domingo, 19 de dezembro de 2021

LEMBRANÇAS DE UM NATAL DISTANTE

 


  1. Cultura
     

Os mais indolentes ficavam na banheira, e não eram poucos os arranca-tocos

Milton Hatoum, O Estado de S.Paulo

Era um terreno estreito e comprido, com duas traves sem rede, feitas de ripas remendadas; o piso de barro e pedrinhas, levemente inclinado para o centro, virava um riacho nas chuvas fortes de dezembro; mesmo assim, a gente batia bola naquele campinho nas tardes quentes da infância, que já tropeçava nos primeiros passos adolescentes.

Nos jogos valia tudo: chutão na canela, carrinho, rasteira… Os mais indolentes ficavam na banheira, e não eram poucos os arranca-tocos: curumins com pendor à luta corporal. Para eles, o campinho era uma arena: davam pontapés sem bola, mas se acovardavam quando Olibe, o único rapaz da turma, protegia os mais fracos, franzinos de dar dó. Ele era peixeiro, e madrugava no mercado municipal. Exceto o Olibe, éramos todos pequeninos humanos. Como seriam os grandes? 

Imagem ilustrativa de enfeite de estrela sobre árvore de Natal
Imagem ilustrativa de enfeite de estrela sobre árvore de Natal Foto: Pixabay/@congerdesign

Num sobrado humilde, vizinho ao terreno, moravam um homem de uns trinta anos e uma moça de uns dezenove ou dezoito. A gente nada sabia da vida deles. Aliás, nem da nossa. Os vizinhos eram apenas uma visão distante e rara. Quando ficavam juntos na janela do sobrado, viam o corre-corre, os encontrões, as cotoveladas, as pernas esfoladas. E viam o Olibe, que mais apartava brigas do que jogava. Ele não queria ser juiz, talvez por temer a injustiça. Falava pouco, e seu jeito sóbrio, sem ser solene, era um aceno à paz. Poucas palavras bastavam. 

Então aconteceu algo estranho. No primeiro sábado de dezembro, a bola de couro surrada caiu na casa vizinha. Nas outras vezes, alguém – o homem ou a moça – devolvia sem demora a esfera marrom. O que teria acontecido? 

As janelas do sobradinho, fechadas. Ninguém respondeu aos nossos gritos: devolve a bola. Um par de pequenos valentões foi bater à porta deles. A dupla voltou calada, sem a bola. Esperamos, com uma impaciência que crescia com o calor e com a inação. Um insolente pegou uma pedra, Olibe o encarou, e dois objetos caíram no campo quase ao mesmo tempo. 

Era a bola, só que cortada ao meio. Ficamos olhando sem ação as duas metades murchas. No nosso íntimo, a gente também murchava. No sábado seguinte, a crueldade foi repetida com uma bola de plástico. 

Olibe não ia fazer nada? 

“No próximo jogo, vou dar de Natal uma bola de couro novinha”, ele disse. E advertiu: “se os valentões agredirem os curumins, vão ser expulsos”. 

Cumpriu a promessa: pôs a bola no meio do campinho e foi embora. Quer dizer: foi e não foi. Ele e a moça, abraçados na janela, assistiram à pelada natalina. Foi nossa primeira disputa de verdade, sem agressões gratuitas e sem medo de perdermos a bola.

BANANA E SUAS VIRTUDES E DEFEITOS

 

  1. Cultura 

Virtude final da fruta: seu nome é escrito igual em quase todas as línguas, até em alemão!

Leandro Karnal, O Estado de S.Paulo

Gosto de temas elevados e dramáticos: ascensão e queda de impérios, o sentido da existência, o choque entre civilização e impulsos. Porém, na metade de dezembro de um ano complicado, permito-me descer um pouco e fazer uma reflexão densa a partir de um recorte trivial: o ponto das bananas.

A banana é presente na dieta de quase todo o planeta. É fruta fácil, nutritiva e auto-higienizada. Compare-se com a sofisticada romã que, para oferecer seus benefícios, exige habilidade extrema do candidato a comê-la. O sabor intenso do abacaxi não se revela de forma automática. O coco tem duras barreiras alfandegárias. Nosso brasileiríssimo pequi pode ser risco médico sem instrução prévia sobre espinhos. A banana é generosa e fácil. Em dose individual, sacia o apetite de um ser humano. E basta! Mais, ela vem em cachos, fraciona-se em pencas, serve-se esmagada ou in natura. Faz bolos maravilhosos e doces tradicionais. Orna a cabeça de Carmen Miranda e, com alguma calúnia, caracteriza repúblicas onde tudo se revolve com maracutaias. Algo barato? Preço de banana! Permite até saber a idade: se brincar com a cena de alguém comendo com prazer a forma sugestiva da banana, é, com certeza, um tiozão! A banana é nossa! A banana é agro! A banana é pop!

Quadro
Quadro ‘Banana Artwork’, feito por Andy Warhol Foto: Galery Contemporary Art

A banana tem um defeito, contudo. Ter uma banana madura por dia é ato de estrategista avançado. Você precisa avaliar o produto no super ou na feira. Muito verde? Demorará alguns dias. Tem uma técnica: embrulhar no jornal, mas ter um jornal em casa é sinal de certa maturidade, não da banana, mas do leitor do jornal. Sempre há o risco: todas amadurecerem juntas. A banana compartilha com a jaca o dia exato e único em que amadurece: comer um dia antes é desagradável e esperar um pouco mais atrairá as famosas drosófilas, as mosquinhas que pairam sobre o que é podre ou que está prestes a abandonar o mundo dos vivos. Jaca verde trava até imaginação. Banana verde, ao menos, tem a possibilidade da fritura, especialmente a chamada “banana-da-terra”. Ter uma banana em ponto de uso na sua cozinha é para profissionais, ou para quem se dispõe a ir mais de uma vez por semana ao mercado ou feira.

Para piorar: filhos e netos podem querer comer duas, ou nenhuma, e seu delicado equilíbrio familiar desaba vergonhosamente. Chega o dia em que seu rebento, ansioso e faminto, faz o pedido trivial, rasteiro, de uma banana. O medo de toda mãe e de todo pai: “Filho, acabaram-se as bananas”. Então, o infante olha com cara recriminadora, identificando sua falha na gestão doméstica. Que desastre, e, pior, em um país tropical! Você se sente, literalmente, um banana…

Há mais de 30 anos, entrando em um supermercado de São Paulo pela primeira vez, perguntei a uma atendente onde eu encontrava a banana-caturra. A moça me olhou com estranheza. Era um regionalismo gauchesco. Como adivinhar que a banana grande, no Sudeste, seria banana-nanica? Que contradição! 

Por fim, a banana é solidária na escassez. Você está desprovido de recursos. Seu refrigerador tem uma água e um pote já vencido de margarina. Tem uma banana, única, um pouco passada, mas ainda não fatal ou tóxica. Você pode descobrir um pote antigo de canela, um mel talvez (mas serve um açúcar comum ou mascavo), e colocar a sobrevivente da austeridade em um prato no micro-ondas, cortá-la ao meio e, com uma pulverização da especiaria que moveu os portugueses e uma nuvem doce, surgirá uma sobremesa consoladora. Acrescentando um queijo (mas daí já seria só no dia de pagamento) surge um doce intitulado Cartola. Sobraram umas três bananas e você tem açúcar mascavo? Esmague as frutas e acrescente igual quantidade de açúcar. Leve ao fogo até desgrudar um pouco do fundo. Uma bananada saudável e um amparo para você escapar da tristeza das vacas magras. A banana é popular!

Minha avó fazia cuca de banana. Além de incorporadas à massa, algumas eram cortadas sobre o prato e cozinhavam com a farofa crocante de açúcar e de canela. O cheiro evoca minha infância. Mais velho, conheci banofe e se tornou um dos meus pratos preferidos. Um doce de banana acompanhado de um sorvete de gengibre ou canela parece ser uma ambrosia do Olimpo. Banana e aveia? Nutricionistas batem palmas até com os pés. A casca, poucos sabem, tem muitas utilidades culinárias. Apenas devemos evitar… escorregar nela. À milanesa, ela acompanha filé à cubana, aquele prato maravilhoso de quem não quer longevidade ou os cansaços da terceira idade. Não encontrei filé à cubana na ilha homônima. Deve ser o bloqueio ianque. Para ser sincero, também não encontrei filé à milanesa na capital da Lombardia. Milão é sofisticada demais para essas coisas comuns fritas…

Virtude final da fruta: seu nome é escrito igual em quase todas as línguas, até em alemão! Se a vida te der uma banana, vingue-se e esmague duas com mel e canela, salpique flocos de aveia e seja feliz. 

Assim, minha querida leitora e meu estimado leitor, percorremos um pouco do tema trivial e maravilhoso da banana. Preferia temas filosóficos e geopolíticos? Já voltarei a eles. Tenha sempre esperança e bananas em casa.

PS: registro minha gratidão eterna a Fabiana que, de forma diligente, garante as bananas da casa. No ponto! 

* Leandro Karnal é historiador, escritor, membro da Academia Paulista de Letras e autor de A Coragem da Esperança, entre outros

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FATORES QUE PROMOVEM A SATISFAÇÃO E MOTIVAÇÃO

 

por Valdez Monterazo*

Primeiro quero enfatizar que cultivar um time motivado é uma arte, uma arte que pode ser desenvolvida.

Motivação é a arte de fazer as pessoas fazerem o que você quer que elas façam porque elas o querem fazer.

– Dwight Eisenhower

Negligenciar o fator motivação do seu time é um grande erro pela seguinte razão: pessoas desmotivadas produzem muito menos que poderiam.

Nesse sentido, o primeiro questionamento que quero promover é o seguinte: a motivação de cada colaborador depende do líder?

Pessoalmente, acredito que cada ser humano tem o poder de traçar seu próprio caminho, nesse sentido, a motivação é responsabilidade de cada um.

No entanto, líderes têm tanto poder de influência sobre suas equipes, que suas ações, ou a ausência delas, pode elevar ou destruir completamente a motivação e o engajamento de cada liderado.

Existe um ditado no mundo corporativo que exemplifica essa ideia com precisão: “As pessoas pedem demissão dos seus chefes e não da empresa”

Mesmo com essa perspectiva, ainda assim, muitos líderes simplesmente não sabem como motivar seu time de maneira prática.

Como motivar seu time?

Abraham Maslow, um grande pensador da psicologia, criou a Teoria da Motivação Humana. Ela responde perfeitamente a pergunta acima.

A teoria, representada por uma pirâmide de necessidades, explica que existem cinco níveis de motivação e que, para se chegar a um nível mais elevado, é necessário antes conquistar o anterior. Eles são:

Figura 1 – Hierarquia das necessidades de Maslow

Sobrevivência

O primeiro nível é o de sobrevivência, representa ter suas necessidades básicas atendidas. No ambiente empresarial, isso envolve oferecer aos funcionários as condições adequadas de trabalho e remuneração.

Segurança

O segundo nível é o de segurança, que hoje está relacionado à manutenção e segurança financeira.

Pertencimento

O terceiro nível da pirâmide é o de pertencimento. Ele é satisfeito quando sentimos que fazemos parte de algo maior, estamos inclusos no time e na empresa. Este fator está intimamente relacionado à criação e manutenção de bons relacionamentos dentro do negócio.

Estima

A partir do quarto nível, estima, é que as pessoas começam a ficar realmente motivadas. A estima vem de saber que se é apreciado, respeitado e valorizado pelas pessoas à sua volta.

Atitudes direcionadas a fazer as pessoas se sentirem bem consigo mesmas levam a um aumento deste fator, consequentemente, maior performance no trabalho.

Autorrealização

O quinto nível é o de Autorrealização, ele representa o sentimento de estar progredindo e tornando-se tudo aquilo que se é capaz.

Aplicado ao mundo corporativo, ele representa o sentimento de superação de desafios e rompimento de barreiras.

Figura 2: Teoria dos dois fatores

É importante observar que alguns desses fatores, simplesmente levam as pessoas à insatisfação, enquanto outros promovem a motivação

Outro notório pesquisador, Frederick Herzberg, falou exatamente sobre isso.

Os fatores que levam a insatisfação são chamados de fatores Higiênicos. Isso significa que satisfazê-los não torna necessariamente um time motivado, mas não os respeitar certamente irá destruir a motivação da equipe.

Os três primeiros elementos da Teoria da Motivação de Maslow, sobrevivência, segurança e pertencimento representam os fatores higiênicos da empresa. Eles precisam ser satisfeitos, caso contrário, existem grandes chances de o time ter uma baixa performance.

Do outro lado, existem os fatores motivacionais. São eles que levam a satisfação e motivação do time. Fazendo novamente um paralelo com a pirâmide da motivação, eles representam os fatores de estima e autorrealização.

Ou seja, caso o líder consiga estimular esses elementos na equipe, a motivação e a performance irão melhor muito.

E você? Quais dos elementos mais chamou atenção?

Que fatores você pode começar a aplicar agora em seu time?

Desenvolver gestores e empresários, para que se tornem líderes, é parte do trabalho de um Coach Executivo.

Respondendo à pergunta inicial do artigo, acredito que o líder tenha o papel de cultivar um solo fértil para que os liderados possam florescer e atingir sua máxima performance.

Ao tomar consciência e aplicar os fatores motivacionais, é possível que líderes tenham muito mais resultados através da performance superior de suas equipes.

Ao ler até aqui, você tomou consciência dos principais fatores que influenciam a motivação do ser humano. Te convido agora a utilizá-los para que você seja um líder ainda melhor e para que tenha uma equipe, e uma organização, ainda mais produtiva.

ValeOn UMA STARTUP INOVADORA

A Startup ValeOn um marketplace que tem um site que é uma  Plataforma Comercial e também uma nova empresa da região do Vale do Aço que tem um forte relacionamento com a tecnologia.

Nossa Startup caracteriza por ser um negócio com ideias muito inovadoras e grande disposição para inovar e satisfazer as necessidades do mercado.

Nos destacamos nas formas de atendimento, na precificação ou até no modo como o serviço é entregue, a nossa startup busca fugir do que o mercado já oferece para se destacar ainda mais.

Muitos acreditam que desenvolver um projeto de inovação demanda uma ideia 100% nova no mercado. É preciso desmistificar esse conceito, pois a inovação pode ser reconhecida em outros aspectos importantes como a concepção ou melhoria de um produto, a agregação de novas funcionalidades ou características a um produto já existente, ou até mesmo, um processo que implique em melhorias incrementais e efetivo ganho de qualidade ou produtividade ao negócio.

inovação é a palavra-chave da nossa startup. Nossa empresa busca oferecer soluções criativas para demandas que sempre existiram, mas não eram aproveitadas pelo mercado.

Nossa startup procura resolver problemas e oferecer serviços inovadores no mercado.

Nossos contatos: Fones: (31) 3827-2297 e (31) 98428-0590 (Wpp)

E-MAIL: valeonbrasil@gmail.com

Site: https://valedoacoonline.com.br/

sábado, 18 de dezembro de 2021

MARCO DAS FERROVIAS LIBERADO PARA A SUA IMPLANTAÇÃO

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo

Novo marco atrai bilhões de reais em investimentos em ferrovias e deve levar modal a dobrar participação na matriz de transportes do país.| Foto: Alberto Ruy/Ministério da Infraestrutura

Dezenas de bilhões de reais de investimentos em infraestrutura que estavam a ponto de se perder no fim de outubro estão agora praticamente garantidos, com a aprovação, pela Câmara dos Deputados, do Marco Legal das Ferrovias, que segue para sanção presidencial. Ele consagra em lei o modelo estabelecido pela Medida Provisória 1.065/21, que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), quase deixou caducar sem que tivesse enviado à Câmara o projeto de lei do Marco Legal das Ferrovias, que o Senado já tinha aprovado no início de outubro. Felizmente, prevaleceu o bom senso: em um curto intervalo, Pacheco remeteu o projeto de lei aos deputados e prorrogou a MP 1.065 por mais 60 dias, permitindo que os investimentos não fossem perdidos enquanto o texto tramitava na Câmara.

A grande novidade do Marco Legal das Ferrovias está no novo regime de autorização, mais simples e menos burocrático, em que o investidor procura o governo com um projeto, que será analisado e só pode ser rejeitado sob determinadas condições, como descumprimento de regras ou incompatibilidade com a política nacional de transporte ferroviário. Até então, a única possibilidade era a de concessão, em que o governo federal leiloava determinado trecho e o vencedor assinava contratos de duração específica com a União, tendo de entregar todos os equipamentos quando a concessão expirasse.

Não faz o menor sentido que o Brasil continue extremamente dependente do modal rodoviário, especialmente no transporte de carga

A enorme procura por autorizações de construção de novas ferrovias logo que a MP 1.065 foi publicada demonstrou o potencial represado do modal ferroviário no país e que estava sendo desperdiçado com a lentidão na tramitação do Marco Legal das Ferrovias, apresentado em 2018 pelo senador licenciado José Serra (PSDB-SP) – foi esta demora que levou o presidente Jair Bolsonaro a publicar a medida provisória. Um mês após a MP entrar em vigor, o Ministério da Infraestrutura já havia recebido 14 solicitações; no fim de outubro, quando a MP quase caducou, o número já havia subido para 23, prevendo investimentos de R$ 83 bilhões na construção de 5,6 mil quilômetros de novos trilhos – extensão quase idêntica à da ligação rodoviária entre o Oiapoque e o Chuí. Durante os debates na Câmara, o deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) afirmou que poderia haver, em breve, cerca de 40 pedidos adicionais de autorização.

Ainda que tudo isso se concretize, essa ampliação da malha ainda estaria longe de tornar realidade tudo o que o Brasil pode oferecer em termos de transporte ferroviário. A malha atual brasileira tem pouco menos de 30 mil quilômetros, a mesma extensão que tinha 100 anos atrás. Como já lembramos, a França, com território semelhante ao da Bahia, tem a mesma quantidade de ferrovias que o Brasil; os Estados Unidos, cuja área é 11% maior que a brasileira, têm malha dez vezes maior que a nossa. E mesmo assim, nas contas do ministro Tarcísio de Freitas, da Infraestrutura, com esses investimentos já seria possível dobrar de 20% para 40% a participação do modal ferroviário na matriz brasileira de transportes até 2035. Esta porcentagem seria ainda maior caso o Brasil tivesse uma malha tão densa quanto a de nações desenvolvidas.


Não faz o menor sentido que o Brasil continue extremamente dependente do modal rodoviário, especialmente no transporte de carga, com caminhões percorrendo grandes distâncias em rodovias muitas vezes precárias, encarecendo os produtos e reduzindo a competitividade nacional. Uma matriz de transportes inteligente reserva os percursos mais longos para os modais mais baratos, como o ferroviário ou o aquaviário – e, neste sentido, também é preciso recordar “BR do Mar”, que facilita a navegação costeira e também vai a sanção depois de ser aprovada na Câmara –, reservando ao transporte rodoviário a responsabilidade pelos trechos iniciais ou finais da viagem. Que o Marco Legal das Ferrovias e a BR do Mar sejam apenas o início de uma revolução logística que traga investimentos, gere emprego e renda, e torne o produtor brasileiro mais competitivo ao reduzir os custos do transporte.


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O PASSADO DE ALCKMIN E LULA OS CONDENA

 

Opinião
Por
Guilherme Macalossi – Gazeta do Povo



Revi essa semana o famoso debate do 2° turno da eleição presidencial de 2006 que contrapôs Geraldo Alckmin e Lula pela primeira vez. Sob enorme tensão, o encontro dos então concorrentes fora precedido por um episódio insólito e nebuloso: a descoberta de um dossiê fajuto que buscava implicar José Serra no escândalo da máfia dos sanguessugas, esquema de corrupção em se fraudava a venda de ambulâncias. A Polícia Federal interceptou integrantes da quadrilha em um hotel em SP. No local foram apreendidos fotos, um DVD e também 1,7 milhão em espécie, sendo uma parte em reais e uma parte em dólares. Em depoimento, o advogado e ex-policial Gedimar Pereira Passos, que foi segurança de Lula, afirmou que fora “contratado pela Executiva Nacional do PT” para comprar documentos contra tucanos, e que teria sido contatado por Freud Godoy, assessor pessoal do candidato petista.

A primeira pergunta de Alckmin para Lula foi exatamente sobre a montanha de dinheiro. “Olhe nos olhos do povo brasileiro, candidato Lula, e responda: de onde veio o dinheiro?”. Lula tergiversou e não respondeu. Em 2015 a denúncia viria a ser arquivada, mas nunca houve uma explicação para origem daqueles recursos empilhados em cima de uma mesa. Com o decorrer do tempo, a história caiu no esquecimento. Inclusive para Alckmin, que pretende voltar a se encontrar com Lula, mas agora em um contexto mais harmonioso: ambos foram convidados para um jantar com políticos promovido por um grupo de advogados. Serão as estrelas da noite, já que há uma articulação crescente para que componham uma chapa presidencial.

À época chamado de “fascista” pelos setores mais radicais do lulopetismo, Alckmin agora ressurge como sonho de consumo para ser vice. A manobra é astuta, uma vez que daria a Lula alcance e viabilidade entre o eleitorado de centro, necessário tanto para atrapalhar o crescimento de uma terceira via quanto para vencer Jair Bolsonaro. O ex-governador de São Paulo serviria como uma espécie de nova carta ao povo brasileiro.

Empurrado para fora do PSDB por João Doria, de quem foi padrinho político, Alckmin parece ter gostado da ideia a ponto de ter colocado a pretensão de voltar a disputar o Palácio dos Bandeirantes em segundo plano. Mas será que seu descontentamento é bom conselheiro?

Apesar do esforço de muitos, a eventual aliança com Lula não será encarada como um entendimento com alguém com quem tinha mera divergência de opinião. Naquele debate de 2006, ambos trocaram acusações pesadas de acobertamento de casos de corrupção. Alckmin bateu no esquema do Mensalão, e Lula falou do arquivamento de CPIs no governo paulista.

Há em curso a tentativa de passar uma borracha no passado e normatizar a aproximação política dos antigos adversários. Não será fácil. Em 2017, quando foi alçado à presidência de seu ex-partido, Alckmin disse que “depois de ter quebrado o Brasil, Lula diz que quer voltar ao poder, ou seja, ele quer voltar à cena do crime”. Quem diria que em 2022 o plano do petista poderá ser viabilizado tendo esse mesmo Alckmin como principal cabo eleitoral?


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JUSTIÇA BRASILEIRA EM ALGUNS CASOS SEMELHANTES PUNE E EM OUTROS ABSOLVE

 

Dois pesos, duas medidas

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo

Juiz Orlando Faccini Neto leu a sentença, após 10 dias de julgamento da tragédia em Santa Maria, que matou 242 pessoas.| Foto: Juliano Verardi/TJ-RS

Nove anos depois do incêndio na Boate Kiss, o caso foi julgado em Porto Alegre. Apenas quatro pessoas foram responsabilizadas por 242 homicídios e 636 tentativas de homicídio. Ao cabo de dez dias, os proprietários foram condenados a 22 e a 19 anos e o vocalista da banda e um auxiliar, a 18 anos cada. A acusação os denunciara por dolo eventual com fogo, asfixia e torpeza. Depois, foram suprimidas essas qualificadoras ilógicas e subsistiu homicídio simples. A defesa leu carta psicografada por vítima; o juiz proferiu uma sentença dramática e estranha e o julgamento terminou deixando a sensação de que ficou faltando gente. Afinal, a boate estava forrada com material inflamável com potencial de fumaça tóxica; não havia extintor funcionando nem saída de emergência para evacuar sua capacidade de 2 mil pessoas. Mas a boate estava credenciada por alvará oficial, o que significa ter sido inspecionada pela autoridade competente. O estado, autor da ação penal, deveria ter feito um mea culpa, porque parece ter concorrido para a tragédia.

Os quatro condenados não ficaram presos, pois haverá recurso. Coincidentemente isso aconteceu na mesma semana em que um réu de quase 400 anos teve sua pena diminuída de 14 anos, Sérgio Cabral, o da dancinha em Paris. Também na semana em que o processo do triplex de Guarujá prescreveu, e com ele a condenação de Lula na Vara de Curitiba, confirmada no tribunal federal revisor, mas anulada pelo Supremo por questão de jurisdição – a mesma razão que propiciou desconto de pena para Cabral. Lula já teve 26 anos de pena anulados; Eduardo Cunha, menos 38 anos. Segundo o Estadão, um total de 277 anos de penas já foi anulado – a maior parte relativa à Lava Jato. A maciça maioria dos que foram presos já está em liberdade.

O tríplex agora vai ser sorteado pela pessoa que o arrematou em leilão. Outros itens serão sorteados entre os que entrarem, por R$ 19,99, numa plataforma da internet. Mas… se já está prescrito o processo e Lula voltar a dizer que é dele? E se o pessoal que se livrou da Lava Jato, e já devolveu o que embolsou e depositou na Suíça, pedir o dinheiro de volta? E se os proprietários da Boate Kiss alegarem que foram vítimas da confiança gerada por um alvará que atestava segurança para eventos e processarem o estado? Não creio que isso vá acontecer, mas dá ideia de mais uma faceta do que chamamos no Brasil de segurança jurídica.

Enquanto isso, por crime de opinião, Zé Trovão permanece em prisão preventiva, para não açular os ânimos dos manifestantes de 7 de setembro que passou. Idem com o deputado Daniel Silveira. Quem sabe ele aproveitaria o 13 de dezembro para lembrar e ressuscitar o AI5? Afinal, está preso por ter expressado saudade dele. Tudo irônico e também absurdo. Fica difícil de entender que quem desviou, em última análise, o dinheiro suado dos pagadores de impostos tenha da Justiça um tratamento complacente, enquanto sobra rigor para quem expressou seu pensamento e está preso sem condenação, enquanto condenados esperam em liberdade o trânsito em julgado. A Justiça é servidora de sua deusa Thêmis; não cenário de “O Processo” de Kafka.


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A ESQUERDA ESTÁ PREOCUPADA OU QUER O FIM DA DEMOCRACIA?

Artigo
Por
Victor Davis Hanson – Gazeta do Povo
The Daily Signal

A desaprovação ao governo Joe Biden está entre 50% e 57%| Foto: EFE/EPA/JIM LO SCALZO

O que está por trás das recentes avaliações pessimistas quanto ao futuro da democracia, feitas de Hillary Clinton, Adam Schiff, Brian Williams e outros intelectuais de elite, personalidades da imprensa e políticos de esquerda? Alguns estão alertando sobre a possível erosão da democracia em 2024. Outros preveem a degradação da democracia no início de 2022, com cenários assustadores de “autocracia” e “golpes” do ex-presidente Donald Trump.

Para responder a essa pergunta, entenda primeiro o que não está por trás dessas previsões estridentes.

A esquerda não está preocupada com o fato de dois milhões de estrangeiros não-vacinados terem entrado ilegalmente por nossas fronteiras em apenas um ano em um único ano, e em plena pandemia. Por isso o governo simplesmente anulou suas próprias leis de imigração.

A esquerda não está preocupada com o fato de que cerca de 800.000 estrangeiros, alguns residindo ilegalmente, agora serão eleitores em Nova York.

A esquerda não está preocupada com os esforços em andamento que pretendem desmantelar a Constituição dos EUA, eliminando o Colégio Eleitoral de 233 anos ou a preeminência dos estados no estabelecimento de leis eleitorais nas eleições nacionais.

A esquerda não está preocupada com o fato de estarmos testemunhando um esforço sem precedentes para descartar os 180 anos de obstrucionismo, os 150 anos da Suprema Corte composta por nove juízes e a tradição de 60 anos da federação composta de 50 estados, e por pura vantagem política.

A esquerda não está preocupada que o Senado este ano julgou um ex-presidente e um cidadão que agora atua na esfera privada, sem a presença de um juiz, sem um promotor ou testemunhas e sem um relatório formal da comissão presidencial de crimes e contravenções.

A esquerda não está preocupada com o fato de o FBI, o Departamento de Justiça, a CIA, Hillary Clinton e membros da administração Obama terem sistematicamente procurado usar agências do governo dos EUA para sabotar uma campanha presidencial, o governo de transição e e a própria presidência por meio do uso do ex- espião britânico Christopher Steele e seu círculo de fontes russas desacreditadas.

A esquerda não está preocupada com o fato de o Pentágono ter repentinamente perdido o apoio da maioria do povo americano. Os oficiais da ativa e reformados violaram flagrantemente a cadeia de comando, o Código Uniforme de Justiça Militar e, sem dados ou evidências, anunciaram uma caçada a qualquer pessoa suspeita de “ira branca” ou “supremacia branca”.

A esquerda não está preocupada com o fato de que, em 2020, 64% do eleitorado (um recorde) não ter votado no dia da eleição.

A esquerda tampouco está preocupada com o fato de que a taxa de rejeição dos votos dados em outro dia que não o das eleições despencou — mesmo com inéditos 101 milhões de votos enviados pelo correio ou dados antecipadamente.

E a esquerda certamente não está preocupada com o fato de que bilionários sectários do Vale do Silício despejaram bem mais de US $ 400 milhões em distritos escolhidos a dedo para “ajudar” os órgãos públicos a conduzir as eleições.

O que então está por trás dessa nova histeria de esquerda sobre o suposto fim da democracia?

É muito simples. A esquerda espera perder o poder nos próximos dois anos – tanto por causa da maneira como o ganhou e o usou quanto por causa de suas pautas radicais e autoritárias que não têm qualquer apoio popular.

Depois de assumir o controle das casas do Congresso e da Presidência – com uma imprensa submissa e o apoio de Wall Street, do Vale do Silício, das universidades, do mundo do entretenimento e dos esportes – a esquerda conseguiu, em apenas 11 meses, alienar a maioria dos eleitores.

A nação foi destruída por uma criminalidade sem precedentes e pela não fiscalização das fronteiras. Os promotores de esquerda também não indiciam criminosos ou os deixam sair das prisões.

A imigração ilegal e a inflação estão disparando. Cortes deliberados na produção de gás e petróleo ajudaram a elevar os preços dos combustíveis.

Todas essas más notícias se somam ao desastre do Afeganistão, ao agravamento das relações raciais e a um presidente enfraquecido.

Os democratas estão 10 pontos atrás dos republicanos nas pesquisas gerais, a menos de um ano para as eleições de meio de mandato.

A rejeição ao presidente Joe Biden fica entre 50% e 57% – e isso levando em conta o cenário “catástrofico” de Trump.

Menos de um terço do país quer que Biden concorra à reeleição. Em muitas pesquisas, Trump agora derrota Biden.

Em outras palavras, as elites esquerdistas temem que a democracia funcione de maneira muito robusta.

Após o “conluio russo”, dois processos de impeachment, a história do laptop Hunter Biden, as melodramáticas cenas das audiências de Kavanaugh, a mentira de Jussie Smollett, a difamação dos filhos de Covington e o frenesi da cobertura do julgamento de Rittenhouse, as pessoas não estão apenas cansadas da histeria esquerdista, mas também ​​de como a esquerda chega ao poder e o administra.

Se Biden tivesse 70% de aprovação pessoal e 60% de aprovação em suas políticas, os pessimistas de ocasião estariam nos garantindo de que “o sistema é saudável”.

Eles estão com medo e com raiva não porque a democracia não funcione, e sim porque, apesar da imprensa e dos políticos, ela funciona.

Quando um partido é sequestrado por radicais e usa quase todos os meios necessários para chegar ao poder e usá-lo para promover pautas que poucos americanos apoiam, o eleitor médio expressa sua desaprovação.

Essa realidade aparentemente apavora a elite. É por isso que, logo em seguida, essa mesma elite afirma que qualquer sistema que permita ao povo votar contra a esquerda não é, de forma alguma, o sistema que representa o poder do povo.


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GOVERNO QUER IMPULSIONAR PROJETO FERROVIÁRIO DE PASSAGEIROS

 

  1. Economia 

Proposta, elaborada pelo Ministério da Infraestrutura com a ANPTrilhos, tem potencial de gerar 65 mil empregos diretos e indiretos, além de atrair investimentos bilionários; expectativa do governo é aprovar texto até o final de 2022

Amanda Pupo, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA – Após ganhar um marco legal que deve turbinar o transporte ferroviário de cargas, o Brasil poderá ter em 2022 uma nova lei para incentivar também o uso e a construção de ferrovias focadas no transporte de passageiros.

O meio de locomoção, comum até meados do século passado e abandonado nas últimas décadas pelo País, é tema de uma proposta de política pública estruturada pelo Ministério da Infraestrutura com a colaboração de uma entidade do setor, a Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos). A expectativa do governo é de que o texto seja enviado e aprovado pelo Congresso até o fim do próximo ano.

Ferrovia Norte-Sul
Atualmente, Brasil tem mais de 100 projetos ferroviários para o transporte de passageiros. Novo marco poderia destravá-los. Foto: Dida Sampaio/Estadão

Com o projeto, o governo e o mercado esperam ter um conjunto de regras consolidado capaz de atrair investimentos privados e destravar diversos empreendimentos no Brasil. De acordo com o presidente do conselho da ANPTrilhos, Joubert Flores, existem mais de 100 ideias de projetos ferroviários para passageiros – muitos ainda em fase conceitual – que poderiam ser levadas à execução no País.

Flores cita o projeto de trem para ligar, inicialmente, Campinas a São Paulo, e que deve envolver mais de R$ 8 bilhões em investimentos. Mas há outros empreendimentos que já são alvo de estudos nos últimos anos, como um traçado ligando o Distrito Federal e Goiás e outro conectando Minas Gerais e o Rio.

“Tudo isso demanda investimento, e a capacidade de investir do setor não é grande. Se tiver indicação de prioridade, com política que crie marco que dê essa segurança regulatória, atratividade, acho que isso alavanca”, avaliou Flores. Ele compara esse tipo de mudança legal com o novo marco do saneamento, em vigor desde julho de 2020, pensado para atrair investidores num setor até então permeado de insegurança jurídica. “Esse marco dá uma segurança jurídica que permite que você faça investimento. São investimentos de longo prazo, longa maturação, não pode ser um projeto de governo, mas de Estado.”

Crédito

A proposta do governo prevê, entre outros pontos, que os empreendimentos na área poderão ser financiados com um linha exclusiva em um banco de financiamento, como o BNDES. A proposta de projeto de lei, lançada na quarta-feira passada, ficará disponível para consulta pública por 45 dias.

O governo também ressaltou outros efeitos do crescimento desse tipo de transporte, como a redução de gases de efeito estufa e a geração de empregos. Estudo da ANPTrilhos aponta que, para cada mil quilômetros de ferrovia em operação para esse fim, 65 mil empregos diretos e indiretos poderão ser gerados.

O secretário nacional de Transportes Terrestres, Marcello Costa, ressaltou que o novo marco legal das ferrovias, que permite a construção de traçados privados e que já foi aprovado pelo Congresso, também ajudará a fomentar o transporte de passageiros pelo modal – além do incentivo a ferrovias focadas em carga.

Segundo ele, por sua vez, os empreendimentos voltados ao cidadão ainda demandam uma legislação específica. “E tenho certeza de que ainda em 2022, talvez até o fim do ano, se consiga a aprovação dessa legislação. Talvez esse seja um dos legados deste governo mais importantes no setor de transporte do País”, disse.

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