segunda-feira, 25 de outubro de 2021

INVESTIGADOS E PUNIDOS NA LAVA JATO QUEREM SER CANDIDATOS NAS PRÓXIMAS ELEIÇÕES

Eleições 2022
Por
Isabella Mayer de Moura – Gazetza do Povo

O senador Delcídio do Amaral e o senador Romero Jucá, participam de sessão plenária no Senado (Wilson Dias/Agência Brasil)

Arquivo: Senadores participam de sessão plenária no Senado. Na foto: esq/dir. senadores Delcídio Amaral e Romero Jucá, em 2015| Foto: Wilson Dias/Agência Brasilia

Não é só o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Políticos que foram alvo de investigações da Operação Lava Jato estão se preparando para retornar à vida pública – ou, ao menos, às articulações em Brasília – após obterem decisões favoráveis na Justiça. Muitos deles são nomes bastante conhecidos, como o ex-senador Delcídio do Amaral, que chegou a ter o mandato cassado pelo Senado em 2016, e o ex-presidente do Senado Eunício Oliveira, citado em delações da Odebrecht.

Confira a seguir uma lista de seis políticos que estão motivados a usar as eleições de 2022 para voltar de vez à ativa.

Delcídio do Amaral virou presidente estadual do PTB
Delcídio do Amaral era líder do governo no Senado quando foi preso, em 2015, acusado de tentar dificultar as investigações da Lava Jato. A prisão foi autorizada pelo então relator da operação no Supremo Tribunal Federal, o ministro Teori Zavaski.

O ex-senador aparecia em uma gravação feita pelo filho de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras, que na época negociava um acordo de colaboração com o Ministério Público Federal sobre uma suposta participação de Delcídio no contexto da aquisição de sondas pela Petrobras e da refinaria de Pasadena. No áudio, segundo o documento que ordenou sua prisão, Delcídio ofereceu dinheiro à família de Cerveró e prometeu interceder junto a ministros do STF, inclusive a Zavaski, em favor de sua liberdade e a fim de evitar o acordo.

Na época senador pelo PT, Delcídio teve seu mandato cassado em maio de 2016 por quebra de decoro parlamentar, pouco depois de ser solto e firmar um acordo de colaboração premiada que aprofundou a crise do governo da ex-presidente Dilma Rousseff.

Em 2018, Delcídio e outros seis réus deste processo que investigava obstrução de justiça – inclusive o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – foram absolvidos. Segundo o próprio ex-senador, as decisões da justiça provaram que ele não teve influência sobre as investigações da Lava Jato e que não conversou com ministros do Supremo sobre a libertação de Néstor Cerveró – que acabou firmando acordo com o MPF.

Delcídio ainda responde a um processo por corrupção e lavagem de dinheiro na 13ª Vara Federal de Curitiba, por suposto esquema de pagamento de propina a diretores da Petrobras. Em seu acordo de colaboração, Delcídio disse que usou o dinheiro da propina para pagar dívidas da campanha de 2006 ao governo do Mato Grosso do Sul. Esse processo foi devolvido à vara depois que o Tribunal Regional Eleitoral do Mato Grosso do Sul descartou crime eleitoral de caixa 2.

Já afastado do PT, Delcídio tentou um retorno à vida pública ainda em 2018, quando, de última hora, concorreu ao Senado pelo estado de Mato Grosso do Sul, onde vive. Pelo Partido Trabalhista Cristão (PTC), Delcídio fez quase 110 mil votos, mas não se elegeu.

No ano seguinte, o ex-senador se filiou ao PTB e atualmente é presidente da sigla em Mato Grosso do Sul. Em 2022, pretende disputar uma cadeira na Câmara dos Deputados, pelo mesmo estado.

José Dirceu reassume papel de articulador de Lula
Outro expoente do PT que foi alvo da Lava Jato, José Dirceu ensaia o retorno à política. Não para um cargo público, mas como promotor da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para as eleições de 2022. O ex-deputado está mais ativo em Brasília, participando de encontros com lideranças de outros partidos e entidades sindicais. Em artigos e entrevistas recentes, Dirceu minimizou a terceira via, criticou Bolsonaro e defendeu a candidatura de Lula para a presidência.

O ex-deputado foi condenado a mais de sete anos de prisão pelo esquema de compra de votos de parlamentares durante o governo Lula, que ficou conhecido como mensalão. Começou a cumprir a pena em novembro de 2013 e ficou na prisão até outubro do ano seguinte, quando passou para o regime de prisão domiciliar. Posteriormente, em 2016, após cumprir um quarto da pena, o ministro do STF Luis Roberto Barroso concedeu indulto ao ex-ministro de Lula.

Dirceu, porém, não se livrou da cadeia. Condenado a mais de 30 anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em processos da Lava Jato, ele foi detido novamente em 2015 (até 2017), em 2018 e em 2019. Dirceu foi solto porque os processos não transitaram em julgado, ou seja, ainda não foram apreciados pelas instâncias superiores.

Romero Jucá articula volta ao Senado
Outro ex-senador que quer voltar à ativa é Romero Jucá, presidente do MDB de Roraima. Jucá é acusado de receber, junto com outros políticos do partido no estado, R$ 1,3 milhão de uma empresa de engenharia para contratos com a Transpetro. De acordo com a acusação, os pagamentos ilícitos foram feitos por meio de doações eleitorais ao partido nas eleições de 2008, 2010 e 2012. O processo, que tramitava em Curitiba, foi transferido para a Justiça Federal em Brasília após decisão da Segunda Turma do STF, em setembro do ano passado.

Anos antes, o ex-procurador geral da República, Rodrigo Janot, chegou a pedir a prisão de Jucá quando ele era ministro do Planejamento, acusando-o de obstrução de justiça contra a Lava Jato. Este inquérito, porém, acabou sendo arquivado em 2017.

A carreira política de Jucá acabou sentindo o baque das denúncias. Em 2018, não conseguiu se reeleger senador, cargo que havia ocupado por três mandatos consecutivos. Ele, porém, não se afastou da política. Continuou como presidente do diretório do MDB em Roraima e, nas eleições de 2020, ajudou a eleger o correligionário Artur Henrique para a prefeitura de Boa Vista, capital de Roraima.

Jucá não anunciou sua pré-candidatura, mas uma breve passada por suas redes sociais mostra que o político está bastante ativo, fazendo viagens ao interior de Roraima, promovendo o partido, seus afilhados políticos e lembrando os recursos que levou ao estado quando era senador. Ao fazer seu discurso de vitória nas eleições para prefeito, ao lado de Jucá, Arthur Henrique mencionou que Jucá concorreria a uma vaga no Senado. À imprensa, aliados do ex-senador confirmaram a intenção.

Marconi Perillo: olho em uma vaga na Câmara
O ex-governador de Goiás pelo PSDB é outro que deve retornar aos palanques eleitorais em 2022.

Em 2018, pouco antes das eleições em que concorreu para o cargo de senador – e perdeu – Marconi Perillo foi alvo de uma operação batizada de “Cash Delivery”, um desdobramento da Lava Jato, cujas denúncias estavam baseadas em acordos de colaboração premiada de executivos da Odebrecht. Segundo os delatores, eles repassaram a Perillo R$ 10 milhões – R$2 milhões nas eleições de 2010 e R$ 8 milhões em 2014.

Após as eleições, em 10 de outubro, ele foi preso. Com um habeas corpus, ele ficou apenas um dia na prisão. O processo, porém, continua em tramitação. A denúncia foi arquivada pelo Tribunal Regional Eleitoral, mas foi aceita pela Justiça Federal de Goiás em setembro deste ano.

Para evitar uma derrota como a de 2018, em que ficou apenas em quinto lugar, Perillo anunciou que vai disputar mandato de deputado federal.

Eunício Oliveira estuda disputar cadeira no Congresso
O ex-senador Eunício Oliveira, do MDB, também foi investigado pela Lava Jato. O político cearense foi citado nas delações de executivos da empreiteira Odebrecht e por isso foi incluído em um inquérito autorizado pelo ministro do STF Edson Fachin, em 2017. Segundo a acusação, Eunício era suspeito de receber R$ 2 milhões da construtora para facilitar a aprovação de medidas provisórias e leis favoráveis aos interesses da empresa.

Em dezembro passado, porém, a Segunda Turma do STF decidiu arquivar as investigações, apesar do voto de Fachin e da ministra Cármen Lúcia para que elas continuassem. Ao votar pelo arquivamento do inquérito, o ministro Kassio Nunes Marques disse que a apuração “não conseguiu reunir um lastro probatório mínimo” contra Eunício.

O ex-presidente do Senado sentiu nas urnas o impacto de ser um alvo da Lava Jato: nas eleições de 2018, perdeu a corrida à Câmara Alta. Disse que iria “cuidar da vida pessoal”, mas continuou ativo e influente na política cearense. É presidente do diretório do MDB no estado, investiu (por doação de pessoa física) quase R$ 200 mil nas campanhas de oito candidatos a vereador em sua cidade natal, Lavras da Mangabeira, nas eleições de 2020 e disse, recentemente, que pretende voltar a disputar um cargo nas eleições de 2022.

“Tomei a decisão de entrar novamente no progresso político. Acho que ainda tenho muita energia, ainda tenho muitos relacionamentos em Brasília para ajudar o meu querido estado do Ceará”, disse Eunício em setembro, durante convenção do MDB, segundo noticiou o jornal O Povo. Ele, porém, ainda não confirmou a qual cargo vai concorrer: governador do Ceará, senador ou deputado.

Fernando Pimentel: aliado de Dilma mira carreira parlamentar
As delações da Odebrecht também respingaram no ex-governador de Minas Gerais, o petista Fernando Pimentel. Em acordo de colaboração, o empresário Marcelo Odebrecht e outros delatores disseram que repassaram R$ 13,5 milhões a Pimentel para que ele atuasse em favor da empresa quando era ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, entre os anos 2011 e 2014, antes de ser eleito governador de Minas Gerais. As acusações foram relevadas em 2017. Pimentel disse que jamais recebeu qualquer valor ilícito ou benefício da Odebrecht.

Pimentel foi investigado no âmbito da operação Acrônimo, que averiguava supostos esquemas de lavagem de dinheiro para campanhas eleitorais, foi citado na delação do dono da JBS, Joesley Batista e também era suspeito de ter obstruído as investigações da Acrônimo. Nos dois últimos casos, os inquéritos abertos para apurar os casos foram arquivados.

O petista também teve outras vitórias judiciais. No ano passado, foi absolvido pelo TRE de Minas Gerais em um processo em que era suspeito de desviar dinheiro durante campanha eleitoral ao Senado, em 2010. Na mesma semana, a justiça determinou o arquivamento do processo, no âmbito da operação Acrônimo, em que a mulher de Pimentel, Carolina de Oliveira, era suspeita de lavar dinheiro de propina por meio de contratos com grandes empresas. Ao todo, foram sete inquéritos e uma ação arquivados.

Depois de ter ficado em terceiro lugar nas eleições para governador de Minas Gerais em 2018, o petista está apostando em voltar para a vida pública. Informações de bastidores que circulam pela imprensa dão conta de que Pimentel está se articulando para lançar sua candidatura a deputado federal nas eleições de 2022. Segundo apoiadores, as vitórias na Justiça o motivam a tentar o pleito.


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YOUTUBER GANHA ASILO POLÍTICO NOS EEUA

 

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo

Allan dos Santos em reunião da CPMI das Fake News, em novembro de 2019.| Foto: Arquivo/Alessandro Dantas/Agência Senado

Vejam só que divertido: eu vi notícia em um canal de televisão dizendo que a gasolina brasileira está entre as 100 mais caras do mundo. Aí fui ver a lista, que foi elaborada pela Global Petrol Prices, que monitora semanalmente o valor dos combustíveis e da energia em 168 países. Nesse ranking, o Brasil tem a 90ª. Ainda assim, o nosso preço está abaixo a média mundial. Convertendo em reais, são R$ 6,75 o litro; a brasileira está em R$ 6,32.

O ranking mostra que se você estivesse na Holanda ou na Noruega e alugasse um carro, você pagaria mais de R$ 12 pelo litro de gasolina. Esses dois países têm o 2º e 3º preços mais caros, e só perdem para Hong Kong, onde o combustível custa R$ 14,45. No Reino Unido, na Alemanha, na França a gasolina está em torno de R$ 10. São os números levantados. Só para a gente lembrar: estamos nos queixando do preço da gasolina, é claro, mas em outros lugares o preço ainda é bem mais caro.

Nos combustíveis tem ainda o gás alto, na Europa principalmente, mas também falta de produtos na prateleira do supermercado até nos EUA, onde as dificuldades do setor de logística incluem falta de pessoal, com dificuldades de contratação demão de obra.

Allan dos Santos e o pedido de extradição
Eu falei em Estados Unidos, o caso do Allan dos Santos, do Terça Livre. O ministro Alexandre de Moraes pediu sua extradição e prisão preventiva. Foi recomendação da Polícia Federal, eu acredito que tenha sido aquele núcleo que trabalha com Moraes no Supremo, nos inquéritos das fake news e dos atos antidemocráticos.

Agora, não há tradição nos Estados Unidos de extraditar jornalista. Allan dos Santos está, sim, com visto vencido, foi aos país com visto de turista, mas vamos ver. Isso pode envolver até o presidente dos Estados Unidos, a Corte Suprema lá, a Constituição Americana, essa tradição que é muito forte e há possibilidade de ele receber um asilo político. Imagine que vexame para o Brasil.

Terceira… ou 11ª via
No fim de semana o assunto nos jornais foi a terceira via. Fala-se em onze candidatos da terceira via, até acho que tem mais que do isso. Sempre teve esses pequenos candidatos que entram apenas para concorrer, sem chances reais, mas está todo mundo lá: na chamada terceira via.

Rodrigo Pacheco (que agora se filiou ao PSD), o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, Ciro Gomes, que já está em campanha, já tem marqueteiro e tudo. Tem Eduardo Leite, João Doria e Arthur Virgílio, que disputam a indicação pelo PSDB. Tem o pessoal que saiu da CPI da Covid já imaginando “puxa, eu estava todos os dias na tevê…”, como os senadores Simone Tebet, Alessandro Vieira.

E tem o Lula, claro, mas também tem o Fernando Haddad que pode ser o substituto petista de novo.

Todo mundo pode ser candidato. Significa que há muita gente interessada no poder e julgando ter condições de concorrer. E os partidos políticos estão apostado neles.

Paulo Guedes não sai
E para terminar, neste jogo em que vale tudo para enfraquecer a candidatura a reeleição do presidente Jair Bolsonaro, começam as histórias do Paulo Guedes.

Mo ministro da Economia teve que ir junto com a uma exposição de aves no Parque de Exposições Granja do Torto e os dois deram entrevistas inclusive para afastar boatos de saída de Guedes. Bolsonaro disse que os dois vão sair juntos do mandato.

E Paulo Guedes lembrou que já conversou bastante com os presidentes da Câmara e do Senado e que espera que o Congresso aprove a reforma administrativa – que está lá desde setembro do ano passado. Ela que poderia ensejar uma economia que permite o pagamento de um Auxílio Brasil mínimo de 400 para mais gente ainda: R$ 17 milhões de famílias.


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COMBUSTÍVEIS NO BRASIL ENTRE OS MAIS CAROS

 

Combustíveis

Por
Célio Martins – Gazeta do Povo

O liberal Guillermo Lasso, presidente do Equador, congelou na sexta-feira (22) o preço do diesel e da gasolina, que custa quase a metade do preço no Brasil.| Foto: José Jácome/EFE

Pouco mais de 40 anos atrás, o Brasil produzia cerca de 200 mil barris de petróleo por dia, quantidade menor que do Equador, Argentina e Venezuela. Hoje, a produção brasileira é a maior da América Latina e o país está entre os 10 maiores produtores do mundo. Apesar do sucesso na extração de petróleo, a gasolina vendida no Brasil é uma das mais caras entre países latino americanos e também na comparação com os países do ranking ‘top 10’ de produtores.

Entre os sul-americanos, a gasolina vendida ao consumidor brasileiro, em dólar, só é mais barata que a do Chile e do Uruguai, países que não tem produção significativa de petróleo. Todos os outros vizinhos vendem gasolina mais barata, incluindo Argentina e Paraguai.

O Uruguai é o país com a gasolina mais cara da América Latina. Os uruguaios pagam até US$ 1,61 por um litro – cerca de R$ 9 no câmbio oficial. A mais barata da região é a da Venezuela, que é subsidiada pelo governo. Os venezuelanos pagam apenas R$ 0,23 pelo litro de gasolina, mas atualmente o país sofre com escassez e racionamento, apesar de deter a maior reserva de petróleo do mundo.

No ranking dos 10 maiores produtores do mundo, o Brasil só ganha da China e do Canadá, este último com renda per capita sete quase vezes maior que a do Brasil. Os EUA, com renda per capita quase 10 vezes maior que a do Brasil, vende gasolina mais barata que a fornecida aos brasileiros. A Rússia, país em desenvolvimento que integra os Brics, vende gasolina ao consumir por menos de R$ 4.

O preço da gasolina no Brasil atualmente está próximo da média mundial. De acordo com a plataforma Global Petrol Prices, que pesquisa preços de combustíveis em mais de 150 países, a média mundial do preço da gasolina hoje está em US$ 1,22 (cerca de R$ 6,80). “Os países mais ricos têm preços mais altos e os mais pobres e os países produtores e exportadores de petróleo têm preços consideravelmente mais baixos”, avalia a Global Petrol Prices.

O comparativo mostra que não corresponde aos fatos o argumento do governo brasileiro de que os preços dos combustíveis ao consumidor estão globalizados e são iguais em todo o mundo. O valor no mercado internacional é o mesmo, está globalizado, mas o preço na bomba é diferente entre os países. A variação depende da política de cada governo, das condições de refino, dos impostos e dos subsídios.


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BENEFÍCIOS ALÉM DA CONTA

 

Por
Lúcio Vaz – Gazeta do Povo

BIE – Fachada do Palácio do Congresso Nacional, a sede das duas Casas do Poder Legislativo brasileiro, durante o amanhecer do dia. As cúpulas abrigam os plenários da Câmara dos Deputados (côncava) e do Senado Federal (convexa), enquanto que nas duas torres – as mais altas de Brasília, com 100 metros – funcionam as áreas administrativas e técnicas que dão suporte ao trabalho legislativo diário das duas instituições. Obra do arquiteto Oscar Niemeyer. Foto: Pedro França/Agência Senado

Congresso aprovou aumento do fundo eleitoral para R$ 5,7 bilhões em 2022.| Foto: Pedro França/Agência Senado

Após pagar por mais de 10 anos a pensão da filha “solteira” maior Gilda Madlener Iguatemy, a Câmara dos Deputados cancelou o benefício e quer recuperar os R$ 7 milhões pagos indevidamente após a pensionista estabelecer união estável. A investigação de uma dezena de casos semelhantes pela Câmara mostra que a fiscalização da legalidade das pensões é falha. Tinha filha “solteira” com certidão de casamento. Gilda recebia pensão mensal de R$ 37 mil quando o blog revelou, em 2017, as “fabulosas pensões das filhas solteiras do Congresso”.

Filha solteira de ex-servidor morto em 1975, Gilda chegou a ter a pensão suspensa, em 2017, por determinação do Tribunal de Contas da União (TCU), que havia decidido pelo corte do benefício para quem tinha outra fonte de renda. A Câmara apurou que a pensionista era dona do Auto Posto Sol de Verão, com sede em Mucuri (BA). Mas ela e dezenas de outras pensionistas recuperaram o benefício na Justiça.

Em outubro do ano passado, o diretor-geral da Câmara, Sérgio Sampaio, determinou o cancelamento da pensão de Gilda, diante da comprovação, “mediante farto acervo probatório”, apurado pela Polícia Legislativa, de que a beneficiada “constituiu unidade familiar sob a forma de união estável”, condição que afasta o direito ao benefício de forma definitiva, conforme jurisprudência do TCU.

Em 17 de maio deste ano (2021), a Câmara criou comissão de tomada de contas especial para apurar a responsabilidade de Gilda frente ao prejuízo causado à Câmara (R$7.067.288,88) originado do recebimento indevido de pensão na condição de filha solteira maior, fato decorrente de prestação de informação falsa acerca de seu estado civil em formulário de recadastramento anual.

Reportagem publicada pelo blog em agosto mostrou que pensionistas filhas solteiras de servidores da Câmara dos Deputados têm renda bruta que supera os R$ 50 mil. Trinta delas têm remuneração bruta acima do teto constitucional – R$ 39,3 mil. Somando com as pensões das filhas de ex-deputados, com valores mais “modestos”, a conta anual chega a R$ 48 milhões.


Filhas solteiras do IPC
A Câmara criou outra comissão de tomada de contas, em abril do ano passado, para apurar a responsabilidade de Renata Barreto Pires pelo prejuízo de R$ 553 mil causado pelo recebimento indevido de pensão civil na condição de filha solteira após estabelecer união estável. Em junho de 2019, já haviam sido canceladas a sua pensão civil e a pensão concedida pelo extinto Instituto de Previdência dos Congressistas (IPC), que transferiu para a União o pagamento de aposentadorias e pensões deixadas por deputados e senadores.

Em maio do ano passado, o então presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), determinou o cancelamento definitivo da pensão concedida a Cláudia Barreto Pires, irmã de Renata Pires, pelo IPC. Os autos do processo informam que a beneficiária de pensão na condição de filha maior solteira contraiu união estável, fato comprovado pelo inquérito policial.

Um ano após o cancelamento, em maio deste ano (2021), foi criada comissão de tomada de contas para apurar a responsabilidade da pensionista “frente ao prejuízo causado à casa”, devidamente identificado e quantificado pelos órgãos técnicos em R$ 478 mil até fevereiro de 2021. A fraude foi decorrente de prestação de informação falsa acerca de seu estado civil.


O direito adquirido e a legalidade
Em maio de 2019, Maia cancelou a pensão de parlamentar de Clea de Luna Freira, filha maior solteira do ex-deputado Oscar de Luna Freire (Arena-BA), morto em junho de 1976. Documento enviado à Câmara pelo TCU comprovou que Clea recebia, por meio da Previdência Social, desde janeiro de 1997, pensão por morte em razão de comprovada existência de “união estável com terceiro”.

Em sua defesa, Clea alegou que a equiparação da união estável ao casamento “fere os princípios do direito adquirido e da legalidade”, uma vez que a pensão parlamentar foi obtida na vigência da Lei nº 3.373/1958, que dispõe sobre o Plano de Assistência ao Funcionário e sua Família, e que não há nesse diploma previsão de cessação do benefício pela existência de fonte de renda distinta”. Ocorre que ela não perdeu a pensão por ter renda extra, mas sim porque deixou de ser solteira.

A Câmara concluiu que os benefícios pagos pelo extinto IPC também devem ter o pagamento cessado diante da verificação de união estável, em razão de sua equiparação ao casamento, conforme jurisprudência do TCU. É pacífico, também no Supremo Tribunal Federal (STF), o entendimento pelo cancelamento da pensão da filha maior solteira em caso de alteração do estado civil, seja pelo casamento, seja pela constituição de união estável.

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Gastança da cúpula do Judiciário chega aos tribunais dos estados mais pobres
A escolha da declaração falsa certa
Pelo mesmo motivo, Maia cancelou a pensão parlamentar de Maria Tostes de Carvalho Cruz, filha maior solteira do ex-deputado Dilermano Cruz (PR-MG), falecido em 1971. O TCU descobriu que Maria também recebia, por meio do Regime Geral da Previdência, desde maio de 1994, pensão por morte em razão de comprovada existência de união estável com terceiro.

A pensionista alegou que desconhecia a proibição segundo a qual a pensão parlamentar deveria ter o pagamento cessado diante da constituição de nova relação de convivência e que o valor daquele benefício era imprescindível à sua subsistência. Os argumentos não foram aceitos.

Em janeiro deste ano, a situação de Maria Cruz foi amenizada. O diretor-geral da Câmara, Mauro Mena Barreto, destacou inicialmente que, nos casos de cancelamento de pensão do IPC decorrente de união estável, a aferição do marco inicial para fins de restituição de pagamentos irregulares deve considerar a primeira declaração falsa prestada após setembro de 2015, mês em que a Câmara passou a aplicar aos beneficiários do IPC o entendimento de que a união estável é hipótese de perda do benefício.

Mas o diretor-geral acrescentou que, no contexto dos autos e em casos similares, para fins de comprovação da má-fé da pensionista, devem ser “desconsideradas” quaisquer declarações que não tenham o poder de gerar o cancelamento do benefício, a exemplo do recebimento de outra pensão ou aposentadoria, sobretudo nos casos de pensionistas do IPC, “uma vez que o instituto permite, expressamente, a acumulação da sua pensão com pensões e proventos de outra natureza”.

Diante desses fatos, a Câmara considerou como marco inicial para fins cobrança dos pagamentos irregulares a serem ressarcidos por Maria Tostes de Carvalho Cruz a declaração falsa constante do formulário de recadastramento de 20 de março de 2018. Foi uma questão de escolher a “declaração falsa” certa.


Filha solteira com certidão de casamento
Em julho de 2019, agentes da Polícia Legislativa da Câmara estiveram em Fortaleza e apuraram que uma pensionista filha maior solteira vivia em união estável e recebia o benefício havia mais de 20 anos. Ela omitia a sua união no recadastramento anual para não perder os proventos. A mulher foi indiciada no crime de estelionato.

Em Natal, no mesmo ano, policiais legislativos apuraram que uma pensionista recebia benefício da Câmara na condição de filha maior solteira, mas era casada, possuindo, inclusive, certidão de casamento do ano de 1988. O documento foi juntado aos autos. Há mais de 30 anos, ela omitia sua condição de casada no recadastramento anual. Foi indiciada por estelionato.

Em agosto do ano passado, em Vitória, uma pensionista da Câmara vivia em união estável por mais de 20 anos e continuava recebendo o benefício, como apurou a Polícia Legislativa. A mesma situação foi apurada pelos policiais legislativos no Rio de Janeiro, em setembro de 2020. Nos dois casos houve indiciamento pelo crime de estelionato.


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PROTEGER A TERRA É UM DESAFIO GRANDIOSO

 

  1. Economia 

Para salvar o bioma, é preciso buscar respostas na ciência e na conscientização

Luiz Carlos Trabuco Cappi*, O Estado de S.Paulo

Em sintonia com os debates e decisões a serem adotadas a partir da semana que vem, na COP-26, em Glasgow, o Fundo Monetário Internacional (FMI) produziu um relatório sobre o aquecimento global e suas consequências. Numa frase, a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, resumiu a proposta da instituição: “A chave é colocar um preço para o carbono”. 

A importância do relatório está em sua origem. O FMI foi conhecido em décadas passadas como uma entidade técnica voltada a resolver dificuldades financeiras dos países membros. Sinal dos tempos, é agora um órgão cada vez mais dedicado a refletir sobre cenários econômicos e os impactos de temas atuais como os múltiplos riscos para a economia com eventos como a pandemia da covid-19, suas variantes, e as mudanças climáticas.

O aquecimento global, o efeito estufa e os desastres naturais são fatos que afetam a expectativa de crescimento do PIB, do lucro, da dívida e do preço dos ativos de todos os países. Além de acentuar as desigualdades sociais. PUBLICIDADE

Aquecimento global
O aquecimento global, o efeito estufa e os desastres naturais são fatos que afetam a expectativa de crescimento do PIB, do lucro, da dívida e do preço dos ativos de todos os países. Foto: Dida Sampaio/Estadão

O documento do Fundo aponta e critica o custo social do uso dos combustíveis fósseis. O consumo de petróleo é maior nos países e famílias de rendas mais altas e os custos sociais são maiores para os mais pobres. Em todos os países, há um risco evidente às gerações futuras. O texto argumenta que se está subsidiando os primeiros e impondo danos aos mais vulneráveis. A cobrança correta desses custos reduziria o consumo e, consequentemente, as emissões de carbono em 32% em relação aos níveis de 2018. 

A COP-26 renovará as esperanças. Pela repercussão e o nível dos debates científicos, além do anúncio de uma agenda concreta, o evento estabelece referências e parâmetros. A 26.ª reunião do grupo contará com 197 países. O objetivo é transformar o mundo com base na economia verde, saudável e resiliente. Em formato híbrido, presencial e a distância, as sessões terão seis eixos: natureza, cadeias alimentares, infraestrutura sustentável, energia limpa, cidades e reduções da poluição. 

Para a humanidade, que está superando a crise sanitária da covid-19, conter o aquecimento global é um desafio grandioso. É preciso buscar respostas na ciência, no conhecimento e na conscientização. O foco de todo o esforço são pessoas e famílias. Elas é que sofrem os efeitos das mudanças climáticas, na forma de desemprego, da inflação e da fome. Salvar o bioma é salvar as pessoas.

*É PRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DO BRADESCO

TRANSFORMAÇÃO DIGITAL REINVENTA AS EMPRESAS

 

  1. Economia 

A transformação digital começa fortalecendo o contato com o cliente e pode criar as etapas para a própria disrupção

Marina Mansur e Wagner Gramigna*, O Estado de S.Paulo

É raro ver empresas que morrem por mudarem rápido demais, mas é frequente vê-las morrerem por mudarem muito lentamente. Daquelas que ficaram para trás, atropeladas pelos novos normais que se sucedem um após o outro, existem inúmeros casos exemplares – quem lembra da história da Kodak, que produziu a primeira câmera digital em seu departamento de pesquisa em 1975, mas não quis interferir no mercado de filme fotossensível onde ela liderava e engavetou o projeto? Ou da Blockbuster, que no ano 2000 rejeitou uma proposta de parceria com uma empresa então endividada que oferecia seus DVDs via catálogo online e os enviava pelo correio, chamada Netflix?

Mckinsey
Consultoria internacional McKinsey atende importantes empresas Foto: REUTERS

Para as empresas que atualmente reinam soberanas, a única certeza que a História traz é: tudo muda. E, para não ser atropelado pela carruagem do tempo, hoje uma nave quântica pilotada por inteligência artificial, a única solução é mudar junto. A transformação digital está aí para viabilizar este processo. Existem múltiplas maneiras de mudar e continuar relevante via transformação digital. A estratégia para buscar crescimento pode proteger o âmago da operação de disrupções externas – que virão, certas e inexoráveis, mais cedo ou mais tarde – ou pode ir além e criar a própria disrupção.

Cada etapa da transformação é como um bloco que pode ser acrescentado aos poucos, fortalecendo a empresa contra as intempéries dos novos normais. Ambas as estratégias exigem empenho orquestrado das equipes e lideranças para serem viabilizadas e não vão acontecer sozinhas. Com referências de melhores práticas, é possível evitar muito dos percalços inerentes à jornada.PUBLICIDADE

Mudar para dentro: proteger-se

Para crescer e, ao mesmo tempo, proteger e dar novo fôlego às mais variadas operações que atendem ao consumidor, as empresas de varejo podem investir em um plano de transformação digital com uma abordagem interna 360° para destravar valor em todos os pontos de contato do consumidor; com os possíveis passos listados a seguir:

a. Transformar a jornada do cliente

Com ajuda de uma abordagem ágil e novas tecnologias, é possível repensar a jornada do cliente de ponta a ponta para torná-la a mais fluida e satisfatória possível. Para realizar esta transformação, as empresas devem ter diagnósticos e mapeamentos claros já no ponto de partida, entendendo a jornada completa e seus pontos de dor. Para desenhar a jornada futura, é preciso levar em conta primordialmente dois conceitos: a centralidade no cliente, criando espaços para interações constantes com o usuário final, e o teste rápido através de um MVP (do inglês minimum viable product). Esse produto mínimo viável possui apenas os recursos essenciais que permitem seu rápido lançamento no mercado. Com isso, é possível medir a aceitação do público e evitar desperdícios – se é para falhar, que seja rápido e com pouco investimento. Aos poucos, são feitos ajustes e acréscimos.  

b. Transformar o serviço ao cliente  

Clientes interagem com marcas e negócios por muitos canais. Cerca de 75% visitam mais de um canal para coletar informações; para 40% deles, os canais de coleta de informação e de compra são diferentes. Os canais digitais podem ser 60% mais baratos para vendas e 90% mais baratos para renovação de produtos, por exemplo. Neste contexto, investir em autoatendimento digital (eCare) é uma maneira rápida não só de aumentar vendas e renovações, mas também de reduzir custos de call center, além de gerar uma experiência mais eficiente e intuitiva para o consumidor. Para conseguir priorizar o que desenvolver primeiro, é preciso quantificar os potenciais ganhos e criar uma estratégia de incentivos, positivos ou negativos, para encorajar o uso dos novos canais.

c. Investir em advanced analytics

Informação é o novo petróleo e, nessa área, o potencial é gigantesco. O uso de advanced analytics (AA) e de modelos preditivos permite destravar valor em uma série de pontos críticos. Uma análise de dados externos não estruturados, por exemplo, como reações, texto e voz em redes sociais, pode fornecer insights que diminuem significativamente o custo de pesquisa e desenvolvimento de novos produtos. Essas análises, que exigem uma enorme capacidade de processamento de dados, permitem, por exemplo, prever com maior antecedência o próximo produto a ser comprado; otimizar a arquitetura de preços, as decisões promocionais e o gerenciamento geral de margens, criando preços individualizados; automatizar a predição de estoque e simplificar outros processos da cadeia de suprimentos; entre outros muitos usos. Modelos de estatística não linear, analytics em tempo real, monetização de dados e outros recursos de machine learning estão explodindo as fronteiras do possível. Na área de análise de crédito e cobrança, por exemplo, o uso de AA em modelos de crédito pode gerar 5-20% de redução de custo de PDD.

d. investir na transformação ágil da empresa

Uma transformação ágil de fôlego, envolvendo toda a estrutura e cultura de uma empresa, cria times multidisciplinares e ciclos de trabalho iterativos, permitindo melhorias rápidas que podem reduzir em até 40% o time-to-market. Isso representa uma mudança de paradigma histórica. O modelo organizacional anterior, que vigorava desde a época do fordismo, priorizava hierarquia e especialização. A transformação ágil pensa nas empresas como uma rede de equipes diversas e capacitadas, que podem se modificar rapidamente, trabalhando para atingir um objetivo comum. As lideranças agem como facilitadores, ajudando as equipes a cumprirem suas missões. E o impacto positivo vai além do cliente – funcionários também relatam se sentirem mais satisfeitos e comprometidos com seus trabalhos, e todo o desempenho operacional melhora. Tantos benefícios que se reforçam mutuamente produzem um quarto resultado – melhor desempenho financeiro: empresas que passaram por transformações ágeis altamente bem-sucedidas normalmente obtêm cerca de 30% de ganhos em eficiência e tornam-se de cinco a dez vezes mais rápidas que seus concorrentes.

É importante considerar que as alavancas mencionadas acima dependem de bases anteriores para serem viabilizadas, tais como tecnologia modernizada, talentos capacitados e uma cultura que nutra e estimule esses movimentos.

Mudar para fora: reinventar-se

Empresas que já estão avançadas em suas transformações digitais podem ir além e criar a própria disrupção, reinventando-se em três níveis:

a. Mudar o jeito de servir: mantém-se o mesmo produto e público-alvo, mas com um novo modelo de negócio.

Essa é uma possibilidade quando a tecnologia abre novas vias inexploradas – foi exatamente a jogada da Netflix, mencionada no início. A empresa começou em 1997 com um modelo de entrega de DVDs em domicílio e, em 2007, mudou radicalmente seu modelo de negócio para uma plataforma de streaming. Os filmes e clientes foram mantidos, trocando-se o DVD físico pelo streaming online.

Este caminho é adequado quando a franquia principal quer inovar, sem perder dois ativos principais: conhecimento do setor e base de clientes.  

b. Expandir a franquia 

Quando o relacionamento com clientes é robusto, criam-se oportunidades de expansão, o que permite oferecer um novo produto em um novo modelo de negócio para a mesma base de clientes. É o que fez a Disney ao lançar o canal Disney +, por exemplo, ou o iTunes da Apple, que de biblioteca virou loja de música. Este modelo também é adequado quando o potencial de crescimento de lucro no negócio principal é limitado, ou quando existem oportunidades claras em verticais próximas.

c. Expandir as fronteiras

Quando um ativo ou posição única no mercado gera uma vantagem competitiva muito grande, ou quando há capacidade e apetite para financiar investimentos de caixa plurianuais, empresas mais bem posicionadas podem dar um salto ainda maior e criar um novo modelo de negócio, com um novo produto e um novo segmento de clientes. Um dos maiores exemplos desse salto é a AWS da Amazon, a maior plataforma de computação em nuvem da atualidade, que oferece mais de 200 serviços tecnológicos diferentes. Nesta manobra, a Amazon saiu do mundo B2C e expandiu sua atuação para o universo B2B.

Para dentro ou para fora?

Muitos CEOs debatem sobre essa encruzilhada, perguntando se devem apenas digitalizar ou reinventar totalmente seus negócios. Não existe uma resposta pronta e única, pois tudo depende do grau de maturidade e dos objetivos da empresa. Muitas vezes, a solução não é nem uma nem outra, mas sim as duas, em sequência – primeiro transformar o âmago da operação, ganhar eficiência e capital para, então, ter fluxo de caixa suficiente para se reinventar. Para saber o tamanho do próximo passo, é necessário conhecer bem a própria perna. E não há dúvidas: se querem vencer a corrida contra a carruagem do tempo, as empresas precisam cultivar o músculo da inovação. Para ouvir relatos de executivos que passaram por essa experiência, participe do Fórum McKinsey a ser realizado em 19 de novembro. Informações neste endereço.

*Sócia associada e sócio na McKinsey & Company

FINALIDADE MAIOR DAS EMPRESAS

 

por Valdez Monterazo*

Convido você a fazer uma reflexão sobre o tema proposto neste artigo: será a geração de lucro o real papel das empresas? De uma maneira mais simples, para que serve uma empresa? Serve somente para gerar lucro ao dono, investidores e acionistas?

De um lado, muitos acreditam que sim, na verdade, essa ideia se tornou quase uma crença popular. Do outro, donos de empresa em geral abrem seus negócios em busca de liberdade, realização pessoal ou até para viver um sonho.

Infelizmente, a maioria desses empreendedores acaba entrando em uma guerra diária pela sobrevivência, ou seja, gerar lucro no final do mês. No meio a todo esse cenário, entre a opinião popular, o sonho e a realidade dos empresários, se questione novamente.

Qual o real papel de uma empresa? Petter Drucker, considerado o pai da administração científica, tinha uma visão extremamente avançada para sua época e ainda assim, muito atual. Para ele, o papel de uma empresa era simplesmente o seguinte:

Criar e manter um cliente.

Te convido a ler novamente a afirmação acima, ela representa uma mudança total de paradigma.

Para Drucker, a ideia principal era a de que uma empresa deve focar em sua proposta de valor, satisfazer as dores e desejos de seus clientes. Todo o resto é secundário.

Para o pai da administração, gerar lucro era simplesmente natural, uma consequência de a capacidade de empresas atraírem e manterem clientes.

Nesse sentido, donos de negócio devem se perguntar constantemente. Como posso atrair e manter mais clientes?

Apesar de conceitualmente simples, a resposta para essa pergunta não é simplista e envolve uma série de desdobramentos dentro de um negócio.

Em primeiro lugar, para atrair clientes é necessária uma estratégia de marketing muito bem definida e processos de vendas eficientes.

O mercado está cada vez mais competitivo e existem formas cada vez mais interessantes de se fazer marketing, esse é um ponto que precisa estar presente na rotina de donos de negócio.

Em sequência, manter um cliente exige estratégias e competências totalmente diferentes.

Para isso, é necessário um produto ou serviço que se mantenha excelente, gere valor ao longo do tempo, além disso, outro conceito fundamental, a experiência do cliente

Toda a experiência do cliente, desde o momento da compra até a utilização deve ser encantadora. É assim o processo de fidelização.

Hoje em dia, na era da informação, promover uma boa experiência aos seus clientes é questão de sobrevivência.

Clientes avaliam a experiência com produtos e serviços em tempo real nas mídias sociais e internet, tanto para elogiar, como para fazer críticas.

Esse tipo de interação se espalha com uma velocidade incrível, causando impactos significativos à reputação das marcas, inclusive as pequenas.

E você, como avalia a experiência dos seus clientes com seus produtos e serviços? Mais ainda, está satisfeito com seu marketing e vendas, ou seja, sua capacidade de criar clientes?

Promover esse tipo de questionamento é exatamente o papel do site de negócios da Startup Valeon um marketplace do Vale do Aço que trabalha em parceria com os empresários da região.  

Ao refletir sobre pontos falhos nas empresas, é possível melhorá-los é assim, aumentar a lucratividade e perpetuidade do negócio.

Espero que esse artigo tenha ajudado a promover reflexões significativas sobre sua atuação como profissional e a entender qual é o real papel de sua empresa. Este papel é o de criar e manter clientes. Gerando valor, e assim, consequentemente, alta lucratividade.

QUEM SOMOS

A Plataforma Comercial da Startup ValeOn é uma empresa nacional, desenvolvedora de soluções de Tecnologia da informação com foco em divulgação empresarial. Atua no mercado corporativo desde 2019 atendendo as necessidades das empresas que demandam serviços de alta qualidade, ganhos comerciais e que precisam da Tecnologia da informação como vantagem competitiva.

Nosso principal produto é a Plataforma Comercial ValeOn um marketplace concebido para revolucionar o sistema de divulgação das empresas da região e alavancar as suas vendas.

A Plataforma Comercial ValeOn veio para suprir as demandas da região no que tange à divulgação dos produtos/serviços de suas empresas com uma proposta diferenciada nos seus serviços para a conquista cada vez maior de mais clientes e públicos.

Diferenciais

  • A ValeOn inova, resolvendo as necessidades dos seus clientes de forma simples e direta, tendo como base a alta tecnologia dos seus serviços e graças à sua equipe técnica altamente capacitada.
  • A ValeOn foi concebida para ser utilizada de forma simples e fácil para todos os usuários que acessam a sua Plataforma Comercial , demonstrando o nosso modelo de comunicação que tem como princípio o fácil acesso à comunicação direta com uma estrutura ágil de serviços.
  • A ValeOn atenderá a todos os nichos de mercado da região e especialmente aos pequenos e microempresários da região que não conseguem entrar no comércio eletrônico para usufruir dos benefícios que ele proporciona.
  • A ValeOn é altamente comprometida com os seus clientes no atendimento das suas demandas e prazos. O nosso objetivo será atingir os 766 mil habitantes do Vale do Aço e poder divulgar para eles os produtos/serviços das empresas das diversas cidades que compõem a micro-região do Valeo do Aço e obter dos consumidores e usuários a sua audiência.

Missão:

Oferecer serviços de Tecnologia da Informação com agilidade, comprometimento e baixo custo, agregando valor e inovação ao negócio de nossos clientes, respeitando a sociedade e o meio ambiente.

Visão:

Ser uma empresa de referência no ramo de prestação de serviços de Tecnologia da Informação na região do vale do aço e conquistando relacionamentos duradouros.

Valores:

  • Ética e Transparência
  • Profissional, ambiental e social
  •  – Busca pelo melhor

Nossos contatos: Fones: (31) 3827-2297 e (31) 98428-0590 (Wpp)

E-MAIL: valeonbrasil@gmail.com

Site: https://valedoacoonline.com.br/

domingo, 24 de outubro de 2021

PETROBRAS LUCROS E PREJUÍZOS

 

Estatal

Por
Célio Yano – Gazeta do Povo

Edifício-sede da Petrobras no Rio de Janeiro.| Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Maior estatal do país, a Petrobras está no foco dos noticiários em meio à disparada recente nos preços dos derivados de petróleo e à incapacidade de atender toda a demanda por combustíveis no mês de novembro.

Nas últimas semanas, a privatização da companhia voltou à discussão em declarações do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do ex-presidente da petrolífera, Roberto Castello Branco.

A possibilidade de repassar o controle acionário da estatal, caso a ideia fosse adiante, dependeria do aval do Congresso, onde enfrentaria forte resistência. O presidente da Petrobras, o general da reserva Joaquim Silva e Luna, disse que a decisão de privatizar cabe ao governo, enquanto o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque negou haver estudos no sentido de viabilizar a liquidação de ações da estatal.

Bolsonaro diz ter vontade de privatizar a Petrobras. O que você acha da ideia?
Sou a favor da privatização da Petrobras
Sou contra a privatização da Petrobras
A empresa é a 159.ª maior do mundo, segundo a última atualização do ranking da revista norte-americana Forbes, de maio de 2021. Na quinta-feira (20), seu valor de mercado era de R$ 379,1 bilhões.

De 1991 a 2013, a Petrobras foi uma empresa lucrativa – em 2008 o lucro líquido foi de R$ 33,9 bilhões. Em 2014, na esteira dos escândalos de corrupção envolvendo a estatal e revelados pela Lava Jato, a companhia apresentou o primeiro resultado negativo desde 1991, com um prejuízo de R$ 21,5 bilhões. Foram quatro anos consecutivos de perdas, até que em 2018 a estatal voltou a registrar lucro, na casa de R$ 25,7 bilhões, impulsionado pelo aumento na cotação do barril de petróleo no mercado internacional e na valorização do dólar.

A dívida bruta, que em 2013 era de R$ 267,8 bilhões, chegou a R$ 492,8 bilhões em 2015. Naquele ano, a Petrobras começou a se desfazer de uma série de ativos, incluindo campos de petróleo, usinas térmicas, eólicas e de produção de biocombustíveis, refinarias, gasodutos, participações na distribuição de gás, indústrias de fertilizantes e investimentos no exterior.

No fim de 2020, a dívida bruta estava em R$ 280 bilhões, conforme relatório de resultados divulgado no fim do último exercício. Somente em 2021, novas vendas de ativos, incluindo fatia na BR Distribuidora, a Gaspetro e a refinaria Landulpho Alves (Rlam), somaram R$ 26,86 bilhões, segundo o Observatório Social da Petrobras.

O presidente da Petrobras considera que a empresa está “saneada”. “Aquela empresa endividada não existe mais. Vencemos essa crise, que partiu dos apurados na Lava-Jato. Vencemos a crise da Covid-19. E estamos produzindo na potencialidade, mesmo no momento difícil que a empresa está passando”, disse Silva e Luna em setembro, em audiência na comissão geral da Câmara dos Deputados.

A relação dívida/Ebitda (geração de caixa), que em 2010 era de 1,1 e chegou a 4,8 em 2014, auge da crise na companhia, estava em 2,3 ao fim de 2020. A meta da empresa é chegar a 1,5 até o fim deste ano.

A estratégia é, além de reduzir o endividamento, utilizar os recursos da venda de ativos em investimentos. Hoje, cerca de 35% do caixa que é gerado pelas operações vai para o pagamento de juros da dívida.

Veja a seguir quais foram os principais resultados da empresa nos últimos anos:

Receita operacional
Ano  Receita de vendas (R$ bilhões)
2005  136,6
2006  158,2
2007  170,6
2008  215,1
2009  182,7
2010  213,3
2011  244,2
2012  281,4
2013  304,9
2014  337,3
2015  321,6
2016  282,6
2017  283,7
2018  349,8
2019  302,2
2020  272,1

Fonte: Petrobras

Lucro líquido
Ano  Lucro líquido (R$ bilhões)
2005  23,7
2006  25,9
2007  21,5
2008  33,9
2009  30,1
2010  32,2
2011  33,3
2012  21,2
2013  23,6
2014 -21,6
2015 -34,8
2016 -14,8
2017 -0,4
2018  25,8
2019  40,1
2020  7,1
Fonte: Petrobras

Dívida bruta

Ano  Dívida bruta (R$ bilhões)
2005  48,2
2006  46,6
2007  39,7
2008  64,7
2009  100,3
2010  117,9
2011  155,6
2012  196,3
2013  267,8
2014  351,0
2015  492,8
2016  385,8
2017  361,5
2018  326,9
2019  255,7
2020  280,0
Fonte: Petrobras

Investimentos
Ano  Investimento nominal (US$ bilhões)
2005  10,6
2006  15,5
2007  23,2
2008  29,1
2009  35,4
2010  43,4
2011  43,2
2012  42,9
2013  48,1
2014  37,0
2015  23,1
2016  15,9
2017  15,1
2018  12,6
2019  10,7
2020  8,1
Fonte: Petrobras

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