domingo, 16 de janeiro de 2022

A JORNADA DE COMPRA DE UM CLIENTE TEM QUE PARECER UMA ORQUESTRA

 

Tiago Sanches

Entenda o conceito de atendimento omnichannel, qual a sua importância e como aplicá-lo junto ao consumidor

Elaborado para ser uma estratégia de marketing, vendas e atendimento ao cliente (SAC), o omnichannel busca oferecer uma experiência única e interligada. Isso por meio de um diálogo detalhado e alinhado aos meios de comunicação da empresa. Ou seja, propõe uma orquestra de sistemas, na qual todos trabalham cooperando entre si.

O que significa o atendimento omnichannel?

Em primeira instância, é essencial entender a tradução da palavra. O termo significa “todos os canais”. Seu prefixo “omni” vem do latim e quer dizer “todo/tudo”. Já “channel” tem origem inglesa e é descrito como “canal”.

Também reconhecido como uma tática para alavancar os lucros das corporações, o objetivo é sincronizar os locais de interação com o usuário. Inclusive, tem como propósito fortalecer a relação entre as partes e, para isso, esse método busca oferecer uma vivência consistente em todos eles.

Você também precisa conhecer o consumidor omnichannel

Atualmente, com a abrangência dos smartphones, o poder de compra aumentou. Entretanto, a decisão de realmente efetuar a operação, também. Segundo estudo da entidade inglesa Tecmar, as pessoas olham em média 200 vezes por dia para a tela, seja para interagir ou mesmo encontrar alguma informação de maneira ágil.

Ademais, é inerente ao cotidiano. Para se ter uma ideia, o Brasil está na segunda posição global dentre os países com mais tempo gasto na Internet, conforme dados da Hootsuite e WeAreSocial. Em média, são dez horas por dia conectados, seja para trabalho ou lazer. Desse intervalo, 5 horas e 17 minutos acontecem pelo celular.

Consoante a Tiago Sanches, gerente comercial da Total IP, “tal desenvolvimento impacta diretamente no comportamento de consumir alguma coisa e em suas expectativas em relação às marcas.” Afinal, o público consegue consultar referências sobre qualquer serviço ou produto, aliado à facilidade da web. No alcance de alguns cliques, você pode, por exemplo, avaliar a qualidade, seja em mensagem ou vídeo. Além de ver as opiniões de outros utilizadores.

De acordo com o levantamento Making the Digital Connection, publicado pela Capgemini Consulting, 75% dos entrevistados procuram pelas mercadorias antes de irem até uma loja física. Nesse momento, entra o atendimento omnichannel, unificando o discurso e proporcionando uma assistência eficiente, afinado como os sons de uma orquestra. 

Como funciona o atendimento omnichannel?

Essa modernidade visa otimizar o contato do cliente com o empreendimento, propondo uma sincronia em todas as vias de comunicabilidade. Ou seja, é crucial uma sintonia nesse tratamento, o internauta não deve perceber diferença de manifestação ou conduta. Inclusive, é recomendado um tom neutro e amigável, para dar credibilidade.

Na prática, Sanches pontuou a seguinte situação: o indivíduo escolhe o site da organização para se informar sobre algo desejado, lá ele faz diversas pesquisas. Caso a página seja responsiva, com boa navegabilidade, design atraente e não demore para carregar, ele permanece ativo e considera o consumo.

No entanto, se decidir tirar dúvidas sobre características por intermédio de um chat encontrado na própria plataforma, vai considerar o tempo de retorno, a maneira como foi o procedimento e um feedback coerente. Dessa forma, a compra fica ainda mais próxima. Nessa jornada, ele escolhe o objetivo e se endereça à guia de pagamento, lá ele encontra sua maneira preferida e um checkout transparente. Ou seja, seu trajeto foi bom do início ao fim, por isso, ele a concretizou.

Contudo, ele pode retirar na loja física. Na data marcada, se desloca e é recebido com agilidade e gentileza, rapidamente toma em mãos seu pedido. Ao retornar para casa, surge uma dúvida de como utilizar a ferramenta e ele opta por uma mensagem no WhatsApp, sua pergunta é respondida com velocidade e eficácia. 

Em todo o processo, ele foi bem atendido e sua expectativa foi cumprida, independentemente de onde procurou a instituição. “A experiência foi assertiva, tanto digital quanto presencial. Portanto, ele viveu um atendimento omnichannel. A melodia foi perfeita”, finaliza o gerente comercial. Com a Valeon, é possível ter acesso a diversas soluções integradas, de modo a facilitar o suporte de companhias de todos os setores e tamanhos.

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sábado, 15 de janeiro de 2022

LEI ROUANET SERÁ DEMOCRATIZADA

 

Cultura
Por
Leonardo Desideri
Brasília

Os atores José de Abreu e Wagner Moura são críticos das mudanças propostas para a Lei Rouanet.| Foto: Reprodução/Twitter e YouTube

Houve um tempo em que a ideia de democratizar o uso do dinheiro público era, ao menos em teoria, apoiada pela esquerda, que zelava por sua imagem de aliada dos setores marginalizados da sociedade. No mundo das artes no Brasil, isso parece fazer parte do passado. Nos últimos meses, o anúncio de diversas mudanças para democratizar o acesso à Lei Rouanet gerou consternação em alguns artistas, que atacaram publicamente as propostas, alegando que o governo federal pratica censura e age com autoritarismo.

As críticas, direcionadas particularmente à Secretaria da Cultura, chegaram a ser levadas por movimentos de esquerda, em dezembro, à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que integra a Organização dos Estados Americanos (OEA), em uma audiência da qual participaram o ator Wagner Moura, a cantora Daniela Mercury e o músico Caetano Veloso. As celebridades e outros ativistas de esquerda tentaram comunicar a ideia de que artistas no Brasil estariam sendo vítimas de perseguição e censura, mas a exibição não pareceu impressionar as autoridades da OEA presentes na videoconferência, que pode ser vista no YouTube.

O secretário Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura, André Porciuncula, que também estava na live, sugere um motivo para a reação quase desinteressada das autoridades da OEA: “O sujeito está ali, normalmente, investigando assassinatos de manifestantes em Cuba, prisões arbitrárias na Venezuela, pessoas morrendo de fome com a ditadura venezuelana, e chegam o Wagner Moura, o Caetano Veloso e a Daniela Mercury com a palhaçada de que estariam sendo censurados e tendo seus direitos humanos violados”.

Nas falas dos artistas criticando mudanças na Lei Rouanet, não faltaram referências à ditadura. Daniela Mercury, por exemplo, disse que o atual governo adota uma “tática inédita, que substitui a censura direta imposta na ditadura” e “paralisa o setor cultural para barrar o acesso a financiamento e crédito, postergar a aprovação de projetos críticos ou não subservientes ao governo, e autorizar apenas aqueles alinhados com determinada pauta de costumes ou com apoiadores políticos”.

Em 2022, as críticas de artistas às mudanças na Lei Rouanet continuam. Desde o começo do ano, Porciuncula tem anunciado, aos poucos, várias novas mudanças no programa de incentivo à cultura. Na quinta-feira, por exemplo, o secretário disse que os beneficiados da Lei Rouanet terão verba para publicidade reduzida. Em meio a esses anúncios, que são feitos via Twitter, ele tem sido um dos principais alvos dos palavrões do ator José de Abreu.

O que vai mudar na Lei Rouanet?
A novidade sobre a redução na verba publicitária é a última, segundo Porciuncula, da série de mudanças que ele tem anunciado via Twitter nos últimos dias, e que ainda não foram oficializadas. Os captadores de recursos, que antes podiam destinar 30% da verba obtida pela Lei Rouanet a peças publicitárias, terão agora um limite de 5% para isso, e um teto de R$ 100 mil.

“Por muito tempo, a lei foi utilizada como uma muleta, como uma substituta do mercado. Mas a lei não serve para divulgar uma empresa ou um projeto. Ela serve para fomentar, para dar a base, o alicerce de um projeto. E não faz parte dessa base uma propaganda em massa do projeto. Nosso objetivo é que a lei atinja as classes mais necessitadas, os pequenos projetos, que não precisam de grandes mecanismos de divulgação na mídia, porque são locais, regionais, bem segmentados. Não é uma lógica de mercado, em que o marketing necessariamente faz parte. É uma lógica de fomento”, diz o secretário.

Outra mudança importante anunciada nos últimos dias é a diminuição do teto estabelecido para a maioria dos tipos de projetos beneficiados pela Lei Rouanet: a verba máxima passará de R$ 1 milhão para R$ 500 mil. Esse limite não valerá para projetos cuja natureza exija gastos mais altos, como aqueles ligados a museus, patrimônios históricos, orquestras, projetos de formação e alguns tipos de patrimônios imateriais, como certas festas tradicionais.

Porciuncula também anunciou que haverá redução no teto do cachê para artistas, de R$ 45 mil para R$ 3 mil. Questionado pela Gazeta do Povo sobre a agressividade dessa redução, que é de 93%, o secretário se justifica ressaltando que “a lei não é um substituto no mercado”.

“Qualquer coisa acima de R$ 3 mil por apresentação é muito dinheiro para 99% dos artistas no Brasil. Eu não posso ignorar 99% dos artistas para privilegiar o 1% que acha pouco R$ 3 mil reais por apresentação. Isso é muito dinheiro para a imensa, a esmagadora maioria dos artistas. Não se pode exigir que o Estado banque isso”, afirma. “Não estou falando de R$ 3 mil por mês. São R$ 3 mil por apresentação. Se a pessoa trabalhar cinco dias na semana, vai ganhar R$ 15 mil. Isso é muito dinheiro!”, acrescenta.

O secretário refuta a tese propagada por alguns veículos de comunicação de que o dinheiro da Lei Rouanet provém de empresas, e não do Estado. “Ao contrário do que se diz, o dinheiro é, sim, do Estado. É dinheiro público, sim. É renúncia fiscal, é dinheiro que iria para saúde, educação, infraestrutura, e que está indo para outra atividade, que é a cultura. O que eu não posso é substituir o mercado e bancar cachês estratosféricos.”

Outra novidade é que as empresas patrocinadoras da Lei Rouanet que destinem a partir de R$ 1 milhão ao programa de fomento serão obrigadas a destinar 10% do valor investido a projetos iniciantes. A ideia é acabar com o monopólio de empreendimentos artísticos maiores.

Porciuncula também anunciou recentemente que o valor dos aluguéis de teatro terá um teto, o que não ocorria antes. O preço máximo do aluguel será de R$ 10 mil. “Tinha um projeto aqui em que o sujeito queria R$ 2 milhões para alugar um teatro. Imagina botar R$ 2 milhões do dinheiro público em aluguel de teatro. O que estava ocorrendo era uma grande especulação financeira nos teatros por conta da Lei Rouanet, já apostando na Lei Rouanet. Isso estava elevando, inflacionando para preços completamente fora do padrão do mercado. O que a gente fez foi trazer razoabilidade.”

O governo ainda vai eliminar a obrigatoriedade de contratar escritórios de advocacia para assessorar os projetos. Para projetos que optem por contratá-los, será obrigatório utilizar a tabela da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para pagar as despesas. Em dezembro, quando a Secretaria de Cultura já havia indicado a ideia de modificar a Lei Rouanet nesse ponto, a OAB entrou com uma ação contra as diversas mudanças propostas pelo governo na lei, alegando que há um “contexto de violações em série”.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/democratizacao-da-lei-rouanet-entenda-proposta-que-irrita-artistas-de-esquerda/
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MENSAGEM DO PRESIDENTE DO BC

Editorial
Por
Gazeta do Povo

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, e o ministro da Economia, Paulo Guedes.| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

No mesmo dia em que o IBGE divulgou o dado final da inflação oficial de 2021, que ficou em 10,06%, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, cumpriu uma exigência legal e enviou uma carta ao ministro da Economia, Paulo Guedes, explicando por que o IPCA havia estourado o limite máximo de tolerância da meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional – a meta era de 3,75%, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para cima ou para baixo. Da última vez que isso ocorrera, o antecessor de Campos Neto, Ilan Goldfajn, escreveu sua carta ao antecessor de Guedes, Henrique Meirelles, em condições muito diferentes: sua missão era explicar por que o IPCA de 2017 tinha sido mais baixo que o limite mínimo de tolerância – que era de 3%, para uma meta de 4,5%.

Na carta datada de 11 de janeiro, Campos Neto ofereceu as justificativas que já eram esperadas por todos os que acompanham o noticiário econômico. A recuperação da economia mundial, explicou o presidente do BC, aumentou a demanda internacional por commodities, encarecendo tanto os produtos do agronegócio (reduzindo a oferta interna) quanto o petróleo (encarecendo os combustíveis) – a elevação dos preços em dólares foi potencializada, no Brasil, pela depreciação do real, que tornou ainda mais atrativa a exportação de commodities agropecuárias e deixou ainda mais caro o petróleo importado. Além disso, a crise hídrica forçou o acionamento das usinas termelétricas, deixando a energia elétrica mais cara, e a retomada do setor de serviços normalizou preços que haviam caído muito em 2020, no auge da interrupção de negócios decretada por governadores e prefeitos. Campos Neto lembrou, ainda, fatores como os problemas globais de abastecimento de insumos para vários setores da indústria, e que estão entre as causas do fenômeno generalizado de inflação verificado também em economias desenvolvidas – os Estados Unidos fecharam 2021 com a maior inflação em quase 40 anos, embora inferior à brasileira.

A escalada inflacionária, ainda que inevitável, poderia ter sido amenizada se as ações do campo político tivessem pendido para o lado do ajuste fiscal, fortalecendo a moeda brasileira

No entanto, Campos Neto ressaltou um aspecto importante no caso do câmbio. Havia, segundo o presidente do BC, um “padrão histórico de apreciação da moeda nacional durante ciclos de elevação nos preços das commodities”, ou seja, momentos de commodities em alta costumavam representar entrada forte de dólares no Brasil, reduzindo a cotação do dólar. E, de fato, houve uma “tendência de apreciação no segundo trimestre do ano [de 2021]”, mas que foi “revertida ao longo do segundo semestre, atingindo em dezembro de 2021 uma média 9,83% superior ao do mesmo mês do ano anterior”. Por que isso ocorreu?

Campos Neto responde no mesmo parágrafo: “A tendência de depreciação na segunda metade de 2021 refletiu principalmente questionamentos em relação ao futuro do arcabouço fiscal vigente e o aumento dos prêmios de risco associados aos ativos brasileiros, diante da maior incerteza em torno da trajetória futura do endividamento soberano”. Os questionamentos a que o presidente do BC se refere foram intensificados à medida que as discussões sobre o Orçamento da União de 2022 deixavam cada vez mais claro que governo e Congresso estavam dispostos a adotar alguma forma de truque orçamentário para acomodar gastos crescentes, que iam do reforçado Auxílio Brasil às emendas de relator, a nova face do balcão de negócios entre Executivo e Legislativo. Como resultado, 2021 terminou sem reforma tributária e sem reforma administrativa, mas com a PEC dos Precatórios.


O diagnóstico dos questionamentos passados se repete mais adiante na carta, desta vez como previsão para o futuro: “questionamentos em relação ao futuro do arcabouço fiscal resultam em aumento dos prêmios de risco e elevam o risco de desancoragem das expectativas de inflação. Isso implica atribuir maior probabilidade para cenários alternativos que considerem taxas neutras de juros mais elevadas. O Copom reitera que o processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira segue sendo essencial para o crescimento sustentável da economia. Eventual esmorecimento no esforço de reformas estruturais e alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas podem elevar a taxa de juros estrutural da economia”, diz o texto, repetindo em parte o palavreado constante nos comunicados divulgados após cada reunião do Copom. A mensagem é clara: muito gasto público e pouca reforma ou ajuste levarão a mais inflação e mais juros no curto prazo, pois haverá uma desconfiança geral em relação à saúde fiscal do país.

Em muitos aspectos, quando se analisa várias das causas da disparada da inflação em 2021, o Brasil foi mais passageiro que motorista, sofrendo as consequências dos ânimos do mercado internacional e de questões climáticas. Mas a carta de Campos Neto mostra que a escalada inflacionária, ainda que inevitável, poderia ter sido amenizada se as ações do campo político tivessem pendido para o lado do ajuste fiscal, fortalecendo a moeda brasileira. Esta é a grande mensagem do texto divulgado pelo presidente do BC; resta saber se ela será ouvida e assimilada por quem tem a responsabilidade de propor, votar e implementar os projetos que definirão o futuro fiscal do Brasil.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/editoriais/a-mensagem-do-presidente-do-bc/
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PLANO DECENAL DE ENERGIA PARA 2022

 

Geração

Por
Cristina Seciuk – Gazeta do Povo

Plano Decenal de Energia espera avanço das fontes renováveis e avanço da capacidade instalada até 2030.| Foto: Antonio Lacerda/EFE

A geração brasileira de energia elétrica deve ultrapassar 224 GW de potência instalada até 2030 para fazer frente a um aumento de consumo que pode subir 3,1% ao ano, o que representa um acréscimo de 44% no período. É o que prevê o mais recente Plano Decenal de Expansão de Energia, o PDE 2030, que indica as perspectivas para a expansão do setor de energia no horizonte de dez anos – 2021 a 2030. Elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE, ligada ao Ministério de Minas e Energia), o documento ainda aponta avanço no patamar da geração renovável para 2030, indo a 88% contra 85% de 2020.

Lançado a cada ano, o Plano Decenal de Energia tem por objetivo indicar, “e não propriamente determinar”, as perspectivas para a expansão do setor de energia. Um novo plano, 2022-2031, deve sair ainda no primeiro trimestre de 2022. Tais estudos para o planejamento da expansão tomam por base três itens: a configuração do sistema existente, a expansão contratada em leilões e a perspectiva de entrada pelo Ambiente de Contratação Livre (ACL). Para o PDE 2030, a referência é abril de 2020.

Em maio de 2020, o Sistema Interligado Nacional (SIN) contava com capacidade instalada de cerca de 171 GW, com a participação das diversas fontes de geração, e – juntos – os leilões realizados até o mês anterior e a perspectiva de entrada de empreendimentos viabilizados através do ACL representam acréscimo de 15.600 MW de capacidade instalada nos dez anos seguintes.

Quem é quem na geração

O cenário, segundo a EPE, apresenta predominância de fontes renováveis, como pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), eólica e solar fotovoltaica (centralizada e distribuída) para o suprimento de energia. Já para a complementação de potência, a expansão de referência contempla termelétricas totalmente flexíveis, modernização com ampliação das usinas hidrelétricas existentes e resposta da demanda.

Observa-se que a participação hidrelétrica na matriz se mantém praticamente inalterada. Por outro lado, espera-se crescimento relevante das fontes eólica e solar fotovoltaica centralizada. Juntas essas fontes correspondem a aumento de 4%, acrescentando em torno de 6 GW na capacidade instalada já em implantação, de dezembro de 2020 até o final de 2030.


O PDE 2030 também chama a atenção para a oferta termelétrica existente, mas em final de contrato, além da “necessidade de modernização devido ao longo período em operação e final de vigência da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) e do Programa Prioritário de Termeletricidade (PPT) ao longo do horizonte decenal”. O panorama leva a uma chance de redução de 6% na participação termelétrica do SIN, com incerteza associada à disponibilidade futura desses empreendimentos.

O resultado da configuração final de expansão esperada para ocorrer até 2030, em termos totais de capacidade instalada por tecnologia, prevê crescimentos em todas as tecnologias, à exceção da citada geração térmica:

Hidrelétricas devem ter avanço de 101,9 GW para 106,4 GW;
Eólica avança a 32,2 GW na comparação com 15,9 GW em 2020;
Geração Distribuída dispara de 4,2 GW para 24,5 GW;
Gás natural sai de 14,1 GW em 2020 para 22 GW em 2030;
Biomassa avança de 13,9 GW para 15,1 GW;
PCH vão de 6,6 GW para 8,9 GW de capacidade instalada;
Solar avança de 3,1 GW para 8,4 GW;
Nuclear de 2 GW para 3,4 GW;
Resposta da demanda, inédita do Plano Decenal de Energia, surge com 2,4 GW
Carvão recua dos 3 GW em 2020 para 0,7 GW
Óleo e diesel têm achatamento de 4,4 GW para 0,3 GW.
Expansão indicativa
Segundo o PDE, “em virtude dos efeitos da crise decorrente da pandemia de Covid-19, pode-se observar uma expansão indicativa de referência mais tímida que o usual. No entanto, a necessidade de expansão de tecnologias para o atendimento tanto de energia como de potência fica evidente”, com base nas perspectivas de aumento na demanda.

Quando se fala apenas em expansão já contratada para entrar em operação, verifica-se uma expansão total de aproximadamente 37 GW entre os anos de 2026 e 2030 (com média de 7,5 GW/ano), tudo em nova capacidade instalada a ser incorporada ao Sistema Interligado Nacional (SIN) conforme o PDE 2030.

Além das fontes que já demonstram competitividade econômica, a expansão indicativa considerada tem inclusões como biomassa, modernização de uma planta a carvão e geração a partir de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), que aparece pela primeira vez em um Plano Decenal de Energia e deve atingir 60 MW de capacidade instalada até 2030.

Ainda no que se refere à expansão indicativa, as termelétricas flexíveis são as que mais avançam em capacidade instalada entre 2026 e 2030, com 12.334 MW. Apesar do número significativo (que inclui novas usinas e o retrofit de termelétricas em término de contrato), a predominância é das renováveis, puxadas, por exemplo, pela geração eólica, com expansão prevista de 11.875 MW. Durante todo o período de estudo as fontes renováveis são responsáveis por valores superiores a 85% da capacidade instalada no sistema brasileiro.

O futuro das hidrelétricas
Ainda a principal fonte geradora do país, as hidrelétricas merecem um olhar especial no PDE 2030. A fonte hidráulica, mesmo que predominante no Sistema Nacional – com cerca de 65% nos dias atuais – “precisará, cada vez mais, de maior gestão de sua operação caso se deseje utilizá-la para acomodar as variações de carga e o aumento da participação de fontes renováveis variáveis”. A preocupação parece em um momento que é de mudança na composição da matriz energética nacional, com desafios para o planejamento.

Marcada pela crise hídrica em 2021, a geração de energia por meio da água tem previsão de entrega de sete as usinas até 2030; quais sejam:

Davinópolis, no rio Parnaíba (MG/GO), com 74 MW do potência e previsão de entrada em operação em 2027;
Apertados, no rio Piquiri (PR), com 139 MW do potência e previsão de entrada em operação em 2028;
Castanheira, no rio Arinos (MT), com 140 MW do potência e previsão de entrada em operação em 2028;
Ercilândia, no rio Piquiri (PR), com 87 MW do potência e previsão de entrada em operação em 2028;
Telêmaco Borba, no rio Tibagi (PR), com 118 MW do potência e previsão de entrada em operação em 2029;
Comissário, no rio Piquiri (PR), com 140 MW do potência e previsão de entrada em operação em 2029;
Tabajara, no rio Ji-Paraná (RO), com 400 MW do potência e previsão de entrada em operação em 2029.

Apesar de vislumbrar a possibilidade de ampliação e modernização do parque de usinas hidrelétricas existente num total de 4.300 MW (incluídas as unidades acima), o PDE não traz a indicação de novas obras do tipo, “visto que essa oferta não se mostrou como uma opção economicamente atrativa para a expansão”.

A ausência da indicação no documento, entretanto, “não deve ser vista como uma redução da importância dessa fonte para o Brasil”, afirmam os formuladores. O Plano Decenal de Energia 2030 aponta textualmente a necessidade de “intensificar o debate sobre o papel das hidrelétricas no Brasil[…]. Enxergar novos modelos de negócios, mapear as possibilidades para melhor aproveitar o potencial remanescente e reconhecer a mudança da nossa matriz de energia elétrica são elementos chave para valorizar a importância das hidrelétricas no Brasil”, avalia a EPE. Destaque fica para a recomendação de revisão de projetos para a redefinição do potencial ótimo das usinas, de modo a observar as necessidades do sistema em perspectiva futura.

Energia para os próximos dez anos
Segundo indicação do Plano Decenal de Energia, o setor precisará de investimentos de R$ 2,7 trilhões até 2030, “sendo R$ 2,3 trilhões relacionados a petróleo, gás natural e biocombustíveis, e R$ 365 bilhões a geração centralizada, geração distribuída e transmissão de energia elétrica”. A avaliação tem por base a previsão de um crescimento médio, respectivamente, de 2,9% em 2021 e de 3,0% ao ano até 2030 no cenário de referência, traçado após a crise sanitária de 2020, com expectativa de um início de recuperação em 2021.


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PRESIDENCIÁVEIS QUEREM MUDANÇAS NO STF

Eleições 2022

Por
Renan Ramalho – Gazeta do Povo
Brasília

Sombra da estátua da Justiça e fachada do STF: Bolsonaro, até agora, é o único pré-candidato que fala abertamente no perfil de ministro que pretende indicar.| Foto: Nelson Jr./STF

Enquanto o presidente Jair Bolsonaro já acena à sua base prometendo indicar, se reeleito, mais dois ministros de viés conservador (talvez evangélicos) para o Supremo Tribunal Federal (STF), outros pré-candidatos ao Palácio do Planalto têm evitado antecipar o perfil que desejam para novos integrantes para a Corte a partir de 2023. Mas ao menos um tem defendido reformas no STF. Aliado de outro presidenciável também fala em discutir mudanças, mas mais pontuais no Supremo. E o interlocutor de um quarto pré-candidato dá pistas de qual pode ser o perfil que ele vai escolher para ministro.

Em 2023, primeiro ano do próximo mandato presidencial, o presidente indicará substitutos para Ricardo Lewandowski (que se aposenta em maio, ao completar 75 anos) e Rosa Weber (que deixa o STF em outubro, quando atingirá a idade-limite para o exercício da magistratura).

Desde outubro, Jair Bolsonaro (recém-filiado ao PL, do Centrão) tem dito a aliados que quer aumentar sua influência – ou de setores que o apoiam – dentro da Corte. Em outubro, num café da manhã com parlamentares ligados ao agronegócio, disse que, caso reeleito, teria “quatro garantidos lá dentro”. “Não é que votam com a gente, votam com as pautas que têm que ser votadas do nosso lado”, relativizou.

Em 2 de dezembro, dia seguinte à aprovação de André Mendonça para o Supremo, disse que ele e o Kassio Marques, seu primeiro indicado, “representam, em tese, 20% daquilo que nós gostaríamos que fosse decidido e votado” na Corte. No dia 8, em entrevista ao programa Hora do Strike, da Gazeta do Povo, ele disse que, se reeleito, vai ter quatro ministros no STF “que têm uma forma de pensar muito semelhante à minha”. “A gente muda o Brasil”, afirmou. O Supremo tem ao total 11 ministros.

A insistência no tema decorre, em parte, das seguidas derrotas que Bolsonaro tem enfrentado na Corte, acusada por ele de interferir nas atribuições do governo, sobretudo no combate à pandemia (dando poder a governadores e prefeitos para adoção de medidas restritivas e forçando o governo federal a acelerar a vacinação), ou de perseguir seus apoiadores.


Moro defende reformas institucionais no Supremo
Até o momento, além de Bolsonaro, o único pré-candidato a presidente que se manifestou publicamente sobre mudanças no STF foi Sergio Moro (Podemos), mas sem sugerir que isso se daria a partir dos nomes que indicaria, mas sim por meio de reformas institucionais, que mexeriam com o poder dos ministros.

Durante debate no dia 27 de dezembro com empresários do grupo Personalidades em Foco, Moro criticou decisões da Corte que anularam condenações da Lava Jato, algo que para ele “gera descrédito” e é “ruim para as instituições”.

Ressalvou, no entanto, que sua crítica é “institucional”. “O remédio para isso são mudanças e reformas que melhorem nossas instituições. O mero ataque e o desrespeito não é algo que constrói. É preciso pensar em reformas institucionais no STF. Transformá-lo num tribunal constitucional e pensar em mandato para os ministros.”

Na conversa com empresários, Moro defendeu uma restrição do poder do STF, por exemplo, com o fim do foro privilegiado – o que tiraria de vez dos ministros o poder de julgar criminalmente parlamentares e ministros do governo. “Há hoje uma excessiva verticalização, tudo pode chegar ao Supremo. Precisa resolver as coisas em primeira e segunda instâncias [judiciais].”

Sempre que confrontado sobre o assunto, o ex-juiz evita comentar a atuação individual dos ministros, sobretudo da ala “garantista” que esvaziou a Lava Jato, protagonizada por Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli. No dia 9 de dezembro, em entrevista à rádio Tupi, Moro condenou agressões aos ministros ou ao próprio STF, mas disse que “as pessoas ficam indignadas com razão” diante das anulações das condenações da Lava Jato. “As pessoas ficam tristes, indignadas, porque querem ver a Justiça funcionar”, afirmou.

Perfil para o STF não é prioridade de Lula, mas assunto deve ser tratado na campanha
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nada disse publicamente sobre o STF nesta pré-campanha. E advogados de seu entorno garantem que indicações não estão nas prioridades das discussões dentro do PT.

“A preocupação primeira é realmente construir um arco de alianças que seja possível, para enfrentar os enormes desafios, da fome e da miséria, que voltaram a assolar a vida de milhões de brasileiros. Como a gente pode reconstruir e reconciliar o país. Então, hoje as indicações para o STF são tema lateral”, disse à Gazeta do Povo o advogado Marco Aurélio Carvalho, que há anos trabalha para o PT e atualmente é bastante próximo do ex-presidente.

Para ele, mais para frente, na campanha, questões relativas ao STF serão enfrentadas por todos os candidatos à Presidência. No PT, entretanto, a discussão passará longe da indicação de perfis ou nomes para a Corte. “O papel do STF e a forma como as indicações podem ser feitas são seguramente dois dos temas mais relevantes que têm relação direta com o universo jurídico. Precisam ser enfrentados pelo Lula e por qualquer outro candidato”, disse.

Apesar de criticar duramente Sergio Moro – Marco Aurélio Carvalho é coordenador do grupo Prerrogativas, que reúne advogados antilavajatistas –, o advogado diz que podem ser objeto de discussão temas muito semelhantes aos propostos pelo ex-juiz: limites ao poder do STF e mandatos fixos para os ministros. “Limitar do ponto de vista jurídico [ a atuação do Supremo], acho absolutamente necessário. Quanto ao mandato, tenho dúvidas. Porque uma das grandes garantias que deveriam, em tese, dar liberdade, autonomia e independência aos ministros é a vitaliciedade.”

Marco Aurélio Carvalho acrescenta que, no Brasil, ao contrário dos Estados Unidos, tratar de perfis para o STF não é algo de apelo popular para um candidato à Presidência. “É coisa de bolha”, diz, referindo-se a apoiadores de Bolsonaro e Moro que, segundo ele, fazem parte de uma elite que não compreende bem o papel e o funcionamento do STF. “Ainda tem gente achado que a gente ‘cubanizou’ o STF, o tornou comunista. Isso não chega na população de modo geral”, afirmou.

Aliado de Ciro dá dica de possível perfil para o STF; Doria mantêm silêncio

Os outros dois pré-candidatos, Ciro Gomes (PDT) e João Doria (PSDB), também mantêm silêncio sobre que tipo de ministro indicariam para o STF. Nos últimos meses, nenhum deles nem sequer opinou sobre a atual composição da Corte e suas decisões.

Mas, para um advogado próximo do PDT, seria natural que, se eleito, Ciro indicasse dois nomes desenvolvimentistas para o STF – ou seja, nomes ligados ao pensamento econômico que defende que o Estado tenha o papel de indução do desenvolvimento. “O que é ruim é pegar nomes de dentro do colete que são desconhecidos da classe jurídica, que não têm legitimidade para assumir o cargo. A indicação é um ato discricionário do presidente. Depois de serem aprovados pelo Congresso, esses nomes têm de ter legitimidade na sociedade para que não sejam apenas indicações presidenciais, mas que sejam para cumprir a Constituição”, afirmou.

Um interlocutor de Doria, por sua vez, disse à reportagem que considera muito precoce a discussão sobre nomes. “Não é uma prioridade. O foco está nas pautas econômicas, de retomada da economia, manutenção da saúde, diminuição da pobreza e da fome no Brasil.”
Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/eleicoes/2022/stf-qual-e-o-perfil-de-indicados-para-o-stf-que-os-presidenciaveis-querem/?ref=escolhas-do-editor
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SERÁ MESMO QUE 65 MILHÕES VÃO VOTAR NO LULA EM 2022?

 

Lula lá?

Por
Paulo Polzonoff Jr. – Gazeta do Povo

Pesquisas passam por uma crise de credibilidade, sim. Mas, se Lula realmente conta com o apoio de 66 milhões de brasileiros é porque errados. E muito.| Foto: Ricardo Stuckert/ Instituto Lula

Só poderei entender o outro se a mim mesmo entender.

  • Gustavo Corção

No texto que escrevi sobre a preocupação presidencial com o possível avanço de uma onda vermelha sobre o Brasil, convidei os leitores a uma conversa. Quem chegou ao quarto parágrafo leu o convite para puxar uma cadeira e participar do bate-papo, talvez até tomando uma cervejinha gelada. Nem todos, contudo, reagiram bem ao convite. Houve quem entrasse chutando a mesa e as cadeiras cuidadosamente dispostas e esbravejando: “Você está errado! Eu tenho razão!”.

Mas não aprendo. E, se não aprendo, é porque não quero aprender. Sei que há muita gente viciada em estar com a razão, mas não me vejo como traficante de certezas. Pelo contrário, se é para viciar as pessoas em algo, que seja na dúvida. Refletir dá uma barato que nem te conto!

Por isso, e a despeito de um ou outro malcriado, insisto no convite: chega mais. Puxe uma cadeira. Não, não essa. Essa é muito dura. Ô, Dani, onde é que tá aquela almofada? Não, não a verde; a amarela. O amigo aqui tá precisando. Melhor assim? Maravilha! Não liga, a Catota é desse jeito mesmo. Logo ela se acostuma com você. Ah, já já o café fica pronto. Vai querer? Daqueles bem fortes. Também tem cerveja na geladeira. Prefere uísque? É pra já! Quantas pedras de gelo? Seja sempre bem-vindo à nossa conversa diária.

Pesquisas eleitorais
Este texto se baseia nos dados de uma recente pesquisa eleitoral. E, sim, eu sei que as pesquisas eleitorais, não é de hoje, sofrem uma grave crise de credibilidade. Sucessivamente, os números das pesquisas insistem em contrariar a realidade que apreendemos intuitivamente. Acontece comigo também. Olho para os lados e não vejo 45% dos familiares e amigos afirmando que votarão em Lula. Por consequência, dou um passo atrás e digo para mim mesmo que, sei não, algo de estranho está estranho.

“Como assim um candidato ex-presidiário que não pode nem ir no barzinho da esquina bebericar sua cachacinha pode estar 20 pontos percentuais à frente do candidato e atual presidente que ainda atrai razoáveis multidões por onde passa?”, você e eu nos perguntamos. E, para essa e tantas outras perguntas, não tenho uma resposta. A lógica me faz crer que os institutos de pesquisa não teriam interesse em fraudar esse tipo de resultado. Afinal, o bem mais valioso para um instituto de pesquisa é, em teoria, sua credibilidade. Se ninguém acredita nas pesquisas de opinião, para que elas servem?

Feitas essas ressalvas necessárias (mas sempre insuficientes), o fato é que uma pesquisa recente mostra que Lula teria 45% dos votos dos brasileiros. Numa conta rápida, levando em consideração que o Brasil tem 147 milhões de pessoas aptas a votar, isso equivaleria a 66 milhões de eleitores. Arredondemos para 65, só para o título ficar bonitinho. Este é o número de brasileiros, nossos concidadãos, pessoas com as quais dividimos o escritório, o transporte público e o restaurante, e que, em teoria, a julgar pelos números de uma pesquisa, estariam dispostas a votar num ex-presidente que já passou 580 dias numa prisão de luxo.

As condenações pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro posteriormente foram malandramente anuladas pelos “guardiões da Constituição”. O que não quer dizer, em hipótese alguma, que Lula tenha sido inocentado.

Ignorância tão profunda que nos escapa
Dito isso, chegou a hora daquele momento que incomoda tanta gente: o de olhar para dentro. A fim de tentar entender onde foi que erramos, enquanto sociedade, a ponto de termos entre nós 65 milhões de semelhantes que no mínimo cogitam votar em Lula – o que significa devolver o poder a um grupo político caracterizado pela corrupção, autoritarismo e mentira.

O que leva um caminhoneiro, por exemplo, a dizer que prefere a corrupção do PT a um governo “que cobra um preço desses pelo diesel”? O que leva um intelectual todo racional, iluminista e ateuzão a depositar todas as suas esperanças (fé) em Lula? O que leva jornalistas – olá, colegas! – a defenderem um partido que despreza a liberdade de expressão? O que leva um cristão a cogitar votar numa facção que já se mostrou antirreligiosa e que, pior, se baseia numa ideologia que tem como base a força, e não a misericórdia?

De todos os exemplos citados, os únicos que fazem algum sentido são o dos intelectuais e o dos jornalistas – grupos tradicionalmente cooptados pelo espírito coletivista que insiste em nos assombrar, mesmo depois de todas as tragédias totalitárias do século XX. Aliás, faz sentido que todas as pessoas que de alguma forma sucumbiram à tentação da engenharia social (incluindo aí médicos, arquitetos e escritores) vejam até com naturalidade a ideia de votar em Lula. Afinal, eles agem movidos pela ambição de um dia construir uma nova Torre de Babel.

Quanto aos demais exemplos e outros tantos que não me ocorrem, resta a dúvida: agem movidos por ignorância ou por uma má-fé disfarçada de “jeitinho brasileiro”? Ora, quem me lê com as devidas frequência & atenção sabe que prefiro sempre pressupor ignorância a cogitar que alguém aja de forma deliberadamente mal-intencionada.

É ela, a ignorância, o que leva uma pessoa honesta a não enxergar a relação entre a crise e, por exemplo, o intervencionismo econômico. É a ignorância o que faz certas pessoas darem de ombros para a liberdade, considerando-a um valor menor. É a ignorância, inclusive a ignorância de si mesmo (daí a frase de Gustavo Corção lá no alto), o que impede alguns de entenderem que o outro às vezes age movido por sentimentos mesquinhos, como a inveja e a vaidade, mesmo que de sua boca saiam palavras a exaltar “o bem comum”.

Honestidade, autonomia, autossacrifício

Se há, portanto, algo de verdadeiro na pesquisa, e se de fato 66 milhões de brasileiros pensam em entronar Lula novamente, é porque, nas últimas duas décadas, não conseguimos, apesar de todos os textos e debates e memes e documentários e cultos e decisões judiciais, criar uma sociedade baseada em valores como a honestidade, a autonomia e o autossacrifício. Pelo contrário, fomentamos essa ignorância que agora nos ameaça com a volta de Lula, exaltando a preguiça sobre a honestidade, a dependência sobre a autonomia e os prazeres sobre o autossacrifício.

Mas me diga: ainda tá bom esse uísque? Não quer mais gelo, não? Acho que vou cortar um salaminho pra gente. Xi, olha que sujeirada! Limpa logo isso, cara. Se a Dani vir vai ficar furiosa! Ah, meu Deus, aí vem ela. Disfarça, disfarça. Oi, amor, tudo bem? Não, não. Eu tava me levantando agora mesmo pra cortar um salaminho pra gente. A Catota? Não tenho a menor ideia de onde essa gata se enfiou. Mas onde é que estávamos mesmo? Ah, sim. Eu falava dos brasileiros que, de acordo com uma pesquisa aí, cogitam votar em Lula. Em Lula! Não dá mesmo pra acreditar numa coisa dessas.


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NOMES DE VICES PARA AS CHAPAS PRESIDENCIÁVEIS EM 2022

 

  1. Política 
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Partido, fruto da fusão entre DEM e PSL, terá R$ 1 bilhão para as campanhas e não deve lançar candidato; Bivar, Mandetta e Mendonça Filho podem integrar chapa

Lauriberto Pompeu, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA – Mesmo sem saber qual candidato vai apoiar nas eleições presidenciais de outubro, o União Brasil já tem três nomes de vice para oferecer em qualquer chapa. A lista é composta por Luciano Bivar (PE), presidente do PSL; Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), ex-ministro da Saúde, e Mendonça Filho (DEM-PE), ex-titular da Educação. Em comum, porém, os três colecionam dificuldades em disputas eleitorais.

Fruto da fusão entre o DEM e o PSL, o União Brasil nasce com o maior fundo eleitoral para a campanha deste ano, na casa de R$ 1 bilhão. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deve avalizar a criação do partido em fevereiro.

Pré-candidato do Podemos ao Palácio do Planalto, o ex-ministro da Justiça e ex-juiz da Lava Jato Sérgio Moro ia se encontrar com Mandetta na segunda-feira, em São Paulo, para discutir a possibilidade de aliança. Moro postou ontem no Twitter, porém, que seu teste de covid-19 deu positivo. Com isso, a reunião foi adiada.PUBLICIDADE

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Luciano Bivar conquistou vaga na Câmara na onda bolsonarista; Luiz Mandetta ganhou projeção como ministro da Saúde; Mendonça Filho tentou, sem sucesso, o Senado em 2018 Foto: Dida Sampaio/Estadão, Daniel Teixeira/Estadão, Fabio Motta/Estadão

Mandetta só ganhou projeção na equipe de Bolsonaro, como ministro da Saúde, no início da pandemia do coronavírus, em 2020. Antes, em 2018, ele mostrava desencanto com a política e não havia nem mesmo disputado a reeleição para deputado federal.

Mendonça Filho, por sua vez, concorreu ao Senado em 2018, mas acabou derrotado. Dois anos depois, em 2020, foi candidato à prefeitura do Recife e não chegou nem ao segundo turno.

Luciano Bivar, na outra ponta, não conseguiu ser eleito deputado federal em 2014, mas em 2018 conquistou uma vaga na Câmara, na onda bolsonarista – à época, Bolsonaro era filiado ao PSL. Mesmo assim, Bivar ficou em sétimo lugar entre os nomes de Pernambuco.

O União Brasil tem negociado principalmente com Moro e com o PSDB, que lançou o governador de São Paulo, João Doria, como pré-candidato ao Planalto. O MDB, que apresentou a senadora Simone Tebet (MS) para a disputa, também participa das articulações.

O deputado Júnior Bozzella (SP), um dos vice-presidentes do PSL que manterão o cargo no União Brasil, admitiu entraves para a aliança com Moro. Mesmo assim, virou uma espécie de porta-voz da campanha do ex-juiz. “A gente vai ter deputados, R$ 1 bilhão de fundo eleitoral, quase dois minutos de TV (no horário gratuito), além das inserções, que vão contar muito. Em um projeto nacional, isso tem peso gigante”, disse Bozzella, sob o argumento de que o União Brasil é a alternativa para impulsionar a terceira via.

Polarização

Na lista dos possíveis vices, Mandetta tem como vantagem a proximidade com Moro. Os dois foram colegas de Esplanada e saíram rompidos com Bolsonaro, em abril de 2020. Desde aquele ano, eles têm trocado impressões sobre o cenário eleitoral e conversado com outros nomes que tentam quebrar a polarização entre Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Bivar tem a seu favor o fato de que será o presidente do União Brasil. Tanto ele como Mendonça Filho são do Nordeste, região que é considerada um celeiro de votos do PT. A dobradinha entre Bivar e Moro, no entanto, contrastaria com o discurso de combate à corrupção mantido pelo ex-juiz. Motivo: o deputado é suspeito de fomentar concorrentes laranjas.

Em 2019, por exemplo, Bivar chegou a ser alvo de uma operação da Polícia Federal que investigou fraudes na aplicação de recursos destinados a candidaturas femininas em Pernambuco. Ele sempre negou desvio de dinheiro. Questionado sobre a aliança com Moro, afirmou que “é necessário tempo para a discussão da pauta econômica com os pré-candidatos e para acomodar alguns palanques pelo Brasil”.

Marcos Cintra, ex-secretário da Receita Federal, tem auxiliado o PSL nas pautas econômicas e foi escalado para dialogar com a campanha de Moro. 

A estratégia do União Brasil consiste em aguardar até abril para tomar uma decisão sobre qual presidenciável apoiar. É nesse mês que termina o prazo para que deputados possam mudar de partido sem perder o mandato. “Até lá, os movimentos serão mínimos porque os partidos precisam priorizar as bancadas no Parlamento”, observou Mendonça Filho.

MUDANÇAS CLIMÁTICAS E CONTRIBUIÇÃO DOS PAÍSES

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