segunda-feira, 22 de novembro de 2021

VOTAÇÃO DAS PRÉVIAS DO PSDB NÃO DERAM CERTO

 


Qual a explicação para o fiasco das prévias do PSDB

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo

João Doria, Eduardo Leite e Arthur Virgílio disputam as prévias do PSDB.| Foto: Divulgação PSDB

Vamos ver o que o PSDB dá como solução para sua prévia fracassada. Foi um fiasco. Fizeram um aplicativo para votar, todo mundo sabia que teria 44.700 eleitores no máximo – eram os cadastrados. E agora alegaram que “não deu conta da demanda”. Era uma votação que era para começar às 7 horas da manhã e terminar às 15 horas da tarde. Chegou às 18 horas e só 10% tinham votado. E mais, com denúncias, como fez a deputada Mara Rocha, deputada federal do Acre, dizendo que tentaram comprar o voto dela. Segundo ela, o pessoal do Doria tentou comprar o voto dela. Os candidatos são João Doria, Eduardo Leite e Arthur Virgílio.

E aí eu fico perguntando: e os votos que já foram marcados, como é que fica? Está guardado lá? Está bem protegido? Ninguém pode mexer? E agora, que explicação vão dar? Avisaram assim: “encontra-se pausado”. Era para apertar no botão de “end” às 15 horas. Às 18 horas estava infindável. Realmente, não deu certo. Como vão resolver essa?

Droga em porto insuspeito

Em um outro registro. Porto de Natal, Rio Grande do Norte, era um porto insuspeito, de um modo geral, pelo menos no noticiário nacional. Agora a gente descobre que apreenderam lá 265 kg de cocaína disfarçada de manga. É o cão cheirando manga. É incrível, mas é verdade. A Polícia Federal, que fez a apreensão, descobriu por cães farejadores. Com todo o perfume da manga, e provavelmente a manga estava sem perfume porque ia embarcar por navio para um porto europeu, Roterdã, na Holanda, e estava indo manga verde.

Eu já adivinho como apareceu essa droga lá, no extremo do Brasil, no saliente nordestino, pertinho do lugar onde Cabral chegou. Veio da Colômbia, entrou, desceu o Amazonas disfarçado, depois provavelmente foi via rodoviária até o lugar de produção, acondicionamento e empacotamento das mangas. Tinha lá um esquema e a Polícia Federal deve ter tido alguma suspeita, algum indício e foi atrás com os cães farejadores.

Por falar nisso, nos últimos 12 meses, contados até início de maio deste ano, houve 100.306 mortes de americanos por super dose, como a gente chama de overdose, de droga. São um dos nossos fregueses, não da nossa cocaína, mas da cocaína que passa pelo Brasil. E 265 kg é muita coisa e a gente vê que estão aproveitando os portos do Brasil. De preferência, os portos menos suspeitos.

Europa se revolta com mais lockdown

Já que eu falei do porto de Roterdã, na Holanda, queria registrar que na Holanda e Bélgica as ruas estão cheias de manifestações. Em Bruxelas, queimaram o carro da polícia. Na cidade de Haia, onde fica o tribunal internacional, cinco policiais foram feridos e 19 pessoas foram presas. É porque estão impondo lockdown de novo. E mais uma dose de vacina. E mais máscara. E mais não sei o quê. Aqui no Brasil, nós brasileiros que já sabemos. Eu tenho dito: eles que aprendam com a gente aqui para fazer o que deve ser feito.

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ALIANÇAS DE MORO ISOLAM CANDIDATURA DE CIRO GOMES

 

Disputa na terceira via
Por
Wesley Oliveira – Gazeta do Povo
Brasília

Filiado ao Podemos, Sergio Moro tenta ampliar seu grupo político para ser o nome da terceira via.| Foto: Saulo Rolim/Podemos

Há pelo menos um ano figurando como terceiro colocado nas pesquisas sobre a disputa eleitoral de 2022, o pré-candidato à Presidência pelo PDT, Ciro Gomes, vai buscar agora inviabilizar a pré-candidatura do ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro, recém-filiado ao Podemos. Reservadamente, pedetistas já admitem que Ciro Gomes terá que mudar a sua estratégia, caso queira viabilizar seu nome para chegar ao segundo turno contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou contra Jair Bolsonaro (sem partido).

Divulgado no mesmo dia da filiação de Moro ao Podemos, o levantamento da Genial/Quaest mostrou o ex-juiz da operação Lava Jato na terceira colocação com 8% das intenções de voto. O ex-presidente Lula lidera com 48%, enquanto o presidente Bolsonaro apareceu com 21% das intenções de voto. Nesse cenário, Ciro Gomes apareceu em quarto lugar com 6%.

Entusiastas da candidatura de Moro, no entanto, apostam que o ex-ministro deverá chegar “aos dois dígitos” nas próximas pesquisas. “Sem dúvida, ele [Moro] tem condições. O eleitor é que vai romper [a polarização entre Bolsonaro e Lula]. O eleitor é quem vai ter a oportunidade de escolher”, diz o general Santos Cruz, um dos articuladores da candidatura de Moro.

Até então apostando em críticas tanto a Lula quanto a Bolsonaro para se viabilizar, Ciro Gomes agora sinaliza que deverá ampliar as críticas também contra Sergio Moro. Segundo aliados do pedetista, a estratégia era atrair o eleitor que votou em Bolsonaro, por causa do antipetismo. No entanto, Moro pode ter mais chances de atrair essa fatia do eleitorado, na avaliação de integrantes do PDT.

“Um juiz que, traindo seu compromisso da magistratura, de julgar, tira um político da disputa e, antes da eleição, aceita se aliar a outro político que foi beneficiado pela exclusão daquele outro político que ele condenou. Isso é uma lesão moral que explica que essa é uma pessoa profunda e definitivamente desonesta”, disse Ciro Gomes na gravação do reality “O Político”.

Além disso, o pedetista afirmou que Sergio Moro é “despreparado” para o cargo de presidente. “Considero ele [Moro] uma pessoa completamente despreparada, que não tem a decência pessoal e não conhece nem remotamente a tragédia brasileira.”


Moro tenta atrair demais partidos da terceira via 

Apesar de abrir diálogo inicialmente com outros partidos da chamada terceira via, Ciro Gomes acabou se afastando do grupo após apresentar resistências em abrir mão de sua própria candidatura. Recentemente, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou que o pedetista não representa os defensores de uma candidatura alternativa a polarização entre Bolsonaro e Lula.

“Não quero ser deselegante com Ciro Gomes, mas não creio que ele possa representar a terceira via. Ele está dentro de uma linha independente, para a qual eu respeito”, disse Doria.

Em outra frente, Moro abriu interlocução com integrantes do o União Brasil e do PSDB. O União Brasil é resultado da fusão do DEM com o PSL, tem como pré-candidato a presidente o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta. A expectativa do grupo é de que o nome mais bem posicionado nas pesquisas seja oficializado na disputa presidencial do próximo ano.

Partidos como MDB, Novo e Cidadania também entraram na mira do ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro, no intuito de ampliar seu grupo político. Pré-candidato pelo Cidadania, o senador Alessandro Vieira (SE) admite que esse é o momento da apresentação dos nomes. “Ele [Moro] fez um discurso de candidato. Futuramente os partidos poderão analisar quais os melhores nomes da terceira via”, disse o senador sergipano.

Sem alianças nacionais, PDT busca palanques regionais para Ciro
Preterido pelos demais partidos da terceira via, aliados de Ciro Gomes apostam na construção de alianças nos estados para tentar garantir palanques ao pedetista. Na Bahia, por exemplo, o PDT mantém proximidade com ACM Neto, pré-candidato ao governo estadual pelo União Brasil.

“Nós temos a única via real de crescimento para o país, um consolidado projeto nacional de desenvolvimento e um candidato com nome e sobrenome para exercê-lo, que é o Ciro Gomes. Para isso, a gente precisa de palanque, o que só conseguiremos construindo alianças”, afirma Carlos Lupi, presidente nacional do PDT.

Em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, o PDT tenta se aliar ao grupo do ex-governador Márcio França (PSB). Contudo, França tem apostado numa ponte entre o ex-presidente Lula e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB). Alckmin está de saída do PSDB e pode se filiar ao PSB. Com isso, o principal aliado de Ciro Gomes no estado deve ser o apresentador de TV José Luiz Datena, que pretende disputar o Senado pelo PSD.

Em Pernambuco, a cúpula do PDT já sinalizou que não apoiará o PSB, com o qual tem aliança desde 2006, se a sigla apoiar o ex-presidente Lula no estado. Como plano B, Ciro já ensaia uma aliança com o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (DEM), pré-candidato a governador. Filho do líder do governo Bolsonaro no Senado, senador Fernando Bezerra (MDB-PE), Miguel Coelho já sinalizou que não tem restrições em oferecer palanque ao pedetista.

No Rio de Janeiro, o pré-candidato ao governo pelo PSB, Marcelo Freixo, passou a ser cortejado pelos pedetistas. Freixo, contudo, mantém interlocuções com Lula e já sinalizou que pretende dar preferência ao petista diante das costuras feitas pelo PSB. Nesse cenário, o ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves poderá ser lançar na disputa ao governo do estado para garantir palanque para Ciro Gomes.

Metodologia de pesquisa citada na reportagem
O levantamento da Genial/Quaest foi feito presencialmente entre os dias 3 e 6 de novembro com 2.063 entrevistas em 123 municípios nos 26 estados e no Distrito Federal. O nível de confiança da pesquisa é de 95%, e a margem de erro, de 3%, para cima ou para baixo.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/republica/como-as-aliancas-de-moro-podem-isolar-a-candidatura-de-ciro-gomes-para-2022/
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POLÊMICAS FABRICADAS PELA OPOSIÇÃO ANTES DA PROVA E NADA DISSO ACONTECEU

 

História
Polêmicas fabricadas no Enem: regime ou ditadura militar, revolução ou golpe

Por
Diogo Schelp – Gazeta do Povo

Policiais reprimem manifestação de estudantes contra a Ditadura Militar, no centro de São Paulo, no dia 24/08/1977| Foto: ADRIANA NERY/Estadão Conteúdo ARQUIVO

Um debate sério a respeito da recente polêmica envolvendo as acusações de interferência política nas questões do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), realizado neste domingo (21), não deveria ser feito sem a leitura de um livro recém-publicado pelo historiador Rodrigo Patto Sá Motta, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e um dos maiores estudiosos da ditadura militar do país.

“Passados Presentes” (Zahar; 336 páginas; 69,90 reais) foi escrito justamente com a finalidade de desfazer os atuais mitos em torno do regime político que vigorou no Brasil entre 1964 e 1985. Regime militar ou ditadura militar? Revolução ou golpe de 1964? Até que ponto a “ameaça comunista” era real? Os militares no poder tinham apoio majoritário da população? A repressão do Estado era proporcional à violência de esquerda? Havia menos corrupção? Qual foi o legado do chamado milagre econômico? Esses são alguns dos temas abordados pelo historiador.

O autor começa com um alerta para o perigo de se reduzir o debate histórico a uma questão de opinião. Historiadores, como cidadãos de qualquer outra profissão, têm suas preferências políticas e ideológicas, mas, ao produzir “conhecimento sobre as ações humanas no tempo”, precisam coletar e analisar as evidências documentais com base em métodos científicos de maneira equilibrada e dentro de limites éticos.

Não se pode, por exemplo, pegar evidências a dedo e ignorar o contexto geral ou o conhecimento acumulado sobre aquele tema, como muitas avaliações “opinativas” disseminadas nas redes sociais costumam fazer.

“Passados Presentes” tem o mérito de lançar luz sobre as polêmicas que a polarização política atual no país fabricou, desfazendo mitos com base em fatos e no relato objetivo dos acontecimentos, sem paixões ideológicas ou maniqueísmos.

A começar por um dos pontos centrais da polêmica envolvendo o Enem deste ano. Servidores do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) que pediram exoneração afirmam terem sido pressionados para substituir, nas questões da prova, a expressão “ditadura militar” por “regime militar”.

Motta afirma em seu livro que “ditadura” é a “definição mais precisa”, mas ele também se vale de “regime militar” e “regime autoritário” para se referir ao período, ainda que alguns historiadores considerem essas expressões mais brandas. “Regime militar”, portanto, não está incorreto, mas o que se viveu entre 1964 e 1985 foi mais do que isso.

Negar o caráter ditatorial dos governos militares iniciados em 1964 tem como objetivo conceder uma imagem mais positiva às lideranças políticas (o presidente Jair Bolsonaro, por exemplo) que “se apresentam como herdeiras do legado de 1964”, explica Motta.

Como se pode verificar pela discussão levantada na semana passada com a visita de Bolsonaro às monarquias árabes do Oriente Médio, o governo atual, por mais nostálgico que seja do período militar, não quer ser visto como afeito a ditaduras — a ponto de o presidente, em sua última live semanal, ter sentido necessidade de relativizar o autoritarismo dos governos dos países que ele visitou, afirmando que não são tão ruins quanto as ditaduras de esquerda, como a de Cuba. (Enquanto isso, no outro extremo, Lula relativiza a ditadura cubana.)

A configuração política do regime iniciado em 1964 e a maneira como foi instaurado não deixam dúvidas de que se tratava, sim, de uma ditadura, como demonstra Motta de maneira minuciosa e didática em seu livro.

O autor define uma ditadura moderna como um regime em que “uma pessoa ou grupo mantém-se no comando estatal por meios essencialmente coercitivos, o poder é concentrado de maneira autoritária e são criados meios para bloquear regras sucessórias democráticas”.

O regime instaurado em 1964 nasceu da ruptura da ordem constitucional, pois o presidente João Goulart, gostando-se ou não dele, havia sido legitimamente eleito, teve o poder presidencial reafirmado em plebiscito e viu-se forçado a seguir para o exílio para evitar o “derramamento de sangue” que poderia ocorrer em reação aos tanques nas ruas. Voltaremos ao tema golpe ou revolução mais adiante.

Além disso, a nova ordem política suspendeu eleições para presidente e governadores e recorreu à violência estatal (torturas, desaparecimentos e censura) para garantir o status quo, ou seja, o poder na mão de militares, sempre generais de quatro estrelas. Vemos aí a tríade da definição de ditadura: uso de meios coercitivos, poder concentrado e eliminação de regras de sucessão democráticas.

O autor destaca, porém, uma particularidade da ditadura brasileira: ela manteve alguns preceitos das democracias liberais e tratou legitimar seus atos por meio de leis. Com isso, procurava atribuir-se legitimidade política e ter argumentos para rechaçar a classificação de ditadura. São as mesmas justificativas usadas até hoje, aliás.

Assim, os Poderes Legislativo e Judiciário foram mantidos em funcionamento, assim como os partidos políticos. Os presidentes tinham mandatos fixos, passando uma falsa ideia de alternância de poder, pois apenas militares de alta patente ocupavam o posto, pelo qual outros cidadãos não podiam concorrer livremente, como ocorre em uma democracia.

Essa dualidade, ou melhor, a necessidade de manter o verniz de instituições liberais como fachada para o regime, fez com que a ditadura deixasse “alguns espaços à oposição que serviram, em certos momentos, de contrapeso às ações do Estado”, descreve o autor do livro.

O governo Bolsonaro também é acusado de pressionar para que as questões do Enem não tratassem a queda de Goulart em 1964 como um golpe de Estado, e sim como uma revolução para conter o “perigo vermelho”, ou seja, a ameaça comunista.

Revolução não foi, demonstra Motta. Primeiro porque, nas revoluções, as transformações na ordem políticas são impostas de fora para dentro. Em 1964, a ruptura foi promovida de dentro, ou seja, por integrantes do “próprio aparelho do Estado” — no caso, por militares de alta patente.

Segundo, Goulart não teria abandonado o posto e partido para o exílio se não fossem as movimentações das tropas e a preocupação de se evitar uma guerra civil.

Terceiro, em um ato ilegal, o Congresso empossou o presidente da Câmara no comando do país quando Goulart ainda estava em território nacional e, nove dias depois, mais uma vez ao arrepio da Constituição, elegeu o general Humberto Castello Branco para a presidência.

O fato de terem tido apoio de uma parcela da população, como confirma Motta, não faz com que os acontecimentos de 31 de março/1º de abril mereçam menos serem chamados de golpe.

E teria sido esse golpe realmente necessário para impedir que o Brasil se tornasse uma ditadura comunista, um suposto mal menor para conter um mal maior?

Motta elenca uma série de dados concretos a respeito da real força dos comunistas no país e conclui que esse risco não existia ou, pelo menos, não era iminente. João Goulart estava longe de ser um líder comunista, ainda que contasse com o apoio circunstancial e estratégico de uma parte da esquerda mais radical. De linhagem trabalhista e caudilhista, Jango na realidade buscou até o fim, apesar o ambiente absolutamente polarizado do país, obter uma acomodação entre setores de esquerda e de direita.

Ele cometeu alguns erros que levaram à sua ruína política (e a graves problemas econômicos), mas seu projeto não era a construção do comunismo. Nem tinham os verdadeiros comunistas uma força política significativa, influência ou mesmo planos revolucionários imediatos para a implantação de um novo regime.

Ainda que tivessem, como bem lembra o autor de “Passados Presentes” respaldado pela experiência de outros países, isso não significa que um golpe militar e a instauração de uma ditadura de direita fossem a única alternativa para contê-los.

Na realidade, a implantação da ditadura militar acabou por precipitar a pegada em armas por alguns setores da esquerda radical. Algo que não estava em seus planos antes.

O temor do “perigo vermelho” era um sentimento em parte sincero, ainda que infundado, de setores que apoiaram o golpe. Outros se valeram desse medo como desculpa para tirar Goulart do caminho e chegar ao poder.

Uma análise honesta da história não precisa mistificar ou endeusar figuras como Goulart ou carregar nas tintas ao descrever os governos militares para dar aos eventos do passado, mais presentes do que nunca, o seu verdadeiro nome: golpe, ditadura militar e todas essas palavras que se tornaram tabu no governo Bolsonaro.

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A IMPORTÂNCIA DAS VACINAS QUE SALVAM VIDAS

 

  1. Saúde 

Idealizado pela Sociedade Brasileira de Infectologia, Movimento Vacinação pretende reverter a tendência de queda na cobertura vacinal no Brasil

Movimento Vacinação, Estadão Blue StudioConteúdo de responsabilidade do anunciante

Movimento Vacinação
Divulgação

Se os dois últimos anos tiveram algumas lições a nos ensinar, a principal delas foi ressaltar a importância das vacinas. A média móvel de mortes por covid-19 no País, que bateu a trágica marca de 3.120 óbitos diários na primeira quinzena de abril, vem caindo sem parar desde que a vacinação engrenou. Ainda é cedo para decretar o fim da pandemia, mas já é possível ver uma luz no fim do túnel.

Apesar dessa lição tão clara, nos últimos anos, o Brasil – que já foi um aluno exemplar na matéria – tem se saído cada vez pior no que diz respeito aos números de vacinação. Dados compilados pelo Ministério da Saúde mostram que desde 2015 as baixas coberturas vacinais vêm se acentuando. A consequência disso é que algumas doenças que já haviam desaparecido graças à vacinação têm retornado, como o sarampo. O Brasil perdeu em 2019 a certificação de país livre da doença, conferida pela Organização Panamericana de Saúde (Opas), e, em 2020, registrou  mais de 20,9 mil casos de sarampo no País.

Movimento

Para virar esse jogo, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) lançou, no final de setembro, o Movimento Vacinação. A iniciativa procura relembrar à população a importância da imunização. “Essa campanha tem por objetivo resgatar a boa situação de vacinação que nós tínhamos no Brasil”, informa o presidente da SBI, doutor Clóvis Arns da Cunha, em entrevista concedida à jornalista Rita Lisauskas.

O Brasil já foi um exemplo para o mundo nesse campo, recorda o médico. “Mas, infelizmente, mesmo antes da pandemia da covid-19, as pessoas começaram a se vacinar menos”, lamenta. Ele atribui a responsabilidade por essa queda aos movimentos antivacina que vêm surgindo mundo afora. “Eles espalham fake newsTodos os dias a gente vê e ouve notícias completamente ignorantes e erradas. Isso assusta a população”, prossegue. Para tentar reverter esse quadro, , o Movimento Vacinação iniciou uma parceria com a Agência Lupa de checagem de dados para combater notícias falsas sobre vacinas. Assista à integra da entrevista

Felizmente, a situação parece ser reversível, como mostra o sucesso da campanha de vacinação contra a covid-19. Nas maiores cidades do País, 99% da população maior de 18 anos já recebeu pelo menos uma dose do imunizante. “Mesmo numa situação em que não recebemos todo o apoio que deveríamos, conseguimos convencer a população a se vacinar”, comemora Arns.

Na opinião da coordenadora do Movimento Vacinação, a infectologista Rosana Richtmann, esse sucesso mostra que, no fundo, o brasileiro “tem um DNA que é pró-vacinação” e que, muitas vezes, o que falta ao cidadão é a informação correta. “A ideia de nosso movimento é fazer uma comunicação adequada com a população como um todo”, ressalta.

Para alavancar ainda mais a campanha, a vacinação será um dos assuntos do22º Congresso Brasileiro de Infectologia, que acontecerá em Goiânia (GO) entre 14 e 17 de dezembro. Além de tema central em várias palestras, a imunização também será o foco de um curso realizado durante o evento. 

Informação fundamental

O sucesso da vacinação no Brasil pode ser corretamente medido por meio da queda na mortalidade infantil. Desde que o Programa Nacional de Imunização (PNI) foi lançado, em 1974, houve uma melhora de 90% nesse indicador. “A imunização foi o pilar fundamental [nessa redução]”, apontou a coordenadora do Movimento Vacinação, a infectologista  Rosana Richtmann, em podcast produzido pelo EstadãoOuça aqui

Durante a conversa, a infectologista afirmou que o Brasil tem um sistema de imunização robusto, que começa a proteger os brasileiros antes mesmo de nascerem, com a imunização das grávidas para algumas doenças importantes. E, ainda na maternidade, o recém-nascido já recebe as vacinas contra a tuberculose e a hepatite B. São os marcos iniciais de um calendário de vacinação que vai acompanhá-lo ao longo de toda a vida.

“Os calendários são muito bem pensados em termos de intervalo entre as doses e incidência das doenças, e tudo embasado em dados sobre o que está acontecendo no Brasil a cada ano”, ressaltou Rosana. A médica lembrou, ainda, que não são apenas as crianças que precisam ser vacinadas: adolescentes e adultos também têm calendários que devem ser seguidos.Tudo o que sabemos sobre:Organização Panamericana de SaúdePNI [Plano Nacional de Imunização]vacinação

CURTIDAS DEFINEM O SUCESSO DO MARKETING DE CONTEÚDO

 

 Por Redator –  Fábio Ricotta


Sem dúvidas, uma das métricas mais utilizadas para avaliar o potencial de um conteúdo são as famosas curtidas. Fábio explica que tanto as curtidas como os compartilhamentos são avaliações que não medem realmente o valor de uma produção. Afinal, atualmente os usuários utilizam o recurso dos likes constantemente e não são apresentados resultados palpáveis.

Para saber o que observar e como analisar o andamento dos resultados dos seus conteúdos, prestar atenção em alguns dados é fundamental. Para não restarem mais dúvidas, Fábio explica algumas métricas:

Tráfego

De acordo com Fábio, a primeira métrica que deve ser levada em consideração é o tráfego da página, principalmente o orgânico. Ou seja, ao realizar a análise, é possível compreender como o conteúdo está performando no Google. Dessa forma, podem ser realizadas melhorias para conseguir conduzir um volume de usuários maior para a página e aproveitá-los de alguma forma, promovendo uma maior interação.

Outra visão interessante de tráfego é observar informações referentes às outras plataformas, como o Facebook. Por exemplo, é possível fazer a análise da quantidade de acessos ocorridos em decorrência de publicações originadas na rede social. Com isso existe a possibilidade de detectar a relevância do seu conteúdo para os usuários, sem tomar nota apenas das curtidas e compartilhamentos, como também focando nos acessos que sua página está ganhando.

Fábio conclui que o tráfego é uma ótima maneira de analisar se o usuário está acessando o site para consumir as informações na íntegra.

Impressões

Outro fator interessante são as impressões. A métrica existe na ferramenta do Google Search Console e faz referência à quantidade de vezes que uma página foi exibida. Ou seja, o dado é um indicador visível antes de ocorrerem os cliques.

Para análise, ao observar o aumento no número de impressões, é possível compreender como um bom sinal, pois demonstra o crescimento. O que influenciará posteriormente no aumento do tráfego orgânico.

Fábio levanta a importância em não analisar apenas uma URL única. Para conseguir ampliar a visualização, basta abrir o Google Search Console selecionar a ferramenta Search Analytics e trocar a opção para impressão no lugar de cliques. O CEO da Agência Mestre dá a dica de escolher o período de tempo, como, por exemplo, últimos 90 dias.

Cliques

Analisar a quantidade de cliques realizados por meio de um resultado de busca é muito importante. Dessa forma é possível compreender a relevância do conteúdo para os usuários que estão buscando aquele tipo de informação. Fábio indica realizar a análise por URL e pelo site por um todo.

Bounce Rate

O Bounce Rate ou Taxa de Rejeição é uma métrica difícil de ser analisada de maneira útil, além de ser custoso conseguir tirar insights interessantes. A dica do CEO é comparar a taxa de uma única página com a média do site. Assim é possível realizar uma análise mais válida e assertiva para cada tipo de conteúdo existente.

Uma boa estratégia é verificar também o tempo da sessão do usuário e a quantidade de páginas acessadas por visita.

Percentual de Scroll

Por último, Fábio sugere acompanhar o percentual de scroll da página (o quanto o usuário caminha). Esse estudo possibilita aferir o quanto o seu conteúdo pode ser relevante para o usuário. O plugin  Scroll Depth facilita o processo com scripts prontos e os dados obtidos são captados no Google Analytics para que possa ser feita uma análise mais completa.

Dica extra

Ricotta ainda entrega mais uma dica para quem quer analisar a performance de e-books. Na Agência Mestre são adicionados links no interior do material. Com isso, é possível visualizar o número de pessoas que estão acessando o site, por meio do e-book.

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domingo, 21 de novembro de 2021

A ACADEMIA DE LETRAS ESTÁ DANDO VEZ AGORA PARA ARTISTAS E CANTORES

 

SOBRE A INCLUSÃO DA GLOBAL FERNANDA MONTENEGRO PRA ACADEMIA DE LETRAS EIS O QUE SE PODE CHAMAR DE FIASCO

✍🏻  Tomaz de Figueiredo – William Horta

A Academia Brasileira de Letras nunca esteve tão em evidência antes da discutível, e um tanto absurda, nomeação da atriz Fernanda Montenegro à cadeira de número 17.

Aos 92 anos de idade, com uma admirável carreira de atriz, com diversos trabalhos na TV, teatro e nos cinemas, vem atuando exaustivamente no papel vitalício de militante da terceira idade, repetindo o discurso bobo de um adolescente quando se mete a falar de politica.

Fernanda é do tipo que rotula com os piores adjetivos o atual presidente da República, mas nutre admiração por Sergio Cabral, criminoso condenado a “somente” 393 anos de reclusão. Praticamente um anjo barroco de tão puro e sereno.

A atriz que já foi laureada com muitos “prêmios” no Domingão do Faustão, aparentemente possui uma pífia carreira como escritora, tendo apenas publicado em quase um século de vida, de acordo com os jornais, apenas duas obras:

“Prólogo, ato, epílogo”, onde narra suas memórias e “Fernanda Montenegro: itinerário fotobiográfico”, livro de fotos que contam a sua trajetória pessoal e profissional.

Você deve estar pensando agora: “a pessoa escreve dois livros, sobre ela mesma, sendo um deles praticamente um álbum de fotografias e recebe título de imortal na Academia brasileira de letras?”🤔

Sim. É isto.

O estatuto da Academia Brasileira de Letras estabelece que para se candidatar à uma vaga de “imortal” é necessário ser brasileiro nato e ter publicado, em qualquer gênero da literatura, obras de reconhecido mérito ou, fora desses gêneros, livros de valor literário.

Eu, como tenho sete livros publicados, centenas de artigos em jornais e revistas, uma dezena de peças teatrais e diversas canções gravadas, poderia me candidatar a uma vaga, mas como tenho alergia a mofo, não gosto de falar a meu respeito e nem tenho nenhuma vaidade, prefiro que minha obra seja lida, algo não muito comum na vida dos “imortais” da ABL.

Aliás, visite a Editora Zelig e conheça meus livros, já que não sou “imortal”.

Quando um “imortal” morre (?), a cadeira fica vaga e será ocupada por outro “imortal” escolhido mediante eleição por escrutínio secreto. Fernanda Montenegro, que concorreu sozinha, faturou a vaga, mas não por unanimidade, o que mostra que ainda restou um pouco de bom senso entre alguns discretos “imortais”.

Mas não pense você que Fernanda é a única “imortal” com uma carreira (??) literária mais do que insignificante.

A cadeira 7, que já foi de Euclides da Cunha e Castro Alves, hoje pertence ao cineasta Cacá Diegues. Entendeu como funcionam as regras do “clubinho”?

Tenha viés político declarado, mas do lado da turma, e pronto: a vaga já é sua.

Até o caricato e desprezível jornalista da Globis, Merval Pereira, ocupa hoje a cadeira 31, assim como seu ex patrão, Roberto Marinho, e dois ex presidentes, FHC e Sarney.

Paulo Coelho, que ao menos escreveu livros de conteúdo duvidoso, mas que se tornaram best sellers, ocupa a cadeira 21, outrora pertencente a José do Patrocínio.

Curioso que sou, fui pesquisar sobre os laureados e para meu espanto, eu um leitor voraz, nunca ouvi falar de 80% que lá está.

Mas também não é por menos, já que as obras de tais escritores são restritas a um público restrito, que eu diria ser ainda mais restrito que o meu, que já também não sou conhecido.

Estranhamente, gente como Nelson Rodrigues, o maior dramaturgo e cronista do país, não se tornou “imortal”, ao menos pela ABL, claro.

Mesma coisa com Millor Fernandes, indiscutivelmente uma das mentes mais brilhantes do mundo das Letras, mas desprezado pela Academia.

O poeta Mario Quintana, meu favorito dos brasileiros, concorreu três vezes e não foi eleito.

Já o nobre e absursamente talentoso Carlos Drummond nunca quis se candidatar à vaga, assim como Clarice Lispector, que também jamais mostrou interesse algum pela ABL.

Aqueles que se emocionaram com a história da cachorra Baleia e a família com quem vive na seca do sertão nordestino, trama contada em  “Vidas Secas”, vão se impressionar ao descobrirem que Graciliano Ramos nunca foi eleito à uma vaga de “imortal”, assim como seu colega Monteiro Lobato, pai de Emília, e o gigantesco poeta Paulo Leminski, ambos também injustamente ignorados.

Mas afinal quem se importa com a ABL?

A verdadeira imortalidade não está numa cadeira de clube de “amigos duvidosos”, mas sim na própria obra, pois esta sim, tal qual seus escritores, não morre jamais.

Parafraseando Groucho Marx, o único “marxista” que merece algum respeito, eu também jamais entraria num clube que aceite eu ou Fernanda Montenegro como sócios.

É CRIME NÃO TER EMPREGADOS NEGROS NAS EMPRESAS?

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo

Reprodução de foto utilizada por entidades antirracistas e feministas em ação contra empresas por “racismo”, “machismo” e “preconceito”.| Foto: Reprodução

O proverbial estrangeiro – ou alienígena – que desembarcasse no Brasil de 2021 e presenciasse um processo surreal que se desenrola no Rio Grande do Sul certamente pensaria que, no país, a lei penal foi abolida e substituída pelas sensibilidades identitárias. Foi assim que uma simples foto de um grupo de funcionários de uma empresa deu margem a uma ação civil pública que segue seu caminho no Judiciário trabalhista gaúcho sem que haja o menor indício de que alguma lei tenha sido desrespeitada.

A Ável Investimentos, empresa credenciada da XP Investimentos em Porto Alegre, publicara em seus perfis nas mídias sociais uma fotografia de cerca de uma centena de seus funcionários, feita no terraço da sede da corretora. A patrulha identitária logo se inflamou contra as duas empresas, já que a maioria dos fotografados era de homens, brancos e jovens. Em uma demonstração da insanidade dos tempos atuais, em que desagradar tais patrulhas é considerado ofensa gravíssima, Ável e XP desculparam-se publicamente por algo que não pedia desculpa alguma, e esta nova manifestação das corretoras apenas serviu para que algumas ONGs concluíssem que “existe uma conduta discriminatória nas empresas que exclui negros, mulheres, pessoas com mais de 40 anos e portadores de deficiência” e pedissem inacreditáveis R$ 10 milhões por “danos morais e coletivos”.

Ninguém é capaz de afirmar que artigo do Código Penal, da Consolidação das Leis do Trabalho ou da Lei 7.716/89 foi violado pela Ável ou pela XP com a publicação da fotografia

Afinal, que crime ou irregularidade teria sido cometido pelas duas empresas do mercado financeiro? Ninguém é capaz de afirmar que artigo do Código Penal, da Consolidação das Leis do Trabalho ou da Lei 7.716/89 foi violado pela Ável ou pela XP com a publicação da fotografia. Não há notícia de candidato negro que tenha sido vetado nessas empresas por causa da cor de sua pele, ou que algum funcionário negro tenha recebido tratamento diferenciado, como salários ou comissões menores, ou visto sua carreira ser prejudicada devido à sua etnia. Na ausência de crime concreto, sobram apenas acusações genéricas de “racismo estrutural” – e também de machismo, já que uma entidade feminista também está entre os autores da ação, questionando o baixo número de mulheres na foto; o máximo que o Ministério Público do Trabalho conseguiu fazer em termos de citação de diplomas legais foi a invocação da Convenção 111 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e do Estatuto da Igualdade Racial, que “proíbem a discriminação étnico-racial, direta ou indireta, no ambiente de trabalho e estimulam ações afirmativas para a correção de distorções” – embora os procuradores sejam incapazes de comprovar a existência de qualquer discriminação real no caso em tela.

A participação do MPT-RS, aliás, evidencia outro aspecto bizarro de todo este episódio: a mobilização do aparato estatal em torno de um evidente “não crime” ou “não irregularidade”. Reconheça-se o jus sperneandi das ONGs identitárias, seja por oportunismo, seja por uma convicção autêntica (embora totalmente descolada da realidade) de que Ável e XP agem guiadas por racismo, mas, diante desse tipo de demanda, caberia às instituições restaurar o bom senso. Não foi o que ocorreu: em agosto, a juíza Julieta Pinheiro Neta, da 25.ª Vara do Trabalho de Porto Alegre, aceitou o processo, transformando as duas empresas em rés; e, no fim de outubro, o MPT-RS deu parecer favorável à ação, mostrando que a ideologia está triunfando sobre a aplicação da lei – ou, mais precisamente, que a ideologia está se tornando a lei.


É possível concordar que a discriminação racial é um flagelo real no país, que há uma subrepresentação de certos grupos em determinados setores do mundo do trabalho, e que a sociedade se beneficia incorporando as perspectivas desses grupos, sem comprar a narrativa do “racismo estrutural”, uma resposta simplista que ignora vários outros fatores como o papel da pobreza e as dificuldades no acesso a uma educação de qualidade. As empresas podem muito bem agir proativamente para ter um quadro de funcionários mais diverso – e muitas o fazem, de formas as mais variadas. Mas aquelas que decidem escolher seus funcionários única e exclusivamente com base no mérito sem olhar para nenhum outro fator também estão agindo dentro da lei. Não há legislação instituindo cotas raciais ou por sexo na iniciativa privada – e nem deveria haver, pois não cabe ao Estado tal intromissão em como as empresas conduzem seus negócios. Isso é simples e cristalino, mas é uma obviedade que passa a correr risco quando duas empresas têm de perder tempo e dinheiro se defendendo na Justiça por causa de uma fotografia que não evidencia ilícito algum. Qualquer desfecho que não seja a absolvição representará a falência da racionalidade no Judiciário trabalhista e a substituição do legislador pela patrulha dos justiceiros identitários, que, na era do cancelamento, passarão a fazer e a impor as regras.


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