domingo, 28 de novembro de 2021

MORO QUER IMPLANTAR TRIBUNAL ANTICORRUPÇÃO

 

Promessa de campanha

Por
Renan Ramalho
Brasília

Sergio Moro durante a solenidade de filiação ao Podemos.| Foto: Robert Alves/Podemos

Em seu discurso de filiação ao Podemos no início deste mês, o ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro defendeu a criação, no Brasil, de uma “corte nacional anticorrupção (…) à semelhança do que fizeram outros países”. Em artigo publicado em setembro na revista Crusoé, Moro já havia lançado a ideia, inspirado na Corte Superior Anticorrupção da Ucrânia, criada em 2019 como uma resposta a uma crescente pressão popular contra a morosidade e a leniência do Judiciário do país em relação a casos de suborno, desvio de recursos e abuso de poder.

O tribunal especializado ucraniano julga apenas casos de corrupção, funciona em duas instâncias e é composto por 38 juízes escolhidos num rigoroso processo de seleção, feito por magistrados e especialistas internacionais. Os primeiros casos chegaram em setembro de 2019 e, dois anos depois, a Corte já havia proferido 45 sentenças, sendo 39 condenações e 6 absolvições. Penas de prisão foram aplicadas a 26 pessoas em 21 dos processos julgados. Entre os condenados, há juízes, promotores, advogados e chefes de estatais, por exemplo.

No discurso de filiação, Moro disse que, no Brasil, o tribunal anticorrupção usaria “estruturas já existentes” e convocaria “juízes e servidores vocacionados para essa tão importante missão”. No artigo publicado em setembro, ele justificou a necessidade da medida em razão da omissão dos tribunais em punir casos de corrupção, o que resulta em impunidade, “o que é bastante grave”, segundo ele.

“A experiência nos ajuda a refletir sobre as respostas possíveis para a questão colocada por este artigo: como fazer que as cortes de Justiça se tornem operantes em relação à criminalidade complexa, entre elas a grande corrupção? A solução ucraniana foi inovadora e contou com o apoio da comunidade internacional. Às vezes é preciso buscar uma solução fora da caixa. Talvez algo parecido seja recomendável nestas paragens”, escreveu o ex-juiz.

No texto, Moro descreveu como a Corte ucraniana foi composta inclusive com ajuda de especialistas estrangeiros, de modo a nomear magistrados “éticos, imparciais e comprometidos com a missão básica” do tribunal. Inicialmente, 342 pessoas se candidataram aos cargos, incluindo juízes, advogados e acadêmicos. O filtro e a seleção final foram feitos por dois grupos: a Comissão de Juízes de Alta Qualificação, da própria Ucrânia, e o Conselho Público de Peritos Internacionais, formado por 6 membros de destaque indicados por órgãos como o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial e a União Europeia, que há tempos exigiam medidas mais firmes da Ucrânia contra a corrupção para aprovar empréstimos e acordos.

Apesar do êxito nos resultados, a Corte Superior Anticorrupção da Ucrânia já virou alvo de forte pressão de políticos e autoridades, que buscam sua extinção. No ano passado, 49 parlamentares pediram ao tribunal constitucional da Ucrânia a declaração de sua inconstitucionalidade – a maioria dos signatários integra o partido pró-Rússia do país. Ainda em 2020, uma granada explodiu no pátio do tribunal e danificou sua fachada – até o momento, os autores do atentado não foram identificados. Os juízes da corte também sofrem pressão e viraram alvos de processos disciplinares apresentados por políticos ao Conselho Superior de Justiça – o equivalente na Ucrânia ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) do Brasil.

Antes da lançar a ideia de uma corte nacional anticorrupção, Moro também havia defendido um tribunal internacional para julgar grandes casos de corrupção. A justificativa é quase a mesma: a incapacidade ou dificuldade dos tribunais nacionais em investigar, processar e julgar crimes complexos de corrupção. “Estes são praticados por pessoas poderosas e que não raramente capturam as estruturas do Estado, inclusive os órgãos de controle, inviabilizando a sua ação”, escreveu em outro artigo na Crusoé, publicado em maio.

Segundo ele, seria uma corte semelhante ao Tribunal Penal Internacional (TPI), estabelecido em 2002 em Haia, na Holanda, para julgar crimes contra a humanidade cometidos, em geral, por tiranos que nunca eram punidos em seus países de origem.

Moro citou um manifesto internacional que denunciava a dificuldade de punir corruptos em muitos países pela captura que fazem dos órgãos nacionais. “Cleptocratas usam seu poder para suprimir a mídia e a sociedade civil, além de subverter eleições honestas. Refugiados de países falidos liderados por cleptocratas provocam crises internacionais. Revoltas contra a Grande Corrupção desestabilizam muitos países e colocam em perigo a paz e segurança mundial”, diz o manifesto.

Para Moro, a submissão do Brasil a um tribunal do tipo – como já ocorre em relação ao TPI – não seria uma “intromissão indesejada na soberania”, mas um avanço. O melhor, ressalvou, seria que os próprios tribunais brasileiros fossem efetivos no combate à corrupção, mas afirmou que “às vezes, países, empresas e pessoas precisam de um empurrãozinho”.

O desembargador Fausto De Sanctis, hoje no Tribunal Regional Federal da 3.ª Região, em São Paulo, apoia a proposta de Moro de criar um tribunal nacional, mas diz preferir uma corte internacional. “Um tribunal nacional vai gerar os mesmos problemas que existem hoje: a demora [nos julgamentos], mudanças legislativas que beneficiam o criminoso econômico, além da influência político-jurídica sobre os tribunais. São fatos que inibem o combate à corrupção”, afirma.

De Sanctis foi um dos juízes pioneiros no Brasil a atuar em casos de lavagem de dinheiro, em varas especializadas criadas na Justiça Federal para combater a corrupção. Ele esteve à frente, em 2004, da Operação Satiagraha, que investigou crimes financeiros e acabou sendo posteriormente anulada nos tribunais superiores de Brasília.

“Minha preocupação [com um tribunal nacional] é a indicação dos juízes”, diz De Sanctis. “Certamente poderia sofrer das mesmas mazelas [do Judiciário brasileiro]: demora do trânsito em julgado, uso de habeas corpus para paralisar os processos, apesar de os réus estarem soltos. Vai entrar no sistema nosso. Se for um tribunal máximo, aí talvez seria interessante. Agora, se for um tribunal não superior, não vai adiantar muito, porque tudo seria revertido como sempre foi.”

Para ele, um tribunal internacional deveria ser formado a partir somente da indicação de países que figuram no topo dos rankings de combate à corrupção. Preferencialmente puniria os próprios criminosos (como o TPI), mas também poderia punir (por meio de sanções econômicas ou exigências de reparação, por exemplo) os próprios Estados que foram ineficazes em punir os corruptos.

“A ideia do tribunal internacional contra a corrupção existe em face da falência das jurisdições criminais nacionais em combater esse delito. Quando o Estado está comprometido pela corrupção sistêmica, ele não tem mais condições de julgar com isenção. É uma tentativa de evitar a manipulação dos sistema judicial pelos corruptos e corruptores”, afirma De Sanctis.


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ESTADOS UNIDOS FAZEM TREINAMENTO COM O EXÉRCITO BRASILEIRO E DOAM ARMAMENTOS

 

Integração
Por que os EUA treinam com o Exército Brasileiro e doam blindados?

Por
Luis Kawaguti – Gazeta do Povo

Treinamentos conjuntos vêm ocorrendo desde os anos 1960 e têm sido bastante intensos desde 2017| Foto: Divulgação/Exército Brasileiro

Na próxima semana, chegam ao Brasil 240 militares americanos representantes da 101ª Divisão de Assalto Aéreo (101st Airborne Division) para um treinamento conjunto com forças brasileiras da Brigada Aeromóvel em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Os militares americanos vão praticar com as tropas brasileiras uma manobra militar conhecida como “assalto aeromóvel”, onde combatentes de infantaria são deixados de helicóptero no cenário do combate – na maioria das vezes atrás das linhas inimigas. Essa tática marcou a Guerra do Vietnã. Esse é apenas um dos treinamentos agendados.

O exercício atual foi chamado de CORE 21 (sigla em inglês para Operações Combinadas e Exercício Rodízio). Ele deve passar a acontecer todos os anos, alternando cidades do Brasil e dos Estados Unidos, ao menos até 2028.

A ideia é aumentar a integração entre forças brasileiras e americanas. Na verdade, estamos tratando aqui de diplomacia militar, uma ação de Estado que acontece independente da inclinação pró-americana do governo Jair Bolsonaro, segundo uma fonte do Alto Comando do Exército.

Ou seja, apesar do governo ser favorável a esse tipo de integração militar com os EUA, ela possivelmente aconteceria independente da inclinação do presidente. Mas o apetite de Bolsonaro pelos temas militares e seu relacionamento com o ex-presidente americano Donald Trump podem ter facilitado o processo.

O Psol chegou a entrar com uma ação no Supremo Tribunal Federal pedindo o cancelamento do treinamento. O partido alegou que ele seria “uma ameaça” para o Brasil e para a América Latina. O pedido foi negado pelo STF.

Treinamentos conjuntos vêm ocorrendo desde os anos 1960. E têm sido bastante intensos ao menos desde 2017, quando os EUA participaram na Amazônia da simulação da criação de uma base logística para acolher refugiados. Menos de um ano depois, milhares de refugiados venezuelanos começaram a cruzar a fronteira e o que era exercício virou “para valer” com a Operação Acolhida.

Dessa vez, o Brasil vai participar com 750 militares do 5 BIL (Batalhão de Infantaria Leve) de Lorena (SP). Serão utilizados também helicópteros do tipo Super Puma/Cougar e Pantera do Comando de Aviação do Exército, de Taubaté. Os americanos trarão armas e equipamentos, mas não helicópteros.

As operações acontecerão nas cidades de Lorena e Cachoeira Paulista, em São Paulo, e Resende, no Rio de Janeiro. Os americanos chegarão entre os dias 28 de novembro e 1º de dezembro. Mas o treinamento será entre 6 e 16 de dezembro.

A escolha do 5 BIL e da 101ª Airborne teve ao menos dois motivos. O primeiro é que ambas são “Forças de Ação Rápida” – as primeiras a entrar em ação em caso de conflito.

No Brasil, essas forças recebem mais equipamentos e treinamento. Além da Brigada Aeromóvel e do Comando de Aviação do Exército, ambos de São Paulo, também são forças de ação rápida a Brigada Paraquedista do Rio de Janeiro e a Brigada de Operações Especiais de Goiânia (as duas últimas não participarão do exercício).

O segundo motivo é que ambas são tropas leves: seria mais complicado logisticamente enviar, por exemplo, unidades de blindados pesados dos Estados Unidos para o Brasil.

Unidades com história
A 101ª Airborne Division, ou “Screaming Eagles” (Águias Gritantes, em tradução livre do inglês), foi criada em 1942. Seus integrantes foram os primeiros combatentes americanos a colocar os pés na Normandia no Dia D da Segunda Guerra Mundial, saltando de paraquedas.

Depois combateram batalhas importantes, como Ardenes e Bagstone. A saga foi contada na minissérie de Hollywood “Band of Brothers”. A 101ª Airborne também lutou no Vietnã, Iraque e Afeganistão.

Mas o 5 BIL da atual Brigada Aeromóvel também tem história. Suas origens remontam à Guerra do Paraguai e passam pela ação na Força Expedicionária Brasileira na Itália. Na formação atual, teve papel fundamental em 2005 na Missão de Paz do Haiti.

Nenhum país revela segredos militares valiosos nesse tipo de exercício. Mas ele serve como referência de “melhores práticas” para o Brasil aprimorar sua doutrina militar. A 101ª Airborne é uma das divisões do exército americano que mais se engajam em batalhas.

O treinamento também facilita que as forças dos dois países atuem juntas em missões futuras – que podem ser de guerra ou de ajuda humanitária, como ocorreu no Haiti no terremoto de 2010.

Brasil ganhou mais de 140 blindados dos EUA nos últimos seis anos
A cooperação com os EUA vai além do treinamento. Desde 2016, o Brasil recebeu em caráter de doação 144 blindados, que não estavam sendo mais usados pelos americanos por os possuírem em excesso.

Entre 2016 e 2017, foram 12 blindados M113 usados no transporte de tropas, datados da guerra do Vietnã. Veículos desse tipo entraram em ação no Complexo do Salgueiro na intervenção federal no Rio em 2018. Movidos por “lagarta”, se adaptaram bem ao terreno de mata que os criminosos usavam para tentar escapar do complexo de favelas.

Talvez o leitor os tenha visto em um desfile em frente ao Palácio do Planalto em agosto. Modernizado, o M113 continua sendo um blindado bastante versátil nos dias de hoje, segundo analistas.

Em 2018, foram 60 obuseiros M109 (um tipo de canhão de artilharia que funciona em um veículo blindado) e 40 blindados de transporte de munições M992. Em 2019, outros 32 M109 foram enviados, segundo informações do Exército.

Essas doações fazem parte de um programa americano para ajudar militarmente nações amigas. O Brasil pagou pelo acondicionamento, transporte e modernização. Equipamentos que chegam por esse acordo por vezes depois são repassados a nações vizinhas, como o Uruguai.

As Forças Armadas chegaram a cogitar receber um contingente de veículos Humvee, largamente usados pelos EUA em missões no Oriente Médio. Eles seriam usados em uma possível missão de paz na África, mas nem o acordo nem a missão se concretizaram.

Mas o Brasil não baseia suas capacidades militares nessas doações. Sem os Humvee, o país optou por comprar similares italianos da Iveco, chamados Lince.

Em paralelo, o Brasil também investe num programa de compra de blindados modernos de transporte de tropas, os Guarani. E na área da artilharia, o principal veículo é o lançador de foguetes e mísseis Astros II, da Avibras – que é exportado para países do Oriente Médio, como o Catar.

Entenda a diplomacia militar entre EUA e Brasil

A cooperação militar entre brasileiros e americanos remonta à Segunda Guerra, com a construção de bases aliadas no Brasil e a campanha contra as forças nazistas na Itália, entre outras ações.

Em anos mais recentes, a diplomacia militar americana se voltava para a América do Sul com um objetivo específico: a guerra às drogas. A ideia era fazer com que países como o Brasil utilizassem recursos militares para combater guerrilhas e facções criminosas que operam tráfico de drogas e outras atividades ilícitas. A Colômbia se tornou um grande parceiro dos EUA nessa tarefa.

O Brasil dá poder de polícia a militares na fronteira, fez inúmeras operações de combate a ilícitos, mas nunca aderiu totalmente ao projeto americano para as forças armadas da América do Sul.

Já na administração do presidente americano Donald Trump, o Brasil ganhou o status de aliado extra-Otan (aliança militar ocidental), condição que facilita a compra de equipamentos americanos e a realização de exercícios como o que ocorrerá em dezembro. Ele também facilita o financiamento de exportações de produtos bélicos do Brasil e participação em licitações.

O patamar seguinte para ter acesso a mais equipamentos e mercado seria o Brasil se tornar um sócio global da Otan. Trump sinalizou para essa possibilidade, mas o governo de Joe Biden vem condicionando o status à disputa comercial com a China.

Ou seja, para ganhar o benefício, o Brasil teria que excluir a empresa chinesa Huawei do mercado nacional de internet 5G. Isso não aconteceu por ora.

Embora a empresa não tenha participado do leilão do 5G no início do mês, ela é uma grande fornecedora de tecnologia e equipamentos para as empresas que venceram o leilão. Excluir a Huawei, que já fornece material para as tecnologias 3G e 4G, custaria bilhões de dólares, segundo as operadoras nacionais. Resta saber como o Brasil vai se comportar no cenário que alguns analistas vêm chamando de Guerra Fria 2.0.


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OS PROBLEMAS ECONÔMICOS DO BRASIL NÃO MUDAM SEMPRE SÃO OS MESMOS

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo

Dinheiro / Real – 25-05-2017 – O Real é a moeda corrente oficial da República Federativa do Brasi e é conhecida pelo R$l. A cédula de um real deixou de ser produzida, entretanto continua em circulação alguns exemplares. As demais cédulas de real continuaram sendo produzidas normalmente pela Casa da Moeda. Entre elas, as notas de: 2,5,10,20,50 e 100. Na foto, detalhes de uma nota de 100 reais.

| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Ao vencer a eleição presidencial em 2014 para seu segundo mandato, a presidente Dilma Rousseff declarou que faria mudanças na política econômica para colocar o país no rumo do crescimento, pois o Produto Interno Bruto (PIB) daquele ano já estava consolidado como medíocre, principalmente considerando que a população seguia aumentando. O plano do governo era composto de seis pontos principais. O primeiro era o compromisso de adotar transparência nas informações e manter a contabilidade pública dentro de um rigor, sem maquiagem. O irônico foi que a cassação do mandato presidencial em 2016 se deu exatamente por falta de transparência e pela “contabilidade criativa”, com manipulação contábil, distorções na escrituração dos gastos e as conhecidas pedaladas fiscais.

Esse primeiro ponto prometido tinha como finalidade mostrar aos agentes de mercado e analistas internacionais que as informações e os indicadores sobre o Brasil iriam refletir a verdade dos fatos; logo, deveriam merecer confiança. Naquele momento, publicações internacionais haviam desistido de divulgar estatísticas da Argentina, pois o governo daquele país vinha manipulando informações. O Brasil estava indo pelo mesmo caminho e o primeiro ponto do plano de Dilma visava a reverter a desconfiança nacional e internacional. O segundo ponto tratava do compromisso da presidente com a austeridade fiscal e o controle dos gastos, pois a dívida pública havia se aproximado de 62% do PIB. No começo de 2015, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou que buscaria superávit primário (receitas menos gastos antes de deduzir os juros da dívida) de 1,2% do PIB em 2015 e 2% nos anos seguintes.

As três pernas do tripé macroeconômico – equilíbrio fiscal, metas de inflação e câmbio flutuante –, enfraquecidas entre 2014 e 2016, se apresentam debilitadas novamente neste 2021

O setor estatal consolidado (União, estados e municípios) estava com os gastos se aproximando de 40% do PIB e um déficit fiscal perigoso que, se não fosse controlado, poderia fazer a dívida pública explodir em poucos anos; o terceiro ponto era a promessa de que o governo iria controlar a dívida pública e trazê-la para 50% do PIB, adotando um programa de austeridade no presente para salvar o futuro de sacrifícios maiores. O quarto ponto dizia respeito ao combate à inflação, que estava ameaçando subir mais que o aceitável; a meta era fazer o IPCA baixar de 6,5% para 4,5% no ano. A razão dessa promessa é que o mercado estava assustado com a defasagem nos preços da energia, dos combustíveis e do transporte coletivo, cujos preços haviam sido represados pela presidente Dilma em 2014 para tentar segurar a inflação e não atrapalhar sua pretensão eleitoral.

Naquele programa do governo, o quinto ponto prometia aumento de gastos sociais – promessa difícil de cumprir junto com austeridade fiscal; e o sexto ponto tratava da política cambial, que era a terceira perna do tripé econômico fundamental implantado após o Plano Real, no governo Fernando Henrique Cardoso, e composto por metas de inflação, equilíbrio fiscal e câmbio flutuante. O plano, no papel, não era ruim; a dúvida era quanto à capacidade do governo de implantar as medidas considerando o quadro político, o tipo de política econômica favorecido pela esquerda, e o baixo crescimento de 2014. O governo Dilma, de forma até previsível dadas as características da “nova matriz econômica” e sua ênfase na gastança, não cumpriu seu próprio plano. Em 2015, o Brasil foi castigado por uma recessão econômica pesada, que fez o PIB cair 3,5%. A recessão desorganizou a economia, o desemprego cresceu, a arrecadação tributária diminuiu e, em 2016, o PIB repetiu a queda em taxa praticamente igual à do ano anterior; como resultado, o Brasil teve a mais dura recessão no acumulado dos dois anos.


A importância de relembrar o histórico que vai de 2014 a 2016, com sua grave recessão, tem a ver com a pandemia e a recessão de 2020, que deixaram o Brasil de hoje parecido em alguma medida com o Brasil daquele período, e com as três pernas do tripé macroeconômico – equilíbrio fiscal, metas de inflação e câmbio flutuante – se apresentando debilitadas novamente neste 2021. As causas são diferentes, mas os efeitos são parecidos, com a inflação atual tendo sido causada por um choque de oferta, que é a queda de produção nacional em 2020 em função dos efeitos da pandemia, levando à coexistência estranha entre alto desemprego e preços em alta. A combinação de recessão – especialmente queda de produção e alto desemprego – com aumento das taxas de inflação (no acumulado de 12 meses em outubro passado, o IPCA atingiu 10,67%) é chamada pelos economistas de “estagflação”, um fenômeno complexo que exige, entre outras, medidas urgentes destinadas a estimular o aumento do PIB.

No ano de 2022, em que o país terá eleições federais e estaduais, uma prioridade fundamental é buscar a volta consistente do crescimento econômico a taxas significativas (circulam previsões pessimistas, algumas dizendo que o PIB não crescerá mais que 1% no ano). Embora o PIB possa terminar 2021 com taxa de crescimento perto de 5%, isso é insuficiente para reverter o desemprego agravado pela queda em 2020, vinda da desorganização econômica provocada pelas medidas implantadas para o enfrentamento da pandemia. Esse cenário impõe que a meta de 2022 seja a mesma do fim de 2016: o crescimento econômico. A cobrança a ser feita dos candidatos e, posteriormente, dos eleitos é a aprovação de leis e medidas capazes de incentivar a produção de riqueza. O problema, assim, se resumirá a dois pontos: identificar quais reformas e medidas serão capazes de promover o aumento da produção nacional, e saber se o governo e o parlamento serão capazes de fazer o que precisa ser feito.


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USO SUSTENTÁVEL DA TERRA COM LAVOURA, PECUÁRIA E FLORESTA

 

  1. Economia 

Abílio Pacheco, que também é pesquisador da Embrapa, conseguiu triplicar a produtividade usando a técnica em sua fazenda e hoje auxilia outros produtores a copiar o modelo

Amanda Pupo, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA – O pesquisador e produtor rural Abílio Pacheco, de 67 anos, escolheu seguir por um caminho pouco óbvio ao herdar 210 hectares na região de Cachoeira Dourada, no sul de Goiás, há 14 anos. A opção mais fácil era arrendar o espaço a usineiros para o cultivo de cana-de-açúcar, algo que os vizinhos já vinham fazendo. Mas estava reticente. 

À época cursando doutorado em Agronomia, Abílio encontrou a resposta folheando uma revista na biblioteca da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em Goiânia. A edição trazia detalhes do sistema de Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF), técnica de produção que reúne na mesma área diferentes cultivos e otimiza a terra a partir do seu uso sustentável.

Foi ali que Abílio, pesquisador da Embrapa há 40 anos, vislumbrou um futuro para a propriedade. E o acerto é inegável. Enquanto o agronegócio brasileiro é olhado pelo mundo com desconfiança, o produtor rural tem exibido País afora – e principalmente porteira adentro – o que a terra pode oferecer quando a biodiversidade é respeitada

Abílio virou uma espécie de embaixador do sistema integrado lavoura-pecuária-floresta. No início do mês, apresentou seu projeto na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2021, a COP-26. Em setembro, Abílio ficou entre os vencedores de um prêmio global que prestigia agricultores e pecuaristas que adotam práticas verdes em seus negócios. “As grandes coisas da humanidade estão ligadas à diversidade. Eu falava há muitos anos: a produção integrada ou vai estar entre os sistemas do futuro ou será o sistema do futuro”, disse. 

Abilio
Abilio Pacheco, produtor rural e pesquisador da Embrapa, que pratica a integração lavoura, pecuária e floresta em sua propriedade Foto: CLEDSON RODRIGUES/EMBRAPA

Maior produtividade

 Com um “pé na ciência e outro na terra”, como Abílio descreve, o produtor viu a produtividade crescer ao adotar o sistema da Embrapa. Antes de implantá-lo, em meio à terra degradada, a fazenda produzia 4 arrobas de boi por hectare/ano, ante a média nacional, de 5,5. Com as mudanças, que incluíram o plantio de eucalipto e de grãos, o número saltou para 18 arrobas de boi por hectare/ano. 

O ganho se dá com o gado convivendo em meio à plantação do eucalipto, também revertido em lucro para a fazenda. “Se você gosta de sombra, por que o boi não vai gostar?”, brinca Abílio. 

Na mesma área, o produtor obtém 45 m³ de madeira por hectare/ano, vendida para a fabricação de móveis. “É uma produtividade considerada alta. As cabeças mais pensantes se preocupam com o crescimento populacional. A terra é uma só, vamos ter de comer. Com o sistema você consegue tirar isso e garantir a terra produtiva para as gerações futuras”, diz Abílio, que também mantém espécies nativas.

‘Carne carbono neutro’

 Nesse ambiente, são fixadas cerca de 13 toneladas de carbono por hectare ao ano, gás que é um dos principais causadores do efeito estufa e vilão dos esforços para controlar as mudanças climáticas. Com essa vantagem, a fazenda produz a chamada “carne carbono neutro”, produto certificado cuja valorização no mercado está em franco crescimento. Já a lavoura paga integralmente os custos da implantação do sistema de produção integrado.

Abílio reconhece o privilégio de poder unir sua bagagem de pesquisador ao trabalho no campo. Como funcionário público, também sente o dever de retribuir à sociedade. Por isso trabalha para levar a inovação a outros produtores. Um deles é José Ferreira Pinto, dono de uma propriedade de 48 hectares voltada à pecuária leiteira no município goiano de Quirinópolis. Com a técnica, a sua produção cresceu em torno de 30%, com o mesmo rebanho. 

O ganho é gerado tanto pelas melhorias no pasto em razão das árvores quanto pelo bem-estar animal, que passa a viver num ambiente mais fresco. Hoje o sistema beneficia pelo menos 80 produtores de leite. “Eu não vejo nenhuma razão para o pecuarista não produzir madeira e leite, ou madeira e carne em suas áreas. É uma união muito perfeita”, afirma o pesquisador, lembrando que o sistema de integração com o componente florestal é indicado especialmente ao pecuarista.

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA UM DOS NOSSOS DESAFIOS

 

  1. Economia 

Melhor uso da energia faz parte das metas de 2030 da ONU

Estadão Blue Studio, O Estado de S.Paulo

Caminhos da Energia
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A situação atual do Brasil, com a crise hídrica presente na mesa de negociações e, até por isso, a necessidade do uso maior de térmicas, que além de caras são sujas, é um problema por si só. Mas pensando no futuro, inclusive nas chamadas metas de desenvolvimento sustentável assumidas no âmbito da ONU para 2030, eficiência energética é outro assunto que não pode ficar fora do planejamento estratégico de um país como o Brasil.

O próprio Plano Nacional de Energia 2050 (PNE) mostra o potencial que investimentos nessa rubrica podem ter. Segundo os estudos feitos para embasar o documento, os ganhos de eficiência elétrica dentro de um determinado cenário podem reduzir a necessidade de 321 TWh de consumo de eletricidade (cerca de 17% do consumo total) em 2050, o que significaria evitar mais de duas vezes o consumo de energia do setor industrial brasileiro em 2019 ou, ainda, evitar a necessidade de expansão de capacidade instalada de geração equivalente a mais de 2,5 usinas de Itaipu em sua capacidade total (partes brasileira e paraguaia).

Quando considerados os ganhos totais de eficiência energética, incluindo combustíveis, estima-se que essa contribuição se situe em 13% do total de consumo de energia estimado em 2050.

Para 2030, o Brasil tem boas condições de entregar suas metas, a não ser que os prejuízos com as térmicas saiam do controle. Além de ter uma matriz limpa, o Brasil precisa entregar uma energia mais barata e decidir quais caminhos serão seguidos exatamente no campo da eficiência energética.

O professor da Unicamp Gilberto Jannuzzi é um defensor da ideia de que o Brasil avance de forma rápida no tema da eficiência energética. Para ele, passou do tempo de o País decidir como pretende consumir sua energia. “Mesmo com todas as fontes renováveis funcionando, não há energia que dê conta de uma demanda baseada na ineficiência.”

Para Jannuzzi, na construção civil, por exemplo, existem muitos avanços que podem ocorrer. “Há prédios construídos hoje que ainda demandam muita energia e o uso constante do ar-condicionado. Temos que olhar direito para isso e para como construímos nossas cidades e nossos sistemas de mobilidade”, afirma o pesquisador.

Como também encaminha o PNE 2050, o Brasil tem várias políticas públicas voltadas para o aumento da eficiência energética, mas outros caminhos precisam ser abertos. Mas, nesse caso, entra em cena outro gargalo segundo Jannuzzi, que é a falta de coordenação entre os entes governamentais. “A governança de tudo isso tem sido um problema. Existem vários incentivos, por exemplo, que podem ser mais bem ajustados.”

NO FIM DE UM RELACIONAMENTO A VIDA CONTINUA

Andrea Ladislau

Todo e qualquer ruptura relacional pode provocar desconfortos. O fim de um relacionamento, em sua grande maioria, apresenta aspectos bastante delicados, principalmente quando ainda se tem um sentimento pela outra pessoa.

Afinal, somos seres individuais e cada pessoa irá sentirva relação de uma forma. Por essa razão, grande parte das pessoas passa por uma fase de luto ao romper um namoro ou casamento, simplesmente por ser um acontecimento que traz grandes mudanças, o que faz com que seja um tanto quanto desafiador processar todas as informações e se acostumar a viver sem a companhia do outro.

Caso esteja passando por isso, saiba que, por mais doloroso que seja, é um período necessário, para que, em seguida, possa se reerguer e encontrar novos caminhos para ser feliz.

Se formos pensar bem, esse momento de desencontro no amor traz a oportunidade para que você se encontre consigo mesmo, cuide mais de si, se permita conhecer coisas novas, enfim, se conecte com a sua essência para que dessa maneira se fortaleça e recomece. Não é o fim do mundo.

Vamos a algumas dicas que podem ajudar a enfrentar esse momento delicado:

Reconheça suas emoções:

Por mais que a negação seja um estágio natural do luto, é importante que evite passar muito tempo negando o que está sentindo. Aceitar suas emoções é fundamental para que consiga lidar com elas positivamente.

1 – Não caia na tentação de ficar revirando as redes sociais do (a) Ex:

As redes sociais são uma forma prática de se comunicar e encurtar distâncias, mas nesse caso deve-se evitá-las se o intuito for monitorar a vida do ex par. Utilizar opções como cancelar assinatura do perfil do outro ou mesmo bloqueá-lo é uma forma de evitar sofrer ainda mais.

2 – Pratique o autocuidado:

Quando se está em um relacionamento é natural querer se dedicar ao outro. Então, que tal aproveitar esse momento para se colocar como prioridade e cuidar de si? Faça coisas que te proporcionem bem-estar.

3- Deixe o novo entrar e se permita viver coisas novas:

O fim de um ciclo se mostra como uma excelente oportunidade para iniciar algo novo e se redescobrir. Permita-se ir a lugares diferentes, conhecer pessoas, aprender coisas novas, se abra para o universo de possibilidades que a vida oferece.

4 – Pratique atividades físicas:

 É natural querer ficar em casa sem fazer nada. Entretanto, se continuar assim por muito tempo, isso poderá ser o início de um ciclo de inércia. Dessa forma, procure realizar algum tipo de atividade física. Qualquer atividade, o importante é se exercitar.

A grande verdade é que o momento é delicado e de grandes mudanças, mas pode proporcionar muito autoconhecimento e aprendizado.

Lembre-se sempre de cuidar de si com carinho, pois assim estará pronto para viver novas experiências e ser feliz.

A vida continua.

 

A DISCÓRIDA UMA DOS PECADOS DO HOMEM

 

  1. Cultura 

Achar-se superior aos outros é atitude que agitava o mundo e o Olimpo ainda antes da internet

Leandro Karnal, O Estado de S.Paulo

Ela era rancorosa. Adorava semear intrigas. Amarga ao extremo, fazia detrações contínuas. Todas passaram a evitar Éris, a encarnação da discórdia. Deixou de ser convidada e ficou ainda mais amarga. Pior, houve uma disputada festa de casamento e ela desejava muito ter recebido a cartinha com seu nome. O envelope nunca chegou. Vingou-se com um plano maligno que provocaria uma guerra longa e mudaria toda a literatura ocidental. 

“Não me queriam com os noivos? Sem problema. Vou estragar o banquete deles!” Éris mandou forjar uma belíssima fruta de ouro. Era uma obra de arte, um troféu. A deusa das dissensões sabia muito sobre a natureza de todos e apostou na vaidade como mecanismo de desforra da sua dor social. Para aumentar, ela cunhou sobre a peça: “Para a mais bela”. Viraria um prêmio disputado pela soberba das deusas. Daria confusão saber quem obteria a peça e era, exatamente, o que Éris desejava. 

O plano foi executado com perfeição. Ao perceberem a fruta dourada sobre a mesa, instalou-se ruidosa discussão. Afrodite/Vênus (registro os nomes grego e romano) pegou-a com natural homenagem: ela era a deusa do amor e da beleza. Palas Atena/Minerva era igualmente cheia de ideias elevadas sobre si. A esposa do chefe, Hera/Juno, achou que o posto lhe dava a vitória no certame indireto que o plano malévolo de Éris engendrava. Zeus/Júpiter tinha um grave problema pela frente: indispor-se com qual das três mulheres? Tema delicado. 

O caminho é conhecido por quem lê mitologia. O poder olímpico mais alto encarregou um pastor-príncipe, Páris, de escolher o destino do fruto da discórdia. O juiz escolheu Vênus como a vencedora, por ela ter lhe oferecido o amor de Helena, a mais bela das mortais. As outras deusas ficaram muito irritadas e todo o conflito está na origem da Guerra de Troia. Achar-se superior aos outros e querer o reconhecimento de tal desnível agitava o mundo ainda antes da internet. 

Páris escolhe a deus mais bela, em tela do alemão Lucas Cranach: conflito criado por Éris, a discórdia
Páris escolhe a deus mais bela, em tela do alemão Lucas Cranach: conflito criado por Éris, a discórdia Foto: Reprodução/Meropolitan Museum

Meu objetivo não é o choque registrado na Ilíada de Homero. Quero falar de Éris. Ela era filha da rainha do Olimpo. Sua mãe a rejeitara. Motivo? Não era muito bonita. Os romanos a batizaram, mais latinamente, de Discórdia. Rejeição da mãe, falta de beleza? Fica compreensível que ela tivesse o gênio difícil. Em outra fonte, Hesíodo, o escritor associa a deusa à noite (Nix) e a torna mãe de entidades tristes como Hisminas (deusa das discussões), Disnomia (deusa do desrespeito) e o triste Ponos, entidade do desânimo e da fadiga. 

Deusa amarga, rejeitada e geradora de sérios atritos entre homens e deuses. Sempre admirei quem atribuísse seus maus bofes, seu azedume a uma entidade externa. Você tende a brigar muito? Não, responderia um grego piedoso, foi a deusa Éris que falou por mim. Bebe demais? Não. São espíritos alcoólicos que me induzem para que eu me encharque no vício. Deusas, deuses, espíritos, almas perdidas, demônios, entidades malévolas seriam os verdadeiros causadores do mal. As vozes me ordenaram que atacasse você. Obsessores fizeram com que eu postasse este ataque. 

A questão central é óbvia: a omissão do sujeito e o ato de delegar suas escolhas a terceiros, visíveis ou invisíveis. Não compartilho dessa crença consoladora. Meus ressentimentos brotam de mim. Sou minha Éris quando, por falta de autoconhecimento, sou controlado pela dor ou pelo veneno da inveja. Eu crio o veneno, elaboro e destilo o fel, bebo, cuspo e vomito sobre o mundo. O ódio é meu. O desânimo me pertence. Provocar discórdia pode ser um prazer Karnal. Meus defeitos possuem meu nome e sobrenome. Creio que alguma virtude que eu possa ter, igualmente, apresente minha rubrica autoral. Mesmo que houvesse espíritos malignos ou benignos, entidades inspiradoras ou destruidoras da paz, eu teria de dar ouvido a elas. Assim como a lei brasileira não vai me livrar da cadeia se eu ceder à “lábia” de um criminoso e participar de um ato vil, ouvindo santos ou bandidos eu serei Leandro sempre. Sempre acreditei nisto: a absoluta responsabilidade dos meus atos. 

Não interpreto essa ideia (em parte elaborada com a leitura de Sartre) como vaidade de me achar importante. Não! Considero uma espécie de prisão que encerra minha consciência e que me leva a aceitar ou rejeitar influências. 

Como Hamlet, posso dizer a algum Laertes ofendido que, se a loucura do príncipe o ofendeu, eu também sou inimigo dela. É um excelente álibi. Pelo menos posso invocar a multiplicidade de ações que eu posso engendrar. Sou multifacetado e vivo no tempo soberano, logo, o Leandro de ontem agrediu? Lamento, era eu mesmo, integralmente, mas hoje eu percebo que fui idiota. Não foi Éris, não foi o Hamlet-louco, porém, Leandro. O Leandro mais calmo, hoje, insiste no pedido de perdão. Um dia, os deuses, contemplando as chamas de Troia e as muitas tragédias provocadas pela fruta dourada, teriam pensado: tudo isso foi culpa da deusa terrível. Os deuses poderiam fazer psicanálise? Tenho esperança. 

* Leandro Karnal é historiador, escritor, membro da Academia Paulista de Letras e autor de A Coragem da Esperança, entre outros

O HOMEM QUE ACEITOU GRANDES DESAFIOS E OS VENCEU

 

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O que você faria se recebesse um convite “aleatório” de um dos maiores gênios da nossa sociedade que estava com sua reputação bastante abalada para tocar um negócio duvidoso que estava deficitário?

Para pessoas comuns que buscam algo mais previsível, que não estão dispostas a correr riscos nem de fazer apostas absurdas, esse convite seria prontamente negado.

Porém, diferente destas, quando Lawrence Levy recebeu esse telefonema de Steve Jobs sendo convocado para salvar a empresa Pixar da lama, salvar a reputação de Steve e tornar essa empresa um negócio exponencial, ele aceitou.

Você acharia isso loucura?

Talvez alguns possam chamá-lo de louco, mas, na verdade, Lawrence Levy, assim como poucos executivos no mundo, é um homem à frente do seu tempo com características de um gestor exponencial – e foi isso que Steve viu nele ao realizar o chamado.

O desafio de transformar a Pixar de uma empresa gráfica deficitária para uma empresa bilionária, sem dúvidas, não foi uma tarefa fácil, porque Lawrence e Steve precisaram vencer várias barreiras, como as limitações tecnológicas para produção das grandes ideias que eles conseguiam estimular seus times a criar.

Por exemplo, o filme Toy Story, que foi grande sucesso de bilheteria, não teria alcançado seu nível de produção e resultado se tivesse sido lançado alguns anos antes devido às limitações tecnológicas e gráficas para produzir da forma como eles idealizaram.

Lawrence precisou ser estrategista, saber correr riscos ainda que altos e também ser gestor de um grande time com o objetivo de alcançar os resultados traçados inicialmente com Steve.

Após 12 anos trabalhando lado a lado com Steve Jobs na Pixar, Lawrence conseguiu fazer o que, naquela primeira ligação, parecia impossível:

Transformou a Pixar em um negócio gráfico quase falido em uma das maiores empresas de entretenimento do mundo;

Recuperou a reputação de Steve Jobs;

Realizou o IPO da Pixar;

Realizou a venda da Pixar para Disney em 2006 por 7,6 bilhões de dólares;

Tornou Steve Job bilionário por conta disso.

Apesar de, atualmente, estar afastado dos negócios da Pixar, Lawrence Levy, sem dúvidas, carrega uma extensa bagagem quando o assunto é Gestão Exponencial, criação de negócios de extremo valor e também elaboração de estratégias para diferenciação competitivas.

Se você achou a história dele incrível, imagine como ele poderia ajudar você a escrever a sua própria história de sucesso.

Vale a pena ler qualquer semelhança será mera coincidência !!!

Autor desconhecido

Um ladrão entrou no banco gritando para todos:

” Ninguém se mexe, porque o dinheiro não é seu, mas suas vidas pertencem a vocês.”

Todos no banco ficaram em silêncio e lentamente se deitaram no chão.

Isso se chama CONCEITOS PARA MUDAR MENTALIDADES

Mude a maneira convencional de pensar sobre o mundo.

Com isso, uma mulher ao longe gritou: ” MEU AMOR, NÃO SEJA RUIM PARA NÓS, PARA NÃO ASSUSTAR O BEBÊ “, mas o ladrão gritou com ela:

“Por favor, comporte-se, isso é um roubo, não um romance!”

Isso se chama PROFISSIONALISMO

Concentre-se no que você é especializado em fazer.

Enquanto os ladrões escapavam, o ladrão mais jovem (com estudos profissionais de contabilidade) disse ao ladrão mais velho (que tinha acabado de terminar o ensino fundamental):

“Ei cara, vamos contar quanto temos.”

O velho ladrão, obviamente zangado, respondeu:

“Não seja estúpido, é muito dinheiro para contar, vamos esperar a notícia para nos contar quanto o banco perdeu.”

Isso se chama EXPERIÊNCIA

Em muitos casos, a experiência é mais importante do que apenas o papel de uma instituição acadêmica.

Depois que os ladrões foram embora, o supervisor do banco disse ao gerente que a polícia deveria ser chamada imediatamente.

O gerente respondeu:

“Pare, pare, vamos primeiro INCLUIR os 5 milhões que perdemos do desfalque do mês passado e relatar como se os ladrões os tivessem levado também”

O supervisor disse:

“Certo”

Isso se chama GESTÃO ESTRATÉGICA

Aproveite uma situação desfavorável.

No dia seguinte, no noticiário da televisão, foi noticiado que 100 milhões foram roubados do banco, os ladrões só contaram 20 milhões.

Os ladrões, muito zangados, refletiram:

“Arriscamos nossas vidas por míseros 20 milhões, enquanto o gerente do banco roubou 80 milhões em um piscar de olhos.”

Aparentemente, é melhor estudar e conhecer o sistema do que ser um ladrão comum.

Isto é CONHECIMENTO e é tão valioso quanto ouro.

O gerente do banco, feliz e sorridente, ficou satisfeito, pois seus prejuízos foram cobertos pela seguradora no seguro contra roubo.

Isso se chama APROVEITANDO OPORTUNIDADES ..

ISSO É O QUE MUITOS POLÍTICOS FAZEM ESPECIALMENTE NESTA *PANDEMIA, ELES A USAM PARA ROUBAR E RESPONSABILIZAR O VÍRUS.

A startup digital ValeOn daqui do Vale do Aço, tem todas essas qualidades, não me refiro aos ladrões e sim no nosso modo de agir:

Estamos lutando com as empresas para MUDAREM DE MENTALIDADE referente à forma de fazer publicidade à moda antiga, rádio, tv, jornais, etc., quando hoje em dia, todos estão ligados online através dos seus celulares e consultando as mídias sociais a todo momento.

Somos PROFISSIONAIS ao extremo o nosso objetivo é oferecer serviços de Tecnologia da Informação com agilidade, comprometimento e baixo custo, agregando valor e inovação ao negócio de nossos clientes e respeitando a sociedade e o meio ambiente.

Temos EXPERIÊNCIA suficiente para resolver as necessidades dos nossos clientes de forma simples e direta tendo como base a alta tecnologia dos nossos serviços e graças à nossa equipe técnica altamente especializada.

A criação da startup ValeOn adveio de uma situação de GESTÃO ESTRATÉGICA apropriada para atender a todos os nichos de mercado da região e especialmente os pequenos empresários que não conseguem entrar no comércio eletrônico para usufruir dos benefícios que ele proporciona.

Temos CONHECIMENTO do que estamos fazendo e viemos com o propósito de solucionar e otimizar o problema de divulgação das empresas da região de maneira inovadora e disruptiva através da criatividade e estudos constantes aliados a métodos de trabalho diferenciados dos nossos serviços e estamos desenvolvendo soluções estratégicas conectadas à constante evolução do mercado.

Dessa forma estamos APROVEITANDO AS OPORTUNIDADES que o mercado nos oferece onde o seu negócio estará disponível através de uma vitrine aberta na principal avenida do mundo chamada Plataforma Comercial ValeOn 24 horas por dia e 7 dias da semana.

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HOMEM COM BOMBAS MORRE AO ATACAR O STF

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