quinta-feira, 14 de outubro de 2021

A PETROBRAS E SEUS PROBLEMAS DE PREÇOS DE COMBUSTÍVEIS

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo

Vista da Refinaria Presidente Bernardes (RPBC) *** Local Caption *** em destaque, parque de tanques

Vista da Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão (SP).| Foto: André Motta de Souza/Agência Petrobras

No ano que vem, o Brasil terá eleições para escolher presidente e vice-presidente da República, governadores e vice-governadores, senadores, deputados federais e deputados estaduais. Eleição é sempre época de discursos, debates, análises, promessas e planos de governo, atividades que já começaram e serão ampliadas sobretudo após o fim do ano. Como regra geral, os candidatos ajustam suas falas e promessas àquilo que dá votos, já que o objetivo principal é ser eleito. Os problemas complexos e os assuntos espinhosos são evitados e os discursos em geral não refletem o que os candidatos eleitos farão a respeito. Como muitos candidatos vão disputar sua reeleição, já está havendo discursos e propostas de aplicação imediata, em muitos casos com fortes temperos de populismo e demagogia.

Neste momento de crise no campo da energia e dos combustíveis, alimentada pela grave falta de chuvas e pela inflação internacional dos preços do petróleo, têm surgido disparatadas propostas, principalmente as destinadas a combater as altas de preços dos derivados do petróleo. Como sempre ocorre nestes momentos, a Petrobras é colocada no epicentro da confusão, recebendo ataques de diversos lados – o mais recente veio do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). No meio das polêmicas envolvendo tais assuntos, falar em privatização da Petrobras tornou-se um tabu, a ponto de todos os candidatos fugirem de qualquer manifestação a respeito, a não ser para se posicionar contra qualquer discussão sobre privatização.

Registre-se a exceção do governador de São Paulo, João Doria, pré-candidato tucano à Presidência, que, em entrevista concedida a uma emissora de Sergipe, em 15 de setembro, afirmou: “Se eleito presidente da República, eu vou privatizar a Petrobras. Falando com toda clareza e toda calma. E vamos privatizar em lotes. Não é para fazer de uma Petrobras hoje monopolista, pública e estatal, uma Petrobras monopolista privada. Ela será dividida em várias empresas. Como é nos Estados Unidos”. Outra proposta que circulou nas últimas semanas teria sido levantada como hipótese, pela qual o governo destinaria os dividendos que a União recebe da Petrobras para formar um fundo regulador dos aumentos de preços quando decorrentes da subida dos preços internacionais do petróleo.

Qualquer ideia para se abrir o mercado brasileiro de petróleo e combustíveis merece ser discutida sem posição a priori, sem fanatismo e sem tabu, como esse assunto – especialmente o da privatização da Petrobras – fosse proibido

Abrir o mercado brasileiro de petróleo e combustíveis é algo que pode ser feito ou privatizando a Petrobras, seja inteira ou em lotes; ou mantendo a estatal, mas oferecendo condições para que empresas privadas possam competir de igual para igual, acabando de vez com um monopólio que, na lei, foi extinto em 1997, mas permaneceu na prática. Qualquer ideia neste sentido merece ser discutida sem posição a priori, sem fanatismo e sem tabu, como esse assunto – especialmente o da privatização – fosse proibido, uma espécie de divindade sobre a qual não se pode falar. O período eleitoral, no entanto, é o menos indicado para um embate intelectual dessa natureza, justamente pela predominância dos discursos populistas cujo foco é o voto. Mesmo assim, é melhor que se fale a respeito agora, no mínimo para ir quebrando o tabu e desfazer o estigma de assunto intocável. Uma informação relevante em meio a esse problema é que, em abril de 2020, o preço do barril de petróleo no mundo rondava os US$ 23 e, atualmente, um ano e meio depois, anda na casa dos US$ 75.

Outro tema mal explicado é a crença na autossuficiência brasileira em petróleo, pois a autossuficiência não diz respeito apenas ao fato de a produção nacional equivaler, em barris, ao consumo nacional. Não existe apenas um tipo de petróleo. Há o petróleo leve e o petróleo pesado, que exigem estruturas diferentes para extrair e industrializar. Para ajustar a matéria prima à estrutura industrial nacional, o Brasil exporta petróleo e importa petróleo, além de a Petrobras ser uma empresa internacional, ter acionistas internacionais, depender de fornecimentos internacionais e fazer operações de crédito em outros países. A empresa não tem como viver isolada do mundo.

Quanto à hipótese de o governo federal usar os dividendos que recebe da Petrobras para formar um fundo amenizador das flutuações de preços, há de se lembrar o seguinte: a União detém 50,3% do capital com direito a voto, o que lhe dá o controle sobre a empresa; no entanto, do capital total da empresa, a União detém apenas 28,7% – logo, 71,3% do capital é representado por ações em poder do público. Assim, vale mencionar que os dividendos pagos pela companhia são uma fração dos lucros (a lei das sociedades por ações define que no mínimo 25% dos lucros devem ser pagos aos acionistas como dividendos) e, dessa fração, menos de um terço pertence ao governo federal, pois os dividendos são proporcionais às ações detidas pelo acionista.


A proposta velha e repetida de controlar os preços dos combustíveis, como fez Dilma Rousseff com consequências desastrosas para a empresa, mereceu de Joaquim Silva e Luna, presidente da Petrobras, imediato rechaço: “se o preço for represado, vai haver desabastecimento de combustível”, afirmou. De qualquer forma, toda discussão é boa, principalmente se ocorrer com base em fatos, dados e conhecimento do problema. Mas a Petrobras se tornou tão intocável que, nas duas campanhas eleitorais que elegeram Lula, o PT resolveu acusar seus adversários de terem planos para privatizar a Petrobras, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. Com medo de perder votos, os adversários vieram a público assumir o compromisso explícito de não privatizar qualquer dessas empresas – em 2006, o tucano Geraldo Alckmin chegou a vestir um macacão repleto de logomarcas de estatais.

O discurso de Lula e do PT é velho e batido. Eles vivem afirmando que seus adversários querem vender o patrimônio público e que isso seria contra o povo. Uma voz dura discordante desse discurso foi levantada pelo economista Roberto Campos, ministro, embaixador, senador e deputado federal, ao dizer que mais cedo ou mais tarde a sociedade iria se dar conta de que até mesmo essas empresas seriam mal usadas pelos governantes, e seria bom privatizá-las. Roberto Campos foi profético, pois a Petrobras foi saqueada pelos crimes do petrolão e pelos prejuízos com a interferência da presidente Dilma Rousseff, que nomeou dirigentes amadores para comandar a empresa, passou a interferir nas decisões estratégicas, congelou os preços dos derivados de petróleo por quatro anos, provocou a redução dos investimentos, a piora dos indicadores financeiros, o baixo crescimento da produção, a desconfiança dos investidores nacionais e estrangeiros e a decadência daquela que era uma empresa próspera e lucrativa. Quando surgiram notícias de que a Petrobras enfrentava problemas de caixa e estava atrasando pagamentos a fornecedores, o mercado passou a desacreditar no futuro da empresa e os preços de suas ações despencaram.

Se o problema é complexo, se não existem soluções mágicas, se o Brasil insiste em ter praticamente somente uma empresa estatal e monopolista num setor tão importante, faz-se urgente obter informações, estudar a questão, debater todo o cenário, analisar hipóteses contrárias e informar os detalhes ao público, pois a mania de ficar na superfície rasa do assunto, que é difícil, e lançar propostas com fins meramente eleitoreiros não faz bem nenhum ao país.


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FACEBOOK FAZ MODIFICAÇÕES

 

Big Tech
Por
Gazeta do Povo

| Foto: Pixabay

Nesta quarta-feira (13), Dia Nacional de Prevenção e Conscientização contra o Bullying nos Estados Unidos, o Facebook anunciou mudanças nas suas políticas globais contra bullying e assédio. Em um texto publicado no blog do Facebook, a chefe global de segurança da rede social, Antigone Davis, anunciou duas novas políticas principais: combate ao assédio em massa coordenado e aumento da proteção para figuras públicas.

No primeiro caso, o Facebook removerá os esforços coordenados de assédio em massa que visam indivíduos com alto risco de sofrerem danos off-line, por exemplo, vítimas de tragédias violentas ou dissidentes de governos, mesmo que o conteúdo por si só não viole políticas da rede social.

“Também removeremos conteúdo questionável que seja considerado assédio em massa contra qualquer indivíduo em meios pessoais, como mensagens diretas na caixa de entrada ou comentários em perfis pessoais ou postagens. Exigiremos informações adicionais ou contexto para fazer cumprir esta nova política”, apontou Davis, que acrescentou que também serão removidas redes de contas vinculadas a governos, adversários, páginas e grupos que trabalham juntos para assediar ou silenciar pessoas.

Quanto a figuras públicas, Davis argumentou que o Facebook já removia vários tipos de ataques a esses perfis, mas agora serão retiradas outras categorias de conteúdos: conteúdos severos de sexualização; perfis, páginas, grupos ou eventos dedicados a sexualizar figuras públicas; imagens e desenhos “photoshopados” sexualizados e depreciativos; ataques por meio de descrições físicas negativas que são marcadas, mencionadas ou postadas na conta da figura pública; e conteúdo degradante retratando indivíduos executando funções corporais.

“Consistente com os compromissos assumidos em nossa política corporativa de direitos humanos, agora ofereceremos também mais proteção para figuras públicas como jornalistas e defensores dos direitos humanos que se tornaram famosas involuntariamente ou por causa de seu trabalho”, disse Davis.

O anúncio vem num momento em que a empresa é criticada por supostamente não tomar medidas contra ódio, violência e desinformação, mesmo sabendo de danos que seus aplicativos causam à democracia e à saúde mental de adolescentes, segundo relato de uma informante que falou com órgãos de imprensa e senadores americanos.

A ex-funcionária Frances Haugen apontou que uma mudança que o Facebook realizou em 2018 em seus algoritmos interferiu no feed de notícias do aplicativo e otimizou conteúdos que fomentam ódio e polarização, mas a empresa não tomou medidas para resolver o problema por questões financeiras. Em audiência no Senado dos Estados Unidos, ela pediu a criação de mecanismos legais de regulação da rede social.

Haugen também alertou que um estudo interno do Facebook apontou que o Instagram intensifica pensamentos suicidas e transtornos alimentares em grande parte dos adolescentes que usam o aplicativo.


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STF TEM JULGAMENTOS EMPATADOS POR CULPA DO SENADO QUE NÃO PROVIDENCIA SABATINA DE ANDRÉ MENDONÇA

 

Presidente da CCJ

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo

Brasília: O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, durante reunião com o presidente do Supremo Tribuna Federal, Dias Toffoli, para tratar sobre a suspensão da liminar contra a buscas e apreensões realizadas no Congresso Nacional.

Presidente da CCJ Senado, Davi Alcolumbre, sofre pressão por travar a sabatina do advogado André Mendonça, indicado por Bolsonaro para o STF.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Teve grande repercussão o corte de R$ 690 milhões no orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações aprovado pelo Congresso. O ministro astronauta Marcos Pontes reclamou do caso ao presidente da República. Jair Bolsonaro se disse surpreendido, que não sabia. Foi um remanejamento do orçamento proposto pelo Ministério da Economia que prejudicou a pasta de Pontes.

Acho que agora vão ter que fazer um outro projeto de lei para devolver a verba retirada. Porque estamos falando de um órgão importantíssimo. Imagine que o presidente Bolsonaro esteve em Campinas na semana passada, vendo um acelerador de partículas e participando da 1ª Feira do Nióbio, e botam água fria nisso.

E tem mais: Ministério da Economia está pensando no orçamento deste ano ao fazer o remanejamento, só que esse ato vai ter influência lá na frente. Quando se corta verba de ciência, tecnologia, inovação, ensino e pesquisa, isso significa cortar o futuro do país. Não existe país no mundo que sobreviva no atraso, ainda mais no mundo de hoje que é altamente tecnológico.

Vocês perceberam que eu não falei em educação, porque educação se aprende em casa, com pai, mãe, tio, avó, avô, para formar o cidadão com ética, cortesia e respeito aos outros, com palavra, verdade e respeito às leis. Isso se aprende em casa. Escola é para ensinar matemática, geografia e ciências exatas, biológicas e humanas.

A birra de Alcolumbre
Outra coisa que é essencial é o Supremo Tribunal Federal (STF) ter julgamentos decididos e não empatados. Já tem um julgamento em 5 a 5 só esperando a chegada do novo ministro para dar o voto de minerva. Imagine que a primeira coisa que ele vai fazer quando chegar é assumir a responsabilidade de um desempate.

Isso só está acontecendo porque o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), que é presidente da CCJ do Senado, não quer marcar a sabatina de André Mendonça, indicado pelo presidente da República ao STF, e depois remeter o nome dele para o plenário decidir. A sabatina é para apurar o conhecimento jurídico do indicado, o que é exigido pela Constituição, mas Alcolumbre está com uma birra e não marca a data. E agora ele disse ainda que não aceita pressão, porque Bolsonaro falou que o presidente da CCJ estava saindo das quatro linhas da Constituição ao não realizar a sabatina.

Nesta quarta-feira (13), o senador Espiridião Amin (PP-SC) sugeriu que se passe por cima da CCJ e se leve a indicação direto ao plenário do Senado para decidir isso de uma vez por todas. Porque o devido saber jurídico de Mendonça está mais do que comprovado pelos cargos que ocupou na Advocacia-Geral da União e no Ministério da Justiça, e pela trajetória acadêmica na Universidade de Salamanca e na produção de livros de Direito.

Enfim, está complicado. Alcolumbre chegou a alegar que as prioridades da CCJ são a retomada do crescimento, emprego e inflação. Ora, pera lá, nós temos cérebro. Isso não é argumento para uma questão específica, isso é um argumento genérico. Aí é brincadeira!

Ele disse que tem 1.748 outros temas de relevância para apreciar, só que ninguém conhece. A relevância que se sabe é não deixar o Supremo empatar julgamentos e ele está deixando isso acontecer.

Perseguição contra o Conselho de Medicina
E essa maluquice da Defensoria Pública da União cobrando do Conselho Federal de Medicina (CFM) uma indenização de R$ 60 milhões? Tudo por causa de uma resolução que disse o óbvio: que o médico tem autonomia para tratar o paciente e fazer o melhor possível, dentro da ética e da lei, na hora que o paciente apresenta sintomas de uma doença. Isso é desde Hipócrates, passando pela declaração de Helsinque, que tem a aprovação dos médicos do mundo inteiro todos os anos quando se reúnem.

Será que a Defensoria não sabe disso? Cerca de 870 advogados assinaram um manifesto tentando ensinar a Defensoria da União que quem cuida dos médicos é o CFM. É tudo tão óbvio, só que parece que eles entraram na mesma militância da CPI da Covid.

O senador Eduardo Girão (Podemos-CE) falou ontem que a CPI não quis ouvir os médicos. Vocês lembram que o relator Renan Calheiros (MDB-AL) se retirou da sala quando os médicos foram lá ensinar os senadores o que deve ser feito para tratar pessoas. O presidente do CFM lembrou que 22 milhões foram salvos. Cá entre nós, acho que é o dobro disso, é só perguntar por aí. O povo sabe!

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MUDANÇAS NO ICMS PARA REDUZIR AUMENTO DE COMBUSTÍVEIS

Votação
Por
Olavo Soares
Brasília

Petrobras reajusta em 12% o preço da gasolina nas refinarias a partir desta quinta-feira

Relator estima que combustíveis podem ficar 8% mais baratos com a aprovação do projeto que muda o ICMS| Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

A Câmara dos Deputados aprovou, na noite desta quarta-feira (13), um projeto de lei que muda a base de cálculo do ICMS sobre os combustíveis e pode levar à redução imediata dos preços dos combustíveis. A aprovação foi feita com 392 votos a favor, 71 contrários e duas abstenções. O texto segue agora para o Senado Federal.

O projeto de lei complementar (PLP) 11/2020 determina que o ICMS passe a ser cobrado sobre os preços de combustíveis de acordo com os valores de mercado nos dois anos anteriores. Ou seja: para 2021, vale uma média com os preços praticados em 2019 e 2020. A cobrança será feita com um valor fixo em real, e não por meio de um percentual.

Atualmente, o ICMS é cobrado de acordo com uma revisão feita a cada 15 dias, de acordo com uma porcentagem do preço, e estabelecido pelos estados. A proposta votada nesta quarta foi um substitutivo elaborado pelo deputado Dr. Jaziel (PL-CE), sobre um projeto de Emanuel Pinheiro Neto (PTB-MT).

Dr. Jaziel estima que as mudanças na legislação devem levar à redução do preço final praticado ao consumidor de, em média, 8% para a gasolina comum; 7% para o etanol hidratado; e 3,7% para o diesel B. “A medida colaborará para a simplificação do modelo de exigência do imposto, bem como para uma maior estabilidade nos preços desses produtos”, afirmou.

Estados criticam proposta que modifica ICMS
O Comitê Nacional de Secretários de Fazenda Estaduais (Comsefaz) divulgou nota nesta quarta em que se posiciona contra o projeto que pretende alterar o cálculo do ICMS dos combustíveis. Os secretários avaliam que a proposta vai causar uma perda de R$ 24 bilhões para as finanças estaduais, e R$ 6 bilhões para os municípios.

Os estados argumentam que o parecer não irá mudar o valor dos combustíveis, pois não altera outros fatores que causam aumento nos preços. O Comsefaz ressalta que o ambiente adequado para alterar o ICMS é a reforma tributária em tramitação no Congresso. Além disso, os secretários criticaram a política de paridade internacional de preços da Petrobras.

O relator Dr. Jaziel rebateu as críticas dos estados. Ele argumentou que a proposta ao mesmo tempo amortece a oscilação dos preços dos combustíveis e respeita a autonomia dos governos estaduais, que manterão a competência para definir as alíquotas, sem necessidade de uniformização nacional por produto.

“Os governadores não vão perder. Muitos estados têm alíquota razoável. Aqueles que mais reclamam são os que mais taxam e sufocam o povo com o ICMS”, criticou. “Apesar da oscilação do preço do barril do petróleo e do dólar, o ICMS é uma peça que pesa muito no preço final do combustível. Cada um tem que dar sua parcela de contribuição”, declarou.


Lira deu prioridade absoluta ao projeto
A redução do preço dos combustíveis se tornou uma prioridade do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), nas últimas semanas. No dia 1º, ele, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, fizeram uma reunião para discutir alternativas para o problema. Além da proposta sobre o ICMS, a Câmara estuda a criação de um fundo que compensaria a Petrobras em caso de variações internacionais de preço e impediria o repasse dos preços finais aos consumidores.

Lira traduziu sua preferência à proposta ao colocá-la em primeiro lugar na ordem do dia desta quarta, à frente de outros 13 projetos. Entre eles, a proposta de emenda à Constituição (PEC) que modifica a composição do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), também defendida pelo presidente da Câmara, mas contestada por entidades de combate à corrupção.

Antes de conduzir a votação do projeto, Lira fez críticas à gestão da Petrobras. Em entrevista à Rádio CNN nesta quarta, ele citou o monopólio da empresa sobre o gás de cozinha e reclamou de suposta queda nos investimentos da estatal. “Joaquim Luna e Silva [presidente da Petrobras] disse que a empresa não faz política pública, ninguém está falando de programa social nem de política pública. Estamos tratando do monopólio absurdo do gás de cozinha e da falta de investimento energético. É uma empresa predominantemente pública, e o que existe ali é uma política que precisa ser revista, porque atualmente só distribui os recursos”, disse.

O preço dos combustíveis se tornou um tema de constantes críticas da oposição à gestão Bolsonaro. Nos recentes protestos contrários ao presidente da República, manifestantes portaram faixas que faziam alusão ao preço de R$ 7 para o litro de gasolina. Em resposta, Bolsonaro habitualmente repete que os preços elevados são resultado da cobrança de ICMS por parte dos governos estaduais.


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ROMANCE KALLOCAÍNA

 

Literatura
Por
Pedro Henrique Alves, especial para a Gazeta do Povo

Capa do livro Kallocaína, da editora Carambaia: romance distópico que inspirou Orwell| Foto: Divulgação

Há livros primorosos que se perdem na imensidão prolixa de editoras e autores que buscam sucesso, fama e reconhecimento mais ou menos instantâneos. E, sinceramente, não há nada de errado em editoras buscarem lucros imediatos, afinal, fazer livros é algo caro. Porém, nesse processo acelerado, algumas riquezas literárias passam batidas ou são tão somente esquecidas. Resta, então, aos leitores arregaçarem as mangas e iniciarem uma verdadeira escavação arcoliterária em sebos e grupos de trocas de livros nas redes sociais. Não à toa, os sebos são, para mim, uma catedral de humanidade antes de serem um mercado livreiro. Há uma sacralidade naquele local abarrotado de livros. Aquele cheiro de mofo misturado à degradação das páginas são os incensos da liturgia civilizacional.

Uma dessas excelentes obras esquecidas nesses monastérios empoeirados dos livros é ‘Kallocaína’, livro que encontrei aleatoriamente em uma entrada casual num sebo no centro de São José dos Campos, no estado de São Paulo. Após lê-la de uma tacada só, julgo que seja a distopia mais aterrorizante que li em toda a minha vida ‒ falo isso sem nenhum preciosismo, exagero ou financiamento da editora responsável pela obra. Aquela escavação me rendeu uma riqueza inestimável, insights poderosos para minhas análises políticas.

Apoiada em ‘Admirável Mundo Novo’, de Aldous Huxley, e inspirando ‘1984’, de George Orwell, Karin Boye escreveu uma das distopias mais desconhecidas nessas bandas tupiniquins, mas também uma das mais marcantes e assustadoras que a literatura do século XX produziu. Em tempos de busca histérica por representatividade feminina na literatura, devemos nos perguntar por que Boye, uma lésbica formada no seio socialista francês, foi tão confortável e convenientemente esquecida pelas progressistas da justiça social e vaginal contemporânea. Tal livro já havia sido lançado aqui no Brasil pela Editora Americana, em 1974, com a tradução de Janer Cristaldo. No entanto a obra estava esgotada e sem previsões de nova edição até a providencial reedição da Carambaia, de 2019, com a magnífica tradução de Fernanda Sarmatz Åkesson.

A autora dessa distopia empoeirada é a desconhecida poeta Karin Boye, sueca, nascida em 1900, em Gotemburgo. Filha de um engenheiro e uma dona de casa de ascendência alemã, Karin se interessou desde a mais tenra idade pela literatura e pela política. Sua casa sempre foi um ambiente de liberdade e religiosidade protestante, e da mesma forma que crescia entre as palavras de Cristo, também tinha plena liberdade para ler as prosas de Nietzsche e as doutrinas comunistas de Marx.

No início da adolescência, porém, em uma inesperada virada de postura do pai, Boye foi enviada para um internato escolar religioso onde a liberdade de pensamento não era mais tão bem-vinda assim. Na juventude, agora já na universidade de Uppsala, uniu-se ao grupo comunista Clarté, encabeçado pelo escritor francês Hanri Barbusse. Apesar do grupo se intitular como “antipartidário” e “social-democrata”, além recusar o título de “comunista” ‒ pois as mazelas econômicas e fedores genocidas advindos da Rússia já começavam a se espalhar pela Europa ‒, a verdade é que o grupo endossava sim a revolução leninista e apoiava em silêncio a URSS.

Na época, além das poesias que havia publicado, em 1922, sob o nome de ‘Moln’ [Nuvens], ela também escrevia regularmente para revistas e jornais socialistas como o Social-Demokraten e o Arbetet, assinando, inclusive, os seus editoriais e demais críticas ao fascismo nascente e aos liberais suecos. Em 1928, a poeta tem a oportunidade de viajar para URSS a fim de contemplar o comunismo em ação, e lá, para seu total espanto, encontra uma das maiores decepções de sua vida: o comunismo tal como ele é. A supressão extrema das liberdades individuais e o sistema de vigilância individual ‒ comumente baseado na delação compulsória e no pânico generalizado ‒ foram observados por ela ao vivo, o que a deixou aterrorizada e decepcionada.

De volta à Suécia, em silêncio, já havia decidido abandonar o comunismo e o Clarté ‒ o que vai efetivamente ocorrer, todavia, somente em 1930. Não demorou muito para que suas poesias e artigos começassem a aparecer em periódicos liberais da Suécia e da França. Junto a Erik Mesterton e Josef Riwkin, ela até mesmo chegou a fundar a Spektrum, uma revista dedicada à poesia. A publicação, entre outros méritos públicos e acadêmicos, foi a responsável por introduzir o mundo literário sueco ao poeta conservador T. S. Eliot ‒ que seria impossível de ser visto ombreando as ideias de Boye até alguns anos antes.

A poeta sueca, todavia, viveu em uma constante briga interna com suas ideias e sexualidade. Foi casada com o ex-companheiro de Clarté, Leif Björk, sustentando até onde foi possível um casamento frustrante e infeliz. Em busca de paz, na década de 1930 foi a Berlim se tratar com a nova e promissora psicanálise. Lá conheceu Margot Hanel, com quem teve um relacionamento também conturbado. Por volta de 1930, ela se assumiu lésbica para amigos próximos, o que, logo após, se tornou um fato notório para todo o país.

Além de seus problemas amorosos e decepções políticas, a ascensão de Hitler só piorou sua situação. Podemos imaginar que a atmosfera caótica que gestou Hitler na Alemanha tenha acentuado a sua depressão da alma e da mente, e, aliado ao vazio de propósito deixado pela decepção com a ideologia comunista de outrora, a poeta estava à deriva e angustiada. Constantemente ela descreveu a amigos e para seu editor a sensação de abafamento moral e de amputações políticas cada vez mais agressivas às liberdades individuais na Europa, o que a deixava profundamente perturbada.

Foi com tal sentimento em voga que ela escreveu, em 1940, ‘Kallocaína’, obra que ela mesma caracterizou como “assustadora e macabra”, prometendo a seu editor “jamais escrever algo tão macabro assim” novamente ‒ promessa que, de fato, cumpriu.

A trama do romance distópico se passa num Estado totalitário denominado pelo Estado Mundial — tal nome já mostra a confecção política que a obra visava destrinchar. O texto é uma narrativa em primeira pessoa, que acontece através das anotações de Leo Kall, um cientista do Estado Mundial que desenvolveu uma droga, a kallocaína, que tem a proeza de fazer com que os seu usuários se tornem extremamente verdadeiros, sem travas e freios morais para dizerem o que realmente sentem, fazem, pensam e projetam.

Durante os testes de sua droga em cidadãos voluntários, alguns deles fervorosos entusiastas do Estado Mundial, Kall percebe que as verdades destravadas por sua droga mostravam, ao contrário do que ele sempre foi ensinado, que existia uma liberdade individual soterrada pela vigilância, doutrina e armas do Estado. O slogan vocalizado constantemente pelo cientista e demais cidadãos do Estado Mundial era: “Sabemos que o Estado é tudo, e o indivíduo é nada”. Mas quando as pessoas realmente podiam falar o que pensavam e sentiam, mostrava-se uma camada ideológica de abafamento da consciência, uma lona negra e pesada que aprisionava os indivíduos numa realidade moralmente claustrofóbica, um sequestro compulsório e massivo da personalidade e da individualidade dos homens. O totalitarismo do Estado Mundial é um totalitarismo maduro e sofisticado — e eis aqui um dos maiores trunfos da obra —, ele não mais aprisiona seus cidadãos com grilhões de ferro e em porões fétidos em lugares longínquos, mas o faz pelo medo, coerção psicológica, jogos linguísticos e pela incessante e asfixiante vigilância moral.

A genialidade da obra está em mostrar ‒ e fazer sentir ‒ o abafamento claustrofóbico do totalitarismo, não somente em seu caráter público, mas também no caráter psicológico e moral de cada indivíduo. Nas palavras de Oscar Nesterez, posfaciador da obra relançada pela Carambaia: “Durante a leitura do relato […], tem-se a impressão de que as paredes ao redor estão se aproximando, de que o oxigênio começa a rarear”.

Os embates psicológicos que Leo Kall tem consigo mesmo são poderosos e profundos, fica claro que a escrita de Kallocaína só poderia ter saído de uma alma que se sentia também aprisionada, frustrada, traída, que, ainda que consciente da realidade de uma liberdade inata ao seu ser, não conseguia usufruir do seu frescor e do bater das suas asas. Assim se sentia a poeta sueca: apesar de conhecer a possibilidade da autonomia, parecia que estar cada vez mais longe dela.

Na narrativa, Kall desencadeia então uma série de diálogos psicológicos memoráveis, os fez na autocensura às suas tentações de ser um pouco livre à revelia das regras do Estado. “De onde vinha esse infeliz questionamento dentro do meu ser”?, pergunta diante da desconfiança de traição de sua esposa, e das inumeráveis tentativas frustradas de torná-la sensível e emocional às suas descobertas ‒ emoções são traições à geométrica perfeição da ideologia do Estado.

Talvez o diálogo mais marcante da obra seja a descoberta “imoral” do cientista de que há uma consciência pessoal no homem, de uma espécie de brisa inata de liberdade que brota naturalmente dos indivíduos. Aliás, essa descoberta de que realmente há “indivíduos”, que tal termo não é fruto de um obscurantismo reacionário ou de uma turba de atrasados políticos ‒ aqueles que, na obra, são retratados como os “viajantes rejeitados do deserto” ‒ é o que sempre rompe o último selo do conformismo psicológico dos que se revoltam contra tiranias. O homem não é massa, o homem é indivíduo.

A narrativa se faz instigante e ativa pelas constantes rupturas de expectativa que ocorrem abruptamente ‒ ainda que ao ler estejamos constantemente esperando por essas ocasiões. Fato é que elas são impossíveis de ser previstas, a cada página virada uma expectativa se renova.

Ao descobrir que a realidade pode ser mais do que aquilo que o Estado mostra, que há uma liberdade feita manancial em cada pessoa, Kall não explode imediatamente em busca de revoluções ou protestos, como diria o poeta português Valter Hugo Mãe em ‘O filho de mil homens’: “para dentro do homem o homem cai”. E Kall caía para dentro de si em reflexões, desesperos, planos e filosofias. A cada descoberta, a realidade, para além das cortinas ideológicas do Estado, convidava-o para fora daqueles muros subterrâneos. E pararei a descrição da trama por aqui, a fim de não dar mais spoilers.

Como já adiantamos, não parece ser mera coincidência do destino literário a kallocaína nos lembrar do soma de ‘Admirável Mundo Novo’, muito menos o caráter desbravador de Winston Smith, de ‘1984’, casar-se perfeitamente com os temperamentos e trejeitos de Leo Kall. O que a sueca faz de diferente dos demais autores de distopias de seu tempo, entretanto, é destrinchar os caminhos internos da consciência dos prisioneiros do totalitarismo. Aquilo que Alexander Soljenítsin fez em um relato autobiográfico no primoroso e assustador ‘Arquipélogo Gulag’, Karin Boye fez em forma de romance, não menos primoroso, em ‘Kallocaína’. Em ambos os relatos, temos indivíduos que, aos poucos, despertam da ilusão asfixiante de uma ideologia igualitarista e, tomando consciência da caixa que os aperta em mentiras políticas e psicologias ditatoriais, tentam encontrar uma viela para libertação.

A descoberta verdadeiramente angustiante de que aquilo que sempre se acreditou ser a verdade indiscutível na verdade não passa de produtos enganosos de déspotas e acadêmicos encastelados. A vertigem que dá ao notarmos que a abnegação de nossa obediência às normas era, antes de mais nada, o virar da chave que nos trancava em nossas celas psicológicas… Pois bem, eis o que Bye trata com maestria absurda em ‘Kallocaína’. Com essa obra, Boye se torna, para mim, uma das mais competentes apologistas da maturidade de consciência, talvez uma das mais habilidosas defensoras da sanidade política da literatura mundial.

Kallocaína foi lançada originalmente em 1940 ‒ como já dito anteriormente ‒, e Boye se suicidou apenas um ano após, em 24 de abril de 1941, ingerindo uma quantidade cavalar de remédios para dormir. Obviamente, como é notável, jamais se recuperou da depressão causada pelos embates de sua alma e do assombro político que a cercava.

Assim sendo, parece-me que a obra resenhada foi mais que um romance, talvez guarde a sua característica de autobiografia. O impressionante é o fato de que a realidade que figurava na alma da poeta mostrou de forma crua e profunda o que cá fora passaríamos com as ditaduras que ensanguentaram o planeta. ‘Kallocaína’ foi composta para pessoas que buscam a maturidade política e mental; ela foi escrita para aqueles que querem entender o que uma ideologia totalitária pode engendrar em uma alma imatura, para mostrar quantas marcas indeléveis ela pode cravar em nossas consciências.

Infelizmente, a obra encontra-se esgotada, o que já era esperado, já que a editora Carambaia lançou-a sob o selo “limitada” — edições que já nascem com a certeza que acabarão e dificilmente serão reimpressas, pelo menos não tão cedo. Minha edição é a de número 689 de uma tiragem de 1.000. Obviamente a obra já começa a figurar naqueles preços exorbitantes de “obras sumidas” ‒ a lei de oferta e demanda é implacável no mundo livreiro. Pois bem, quem sabe a Carambaia tenha mais uma atitude de extrema bondade civilizacional e reimprima a obra. É mais do que um preciosismo de um amante de livros, creio ser antes uma questão de sanidade. Esse é um daqueles livros que um bom homem não pode morrer sem ler.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/kallocaina-a-distopia-desconhecida-que-inspirou-george-orwell/
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SOCIEDADE E CONFLITOS

 

*Rubens Leite

Você já deve ter visto em filmes, no noticiário ou até mesmo conhece alguém que passou por problemas com o sócio. O tema que muitas vezes é clichê pode levar a brigas judiciais e até a falência de empresas. Para se ter ideia, só no Brasil existem 6,4 milhões de estabelecimentos formados pelas micro e pequenas empresas (MPE) e pelos microempreendedores individuais (MEI), mas apenas uma entre quatro empresas sobrevivem  antes de completar dois anos de existência, é o que diz um um relatório divulgado pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). Entre os fatores que podem levar ao fim dessas empresas estão os problemas com a sociedade.

É necessário levar uma série de critérios em conta na hora de escolher um parceiro para seu negócio. O primeiro passo é entender qual o objeto do negócio, seu tamanho, capital investido e mapear a operação, ou seja, é necessário realizar um plano de negócio estruturado. Com isso você entenderá se precisa de capital, de mão-de-obra ou ambas as coisas para fazer o negócio acontecer. Havendo a necessidade de capital, o sócio-investidor é uma boa medida, mas não se poderá exigir dele, outro comportamento, senão a cobrança por lucros ou dividendos. Ao passo que, se for necessária a soma de esforços para atingir o objetivo em comum, pode ser interessante ter um ou mais sócios, mas nesse perigoso caso, é importante ter claro o job description de cada um, para que não haja a sensação de que um trabalha mais que outro.

Outro ponto importante para ser analisado antes de optar por uma sociedade é saber se é capaz de trabalhar em equipe e se é vantajoso ter alguém dividindo as responsabilidades e lucros. Na sociedade de capital cumulada com mão de obra pelos sócios, também é necessário analisar a afinidade entre os gestores e definir quem vai ficar em cada cargo. Normalmente, as pessoas optam por um deles atuando mais no operacional e o outro no comercial, mas os dois devem saber que a participação no capital não tem nada a ver com o fluxo de trabalho. Se algum trabalha mais que outro, uma opção pode ser a criação de pró labores diferentes para tornar mais equilibrada a relação. 

Existem diversos cuidados que se deve ter ao escolher um sócio, pontuo alguns mais comuns abaixo:

Defina bem todas as atividades: os principais conflitos entre os sócios estão vinculados à falta de regras claras em relação a função de cada um na empresa e os resultados que se espera deles. Em muitas companhias como não há definição das tarefas, expectativas e projetos esperados para cada sócio, um deles pode acabar se sentindo mais sobrecarregado do que o outro e isso pode gerar ainda mais conflitos quando os problemas começarem a surgir. Por isso, é necessário colocar no papel o quanto cada um deve se dedicar a empresa e quais as tarefas de cada um.

Seja precavido: claro que ninguém começa um casamento querendo se divorciar, a mesma coisa acontece com uma sociedade, por isso, é fundamental deixar tudo acordado antes de iniciar o negócio. Existem algumas medidas para evitar problemas na hora de desfazer a sociedade, uma delas é deixar tudo alinhado em um contrato. Caso os sócios optem por desfazer a sociedade, isso pode acontecer de maneira consensual, em que um deles decide fazer a divisão da sociedade. A partir disso, cada um é representado por um profissional que vai elaborar uma minuta de alteração contratual, fazendo a retirada de um deles da empresa. 

E se meu sócio falecer? Em caso de morte de um dos sócios vai estar deliberado no contrato social como deve ser feita transferência do dinheiro de cotas. Caso venha acontecer o falecimento existem alguns procedimentos que podem acontecer e que devem ser alinhados no contrato social ou estatuto pelos sócios, eles podem optar pelos herdeiros terem o direito de acender na sociedade, de tomar posse como representantes por aquelas ações ou se acontecerá de outra forma, por compra das cotas do sócio remanescente. Nesse caso, temos um elemento essencial que deve ser levado em conta que é a afeição entre os sócios, porque muitas vezes essa sinergia e relação de confiança pode não existir em relação aos herdeiros.

Para escolher um sócio é necessário analisar a fundo todos os processos desse negócio. Antes de começar uma sociedade você deve levar em conta se essa pessoa está com o mesmo propósito que você, se conseguem trabalhar em conjunto, com organização e honestidade, e além de tudo, verificar se os dois estão correndo o mesmo caminho e desejam que essa jornada do empreendedorismo que não é fácil dê certo. Caso decidam que sim, outro ponto importante é que o sócio administrador preste contas aos outros regularmente.

*Rubens Leite é advogado e sócio-gestor da RGL Advogados

CARACTERÍSTICAS DA VALEON

Perseverança

Ser perseverante envolve não desistir dos objetivos estipulados em razão das atividades, e assim manter consistência em suas ações. Requer determinação e coerência com valores pessoais, e está relacionado com a resiliência, pois em cada momento de dificuldade ao longo da vida é necessário conseguir retornar a estados emocionais saudáveis que permitem seguir perseverante.

Comunicação

Comunicação é a transferência de informação e significado de uma pessoa para outra pessoa. É o processo de passar informação e compreensão entre as pessoas. É a maneira de se relacionar com os outros por meio de ideias, fatos, pensamentos e valores. A comunicação é o ponto que liga os seres humanos para que eles possam compartilhar conhecimentos e sentimentos. Ela envolve transação entre pessoas. Aquela através da qual uma instituição comunica suas práticas, objetivos e políticas gerenciais, visando à formação ou manutenção de imagem positiva junto a seus públicos.

Autocuidado

Como o próprio nome diz, o autocuidado se refere ao conjunto de ações que cada indivíduo exerce para cuidar de si e promover melhor qualidade de vida para si mesmo. A forma de fazer isso deve estar em consonância com os objetivos, desejos, prazeres e interesses de cada um e cada pessoa deve buscar maneiras próprias de se cuidar.

Autonomia

Autonomia é um conceito que determina a liberdade de indivíduo em gerir livremente a sua vida, efetuando racionalmente as suas próprias escolhas. Neste caso, a autonomia indica uma realidade que é dirigida por uma lei própria, que apesar de ser diferente das outras, não é incompatível com elas.

A autonomia no trabalho é um dos fatores que impulsionam resultados dentro das empresas. Segundo uma pesquisa da Page Talent, divulgada em um portal especializado, 58% dos profissionais no Brasil têm mais facilidade para desenvolver suas tarefas quando agem de maneira independente. Contudo, nem todas as empresas oferecem esse atributo aos colaboradores, o que acaba afastando profissionais de gerações mais jovens e impede a inovação dentro da companhia.

Inovação

Inovar profissionalmente envolve explorar novas oportunidades, exercer a criatividade, buscar novas soluções. É importante que a inovação ocorra dentro da área de atuação de um profissional, evitando que soluções se tornem defasadas. Mas também é saudável conectar a curiosidade com outras áreas, pois mesmo que não represente uma nova competência usada no dia a dia, descobrir novos assuntos é uma forma importante de ter um repertório de soluções diversificadas e atuais.

Busca por Conhecimento Tecnológico

A tecnologia tornou-se um conhecimento transversal. Compreender aspectos tecnológicos é uma necessidade crescente para profissionais de todas as áreas. Ressaltamos repetidamente a importância da tecnologia, uma ideia apoiada por diversos especialistas em carreira.

Capacidade de Análise

Analisar significa observar, investigar, discernir. É uma competência que diferencia pessoas e profissionais, muito importante para contextos de liderança, mas também em contextos gerais. Na atualidade, em um mundo com abundância de informações no qual o discernimento, seletividade e foco também se tornam grandes diferenciais, a capacidade de analisar ganha importância ainda maior.

Resiliência

É lidar com adversidades, críticas, situações de crise, pressões (inclusive de si mesmo), e ter capacidade de retornar ao estado emocional saudável, ou seja, retornar às condições naturais após momentos de dificuldade. Essa é uma das qualidades mais visíveis em líderes. O líder, mesmo colocando a sua vida em perigo, deve ter a capacidade de manter-se fiel e com serenidade em seus objetivos.

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quarta-feira, 13 de outubro de 2021

AS LIBERDADES DE EXPRESSÃO ESTÃO SENDO SUPRIMIDAS NO BRASIL E NO MUNDO

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo

A jornalista filipina Maria Ressa, uma das ganhadoras do Nobel da Paz 2021.| Foto: EFE/EPA/Francis R. Malasig

Candidatos fortes ao Prêmio Nobel da Paz deste ano não faltavam. A pandemia de Covid-19 e os esforços para derrotá-la por meio da vacinação ressaltaram o papel de vários líderes e entidades como a Organização Mundial de Saúde, e a questão ambiental tem feito da ativista Greta Thunberg uma candidata constante nos últimos anos. Mas a escolha do comitê formado por parlamentares noruegueses, ao premiar os jornalistas Maria Ressa e Dmitry Muratov, mostrou que, em meio a tantos problemas globais, não há como ignorar ou minimizar as ameaças às liberdades de expressão e de imprensa.

Ressa é filipina e cofundadora do Rappler, site de jornalismo investigativo que vem se destacando na denúncia de abusos e corrupção dentro do governo de Rodrigo Duterte, atraindo a ira do mandatário. Em 2018, o Rappler chegou a ter sua licença revogada pelo governo filipino e, no ano seguinte, Ressa foi presa sob a acusação de “difamação cibernética”; ela responde ao processo em liberdade após o pagamento de uma fiança, mas ainda pode ser condenada a até seis anos de prisão.

Ditaduras escancaradas e governos nominalmente democráticos, mas que na prática fazem o que bem entendem, não toleram veículos de imprensa e jornalistas que não lhes sejam subservientes

Muratov é cofundador e editor da Novaia Gazeta, um dos raros jornais russos que têm postura crítica em relação ao presidente Vladimir Putin. O regime, como se sabe, não tem pudores na repressão aos críticos; outro indicado ao Nobel da Paz, o dissidente Alexei Navalny, está preso e, no ano passado, foi envenenado, provavelmente pelo serviço secreto russo. A Novaia Gazeta já perdeu seis jornalistas assassinados, e um dos crimes acaba de completar 15 anos: a morte da repórter Anna Politkovskaia, que denunciou violações de direitos humanos durante a campanha militar russa na Chechênia – apesar de algumas pessoas terem sido condenadas pelo assassinato, o mandante permanece desconhecido.

“Eles [Ressa e Muratov] representam todos os jornalistas que defendem este ideal [da liberdade de expressão] em um mundo no qual a democracia e a liberdade de imprensa enfrentam dificuldades crescentes”, afirmou o comitê responsável pelo Nobel da Paz em seu comunicado. “As liberdades de expressão e informação ajudam a garantir que o público esteja informado. Esses direitos são pré-requisitos fundamentais para a democracia e para a proteção contra guerras e conflitos”, acrescentam os parlamentares noruegueses responsáveis pelo prêmio. A avaliação resume a importância do trabalho jornalístico e da necessidade de esse trabalho ser realizado com plena liberdade.


Organizações de defesa da liberdade de imprensa repetidamente denunciam as arbitrariedades cometidas contra o jornalismo independente em regimes como os de Putin e Duterte. Ditaduras escancaradas e governos nominalmente democráticos, mas que na prática fazem o que bem entendem – normalmente em conluio com Legislativos e Judiciários aparelhados que dão um verniz de legalidade ao arbítrio –, não toleram veículos de imprensa e jornalistas que não lhes sejam subservientes. Mas a repressão não ocorre apenas nos níveis mais altos de governo. No Brasil, por exemplo, relatórios sobre a liberdade de imprensa mostram que o risco maior para jornalistas investigativos está longe dos grandes centros. Em cidades pequenas ou médias, reportagens que exponham os podres de lideranças políticas locais podem terminar em violência ou morte, embora esses crimes jamais tenham grande repercussão.

Além disso, o passado recente mostra que, ao menos no Brasil, uma nova ameaça vem se somando à violência contra jornalistas. Um apagão da liberdade de expressão no Brasil patrocinado por tribunais superiores e órgãos políticos, como a CPI da Covid, não poupa produtores de conteúdo, jornalistas e sites noticiosos, incluídos entre os alvos de medidas arbitrárias que incluem prisão, censura, bloqueio de perfis em mídias sociais – elas próprias bastante propensas a bloquear certos conteúdos – e desmonetização. Um tipo de intimidação não menos sutil, mas que ainda não encontra na sociedade o mesmo repúdio que o dirigido a coronéis dispostos a espancar e matar jornalistas “incômodos”. Em todos os casos, não apenas os jornalistas são vítimas; também a sociedade perde ao se ver privada de informação e ter o debate vetado. O Nobel da Paz concedido a Maria Ressa e Dmitry Muratov, afirma o comitê do prêmio, “pretende ressaltar a importância de proteger e defender esses direitos fundamentais”, em relação às liberdades de expressão e imprensa. Que todos compreendam essa mensagem e estejam dispostos a lutar por esses direitos.


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