Ex-coordenador da Lava Jato no Paraná Deltan Dallagnol vai se candidatar nas eleições de 2022 pelo Podemos.| Foto: Marcelo Andrade/ Arquivo Gazeta do Povo
O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, prorrogou mais uma vez, agora até 31 de março, a proibição de reintegração de posse de áreas invadidas e de despejo de imóveis cujo locatário não paga. A prorrogação anterior venceu no último sábado (4). O Supremo ainda está tomando uma decisão a respeito disso.
Em jogo está o direito de propriedade. O artigo 5º da Constituição, que é cláusula pétrea, no seu caput, diz que são invioláveis o direito à vida, à liberdade, ao trabalho e à propriedade. Então eu não sei como o Supremo, que não tem poderes constituintes, pode suspender uma cláusula pétrea por seis meses, por exemplo.
Há muitos casos de territórios invadidos por ditos movimentos sociais, de imóveis, principalmente em São Paulo, e muitos casos de viúvas, que só têm esse rendimento do aluguel e não está recebendo, mas não pode despejar. Um direito de propriedade não pode sequer ser alterado por emenda constitucional, mas é alterado pela decisão liminar de um ministro do Supremo. É estranho isso.
Candidaturas reforçam críticas à Lava Jato Ainda nessa semana, o ex-chefe da Lava Jato no Ministério Público Federal de Curitiba, Deltan Dallagnol, assina ficha de filiação no Podemos, mesmo partido a que se filiou o ex-juiz Sergio Moro.
Com essas assinaturas, eles acabam endossando as queixas de acusados, condenados e denunciados da Lava Jato, de que havia um viés político na sua condenação, uma espécie de perseguição política.
Fica no ar que eles tinham intenção política, de entrar na política. Tanto que Sergio Moro abandonou a magistratura e aceitou ser ministro de Jair Bolsonaro. Aquele que, sendo candidato, tentou cumprimentá-lo no aeroporto e Moro mal estendeu à mão.
Depois aceitou ser ministro da Justiça e ficou calado quando o pessoal andava algemando inocentes na rua, pessoa que queria respirar, pegar sol, levar o filho para treinar natação, que queria vender o seu carrinho ambulante, ele ficou silente. Por isso houve o desfecho da sua saída do governo.
Enfim, parece que Deltan Dallagnol pretende ser candidato a deputado federal pelo Podemos pelo Paraná. E Sergio Moro, fala-se em candidatura a presidente pela terceira via, mas ainda não tem nada confirmado. Assim como não está confirmada a candidatura Lula, assim como a gente nota que Ciro Gomes está espreitando, porque é o que tem mais anos de praia na política, o mais veterano. Também o João Doria, que está todo feliz porque virou candidato do PSDB, e tem gente já falando em quarta via.
Enfim, muita água ainda vai lavar essa poeira que está impedindo que a gente enxergue para que lado vão os outros. O binômio direita e esquerda a gente já sabe que vai estar nessa disputa presidencial.
Articulação para evitar punição a prefeitos que descumpriram repasse mínimo de recursos para educação durante a pandemia não pode prosperar
Notas & Informações, O Estado de S.Paulo
O fracasso da educação se expressa por meio de muitos indicadores, entre os quais o aumento da evasão escolar, de 171,1% entre 2019 e 2021. Em meio à pandemia de covid-19, os estudantes ficaram mais de um ano sem aulas presenciais e o ensino remoto, nos raros locais em que chegou, não foi suficiente para o aprendizado, principalmente dos mais jovens e daqueles com desempenho mais baixo. É escandaloso, portanto, o fato de que 81% dos municípios não aplicaram os recursos mínimos – 25% das receitas – destinados obrigatoriamente à educação neste ano. Reportagem do Estadão revela que oito em cada dez prefeitos podem ser enquadrados por improbidade administrativa e ficarem inelegíveis.
É vergonhoso o argumento utilizado pela Frente Nacional de Prefeitos (FNP) para justificar o fato de que R$ 15 bilhões deixaram de ser aplicados nos últimos dois anos na educação básica, que alcança crianças e adolescentes: não havia no que investir, já que as escolas ficaram fechadas praticamente o ano todo, o que reduziu os gastos com limpeza, transporte e materiais, e não era permitido conceder reajustes salariais nem realizar novas contratações em razão de restrições impostas por lei durante a crise sanitária.
A tragédia da educação brasileira chega ao nível do surreal: não faltam, sobram bilhões para investir em uma área em que a qualidade está muito aquém do aceitável. Na última edição da maior avaliação mundial de estudantes, o Pisa, o Brasil ocupou a 66.ª posição entre 79 participantes na prova de ciências; em matemática, ficou com o 70.º lugar; e em leitura, em 57.º. Países bem colocados no Pisa são justamente os que fecharam escolas por menos tempo, como Alemanha, Reino Unido, Dinamarca, Suécia, Cingapura e França.
É de perguntar em que mundo viveram os gestores municipais nos últimos dois anos, dado que não pensaram em investir esse dinheiro em tecnologia. Não foram informados de que apenas 32% das escolas municipais organizaram aulas ao vivo? Não souberam que somente 19,7% dos municípios ofereceram a seus professores computador, tablet ou smartphone? Não perceberam a urgência de reformas para adaptar a reabertura das instituições aos protocolos sanitários? Todos os dados são de um levantamento do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), realizado no início deste ano.
Não restam dúvidas de que um plano nacional para o enfrentamento do novo coronavírus poderia ter contribuído para conter esse desastre, uma tarefa da qual o Ministério da Educação abdicou. Como se sabe, a prioridade do ministro Milton Ribeiro passa por excluir questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para agradar ao presidente Jair Bolsonaro e liberar o ensino domiciliar, demanda de uma parte ínfima dos evangélicos.
Se não houve liderança para o enfrentamento das mazelas da educação ao longo da pandemia, não faltou articulação política para evitar a necessária responsabilização. O prefeito de Aracaju e presidente da FNP, Edvaldo Nogueira Filho, defende a aprovação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para impedir punições civis, administrativas e criminais aos gestores locais que não cumpriram o repasse mínimo em 2020 e 2021. Já aprovado no Senado, o texto deve ser apreciado na Câmara ainda neste mês, a tempo de ser promulgado antes do fim deste ano.
Este jornal é favorável à desvinculação das receitas dos orçamentos públicos. Cada ente federativo deve ter liberdade para definir a melhor forma de alocar recursos escassos. É provável que alguns Estados e municípios precisem de mais do que 25% de suas receitas para atender a educação, enquanto para outros 10% seriam suficientes. No entanto, para que a desvinculação resulte em racionalidade econômica, é preciso maturidade administrativa, coisa que a esmagadora maioria dos prefeitos não parece ter, a julgar pelo desastre da educação a despeito da profusão de recursos. Como lição, a lei deve ser cumprida, e os prefeitos devem ser penalizados com rigor.
Em parceria com a Scientiæ Studia, apresentamos Galileu como o primeiro cientista moderno. Um trecho de Galileu e a Nova Física, de Pablo Rubén Mariconda e Júlio Vasconcelos.
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Galileu Galilei
Primeiro cientista moderno
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Ciência e filosofia na obra científica de Galileu
A obra de Galileu Galilei está relacionada a um momento intelectual decisivo para a constituição da modernidade. Presenciamos nesse período o surgimento de uma nova disciplina, uma física-matemática em conformidade com padrões científicos e com uma concepção de ciência inteiramente novos, que passaram a caracterizar uma outra atitude científica diante do mundo, da qual continuamos herdeiros.
Defendemos neste livro que Galileu desempenhou um papel fundamental nessa história e que ele pode ser considerado o primeiro cientista moderno. Sabemos que essa afirmação é controversa, em grande medida, porque não se pode encontrar outra personagem na história da ciência acerca da qual as opiniões difiram tanto, não sendo fácil chegar a uma unanimidade nem mesmo sobre qual teria sido a principal contribuição científica de Galileu ou qual seria, em essência, a marca da sua genialidade.
Apesar dessas dificuldades concernentes à avaliação histórico-crítica da obra científica de Galileu, parece bastante plausível considerar que ele foi o primeiro cientista no sentido que atribuímos hoje ao termo, sentido para o qual o próprio Galileu contribuiu decisivamente. Além do mais, Galileu foi um cientista criativo e consciente do caráter inovador de suas propostas. Esse aspecto nos remete imediatamente à questão de que a obra científica de Galileu, na medida em que revoluciona os próprios padrões científicos, está indissoluvelmente unida à reflexão filosófica, de modo que a análise histórico-crítica de sua obra científica não se pode realizar sem a consideração de seus aspectos filosóficos e, mais ainda, não pode dispensar nem isolar os problemas e teses filosóficos desenvolvidos no interior da investigação científica do grande pisano.
Posto, portanto, em primeiro lugar, que Galileu é primariamente um cientista e que, em segundo, há uma união estreita entre ciência e filosofia em sua obra, podemos aproveitar o momento para discutir qual o tipo de contribuição filosófica que pode ser feita por um cientista.
A esse respeito não parece difícil considerar que Galileu é um daqueles autores que reforçam a convicção de que a ciência e a epistemologia estão em uma relação recíproca que as torna mutuamente dependentes. Essa relação de interdependência foi afirmada por muitos filósofos e cientistas, e particularmente, de modo bastante claro, por Albert Einstein:
A epistemologia sem contato com a ciência torna-se um esquema vazio. A ciência sem a epistemologia é, na medida em que seja possível assim concebê-la, primitiva e grosseira. Entretanto, tão logo o epistemólogo, que procura por um sistema claro, tenha encontrado o caminho em direção a tal sistema, inclina-se a interpretar o conteúdo do conhecimento científico no sentido de seu sistema, e a rejeitar tudo o que não esteja adequado a seu sistema. O cientista, entretanto, não pode incumbir-se de levar tão longe sua busca de sistematização epistemológica… Ele, portanto, deve parecer ao epistemólogo sistemático como um tipo de oportunista inescrupuloso: ele parece ser realista na medida em que procura descrever um mundo independente dos atos de percepção; idealista porque considera os conceitos e teorias como livres invenções do espírito humano; positivista, pois só julga seus conceitos e teorias justificados pelo fornecimento de uma representação lógica das relações entre as experiências sensoriais. Ele pode até mesmo parecer um platônico ou pitagórico, pois considera o ponto de vista da simplicidade lógica como um instrumento indispensável e efetivo para sua pesquisa (Einstein, 1970, p. 684).
É claro que não se pode pretender aplicar, sem ajustes, a afirmação einsteiniana ao caso de Galileu, mas certamente, como mostraremos em nossa biografia, seu espírito permanece válido. Afinal, qualquer pessoa que se dedique à leitura crítica da obra de Galileu nota o papel fundamental desempenhado por suas concepções epistemológicas e metodológicas, embora perceba, também, a completa ausência de um esforço sistemático de reflexão filosófica e epistemológica.
Somos assim levados a afirmar, com base nessa convicção da interdependência entre a ciência e a epistemologia, que Galileu é um filósofo na exata medida em que todo cientista inovador é também epistemólogo e metodólogo. Aquele que contribui para a ciência com novas ideias, concepções e teorias está comprometido com a transformação dos padrões científicos (ou com o seu esclarecimento). A obra de Galileu tem esses dois ingredientes que caracterizam o que se costuma chamar a partir de Kuhn (1975) de “ciência revolucionária”: por um lado, está assentada em uma realização científica forte e decisiva que renova as questões científicas e, por outro lado, envolve a própria ideia do que seja a ciência e o fazer científico.
Nesse ponto é que se revela importante não esquecer que a filosofia de Galileu depende inteiramente de seu programa científico ou, se se quiser, que ela está integralmente dedicada ao estabelecimento da ciência. A ausência de um programa autônomo e sistemático de investigação epistemológica pode conferir-lhe uma aparência de “oportunismo inescrupuloso”, para usar a expressão de Einstein. Afinal, Galileu é, em certo sentido, platônico, atomista, aristotélico etc., em razão de conveniências circunstanciadas por suas investigações e posições científicas. Portanto, ele é tudo isso na defesa de posições claramente circunscritas como científicas.
Tal característica da obra de Galileu é responsável por uma diferença marcante entre sua filosofia e a de outro fundador da ciência moderna, René Descartes cuja contribuição científica é considerada hoje secundária com relação à sua contribuição epistemológica, apesar de suas contribuições decisivas para a óptica e para a matemática. A ausência de uma investigação epistemológica sistemática — e, notadamente, de qualquer tentativa de construir uma fundamentação metafísica para a ciência — proporciona a Galileu uma ampla liberdade nas respostas às questões filosóficas suscitadas por seu programa científico, originando, de certo modo, esse ecletismo filosófico que parece “oportunista”. Tanto é assim que, com frequência, Galileu, em seus pronunciamentos epistemológicos, toma uma ou outra posição tradicional, como o platonismo e o atomismo, e a adapta da maneira mais conveniente para expressar sua concepção de ciência. Desse modo, como fruto desse “oportunismo” e diferentemente de Descartes, é difícil encontrar uma unidade interna no discurso filosófico de Galileu.
Evidentemente, esse oportunismo epistemológico, favorecido pela extrema habilidade retórica de Galileu, cobra seu preço, e Descartes, um ano depois de ter publicado o Discurso & Ensaios, ao comentar o Discorsi de 1638, afirma que Galileu “constrói sem fundamento” (carta de Descartes a Mersenne de 11/outubro/1638). O comentário de Descartes anuncia a direção eminentemente filosófica na qual Descartes embarca rumo ao estabelecimento da subjetividade moderna. Entretanto, os dois tratados científicos que fundam a ciência moderna, proporcionando-lhe marcos distintivos, não apresentam a fundamentação metafísica, mas se assentam ambos em procedimentos experimentais e aplicam a matemática à análise dos resultados da experiência. O estado da ciência em 1637/1638 é o mesmo em Galileu e Descartes; e a direção é claramente a da ciência útil.
Defenderemos neste livro que a principal contribuição filosófica de Galileu possui um caráter eminentemente metodológico, caracterizado, em especial, pelos dois seguintes aspectos:
(1) defesa da autonomia da ciência com base na tese da suficiência do método para decidir acerca da verdade das teorias;
(2) introdução do método experimental e de um novo estilo de sistematização teórica e de exposição que lhe é adequado.
Mostraremos, a seguir, que Galileu não é apenas o fundador da física clássica, com a qual inaugura uma outra maneira de conceber a ciência, mas também é um introdutor do método experimental no estudo dos fenômenos naturais e o inventor de um estilo de sistematização e exposição apropriado a esse método. Com isso, Galileu dá também um passo decisivo na concepção da engenharia moderna.
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As etapas da carreira científica de Galileu
A biografia científica que apresentaremos nas páginas seguintes procura evidenciar a importância de Galileu para a história da ciência e da técnica, avaliando suas contribuições para a fundação da ciência moderna e constituição da mentalidade técnica moderna. Para isso, nossa biografia divide a sua atuação nos quatro períodos seguintes.
(1) O período pisano — 1589 a 1592 — no qual Galileu inicia, na Universidade de Pisa, sua carreira de professor universitário de matemática, desenvolvendo os primeiros estudos sobre os movimentos pendulares e no qual descobre a lei natural da queda dos corpos.
(2) O período paduano — 1592 a 1610 — no qual Galileu se transfere para a Universidade de Pádua, na qual a atuação de Galileu se desenvolve em dois planos. No plano prático, Galileu se dedica aos estudos de mecânica, compondo um tratado sobre máquinas intitulado As mecânicas (Le meccaniche); desenvolve estudos técnicos ligados à aplicação militar com dois tratados sobre fortificações; obtém amplo sucesso com um incisivo programa de instrumentação científica, do qual fazem parte a balança hidrostática, o compasso geométrico-militar e o telescópio; e, no plano teórico, aprofunda sua compreensão físico-matemática do movimento dos corpos com os experimentos dos planos inclinados.
(3) O período polêmico — 1610 a 1633 — caracterizado pela afirmação e defesa do copernicanismo e que se estende do annus mirabilis de 1610, com o anúncio, no Sidereus nuncius, das famosas observações astronômicas por meio do telescópio até a condenação em 1633 pela Inquisição romana em virtude da publicação do Diálogo sobre os dois máximos sistemas do mundo ptolomaico e copernicano (Dialogo sopra i due massimi sistemi del mondo ptolemaico e copernicano). Esse período está, por sua vez, constituído por três fases:
(a) A polêmica teológico-cosmológica — 1610 a 1616 — dividida em duas partes: 1610-1613, etapa de intensa atividade científica e de continuidade das descobertas astronômicas telescópicas marcada pela publicação de História e demonstração sobre as manchas solares (Istoria e dimostrazioni intorno alle macchie solari) 1613-1616, etapa em que se desenvolve a polêmica teológico-cosmológica que culminaria com a condenação do sistema heliocêntrico de Copérnico pela Inquisição romana.
(b) A disputa sobre os padrões científicos — 1616 a 1623 — na qual Galileu combate as posições tradicionais do jesuíta Orazio Grassi. Publica inicialmente em 1618 o Discurso dos cometas (Discorso delle comete) de 1618, e a seguir O ensaiador (Il saggiatore) em 1623.
(c) A defesa científica do movimento da Terra— 1624 a 1633 — a qual compreende uma fase de elaboração do Diálogo (1624-1630), na qual, além de compor a obra, Galileu realiza todas as gestões para obter a autorização para a publicação da obra (1630-1632). Apesar de a obra ser publicada em 1632, suas repercussões se estendem até o ano trágico de 1633 com a condenação de Galileu, que é obrigado pela Inquisição a abjurar sua defesa do movimento da Terra.
(4) O período da retomada da mecânica — 1633 a 1642 — no qual Galileu retorna às investigações mecânicas do período paduano, escrevendo sua obra científica mais importante, Argumentos e demonstrações matemáticas sobre duas novas ciências (Discorsi e dimostrazioni matematiche intorno a due nuove scienze). Publicado em 1638, o Discorsi — como nos referiremos a essa obra daqui em diante — contém uma pioneira ciência da resistência dos materiais, que está na base da concepção moderna de engenharia, e o primeiro tratamento clássico dos movimentos de queda retilínea livre ou por planos inclinados e dos movimentos dos projéteis, constituindo a cinemática e dando os primeiros passos para a constituição da dinâmica moderna e da unificação entre a física e a astronomia.
A tese que norteia a interpretação interna da parte científica desta biografia é que a estratégia aplicada por Galileu ao tratamento das questões físicas é fundamentalmente dinâmica. Essa estratégia dinâmica pode ser encontrada na análise do movimento pendular, por exemplo, com a introdução do conceito de momento; no tratamento dado às questões de estática, com as considerações inerciais e virtuais (para as velocidades); na análise do sistema Terra-Lua para a explicação das marés, cuja causa primária é posta na composição dos movimentos de rotação e translação da Terra; e, finalmente, na discussão e estabelecimento da lei da queda dos corpos e nas análises dos experimentos envolvidos (balança hidrostática, pêndulos, planos inclinados) que apontam mais para uma física da energia e menos para a consideração de forças, que são praticamente ausentes em Galileu.
A tese histórica é que Galileu faz um uso fundamental do método experimental na física matemática clássica e sua concepção da ciência já aponta para a íntima conexão entre ciência e técnica bem como para o caráter utilitário dessa conexão. A sua defesa da liberdade da pesquisa científica é também fundamental para a constituição da autonomia relativa (à religião, à política etc.) da ciência, que é elemento indispensável para a constituição dos currículos universitários de ciências naturais e das especialidades técnicas.
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Galileu e a nova física
Autores: Pablo Rubén Mariconda e Júlio Vasconcelos
Pesquisa inédita da Duomo Aprendizagem Corporativa mostra que apenas 30% dos colaboradores investem o que consideram ideal no próprio crescimento
A Duomo Aprendizagem Corporativa realizou uma pesquisa inédita com mais de 150 colaboradores de diversas empresas sobre a percepção de protagonismo. Embora mais da metade dos participantes tenham dito que se veem como pessoas protagonistas, que têm iniciativa e autonomia para tomar decisões, 73% acreditam que precisam mudar a postura, se desenvolver e alguns até já começaram esse processo. Apenas 27% dos entrevistados disseram não ter tempo no momento ou que se sentem bem da forma que já trabalham.
A percepção sobre protagonismo nem sempre é clara para o colaborador. Ao serem questionados, muitos dizem que adotam uma postura protagonista, mas ao falar sobre as iniciativas que demonstrariam isso na prática, a resposta inicial pode não corresponder à própria expectativa. “Estimular a postura protagonista na equipe é fundamental para que o gestor tenha mais tempo para se dedicar a novos desafios e as tarefas estratégicas de sua própria função. Uma equipe com postura protagonista reflete diretamente nos resultados da empresa, pois as resoluções ficam mais ágeis possibilitando o desenvolvimento de ações mais competitivas e inovadoras’, afirma Joacir Martinelli, fundador da Duomo.
Na pesquisa realizada pela Duomo, os participantes começam respondendo sobre sua autopercepção de protagonismo. 53% dos entrevistados afirmam inicialmente que têm iniciativa e autonomia para tomar decisões e enfrentam os desafios do dia a dia. Apenas 25% não se veem como protagonistas, 13% acreditam ser parcialmente e 9% não se posicionam a respeito. Entretanto, ao responderem à pergunta seguinte, sobre o grau de autonomia e iniciativa, a contradição é evidente: 62% levam de alguma forma o problema a ser resolvido para a sua liderança e somente 38% dos colaboradores disseram resolver situações que, apesar de serem de sua responsabilidade, não é o que normalmente realizam no dia a dia.
Ao serem questionados sobre a realização de tarefas, a maior parte dos profissionais faz apenas o que foi solicitado. Somente 30% afirmam que realizam um bom número de tarefas que não foram pedidas. A maioria, 48%, diz que às vezes tem iniciativa para preparar algo por conta própria, 20% são claros ao afirmarem que fazem só o que foi solicitado e 2% dizem que a liderança não dá autonomia, o que mostra um baixo índice de iniciativa por parte dos respondentes, na maior parte nas situações diárias.
Sobre novas ideias para melhorar o departamento ou a empresa, 40% afirmam que o fazem com frequência, 50% que não fazem de forma regular e 10% que nunca sugerem mudanças. Quando a pergunta é sobre confiança, 60% dos colaboradores dizem que se sentem pouco ou sem confiança para tomar decisões e só 40% deles o fazem sem dificuldade. Com relação ao próprio desenvolvimento profissional a porcentagem é ainda mais baixa: 30% fazem tudo o que está ao seu alcance para se desenvolverem enquanto 70% reconhecem que não.
“Ter um processo colaborativo de distribuição de responsabilidades é fundamental para o crescimento de toda a equipe. É necessário estimular o colaborador para sair da zona de conforto, incentivando-o a ser mais proativo, mais autoconfiante e com maturidade técnica e assim, dar conta da operação com autonomia. O estímulo deve ser constante para que aos poucos o mindset estabelecido há tantas décadas seja transformado”, aponta Martinelli.
A Duomo também fez perguntas sobre a percepção do colaborador em relação aos seus líderes e à empresa. Sobre o quanto a cultura da companhia incentiva o protagonismo, a maior parte afirma que há estímulo sim, mas que ainda há possibilidades de incentivar mais: 40% ressaltam que há um grande estímulo; 50% de que há, mas que poderia ser maior e apenas 10% dizem que não há nenhum.
Com relação aos líderes, a maioria também é clara: 50% afirmam que as lideranças esperam uma postura mais protagonista. Porém, 34% dizem que apesar de desejá-la, os hábitos que existem na empresa não permitem. Por fim, 10% relatam que não há um posicionamento claro e 6% que os líderes até desejam autonomia, mas não lidam bem com isso. É importante observar que líderes centralizadores fazem parte da cultura corporativa brasileira, um hábito que não favorece o protagonismo dos profissionais, mas que vem sendo revisto e estudado em diversas empresas.
“Quando toda a equipe assume um comprometimento os resultados aparecem. Um colaborador confiante tem a segurança para sugerir soluções diferentes dos comandos do gestor, sem medo de retaliação, o que pode gerar saídas mais criativas. O envolvimento em questões estratégicas faz com que perceba que sua atuação é fundamental para o sucesso da empresa, estimulando o senso de pertencimento, o ‘olhar do dono’ e o empenho em contribuir com questões que não estão diretamente ligadas a suas tarefas de rotina”, ressalta Martinelli.
Se existe algo que você já deve estar “careca” de saber, é que o Vale do Silício é um dos maiores polos de inovação e tecnologia do mundo… E que foi lá que grandes empresas, como Google, e Facebook, foram fundadas.
Mas o que muito provavelmente você não sabe é a história secreta que está por trás desse núcleo tecnológico mundial que acarretou na criação de empresas capazes de mudar completamente a forma como vivemos em sociedade.
Partindo de meados de 1978 – ano em que a maior parte das grandes empresas de tecnologia, como Microsoft e Apple foram fundadas – até hoje (2021), muitas transformações, inovações, disrupções, criações de mercado aconteceram neste local e pouquíssimas foram as pessoas que tiveram a “sorte” de vivenciar in loco tudo o que aconteceu de fato lá ao longo dessas décadas.
A internet com sua rápida distribuição de conteúdo ainda não era tão desenvolvida como hoje, então as informações do que ocorria de verdade lá e o acesso rápido ao que havia de mais inovador ficavam concentradas nas mãos daqueles que estavam naquele local.
Por conta disso, muitas estratégias de negócio, acontecimentos históricos e pensamentos exponenciais ficaram restritos a alguns líderes, criando o que muitos chamam de A História Secreta do Vale do Silício.
Um desses líderes que teve a sorte de presenciar boa parte dessa história secreta foi Steve Blank.
Hoje, Steve (não à toa chamado de “Poderoso Chefão”) é um dos maiores expoentes do Vale do Silício, tanto como empreendedor, mas, também, professor, porque ele sabe como um negócio exponencial nasce, cresce e se perpetua.
Ele chegou ao Vale do Silício logo no início do “boom” em 1978 e teve a sorte de ver as transformações acontecendo bem na sua frente.
Na verdade, ele não só viu, mas também colocou a “mão na massa” e participou de vários projetos de startups que chegaram a alcançar o IPO (abertura de capital na bolsa) e atingir valores de mercado na casa dos bilhões de dólares.
Steve Blank conta hoje com uma bagagem de mais de 40 anos na área de inovação, criação de estratégias de negócio e idealização de startups capazes de permitir uma verdadeira revolução no mercado consumidor.
Ele sabe como colocar uma startup para funcionar, tanto é que desenvolveu seus próprios métodos, como Customer Development e a ideia de Startup enxuta.
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Fachada do edifício-sede do TRT17, em Vitória.| Foto: Divulgação/TRT17
A reforma do Judiciário vai de vento em popa. A construção e reforma de 200 prédios da Justiça custou pelo menos R$ 3 bilhões desde 2008. Apenas as 20 maiores obras somaram R$ 2 bilhões. São faraônicas, sofisticadas, luxuosas. As duas maiores sofreram vários atrasos devido a problemas técnicos e identificação de sobrepreço. A construção da sede do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), em Brasília, já consumiu R$ 415 milhões, mas está paralisada.
O Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região (TRT5), em Salvador, comprou o seu edifício-sede em 2019 por R$ 234 milhões – R$ 270 milhões em valores atualizados. O levantamento da execução orçamentária das 200 obras, ano a ano, foi feita pela Associação Contas Abertas, especializada na fiscalização dos gastos públicos. Todos os valores baixados do Orçamento da União foram atualizados pela inflação. (Veja abaixo a relação das 20 maiores obras)
O economista e fundador da associação, Gil Castello Branco, afirmou que “a reforma que o Judiciário necessita não está relacionada a obras faraônicas e prédios suntuosos. A reforma premente diz respeito à modernização de sistemas, informatização e implantação de procedimentos que agilizem as decisões judiciais. A pandemia mostrou que são viáveis as audiências pela internet e o trabalho remoto. As empresas privadas estão desocupando e alienando imóveis para a redução de espaços físicos, e a administração pública, nos três Poderes, precisa fazer o mesmo”.
Prédio sobre aterro A construção do edifício-sede do Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região, em Vitória, com dois prédios de 10 e 18 andares, custou R$ 260 milhões. O estacionamento possui 672 vagas paras veículos, distribuídas no subsolo e nos três primeiros pavimentos. A obra teve início no final de 2006, com a elaboração dos projetos executivos. A contratação das fundações aconteceu no ano seguinte. A construção do edifício teve início no final de 2010, com contrato de R$ 108 milhões. Com vários aditivos, a obra foi concluída em fevereiro do ano passado.
As fundações tiveram que ser refeitas devido a falhas. O Tribunal de Contas da União (TCU) registrou, em acórdão de 2016, que houve falhas na elaboração do projeto executivo e na execução das fundações. “O terreno no qual está sendo executada a obra é um aterro executado na década de 1970 e que materializou o novo bairro Enseada do Suá. A região de implantação das obras é conhecida pelas dificuldades de execução de fundações”.
Segundo o TCU, faltaram investigações geotécnicas para fazer frente ao alto risco de se construir duas edificações de 10 e 18 pavimentos sobre um aterro relativamente jovem, com nível freático bem próximo à superfície e presença de solos moles, além da incerteza sobre eventuais camadas rochosas para assentamento das estacas.
Documento do TCU enviado ao blog pelo TRT17 registra que a obra ficou praticamente paralisada por quase dois anos, em decorrência das falhas constatadas nos projetos de fundações e de estruturas, bem como nos defeitos verificados nas estacas executadas na segunda etapa da obra. Neste período, foram mantidos os serviços necessários à manutenção do canteiro de obras e do rebaixamento do lençol freático.
O TCU acrescentou que as falhas na execução das fundações iniciais acabaram por implicar a inutilização total do estaqueamento executado. O tribunal registrou ainda a existência de processos internos no TRT/ES com vistas a apurar as responsabilidades e quantificar os valores a serem ressarcidos aos cofres públicos, que podem alcançar a ordem de R$ 4,7 milhões (em valores de 2006 e 2007).
O prédio mais caro, do TRF1, já custou R$ 415 milhões aos cofres públicos. Mas a despesa poderá chegar a R$ 1 bilhão. Os projetos de arquitetura foram feitos em 2006. A construção do prédio teve início em janeiro de 2008, com contrato de R$ 480 milhões. Mas o presidente recém empossado, Jirair Meguerian, propôs a revisão do projeto, com a supressão de quatro andares e a redução de 51 para 35 gabinetes de magistrados, o que resultaria numa economia de R$ 65 milhões.
Em abril de 2009, Megueriam determinou a suspensão da execução da obra. O TCU havia apontado irregularidades graves como sobrepreço. As atividades foram completamente paralisadas. Mas em março de 2010, o presidente determinou que se retornasse à concepção original do projeto, com 51 gabinetes. Naquele ano, foi contratada uma nova construtora. Em 2012, com a retomada das obras, estavam construídas as fundações, três pavimentos de subsolo e uma esplanada. No ano seguinte, houve nova ruptura de contrato. Em 2014, foi concluída a instalação de brises e da pele de vidro nos blocos “A” e “D” – os dois primeiros edifícios já erguidos. De 2012 a 2014, foram pagos R$ 216 milhões pela execução de obras.
A partir de 2015, os novos contratos trataram da recuperação das estruturas de concreto, preservação das áreas já construídas, abertura de processos para penalizar as empresas por descumprimento contratual e atualização dos projetos, visando a contratação de empresa para a conclusão da obra. Neste ano, o TRF1 tentou incluir emenda à Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO) para considerar a obra da nova sede como prioridade, mas a emenda foi vetada.
Antes da nova sede ficar pronta, o TRF1 perdeu um pedaço. Em outubro deste ano, o presidente Jair Bolsonaro sancionou projeto de lei que cria o TRF da 6ª Região – desmembrado do TRF1, que atendia 14 unidades da federação. Com sede em Minas Gerais, o novo tribunal contará com 18 desembargadores. Minas respondia por um terço dos processos da 1ª Região. O novo tribunal será acomodado no prédio da Justiça Federal, por enquanto. No início deste mês, outro projeto de lei sancionado aumenta o número de desembargadores nos cinco TRFs já existentes. O TRF1 passará de 27 para 43 desembargadores.
Obra do TRF da 1ª Região em setembro de 2020. Construção se arrasta há 14 anos e já custou quase meio bilhão de reais. Foto: Lúcio Vaz
Canteiro de obras pegou fogo Em novembro do ano passado foi inaugurado o Complexo Trabalhista do Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região, em Goiânia. A construção do complexo, com 79 mil m² de área construída, custou R$ 312 milhões. A concepção do complexo, onde funcionam todas as unidades judiciárias e administrativas da capital, aconteceu em 2007. Houve a demolição dos prédios antigos para a construção dos primeiros blocos. O prédio do Fórum Trabalhista de Goiânia foi inaugurado em 2012.
Iniciada a construção das últimas etapas do Complexo Trabalhista, um grande incêndio no canteiro de obras, ocorrido em outubro de 2015, adiou por mais alguns anos a finalização do complexo. A obra foi retomada quase um ano depois. A última etapa foi inaugurada na mesma data em que o TRT-18 completou 30 anos de existência.
As reformas e obras no interior A reforma do edifício-sede e anexos do TRF da 2ª Região, no Rio de Janeiro, custou R$ 25 milhões. O Rio de Janeiro também foi contemplado com a reforma dos Anexos 1 e 2 da Seção Judiciário do Rio de Janeiro – mais R$ 26 milhões. A reforma do edifício-sede da Seção Judiciária em Maceió custou R$ 18 milhões. A adaptação do edifício-sede do Fórum Trabalhista de Belo Horizonte consumiu R$ 17 milhões.
Além das grandes obras nas capitais, há também construções milionárias em cidades do interior. O edifício-sede da Justiça Federal em Blumenau consumiu R$ 38 milhões. Em Foz do Iguaçu, a despesa chegou a R$ 54 milhões.
As 20 maiores obras
Tribunal Custo* em R$ milhões Construção do edifício-sede do TRF1 em Brasília 415 Construção do Complexo Trabalhista do TRT18 – Goiânia 312 Aquisição de edifício-sede do TRT5 – Salvador 270 Construção do edifício-sede do TRT17 – Vitória 260 Construção do edifício-sede do TRE do Ceará 126 Construção do edifício-sede do TRT22 – Teresina 97 Construção do edifício-anexo do TRF4 – Porto Alegre 94 Construção do edifício-sede do TRE do Acre – Rio Branco 65 Construção do edifício-sede do Fórum Trabalhista de João Pessoa 64 Construção do edifício-sede da Justiça Federal em Foz do Iguaçu – PR 54 Construção do edifício-sede do Fórum Trabalhista de Belém 45 Construção do edifício-sede do Fórum Trabalhista de Manaus 44 Construção do edifício-sede da Justiça Federal em Blumenau 38 Construção do edifício-sede da Justiça da Infância e da Juventude em Brasília 28 Reforma dos anexos I e II da Seção Judiciária do Rio de Janeiro 26 Reforma do edifício-sede e anexos do TRF2 no Rio de Janeiro 25 Construção do Complexo de Armazenamento do TJDFT 24 Construção do Cartório Eleitoral de Teresina 21 Reforma do edifício-sede da Seção Judiciária em Maceió 18 Adaptação do edifício-sede do Fórum Trabalhista de Belo Horizonte 17 (*) Atualizado monetariamente até 10/2021 Fonte: Contas Abertas, a partir de dados do Siafi