terça-feira, 4 de janeiro de 2022

PAUTA DO STF PARA 2022

 

Agenda judicial

Por
Renan Ramalho – Gazeta do Povo
Brasília

Brasilia, DF. 05/07/11. Supremo Tribunal Federal, Praca dos Tres Poderes. Foto: Dorivan Marinho

Fachada do STF: agenda cheia no Supremo em 2022.| Foto: Dorivan Marinho/STF

Parte importante dos julgamentos previstos para 2021 no Supremo Tribunal Federal (STF) acabou sem deliberação por parte dos ministros. Alguns processos nem sequer começaram a ser analisados no plenário porque casos mais urgentes acabaram furando a fila da pauta ou outros mais importantes tomaram o tempo maior.

Outros receberam votos no plenário, mas tiveram a decisão adiada por pedidos de vista. A persistência da pandemia no Brasil também contribuiu, consumindo parte das sessões e do tempo dos ministros – principalmente nas dezenas de pedidos apresentados contra medidas determinadas pela CPI da Covid.

Fora assuntos que afetam mais diretamente a vida das pessoas e também questões sociais, também acabaram adiados algumas decisões relativas a inquéritos e ações penais. Esta reportagem lista as ações mais importantes que haviam sido pautadas e, portanto, já contam com votos prontos por parte dos ministros.

Na primeira parte, estão alguns assuntos já pautados para o primeiro semestre pelo presidente da Corte, Luiz Fux. Depois, a lista traz as pendências ainda sem data de julgamento. A pauta do segundo semestre tende a ser definida por Rosa Weber, que assume a presidência do STF em setembro.


Pauta do primeiro semestre no STF
Passaporte da vacina: questão que ficou pendente no final de 2021, a necessidade de apresentar comprovante de vacina para entrar no Brasil só será objeto de deliberação final no dia 9 de fevereiro. Em dezembro, o ministro Luís Roberto Barroso proferiu liminar para impedir o desembarque de estrangeiros sem o documento e, num julgamento virtual, mais sete ministros referendaram. Kassio Marques, no entanto, pediu para levar o tema ao plenário presencial e agora a discussão vai recomeçar do zero. Até lá, vale a decisão de Barroso.

Operações policiais em favelas: outra pendência do final de 2021 refere-se à suspensão das operações policiais em favelas do Rio de Janeiro. Em 2020, Edson Fachin proibiu as incursões durante a pandemia, liberando-as só em situações “excepcionais”. Como a polícia continuou buscando bandidos nas comunidades, a Corte agora definirá em que condições isso poderá ocorrer. Fachin defendeu que a força letal só seja empregada em último caso, se realmente haver risco à vida de inocentes. Também quer instalação de câmeras nas viaturas. Tudo isso será decidido na primeira sessão do ano, no dia 2 de fevereiro.

Federações partidárias: outro tema indefinido, desta vez ligado às eleições, são as federações partidárias, aprovadas pelo Congresso no ano passado. Na prática, trata-se da volta das coligações para eleições para deputados, em que o voto num partido beneficia candidatos de outras legendas aliadas. A federação, no entanto, exige que os partidos federados atuem junto nas Câmaras e Assembleias apor quatro anos. O PTB pediu a derrubada das federações, mas o relator do caso no STF, Luís Roberto Barroso, negou a suspensão do novo instituto eleitoral. Os ministros agora vão decidir se ele é ou não válido, à luz de uma emenda constitucional de 2017 que proibiu as coligações. A decisão se dará na primeira semana de fevereiro.

Demissões em massa: ainda em fevereiro, o plenário decide se há necessidade de negociação coletiva entre uma empresa e o sindicato de uma categoria para demissões em massa. Em maio do ano passado, três ministros votaram contra: Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes e Marco Aurélio Mello (já aposentado). Dois votaram a favor: Edson Fachin e Rosa Weber. Dias Toffoli pediu vista e suspendeu o julgamento.

Ficha Limpa: fevereiro também é o mês em que ministros podem afrouxar a Lei da Ficha Limpa, reduzindo, na prática, o prazo de inelegibilidade de políticos condenados em órgãos colegiados. Até 2020, os oito anos fora das eleições contavam a partir do término do cumprimento da pena, como manda a lei. Em dezembro daquele ano, no entanto, Kassio Marques decidiu que o prazo ia contar a partir da condenação. Ou seja: o político não cumpre a pena, porque pode continuar recorrendo, mas ganha o direito de se candidatar depois de oito anos. O julgamento que poderá restabelecer a regra anterior está marcado para o dia 3 de fevereiro.

Demissão de não vacinados: em novembro de 2020, Luís Roberto Barroso suspendeu uma portaria do governo que proibia empresas de demitir ou não contratar pessoas que não comprovassem vacinação contra a Covid. No dia 9 de fevereiro, o plenário da Corte vai decidir se mantém a decisão ou revalida a portaria.

Afastamento de agressor de mulheres: em março, o STF julga uma ação da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) contra regra da Lei Maria da Penha que autoriza delegados a afastar de casa maridos que batem em mulheres, para preservar a vida e a integridade física delas. A entidade diz que somente um juiz poderia determinar a medida.

Questões trabalhistas: em abril, o plenário julga vários processos que afetam relações de trabalho. No dia 6, há um recurso contra decisão de 2018 que permitiu a terceirização em todas as atividades empresariais. No dia 7, os ministros analisam ação da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Terrestres (CNTT) contra a Lei dos Caminhoneiros, de 2015, que reduziu horários para descanso e alimentação, além de exigir a realização de exame toxicológico. No dia 20, o plenário decide se as horas consumidas no trajeto para o trabalho contam ou não para a jornada diária.

Bafômetro: em maio, o plenário julga ação que busca derrubar multa e a suspensão por um ano do direito de dirigir de quem recusa-se a fazer o teste do bafômetro. O argumento é o preceito constitucional de que ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo. Em seguida, os ministros também analisam a constitucionalidade de norma que proíbe a venda de bebidas alcoólicas às margens das rodovias federais.

Licitação para advogados: também em maio, a Corte julga três ações, que haviam sido pautadas para abril de 2020, que buscam obrigar órgãos públicos a realizar licitações para contratar advogados. A lei atual permite a dispensa ao considerar que serviços jurídicos são diferenciados, porque dependem da capacidade única de advogados em atender a determinadas demandas. O relator é Dias Toffoli, que fez carreira na advocacia.

Direito a creche: ainda em maio, o plenário julga recurso do município de Criciúma (SC) contra decisão da Justiça catarinense de obrigar o prefeito a oferecer creche pública para todas as crianças de 0 a 6 anos da cidade. A Procuradoria-Geral da República (PGR) opinou a favor da obrigatoriedade. Se a decisão for favorável, haverá repercussão geral e todos municípios deverão universalizar o serviço.

Prisão especial para quem tem diploma: no dia 8 de junho, o plenário julga uma ação da Procuradoria-Geral da República (PGR) que visa a derrubar dispositivo do Código de Processo Penal (CPP) que concede o direito a prisão especial a quem tem diploma de ensino superior. O órgão diz tratar-se de um privilégio instituído em 1937, no governo de Getúlio Vargas, “em contexto antidemocrático, durante período de supressão de garantias fundamentais e manutenção de privilégios sem respaldo na igualdade substancial entre cidadãos”.

Nepotismo em cargos políticos: no dia 8 de junho, os ministros decidem se um prefeito pode nomear parentes como secretários de governo. A decisão terá repercussão geral e pode proibir nomeações para cargos políticos de “cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau”.

Devassa de celulares: no dia 15 de junho, o plenário decide se um celular encontrado num local de crime durante uma perícia pode ser devassado pela polícia, para captar conversas de WhatsApp, e-mails e dados privados armazenados no aparelho ou em serviços de internet. Em geral, a extração dessas informações só pode ser feita por autorização judicial numa ordem de busca e apreensão, por exemplo. No mesmo dia, os ministros decidem se é preciso limitar (e como) as renovações de interceptações telefônicas de pessoas investigadas.

Retirada de conteúdo da internet: em junho, os ministros vão discutir até onde vai a responsabilidade de sites de internet e redes sociais por conteúdos ofensivos postados por usuários. Uma regra do Marco Civil da Internet diz que as empresas só devem pagar indenizações quando desobedecerem uma decisão judicial de retirar os ataques do ar. Os ministros vão decidir se as redes sociais podem ser punida só por publicarem a ofensa, o que as obrigaria a fiscalizar previamente o que os usuários postam.

Apreensão de CNH de devedor: ainda em junho, o STF deverá julgar uma ação que contesta a possibilidade de um juiz apreender a carteira de habilitação ou o passaporte de quem tem uma dívida reconhecida na Justiça, de modo a forçar a pessoa a efetivar o pagamento. Em outras situações, juízes também têm proibido a pessoa de prestar concurso.

Marco temporal de demarcação de terras indígenas: ficou para 23 de junho a decisão sobre a constitucionalidade do critério de demarcação de terras indígenas com base na comprovação de sua ocupação até 1988 (data da promulgação da atual Constituição). O tema é objeto de pressão sobre o STF por parte de índios e agricultores. Em setembro, o relator do caso, Edson Fachin, votou contra o marco temporal, Kassio Nunes Marques votou a favor e Alexandre de Moraes pediu vista.

Outros temas ainda não pautados
Há ainda uma série de assuntos sem data marcada para julgamento no STF, mas que haviam sido pautados para 2020 e, portanto, estão com tramitação avançada na Corte. São eles:

Juiz de garantias: aguardado desde o início do ano passado pelos criminalistas do país, o julgamento sobre divisão, entre dois juízes, das tarefas supervisionar uma investigação e julgar uma ação penal, estava previsto para novembro. Mas, a pedido de deputados, foi retirado da pauta pelo ministro Luiz Fux. Ele é relator das ações de associações da magistratura que pressionam o STF pela inconstitucionalidade da medida, aprovada dentro do pacote anticrime em 2019 e suspensa no ano seguinte em razão da dificuldade de implementação. Em outubro, a maior parte dos representantes da classe afirmou, em audiências, que a adoção do modelo vai atrasar processos e favorecer a impunidade.

Jogos de azar: a ação que pretende descriminalizar os jogos de azar. Parte da base governista batalha no Congresso para legalizar a atividade, mas tramita na Corte desde 2016 um recurso do Ministério Público contra uma decisão da Justiça gaúcha que considerou que a tipificação penal dos jogos de azar, de 1941, não é compatível com a Constituição de 1988, que consagrou a livre iniciativa e as liberdades individuais. O relator também é o ministro Luiz Fux e ainda não há data para o julgamento.

Investigações e casos envolvendo autoridades com foro no STF
Suposta interferência de Bolsonaro na PF: o ritmo de andamento de inquéritos e ações penais contra autoridades com foro privilegiado no STF depende da Procuradoria-Geral da República (PGR), que conduz os casos, e da Polícia Federal (PF), que colhe as provas. Mas um dos casos que está praticamente concluído é o inquérito aberto em 2019 por suposta interferência política do presidente Jair Bolsonaro na PF. A última etapa da investigação foi o depoimento dele prestado no início de novembro. Cabe à PF agora elaborar um relatório final e depois à PGR optar por denunciar o presidente ou o ex-ministro Sergio Moro (por suposta denunciação caluniosa, por ter feito a acusação), ou arquivar tudo.

Quadrilhão do MDB: em fase avançada está o caso do “quadrilhão” do MDB do Senado, investigado pela Lava Jato. Já existe uma denúncia da PGR para tornar réus os senadores Renan Calheiros e Jader Barbalho e os ex-senadores Romero Jucá e Edison Lobão por organização criminosa, que teria sido formada para controlar a diretoria internacional da Petrobras para obter R$ 864 milhões de propina entre 2004 e 2012. O julgamento ocorreria em dezembro, mas foi adiado por Fux.

Suposta corrupção de Collor: outro caso pendente da Lava Jato é o julgamento final de uma ação penal contra o senador Fernando Collor (Pros-AL), acusado de corrupção e lavagem de dinheiro pelo suposto recebimento de R$ 30 milhões em propina por negócios da BR Distribuidora. O julgamento, previsto para dezembro, também foi adiado e ainda não tem nova data para ocorrer. Neste caso, há risco iminente de prescrição.

Suposta rachadinha de Silas Câmara: até o momento, está marcado para fevereiro o julgamento de uma ação penal contra o deputado federal Silas Câmara (Republicanos-AM), acusado de desviar R$ 248,2 mil de 17 ex-funcionários de seu gabinete entre 2000 e 2001, num esquema de rachadinha. O relator, Luís Roberto Barroso, já votou pela condenação por crime de peculato e propôs uma pena de 5 anos e 3 meses de prisão no regime semiaberto. A decisão caberá aos 11 ministros do plenário.

Recurso contra a condenação de Paulinho da Força: em março, o plenário também julga recurso contra a condenação do deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (SD-SP), à pena de 10 anos e 2 meses de reclusão, em regime inicial fechado, pela prática de crime contra o Sistema Financeiro Nacional, lavagem de dinheiro e associação criminosa.


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A DIFÍCIL PAUTA ECONÔMICA DO GOVERNO EM 2022

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo

Presidente da República, Jair Bolsonaro durante reunião com o Ministro da Economia, Paulo Guedes.| Foto: Isac Nobrega/Presidência da República

Quando Jair Bolsonaro foi eleito presidente da República em 2018, sua vitória veio ancorada em um tripé que consistia em liberalismo econômico, conservadorismo moral e dureza com a criminalidade e a corrupção. Neste ano, entretanto, por mais importantes que continuem sendo as pautas morais e o combate à corrupção, a economia deve se tornar o tema principal, depois do estrago causado pela pandemia de Covid-19 e a deterioração em indicadores como inflação e câmbio. O brasileiro empobrecido e desempregado quer ter alguma perspectiva de melhora em sua situação para que tenha mais tranquilidade e possa voltar seu olhar para outros assuntos. Por isso, não surpreende que Bolsonaro tenha em vista projetos na área econômica para aprovar este ano – mas, a julgar pelas prioridades presidenciais, seria possível demonstrar ainda mais ambição para concluir o trabalho iniciado em 2019.

Algumas das escolhas de Bolsonaro para este ano são “sobras” de sua lista de 2021 que não acabaram analisadas pelo Congresso Nacional. É o caso, por exemplo, da privatização dos Correios, parada no Senado, e do projeto que pode atrair novos investimentos para a exploração do pré-sal ao permitir que se aplique o regime de concessão, em vez de impor apenas o regime de partilha, desenhado durante os governos petistas. Há, ainda, um novo marco legal para o setor elétrico e a importante PEC dos Fundos, que pode destravar bilhões de reais que estão parados.

Não há dúvidas de que as reformas têm o potencial de destravar crescimento e aumentar a confiança no Brasil, gerando renda e emprego no curto, médio e longo prazo. O momento pede coragem

É de se lamentar, no entanto, a ausência das reformas tributária e administrativa. O governo desistiu de ambas, a ponto de seu líder na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), ter dito explicitamente que não havia chance de aprovação em 2022. A essa altura, apenas o ministro Paulo Guedes demonstra o desejo de analisar os dois temas ainda este ano. Ao encontrar-se com empresários, Guedes criticou a “convenção no mundo político de que ano de eleição não se faz reforma, não se faz nada, joga parado e o recado que eu recebi aqui da classe empresarial é ‘não, vamos prosseguir com as reformas’ (…) Essas reformas são importantes, ajudam o Brasil a crescer e trazem votos”.

Uma economia em ordem indubitavelmente traz votos. Colocar as contas públicas em ordem depois da explosão de gastos causada pela pandemia e depois das recentes gambiarras orçamentárias ajudaria a trazer para baixo o dólar, a inflação e os juros, com efeitos que seriam sentidos por todos os brasileiros. A reforma administrativa seria um passo importante nesta direção; ainda que suas consequências práticas só sejam sentidas no médio e longo prazo, já que os atuais servidores não seriam afetados, ela indicaria um comprometimento do país com o ajuste fiscal, o que por si só já atrai a confiança do investidor. E até Ricardo Barros admite que as duas reformas trariam votos; afinal, um dos seus argumentos é o de que partidos com candidatos à Presidência se recusariam a apoiar reformas que Bolsonaro poderia usar como trunfo eleitoral na campanha. Ora, se é assim, temos uma admissão implícita de que tanto a reforma tributária quanto a administrativa seriam, sim, puxadoras de votos.


Além disso, o caso dos Correios oferece uma demonstração de como é possível enfrentar interesses e narrativas enviesadas. Mesmo depois que Vale e Embraer privatizadas se tornaram referências mundiais em seus setores, depois que a privatização das telecomunicações levou à expansão no fornecimento do serviço (mesmo quando sua qualidade ainda deixa a desejar), ainda há um certo tabu sobre privatizações. O brasileiro ouviu por décadas o discurso esquerdista estatizante que tratava (e ainda trata) a venda de estatais como atentado à “soberania nacional” e “entreguismo” de um patrimônio que é “do povo”, quando na verdade é do Estado, que o usa como bem entender – o petrolão foi a maior demonstração disso. Seria natural imaginar que a oposição a uma grande privatização, como a dos Correios, fosse maior, ou mais difusa dentro da sociedade, que a resistência à reforma administrativa, tema que mobiliza especialmente o funcionalismo público – e sem motivo para tal, já que os atuais servidores não serão afetados por ela. Além do mais, as privatizações certamente também seriam um trunfo eleitoral, para voltar ao raciocínio exposto por Ricardo Barros. Se o governo segue adiante com elas, e conta com votos de partidos que podem estar contra Bolsonaro em outubro, por que as grandes reformas não poderiam se aproveitar dessa boa disposição?

O governo aprovou a reforma da Previdência (ainda que em uma versão bem aguada), a Lei de Liberdade Econômica e marcos legais que dão o devido papel de destaque à iniciativa privada, e lançou as bases para uma revolução logística, mas ainda há muito a consertar na economia brasileira. Não há dúvidas de que as reformas têm o potencial de destravar crescimento e aumentar a confiança no Brasil, gerando renda e emprego no curto, médio e longo prazo. O momento pede coragem para que o ímpeto reformista não arrefeça.


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GOVERNO BOLSONARO E SUAS VÁRIAS DIVISÕES DE FORÇAS

Correntes políticas
Por
Olavo Soares
Brasília

Bolsonaro durante solenidade de lançamento do programa Rodovida, em dezembro, no qual participaram ministros de várias alas do governo.| Foto: Clauber Cleber Cetano/PR

Marcado desde seu início por uma divisão entre diferentes grupos (ideológico, militar, econômico, lavajatista), o governo do presidente Jair Bolsonaro começa o ano de 2022 tendo o chamado “núcleo político” com mais peso do que os demais. O segmento de auxiliares do presidente formado por personalidades experientes na política e, em sua maioria, filiados a partidos do Centrão, detém hoje os principais postos-chave da gestão e, assim, supera em poder e influência outras subdivisões da equipe bolsonarista, como o “núcleo militar” e o “núcleo ideológico”.

São sete os ministérios ocupados por políticos de carreira: Agricultura, com Tereza Cristina (filiada ao DEM/União Brasil); Cidadania, com João Roma (Republicanos); Desenvolvimento Regional, com Rogério Marinho (PL); Trabalho, com Onyx Lorenzoni (DEM/União Brasil); Secretaria de Governo, com Flávia Arruda (PL); Comunicações, com Fábio Faria (PSD); e a pasta mais importante da estrutura presidencial, a Casa Civil, cujo titular é o comandante nacional do PP, Ciro Nogueira. À exceção de Marinho, todos os ministros-políticos são também congressistas licenciados.

O número de ministérios gerenciados por políticos é igual ao de militares, que também controlam sete pastas. O que desempata a “disputa” a favor dos políticos é o fato de que, na somatória geral, suas pastas têm mais peso que as dos militares. A Casa Civil é o ministério mais importante da Presidência da República. E Ciro Nogueira chegou ao seu comando justamente em substituição a um militar, Luiz Eduardo Ramos, que foi transferido para a Secretaria-Geral da Presidência.

Está também sob o comando de um político o Ministério da Cidadania, que gerencia o Auxílio Brasil, programa social que substituiu o Bolsa Família e que pode ser decisivo para que Bolsonaro incremente sua popularidade entre o eleitorado de menor renda.


“Ideológicos” perderam influência no governo Bolsonaro
A ascensão do grupo político gerou, ao longo do último ano e meio, a perda da força do chamado segmento ideológico, como ficou conhecido o núcleo de auxiliares de Bolsonaro mais conectado com valores conservadores e com a linha de pensamento do filósofo Olavo de Carvalho. O segmento mantém ministros como Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) e Milton Ribeiro (Educação), mas sofreu duros golpes com as quedas, durante o ano de 2021, de Ricardo Salles e Ernesto Araújo, respectivamente os antigos titulares de Meio Ambiente e Relações Exteriores. Salles e Araújo foram substituídos por Joaquim Alvaro Pereira Leite e Carlos Alberto Franco França, de perfil mais discreto que os antecessores.

Mesmo o titular da Educação, Milton Ribeiro, apesar de ser pastor evangélico e de ter dado declarações públicas sintonizadas com as diretrizes de Bolsonaro, é também menos avesso aos holofotes do que o antigo comandante da pasta, Abraham Weintraub, que ganhou fama de “ruidoso”. O hoje ex-ministro mora nos EUA, segue como defensor de Bolsonaro nas redes sociais e almeja disputar as eleições de 2022 pelo estado de São Paulo.

Também perdeu força nos últimos meses Filipe Martins, assessor especial de assuntos internacionais da Presidência. Ele foi alvo de controvérsia após ter sido acusado de fazer um gesto racista durante audiência no Senado, em março de 2021. O episódio fez parte da série de acontecimentos que culminou na demissão de Araújo.

O deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), que foi o primeiro ministro da Cidadania de Bolsonaro, transita entre os núcleos ideológico e político. Ele está em seu sexto mandato na Câmara e se aproximou do grupo ideológico principalmente por causa de seus posicionamentos em relação à pandemia de coronavírus – o parlamentar é defensor do tratamento precoce e crítico de medidas de restrição de circulação. Ele não identifica declínio de algum dos grupos no momento atual do governo principalmente por considerar que tal divisão, na prática, não existe.

“Não vejo isso. O que pode haver é muita gente dando opinião. Podemos ter, no governo, muita gente de origens diferentes dando opiniões diferentes”, diz Osmar Terra. Segundo ele, o que viu quando era ministro foi “um excesso de pessoas tentando ajudar”.

Grupo político é base para eleição, mas pode perder espaço
A aparente contradição entre um Bolsonaro que amaldiçoava a “velha política” e o que se filia ao PL ao lado de Valdemar Costa Neto, condenado pelo mensalão, tem sido explorada de maneira expressiva por adversários do presidente.

Um episódio é destacado em particular: a fala do hoje ministro-chefe do gabinete de Segurança Institucional da Presidência, general Augusto Heleno, durante convenção do PSL em 2018, quando ele cantarolou “se gritar ‘pega centrão’, não fica um meu irmão”. Atualmente, Heleno divide o Palácio do Planalto com Ciro Nogueira, ministro da Casa Civil e presidente do PP, partido que personifica como poucos o Centrão.

Aliados do presidente, porém, minimizam o suposto descompasso entre o discurso eleitoral e o começo do governo com o atual momento mais favorável aos políticos. Para eles, Bolsonaro precisou se readequar para conseguir vitórias no Congresso Nacional e fez isso sem abrir mão da essência de sua gestão. “Essa movimentação, na realidade, é fruto de um rearranjo de quem muda de partido mas continua firme em seu projeto político democrático e visceralmente anticorrupção”, diz o deputado federal Marco Feliciano (Republicanos-SP).

Ao aproximar diferentes partidos de seu governo, Bolsonaro deixou improvável a possibilidade de avanço de um processo de impeachment contra ele – o afastamento exige o voto favorável de 342 dos 513 deputados. E também iniciou a construção de uma aliança que buscará dar a ele um contexto diferente do que dispôs no processo eleitoral de 2018. Naquela ocasião, Bolsonaro concorreu pelo pequeno PSL tendo apoio formal de apenas mais um partido, o nanico PRTB. Agora, o presidente busca ter ao lado siglas com força nacional que assegurem tempo de propaganda eleitoral na televisão, verba do Fundo Eleitoral e palanques regionais.

O fato de o Centrão estar próximo agora do governo, porém, não assegura o vínculo entre os partidos do bloco para a eleição de 2022. A avaliação é do cientista político David Fleischer, professor da Universidade de Brasília (UnB). “É possível que o Centrão mude de postura. As eleições e os quadros regionais podem causar uma alteração nesse cenário. Serão necessárias adequações de candidaturas estado por estado. Aí vamos ver se o Bolsonaro conseguirá se impor”, diz.

Fleischer também elenca outro contexto que pode reduzir a influência do núcleo político que hoje dá sustentação a Bolsonaro – o período de desincompatibilizações. Esta condição ocorre seis meses antes das eleições, quando os membros de governo que pretendem se candidatar a cargos públicos precisam deixar seus postos atuais na estrutura pública por determinação da lei eleitoral. Tal quadro, na ótica do professor, pode fazer com que os militares voltem a ser o grupo mais forte do governo. “Precisamos esperar para ver o impacto que as desincompatibilizações farão. Afinal, todos os que querem se candidatar terão que deixar o governo. E ainda não sabemos se as vagas serão ocupadas por civis ou militares. Isso pode criar um reequilíbrio de forças”, aponta.

O fortalecimento do grupo político, com nomes que apoiaram lideranças de outras vertentes, não levou Bolsonaro a readequar seu discurso. O presidente tem mantido a abordagem incisiva em temas que o levaram a conquistar seu eleitorado, como a crítica a políticos de esquerda, a abordagem de minorias e, mais recentemente, a temas ligados à pandemia de Covid-19. Bolsonaro também não tem restringido ataques a lideranças de centro e centro-direita, como seus possíveis adversários João Doria (PSDB) e Sergio Moro (Podemos).

O professor David Fleischer aposta que Bolsonaro não vai moderar seu discurso em 2022 para adotar um tom mais moderado por causa de sua aliança com o Centrão. “Isso não vai ocorrer. Vemos isso no discurso antivacina”, destaca o cientista político.


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EFEITOS DA FACADA NO BOLSONARO CONTINUAM

 


Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo

— AFP PICTURES OF THE YEAR 2018 — Brazilian right-wing presidential candidate Jair Bolsonaro gestures after being stabbed in the stomach during a campaign rally in Juiz de Fora, Minas Gerais State, in southern Brazil, on September 6, 2018. – Frontrunner Bolsonaro was attacked with a knife while campaigning — but escaped with just minor injuries, his son said. (Photo by Raysa LEITE / AFP) / RESTRICTED TO EDITORIAL USE – MANDATORY CREDIT “AFP PHOTO /RAYSA LEITE” – NO MARKETING NO ADVERTISING CAMPAIGNS – DISTRIBUTED AS A SERVICE TO CLIENTS

A facada sofrida pelo presidente Jair Bolsonaro durante a campanha de 2018| Foto: AFP

Navios em dificuldades

Três navios que estavam com todo mundo vacinado, todo mundo feito teste na costa brasileira, cheios de brasileiros, já estão nos portos. Muita gente reclamando porque famílias foram separadas. Sai o pai, ficam os filhos, isolados no navio. E a Anvisa agora diz que não pode ter cruzeiro; nesse momento, não. Eu não sei se a Anvisa vai dizer alguma coisa sobre o carnaval. Porque a Bahia não vai ter carnaval; mas em Rio de Janeiro, Recife, São Paulo, está todo mundo, os governantes e prefeitos, animados para o carnaval.

Por falar em carnaval, um navio com esse nome, Carnival Freedom, teve esse problema, num cruzeiro no Caribe. Saiu de Miami no Natal – era para passar por Aruba, por Bonaire, e nenhum porto recebeu. Porque teve um surto de Covid-19 à bordo. Ninguém diz quantos. Voltou para Miami e está todo mundo reclamando, pelo que vi em um jornal de lá. Os tripulantes reclamando do tratamento e dizendo que cumpriram todas as exigências de declaração de vacina, de exame prévio, etc.

Vacinas e consequências
Eu duvido que o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) não tenha sido vacinado na vacinação completa. Mas ele está com Covid-19. Ele está de plantão, o ministro Humberto Martins, porque o tribunal está em recesso. Ele é um dos 33 juízes do STJ. Está fazendo plantão em casa, diz a nota do tribunal. Ele testou positivo para Covid-19 e está “devidamente medicado”. É assim que diz a nota. Fico curiosíssimo. Ele é pessoa pública, bem que poderia dizer: medicado com o quê? Está passando muito bem.

Já não sei como está o apresentador da TV Alterosa, que estava apresentando ontem de manhã ao vivo, o Rafael Silva, e caiu. Teve cinco paradas cardíacas. De uma hora para outra. Assim como a campeã brasileira de muay thai, 32 aninhos. Estava em casa, descansando em Santa Catarina, a Monique Piske, e morreu. Assim, de repente. É o que eu digo: a Anvisa, o Ministério da Saúde, estão precisando dar uma satisfação para a população brasileira desses casos que todo mundo fica sabendo. Tem que deixar essas coisas muito claras.

Efeitos da facada

E o presidente Bolsonaro está no Vila Nova Star. Ele sentiu problemas intestinais, uma obstrução ou semi-obstrução. Foi internado às pressas, às 3 da madrugada de segunda. Deve ter ido de helicóptero ao Aeroporto de Navegantes, e de lá, com um avião presidencial, para São Paulo. O doutor Luiz Antonio Macedo, que fez as outras cirurgias nele, disse que – mais uma vez, todo mundo sabe que a clínica é soberana – não vai ser tomografia nem PCR que apura infecção, ou hemograma. Vai ser a clínica, o exame clínico que vai decidir se vai ter uma cirurgia ou não. Minha mulher é cirurgiã e ela me disse que ele deve estar com muita aderência na cavidade intestinal por causa dessas constantes cirurgias motivadas pela facada. Um médico amigo dela, que é cirurgião geral, disse que ele não pode ficar comendo coisa que provoca fermentação ou gases, que é problema. Como esse pastel em qualquer lugar, pizza, refrigerante. Não pode, tem que parar com isso. Porque o intestino dele está delicado depois da facada. Eu fico pensando naquela decisão, naquela tese do ministro Alexandre de Moraes sobre o flagrante continuado do deputado Daniel Silveira – ele botou algo na internet, e enquanto estiver girando na internet é flagrante, por isso foi preso em casa às 23h, o que a Constituição proíbe, assim como proíbe prender deputado. Deputado é civil e criminalmente inimputável pelas suas palavras. Quaisquer palavras, diz a Constituição.

O Adélio Bispo, que deu a facada, continua a facada. Continuam as consequências da facada. O Adélio Bispo e o mandante dele, se é que existe; mas quem o estimulou, esse existe. Quem autorizou a entrada dele na Câmara, fictícia, para formar um álibi. Mas registrou como se estivesse presente na Câmara. Se ele não tivesse sido pego em Juiz de Fora, ele teria esse álibi. E foi o gabinete de algum deputado que autorizou. Será que não se descobriu isso até hoje? Será que não fica um mínimo registro? Fica registro de tudo… enfim, tudo isso faz a gente lembrar desse flagrante continuado. A facada continua.


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AGRONEGÓCIO BRASILEIRO UM EXEMPLO PARA O MUNDO

 


Por
J. R. Guzzo – Gazeta do Povo

Militantes do MST| Foto: Arquivo / Gazeta do Povo

O único setor da economia brasileira que realmente funciona com sucesso, e que no fundo acaba garantindo que a população viva com um mínimo de normalidade, sem crise cambial, importando comida e outros horrores, é o agronegócio. Nada mais natural, portando, que seja o mais perseguido pela elite pensante, pela parte da máquina publica empenhada em sabotar a economia e pela esquerda em geral. Está dando certo? Então nós somos contra.

Para essa gente toda, com PT e MST à frente e o resto servindo de inocente útil (ou de cúmplice, mesmo) o extraordinário sucesso da agricultura e da pecuária brasileiras é mais ou menos a pior notícia que poderia haver no momento. É a prova definitiva que o capitalismo está sendo a melhor solução para o campo – e essa é uma ideia que não podem tolerar. Mais: o agronegócio cresce a cada ano, e a cada ano que cresce fica um inimigo mais difícil de se derrotar.

Este ano a safra de grãos do Brasil vai ficar perto das 300 milhões de toneladas, com a produção de alimento para 1,5 bilhão de pessoas ao redor do mundo – um recorde absoluto num setor acostumado a recordes, e que consolida o agronegócio brasileiro, definitivamente, entre os três maiores produtores rurais do mundo, ao lado de Estados Unidos e China. Na pecuária, com o maior rebanho comercial do planeta, o Brasil é hoje o principal exportador mundial de carne.

É justamente na pecuária, neste momento, que se concentra o tiroteio da esquerda, da universidade e das classes intelectuais – com a participação cada vez maior de grandes empresas obcecadas com o “politicamente correto”, a começar pelos bancos. (Os bancos no Brasil de hoje são de esquerda. São a favor do consenso anticapitalista, dos movimentos negros, de mulheres, gays, índios e da linguagem neutra. São contra a “mudança climática”, as emissões de carbono e o presidente da República.)

A estratégia de guerra dessa gente toda, no momento, é vender para o público a mentira segundo a qual o agronegócio, e sobretudo a pecuária, está destruindo o “equilíbrio ecológico do planeta”. A pedra fundamental de sua campanha é uma informação falsa: a que o gado está infestando o mundo de carbono, e que isso vai matar a todos nós. O que acontece, cientificamente, é o exato contrário: os 200 milhões de bois brasileiros desempenham um papel absolutamente fundamental na absorção de carbono pela terra e são hoje a principal barreira à desertificação do solo.

Não há miséria, nem terra destruída pelas transformações climáticas, nos lugares onde há agricultura e pecuária modernas – o que acontece é exatamente o oposto. O Brasil, na verdade, é o mais notável exemplo, em todo o mundo, de como o espetacular sucesso do agronegócio está tendo um papel-chave na preservação do meio ambiente.

Prepare-se, portanto, para ver cada vez mais ataques à agricultura e à pecuária brasileira. Este é o país campeão mundial da mentira, agora disfarçada em “ciência”.


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ELEIÇÃO DE BOLSONARO EM 2018

 

Por
Bruna Frascolla – Gaqzeta do Povo

Camisetas à venda com a imagem de Jair Bolsonaro, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.| Foto: EFE / Fernando Bizerra Jr

Bolsonaro é antissistema, sempre foi antissistema e continua antissistema. De admirar, portanto, é que tenha conseguido ganhar uma eleição majoritária. Desorientada, a esquerda pensa que foi o Golpe do Zap-Zap: Bolsonaro botou um feitiço no aplicativo que fez as pessoas acreditarem em fake news. Só assim para explicar como ele fez tudo isso sem contratar nenhum mago do marketing político. Depois de a esquerda passar anos roubando da Petrobras para bancar campanhas caríssimas, eis que surge um deputado folclórico fazendo campanha pela internet e ganha a eleição.

Não é difícil entender por que o PT perdeu a eleição em 2018. A questão mais interessante é por que um determinado parlamentar folclórico sem TV nem dinheiro ganhou. Foi Bolsonaro. Folclórico por folclórico, poderia ter sido o Cabo Daciolo – que disputou o pleito e ficou à frente de Marina Silva, Guilherme Boulos, Henrique Meirelles e Álvaro Dias, todos cheios de grana e de profissionais para suas campanhas. As eleições de 2018 foram mesmo muito atípicas.

Se tudo seguisse como dantes, o segundo turno seria entre PT e PSDB. Geraldo Alckmin era a bola da vez e, portanto, seu caminho natural era rumo ao segundo turno. Teve apenas 5.096.350 votos, ou 4,76% dos votos válidos. O folclórico Cabo Daciolo, a seu turno, teve 1.348.323, ou 1,26% dos votos válidos. Esqueçamos Bolsonaro: quem poderia imaginar que a zebrona do Daciolo teria mais que um quarto dos votos de Alckmin? Com isso aprendemos que a conduta do eleitorado brasileiro mudou muito entre 2014 e 2018.

De que a internet tenha desempenhado um papel importante nisso, ninguém duvida – nem os petistas. Mas por que, dentre um milhão de esquisitões, Bolsonaro conseguiu granjear notoriedade e carisma suficientes para um partido aceitar a sua candidatura à presidência?

Explicação olavete
Aqui os olavetes irão dizer que tudo se deu por obra e graça do Mestre Olavo. Por que Olavo enxergou Bolsonaro e reconheceu nele uma opção de direita, os olavetes não explicam. Olavo sempre detestou os militares; Bolsonaro era praticamente um sindicalista militar e um defensor da “Revolução de 31 de março de 1964”. Entre o anticomunismo de Bolsonaro e o de Olavo há um abismo.

Os olavetes dizem que Olavo é responsável pelo despertar da direita brasileira. Reconheço que Olavo criou um ambiente cultural de direita muito importante para a política brasileira. Olavo é um culturalista. Ele próprio sempre manteve a crença de que tomar a cultura é mais importante do que tomar o poder político institucional. Assim, é até de estranhar que Olavo reivindique a eleição de Bolsonaro como obra exclusivamente sua. Só podemos entender essa conduta levando em conta uma desculpável vaidade que leva Olavo a reivindicar a liderança inconteste de tudo o que houver de relevante na direita. Essa vaidade o levou a esculachar qualquer anticomunista que se destacasse fora da sua sombra. Vide os anos que passou implicando com o “Cocô Instantâneo”. Constantino é um anticomunista de longa data que não tinha nada a ver com o olavismo, então precisava ser esculachado.

Não é verdade que Olavo tenha sido o único polo no vetor cultural antiesquerda. É verdade, porém, que ele foi um grande polo. Dada a importância cultural de Olavo, é de se presumir que vários políticos folclóricos tenham tentado se aproximar dele. Então repito a pergunta: por que Bolsonaro em específico ganhou relevância suficiente para aparecer aos seus olhos?

É verdade que Bolsonaro contou com engajamento espontâneo nas redes sociais. A este respeito, vejam-se os extras do “Nem tudo se desfaz”, de Josias Teófilo. Lá vemos os meninotes da periferia de Fortaleza que se deram ao trabalho de criar páginas satíricas cheias de memes em prol do deputado do Rio de Janeiro. Por que os meninotes da periferia de Fortaleza foram cativados por Jair Bolsonaro em particular?

Esse tipo de questão tem que ser levantada. Bolsonaro saiu do nada para a presidência. Por que foi ele e não um outro?

Meu palpite
Eu creio que Bolsonaro tenha sido escolhido primeiro por uma série de cidadãos comuns, fora do nicho militar e dos apoiadores da Repressão, porque o governo do PT “mexeu com criança”, e a defesa das crianças é o elemento mais basilar da coesão social.

Digo mais: os petistas devem ter pago a alguém para explicar isso a eles e devem ter se recusado a entender. Aquela história de “Bolsonaro mandou mamadeira de piroca pelo WhatsApp e o povo acreditou” deve ser o resumo porco deles dessa situação. (Os petistas têm estudos sociais bem pé no chão, como aquele da Fundação Perseu Abramo que mostrou que os pobres de São Paulo querem enriquecer pelo trabalho e não odeiam o patrão.)

O PT passou 2018 inteiro dizendo que o Kit Gay era fake news. As agências de checagem (que agora se voltam a defender vacinação experimental e passaporte vacinal) foram na onda e tacharam o Kit Gay de fake news sob a alegação de que o kit jamais fora implementado pelo MEC. O TSE deu seu carimbão de Ministério da Verdade e declarou: “É […] notório o fato de que o projeto ‘Escola sem Homofobia’ [conhecido como Kit Gay] não chegou a ser executado pelo Ministério da Educação, do que se conclui que não ensejou, de fato, a distribuição do material didático a ele relacionado. Assim, a difusão da informação equivocada de que o livro em questão teria sido distribuído pelo MEC gera desinformação no período eleitoral, com prejuízo ao debate político, o que recomenda a remoção dos conteúdos com tal teor.”

Ora bolas, o relevante para o debate em 2018 não era se o ex-Ministro da Educação Haddad de fato implementou o Kit Gay, mas sim se o candidato à presidência Fernando Haddad era ou não favorável ao tal kit. Foi por causa da militância estridente de Bolsonaro e da bancada evangélica que o kit não avançou. No frigir dos ovos, Bolsonaro foi impedido pelo TSE de se gabar do êxito de sua atuação na Câmara e de prometer continuidade da sua conduta na presidência.

Outra coisa que contribuiu para a acusação de fake news foi a afirmação, no Jornal Nacional, de que o livro infantil da Companhia das Letras intitulado Aparelho Sexual e Cia era distribuído em escolas públicas. Tal livro é diferente do material que ficou conhecido como Kit Gay. No entanto, as checagens de fato não demonstraram o mesmo afinco em saber se o livro foi comprado pelas escolas públicas ou não. Em matéria de 2016, porém, vemos que o livro foi comprado pelo Ministério da Cultura e de fato distribuído em escolas públicas.

Nos idos dos anos 10, o PT tentou calar os críticos do Kit Gay acusando-os de homofobia. Não colou. Em 2018, o assunto ainda rendia, e o PT pediu penico: chamou tudo de fake news. Dois eventos jogaram o folclórico Deputado Bolsonaro sob os olhares do grande público: o kit gay e a Comissão da Verdade. Só o primeiro destes é de interesse do cidadão comum.

Creio, portanto, que tenha sido a militância conservadora na educação infantil o fator chave para alçar o estridente deputado à estima pública. Se eu estiver correta, o pessoal do passaporte vacinal infantil tem muito a temer.


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A INTERNET É ESSENCIAL HOJE NA VIDA HUMANA

 

DEMI GETSCHKO – Por dentro da rede

Entre todas as nossas questões e buscas por algo melhor, dentro de nossos caminhos e desejos por seguir na direção certa, temos que nos permitir acreditar que a internet nos ajuda na jornada

 Por Demi Getschko – O Estado de São Paulo

A internet pode nos guiar em caminhos mais otimistas e corretor 

A internet pode nos guiar em caminhos mais otimistas e corretor O começo de ano com suas tradições é um convite e um pretexto para que se instile o otimismo. A despeito do que podem apontar os indícios que se acumulam há tempos, sempre recebemos e enviamos votos de “um ano excelente”. Um salutar otimismo pode ser importante. E temos, afinal, a internet, que pode ser uma alavanca para mover o mundo em alguma direção melhor. A dificuldade é nos convencermos de que o rumo tomado é aquele pela qual ansiávamos, um mundo com mais informação, colaboração e entendimento.

É difícil não lembrar do Dr. Pangloss, filósofo que aparece na obra de Voltaire. Afinal, se o próprio Leibniz já defendera que “vivemos no melhor dos mundos possíveis”, Pangloss explora e extrapola essa linha, a de que todos os efeitos pressupõem necessariamente uma causa, e que “tudo está necessariamente destinado ao melhor fim”. Num arroubo panglossiano poderíamos estender a ideia à internet, e dizer que ela existe para que possamos nos provocar mutuamente à exaustão, e esperar que disso brote um bem maior.

Se o fácil e ácido sarcasmo acima é atrativo, ele não deve, entretanto, ignorar o indiscutível valor que a internet trouxe. Como defensores intransigentes dos conceitos da rede, e mesmo sabendo dos seus mau usos, devemos sopesar o espírito de distribuição de conhecimentos, a colaboração desprendida dos que adicionam valor à rede e, é claro, a abertura de voz a todos.

Para buscar um contraponto ainda ficando em Voltaire, há um opúsculo chamado “O Mundo como Está”, em que Babuc, o narrador, conta como se desincumbiu de uma missão que lhe foi passada por uma potestade celestial. Ituriel incumbiu Babuc de examinar a cidade de Persépolis, e elaborar um relatório recomendando ou não sua destruição. Em sua visita, ele fica alternadamente horrorizado e emocionado com o que vê: atos de violência e de caridade, injustiças flagrantes e decisões sábias. Para gerar um relatório equilibrado, Babuc tem uma saída esperta: manda fazer uma estatueta composta de todos os materiais, terras, metais, pedras, desde os mais preciosos aos mais vis. Entrega-a a Ituriel e pergunta: “destruirias essa linda estátua porque ela não é toda de ouro e diamantes?”. Na internet há ainda mais variedade do que em Persépolis.

Entre otimismo e pessimismo, talvez o conselho mais sensato seja o do próprio Cândido, que termina valorizando a ação individual simples, onde cada um pode somar algo ao todo. Voltaire faz Cândido sentenciar: “Tudo o que foi dito é correto, mas precisamos cuidar do nosso próprio jardim”.

Tesla, de Elon Musk, vê alta de 87% em entregas de carros em 2021

No ano passado, a empresa de veículos elétricos vendeu um total de 936 mil unidades

Tesla registrou crescimento de 87% nas entregas anuais de veículos em 2021. A fabricante de veículos elétricos do bilionário Elon Musk anunciou neste domingo, 2, que entregou mais de 936 mil veículos em todo o mundo, ante quase meio milhão no ano anterior. A empresa tem como objetivo aumentar em média 50% as entregas anuais.

A companhia também disse que produziu cerca de 930 mil veículos em 2021. A Tesla informou que entregou 911.208 modelos 3s e Ys combinados no ano passado. As entregas dos modelos mais sofisticados da empresa, o sedan de luxo Modelo S e o veículo utilitário esportivo Modelo X, totalizaram cerca de 25 mil, ante cerca de 57 mil em 2020.

Elon Musk, fundador da Tesla

Elon Musk, fundador da TeslaA Tesla entregou cerca de 308,6 mil veículos nos últimos três meses de 2021, ante 180,6 mil no ano anterior e 241,3 mil no terceiro trimestre de 2021.

TENDÊNCIAS DA TECNOLOGIA PARA 2022

 

Felipe Giannetti – StartSe

1 – METAVERSO

O metaverso protagonizou mudanças de nome (de Facebook para Meta), manchetes e investimentos em 2021. Mas este foi só o começo. Agora, com o termo se popularizando, as empresas começarão a dar vazão ao que acreditam ser o futuro da internet. A Microsoft, por exemplo, já planeja divulgar a primeira versão de seu metaverso (que ainda não será em 3D…) neste ano.

2 – REALIDADE VIRTUAL E AUMENTADA

A realidade virtual e aumentada caminham junto à construção do metaverso. Antes de anunciar o investimento no setor, o Facebook já havia comprado a Oculus VR, empresa especializada em óculos de realidade virtual. Será preciso usar esses dispositivos para experimentar os universos híbridos entre o real e virtual.

Já a realidade aumentada é a tecnologia que traz elementos digitais ao mundo real — assim como acontece no Pokemón Go, lembra? A expectativa é que a Apple lance o seu próprio óculos de RA ainda em 2022. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos…

3 – CRIPTOMOEDAS E NFT

2021 foi um ano de grande valorização (e desvalorização também! 👀) das criptomoedas. Agora, a expectativa é que algumas delas finalmente se consolidem no mercado.

A mesma estabilidade também é esperada no setor de NFT. A sigla de tokens não fungíveis foi considerada a palavra do ano passado pelo Dicionário Collins e não é por acaso: foi o momento de conhecimento da novidade. Em 2022, estamos no próximo passo: artistas e influenciadores de todo o mundo começam a trabalhar com a tecnologia. O que será que ainda vem por aí?

4 – INTERNET DO COMPORTAMENTO

É chamada de “internet do comportamento” ou “internet of behavior” quando as empresas usam tecnologia para entender o comportamento humano. Agora, a tendência da vez é que elas usem dados, inteligência artificial e até mesmo as assistentes (como Alexa, da Amazon; Google Assistente, do Google e Siri, da Apple), para aprender costumes e oferecer exatamente o que os usuários precisam, na hora certa.

A Startup Valeon reinventa o seu negócio

Enquanto a luta por preservar vidas continua à toda, empreendedores e gestores de diferentes áreas buscam formas de reinventar seus negócios para mitigar o impacto econômico da pandemia.

São momentos como este, que nos forçam a parar e repensar os negócios, são oportunidades para revermos o foco das nossas atividades.

Os negócios certamente devem estar atentos ao comportamento das pessoas. São esses comportamentos que ditam novas tendências de consumo e, por consequência, apontam caminhos para que as empresas possam se adaptar. Algumas tendências que já vinham impactando os negócios foram aceleradas, como a presença da tecnologia como forma de vender e se relacionar com clientes, a busca do cliente por comodidade, personalização e canais diferenciados para acessar os produtos e serviços.

Com a queda na movimentação de consumidores e a ascensão do comércio pela internet, a solução para retomar as vendas nos comércios passa pelo digital.

Para ajudar as vendas nos comércios a migrar a operação mais rapidamente para o digital, lançamos a Plataforma Comercial Valeon. Ela é uma plataforma de vendas para centros comerciais que permite conectar diretamente lojistas a consumidores por meio de um marketplace exclusivo para o seu comércio.

Por um valor bastante acessível, é possível ter esse canal de vendas on-line com até mais de 300 lojas virtuais, em que cada uma poderá adicionar quantas ofertas e produtos quiser.

Nossa Plataforma Comercial é dividida basicamente em página principal, páginas cidade e página empresas além de outras informações importantes como: notícias, ofertas, propagandas de supermercados e veículos e conexão com os sites das empresas, um mix de informações bem completo para a nossa região do Vale do Aço.

Destacamos também, que o nosso site: https://valedoacoonline.com.br/ já foi visto até o momento por 81.000 pessoas e o outro site Valeon notícias: https://valeonnoticias.com.br/ também tem sido visto por 655.000 pessoas , valores significativos de audiência para uma iniciativa de apenas dois anos. Todos esses sites contêm propagandas e divulgações preferenciais para a sua empresa.

Temos a plena certeza que o site da Startup Valeon, por ser inédito, traz vantagens econômicas para a sua empresa e pode contar com a Startup Valeon que tem uma grande penetração no mercado consumidor da região capaz de alavancar as suas vendas.

E-Mail: valeonbrasil@gmail.com

Site: https://valedoacoonline.com.br/

Fones: (31) 98428-0590 / (31) 3827-2297

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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