domingo, 5 de dezembro de 2021

TECNOLOGIA NO COTIDIANO DAS EMPRESAS

 

Marcelo Forti – Kienbaum Brasil

A Transformação Digital é um movimento em que as empresas utilizam/adotam os recursos que a tecnologia oferece no cotidiano, buscando resolver problemas tradicionais de desempenho, eficiência e produtividade. No artigo abaixo, Marcelo Forti consultor e sócio na Kienbaum Brasil esclarece as principais dúvidas sobre a Transformação Digital

Transformação digital. Afinal de contas, sabemos por onde começar?

A Transformação Digital é um movimento em que as empresas utilizam/adotam os recursos que a tecnologia oferece no cotidiano, buscando resolver problemas tradicionais de desempenho, eficiência e produtividade.

A pandemia acelerou esse processo de transformação devido à necessidade de se aproximar do cliente como de atender ao novo modelo de consumo. Entretanto, esta aceleração se deu através da evolução das plataformas digitais, globalização da conectividade e a disseminação em massa de tecnologia – que cada dia mais pressionam as organizações a modernizarem as suas plataformas tecnológicas.

Para se ter uma ideia, só nos três primeiros meses do ano de 2021, foram realizadas mais de 78 milhões de compras on-line, um crescimento de 54% em relação a 2020, é o que diz um levantamento da Neotrust. A SAP Brasil também anunciou mais um trimestre de forte crescimento de vendas do seu ERP na Nuvem.

Sabemos que a tecnologia nos dias de hoje é fundamental e estratégica para o negócio, como parceira no processo de evolução e transformação das organizações, alinhada às ações estratégicas, táticas e operacionais, tornam o trabalho mais eficaz com a utilização correta dos recursos e por consequência a redução de custos.

Tudo isso começa no plano de negócio ou no planejamento estratégico, pois transformação digital não é simplesmente investir em tecnologia ou estar presente nas mídias sociais, e sim execução de ações disruptivas que envolvem: rever a estratégia – posicionamento de mercado, atendimento ao cliente; rever a gestão – necessidade de adequação ou mudança do modelo de negócio;  saber quais os riscos envolvidos, quais tecnologias são apropriadas ao negócio e entender quando e como o negócio se transforma.

Além disso, novas competências vão surgir e será preciso: avaliar se os líderes atuais têm as competências necessárias para a transformação do negócio, se o time está pronto a atender essa nova estratégia e também deve ser revisto aspectos culturais da empresa que podem impactar nesta transformação.

Portanto, a Transformação Digital é uma jornada impulsionada não somente por habilitar tecnologias digitais e sim pela transformação que o negócio deverá sofrer para atender o novo modelo de consumo do cliente, por exemplo, e não sofrer mudanças a partir das tecnologias implementadas.

Abaixo, esclareço as principais dúvidas sobre a Transformação Digital. Confira:

1 – Quais os principais passos para começar a implementar a Transformação Digital?

É preciso: identificar a necessidade do negócio, eficiência, produtividade, mercado; saber quais os fatores externos e internos que pressionam o negócio a mudança; identificar as tecnologias e como elas vão apoiar o negócio a atingir seu objetivo e planejar os recursos e a execução. Ou seja, definir objetivos, estruturar a capacitação dos times, comprometimento das lideranças (Negócio e TI), foco no cliente, automatizar processos, métodos ágeis e novas tecnologias.

2 – Quais os maiores benefícios da Transformação Digital para os negócios?

Queremos mais agilidade, flexibilidade e segurança. Queremos poupar tempo, otimizar recursos e nos tornar cada vez mais sustentáveis. A Transformação Digital pressupõe que, com os componentes tecnológicos disponibilizados atualmente, é possível suportar o negócio, melhorar o desempenho de processos, integrar setores, otimizar operação e reduzir custos, encontrar novos nichos, aumentar o alcance comercial e resultando aumento do lucro, vantagem competitiva pela melhoria no atendimento e retenção de clientes, enfim, evoluir continuamente.

3 – Quais as principais desvantagens da Transformação Digital? Existem?

A Transformação Digital é aliada na transformação do negócio, mas pode se transformar em um pesadelo se não houver um plano claro de mudança e quais as tecnologias a serem adotadas para cada meio, considerando que a Transformação Digital é um processo cíclico em busca de alcançar objetivos e não um fim.

4 – Por onde podemos começar a implementar a Transformação Digital?

A partir da definição de uma estratégia e assim gerar ações disruptivas e de valor ao negócio. A importância nas escolhas das tecnologias deve-se a um bom planejamento estratégico, tático e operacional, com olhar nos requisitos de segurança, qualidade e eficiência. Entretanto, existem ações menores que bem mapeadas e identificadas podem ser realizadas a partir da implementação de robôs que irão acelerar a execução das atividades em média em mais de 5x em relação a execução humana – trazendo melhorias significativas em eficiência, por exemplo.

Transformação Digital não acontece sem a transformação no negócio, não é um produto e sim um processo.

ValeOn UMA STARTUP INOVADORA

A Startup ValeOn um marketplace que tem um site que é uma  Plataforma Comercial e também uma nova empresa da região do Vale do Aço que tem um forte relacionamento com a tecnologia.

Nossa Startup caracteriza por ser um negócio com ideias muito inovadoras e grande disposição para inovar e satisfazer as necessidades do mercado.

Nos destacamos nas formas de atendimento, na precificação ou até no modo como o serviço é entregue, a nossa startup busca fugir do que o mercado já oferece para se destacar ainda mais.

Muitos acreditam que desenvolver um projeto de inovação demanda uma ideia 100% nova no mercado. É preciso desmistificar esse conceito, pois a inovação pode ser reconhecida em outros aspectos importantes como a concepção ou melhoria de um produto, a agregação de novas funcionalidades ou características a um produto já existente, ou até mesmo, um processo que implique em melhorias incrementais e efetivo ganho de qualidade ou produtividade ao negócio.

inovação é a palavra-chave da nossa startup. Nossa empresa busca oferecer soluções criativas para demandas que sempre existiram, mas não eram aproveitadas pelo mercado.

Nossa startup procura resolver problemas e oferecer serviços inovadores no mercado.

Nossos contatos: Fones: (31) 3827-2297 e (31) 98428-0590 (Wpp)

E-MAIL: valeonbrasil@gmail.com

Site: https://valedoacoonline.com.br/

sábado, 4 de dezembro de 2021

RECESSÃO É MAIS CERTA QUE REFORMAS E AJUSTE FISCAL

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo

Quebra da safra de milho e fim do período de colheita da soja estão entre os fatores que derrubaram o agronegócio no terceiro trimestre de 2021.| Foto: Albari Rosa/Arquivo/Gazeta do Povo

Os dados do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre deste ano trouxeram informações que podem ser vistas de ângulos bastante diferentes. Quem enxerga o copo meio vazio destacará o fato de o Brasil ter voltado à recessão, já que registrou duas quedas seguidas no PIB; quem enxerga o copo meio cheio lembrará que, se os números confirmam a definição técnica de recessão, ela veio quase que pelo “placar mínimo” – quedas de 0,4% no segundo trimestre e 0,1% no terceiro trimestre –, e que nos acumulados e comparações anuais o crescimento ainda é expressivo. Uma avaliação mais realista, no entanto, é a de que há, sim, razões para permanecer esperançoso quanto aos números finais do PIB de 2021, mas que também existem muitos obstáculos à frente e que não têm sido enfrentados de forma satisfatória.

O governo federal previa crescimento de 0,4%, e tentou minimizar a nova queda ressaltando aspectos positivos, como os níveis de poupança (18,6% do PIB) e investimento, com 19,4% do PIB, repetindo níveis do início da década passada. A esse respeito, a Secretaria de Política Econômica destacou que a maior parte deste investimento vem do setor privado, ao contrário do que ocorria até cerca de dez anos atrás. Além disso, membros da equipe econômica justificaram a retração afirmando que a crise hídrica havia prejudicado o desempenho da agropecuária, que caiu 8% – houve quebra na safra de milho; outro fator que contribuiu para o resultado ruim do agronegócio, no entanto, era esperado e não tem relação com a falta de chuvas: o encerramento da safra de soja, cuja colheita é concentrada no primeiro semestre. A indústria também sofreu, permanecendo estagnada no terceiro trimestre, principalmente graças ao caos global nas cadeias de suprimentos e insumos.

Se há freios ao crescimento que escapam ao controle, seria ainda mais necessário que Executivo e Legislativo se empenhassem em realizar as reformas e o ajuste fiscal

Todas essas alegações fazem sentido, mas também é preciso questionar: algo poderia ter sido feito para atenuar problemas e destravar o crescimento, ao menos em setores que não estivessem tão dependentes de fatores como o regime de chuvas ou escassez global de suprimentos? A não ser que a variante ômicron do coronavírus se mostre mais grave do que apontam os primeiros dados, o Brasil caminha para o fim da pandemia com o avanço da vacinação e a redução nos números de novos casos e mortes. E, quando o coronavírus mal havia chegado ao Brasil, em março do ano passado, a Gazeta do Povo já questionava: “Quando todo esse furacão passar (porque irá passar, mais cedo ou mais tarde), em que país preferiremos estar, em um que realizou reformas para dar maior racionalidade ao sistema tributário e que permitirão maior flexibilidade ao poder público em tempos ruins, ou em um que manteve todas essas estruturas engessadas e a loucura tributária nacional? Em qual desses países a recuperação da economia estaria facilitada?”

Pois a pandemia passará e o Brasil ainda estará bastante travado, sem ter feito a reforma tributária e a reforma administrativa. É verdade que, durante este período, houve ações importantes que trarão investimentos, como o leilão do 5G, concessões de infraestrutura e a aprovação do Marco Legal do Saneamento Básico – já o Marco Legal das Ferrovias segue na Câmara, e por enquanto as perspectivas de investimento no setor se baseiam em uma medida provisória que vence em fevereiro de 2022. Mas estas são medidas que ajudam apenas alguns setores, enquanto as reformas que beneficiariam o país todo correm o risco de ficar até mesmo para 2023, dependendo dos humores do governo e dos parlamentares em ano eleitoral.


Enquanto isso, a pressão se desloca para o outro lado, o de aumento dos gastos. O Senado acaba de aprovar a PEC dos Precatórios, que voltará à Câmara por ter sofrido alterações, e cujo texto formaliza o calote em dívidas reconhecidas pela Justiça, muda o teto de gastos e desmoraliza a Lei de Responsabilidade Fiscal. Se houve reação positiva dos mercados, é apenas porque já ficou evidente que Executivo e Legislativo não trilharão o caminho do ajuste e a PEC dos Precatórios se tornou um “mal menor” em comparação com o que poderia ocorrer caso ela fosse rejeitada: um novo decreto de calamidade pública semelhante ao que vigorou em 2020 e que liberaria o governo para gastar sem limite algum. Mas ninguém pode se iludir: a erosão da saúde fiscal do país já cobra seu preço na forma de câmbio desvalorizado, inflação e juros, e assim será enquanto governo e Congresso não retomarem o caminho das reformas e do ajuste.

O Brasil terminará 2021 com crescimento? É certo que sim, embora analistas, instituições internacionais e o próprio governo venham reduzindo suas projeções. Já 2022 é uma história diferente – as projeções do mercado estão abaixo de 1%, com alguns bancos prevendo até mesmo um recuo. É aqui que as reformas e o ajuste farão falta. Se há freios ao crescimento que escapam ao controle – e ninguém sabe quando terminarão a crise hídrica e os problemas globais na cadeia de suprimentos –, seria ainda mais necessário que Executivo e Legislativo se empenhassem em fazer o que está a seu alcance para aumentar a confiança no país e reduzir os entraves à atividade econômica.


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ENCONTRA DE DEMOCRACIA DE BIDEN IRRITA OS NÃO CONVIDADOS

 

Troca de farpas
Por
Fábio Galão – Gazeta do Povo

Presidente americano não chamou China e Rússia para o evento e irritou Pequim com convite a Taiwan| Foto: EFE/EPA/JIM LO SCALZO

Na próxima semana, nos dias 9 e 10, os Estados Unidos realizarão uma cúpula virtual sobre democracia, que deverá ter a participação de representantes de 110 governos. China e Rússia, que não foram convidadas para o evento, manifestaram irritação com o encontro, o que motivou reação da administração do presidente Joe Biden.

Pequim, que se enervou especialmente com a inclusão de Taiwan (que reivindica ser parte do seu território) no evento, pretende divulgar neste sábado (4) um informe chamado “China: Democracia que funciona”, na qual deve alegar que seu sistema político é superior ao das democracias ocidentais.

Nesta semana, o vice-ministro chinês das Relações Exteriores, Le Yucheng, fez um pronunciamento em que criticou o encontro convocado por Biden. “Um certo país está organizando a chamada cúpula da democracia como um autodenominado líder da democracia. Ele divide os países em diferentes níveis de hierarquia, rotula-os como democráticos ou não democráticos e aponta o dedo para os sistemas democráticos de outros países”, afirmou.

“Afirma que está fazendo isso pela democracia. Mas isso é na verdade o oposto da democracia. Isso não fará nenhum bem à solidariedade e cooperação globais, nem promoverá o desenvolvimento global”, argumentou o vice-ministro.

Na Rússia, o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, divulgou um comunicado em que também condenou a cúpula da democracia.

“Os organizadores e entusiastas por trás deste estranho evento afirmam ser os líderes mundiais no avanço da causa da democracia e dos direitos humanos. No entanto, o histórico e a reputação dos Estados Unidos, da Grã-Bretanha e dos estados membros da União Europeia em termos de respeito aos direitos e liberdades democráticas em casa, bem como na arena internacional, estão, para dizer o mínimo, longe do ideal”, alegou.

“As evidências sugerem que os Estados Unidos e seus aliados não podem e não devem reivindicar a condição de ‘faróis’ da democracia, uma vez que eles próprios têm problemas crônicos de liberdade de expressão, administração eleitoral, corrupção e direitos humanos”, acrescentou Lavrov, que argumentou que a mídia ocidental é controlada por “elites partidárias e corporativas” e que censura e remoção de contas e conteúdo de redes sociais são armas utilizadas pelo Ocidente “para suprimir a dissidência”.

Na quinta-feira (2), a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, foi questionada sobre o assunto. “Bem, nosso objetivo com a cúpula é reunir 110 governos, representando diversas experiências democráticas em todo o mundo, bem como líderes da sociedade civil e do setor privado, para discutir como podemos trabalhar juntos para proteger a democracia em todo o mundo. Não vamos nos desculpar por isso, não importa qual seja a crítica de qualquer país do mundo”, alfinetou.

Em entrevista à Associated Press, Bonnie Glaser, especialista em China e diretora do Programa Ásia do German Marshall Fund, concordou com a percepção de chineses e russos de que a cúpula da democracia de Biden é uma resposta ao modelo autocrático desses países – as críticas a Pequim, que tem subido o tom das ameaças contra Taiwan e outros vizinhos, e a Moscou, que concentra tropas na fronteira com a Ucrânia, são constantes desde o início do mandato do atual presidente americano.

“O Partido Comunista Chinês provavelmente se sente ameaçado pela narrativa de democracia feita por Biden e se sente compelido a reafirmar que coloca o povo em primeiro lugar. É claro que o povo vem depois do partido e da preservação de seu papel, mas isso não é dito”, destacou.

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/china-e-russia-se-irritam-com-encontro-da-democracia-de-biden/
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VACINAS ATACAM O CORAÇÃO

 

Coronavírus

Por
Eli Vieira – Gazeta do Povo

O rei Philippe, da Bélgica, (à esquerda) ouve explicações sobre a máquina LNP (Lipid Nano Particle) durante uma visita ao local de produção da vacina Pfizer-BioNTech em Puurs, Bélgica, em 30 de março de 2021.| Foto: EFE/EPA/STEPHANIE LECOCQ / POOL

A inflamação do músculo cardíaco (miocardite) e do revestimento do coração (pericardite) são efeitos colaterais conhecidos da vacina de mRNA. Esses casos parecem ocorrer numa frequência muito baixa de poucas dezenas por milhão de vacinados, mas há desconfiança que em homens jovens poderiam ser mais frequentes. Nas redes sociais, céticos quanto à segurança e eficácia da vacina têm coletado casos de atletas com dor no peito e incapacitados por sintomas de inflamação cardíaca. Mas um novo estudo, justamente com atletas, sugere que a própria COVID-19 pode ser culpada por miocardite neles.

O dr. Jean Jeudy, professor e radiologista da Escola de Medicina da Universidade de Maryland em Baltimore, coletou 1.597 exames de ressonância magnética do coração num congresso de atletas chamado Big Ten. Trinta e sete desses atletas (2,3%) foram diagnosticados com miocardite associada à Covid-19. Metade deles não tinha sintomas e só descobriu o problema por causa da ressonância magnética — outros testes cardíacos não revelaram anormalidade. Esse exame revelou-se sete vezes mais sensível para detectar a miocardite que os outros métodos. O efeito a longo prazo é desconhecido, alguns desses pacientes tinham cicatrizes no músculo cardíaco deixadas pela inflamação. A miocardite é responsável por quase 20% das mortes de atletas por mal súbito.

Um estudo maior, do dr. Bradley Petek do Hospital Geral de Massachusetts e colaboradores, envolveu mais de três mil atletas dos dois sexos, com média de idade de 20 anos, que tiveram Covid-19. Somente 1,2% deles tinha sintomas que persistiam por mais de três semanas e 4% tinham sintomas que apareciam ao se exercitarem. Os que tinham apenas sintomas persistentes, apesar disso, não apresentaram sequelas da infecção.

Mas 9% dos que tinham dificuldades ao fazer exercícios apresentaram sequelas: os que tinham dor no peito (24 atletas) foram submetidos à ressonância magnética, que confirmou associação com a COVID-19 em cinco deles.

Como se vê, uma limitação desse estudo é que a ressonância só foi feita naqueles que tinham dor no peito, enquanto o estudo de Jeudy encontrou marcas de miocardite em atletas sem esse sintoma. Podemos especular, portanto, que a quantidade de atletas com miopericardite no estudo de Petek seria o dobro, o que nos dá a estatística de aproximadamente três casos de miopericardite em mil (atletas) infectados com o vírus SARS-CoV-2. Porém, seria necessário ajustar essa estatística com mais estudos para saber o real risco para a população em geral.

Comparando o risco da Covid-19 ao coração com o risco da vacina
A Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido (UKHSA) detectou no país um crescimento do número de pacientes com miocardite anterior à pandemia, desde 2004. Dois terços desses pacientes eram homens, o que indica que o sexo masculino é mais vulnerável à inflamação do músculo do coração, independentemente da vacina. A UKHSA relata que com frequência a causa dessa inflamação é a infecção viral. Interessantemente, um estudo veterinário com cães e gatos implica a variante alfa do novo coronavírus no desenvolvimento de miocardite nesses animais.

Temos dois grandes estudos israelenses das inflamações cardíacas induzidas pelas vacinas de mRNA, envolvendo cinco milhões e dois milhões e meio de pacientes, respectivamente. Os estudos são discutidos pelo iraniano Amir Abbas Shiravi da Universidade Isfahan e seus colegas na revista Cardiology and Therapy. Na população em geral que tomou Pfizer, duas pessoas em 100 mil desenvolvem miopericardite. Entre jovens de 16 a 29 anos, pode chegar a dez em 100 mil, e, entre rapazes de 16 a 19 anos, 14 em 100 mil.

A chance de uma pessoa que teve Covid-19 desenvolver miocardite é quase 20 vezes maior que a de uma pessoa que não teve a doença. Já a chance de uma pessoa vacinada ter miocardite é pouco mais que três vezes maior que a de um não-vacinado. São as conclusões de um estudo de Noam Barda e parceiros, citado por Shiravi, que menciona que 95% dessas inflamações são leves e não parecem apresentar grandes riscos a longo prazo.

Discutir casos individuais é importante, e é algo que não acontece só nas redes sociais, mas também na própria literatura médica. Haverá tragédias envolvendo o coração em todos os grupos: os infectados e não-vacinados, os não-infectados e vacinados e os infectados vacinados. A questão premente e ainda em desenvolvimento é se a solução é tão ruim quanto o problema. Somente métodos quantitativos rigorosos podem responder à questão.

No momento, um consenso das publicações é que o risco apresentado pelas vacinas ao coração é inferior ao risco apresentado pela doença. Porém, essa diferença, que antes se pensava ser de ordens de magnitude, agora é de “até seis vezes”, como diz o pré-prelo de Mendel Singer e colegas. Os rapazes continuam sendo o grupo de maior risco apresentado pela vacina de mRNA. Os políticos que estão tornando essa vacina obrigatória se responsabilizam?

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/covid-19-ou-vacina-de-mrna-o-que-ameaca-mais-o-coracao/
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A MATEMÁTICA DA SENADORA NÃO ESTÁ CORRETA

 

Por
Bruna Frascolla – Gazeta do Povo

A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), durante a sabatina de André Mendonça para o STF.| Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

O Festival de Besteiras que Assolam o País (FEBEAPÁ) está agitadíssimo no corrente mês. Se Stanislaw Ponte Preta fosse vivo, perceberia que as besteiras prosperaram de tal modo, com incentivo internacional, que seria necessário organizar uma edição mensal do FEBEAPÁ. Um FEBEAPÁ anual teria tamanho de dicionário; além disso, as besteiras são tão fugazes que nos sentiríamos velhos com Alzheimer em dezembro ao ler sobre as polêmicas de janeiro.

Este mês nem bem começou e nós ficamos cá imaginando como não se sentirão os burocratas dos Correios da Noruega ao receberem uma cartinha da Câmara Municipal de Ribeirão Preto contendo uma moção de repúdio ao comercial com o Papai Noel gay. Um vereador do Novo declarou que “Eles poderiam ter utilizado Odin, Thor, qualquer outro mito da religião nórdica. O Papai Noel não é mais uma representação cristã, ele é uma representação universal. Na cabeça das crianças, ele representa o lúdico. […] O Papai Noel é uma das poucas lendas universais que prega a meritocracia. Se você respeitar as pessoas, receberá um mimo no final do ano.” Papai Noel, cristianismo, meritocracia, ok.

O comercial com o Papai Noel norueguês dando um caliente beijo num homem de meia idade foi feito a pretexto do (ou em comemoração do – você escolhe) aniversário de cinquenta anos da descriminalização da homossexualidade na Noruega. Pois é: há cinquenta anos atrás, homossexualidade era crime na avançadíssima, socialista, progressista, nórdica, ariana, rica, esclarecida, linda e loura Noruega. Já entre nós, nunca foi crime. A homossexualidade só foi crime perante a Inquisição, que não era lá muito atuante no Brasil. No direito laico, porém, nunca houve problema com isso. Nenhum gay brasileiro precisou do Estado fazendo propaganda com personagem infantil para viver a sua vida.

Daí podemos imaginar como os chiques, os cultos, os letrados da época não lastimavam o fato deste paisinho sem futuro, vira-lata, fedido, bagunçado, permitir tamanha sem-vergonhice entre os homens. E é o mesmo tipo de gente que acha o máximo a erotização de personagem infantil promovida por aquele bando de malucos que não tem o que fazer.

Mas deixa eles lá. Usemo-los só como pretexto para mostrar pela enésima vez que o Brasil não tem que se ressentir de ser um vira-latinha tropical. Nossa cultura e nossos valores são muito melhores do que imaginamos.

Desocupado reincidente
Além de enviar sua moção de repúdio para a Noruega, a Câmara de Ribeirão Preto enviou outra para o G1, que reproduziu o vídeo ao noticiar o fato. O jornalista do G1 que, em meio à sua caçada de lacrações internacionais, encontrou o Papai Noel norueguês, deve ter adorado. Uma moção de repúdio da Câmara de Ribeirão Preto deve ser vista pelo nobre guerreiro da justiça social como uma cicatriz de ferimento de guerra. O lacrador recebe uma notinha de repúdio e vira mártir do bolsonarismo. Já o bolsonarista passa quase um ano preso por crime de opinião, sem julgamento, mesmo com foro privilegiado. E o jornalista médio não vê nisso uma opressão.

Que a Câmara de Ribeirão Preto esperneie, claro, já que está no direito dela. Mas isso só deve ser eficaz para uma única coisa: jogar os holofotes sobre o vereador e aumentar suas chances de ganhar uma eleição para cargo legislativo. O lacrador fica feliz com sua bolha, ostentando a evidência de sua perseguição, e o político fica feliz com sua bolha da direita lelé, ostentando o seu “trabalho”. E a sociedade não ganha nada com isso. Nenhum homofóbico vai passar a simpatizar com gays por causa do Papai Noel da Noruega (muito pelo contrário), e nenhum progressista vai pensar em segurar a onda por causa da moção de repúdio de Ribeirão Preto (muito pelo contrário).

O vereador de Ribeirão Preto não teve essa brilhante ideia sozinho. Ele está seguindo o incansável secretário-tuiteiro André Porciuncula, que crê ser atribuição da Secretaria da Cultura tomar conta dos correios da Noruega e, pior ainda, dizer o que os jornais brasileiros podem publicar. Cuidar do Bicentenário da Independência, que é bom, nada.

Matemática feminista
A lendária sabatina de André Mendonça não só desencantou, como entrou fundo nos anais do FEBEAPÁ. Tivemos a nobre deputada Eliziane Gama, do Cidadania (ex-PPS, ex-PCB), desenvolvendo sua peculiar matemática. Eu ia dizer que deve ser a matemática do gênero feminino, mas pensei melhor, porque a matemática já é do gênero feminino. Se os homens quiserem criar uma versão para chamar de sua, precisarão criar uma disciplina – ou melhor, um disciplino – chamado matemático. E a oprimida comunidade de pessoas não-binárias criará uma (ume?) discipline chamade matemátique. De todo modo, a nobre deputada, que queria aporrinhar o pobre do evangélico que vai virar ministro, tascou uma estatística incompreensível para sensibilizar aquele homem branco cis hétero. Disse que a cada mulher morta, pelo menos duas são negras.

A gente não pode criticar, porque aí é machismo.

Mas a matemática é importante na vida. Vamos fazer o quê, então? Como a sociedade viverá, terá comércio, fará contas, considerando possível uma proporção dessas? O Procon vai agir, caso o feirante diga que a cada laranja duas estão doces?

Na mesma sabatina, aprendemos com o senador Omar Aziz que logo abaixo de Deus está o STF. Abaixo do STF estão os demais poderes e o resto da sociedade.

Filósofos clássicos botariam a matemática no âmbito divino. Mas, considerando que o Ser Supremo está muito fora de moda e que é feio ser religioso (sobretudo evangélico), convém deixar o Supremo Tribunal Federal a decisão das verdades matemáticas.

Torçamos para que o PSOL, a REDE, o Cidadania, o PSB e o PT entrem com uma ADIN no Supremo pedindo para que os ministros resolvam essa grave omissão do Parlamento concernente às verdades matemáticas. Oxalá terminaremos este dezembro com uma nova matemática, uma matemática constitucional e feminista.


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LANÇAMENTO DO LIVRO AUTOBIOGRÁFICO DO MORO

 

  1. Política 

Ex-juiz compara sua ação na Lava Jato à de Eliot Ness e defende a decisão de sair da magistratura para entrar no governo

Marcelo Godoy, O Estado de S.Paulo

Se fosse possível contar a história de Sérgio Moro por meio de uma única cena de seu livro Contra o Sistema da Corrupção (Editora Sextante, 269 pág.), a escolha recairia na que o ex-magistrado se transporta para o filme Os Intocáveis, de Brian de Palma. Ele se vê na pele de Eliot Ness, interpretado por Kevin Costner, quando o agente usa um machado para arrombar um depósito de bebidas ilegais de Al Capone. Seu parceiro, interpretado por Sean Connery, diz: “Se atravessar essa porta, não terá como voltar atrás”.

Moro se vê como uma espécie de intocável, alguém que arromba portas em nome de um bem maior: o combate à corrupção. Seu “depósito” foi a audiência em outubro de 2014, na qual interrogou o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. “A audiência foi devastadora. A Lava Jato revelava em todos os seus detalhes o sistema de corrupção que governava o Brasil.” Ao fim, disse aos funcionários: “Nada será como antes”.

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O ex-ministro Sérgio Moro no lançamento de seu livro em Curitiba; relatos de polêmicas. Foto: Denis Ferreira Neto/Estadão

Moro é assim: se vê na pele de Ness, enquanto os críticos enxergam nele um Simão Bacamarte ou um Girolamo Savonarola, personagens da ficção e da vida real que tiveram fins não muito auspiciosos. Em seu livro, defende sua atuação como juiz e como ministro da Justiça das críticas de parcialidade e de conivência com o governo de Jair Bolsonaro, o principal adversário de seu mais famoso réu: Luiz Inácio Lula da Silva.

Também ataca o petista e o presidente, seus concorrentes em 2022. “Vejo atualmente o governo Bolsonaro muito parecido com o governo Lula, especialmente na parte ética.” Ele critica o Supremo Tribunal Federal, que o considerou parcial ao julgar Lula. Por fim, quer mostrar que não é uma variante de Bolsonaro e se diz comprometido com a democracia.

O livro não se confunde com as autobiografias de personalidades ou influencers. É obra que busca influir no debate público, como Minha Vida, de Leon Trotsky, ainda que, estética e politicamente, esteja distante do revolucionário russo. Trotsky não escondia de que lado da história estava. Moro quer fazer o leitor crer que não fazia considerações políticas ao tomar suas decisões.

Mas o próprio autor diz: “Este livro é a minha história focada no combate ao sistema da corrupção. Um grupo de policiais, procuradores da República, advogados e juízes, com grande apoio da população e da opinião pública, conseguiu vitórias importantes contra a grande corrupção”. Moro parte da premissa de que o juiz é parte de um grupo com procuradores e delegados. Foi esse voluntarismo que fez o STF considerá-lo parcial com Lula.

Moro aborda todas as polêmicas. Conta como manobrou para Teori Zavascki – que morreu em 2017 – voltar atrás na decisão de soltar os réus da Lava Jato em 2014. Diz que pediu informações a Teori e o alertou da presença de um traficante de drogas entre os presos. Os críticos diriam que ficou a um passo de atuar como o Ministério Público, a quem cabe recorrer de decisões favoráveis à defesa.

O autor é superficial ao tratar das provas contra Lula. Pode-se dizer que o fez nos autos, mas agora é pré-candidato e devia demonstrá-las. Moro não conta qual indício específico fez a Polícia Federal ir atrás de Lula. Alega que suas decisões foram referendadas por tribunais. Mas não reconhece as decisões do STF – também um tribunal – como critério para julgar seus atos. Diz que publicar a delação de Antonio Palocci antes da eleição de 2018 não prejudicou Fernando Haddad (PT) porque ele não era citado. Cabe ao leitor julgar o argumento.

Já Bolsonaro é pintado como desleal, mentiroso, extremista e preocupado apenas em proteger a família das acusações de corrupção. No Planalto importava mais se vingar de adversários do que pensar em administrar de forma eficiente. Moro admite que se calou diversas vezes diante do chefe.

Diz hoje saber ter sido um erro aceitar o convite de Bolsonaro. Mas usa a Operação Mãos Limpas, da Itália, para justificar por que entrou no governo. Queria evitar que a Lava Jato fosse destruída, como as Mãos Limpas. Moro esqueceu outra lição dos magistrados italianos: não entrar na política sem quarentena. Dois procuradores foram convidados pelo direitista Silvio Berlusconi para serem ministros. Ambos recusaram.

Moro pensa diferente. Crê que a Lava Jato mudou o jogo da captura do Estado pelos interesses privados. Tudo parece começar e terminar no ex-juiz. Mas, se os homens fazem a sua história, não a fazem segundo a sua livre vontade e sob circunstâncias de sua escolha, mas sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas pelo passado. Essa lição clássica das ciências sociais passou longe do autor. Sua análise é a de um operador do direito, não a de um intérprete de seu tempo.

Moro põe a corrupção dos grandes acima de tudo, como se os males do País pudessem ser explicados pela descoberta de um sistema corrupto. Não que ele não tenha enfrentado obstáculo reais – o balanço da Lava Jato mostra isso –, mas é como se dissesse: “Pouca saúde e muita saúva os males do Brasil são”. Sua história ainda não acabou. Seu eleitor espera que o homem que se vê como Eliot Ness não termine no papel de Macunaíma, revelando o descompasso entre quem ele é e quem gostaria de ser.

SATÉLITES FISCALIZAM O AQUECIMENTO GLOBAL

 

  1. Internacional 
  2. The New York Times Life/Style 

Cientistas usaram medições de dióxido de carbono por satélite para detectar pequenas reduções atmosféricas em áreas submetidas a lockdowns por conta do coronavírus

Henry Fountain, The New York Times – Life/Style, O Estado de S.Paulo

Segundo o Acordo de Paris de 2015 para limitar o aquecimento global, as nações devem medir e relatar o progresso em direção às reduções prometidas nas emissões. Elas submetem regularmente inventários de gases de efeito estufa, detalhando as fontes de emissão, assim como as remoções, ou sumidouros, dos gases dentro de suas fronteiras. Em seguida, eles são revisados por especialistas técnicos.

NYT - Life/Style (não usar em outras publicações).
O satélite Orbiting Carbon Observatory (OCO)-2, que foi lançado em julho de 2014, mede quantidade de dióxido de carbono na atmosfera.  Foto: NASA via The New York Times

O processo de contabilidade procura garantir a transparência e gerar confiança, mas é demorado e os números podem estar longe da precisão. Mas e se as mudanças nas emissões do principal gás do aquecimento global, o dióxido de carbono, pudessem ser relatadas com mais precisão e rapidez? Isso pode ser extremamente útil já que o mundo procura limitar o aquecimento.

Um novo projeto, o Climate Trace, que o ex-vice-presidente Al Gore descreveu em um evento junto à cúpula do clima COP26 em Glasgow, usa inteligência artificial e aprendizado de máquina para analisar imagens de satélite e dados de sensores para apresentar o que diz serem estimativas de emissões precisas em tempo quase real.

Mas pesquisadores e colegas da NASA relataram o que chamaram de um marco em direção a um objetivo diferente: medir as mudanças reais nas concentrações de dióxido de carbono na atmosfera à medida que os países tomam medidas para reduzir as emissões.

Os pesquisadores disseram que conectando medições de CO2 de satélite em um modelo de sistemas terrestres, foram capazes de detectar pequenas reduções na concentração atmosférica do gás nos Estados Unidos e outras áreas que foram resultado dos lockdowns devido ao coronavírus no início de 2020.

Segundo algumas estimativas, a queda na atividade econômica devido aos lockdowns levou a reduções de emissões de 10% ou até mais, embora as emissões tenham se recuperado depois. Essas reduções podem parecer grandes, mas significaram apenas uma mudança muito pequena na concentração de CO2 na atmosfera, que atualmente é de mais de 410 partes por milhão.

Os pesquisadores foram capazes de detectar uma queda de cerca de 0,3 partes por milhão durante os períodos de lockdown.

“Acreditamos que é um marco”, disse Brad Weir, um cientista pesquisador do Goddard Space Flight Center da NASA e o principal autor de um artigo que descreve o trabalho publicado na revista Science Advances.

O satélite, Orbiting Carbon Observatory-2, não foi projetado para medir as mudanças nas emissões de CO2 causadas pelo homem. Na verdade, o objetivo era ver como os padrões climáticos naturais em grande escala, como El Niño e La Niña, afetam a concentração de CO2. O satélite mede o CO2 na coluna de ar entre sua posição e a superfície da Terra e pode detectar níveis adicionais ou reduzidos do gás antes que ele se misture uniformemente na atmosfera.

“Felizmente, não tivemos um forte efeito do El Nino no início de 2020”, disse Weir, observando que um sinal mais forte do El Nino teria mascarado o efeito de origem humana.

Vários satélites adicionais de medição de CO2 estão programados para serem lançados nos próximos anos. “Como temos capacidades de observação cada vez melhores, acreditamos que o monitoramento das emissões por meio de observações baseadas no espaço é possível”, disse Weir.

Johannes Friedrich, um associado sênior da organização de pesquisa World Resources Institute que estuda a contabilidade de emissões, disse que as medições atuais, particularmente as emissões de combustíveis fósseis, eram razoavelmente precisas. As medições são baseadas em relatórios de atividades humanas, como a operação de uma central elétrica a carvão específica; calcular as emissões do carvão que é queimado é relativamente simples e direto. “Sabemos muito bem de onde vêm as emissões e a maioria dos países as registra”, disse Friedrich.

As emissões da agricultura e do desmatamento apresentam incertezas maiores. As estimativas dos gases de efeito estufa emitidos pelo gado, por exemplo, são apenas estimativas. E as emissões do desmatamento podem variar com base no grau e extensão do desmatamento, entre outros fatores.

Friedrich, que não esteve envolvido no estudo, disse achar que as medições baseadas em satélite podem funcionar potencialmente no futuro. “Neste momento, ainda há grandes desafios”, ele disse.

“Você precisaria de medições muito regulares, com resolução muito boa e cobertura muito boa de todo os Estados Unidos, por exemplo. E isso ainda é muito difícil. ” /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

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EXERCÍCIOS AFETAM O APETITE

  1. Internacional 
  2. The New York Times Life/Style 

O fato de sermos ativos nos deixa famintos e propensos a comer mais do que deveríamos? Ou diminui nosso apetite?

Gretchen Reynolds, The New York Times/Life Style

O fato de fazer exercícios físicos nos deixa famintos depois e propensos a comer mais do que deveríamos? Ou diminui nosso apetite e torna mais fácil pularmos aquela última e tentadora fatia de torta?

Um novo estudo fornece pistas oportunas, ainda que cautelosas. O estudo, que envolveu homens e mulheres sedentários e com sobrepeso e vários tipos de exercícios moderados, descobriu que as pessoas que se exercitaram não comeram demais em um atraente bufê de almoço logo depois. No entanto, elas também não pularam a sobremesa ou economizaram nas porções. As descobertas oferecem um lembrete durante as festas de fim de ano de que, embora os exercícios tenham inúmeros benefícios para a saúde, ajudar-nos a comer menos ou perder peso pode não estar entre eles.

Para a maioria de nós, o exercício afeta nosso peso e fome de maneiras inesperadas e às vezes contraditórias. De acordo com vários estudos científicos, poucas pessoas que começam a se exercitar perdem tantos quilos quanto o número de calorias que queimadasm fariam prever.

Exercício físico
Corrida em São Paulo: o exercício pode afetar nosso peso e fome de maneiras contraditórias Foto: Felipe Rau/Estadão

Algumas pesquisas recentes sugerem que isso ocorre porque nossos corpos tentam obstinadamente se agarrar aos nossos estoques de gordura, uma adaptação evolutiva que nos protege contra (improváveis) fomes futuras. Portanto, se queimarmos calorias durante os exercícios, nosso corpo pode nos levar a sentar mais logo depois ou realocar a energia de alguns sistemas corporais para outros, reduzindo nosso gasto energético geral diário. Dessa forma, nosso corpo compensa inconscientemente muitas das calorias que queimamos durante os exercícios, reduzindo nossas chances de perder peso com essa atividade.

Mas essa compensação calórica acontece lentamente, ao longo de semanas ou meses, e envolve gasto de energia. Ficou menos claro se e como os exercícios influenciam nosso consumo de energia – isto é, quantas porções de comida consumimos -, especialmente nas horas imediatamente após um treino.

Exercício pelo bem da ciência

As provas, até agora, são variadas. Alguns estudos indicam que o exercício, especialmente se for extenuante e prolongado, tende a diminuir o apetite das pessoas, muitas vezes por horas ou até no dia seguinte. Esse fenômeno leva-as a ingerir menos calorias nas refeições subsequentes do que se não tivessem se exercitado. Mas outros estudos sugerem o oposto, descobrindo que algumas pessoas sentem mais fome depois de se exercitarem de qualquer forma e logo substituem as calorias que gastaram – e outras – com uma ou duas porções a mais na refeição seguinte.

Muitos desses estudos, no entanto, basearam-se em homens e mulheres jovens saudáveis, em forma e ativos, uma vez que esses grupos tendem a estar disponíveis entre os alunos dos departamentos de ciências do exercício nas universidades. Poucos experimentos observaram como o exercício pode afetar de imediato o apetite e a alimentação de adultos mais velhos, com sobrepeso e sedentários, e menos ainda estudaram os efeitos do treinamento de resistência e dos exercícios aeróbicos.

O novo estudo foi publicado em outubro na Medicine & Science in Sports & Exercise. Cientistas da Universidade de Utah em Salt Lake City, do Anschutz Medical Campus da Universidade do Colorado, em Aurora, no Colorado, e de outras instituições anunciaram que queriam voluntários no Colorado dispostos a se exercitar e comer, pelo bem da ciência.

Após centenas de respostas, eles ficaram com 24 homens e mulheres, com idades entre 18 e 55 anos, que estavam com sobrepeso ou obesos e em geral, inativos. Eles convidaram a todos para visitarem o laboratório logo pela manhã, deram-lhes café da manhã e, em dias diferentes, fizeram-nos sentar em silêncio, caminhar rapidamente em uma esteira ou levantar pesos por cerca de 45 minutos.

Antes, durante e três horas depois, os pesquisadores coletaram sangue para verificar as mudanças nos hormônios relacionados ao apetite e perguntaram às pessoas se sentiam fome. Eles também deixaram que elas se servissem em um bufê de lasanha, salada, pãezinhos, refrigerante e bolo de morango, enquanto monitoraram discretamente a quantidade de comida que as pessoas consumiam.

Então, os pesquisadores compararam hormônios, fome e alimentação real e encontraram desconexões estranhas. Em geral, os hormônios das pessoas mudaram após cada sessão de exercícios de uma forma que poderia reduzir seu apetite. Mas os participantes do estudo não relataram sentir menos fome – nem relataram sentir mais fome – depois de seus treinos em comparação com quando estavam sentados. E no almoço, eles comeram quase a mesma quantidade, cerca de 950 calorias de lasanha e outros alimentos do bufê, independentemente de terem feito exercício ou não.

O fator ‘aroma de lasanha’

A conclusão desses resultados sugere que, pelo menos, uma caminhada rápida ou um levantamento de peso leve pode não afetar nossa alimentação subsequente tanto quanto “outros fatores”, como o aroma e os sabores deliciosos de uma lasanha (pãezinhos ou torta), disse Tanya Halliday, professora assistente de saúde e cinesiologia da Universidade de Utah, que conduziu o novo estudo. Os hormônios do apetite das pessoas podem ter caído um pouco após os treinos, mas essa queda não teve muito efeito sobre o quanto elas comeram depois.

Mesmo assim, os exercícios queimam algumas calorias, ela disse – cerca de 300 a cada sessão. Isso foi menos do que as quase 1.000 calorias que os voluntários consumiram em média no almoço, mas centenas a mais do que quando estavam sentados. Com o tempo, essa diferença pode ajudar no controle de peso, ela disse.

É claro que o estudo tem limitações óbvias. Ele analisou uma única sessão de exercícios moderados e breves com algumas dezenas de participantes fora de forma. Pessoas que se exercitam regularmente ou que praticam exercícios mais extenuantes podem reagir de forma diferente. Os pesquisadores precisarão realizar mais estudos, incluindo com grupos mais diversos e que ocorrem em um período maior de tempo.

Mas, mesmo agora, as descobertas têm o encanto suave de uma torta de maçã. Elas sugerem que “as pessoas não devem ter medo de comerem mais se fizerem exercícios”, disse Halliday. E, ela disse, uma indulgência de feriado não afetará seu peso a longo prazo. Então, coma o que quiser no seu banquete e aproveite. Halliday também recomendou uma caminhada ou alguma outra atividade física com sua família e amigos antes, se você puder – não para diminuir seu apetite, mas para reforçar seus laços sociais e agradecer por seguirmos em frente juntos.

TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

 

PROPOSTA DE FIM DA ESCALA DE TRABALHO 6X1

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