovar o prejuízo à parte de uma violação ao direito do advogado.

Ela dá o exemplo de um advogado que não consegue falar com um cliente denunciado antes de um interrogatório, depois que outras testemunhas mentiram contra ele. “Se ele for condenado e se entendermos que só vou reconhecer essa nulidade se demostrar prejuízo, como vou demonstrar isso? O advogado pode falar que se tivesse conversado, teria sido diferente… mas é impossível provar isso.”

A justificativa do projeto vai na mesma linha: diz que, apesar de inscritos legalmente em 1994 no Estatuto da Advocacia, há uma “dificuldade histórica de concretização desses direitos na prática forense”. Tanto é que só em 2019 as violações passaram a ser criminalizadas, na nova Lei de Abuso de Autoridade. Mesmo assim, diz a justificativa, tal punição não é simples: ocorre apenas em “situações limite”, porque exige que o magistrado, que tem foro privilegiado, aja com dolo e seja acusado pelo Ministério Público. Ademais, a punição do juiz não repara, por si só, o dano que possa ter causado à parte ao violar direito de seu advogado.

Vanzolini afirma que as violações mais comuns dizem respeito à comunicação com o cliente e ao acesso aos autos. Trata-se de direitos do advogado que, segundo ela, são diretamente relacionados a garantias do réu, que não pode ter sua defesa cerceada num processo. E por isso, acrescenta, também são essenciais para o equilíbrio da Justiça, em que defesa e acusação devem ter peso equivalente no julgamento.

“As prerrogativas não são privilégios, não são um excesso nem um supérfluo, não são filigranas jurídicas. São alguns conceitos essenciais para manter esse equilíbrio, de fazer com que os direitos tanto do acusador quanto do acusado sejam respeitados, para que ao final o juiz, de forma isenta e isonômica, decida se a versão mais crível é a do acusado ou é a do acusador”, diz ela.

A advogada lembra que também há nulidade absoluta – sem necessidade de demonstração do prejuízo – quando um juiz não tem competência para analisar um processo. Foi o que levou o STF, por exemplo, a anular as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Lava Jato. Os ministros consideraram que o ex-juiz Sergio Moro deveria ter julgado apenas casos estritamente ligados à corrupção na Petrobras, e não em outras estatais.

Questionada se a ampliação das nulidades poderia ampliar demasiadamente as anulações e prejudicar o combate ao crime, a presidente da OAB disse que a nova lei só valeria para violações futuras aos direitos dos advogados, não se aplicando àquelas ocorridas no passado.

Além disso, argumenta que ela teria um caráter pedagógico, reforçando a ideia de que esses direitos devem ser respeitados e levando a uma maior correção nos processos. Ela diz que contrapor os direitos de advogados e réus à eficiência no combate ao crime é um falso dilema.

“Em primeiro lugar porque a missão do Judiciário não é o combate à criminalidade, que é missão da segurança pública. A missão do Judiciário é ouvir versões conflitantes, decidindo entre elas qual a mais verossímil, é essa a missão, separar o joio do trigo, podendo absolver inocentes, podendo condenar os culpados. E para essa missão ser cumprida, basta respeitar o que está na lei. E se entendermos que o que está na lei é excessivo, que se mude a lei”, diz.

Ela acrescenta que, se os direitos dos advogados forem respeitados, o processo terá mais legitimidade e, no futuro, não correrá o risco de ser anulado ou voltar à estaca zero, levando-o, muitas vezes, a prescrever.

“Quando se violam regras processuais, cria-se uma situação que pode botar a perder todo o trabalho jurídico. Então, é melhor ir com mais cuidado e mais cautela, respeitando as regras processuais, entre elas, as prerrogativas, e depois ter a segurança um processo hígido, idôneo, que não vá ser anulado nem maculado”, diz a advogada.

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