terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

PRESIDENCIÁVEIS DIZEM O QUE VÃO FAZER COM A PETROBRAS

 

Propostas
Por
Olavo Soares – Gazeta do Povo
Brasília

Sede da Petrobras, no Rio de Janeiro: da privatização ao controle de preços, pré-candidatos têm diferentes planos para a estatal e o preço do combustível.| Foto: Agência Petrobras

Os elevados preços dos combustíveis, que têm protagonizado o debate político e a agenda do Congresso com projetos de lei que buscam baixar os valores nas bombas, começam também a ganhar importância na corrida eleitoral. O presidente Jair Bolsonaro (PL) e os pré-candidatos à sua sucessão têm sido questionados sobre o tema e também sobre a gestão da Petrobras.

Os posicionamentos de Bolsonaro e de outros quatro pré-candidatos ao Planalto – Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Sergio Moro (Podemos), Ciro Gomes (PDT) e João Doria (PSDB) – refletem o perfil que se espera de acordo com os rótulos do espectro político.

Os nomes mais próximos da esquerda rejeitam a privatização da Petrobras e condenam a vinculação do preço dos combustíveis ao valor do dólar. E os alinhados com os valores de direita são contrários a mecanismos artificiais de controle de preço e falam na venda da estatal, ou ao menos da diminuição de seu tamanho.

A operação Lava Jato também entra nos discursos, novamente dividindo direita e esquerda. Esquerdistas apontam a operação como responsável pelo “desmonte” da Petrobras e por uma suposta “entrega” da produção brasileira a companhias internacionais. Os direitistas, por sua vez, culpam a corrupção na estatal, descoberta pela Lava Jato, como responsável pela fragilização da empresa, o que causaria impacto até hoje nos preços dos combustíveis.

Confira a seguir o que planejam Bolsonaro, Lula, Moro, Doria e Ciro para a redução de preços de combustíveis e para a Petrobras. A Gazeta do Povo também procurou a opinião de outros quatro pré-candidatos: Simone Tebet (MDB), Alessandro Vieira (Cidadania), Rodrigo Pacheco (PSD) e André Janones (Avante).

A assessoria da representante do MDB disse que a pré-campanha ainda está em seu início e não há um planejamento consolidado para o setor. A assessoria de Vieira declarou que o pré-candidato não poderia comentar. As assessorias de Pacheco e Janones não deram resposta.


Lula: Petrobras como “indutora do desenvolvimento econômico”
O ex-presidente definiu a política atual de preços da Petrobras como vilã responsável pelos preços pagos pelos consumidores. “Nós não vamos manter o preço da gasolina dolarizado. É importante que o acionista receba seus dividendos quando a Petrobras der lucro, mas eu não posso enriquecer o acionista e empobrecer a dona de casa que vai comprar um quilo de feijão e paga mais caro por causa da gasolina”, disse o petista em entrevista recente à Rede RDR.

A política condenada por Lula tem como essência a definição do preço dos derivados de petróleo a partir do mercado internacional. Com isso, o valor dos combustíveis fica atrelado às cotações do barril e do dólar. Como elas avançaram nos últimos anos, por extensão o preço do combustível também subiu. Essa política – chamada de preço de paridade de importação (PPI) – foi implantada em 2016, durante a gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB), e substituiu um quadro em que a Petrobras comercializava seus produtos com preços abaixo de mercado dentro do território nacional, para assim conter os preços ao consumidor final.

Lula também declarou, recentemente, que a Petrobras não pode ser vista “como uma empresa de petróleo”, e sim uma “indutora do desenvolvimento econômico”. Durante os governos do PT, de Lula e da ex-presidente Dilma Rousseff, a Petrobras era utilizada também como mecanismo para conter a inflação. Os preços cobrados pela companhia eram artificialmente diminuídos, por conta de seu potencial para interferir na roda econômica do país como um todo.

Bolsonaro: menos impostos e, talvez, privatização
A política de preços da Petrobras tem outro crítico, este mais inusitado: Jair Bolsonaro. Em diversas ocasiões, especialmente no segundo semestre do ano passado, o presidente da República declarou que a estatal estava acumulando “lucros absurdos” e criando um “monopólio” que beneficiava seus acionistas e prejudicava o restante da população brasileira.

Apesar das críticas, Bolsonaro não formalizou uma alternativa à política de preços. Suas ações para reduzir os custos da gasolina estão focadas na carga tributária. A redução de impostos, anunciada pelo presidente, consta de uma proposta de emenda à Constituição (PEC) apresentada na semana passada pelo deputado aliado Christino Áureo (PP-RJ).

O chefe do Executivo também culpa os governadores pelos preços altos, por conta da incidência do ICMS. Bolsonaro chegou a desafiar os governadores a zerarem o imposto estadual dos combustíveis. Os governadores promoveram um congelamento dos preços de referência do ICMS, mas, em meio à alta nas refinarias da Petrobras, a medida não chegou a resultar em queda de preços.

Bolsonaro também responsabiliza o PT pelo preço pago atualmente pelos brasileiros. Em discurso na última quarta-feira (2), o presidente disse que as gestões petistas fizeram que a dívida da Petrobras chegasse a R$ 900 bilhões.

O presidente disse ainda, em outras ocasiões, que a Petrobras deveria ser vendida. Mas não chegou a efetivar uma proposta para a privatização da empresa.


Ciro: estatização e nova política de preços

O presidenciável do PDT tem oposição frontal à ideia de privatização da Petrobras. Ele declarou que, se for eleito presidente e chegar ao poder em um cenário de Petrobras já privatizada, reestatizaria a empresa. Como base de seu argumento, Ciro aponta que “80 em cada 100 barris de petróleo do mundo” são produzidos por empresas estatais, como as que operam em países como Noruega, Canadá e Arábia Saudita.

A dolarização é também condenada por Ciro Gomes. “Acabar com esse absurdo de brasileiro pagar combustíveis em dólar”, disse. Ele afirmou que, se eleito, convocaria o conselho de administração da Petrobras “no primeiro dia de mandato” para promover a definição de uma nova política de preços para a companhia.

Moro: privatização “sem gambiarras”
Pré-candidato do Podemos, Sergio Moro se posicionou recentemente pela privatização da Petrobras. Em entrevista ao canal Flow, o ex-ministro afirmou que considera a Petrobras “atrasada” e que o Brasil precisa avançar na exploração de outras fontes de energia.

“Estamos discutindo isso hoje ainda, a gente não consegue virar essa página. Daí as pessoas perguntam por que o Brasil não cresce. Porque a gente não consegue virar a página e fazer as reformas que a gente precisa fazer porque a política não deixa. Uma das coisas é a privatização”, afirmou.

Em relação às ideias atuais do governo para reduzir os preços, Moro disse considerá-las uma espécie de “gambiarra” que poderia levar ao aumento de preços. “Eles estão falando aí em apresentar uma PEC para tirar o imposto. Provavelmente vai levar a um aumento de juros e diminuir a atividade econômica. Vai ser ainda pior”, afirmou, também ao Flow.

Moro endossa também as críticas de Bolsonaro à gestão do PT e às denúncias de corrupção motivadas pela operação Lava Jato. Recentemente, ele trocou farpas públicas com a presidente do partido, a deputada Gleisi Hoffmann (PR). O ex-juiz afirmou que o PT “saqueou a Petrobras” e a petista declarou que Moro “entregou a empresa pros americanos”.

Doria: defesa da política de preços e venda de refinarias

O governador de São Paulo, em posicionamento recente, defendeu a política atual de preços da Petrobras. Disse que “petróleo e derivados são commodities e os preços domésticos devem guardar paridade com preços internacionais”.

Segundo ele, uma modificação no sistema prejudicaria os acionistas da Petrobras e poderia reduzir a capacidade de investimentos da empresa. Doria declarou, no entanto, ser favorável a “inclusão de formatos que suavizem as variações de preços, especialmente no diesel e no gás de botijão”.

Segundo Doria, as “instabilidades provocadas pelo governo” contribuíram também para que houvesse dificuldade na gestão do impacto do dólar sobre os preços finais.

O tucano acrescentou que a venda de refinarias da Petrobras poderia “inserir maior concorrência no setor” e “um incentivo para mais investimentos”.


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MORO FAZ PROMESSAS PARA EVANGÉLICOS

 

“Carta aos cristãos”

Por
Renan Ramalho – Gazeta do Povo
Brasília

Em Fortaleza, Moro reforçou interesse em ações sociais das igrejas, e disse em carta que garantirá a elas “benefícios legais e constitucionais”| Foto: Divulgação/Podemos

Na carta de princípios que dirigirá a lideranças evangélicas nesta segunda-feira (7), em Fortaleza, o ex-juiz Sergio Moro, pré-candidato à Presidência da República pelo Podemos, diz que, caso seja eleito, vai combater “com rigor e na forma da lei o tráfico ilícito de drogas”, “buscando proteger famílias, crianças e adolescentes da influência destruidora das drogas”. Por outro lado, diz o texto, ele não vai tratar o dependente químico como criminoso e admitirá, inclusive, o uso medicinal de determinadas drogas, “desde que com recomendação científica a partir de testes farmacológicos”.

Esse é um dos 14 compromissos de Moro listados no documento, que marca sua tentativa de se aproximar mais do eleitorado evangélico, que foi decisivo para a vitória do presidente Jair Bolsonaro na eleição de 2018. Em relação ao assunto drogas, o ex-juiz ainda chama a atenção para a relação do tráfico com a violência e o crime organizado. Enaltece, por outro lado, o papel das comunidades terapêuticas – em boa medida, ligadas no Brasil a organizações religiosas cristãs – na recuperação de pessoas viciadas em drogas.

Na carta, Moro defendeu a “estruturação de condições favoráveis à atuação das Comunidades Terapêuticas, que têm obtido sucesso no tratamento e recuperação de pessoas com base em técnicas de redução ou de abstinência total do uso de tais substâncias”.

Em vários outros pontos do documento, ele elogia projetos sociais vinculados às igrejas. Como mostrou a Gazeta do Povo, caso eleito, ele pretende ampliar parcerias com essas entidades, não necessariamente por meio de aporte de recursos públicos, para ampliar o trabalho assistencial a pessoas pobres, como também ações solidárias nas áreas de educação e saúde, por exemplo.

“Prestigiaremos o papel constitucional colaborativo das Organizações Religiosas e de Terceiro Setor confessionais na assistência social, desestimulando exigências restritivas desproporcionais às instituições e seus membros e garantindo os benefícios legais e constitucionais, bem como a imunidade tributária e o direito de acomodação dos dias sagrados”, diz outro compromisso.

Sem troca de favores
Moro, por outro lado, também diz que, no relacionamento com as igrejas, “não serão solicitadas quaisquer trocas de favores institucionais”, considerando, sobretudo, a proibição legal de pessoas jurídicas para campanhas eleitorais.

“Buscaremos o apoio individual das lideranças eclesiásticas e de influenciadores do segmento, mas não será perseguido o apoio institucional expresso de igrejas, para evitar quaisquer constrangimentos pessoais ou distorções do pleito eleitoral, respeitando a autonomia da consciência e a liberdade individual”, diz a carta.

Num trecho anterior, também diz que, durante a campanha, não haverá propaganda política em missas e cultos nas igrejas, “pois se trata de local e momento inapropriados”.

Contra a ampliação do aborto
Conforme antecipado, Moro manifestou-se contra a ampliação das hipóteses legais de aborto no Brasil – atualmente, não há pena para o crime quando há risco de vida para a mãe, quando o feto é fruto de um estupro e quando ele tem anencefalia.

“Defenderemos a não ampliação da legislação em relação ao aborto e faremos a defesa da preservação da vida humana em todas as suas manifestações, conforme lei brasileira em vigor”, diz o item 4 da carta.

Contra a ‘sexualização precoce’ de crianças
O texto não usa o termo “ideologia de gênero”, bastante comum em discursos do presidente Jair Bolsonaro e da ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos). Mas fala em “preservar as crianças e adolescentes da sexualização precoce”.

“Valorizaremos a autonomia da instituição familiar, respeitaremos as preferências afetivas e sexuais de cada indivíduo e a preservação dos direitos de cada um dos seus membros. O Estado deve evitar ao máximo invadir a esfera da liberdade privada, assim como deve preservar as crianças e adolescentes da sexualização precoce”, diz o item 11.

Em seguida, Moro diz reconhecer “a autoridade dos pais na condução da educação moral e religiosa dos filhos, nos termos das leis em vigor no país, e incentivando a pesquisa na sua forma mais ampla e avançada, sem doutrinações”.

Liberdade religiosa
Moro dedicou alguns trechos para a defesa da liberdade religiosa, e não somente dos cristãos. No início, ele disse não desconsiderar “as contribuições de outras confissões religiosas na vida de nosso país, bem como o caráter laico do Estado brasileiro”.

Depois, no primeiro compromisso, disse: “Respeitaremos e trataremos com dignidade todas as pessoas, religiões e crenças, sem fomentar discursos de ódio, disseminação de preconceitos ou estereótipos contra qualquer pessoa, religiosa ou não”.

Jornada ‘pessoal e espiritual’
No evento desta segunda, em Fortaleza, antes de ler a carta, Moro disse que os pontos do texto “refletem o que penso e o que vamos fazer”. “Sou homem de palavra. É um compromisso pessoal com vocês”, disse. Disse antes que, durante a maior parte da vida escolar, estudou numa escola particular católica. “Tive essa formação católica cristã, que a gente carrega por toda a nossa vida”, afirmou.

Depois, disse que a campanha é uma oportunidade de crescimento pessoal e espiritual. “Essa jornada não é só para apresentar um projeto, mas também oportunidade de crescimento pessoal, ouvindo as pessoas. Também é uma jornada, conhecendo pessoas.”

“No Brasil de hoje, depois de termos passado por essa terrível pandemia, que ceifou mais de 620 mil pessoas, o principal sentimento que precisamos resgatar, que está no núcleo de nossos valores cristãos, é a compaixão”, completou depois.


Leia a íntegra da carta de Moro
Carta de Princípios para os Cristãos

Reconhecemos a relevância da atuação dos cristãos brasileiros, em todas as suas denominações, associações e instituições de ensino confessionais, instituições e fundações filantrópicas, agências missionárias e outras entidades em diversas áreas imprescindíveis ao melhor desenvolvimento da vida em sociedade.

Também são de inegável importância o benefício espiritual, materializador do Direito Humano e Fundamental à Liberdade Religiosa e reconhecido pela própria Organização Mundial de Saúde (OMS), assim como a filantropia e os bons resultados dos serviços de saúde, educação e assistência social proporcionados por entidades do Terceiro Setor, conforme, inclusive, já demonstrado em relatórios do Fórum Nacional das Instituições Filantrópicas (FONIF).

Essa atuação destacada converge decisivamente para a promoção dos deveres e direitos humanos, sob os valores do Cristianismo, expressos sobretudo no princípio da dignidade da pessoa humana e no seu consectário histórico, o Estado Democrático de Direito. Apesar do reconhecimento da importância do cristianismo na história do Brasil, não desconsideramos as contribuições de outras confissões religiosas na vida de nosso país, bem como o caráter laico do Estado brasileiro.

Nesse contexto, elencamos princípios, verdadeiros compromissos com os quais sempre pautaremos a nossa conduta junto à comunidade cristã do Brasil:

Respeitaremos e trataremos com dignidade todas as pessoas, religiões e crenças, sem fomentar discursos de ódio, disseminação de preconceitos ou estereótipos contra qualquer pessoa, religiosa ou não;
Em atenção à isonomia e equidade da disputa eleitoral, não buscaremos divulgar propaganda política em reuniões destinadas, exclusivamente, a missas e a cultos promovidos pelas igrejas, pois se trata de local e momento inapropriados, conforme previsão legislativa (art. 37, § 4o, da Lei n. 9.504/97).
Não serão solicitadas quaisquer trocas de favores institucionais, objetivando o financiamento de campanhas eleitorais, às organizações religiosas ou pessoas físicas que as representam, conforme proibição legal (art. 24, inciso VIII, da Lei n. 9.504/97). Buscaremos o apoio individual das lideranças eclesiásticas e de influenciadores do segmento, mas não será perseguido o apoio institucional expresso de igrejas, para evitar quaisquer constrangimentos pessoais ou distorções do pleito eleitoral, respeitando a autonomia da consciência e a liberdade individual.
Defenderemos a não ampliação da legislação em relação ao aborto e faremos a defesa da preservação da vida humana em todas as suas manifestações, conforme lei brasileira em vigor;
Valorizaremos as Liberdades Civis Fundamentais e, particularmente, a Liberdade de Expressão, respeitando a opinião discordante, e a Liberdade Religiosa e de Culto de forma ampla, nas mais diversas esferas de manifestações legítimas. Resguardaremos o exercício da atividade religiosa de qualquer natureza, observando-se a essencialidade desta atividade para a vida das pessoas, sem restrições arbitrárias;
Recomendando que os demais entes federativos façam o mesmo, prestigiaremos o papel constitucional colaborativo das Organizações Religiosas e de Terceiro Setor confessionais na assistência social, desestimulando exigências restritivas desproporcionais às instituições e seus membros e garantindo os benefícios legais e constitucionais, bem como a imunidade tributária e o direito de acomodação dos dias sagrados;
Por princípio democrático, preservaremos a pluralidade política e incentivaremos o combate à discriminação, ao preconceito e ao discurso de incentivo ao ódio e à violência, ainda que simbólica, seja em virtude da religião, raça, orientação sexual ou ideologia;
Combateremos com rigor e na forma da lei o tráfico ilícito de drogas, inclusive a sua relação com a violência e o crime organizado, buscando proteger famílias, crianças e adolescentes da influência destruidora das drogas, salvaguardando o uso medicinal, desde que com recomendação científica a partir de testes farmacológicos, e sem tratar o dependente químico como criminoso, buscando antes a sua recuperação por meio da estruturação de condições favoráveis à atuação das Comunidades Terapêuticas, que têm obtido sucesso no tratamento e recuperação de pessoas com base em técnicas de redução ou de abstinência total do uso de tais substâncias;
Potencializaremos o combate ao crime violento na forma da lei, com metas objetivas e ambiciosas para a redução dos homicídios e feminicídios no país – assim como foi feito durante o período em que estive à frente do Ministério da Justiça e Segurança Pública -a fim de proteger a vida das pessoas contra toda a forma de violência e de promover uma cultura da paz.
Serão adotadas políticas para a ressocialização de presos, com o incentivo ao trabalho e à educação, objetivando a desvinculação de gangues ou de grupos criminosos organizados e garantindo a atuação de entidades confessionais ou laicas nessa atividade;
Valorizaremos a autonomia da instituição familiar, respeitaremos as preferências afetivas e sexuais de cada indivíduo e a preservação dos direitos de cada um dos seus membros. O Estado deve evitar ao máximo invadir a esfera da liberdade privada, assim como deve preservar as crianças e adolescentes da sexualização precoce;
Reconhecemos a educação como essencial ao desenvolvimento humano e social, incluindo a formação escolar, familiar e social, respeitando o ensino privado confessional e a autoridade dos pais na condução da educação moral e religiosa dos filhos, nos termos das leis em vigor no país, e incentivando a pesquisa na sua forma mais ampla e avançada, sem doutrinações;
Respeitaremos a democracia, a lei e os poderes legitimamente constituídos, e atuaremos com foco especial na eliminação dos privilégios injustificáveis da classe política e na implementação de políticas públicas que beneficiem todos os brasileiros, retomem o crescimento econômico, promovam o emprego, a redução das desigualdades sociais e a erradicação da pobreza, seguindo os princípios da compaixão inerentes à tradição cristã;
Promoveremos a integridade e a honestidade no Governo e nas relações público-privadas, estimulando a boa governança, a transparência e o combate à corrupção e aos desvios éticos. Acreditamos que uma grande nação só possa ser construída com base na ética pública, privada e religiosa.


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PETISTAS COMEÇAM A PROFANAR IGREJAS POLITICAMENTE

 

Intolerância religiosa

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo

Vereador Renato Freitas, do PT, liderou invasão a uma igreja católica localizada no centro de Curitiba neste sábado (5)| Foto: Malik Fotografia/Mandato Renato Freitas

Um absurdo a profanação de uma igreja católica histórica em Curitiba. Um grupo de pessoas conduzido por um vereador do PT de nome Renato Freitas, portando bandeira vermelha do partido comunista, entrou na igreja na hora em que os fieis estavam esperando o início da missa. Gritaram palavras de ordem e ofensas à Igreja Católica – e isso fica de aviso aos milhões de católicos brasileiros, porque pode ser só o início. No Chile, em outubro de 2020, duas igrejas foram queimadas.

A igreja foi construída no século 18 por escravos, chamada de Igreja da Nossa Senhora do Rosário dos homens pretos de São Benedito. Durante muitos anos, foi local de missa de corpo presente das pessoas que morriam em Curitiba. Essa igreja chegou a ser matriz de Curitiba. Então, a profanação foi muito grave. A Câmara de Vereadores precisa fazer alguma coisa contra esse parlamentar.

Os invasores participavam de um protesto pela morte do congolês Moïse Mugenyi, no Rio de Janeiro. Ele foi morto depois de cobrar uma dívida em um quiosque na Barra da Tijuca. Foi derrubado no chão no bate e boca por três homens que acabaram matando-o a pauladas. Os três estão presos e as Polícias Militar e a Civil estão investigando o caso.

Agora, essas pessoas que estavam na igreja, que chamavam os católicos e a igreja de fascista, nazista e racista, é que são racistas, na verdade. Como nós sabemos, racista é todo aquele que põe a diferença de cor e a diferença de etnia como medida de todas as coisas. Os não racistas vêem a pessoa como normal, um igual, uma pessoa humana, sem se importar com a cor e a etnia, importando, sim, o seu caráter e valor.

Convite para posse
O presidente Jair Bolsonaro recebeu nesta segunda-feira (7) a visita dos ministros Edson Fachin e Alexandre de Moraes, respectivamente futuro presidente e vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Depois, em setembro, Moraes vai virar o presidente e presidir a eleição. Os dois foram entregar o convite a Bolsonaro para a posse deles no próximo dia 22.

Como marcaram na véspera, o presidente não pôde desmarcar o que estava na agenda, de modo que gabinete do presidente estavam presentes, acompanhando o encontro com a possibilidade de escutar o que estavam conversando, o ministro da Defesa, Braga Netto, e os três comandantes militares, mais o advogado-geral da União e o secretário nacional de Justiça. A conversa durou cerca de 10 minutos. À tarde, eles entregaram o mesmo convite para os presidentes da Câmara e do Senado.

Registro o fato porque não deixa de ser significativo, uma vez que não há nenhum ambiente amistoso entre Bolsonaro e os dois ministros do TSE.

Dois pesos e duas medidas
O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, não aceitou pedido da defesa do ex-ministro Antonio Palocci, que queria igualdade de tratamento em relação a Lula. Anularam o processo do ex-presidente e desbloquearam os bens dele. Já Palocci, que está no mesmo processo, na mesma vara em que Sergio Moro era juiz em Curitiba, continua com todos os bens bloqueados.

Palocci fez uma delação premiada que deixou Lula furioso, pois disse que o petista recebia dinheiro levado por ele próprio. Mas Lewandowski não atendeu ao pedido da defesa. São dois pesos e duas medidas. São essas coisas que precisamos acompanhar no nosso Supremo.


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INVESTIMENTO DO BRASIL EM EDUCAÇÃO É MAL APLICADO

 

Ineficiência da máquina pública
Por
Jocelaine Santos, especial para a Gazeta do Povo

Mesmo aumentando os investimentos na educação, a qualidade da educação não cresceu no mesmo ritmo.| Foto: AEN

Os recursos aplicados na educação nas últimas duas décadas poderiam ter colocado a educação básica brasileira acima da média mundial. É o que reafirma um estudo do Banco Mundial, publicado no final de julho de 2021. Apesar de aumentar significativamente os investimentos no setor, reduzir a desigualdade de financiamento entre os estados ricos e pobres, a qualidade da educação não cresceu no mesmo ritmo – pior, teve evolução ínfima, com exceção dos primeiros anos do ensino fundamental.

Em 2015, o país aplicou 6% do PIB em educação, mais do que a média dos países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que é de 5,5%, mas ficou bem abaixo no desempenho nas provas que avaliam a aprendizagem. Na última edição do Programa de Avaliação Internacional de Alunos (Pisa), feita em 2018, por exemplo, os estudantes brasileiros de 15 anos alcançaram 413 pontos, enquanto a média internacional, comparada com mais de 70 nações, foi de 487 pontos. No ranking, o país ficou em 58° lugar em leitura, 66° em ciências e em 72° em matemática, com notas bem abaixo da média de outras nações participantes, algumas que gastam menor proporção do PIB em educação, como o Chile.

Essa discrepância entre gasto e resultado, caso não seja resolvida, vai atrasar o país por décadas e até séculos. Para os autores da análise do Banco Mundial, no ritmo atual, o Brasil levará 75 anos para atingir a pontuação média internacional do Pisa em matemática e 263 anos para atingir a pontuação média em leitura.

O estudo conduzido pelos pesquisadores do Banco Mundial André Loureiro, Louisee Cruz e Ursula Mello, faz parte da coletânea The Role of Intergovernmental Fiscal Transfers in Improving Education Outcomes (“O papel das transferências fiscais intergovernamentais na melhoria dos resultados da educação”, em tradução livre). A publicação traz sete estudos de caso analisando o sistema de repasses de recursos públicos para a educação no Sudão, Uganda, China, Bulgária, Indonésia, Colômbia e Brasil.

No caso brasileiro, a conclusão dos pesquisadores foi clara. “Há um enorme espaço para aumentar a qualidade e eficiência do investimento em educação”, destacou André Loureiro, economista sênior de Educação do Banco Mundial e um dos autores do estudo. Embora o gasto por aluno no Brasil ainda seja relativamente baixo na educação básica, o incremento no volume de recursos destinados à educação registrado nas últimas duas décadas deveria ter resultado em melhoras substanciais na aprendizagem dos alunos.

O estudo alerta que o desempenho do Brasil está abaixo dos resultados que poderiam ser esperados, dados os níveis atuais de gastos por aluno. Segundo análise da OCDE, divulgada m 2019, o Brasil investe anualmente US$ 3,8 mil por aluno do ensino fundamental e US$ 4,1 mil por alunos do ensino médio. Para os pesquisadores, com esse custo, os estudantes brasileiros deveriam atingir pontuações do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) aproximadamente 40% mais altas do que os níveis atuais. Em 2019, a média nacional do Ideb foi de 3,9 no ensino médio e 5,7 no ensino fundamental. A escala do índice vai de 0 a 10.


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Saber gastar
Para o professor João Batista Oliveira, doutor em Educação pela Universidade do Estado da Flórida e presidente do Instituto Alfa e Beto, o resultado do estudo era previsível. Ele lembra que, além do acréscimo significativo no volume de recursos destinados à educação, a mudança no perfil de crescimento demográfico no Brasil, que fez o número de estudantes diminuir ao longo dos anos, também tem reflexos no montante investido em cada aluno. Ainda assim, os resultados da educação permanecem pífios.

“O problema reside na legislação e na mentalidade reinante: o Brasil investe mal e nas coisas erradas, gasta mais para preservar uma estrutura equivocada. O problema não está nem nos recursos nem nos gastos, está na qualidade dos gastos”, alerta Oliveira.

De acordo com a Constituição, municípios e estados precisam aplicar pelo menos 25% de sua receita fiscal na educação e a União, 18%. Embora à primeira vista a obrigação constitucional de investimento na educação pareça ter apenas pontos positivos, ela também abre caminho para o aumento da desigualdade entre regiões mais ricas e mais pobres. Estados e municípios mais ricos arrecadam mais e consequentemente investem mais em educação. Já aqueles onde a arrecadação é menor, acabam prejudicados.

Devido a essas diferenças, o estudo do Banco Mundial ressalta a importância de fundos complementares como o Fundef (Fundo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério), substituído posteriormente pelo Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica). Para os pesquisadores, esses fundos ajudam a minimizar as desigualdades nos gastos com educação e ajudam estados e municípios a obterem melhores resultados.

Eles citam um artigo publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em 2017 que já mostrava o impacto positivo dos fundos de educação na aprendizagem. Numa avaliação de impacto do efeito do Fundeb sobre os alunos do ensino médio entre 2005 e 2011, os autores mostraram que o fundo elevou as notas dos alunos nos testes do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), em português e matemática em 12 e 18 pontos, respectivamente.

Outro ponto que os pesquisadores do Banco Mundial ressaltam é o caráter sazonal dos repassem vinculados às receitas, que dependem exclusivamente do desempenho fiscal dos municípios. Esse desempenho pode variar bastante devido a fatores externos, como fechamento ou abertura de empresas, queda na produção ou mesmo uma pandemia. Essa instabilidade prejudica a adoção de ações bem planejadas e eficazes, que possam de fato, implicar na melhoria do ensino e aprendizagem.

Para a ex-secretária de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), Ilona Becskehazy, doutora em Educação pela Universidade de São Paulo, o debate sobre educação no Brasil sempre privilegiou a obtenção de cada vez mais recursos. Enquanto isso, a questão da qualidade e eficiência dos investimentos ficou em segundo plano.

“Isso é explicável pelo fato de que temos educação majoritariamente pública. Sempre teremos fornecedores, sindicalistas e seus agregados jogando o jogo do poder e da reivindicação por mais recursos. A sociedade brasileira precisa se libertar dessa situação de captura do direito à educação dos alunos por quem apenas suga recurso do sistema”, alerta.

Solução: aplicar recursos apenas em programas eficientes
Os pesquisadores do Banco Mundial colocam o estado do Ceará como um bom exemplo de que é possível melhorar o sistema de repasses para a educação. “Investir em educação é uma condição necessária para educação, mas não é suficiente, e a evolução dos municípios do Ceará na educação nos mostra isso. É preciso também ter muito foco na gestão da política educacional, como foi o caso da política educacional cearense para o ensino fundamental”, explica o economista André Loureiro.

Desde 2007, o governo cearense adotou uma nova forma de distribuir os recursos do ICMS (Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação) entre os municípios. O critério passou a ser o desempenho em indicadores de educação, saúde e meio ambiente, sendo a educação o principal.

Assim, quando os municípios melhoram seus resultados de educação, eles recebem uma parcela maior da receita de ICMS, e esses recursos podem ser usados da forma como o prefeito quiser. O governo estadual também selecionou indicadores claros e ampliou os sistemas de monitoramento e avaliação do ensino, além de oferecer suporte técnico e dar mais autonomia para os municípios administrarem as escolas

Os resultados não demoraram a aparecer. Os municípios do Ceará tiveram o maior aumento nas pontuações do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) entre 2005 e 2017 entre todos os 5.570 municípios brasileiros, sendo que o município de Sobral alcançou o primeiro lugar em 2017. Em 2019, o estado, que está em 18º lugar em relação a renda per capita nacional, foi considerado a terceira melhor rede pública de ensino dos anos iniciais do ensino fundamental.

Nos anos finais, o estado conquistou a primeiro posição, mesmo resultado de São Paulo, estado mais rico do país. Esses números evidenciam que, mesmo sem qualquer gasto adicional, seria possível melhorar significativamente a qualidade do ensino fundamental e médio com a adoção de práticas mais eficientes de gestão e alocação de recursos. “O que as nossas análises indicam é que os outros estados podem alcançar níveis similares de qualidade no ensino fundamental aos do Ceará se tiverem sua política educacional inspirada nos pilares do modelo cearense, como muitos já estão começando”, ressalta Loureiro.

Ilona Becskehazy concorda que a estratégia adotada no Ceará de cobrar resultados concretos e atrelar recursos ao esforço e desempenho funciona. Mas ela alerta que ainda há muito o que fazer. “Enquanto não for corriqueiro haver a expectativa de que todos os alunos terminem o 1º ano lendo com fluência um texto adequado para sua idade numa velocidade de 50 palavras por minuto e como se faz para chegar a esse resultado, não avançaremos. Pode-se dar bônus, ICMS, o que for. Sem se saber para onde se vai, qualquer caminho (e qualquer gasto) serve”, finaliza.


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SE O BRASIL ADOTASSE O SISTEMA DE ENSINO DE SINGAPURA ÍAMOS MELHORAR EM MUITO O NOSSO NÍVEL DE ENSINO

Qualidade do ensino
Por
Jocelaine Santos – Gazeta do Povo

Ainda pouco conhecido no país, o sistema de educação usado na ilha de Singapura pode ensinar muito ao Brasil.| Foto: Unsplash

O que o Brasil e a pequena Singapura têm em comum? Infelizmente, muito pouco. Enquanto o Brasil amarga resultados pífios nos testes internacionais que avaliam a qualidade da educação, a ilha asiática tem se destacado no topo do ranking, servindo de inspiração a diversos países do mundo que já começaram a copiar as premissas adotadas por Singapura para revolucionar sua educação. Mas, contrariando essa tendência, no Brasil, o sistema de Singapura ainda permanece praticamente desconhecido, relegado a umas poucas experiências pontuais, ou como um simples “método de ensino de matemática”.

“A educação em Singapura começou lá atrás, nos anos 70 e 80, quando o país decidiu implantar uma política educacional que integra quatro eixos: currículo de base para todas as escolas, livros didáticos, avaliação constante e formação docente”, explica a pesquisadora da área de educação Ilona Becskeházy. Para ela, é inadequado nomear como método as práticas educacionais adotadas por Singapura, que acabaram copiadas e replicadas em todo o mundo, ou ao menos nos países “mais civilizados” do ponto de vista educacional, como diz Ilona. Segundo ela, embora até seja vendido como sendo um “método”, a educação de Singapura está muito mais atrelada a uma política pública na área de educação.

Em 1965, quando Singapura se tornou um Estado independente do domínio britânico, a população do país era pobre e em grande parte analfabeta. Poucas pessoas tinham acesso à educação. Logo nos primeiros anos de independência, os governos entenderam que era preciso investir na educação e qualificação das pessoas. Como a ilha praticamente não dispõe de recursos naturais a serem explorados, a riqueza do país só poderia vir a partir do trabalho qualificado de sua população. Além disso, os investimentos na educação tinham outro objetivo: formar uma nação unificada de língua inglesa, uma vez que a população era formada principalmente por imigrantes chineses, malaios e indianos, com línguas bem distintas.


Matemática de Singapura
Um dos pontos que chama a atenção no sistema educacional de Singapura é o cuidado com o aprendizado da matemática. Entendido como ponto fundamental para compreensão e desenvolvimento do estudante em outras disciplinas e também para a vida cotidiana, o currículo de matemática dos estudantes das séries iniciais em Singapura é considerado um padrão a ser seguido e é bem diferente do adotado no Brasil.

Ilona Becskeházy estudou a fundo o currículo das séries iniciais de diversos países, incluindo Singapura, num estudo publicado no Relatório Nacional de Alfabetização Baseado em Evidências (Renabe), publicado no ano passado. No estudo, ela ressalta que, diferentemente do que ocorre no Brasil, o currículo de Singapura é muito detalhado e bem estruturado, contendo conceituações, objetivos e exemplos de atividades a serem adotados pelo professor. Já no Brasil, os textos disponíveis na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) são ambíguos, dispersos, com muitas questões alheias ao tema tratado.

“Em Singapura há uma progressão explícita, lógica e ordenada dos currículos, que traça um caminho claro a seguir. Em matemática, por exemplo, já no primeiro ano a criança aprende a noção de que a fração é uma parte do todo, passando depois para as representações de fração. No Brasil, só na terceira série é que ela vai aprender o que é metade, um terço”, exemplifica.

Para a educadora, de fato, o currículo em matemática adotado em Singapura é bem mais exigente, tanto para alunos quanto para os professores. Mas como os materiais didáticos são bem preparados e os professores treinados para trabalhar com esse currículo, o sistema dá resultado. “Se você olha para um livro didático de matemática de Singapura, vai ver uma matemática bem puxada, mas com exercícios muito bem calibrados para cada ano, com complexidade crescente”, diz Ilona.

Ela ressalta que além de um bom currículo, bons livros didáticos e professores preparados, as avaliações constantes de aprendizados, feitas por meio dos testes internacionais ou avaliações internas, completam o sistema. Elas são necessárias para mensurar se o currículo está sendo de fato ensinado às crianças.

Pensamento matemático
Outro ponto importante do ensino em Singapura é o desenvolvimento das habilidades de compreensão e de expressão, que se estende também para a matemática. Os estudantes são preparados para dar respostas sempre completas, compreendendo e sabendo como explicar como se chega a um determinado resultado ou como transformar um problema em uma questão matemática.

Esse cuidado, lembra Ilona, acaba tendo grande impacto nos testes internacionais como o Timms [Trends in International Mathematics and Science Study], que avalia a aprendizagem dos estudantes na área de matemática. “Assim como o Pirls [Progress in International Reading Literacy Study] na área de alfabetização, o Timms cobra respostas completas, não basta marcar um x na resposta correta”, explica a pesquisadora.

Os estudantes de Singapura são estimulados a descobrir soluções para problemas concretos – como avaliar em quanto tempo dois carros em velocidades diferentes vão chegar a um determinado destino, por exemplo. E depois precisam explicar como chegaram àquelas respostas. O domínio dessa capacidade de entender um problema e poder explicar como ele pode ser resolvido é considerado chave para o sucesso da aprendizagem – e não a mera memorização mecânica.

De acordo com a educadora, muitas das propostas usadas em Singapura – e em diversas partes do mundo com sucesso – podem sem implantadas no Brasil. Ela lembra, inclusive, que experiências como a de Sobral (CE), pequeno município que conseguiu revolucionar sua educação, tiveram inspiração em Singapura.

A cidade de Sobral se inspirou em Singapura para elaborar seu modelo de ensino que fez a cidade se tornar referência em educação.
Um exemplo disso foi a adoção de um currículo exigente e preciso, expressado em livros didáticos de alto nível, e monitoramento da aprendizagem segundo os padrões internacionais. “Em Sobral, nós não tivemos medo de colocar crianças da primeira série para aprender frações. Não é preciso ter medo”, salienta.

Veja a seguir alguns dos principais pontos da política educacional de Singapura, em comparação com o Brasil:

  1. Currículos bem-feitos

Os currículos das disciplinas em Singapura são focados, detalhados, especificando todos os pontos que as crianças precisam dominar em cada série. Os tópicos também são alinhados de forma crescente, dos mais simples aos mais complexos, formando um todo coeso e coerente. Os professores têm noção exata do que se espera que ensinem e como devem fazê-lo.

Em Singapura, cada professor tem detalhes sobre o que deve ser ensinado e quais habilidades devem ser desenvolvidas nos estudantes de cada ano do ensino regular.


No Brasil, os textos da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) são extensos, com linguagem empolada e recheados de questões e objetivos que fogem em muito das disciplinas. No currículo de matemática das séries iniciais, por exemplo, o documento brasileiro coloca como uma das competências específicas de matemática para o ensino fundamental: “desenvolver e/ou discutir projetos que abordem, sobretudo, questões de urgência social, com base em princípios éticos, democráticos, sustentáveis e solidários, valorizando a diversidade de opiniões de indivíduos e de grupos sociais, sem preconceitos de qualquer natureza dos objetivos”. O trecho, além de não ter nenhuma relação direta com a matemática propriamente dita, não vem acompanhado de instruções sobre a maneira como o professor deve trabalhar essa competência dentro da sala de aula.

Na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), há pouco detalhamento de como o professor deve trabalhar cada tópico.

  1. Professores treinados para ensinar
    Em Singapura, os professores são formados para trabalhar de acordo com o que estabelece a base curricular da disciplina. O ato de ensinar é entendido como ciência, que deve ser aprimorado e estar em constante evolução. Eles passam por treinamentos contínuos e avaliações, recebendo incentivos conforme o desempenho. Durante sua formação, os professores trabalham intensamente métodos e técnicas de ensino, dedicando muito tempo a atividades práticas em salas de aula experimentais ou sob tutoramento.

Já no Brasil, embora os cursos de pedagogia e licenciaturas também tenham disciplinas voltadas para ensinar como o professor deve agir em sala de aula para poder ensinar, boa parte das cargas horárias é destinada a discussões relacionadas à sociedade e política. Também há imensa resistência por parte dos sindicados e organizações de professores em relação à implantação de sistemas de avaliação de desempenho dos docentes.

  1. Livros didáticos condizentes com o currículo

Os livros didáticos usados em Singapura são totalmente alinhados com os currículos. A qualidade dos materiais didáticos é reconhecida internacionalmente, sendo até exportados para outros países. Já no Brasil, os livros didáticos são praticamente os mesmos há décadas, estando muito aquém dos que são usados no restante do mundo. No Brasil, apenas recentemente se propôs uma reformulação profunda nos livros didáticos, que foi recebida com resistência por integrantes de partidos de esquerda, como mostrou a Gazeta do Povo.

Exemplo de exercício de um livro didático de matemática em Singapura destinado a alunos do terceiro ano. Conteúdo está alinhado com base curricular do país.
Além de questões ideológicas, há resistência também por parte das editoras educativas.  “É claro que eles não querem mudar. Uma editora que há 10, 20 anos publica praticamente a mesma coisa não vai querer agora contratar um equipe para fazer uma coleção totalmente nova”, diz Illona.

  1. Domínio de conteúdos

Em Singapura, a ideia é dominar um determinado conteúdo e não passar por ele de forma genérica. Por isso, a ênfase é em entender e saber explicar o processo que leva a um determinado resultado de um problema matemático. Os professores são treinados a trabalhar de forma a só passar a outro tema quando o anterior estiver dominado. Já nos currículos brasileiros, os estudantes “passam” várias vezes por temas similares ao longo da vida estudantil, mas sem se deter ou se aprofundar em cada um deles.

  1. Além da escola
    As crianças em Singapura não limitam sua jornada de estudos à escola. Há muitas tarefas para serem feitas em casa, e os alunos normalmente contam com o apoio dos pais ou outros familiares para estudar mais em casa. Famílias com mais condições também podem contratar tutores ou professores particulares para reforçar o que é aprendido em sala de aula. Essa dedicação é justificada porque em Singapura apenas os estudantes com os melhores resultados conseguem espaço nas universidades.
  2. Habilidades do século 21

Além das habilidades referentes ao domínio de conteúdos, a educação em Singapura também busca desenvolver habilidades sociais e emocionais. Como defende o próprio Ministério da Educação do país, as crianças precisam desenvolver habilidades relacionadas à autoconsciência, autogestão, relacionamentos e tomada de decisões responsáveis, além de valores como respeito, responsabilidade, integridade, cuidado, resiliência e harmonia.

  1. Valorização da pré-escola
    O tempo que a criança passa na pré-escola é um período importante para a aprendizagem em Singapura. Dos 4 aos 6 anos de idade, as crianças podem frequentar a pré-escola, que possui currículo e metas de aprendizado, assim como as séries do ensino regular. Entre as metas para essa etapa estão o desenvolvimento de habilidades básicas de linguagem e alfabetização, leitura e uso de símbolos, desenhos e escrita para comunicar ideias e informações, além de temas relacionados à matemática, estética e artes e coordenação motora.
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