domingo, 12 de dezembro de 2021

DARK STORES NOVIDADE NO SETOR MERCADISTA

 

  1. Economia 

Empresas como Rappi, Daki e Merqueo apostam em ‘dark stores’ para ganhar tempo até o consumidor

André Jankavski, O Estado de S.Paulo

A corrida dos aplicativos no Brasil já passou por várias fases. Primeiro, foi a dos apps de transporte, com Uber e 99 deixando para trás uma série de empresas que caíram no esquecimento. Depois, iFoodUber Eats e Rappi passaram a dominar o segmento de entrega de refeições. A disputa nas entregas de supermercado, porém, ainda está em aberto, e diversas empresas querem agora incomodar as grandes com as “dark stores” (ou lojas ocultas, em tradução livre). 

Rappi
‘Dark store’ da Rappi, no Brooklin, em SP: lojas pequenas em locais estratégicos para agilizar entrega das compras, modelo que começa a atrair investimentos milionários Foto: Tiago Queiroz/Estadão

O modelo funciona da seguinte maneira: as startups montam pequenos centros de distribuição. Essas companhias apostam na proximidade para realizar entregas na maior velocidade possível. E esse modelo tem atraído empreendedores e investimentos milionários.

Um dos casos mais conhecidos é o da brasileira Daki. Fundada em janeiro deste ano e com uma operação que só contemplava 20 bairros da capital paulista, a startup conseguiu captar US$ 170 milhões em seu primeiro aporte. De lá para cá, a Daki expandiu a sua atuação. Atualmente, a companhia conta com 60 “dark stores”, mais de 650 empregados – nem possui uma sede –, além de 1 mil entregadores cadastrados. A empresa já expandiu a atuação para cidades da região metropolitana de São Paulo, além do Rio de Janeiro, e está prestes a iniciar sua operação em Belo Horizonte.

O resultado é que, em dez meses de operação, a empresa se tornou o mais novo “unicórnio” (companhia com valor de mercado estimado em mais de US$ 1 bilhão) do País. Isso aconteceu no início de dezembro, quando a startup recebeu um aporte de US$ 260 milhões de grandes fundos como Tiger Global, Kaszek e Monashees.

“O aporte é direcionado para expansão física, melhorar a experiência em nosso aplicativo e atrair talentos para dentro de casa”, afirmou o presidente e fundador da Daki, Rafael Vasto. 

Novidades

Entre os diferenciais que a empresa promete aos clientes, e que fizeram os investidores apostar fortemente na Daki, estão o frete grátis, além da entrega em menos de 15 minutos – e, de acordo com Vasto, preços competitivos com os vistos nas grandes redes varejistas. Isso acontece, segundo ele, porque a empresa fecha os contratos diretamente com as grandes indústrias, conseguindo maiores descontos e repassando para os consumidores.

Para completar, por ter controle total do estoque, não ocorre o problema de o cliente comprar um produto e ele ser substituído por outro. “Tivemos um crescimento de 930% no último trimestre”, diz Vasto. “Mas isso depende um pouco de novos aportes, e se trata de um mercado que está andando rápido, e não queremos ficar para trás.”

Estrangeiras por aqui

É certo que o segmento tem um crescimento acelerado. Somente nos últimos meses, duas empresas de outros países latino-americanos estrearam no mercado brasileiro. A colombiana Merqueo, com um modelo de negócio similar ao da Daki, chegou ao País em julho com US$ 25 milhões para gastar e com planos de abrir oito espaços para realizar entregas. O maior deles é um de 4 mil m² na Vila Leopoldina, bairro da zona oeste de São Paulo. Um mês depois da estreia no mercado brasileiro, a companhia anunciou o aporte de US$ 50 milhões para acelerar a expansão no País e na América Latina. 

Dark store
Startups montam pequenos centros de negócios em locais espalhados pela cidade Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Para isso, ela terá de competir com uma rival latina. A colombiana Justo quer ter de dez a 12 armazéns espalhados pela região metropolitana de São Paulo e quer se diferenciar pela maior oferta de frutas, legumes e verduras, o que exige uma logística ainda mais delicada por causa da baixa vida útil desse tipo de alimentos. 

De acordo com André Braga, vice-presidente da Justo, essa meta deve ser atingida em 12 meses. “Isso representa a metade do tempo que levamos para alcançar o mesmo tamanho no México”, diz Braga. Hoje, a empresa já conta com 1,3 mil funcionários na América Latina.

Grandes de olho

Não existem levantamentos que mostrem o crescimento desse mercado, mas se trata de um segmento que também está chamando a atenção de grandes do setor. O Hortifruti Natural da Terra, comprado em agosto pela Americanas por R$ 2,1 bilhões, já possui mais de 70 lojas em quatro Estados e está iniciando a ampliação de suas “dark stores” para acelerar as vendas digitais da rede, que representam 16% do faturamento de R$ 2 bilhões por ano. 

Da mesma forma que a Justo, aposta na sua oferta de produtos frescos. Por agora, a companhia conta com duas “dark stores”, uma em São Paulo e outra no Rio de Janeiro, e pretende ampliar a operação. 

“Estamos trabalhando a ‘dark store’ como uma iniciativa de inovação e com a lógica de capturar clientes em novas geografias”, comenta Fernando Visser, responsável pela área de inovação da rede.

Liderança

A Rappi, porém, é a empresa que está mais na dianteira da corrida. Apesar de ter começado no Brasil como um aplicativo especializado nas entregas de produtos de terceiros, a companhia já conta com 117 “dark stores” no Brasil e outras 172 espalhadas por cinco países da América Latina. O principal diferencial da companhia é o de entregas em menos de dez minutos – segundo a Rappi, a média do tempo é de 8 minutos e 20 segundos. Para Tijana Jankovic, presidente da subsidiária brasileira da Rappi, o modelo está crescendo cada vez mais e tem o potencial de, em breve, se tornar o principal negócio dentro da companhia.

Mas, com tantos supermercados dentro da plataforma, isso não vira uma concorrência com os parceiros? Na visão de Tijana, não. “Estamos com o foco de criar o hábito do supermercado por aplicativo. Nós não queremos competir nas compras grandes, que continuarão com os nossos parceiros, mas fazer com que o cliente tenha mais recorrência e passe a utilizar mais a ferramenta”, diz a executiva.

Este pode ser um caminho que outros aplicativos podem entrar no futuro, de acordo com especialistas. Afinal, trata-se de uma grande ferramenta de fidelização. O iFood, que domina mais de 70% do mercado de restaurantes, entrou mais tarde na competição por supermercados, mas já coloca o segmento como uma de suas principais rotas de crescimento para o futuro. 

A companhia, que também é um unicórnio brasileiro, está consolidando o modelo de entregas expresso e conta hoje com 5 mil parceiros em 246 cidades. Segundo a companhia, o investimento está ocorrendo por meio de parcerias com outras companhias. O modelo é similar ao da Ambev com o Zé Delivery, em que a fabricante de bebidas utiliza a base de seus distribuidores para realizar vendas diretas para os consumidores finais. 

Operações focadas na velocidade

Modelo espartano

Enquanto as varejistas tradicionais criam lojas de bairro para conseguir  abocanhar as compras de conveniência, as empresas de entrega se concentram na criação de “lojas ocultas”, com estrutura quase espartana, e totalmente concebidas para agilizar o processo de escolha dos produtos e entrega para o motoqueiro ou ciclista

Tudo cronometrado

Nesse mercado, cada segundo conta. O diferencial das empresas está na entrega ultrarrápida, com as compras chegando às mãos dos clientes em menos de 15 minutos, no caso da Daki, e até em cerca de 10 minutos, no caso da Rappi

Recorrência

A estratégia das empresas é criar a recorrência das  compras por meio da conveniência, por isso muitas apostam no frete grátis para não onerar o usuário além da compra. Isso, porém, aumenta muito os custos da operação

Compras diretas

Em vez de comprar com os varejistas, os aplicativos vão atrás da própria indústria de alimentos ou de higiene e beleza, por exemplo, para conseguir preços competitivos com as grandes redes varejistas, que muitas vezes estão dentro da plataforma realizando vendas a distância

Entregadores

Diferentemente das entregas convencionais de refeições, em que na hora do pedido se procura o entregador mais próximo para o serviço, as empresas costumam deixar os entregadores a postos nas “dark stores” para que o pedido seja levado assim que for colocado na sacola. Geralmente, eles possuem menos de dez minutos para realizar as entregas

Modelo sustentável?

Ao mesmo tempo que essa corrida acontece, os aplicativos vão precisar mostrar aos investidores que a conta pode fechar no futuro. Todas estão no momento de receber aportes para acelerar o crescimento, mas a bem-sucedida pode não ser a maior, mas aquela que  conseguir equacionar melhor os custos.

DISRUPÇÃO É UMA NECESSIDADE COMPETITIVA PARA AS EMPRESAS

 

StartSe

Saiba como empresas como Uber, Tesla e Netflix apostam na disrupção para estabelecer os seus negócios.

Com a tecnologia avançando cada vez mais rápido, a disrupção caminha para deixar de ser uma vantagem e se tornar uma necessidade competitiva. Empresas que não possuem um diferencial terão um desafio sério para enfrentar as que possuem, e inovar é a melhor forma de evitar esse cenário.

Uma pesquisa da consultoria McKinsey & Company revelou que, ao investir em inovações durante períodos de crise, é possível obter resultados até 30% maiores durante a recuperação. Este é apenas um exemplo de como o tema possui relevância fundamental para os negócios.

Inovar, no entanto, nem sempre causa uma disrupção. Ela chega para revirar o tabuleiro: se a inovação cria peças melhores, a disrupção é capaz de produzir um novo jogo, com as próprias regras.

Entender essa dinâmica é fundamental para quem deseja conquistar e manter uma posição sólida no mercado, lançando produtos e serviços que encantam seus consumidores ao ponto de eles nem olharem para a concorrência.

Neste artigo você conhecerá a diferença entre inovação e disrupção, quais os seus benefícios, e como explorar cada uma para multiplicar os resultados da sua organização!

Uber

Carro com adesivo da Uber (foto: Getty)

O QUE É DISRUPÇÃO?

Ainda existem debates sobre qual conceito de disrupção é o mais adequado. Há quem defenda que toda inovação capaz de “balançar” a estrutura de um mercado é disruptiva, enquanto outros afirmam que uma disrupção precisa criar novos mercados.

No segundo caso, exemplos como a Uber não seriam uma disrupção, apenas uma melhoria na forma como passageiros e motoristas se encontram.

De qualquer maneira, é um processo intimamente ligado à inovação, já que é preciso criar algo mais barato, eficiente ou acessível do que a solução atual – alguns exemplos de disrupção conseguem fazer tudo isso ao mesmo tempo!

Em muitos casos, a disrupção também cria um produto ou serviço capaz de atender públicos que estavam à margem do modelo anterior. É o exemplo dos computadores pessoais, em relação às máquinas complexas e imensas que vieram antes deles.

Quando isso acontece, a disrupção costuma ser ignorada pelos concorrentes como algo da moda, já que atinge apenas uma fração das vendas obtidas pela solução atual. Com o passar do tempo, estes primeiros usuários se tornam um motor para o crescimento, divulgando sua satisfação para o mundo e praticamente implorando para que seus amigos e familiares experimentem a novidade.

A disrupção ganha uma massa crítica, e impacta profundamente as organizações concorrentes. Foi o caso da Netflix, que balançou as locadoras e os serviços de TV a cabo, estabelecendo um novo modelo de negócios que viria a ser utilizado até mesmo por gigantes como a Disney.

Sede da Netflix em Los Angeles (foto: divulgação)

POR QUE DEVEMOS NOS PREOCUPAR COM A DISRUPÇÃO?

Novas tecnologias podem abalar o mais tradicional dos mercados, e atropelar empresas que eram consideradas inatingíveis. Com a transformação digital ganhando impulso e recursos como 5G ou fibra óptica conquistando espaço, a expectativa é que a disrupção aconteça com cada vez mais frequência.

Para os consumidores, a vantagem é considerável: produtos mais baratos, rápidos, acessíveis e eficientes. Junto às facilidades, também surgem novas exigências. As pessoas estão se acostumando a certos padrões, elevando o nível em que as empresas devem operar.

Manter-se competitivo não é uma tarefa simples, já que dada a própria natureza da disrupção, ela pode trazer um novo desafio em questão de meses, ou até mesmo dias. Um novo produto pode ser lançado na próxima semana, e afetar os seus negócios de um modo imprevisível. Enfrentar essa dinâmica exige um foco em inovação, para que a própria empresa seja capaz de criar novidades e manter vantagens estratégicas frente às suas competidoras.

Site e app Airbnb (foto: divulgação)

COMO USAR DISRUPÇÃO PARA INOVAR NO MERCADO?

A disrupção não surge por mágica, ela costuma aparecer em organizações que já se voltam à inovação, apoiando a criatividade dos seus colaboradores num trabalho intenso de pesquisa e desenvolvimento.

Existem algumas maneiras de abrir o caminho para novas ideias, e você pode começar prestando atenção ao que é feito em outros países ou mercados. Muitas vezes a disrupção em um segmento pode ser repetida em outro – exemplo disso são os serviços que conectam o consumidor ao vendedor ou prestador de serviço, como Uber, iFood, Airbnb, etc.

A empresa deve buscar ideias com o potencial de se tornar uma inovação disruptiva dentro e fora dos seus domínios, formando parcerias com espaços como universidades e startups. Organizações como essas costumam produzir diversos protótipos, e um deles pode ser ideal para os seus negócios.

Invista também em outros tipos de inovação. Muitas vezes uma ideia começa como uma pequena melhoria, e só após ser implementada é que seu potencial disruptivo se torna visível

EXEMPLOS DE EMPRESAS QUE DISRUPTARAM O MERCADO

A cada ano a disrupção parece mais comum. Empresas como Alphabet, Facebook, Apple e Amazon merecem um destaque por estar à frente de várias inovações disruptivas, e continuar essa busca mesmo após se tornarem organizações bilionárias.

Um exemplo interessante é o da 99 App (nascida como 99 Táxi). Fundada em 2012, a empresa teve de competir com um dos maiores nomes quando se fala em disrupção, a Uber, e conseguiu firmar seu espaço atendendo um público que a concorrente não alcançava.

Permitindo a utilização por taxistas, a 99 capitalizou sobre uma insatisfação gerada pela disrupção anterior. A empresa ganhou mercado, tornando-se a primeira startup unicórnio brasileira ao ser adquirida pela chinesa Didi Chuxing.

Descentralizando a busca por alojamentos para viajantes, a Airbnb é outro exemplo notável de empresa disruptiva. Sua primeira abordagem era focada em estadias baratas, e recebeu diversas críticas em relação à qualidade dos locais disponíveis.

Hoje, é possível encontrar desde uma acomodação simples no quarto de visitas de alguém até espaços de luxo e acomodações singulares , como casas flutuantes e cabanas em meio à floresta, dominando um ascendente mercado de turismo ligado a experiências únicas.

Tesla Model 3 (foto: divulgação)

TODA INOVAÇÃO É DISRUPTIVA?

Toda disrupção é inovadora, pois modifica profundamente a forma como determinado produto ou serviço é consumido pelo público. Por outro lado, nem toda inovação é disruptiva, pois ela também pode trazer uma pequena melhoria, ou até mesmo um grande avanço que, no entanto, não revoluciona o mercado onde surgiu.

Um exemplo disso são os carros elétricos da Tesla. Eles possuem tecnologias inovadoras, em todos os sentidos da palavra, oferecem atrativos únicos para seus compradores, mas continuam sendo carros.

Por outro lado, a direção autônoma, inovação na qual a própria Tesla é uma das líderes, pode ser considerada disruptiva por fazer do carro um produto diferente, e não apenas melhor.

A inovação também pode surgir na forma de uma boa ideia, que agrega valor a determinado processo e permite cortar gastos ou ganhar eficiência, como a organização de times em squads.

Inovações com esse caráter podem mudar a forma como o trabalho é feito, mas não transformam uma determinada indústria nem lançam uma tecnologia revolucionária, e por isso não são disruptivas.

CONCLUSÃO

As disrupções vão continuar ocorrendo, afetando mercados estáveis e criando novos líderes.

É um movimento que não pode ser freado, e a melhor opção para quem deseja se manter competitivo é estar à frente dele, perseguindo disrupções e inovações diversas para entregar produtos e serviços de uma forma única.

Dessa forma, você terá seu público fiel, com o qual poderá se relacionar e até obter ideias para novos projetos, mantendo-se em uma posição que os concorrentes não podem alcançar.

ValeOn UMA STARTUP INOVADORA

A Startup ValeOn um marketplace que tem um site que é uma  Plataforma Comercial e também uma nova empresa da região do Vale do Aço que tem um forte relacionamento com a tecnologia.

Nossa Startup caracteriza por ser um negócio com ideias muito inovadoras e grande disposição para inovar e satisfazer as necessidades do mercado.

Nos destacamos nas formas de atendimento, na precificação ou até no modo como o serviço é entregue, a nossa startup busca fugir do que o mercado já oferece para se destacar ainda mais.

Muitos acreditam que desenvolver um projeto de inovação demanda uma ideia 100% nova no mercado. É preciso desmistificar esse conceito, pois a inovação pode ser reconhecida em outros aspectos importantes como a concepção ou melhoria de um produto, a agregação de novas funcionalidades ou características a um produto já existente, ou até mesmo, um processo que implique em melhorias incrementais e efetivo ganho de qualidade ou produtividade ao negócio.

inovação é a palavra-chave da nossa startup. Nossa empresa busca oferecer soluções criativas para demandas que sempre existiram, mas não eram aproveitadas pelo mercado.

Nossa startup procura resolver problemas e oferecer serviços inovadores no mercado.

Nossos contatos: Fones: (31) 3827-2297 e (31) 98428-0590 (Wpp)

E-MAIL: valeonbrasil@gmail.com

Site: https://valedoacoonline.com.br/

sábado, 11 de dezembro de 2021

DIVERSOS DA POLÍTICA E ATAQUES DE HACKERS NO MINISTÉRIO DA SAÚDE

 

Pedem Resgate
Grupo hacker que invadiu Ministério da Saúde ataca outros sites do governo
PorGazeta do Povo

cybercrime, hacking and technology concept – male hacker with access denied message on computer screen using virus program for cyber attack in dark room

Órgãos do governo federal são alvo de ataque de hackers nesta sexta-feira (10)| Foto: Big Stock, Dolgachov/Reprodução

Depois da invasão a plataformas do Ministério da Saúde, o grupo hacker que se autointitula Lapsus$ Group atacou o site da Escola Virtual, um ambiente de cursos a distância ligado ao Ministério da Economia, informa o jornal O Estado de S. Paulo. Os hackers deixaram uma mensagem na página que abre o site. “O nosso única desejo é obter dinheiro”, escreveram afirmando quererem pagamento de resgate para recuperar dados capturados.

Outros sites do governo também atingidos, como os da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e páginas ligadas à Secretaria de Governo Digital, órgão que integra a estrutura da Secretaria Especial de Desburocratização do Ministério da Economia. A Polícia Federal abriu um inquérito para investigar a invasão ao Ministério da Saúde.


Argentina
Lula é recebido na Casa Rosada e discursa para multidão na Praça de Maio
PorGazeta do Povo

Presidente Alberto Fernández recebeu Lula na sede do governo argentino | Foto: Divulgação/Casa Rosada

Em agenda na Argentina nesta sexta-feira (10), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi recebido pelo presidente Alberto Fernández na Casa Rosada, sede do governo local, e discursou para uma multidão na Praça de Maio, em Buenos Aires, formada em sua maioria por militantes peronistas. O petista participou do ato público alusivo ao Dia da Democracia, comemorado no país desde o fim da ditadura militar, há 38 anos.

Pré-candidato ao Palácio do Planalto, Lula ganhou uma placa alusiva ao Prêmio Azucena Villaflor, que reconhece a defesa dos direitos humanos e recebe o nome de uma mãe assassinada pela ditadura. O ex-presidente do Uruguai José Pepe Mujica também foi premiado.


Auxílio Brasil
PDT vai ao Supremo contra PEC dos Precatórios
PorGazeta do Povo

Promulgação da PEC dos Precatórios no Congresso. | Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

O PDT entrou com Ação Direta de Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a promulgação parcial da PEC dos Precatórios, realizada pelo Congresso na quarta-feira (8). O partido pede a suspensão do texto, que teria passado por alterações inconstitucionais. Conforme o PDT, a liberação de espaço bilionário no orçamento de 2022 por meio de mudança na regra de cálculo do teto “consubstancia-se em um joguete para fins eleitorais”, diz trecho da ação.

Outra avaliação pontuada pelo partido é de que a sessão em que a PEC foi aprovada na Câmara desrespeitou o regimento interno. Na ocasião o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL) permitiu votações remotas numa flexibilização de regras que beneficiou o governo.


Coronavírus
São Paulo aciona STF pela obrigatoriedade de vacina para entrada no país
PorGazeta do Povo

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB). | Foto: Governo do Estado de São Paulo

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou pelas redes sociais que a Procuradoria Geral do Estado entrou com pedido junto ao Supremo Tribunal Federal para evitar a entrada de pessoas não vacinadas no país, com desembarque naquele estado. Doria escreveu que “o governo de SP acionou hoje o STF para que o passaporte vacinal seja exigido para viajantes estrangeiros que chegarem ao Brasil através de São Paulo”.

O tucano já havia dito nesta semana que pretendia implantar a medida a partir de 15 de dezembro caso o Ministério da Saúde não o fizesse em âmbito federal. De acordo com Doria, “a medida torna-se ainda mais importante diante do cenário de novas variantes da Covid-19”.


Pedem Resgate
Grupo hacker que invadiu Ministério da Saúde ataca outros sites do governo
PorGazeta do Povo

cybercrime, hacking and technology concept – male hacker with access denied message on computer screen using virus program for cyber attack in dark room

Órgãos do governo federal são alvo de ataque de hackers nesta sexta-feira (10) | Foto: Big Stock, Dolgachov/Reprodução

Depois da invasão a plataformas do Ministério da Saúde, o grupo hacker que se autointitula Lapsus$ Group atacou o site da Escola Virtual, um ambiente de cursos a distância ligado ao Ministério da Economia, informa o jornal O Estado de S. Paulo. Os hackers deixaram uma mensagem na página que abre o site. “O nosso única desejo é obter dinheiro”, escreveram afirmando quererem pagamento de resgate para recuperar dados capturados.

Outros sites do governo também atingidos, como os da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e páginas ligadas à Secretaria de Governo Digital, órgão que integra a estrutura da Secretaria Especial de Desburocratização do Ministério da Economia. A Polícia Federal abriu um inquérito para investigar a invasão ao Ministério da Saúde.


Sob Investigação
Perda de dados ainda não está descartada, diz secretário sobre ataque hacker à Saúde

Por Cristina Seciuk

O secretário-executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz. | Foto: Myke Sena/MS

Em entrevista coletiva nesta sexta-feira (10), o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz, afirmou que a maioria dos sistemas da pasta já foi restabelecida, mas que ainda é “cedo para afirmar categoricamente que nada foi perdido”, em alusão aos dados acessados durante ataque hacker registrado na madrugada. Cruz destacou que tanto o Ministério quanto a empresa responsável pelo serviço de armazenamento em nuvem têm políticas próprias de backups, entretanto uma eventual perda segue em investigação.

“É uma base [de dados] muito extensa e complexa, a gente aguarda a equipe técnica encerrar a análise”, informou, apesar de dizer que “as expectativas são boas”. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou pouco depois que “até onde sabe, não houve perda de dados”.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/republica/breves/perda-de-dados-ainda-nao-esta-descartada-diz-secretario-sobre-ataque-hacker-a-saude/
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ALAN DOS SANTOS DENUNCIA ALEXANDRE DE MORAIS NA OEA

 

Violação aos direitos humanos
Por
Leonardo Desideri – Gazeta do Povo
Brasília

Allan dos Santos é o dono do Terça Livre, que foi banido da internet por decisão do STF.| Foto: Arquivo/Alessandro Dantas/Agência Senado

O jornalista Allan dos Santos, do Terça Livre, denunciou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), órgão da Organização dos Estados Americanos (OEA). A denúncia foi apresentada na quarta-feira (8).

Moraes decretou a prisão preventiva do jornalista e bloqueou todas as contas bancárias atreladas ao nome dele no âmbito do chamado “inquérito dos atos antidemocráticos”. Allan dos Santos pede que a decisão seja revogada e afirma que ela impede o funcionamento do site, fere a liberdade de imprensa e caracteriza censura.

Segundo o Terça Livre, o bloqueio das contas deixou “cerca de 50 colaboradores do Terça Livre TV sem o salário”. Os funcionários – entre os quais estão jornalistas, redatores, técnicos de estúdio e cinegrafistas – são incluídos como vítimas no documento. A petição recorre a uma jurisprudência da CIDH de 2002, relacionada ao fechamento da Radio Caracas, da Venezuela, decretado pelo antigo ditador do país, Hugo Chávez. Na época, o caso foi levado à OEA, e a Venezuela foi condenada por violação aos direitos humanos.

Allan dos Santos pede ainda, segundo o Terça Livre, “que a Comissão recomende a revogação das intervenções de Moraes nos processos em que Santos pleiteia reparação à sua honra contra outros órgãos de imprensa que o acusaram falsamente de receber dinheiro público”.

No começo do ano, Moraes suspendeu uma decisão da Justiça do Distrito Federal em favor de Allan dos Santos contra a revista Isto É. A publicação tinha sido condenada a indenizar o jornalista em R$ 25 mil por danos morais, após a publicação de uma matéria que o acusava de receber uma mesada da Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom). Em 2020, a Secom desmentiu o boato.


O que é a CIDH e qual é a chance de que a denúncia de Allan dos Santos avance

A CIDH é uma corte complementar à Justiça de países do continente americano, cujo objetivo é apreciar casos de violações aos direitos humanos e defender as liberdades individuais de cidadãos dos 25 estados signatários do Pacto de San José da Costa Rica. O Brasil assinou esse pacto em 1992.

“Por exemplo, se você está em um momento de ditadura, a Justiça do país não serve para nada. Não é independente. Nesses momentos, a OEA através da Corte, pode abrir um procedimento, analisar e julgar”, explica Manuel Furriela, mestre em Direito Internacional pela Universidade de São Paulo (USP).

Foi nessa linha que, em 2002, a Venezuela foi condenada por violação aos direitos humanos. Mas, segundo o especialista, decisões como essa não são comuns na CIDH.

“Os julgamentos e condenações são raros, justamente porque há muita restrição na hora de fazer a análise e o processamento. Tem que vir com provas objetivas. São duas coisas: primeiro tem que mostrar que não dá para buscar a Justiça local, e depois, o outro critério é apresentar provas muito concretas do que está sendo alegado. E tem que envolver questões de direitos humanos, nunca outras questões”, diz.

O primeiro passo depois que uma denúncia é levada à CIDH é um estudo de admissibilidade, que não tem prazo para terminar. “O que é feito nessa pré-análise é principalmente a verificação da possibilidade daquele que está reclamando de usar a própria Justiça do país, a Justiça interna, e não procurar a Corte. Isso é uma primeira análise. Isso barra muitos casos, porque geralmente há a possibilidade de se buscar a Justiça local”, afirma Furriela.

Se a denúncia for aceita, a CIDH abre um procedimento, e o governo do país é chamado a se defender. Depois disso, caso tenha constatado violações aos direitos humanos, a CIDH pode emitir recomendações ao país acusado. Se essas recomendações não forem cumpridas, o país pode ser oficialmente condenado pela Corte Interamericana da OEA por violação aos direitos humanos.

Para Furriela, a chance de que o caso de Allan dos Santos avance até mesmo na primeira etapa – o estudo de admissibilidade – é bastante remota.

“Você tem que comprovar que a Justiça do país não é isenta em relação àquele caso específico, que a Justiça se nega a fazer uma averiguação. É difícil você levar uma questão dessa de um país que é democrático. Se você está num país com uma ditadura, é muito mais fácil provar que a Justiça local se nega a julgar. Num regime democrático, como é o caso do Brasil, fica muito difícil você fazer uma comprovação desse tipo. Não vejo chance, porque a própria Justiça brasileira está julgando o caso, porque ela é o Poder da República competente para fazer isso”, afirma.

À Gazeta do Povo, o Terça Livre refutou a ideia de que as chances de o caso prosperar sejam remotas. Segundo a empresa, a petição cumpre o requisito principal de esgotamento dos recursos internos – isto é, a impossibilidade de se solucionar a alegada violação aos direitos humanos dentro do próprio país.

“Existem requisitos de admissibilidade para se levar o caso à Comissão Interamericana de Direitos Humanos. É necessário cumprir esses requisitos, que estão listados na Convenção – o Pacto de San José da Costa Rica – e no regulamento, que é como se fosse um regimento interno da Comissão, que se chama Regulamento da Comissão. O artigo 28 do Regulamento da Comissão exige identificar as pessoas, descrever quais foram as violações praticadas pela autoridade do Estado denunciado… Um dos pontos mais importantes se chama ‘esgotamento dos recursos internos’. Geralmente é o Poder Judiciário a quem você recorre para fazer cumprir a lei e a Constituição. No nosso caso, quem está violando a Convenção e a lei é o próprio STF, a mais alta corte do país. A quem recorrer? No sistema processual brasileiro, não existe órgão acima do STF. Acima do STF, não há um órgão estatal de revisão. A nossa petição, no capítulo 2, fala do esgotamento dos recursos da jurisdição interna. A gente esclarece muito bem isso. A gente até tentou tomar providências, com um mandado de segurança e um HC (habeas corpus) – o mandado de segurança para desbloquear as contas da empresa, e o HC para revogar a prisão do Allan. E isso já foi indeferido. Então, a quem recorrer agora, já que o próprio STF disse que não cabe impugnar através de ações ou de recursos ordens e decisões de juízes da sua corte?”, questiona o Terça Livre.

A Gazeta do Povo entrou em contato com o CIDH na quinta-feira (9) para que o órgão comentasse sobre a tramitação do caso, mas não obteve resposta até a publicação da reportagem.


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CÚPULA DA DEMOCRACIA DE BIDEN É ENCERRADA SEM ACORDO

 

Encerramento
Por
Agência EFE – Gazeta do Povo

Presidente americano disse que países devem medir “esforços” pró-democracia e que um relatório sobre o assunto deve ser apresentado em um segundo encontro| Foto: EFE/EPA/TASOS KATOPODIS

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, encerrou a Cúpula da Democracia nesta sexta-feira (10) alegando que o encontro serviu como um impulso para os países participantes se comprometerem a fortalecer os valores democráticos, e pediu a todos que revisassem os esforços feitos em uma nova edição dentro de um ano.

Em seu discurso final no fórum virtual, para o qual mais de cem países foram convidados, com as notáveis ausências de China e Rússia, Biden apontou que estava “motivado” pela “energia e entusiasmo” do encontro, apesar do evento ter terminado sem um acordo concreto entre os participantes.

De qualquer forma, o presidente americano destacou compromissos como a aliança entre Panamá, Costa Rica e República Dominicana para fortalecer suas instituições e cooperar nas áreas de transparência, direitos humanos e desenvolvimento econômico, e disse que esperava que houvesse iniciativas “mais frequentes” deste tipo.

“Espero que cada um dos países possa medir os resultados e os esforços e que possamos apresentar um relatório em uma segunda cúpula dentro de um ano”, acrescentou.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/cupula-da-democracia-termina-sem-acordo-mas-biden-espera-resultados-em-um-ano/
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SAGA DO OURO NA AMAZÔNIA

 

  1. Política 

Mineração ilegal cresce no País e se torna uma das principais causas do desmatamento

João Gabriel de Lima, O Estado de S.Paulo

“Uma chuva de meteoros trouxe o ouro à terra. Talvez esse início violento tenha amaldiçoado o metal. Por nenhum outro se matou tanto.” A frase abre a última temporada da série ficcional A Casa de Papel, o programa de TV mais assistido no mundo nesta semana. Já na vida real, na Amazônia, assiste-se a uma nova – e triste – saga do ouro. A mineração ilegal cresce e se torna uma das principais causas do desmatamento na maior floresta tropical do planeta.

Instituto Igarapé, centro de pesquisas brasileiro especializado em segurança pública, e a Interpol, organização que promove a cooperação entre as polícias do mundo, lançaram ontem um estudo sobre como combater a mineração ilegal na Amazônia. O texto esmiúça os casos de Brasil, Peru e Colômbia e tece conexões entre eles.

Balsa de garimpo ilegal é queimada durante operação no Rio Madeira; 131 dragas foram destruídas
Balsa de garimpo ilegal é queimada durante operação no Rio Madeira; a mineração ilegal cresce e se torna uma das principais causas do desmatamento na maior floresta tropical do planeta. Foto: André Borges/Estadão – 28/11/2021

Sabe-se que a maior parte do desmatamento na Amazônia é criminoso, e uma fração crescente da devastação da floresta se deve à mineração ilegal. “Não é mais o garimpeiro solitário que busca ouro para sair da pobreza”, diz Ilona Szabó, cofundadora do Instituto Igarapé. “Há muito mais atores envolvidos.” Ilona e Laura Waisbich, também do Igarapé, são as entrevistadas do minipodcast da semana.

Segundo Laura e Ilona, cada vez mais a mineração ilegal se mistura com redes de crime organizado na América Latina, com especial destaque para as de tráfico de drogas. Entre outras “sinergias”, pistas de pouso clandestinas construídas por traficantes são usadas pela mineração ilegal. O desmonte de órgãos como o Ibama facilita a parceria entre os meliantes do ouro e das drogas.

O estudo é patrocinado por governos de vários países, entre eles Reino Unido, Noruega e Suíça, e também por organizações brasileiras da sociedade civil. O desmatamento criminoso – que, além da mineração, inclui extração ilegal de madeira e grilagem de terras – é o principal responsável pelas emissões de carbono do Brasil. 

A persistência desse tipo de crime faz com que negociadores brasileiros cheguem enfraquecidos às mesas onde se definem os acordos internacionais, prejudicando sobretudo o agronegócio exportador. A França já usa contra nós as mazelas de nossa má gestão ambiental. Como o Estadão mostrou em reportagem de Felipe Frazão, o mesmo pode acontecer com a Alemanha. A nova coalizão de governo, definida nesta semana, fundiu as áreas de Economia e Clima – e colocou ambas sob a gestão do Partido Verde. 

Os crimes ambientais destroem a reputação do Brasil e prejudicam nossa economia, da mesma maneira que os assaltos em A Casa de Papel deixam a Espanha vulnerável. Lá, no entanto, é ficção. Aqui, uma trágica realidade.

CRÍTICAS À GESTÃO DA CAPES NO ENSINO FEDERAL

 

  1. Educação 

Baixo orçamento e atraso na avaliação de mestrados e doutorados prejudicam órgão

Júlia Marques, O Estado de S. Paulo

Poucas semanas após os pedidos de exoneração de servidores do órgão responsável pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), novas renúncias voltaram a colocar sob holofotes a gestão federal da Educação. Dessa vez, o foco se voltou para a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Cento e quatorze pesquisadores convocados para trabalhos na Capes deixaram suas funções nos últimos dias, após divulgarem críticas à atual gestão da fundação e relatarem entraves às atividades. Sem precedentes, as renúncias são a ponta do iceberg de uma crise que se aprofundou nos últimos anos e tem consequências em todo o ensino superior e na pesquisa científica brasileira.

Tarefas da Capes como a avaliação periódica dos cursos de mestrado e doutorado e até a elaboração de um plano para a pós-graduação na próxima década estão atrasadas. Ao mesmo tempo, cortes no orçamento da fundação prejudicaram o pagamento de bolsas a estudantes de licenciatura. A falta de verbas cria ainda entraves ao reajuste dos pagamentos de mestrandos e doutorandos, congelados há oito anos. 

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Fachada do edifício da Capes; crise na Capes ameaça qualidade da pesquisa e divisão de verbas para pós-graduação Foto: Dida Sampaio/Estadão

Dependem da Capes a garantia de qualidade dos cursos de pós-graduação (mestrado e doutorado) no Brasil e a distribuição de bolsas para esses pesquisadores, que são o motor da ciência brasileira. Também é função do órgão distribuir verbas para programas de pós. E até mesmo vagas na graduação sofrem impacto das tarefas desempenhadas na Capes.

Fundada em 1951, a Capes é ligada ao Ministério da Educação. Ao longo dos anos, consolidou, com participação da comunidade científica, um sistema de fomento a cursos de pós considerado referência para alavancar a pesquisa. O modelo de regulação evita que novos mestres e doutores sejam formados em programas que ainda precisam se estruturar. 

A avaliação resulta em notas para cursos de mestrado e doutorado, em escala de 1 a 7. Quanto mais alta a nota, melhor é o curso. Programas muito bem avaliados recebem mais verba para que possam aprimorar ainda mais e melhorar a pesquisa brasileira. Recursos também podem ser aplicados em cursos com notas baixas para alavancá-los. A nota é importante ainda para que alunos saibam pontos fortes e fracos de seus programas e possam escolher onde fazer um mestrado e doutorado.

Quando um curso de mestrado tem nota abaixo de 3, deixa de funcionar. O mesmo ocorre com doutorados com nota abaixo de 4. Universidades privadas têm interesse em evitar o fechamento de seus cursos de pós porque podem ser rebaixadas e perder autonomia se não tiverem pelo menos dois doutorados e quatro mestrados. E, sem autonomia, perdem dinheiro: não conseguem abrir novas vagas até mesmo na graduação.https://arte.estadao.com.br/uva/?id=2Egqxy

Sob sigilo

Esse trabalho de avaliação da Capes, feito a cada quatro anos, entrou no centro de uma polêmica ainda sem solução. A avaliação relativa aos anos de 2017 a 2020 deveria ter sido concluída este ano, mas atrasou e só deve terminar em meados do ano que vem. A pandemia e mudanças na gestão da Capes – só no governo Bolsonaro, foram três presidentes – atrapalharam o processo. Em setembro, uma liminar da Justiça suspendeu a avaliação após uma ação do Ministério Público Federal (MPF) questionar a forma de aplicação de critérios.

Pesquisadores que renunciaram nas últimas semanas disseram não ver mobilização da atual presidente da Capes, Claudia Queda de Toledo, para retomar a avaliação. Eles são professores de universidades de ponta convocados em mandato de quatro anos para compor comissões de avaliação em cada área do conhecimento. De 49 grupos, quatro ficaram vazios e novos cientistas terão de ser nomeados.

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Pesquisadores que renunciaram nas últimas semanas disseram não ver mobilização da atual presidente da Capes, Claudia Queda de Toledo, para retomar a avaliação Foto: MEC

“Não vimos da Capes postura taxativa em defesa da avaliação, que, sabemos, é algo importantíssimo”, diz Roberto Imbuzeiro, pesquisador do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa). Ele e outros 30 pesquisadores deixaram a comissão de avaliação dos cursos na área de Matemática. O grupo critica o fato de a Capes ter demorado a ir à Justiça para derrubar a liminar. A decisão foi parcialmente revertida no início do mês, logo após as renúncias nas comissões de Matemática, Física e Química.

Comemorada pela Capes, a nova liminar, no entanto, ainda trava a divulgação dos resultados das avaliações. Isso, na prática, significa que os trabalhos dos cientistas podem até continuar – mas as notas devem ficar sob sigilo. Pesquisadores e entidades dizem que a situação cria insegurança. Soma-se a isso a incerteza sobre a extensão dos mandatos de cientistas que permanecem na Capes, para que possam concluir o trabalho iniciado há quatro anos. Após decisão da Justiça de manter notas em segredo, mais cientistas resolveram deixar o trabalho. A última debandada atingiu a Engenharia. 

“Fazer uma avaliação que mobiliza milhões de reais, milhares de consultores, todas as áreas do conhecimento e depois não divulgar as notas não faz sentido”, diz o pesquisador da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Paulo dos Santos, coordenador de uma das áreas de avaliação na Capes. Após a debandada, o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) pediu que a corte investigue a crise na Capes. E a Comissão de Educação do Senado aprovou audiência sobre o tema.

Sem resultados da avaliação, são usadas notas antigas, de 2017, para nortear a distribuição de bolsas e verbas – com isso, corre-se o risco de premiar grupos que pioraram ou deixar de dar recursos aos que mais merecem. E nem instituições nem estudantes poderão saber se seus cursos melhoraram ao longo dos anos. “Sem avaliação, não tem qualidade da pós, que é onde se faz pesquisa científica no Brasil”, diz Renato Janine Ribeiro, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e ex-diretor de avaliação da Capes. 

“A avaliação da Capes foi a principal protagonista do fortalecimento da Ciência, Tecnologia e Inovação no País, em todas as áreas do conhecimento”, afirmam a SBPC, a Academia Brasileira de Ciências e outras três entidades, em carta divulgada esta semana. O grupo também vê risco no sigilo. 

A Capes nega falta de empenho para retomar a avaliação e informou que o atraso ocorreu “por força de decisão judicial”. Disse, ainda, que o calendário está sendo reajustado. Indagada se pretendia brigar na Justiça para reverter o sigilo dos resultados, a presidente da Capes disse que a fundação não está brigando na Justiça, “mas apenas esclarecendo procedimentos e prestando informações necessárias” e que a intenção é ter autorização para a divulgação dos resultados. Também afirma que a prorrogação de mandatos dos pesquisadores vai considerar o novo cronograma, “em respeito à legalidade e à segurança jurídica”. 

Novos cursos

Apesar de a Capes não saber quando terá notas da avaliação dos programas que já existem, decidiu abrir a chamada para novos cursos – esse foi outro motivo de agravamento da crise com pesquisadores. O anúncio foi feito por Cláudia em evento com donos de faculdades privadas. 

O problema, segundo cientistas, é que até mesmo a abertura de novos cursos de pós deveria se nortear pelos resultados dos que já existem: se uma universidade quer abrir um novo mestrado, é desejável que esse curso seja pelo menos parecido, em relação à qualificação dos professores, por exemplo, com os que já existem na mesma área. Uma vez que as notas estão defasadas, essa comparação ficaria prejudicada. Cientistas também dizem haver pressão em prol de novos cursos a distância.

A presidente da Capes, que foi reitora do Centro Universitário de Bauru, justifica a abertura de novos cursos pelo risco de que instituições percam o status. “Várias universidades estão sendo descredenciadas porque não atendem ao requisito legal de terem quatro cursos de mestrado e dois de doutorado. Isso não é justo.” A fundação nega que interesses privados estejam norteando esses trabalhos e diz que novos cursos são oportunidade de fortalecimento da pós. 

“Ninguém é contrário à expansão do sistema, mas tem de ser planejada”, diz Carlos Henrique de Carvalho, presidente do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Pesquisa e Pós-graduação, grupo que reúne mais de 200 instituições de ensino e de pesquisa. Ele também questiona o atraso para começar um planejamento que vai nortear ações na pós pelos próximos dez anos. Sobre isso, a Capes diz que o plano começará a ser elaborado assim que o relatório do anterior for aprovado, ainda este ano.

Sem reajuste

Enquanto aumentam as inseguranças sobre a avaliação dos cursos de mestrado e doutorado, a pós-graduação no Brasil está à míngua. Mestrandos e doutorandos não têm reajuste em bolsas desde 2013, o que leva à perda de 60% no poder de compra. Um mestrando recebe hoje R$ 1,5 mil por mês – pouco mais de um salário mínimo – e um doutorando, R$ 2,2 mil. Os baixos valores são apontados como motivo para a fuga de cérebros. 

A Capes diz que o reajuste demandaria crescimento de quase R$ 2 bilhões no orçamento. “O reajuste das bolsas é necessário”, afirma a presidente, Cláudia Queda de Toledo. “Contudo, isso não depende apenas da Capes, mas sobretudo de disponibilidade orçamentária.” 

Neste ano, estudantes de licenciatura que recebiam bolsas de R$ 400 pagas pela Capes para realizar projetos em escolas tiveram repasses mensais atrasados por falta de verbas. Parte dos alunos teve de desistir das atividades para buscar emprego em outras áreas. Os pagamentos só puderam ser retomados após aprovação de projeto de lei no Congresso.

MICHAEL STOTT EDITOR DO FINANCIAL TIMES ANALISA A SITUAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA BRASILEIRA DO GOVERNO LULA

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