quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

TODOS OS PARTIDOS SÃO CALOTEIROS E O PT É O MAIOR DELES

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo

O quarto protesto “Fora Temer” após a confirmação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) aconteceu na noite desta terça-feira (6) e contou com a presença de mais de mil pessoas, segundo a Polícia Militar (PM); e mais de 5 mil na contagem dos manifestantes. Com a presença do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o protesto também foi menos violento que o do último domingo (4) e registrou apenas um ato isolado de violência. A marcha começou na Praça 19 de Dezembro, no Centro, e seguiu até a Boca Maldita, tradicional palco de manifestações na capital paranaense. Durante o trajeto, os participantes seguiram o comando do MST. Teve pichação e colagem adesivos ao longo do protesto. Curitiba 07/09/2016.

PT é o partido que mais deve aos cofres públicos; dívida inclui débitos previdenciários, multas da Justiça Eleitoral e FGTS não recolhido.| Foto: Antônio More/Arquivo Gazeta do Povo

Gerenciar (ou ter, para usarmos um termo mais próximo da realidade) um partido político no Brasil é um grande negócio. Basta superar um desafio inicial para recolher um certo número de assinaturas, e um cacique partidário ou líder personalista tem abertas as portas a um mundo mágico onde o dinheiro flui livremente na forma de fundos bilionários e onde o apoio parlamentar muitas vezes tem seu preço bem definido. É bem verdade que, mais recentemente, algumas mudanças como a instituição da cláusula de desempenho limitaram um pouco a farra, mas em muitos outros aspectos a vida segue tranquila para partidos grandes ou pequenos – seja os que não passam de aglomerações de políticos cuja lealdade está à venda, os que não são mais que a face institucional de projetos políticos pessoais, ou mesmo aqueles que fazem mais jus ao nome e efetivamente têm personalidade ideológica definida e representatividade popular.

Um exemplo de como os partidos vivem em um mundo à parte está em levantamento recente feito pelo jornal O Estado de S.Paulo: todas as legendas do país, somadas, devem R$ 84 milhões aos cofres públicos – pouco menos de 30% dessa dívida é responsabilidade do PT, que deve R$ 23,6 milhões; em um distante segundo lugar vem o Democratas (R$ 6,5 milhões), seguido de perto por MDB e PDT, ambos também devendo pouco mais de R$ 6 milhões. Ainda que alguém alegue que os números não chegam a ser vultosos, o problema não é este: o acinte está no fato de se tratar de entidades bancadas quase que exclusivamente com dinheiro público para promover interesses particulares – a difusão do seu ideário (quando há um) e a busca e a manutenção do poder por meio de mandatos eletivos.

A legislação não prevê punição alguma a legendas caloteiras, que continuam liberadas para receber dezenas de milhões de reais do Fundo Partidário e do fundão eleitoral

Um destaque todo especial tem de ser dado ao petismo, não apenas por ser o maior dos devedores, mas também pela especial hipocrisia que fica evidente quando se analisa o tipo de dívida acumulada pelo partido, cujos militantes já chegaram a fazer vaquinhas para pagar multas de chefões condenados pela Justiça. A legenda que se diz defensora intransigente dos direitos do trabalhador, que se opõe a qualquer modernização da legislação trabalhista ou previdenciária, deve R$ 16,4 milhões à Previdência Social. Sobrou calote até para o FGTS – são R$ 135 mil não recolhidos por diretórios estaduais ou municipais, cujos gestores atuais são céleres em culpar antecessores. Ora, se os responsáveis são conhecidos, não custa perguntar o que terá sido feito de presidentes e tesoureiros de diretórios que deixam na mão seus funcionários – os trabalhadores que os petistas dizem representar, a ponto de colocá-los no nome do partido – ao não recolher o Fundo de Garantia e a contribuição previdenciária…

A vergonha é ainda maior quando se sabe que nenhum desses partidos tem estímulo algum para quitar seus débitos. A legislação não prevê punição alguma a legendas caloteiras, que continuam liberadas para receber dezenas de milhões de reais do Fundo Partidário e do fundão eleitoral – o dinheiro, aliás, nem pode ser usado para pagar, por exemplo, multas impostas pela Justiça Eleitoral, que no caso do PT somam R$ 5,1 milhões –, fora o acesso a tantas outras benesses como o tempo de propaganda partidária em rádio e televisão.


Eis, novamente, a grande distorção da vida partidária nacional. O problema brasileiro não é o excesso de partidos em si; pelo contrário, criar um partido deveria ser um processo muito mais simples – desde que cada legenda, da menor à maior, tivesse de sobreviver apenas com recursos próprios, vindos de contribuições de seus filiados e daqueles que simpatizam com seu ideário ou com determinado candidato. Sem um único centavo de dinheiro público, sem nenhum privilégio em relação a outras entidades ou pessoas jurídicas, tendo de prestar contas não apenas aos eleitores, mas também aos apoiadores. Enquanto não houver esta mudança radical, os partidos continuarão vivendo em um mundo à parte, longe do cidadão (um ser útil apenas a cada dois anos) e da lei, nadando em dinheiro do contribuinte brasileiro enquanto acumulam dívidas que não fazem a menor questão de pagar.


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GOVERNADORES QUEREM SE REELEGER COM PAUTA DE DIMINUIÇÃO DE IMPOSTOS

De olho na reeleição
Por
Wesley Oliveira – Gazeta do Povo
Brasília

Governadores do DF, Ibaneis Rocha (MDB), e do Piauí, Wellington Dias (PT), durante o Fórum de Governadores, em Brasília, na semana passada.| Foto: Renato Alves/Agência Brasília

Ao menos 16 dos 27 governadores pretendem disputar a reeleição neste ano. De olho nas urnas, e além da tradicional entrega de obras e de promessas locais, os chefes de Executivo estaduais pressionam o Congresso Nacional para aprovar pautas que resultem na ampliação de popularidade nos estados.

Na semana passada, durante o Fórum de Governadores, em Brasília, eles discutiram, por exemplo, a criação de um fundo para estabilização dos preços dos combustíveis. A medida é uma reação dos governadores à promessa do presidente Jair Bolsonaro (PL) de incluir a redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) na chamada PEC dos combustíveis.

A alíquota do ICMS sobre o preço dos combustíveis é um dos principais embates entre o Palácio do Planalto e os governadores. Para Bolsonaro, a redução do imposto estadual poderia diminuir o preço da gasolina, do diesel e do etanol. A medida, no entanto, é rechaçada pelos chefes estaduais, que temem a perda de receita.

Com a proximidade das eleições, os governadores pretendem se mobilizar para que a proposta que cria um fundo com objetivo de estabilizar o preço dos combustíveis e minimiza altas bruscas avance no Congresso. O projeto já passou pela Câmara dos Deputados e estava parado no Senado há mais de quatro meses. Agora, a promessa é de que o texto avance ainda nesse primeiro trimestre.

“Em conversa com os governadores, decidimos apoiar a versão mais recente do Projeto de Lei nº 1.472/2021, que cria um fundo de forma a garantir uma fonte de recursos que não desequilibre a receita dos estados, União e municípios. O fundo pode ser nossa saída para que o consumidor não pague mais caro no combustível e nem viva com a incerteza da alta dos preços”, afirmou o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB).


Estados aceitam abrir discussão sobre ICMS na reforma tributária 
Os governadores sinalizaram que pretendem abrir diálogo com o Congresso sobre a redução do ICMS na discussão da reforma tributária. A proposta é uma das prioridades do Palácio do Planalto no Congresso neste ano. Contudo, parlamentares não acreditam que a proposta seja aprovada em ano eleitoral.

“Vamos falar com o relator da reforma tributária, senador Roberto Rocha. Os governadores reconhecem que tem um papel do ICMS que faz diferença, embora acessoriamente, para essa alta de preços. Eles [governadores] estão dispostos a conversar”, afirmou o senador Jean Paul Prates (PT-RN), relator do PL 1.472/2021 no Senado.

De acordo com o senador Roberto Rocha (PSDB-MA), a instituição de um imposto sobre valor agregado (IVA) na reforma tributária, que unifica a base tributária de consumo, possibilitaria também uma alíquota uniforme para os combustíveis. Na proposta em discussão, o IVA para a União seria chamado de Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e teria origem na unificação de IPI, PIS e Cofins. Já para estados e municípios seria o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), originado pela unificação de ICMS e ISS.

“A alta dos preços dos combustíveis impacta na vida de todos os brasileiros, por isso o Senado está engajado em encontrar uma solução, assim como a Câmara e o Executivo. A PEC 110/2019 resolve esse problema de forma estrutural e prevê um período de transição para os estados se adaptarem. Porém, como a situação é urgente, a PEC pode ser combinada com outros mecanismos, como o fundo de estabilização de que trata o PL 1.472/2021. É nessa direção que tenho dialogado com diversas lideranças, inclusive o senador Jean Paul”, afirmou Rocha.

Para o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), a preocupação dos governadores com o ICMS está atrelada às eleições de outubro. “Diziam que [a proposta] era intervencionista e eleitoreira. Agora, no início de um ano eleitoral, governadores cobram soluções do Congresso. Com os cofres dos estados abarrotados de tanta arrecadação e mirando em outubro, decidiram que é hora de reduzir o preço”, disparou Lira nas redes sociais.

Governadores buscam solução para bancar reajuste de professores
Em outra frente, os governadores buscam mecanismos para garantir o pagamento do novo piso salarial dos professores da educação básica da rede pública. Apesar de o reajuste de 33% ter sido assinado pelo presidente Bolsonaro, o pagamento é feito pelas prefeituras e governos estaduais. O piso mínimo para os docentes da educação básica passou de R$ 2.886,00 para R$ 3.845,63.

O aumento provocou protestos de prefeitos, no entanto, governadores de diversos estados já sinalizaram que buscam medidas para garantir o pagamento dos professores. Nos cálculos, os chefes de Executivos estaduais acreditam que o não pagamento do reajuste poderia implicar em desgastes em ano eleitoral.

Na semana passada, por exemplo, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) afirmou que o reajuste deve ser concedido de maneira imediata. “Todos os estados, DF e municípios devem atualizar os vencimentos iniciais das carreiras do magistério retroativamente a 1º de janeiro de 2022, a fim de pagar minimamente o piso nacional aos/às professores/as com formação em nível médio, na modalidade normal”, afirmou, acrescentando que nos “casos de desobediência da Lei, os sindicatos podem acionar a Justiça”.

Em Minas Gerais, que está em processo de recuperação fiscal, o governador Romeu Zema (Novo) já sinalizou que pretende garantir o reajuste. “O governo de Minas esclarece que seguirá cumprindo o pagamento do piso salarial para os servidores da educação e que estão sendo discutidas as providências para a manutenção desse pagamento a partir da atualização do valor do piso a ser publicado pelo governo federal”, informou a Secretaria de Educação do estado.

Candidato à reeleição, Bolsonaro afirmou que o aumento é uma forma de “valorizar 1,7 milhão de professores do ensino básico do Brasil, que de forma direta estão envolvidos com 38 milhões de alunos”.

Já a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) criticou a medida afirmando que o Executivo federal coloca “em primeiro lugar uma disputa eleitoral”. Pelas contas da CNM, o reajuste anunciado pelo governo federal, de 33,24%, terá impacto de R$ 30,46 bilhões nos cofres dos municípios, “colocando os entes locais em uma difícil situação fiscal e inviabilizando a gestão da educação no Brasil”.


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LULA NÃO FOI ABSOLVIDO OS SEUS CRIMES FORAM PRESCRITOS

 

Lava Jato

Por
Thaméa Danelon – Gazeta do Povo

Processo do caso tríplex que condenou Lula foi anulado pelo STF sob argumento de que Moro não era o juiz natural do caso.| Foto: Ricardo Stuckert

Em julho de 2017 o ex-presidente Lula foi condenado em 1ª instância – pelo ex-juiz Sergio Moro – a 9 anos e 6 meses de prisão pela prática dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, todos apurados na operação Lava Jato. A condenação foi mantida pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), em janeiro de 2018, e sua pena foi aumentada para 12 anos e 1 mês de prisão.

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) – a 3ª instância – também manteve a decisão condenatória, mas diminuiu a pena para 8 anos e 10 meses de prisão em abril de 2018. Contudo, em abril de 2021, o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou esse processo, juntamente com outros três, anulando, inclusive, a decisão do juiz de 1º grau que recebeu a denúncia (a acusação formal feita pelo Ministério Público). Em janeiro de 2022, a Justiça Federal do Distrito Federal decretou a prescrição deste caso, determinando o arquivamento do processo do tríplex.

Bem, sobre a prescrição – que é um evento processual que impede a investigação, processo, condenação e prisão do criminoso –, ela ocorre após o transcurso de determinado prazo, que começa a correr na data da prática do crime. Mas esse prazo pode ser interrompido, sendo desconsiderado todo o prazo que já correu, e começando um novo a partir da referida interrupção.

Uma das causas da interrupção do prazo prescricional é a decisão que recebe a denúncia. Assim, após o pedido de abertura de um processo penal contra alguém feito pelo MP, o juiz da causa irá analisar o requerimento, e estando de acordo com ele, o juiz “receberá a denúncia”, ou seja, determinará a abertura de um processo criminal contra o denunciado, e no dia que esta decisão for proferida, será interrompido o prazo prescricional que já transcorreu, iniciando-se um novo.

Importante deixar claro que o prazo prescricional começa a correr no dia em que uma pessoa cometeu um crime. Quando o STF anulou os processos do ex-presidente Lula, e também anulou a decisão que recebeu a denúncia, esse marco que interrompia o curso do prazo prescricional deixou de existir. Assim, considerando que esse prazo foi iniciado na data em que Lula cometeu os crimes de corrupção (entre 2006 e 2012) nos dias de hoje esse prazo já teria se escoado.

Como o condenado é maior de 70 anos, a lei determina que o prazo da prescrição será reduzido pela metade; por conta disso, quando a Justiça Federal do DF recebeu esse processo do tríplex foi verificada a ocorrência da prescrição dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, resultando na extinção da punibilidade, ou seja, o ex-presidente não poderá mais ser processado, nem condenado e muito menos preso por esses crimes.

E qual seria a solução para se evitar esses casos de impunidade? Seria estritamente essencial o aumento das penas do crime de corrupção, e também uma reforma no sistema das prescrições, para que outras situações análogas e injustas como essa não se repitam. O projeto das “10 medidas contra a corrupção” e o “pacote anticrime” (este apresentado pelo governo federal) objetivavam esse aumento de pena e mudanças nas regras de prescrição, mas, infelizmente, esses pontos não foram alterados pelo Congresso Nacional.

Assim, em relação ao caso concreto do tríplex, essa impunidade não resultou da decisão do juiz da causa no Distrito Federal, mas decorreu da decisão do STF que anulou os quatro processos do ex-presidente. Além da impossibilidade de o ex-presidente ser novamente condenado, todos os valores que foram restituídos aos cofres públicos e bloqueados pela Justiça neste caso, serão devolvidos aos “ex-infratores”.

Deixando bem claro, o ex-presidente Lula não foi absolvido, não foi julgado inocente, mas seu processo foi extinto por conta da prescrição, um instituto injusto, e que resulta, por muitas vezes, na grande impunidade que afeta nosso país de forma tão contundente.


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GOVERNO BOLSONARO INAUGURA MAIS UMA ETAPA DA TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO

Transposição

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo

Presidente Jair Bolsonaro está no Nordeste para inaugurar mais obras de transposição do rio São Francisco.| Foto: Reprodução/Twitter

Mais uma tragédia gerada pela pandemia – e esta talvez seja a que terá mais consequências a longo prazo. Segundo dados obtidos pelo IBGE na pesquisa domiciliar por amostragem, 2,3 milhões de crianças de 5 a 6 anos de idade estão sem saber ler, porque as escolas ficaram fechadas nos lockdowns decretados por prefeitos e governadores sob a tutela do Supremo Tribunal Federal. A ONG Todos pela Educação já havia feito esse alerta.

Esse é um dado terrível, que abrange tanto crianças de famílias mais abastadas quanto crianças mais pobres. Entre as mais pobres, o analfabetismo etário subiu de 33% para 51%. E entre os de mais recursos, o salto foi de 11,4% para 16,6%.

A Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos, já fez um longo estudo mostrando que o lockdown não teve nenhum efeito positivo, só gerou prejuízo. Este talvez seja o maior deles.

Estou contando isso porque em muitos lugares ainda está se discutindo e se relutando em reabrir escolas para o necessário ensino, a formação do futuro, porque sem ensino, o país não tem futuro.

Não havia sigilo
A Inteligência da Polícia Federal concluiu um inquérito administrativo que mostra que os documentos sobre o ataque hacker ao sistema da Justiça Eleitoral que o presidente Jair Bolsonaro mostrou nas redes sociais foram fornecidos pelo delegado da PF de modo transparente, dentro da lei.

Não havia decisão judicial que colocasse a tramitação do inquérito sob sigilo ou segredo de Justiça, nem classificação de documentos ou peças com algum grau de reserva. Pronto, acabou! Todo o barulho feito em torno disso foi apenas mais um fiasco.

Obra de transposição finalizada
Chegou o grande dia em que as águas do Rio São Francisco, que nasce na Serra da Canastra, quase na divisa entre Minas Gerais e São Paulo, vão correr também até o Rio Grande do Norte, depois de 3 mil quilômetros. O presidente Bolsonaro vai estar em Jardim de Piranhas e Jurucutu para a inauguração final da transposição do Velho Chico.

Nesta terça-feira (8) de manhã, ele esteve em Salgueiro, onde tem um grande núcleo operacional para bombear e distribuir água, que vai de Pernambuco para Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte. Depois esteve no Ceará, numa represa que passou a fornecer água para a região metropolitana de Fortaleza.

Em outras palavras, quando o dinheiro não vai para Cuba, Venezuela, nem vai pelo ralo da corrupção, se conclui a transposição do Rio São Francisco.

Direito de chorar
A nova Lei Rouanet entrou em vigor e agora já não beneficia mais só artista rico, aquele que cobra R$ 400, R$ 500 no preço do ingresso. O foco agora será, principalmente, e esse era o objetivo da lei de 1991, prestigiar aqueles que estão começando e precisam de apoio, a verdadeira cultura e arte brasileiras.

Valores foram alterados pela nova lei. Imaginem só que havia subsídio de R$ 2 milhões para aluguel de um teatro. Agora é no máximo R$ 10 mil. Por artista era R$ 1 milhão. Agora baixou para R$ 500 mil. É claro que esse não era o limite para recuperar museus, prédios históricos, ajudar orquestras, promover festas populares e tradicionais. Eram coisas incríveis que aconteciam. Havia subsidio para pagar R$ 45 mil de cachê de artista; agora o limite é R$ 3 mil.

É claro que certos artistas, que vocês conhecem e têm grande bilheteria, já foram reclamam até a Corte Interamericana de Direitos Humanos, porque também não ficou mais obrigatório botar um escritório de advocacia para fazer o processo. A OAB também entrou no Supremo. Bom, é o direito de chorar. Agora, lembre-se, é o nosso dinheiro que está em jogo.


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POLÍTICA É A TERRA DO NUNCA IGUAL AO MUNDO DE PETER PAN

 

  1. Cultura 

A terra do nunca é um não lugar que não existe, mas que, uma vez inventado, existe. Entendeu?

Roberto DaMatta, O Estado de S. Paulo

Só Peter Pan conseguia se separar de sua sombra, conforme narrou, num longínquo 1902, James Matthew Barrie num livro originalmente intitulado The Little White Bird (A pequena ave branca). Foi somente em 1906 que surgiu o Peter Pan como um herói infantil que conhece uma “neverland” – um mundo paradoxal do nunca que é inaugurado na cabeça dos ficcionistas. A terra do nunca é um não lugar que não existe, mas que, uma vez inventado, existe. Entendeu?

Ouvi essa história de minha tia Amália, irmã de papai, solteirona e contadora de contos de fadas. Uma pessoa marginal na família extensa na qual cresci e que hoje está nesta imensa terra do nunca ao lado de um monte de meninos com a coragem de enfrentar piratas e dragões; de mocinhas inocentes encantadas por fadas más; de princesas à espera de serem desvirginadas por seus apaixonados e reais consortes. A coragem do menino solitário em busca do seu destino (a sua terra do nunca) sempre me impressionava, tal como o “dragão” que, exatamente como a polícia política ou o radicalismo fanático, está acordado de olhos fechados e dorme quando os abre. 

Peter Pan
Duelo. Peter Pan (Mateus Ribeiro) e Capitão Gancho (Daniel Boaventura) Foto: Amanda Perobelli/Estadão

Se você, leitor, encontrar um dragão, lembre-se dos conselhos de titia: de olhos abertos, dormem, mas de olhos fechados estão mais vivos do que nunca. É nesse jogo de oposições que vivemos o nosso inescapável “aqui e agora”. 

Prisioneiros de nossos sistemas pelo seu lado visível e invisível, estamos sempre preocupados com o que poderá acontecer ou com o que virá de fora de nossos desejos e planos. Na terra do nunca, onde pessoas voam e perigos incríveis são banais – essas terras das fadas, bruxos, princesas e dragões –, as sombras têm vida própria e podem nos enganar porque, tal como o inconsciente freudiano, elas independem de nossos movimentos. Parece o pior da política nacional, não?

Se vamos para a direita, nossa sombra vai para a esquerda e se ficamos parados, elas correm. No mundo real, as sombras são sombras. Na terra do nunca, elas nos irritam com suas vidas independentes.

É o que vamos viver até as eleições que se aproximam. A competição eleitoral traz de volta um mundo de sombras soltas. Ele lembra uma velha quadrinha mineira que bem exprime a ética do ganhar a qualquer custo: “Tu fingiste que me enganaste e eu fingi que acreditei, foste tu que me enganaste ou fui eu que te enganei?”.

O TEMPO É SABER DEFINIR O TIMING DAS COISAS

 

  1. Cultura 

Santo Agostinho disse que sabia o que era o tempo, desde que não perguntassem a ele

Leandro Karnal, O Estado de S. Paulo

A máxima de Sartre sobre o inferno estar nos outros deveria ser mais específica. Como? A resposta vem do inglês: timing. fícil traduzir em um único termo na nossa língua. Trata-se de uma adequação cronológica: usar a quantidade de tempo adequada para alguma tarefa. De outra forma: ter sensibilidade em não ser rápido ou lento demais para uma fala, uma ação, alguma providência ou reação.

Vamos listar alguns motivos de brigas de casais. Vá identificando, querida leitora e estimado leitor, quais os que permeiam suas raivas. Ele ou ela: a) passa tempo demais ao celular; b) demora muito para se arrumar; c) fala longamente para dizer pouca coisa objetiva; d) anda de forma rápida ou lenta em excesso; e) usa muito ou pouco tempo para organizar as coisas da casa… Em resumo: tudo tem relação com timing.

Tarcísio Meira
Tarcísio Meira durante as filmagens de ‘O Tempo e o Vento’ Foto: Rede Globo

Timing destrói casamentos, derruba carreiras, solapa impérios. É a chave dos divórcios, do fim de uma biografia política ou do poder de uma empresa. Não apenas o inferno está no outro, o mundo diabólico alheio é o timing. Identifique o que o irrita e haverá, sob a capa da raiva, uma noção de tempo adequado. Pense em brigas de trânsito: quase sempre envolvem variantes da física clássica: velocidade, distância e tempo.

Por que o WhatsApp criou a possibilidade de ouvir mensagens de áudio em forma acelerada? Timing! Posso transformar o “podcast” da pessoa sem senso em breve recado com voz de Pato Donald. Eis a função redentora da tecnologia.

Santo Agostinho disse que sabia o que era o tempo, desde que não perguntassem a ele. Se o grande teólogo tivesse de explicar, já não saberia. Eu também não consigo definir o tempo. Bem achava que sabia, até ler Uma Breve História do Tempo (Stephen Hawking). A partir daí, entendi Agostinho mesmo: não sei definir o tempo, mas sei quando ele avança demais ou se arrasta de forma fatal…

Há pessoas que param para conversar assim que chegam ao topo da escada rolante, causando um efeito desastroso atrás. Todos já sofreram com os seres que decidem que a porta do elevador aberta é o momento ideal para longas despedidas. E o amigo que necessita ir ao banheiro apenas depois de a conta ter sido paga e todos terem se despedido? Não controlamos a bexiga alheia, nem o timing da humanidade.

No vasto inferno do convívio social, somos os demônios uns dos outros. Manda uma boa etiqueta que sejamos tolerantes para não aumentar o sofrimento. Verdade, porém, se de vez em quando se punisse em praça pública quem manda áudios longos no celular, o exemplo poderia melhorar muito a vida… Esperança?

MARKETING DO CELULAR TENDÊNCIAS PARA 2022

 

Mundo do Marketing – Marcos Guerra, superintendente de Receita e Marketing na Pontaltech

Ferramenta vem sendo uma das principais estratégias de comunicação no mundo corporativo, a fim de proporcionar um relacionamento próximo e personalizado entre as empresas e os consumidores

É bem provável que neste exato momento você esteja utilizando seu celular ou ele esteja do seu lado, com vários aplicativos rodando em segundo plano. Isso porque o Brasil tem aproximadamente 109 milhões de usuários de smartphones atualmente, o que corresponde a mais da metade da população. Com isso, o país fica em quinto lugar no ranking global com maior número de usuários desses aparelhos, segundo a consultoria Newzoo. As estratégias que envolvem o mobile são as principais para o ano de 2022 e isso envolve muito mais do que avanço de tecnologia, mas uma mudança de comportamento do consumidor.

Segundo Marcos Guerra, superintendente de Receita e Marketing na Pontaltech, o Marketing foi uma das áreas que mais teve que se transformar nos últimos anos, especialmente durante a pandemia. Reclusos em nossos lares, os aparelhos eletrônicos se tornaram o único meio de comunicação entre as empresas e seus consumidores, criando enormes oportunidades especialmente para o Mobile Marketing.

Um dos maiores aprendizados desse período foi a importância dos avanços tecnológicos no aprimoramento do relacionamento entre as companhias e os clientes. Muito mais do que identificar as plataformas nas quais os usuários estão, saber como alcançá-los por meio de mensagens personalidades e únicas se mostrou vital para as empresas. Segundo uma pesquisa realizada pela Open Text, mais de 70% dos consumidores voltam a comprar com as marcas que os tratam de forma individualizada, destacando a relevância da personalização das estratégias de marketing. Essa e muitas outras ações devem ser tendência em 2022.

Veja as principais tendências desta estratégia para 2022 a serem investidas pelas organizações, segundo Marcos Guerra.

#1 Redes sociais: Não há sombra de dúvidas do poder que as redes sociais ganharam durante o isolamento social. Mais do que meros canais de entretenimento, hoje elas são importantes meios de comunicação entre as empresas e seus clientes. Foram mais de 2.77 bilhões de usuários mensais registrados em aplicativos de mensageria em 2020, segundo dados do eMarketer – o que as torna canais indispensáveis para qualquer negócio, independentemente de porte ou segmento.

#2 SMS: Com tantas tecnologias sofisticadas, é comum quem estranhe a importância do SMS para o marketing nos dias de hoje. Mas, ele é um dos meios que possibilita um relacionamento mais próximo e interativo, com envio de mensagens praticamente instantâneo e, ainda, a possibilidade de ser personalizado e segmentado. Segundo o relatório do Simple Texting de 2020, quase 80% dos consumidores gostam de receber ofertas por texto, em conjunto com 53% que preferem se relacionar com marcas que utilizam SMS.

#3 RCS: Considerado como uma das maiores evoluções no sistema de mensageria, o RCS (Rich Communication Service) proporciona uma experiência rica e personalizada aos usuários. Com um novo padrão de comunicação no mercado, aceita recursos multimídia, como imagens, vídeos, áudios e gifs, tornando a comunicação mais leve e atrativa. Esse meio deve crescer significativamente em 2022.

#4 Google Business Messages: Esta é, talvez, uma das maiores apostas do Google para um maior engajamento com os clientes, possibilitando que o consumidor entre em contato diretamente com uma empresa pela página de pesquisa na plataforma. Ainda, com confirmação de leitura, ele permite o envio de um carrossel completo de imagem, texto e figurinhas – uma quantidade enorme de features que favorece a fidelidade com a marca – fator altamente relevante em mercados competitivos.

#5 Ominchannel: Cada uma dessas estratégias, por si só, é extremamente vantajosa para os negócios. Mas, quando integradas, trarão ainda mais benefícios para a comunicação com os clientes. A estratégia omnichannel no mobile marketing visa a multiplicidade da oferta de canais aos consumidores, de forma que possam escolher onde preferem conduzir sua jornada de compra. Podendo, assim, ter uma experiência contínua, fluída e com grandes chances de voltarem a comprar da marca no futuro.

Favorecidos pelos avanços tecnológicos, hoje temos diversas opções modernas e completas para o desenvolvimento de excelentes estratégias de mobile marketing. Seja qual for o meio escolhido, lembre-se sempre de evitar qualquer comunicação abusiva. Respeite seu público e mantenha uma comunicação clara, limpa e leve – possibilitando que o cliente tenha o poder da escolha. No final, o que irá determinar o sucesso dessas ações é a experiência personalizada de seus consumidores.

ESCALANDO NEGÓCIOS DA VALEON

1 – Qual é o seu mercado? Qual é o tamanho dele?

O nosso mercado será atingir os 766 mil habitantes do Vale do Aço e poder divulgar os produtos / serviços para vocês clientes, lojistas, prestadores de serviços e profissionais autônomos e obter dos consumidores e usuários a sua audiência.

A ValeOn atenderá a todos os nichos de mercado da região e especialmente aos pequenos e microempresários da região que não conseguem entrar no comércio eletrônico para usufruir dos benefícios que ele proporciona. Pretendemos cadastrar todas as empresas locais com CNPJ ou não e coloca-las na internet.

2 – Qual problema a sua empresa está tentando resolver? O mercado já expressou a necessidade dessa solução?

A nossa Plataforma de Compras e Vendas que ora disponibilizamos para utilização das Empresas, Prestadores de Serviços e Profissionais Autônomos e para a audiência é um produto inovador sem concorrentes na região e foi projetada para atender às necessidades locais e oferecemos condições de adesão muito mais em conta que qualquer outro meio de comunicação.

Viemos para suprir as demandas da região no que tange a divulgação de produtos/serviços cuja finalidade é a prestação de serviços diferenciados para a conquista cada vez maior de mais clientes e públicos.

O nosso diferencial está focado nas empresas da região ao resolvermos a dor da falta de comunicação entre as empresas e seus clientes. Essa dor é resolvida através de uma tecnologia eficiente que permite que cada empresa / serviços tenha o seu próprio site e possa expor os seus produtos e promoções para os seus clientes / usuários ao utilizar a plataforma da ValeOn.

3 – Quais métodos você usará para o crescimento? O seu mercado está propício para esse tipo de crescimento?

Estratégias para o crescimento da nossa empresa

  1. Investimento na satisfação do cliente. Fidelizar é mais barato do que atrair novos clientes.
  2. Equilíbrio financeiro e rentabilidade. Capital de giro, controle de fluxo de caixa e análises de rentabilidade são termos que devem fazer parte da rotina de uma empresa que tenha o objetivo de crescer.
  3. Desenvolvimento de um planejamento estratégico. Planejar-se estrategicamente é como definir com antecedência um roteiro de viagem ao destino final.
  4. Investimento em marketing. Sem marketing, nem gigantes como a Coca-Cola sobreviveriam em um mercado feroz e competitivo ao extremo.
  5. Recrutamento e gestão de pessoas. Pessoas são sempre o maior patrimônio de uma empresa.

O mercado é um ambiente altamente volátil e competitivo. Para conquistar o sucesso, os gestores precisam estar conectados às demandas de consumo e preparados para respondê-las com eficiência.

Para isso, é essencial que os líderes procurem conhecer (e entender) as preferências do cliente e as tendências em vigor. Em um cenário em que tudo muda o tempo todo, ignorar as movimentações externas é um equívoco geralmente fatal.

Planeje-se, portanto, para reservar um tempo dedicado ao estudo do consumidor e (por que não?) da concorrência. Ao observar as melhores práticas e conhecer quais têm sido os retornos, assim podemos identificar oportunidades para melhorar nossa operação e, assim, desenvolver a bossa empresa.

4 – Quem são seus principais concorrentes e há quanto tempo eles estão no mercado? Quão grandes eles são comparados à sua empresa? Descreva suas marcas.

Nossos concorrentes indiretos costumam ser sites da área, sites de diretório e sites de mídia social. Nós não estamos apenas competindo com outras marcas – estamos competindo com todos os sites que desejam nos desconectar do nosso potencial comprador.

Nosso concorrente maior ainda é a comunicação offline que é formada por meios de comunicação de massa como rádios, propagandas de TV, revistas, outdoors, panfletos e outras mídias impressas e estão no mercado há muito tempo, bem antes da nossa Startup Valeon.

5 – Sua empresa está bem estabelecida? Quais práticas e procedimentos são considerados parte da identidade do setor?

A nossa empresa Startup Valeon é bem estabelecida e concentramos em objetivos financeiros e comerciais de curto prazo, desconsideramos a concorrência recém chegada no mercado até que deixem de ser calouros, e ignoramos as pequenas tendências de mercado até que representem mudanças catastróficas.

“Empresas bem estabelecidas igual à Startp Valeon devemos começar a pensar como disruptores”, diz Paul Earle, professor leitor adjunto de inovação e empreendedorismo na Kellogg School. “Não é uma escolha. Toda a nossa existência está em risco”.

6 – Se você quiser superar seus concorrentes, será necessário escalar o seu negócio?

A escalabilidade é um conceito administrativo usado para identificar as oportunidades de que um negócio aumente o faturamento, sem que precise alavancar seus custos operacionais em igual medida. Ou seja: a arte de fazer mais, com menos!

Então, podemos resumir que um empreendimento escalável é aquele que consegue aumentar sua produtividade, alcance e receita sem aumentar os gastos. Na maioria dos casos, a escalabilidade é atingida por conta de boas redes de relacionamento e decisões gerenciais bem acertadas.

Além disso, vale lembrar que um negócio escalável também passa por uma fase de otimização, que é o conceito focado em enxugar o funcionamento de uma empresa, examinando gastos, cortando desperdícios e eliminando a ociosidade.

Sendo assim, a otimização acaba sendo uma etapa inevitável até a conquista da escalabilidade. Afinal de contas, é disso que se trata esse conceito: atingir o máximo de eficiência, aumentando clientes, vendas, projetos e afins, sem expandir os gastos da operação de maneira expressiva.

Pretendemos escalar o nosso negócio que é o site marketplace da Startup Valeon da seguinte forma:

  • objetivo final em alguma métrica clara, como crescimento percentual em vendas, projetos, clientes e afins;
  • etapas e práticas que serão tomadas ao longo do ano para alcançar a meta;
  • decisões acertadas na contratação de novos colaboradores;
  • gerenciamento de recursos focado em otimização.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

PTRALHAS PROMOVEM INTOLERÂNCIA RELIOGIOSA

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo – Gazeta do Povo

Renato Freitas liderou manifestação dentro de igreja de Curitiba.| Foto: Reprodução / Instagram


Depois de 13 anos e meio no poder, promovendo todo tipo de políticas de demolição da família e desrespeito à vida humana por nascer, o Partido dos Trabalhadores está se engajando em uma campanha de aproximação com grupos religiosos cristãos, como parte do esforço de construção de uma imagem de “moderado” para o ex-presidente, ex-presidiário e ex-condenado Lula. No entanto, às vezes o DNA de um partido que idolatra regimes autocráticos conhecidos pelo ataque sem trégua às liberdades democráticas – inclusive a liberdade religiosa – acaba falando mais alto.

No sábado, um grupo liderado pelo vereador petista Renato Freitas invadiu uma missa católica na igreja de Nossa Senhora do Rosário, no Centro de Curitiba, e forçou a interrupção da cerimônia religiosa, apesar dos pedidos do sacerdote que realizava a celebração. Manifestantes com bandeiras do PT e do PCB forçaram a entrada na igreja e passaram a gritar palavras de ordem como “racistas” e “fascistas”. O que teoricamente era um protesto contra a morte do congolês Moïse Mugenyi e de Durval Teófilo Filho, ambos recentemente assassinados de forma brutal e injustificável no Rio de Janeiro, se tornou um ato político com críticas ao presidente Jair Bolsonaro e aos católicos, que o teriam ajudado a chegar ao poder nas eleições de 2018.

Caso não haja punição, ficará aberto o precedente para novas agressões semelhantes em todo o país, especialmente neste período eleitoral

O episódio é demonstração cabal de desinformação, acrescida pela ironia de ter se realizado em uma igreja que tem ligação histórica com a comunidade negra de Curitiba. Afinal, não há o menor indício de que a Igreja Católica tenha alguma responsabilidade na morte de Moïse ou de Durval; ou que os dois assassinatos tenham motivação inegavelmente racista; ou mesmo que os católicos em bloco devam ser responsabilizados pela eleição de Bolsonaro, já que dentro do catolicismo há ampla liberdade para se abraçar qualquer ideário político que não desrespeite os pressupostos centrais da fé: se é verdade que há católicos eleitores e apoiadores de Bolsonaro, também os há em bom número que se opõem ao presidente da República, incluindo membros do episcopado nacional.

Nada disso, no entanto, interessa à militância – que, a bem da verdade, não é hostil a todos os cristãos ou religiosos, mas apenas àqueles que ela não consegue instrumentalizar. Laicistas não veem o menor problema com a participação de religiosos na vida pública se eles estiverem de acordo com o credo “progressista”, e a enorme quantidade de líderes religiosos lançados como candidatos por partidos de esquerda no Brasil é prova disso. Quanto aos que não se deixam cooptar, a esses restam a intolerância, os xingamentos de “fascistas” e a violação de sua liberdade de prestar culto publicamente.

É até possível que o episódio de Curitiba seja um ato tresloucado de alguém que perdeu completamente o bom senso, e que não necessariamente esteja colocando em curso alguma orientação partidária, implícita ou explícita, por mais que o PT tenha seu inegável histórico de intolerância e aversão às liberdades daqueles que dele discordam. A resposta que o partido dará a este seu filiado será extremamente importante – qualquer desfecho, favorável ou desfavorável ao vereador, será uma mensagem forte à sociedade, ainda mais por se tratar de um detentor de cargo público, que não foi eleito para disseminar ódio antirreligioso.


Convicções da Gazeta: O Estado laico
Mesmo assim, resumir todo o acontecimento a uma demonstração de intolerância religiosa, identitária e político-partidária que resumiria as convicções de um lado do espectro ideológico é uma simplificação exagerada dos enormes riscos embutidos em uma eventual impunidade neste caso. Pois o que ocorreu em Curitiba, para além de uma demonstração de ódio antirreligioso, é crime previsto pelo artigo 208 do Código Penal, que pune quem “impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso”, entre outros crimes contra o sentimento religioso, com multa ou detenção de um mês a um ano. Além da responsabilização na esfera criminal, o mínimo que se espera é, também, uma punição a Freitas por parte de seus pares na Câmara Municipal de Curitiba – sua cassação por quebra de decoro já foi pedida por três vereadores.

Caso nada disso ocorra, ficará aberto o precedente para novas agressões semelhantes em todo o país, especialmente neste período eleitoral. Grupos militantes de todos os lados se sentirão autorizados a interromper cerimônias religiosas, especialmente no caso de celebrantes que já tenham feito declarações políticas a favor ou contra determinado candidato ou partido. Pois que fique claro: se é inaceitável que petistas e militantes de esquerda interrompam uma missa para atacar os católicos por um suposto apoio a Jair Bolsonaro, seria igualmente inaceitável que defensores do presidente da República fizessem o mesmo no caso de um padre, bispo ou pastor que faça críticas públicas – por mais contundentes que sejam – a Bolsonaro. A defesa da liberdade religiosa, uma das “sirenes” da democracia, como a chamam os colunistas da Gazeta do Povo Thiago Vieira e Jean Regina, vale para todos, independentemente da sua fé, da sua convicção política e de como eles relacionam essas duas dimensões de suas vidas.


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