terça-feira, 5 de outubro de 2021

ENTREVISTA COM O EX-PRESIDENTE TEMER

 

Entrevista exclusiva

Por
Isabella Mayer de Moura – Gazeta do Povo


O ex-presidente da República Michel Temer (MDB) demonstra descrença em uma candidatura de terceira via capaz de quebrar a polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no ano que vem. Embora aponte faltar muito tempo ainda para as eleições de 2022 — e que até lá tudo pode acontecer —, Temer diz que a tendência hoje é de uma fragmentação dos votos do chamado centro democrático.

“O que vai acontecer nessa chamada terceira via é uma atomização dos votos, e isto, na verdade, vai manter a polarização dos dias atuais”, diz em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo.

O ex-presidente vê a terceira via desunida e incapaz de alcançar uma convergência política que faça frente a Lula e Bolsonaro. Temer diz haver um “movimento divisionista” entre partidos e pré-candidatos do qual não faz questão de participar se o objetivo final não for somar forças. “O que eu puder somar, eu participo. Aquilo que é pra dividir, eu não participo”, afirma.

Temer também falou sobre sua participação na elaboração da declaração à nação, na qual Bolsonaro se comprometeu a cumprir as ordens judiciais do Supremo Tribunal Federal (STF), e afirmou que “não há a menor possibilidade de golpe no país”. Ele disse ainda que todas manifestações de rua a favor e contra o chefe do Executivo são legítimas, mas acrescentou que o Brasil tem 150 milhões de eleitores e que não são esses movimentos que decidem as eleições.

Sobre os pedidos de impeachment contra Bolsonaro, Temer demonstrou preocupação com a instabilidade que um processo dessa natureza poderia trazer ao país. “Um processo de impeachment leva ao menos nove meses para ser concluído. Imagine você, durante um pleito eleitoral, um pedido de impedimento com seguidores que ele [presidente] tem, convenhamos, radicais, muito entusiasmados. Ele poderiam criar um problema extraordinário no país. Portanto não vejo razão para um impedimento neste momento”.

Confira a seguir a entrevista completa em texto e vídeo.

A carta à nação e o 7 de setembro
Qual foi a sua participação na construção da declaração à nação assinada pelo presidente Jair Bolsonaro no mês passado? Quem contatou quem primeiro? E quais foram as consequências que o senhor observou depois da publicação da carta?

Michel Temer: As coisas se passaram da seguinte maneira. Numa sexta-feira que antecedeu o 7 de setembro muitas pessoas me procuraram, telefonaram dizendo o seguinte: ‘Olha Temer, você é um ex-presidente da República, tem uma palavra moderada. Hoje ninguém se entende com ninguém, as instituições não se entendem, você deveria ajudar nisso’. E eu confesso que vi aquilo, mas não sabia o que fazer. E aí passa sábado, domingo, segunda, terça, no 7 de setembro, quando houve aquela reunião de muita gente em várias partes do país.

Quando foi na quarta-feira, dia 8, por volta das 20 horas, o presidente da República me ligou. Me perguntou o que eu achei da manifestação, do povo que compareceu às ruas. Eu disse: ‘Olha, se me permite a franqueza, foi um grande movimento. Agora, o seu discurso, com a devida licença, não foi útil. Dizer o que você disse sobre um ministro do Supremo Tribunal Federal não fica bem na voz do presidente da República, especialmente para uma multidão’.

Aí ele me disse que realmente queria uma pacificação, que ele não aprecia essa disputa enorme que está havendo e que quer ter bom entrosamento com o Supremo, com os demais poderes. E até ele acrescentou: ‘O senhor é muito amigo do ministro Alexandre [de Moraes], poderia conversar com ele’. [Respondi:] ‘Se me permitirem que eu diga que o senhor me pediu para falar, eu converso com ele’. E ele disse que autorizava.

Então eu conversei com o ministro Alexandre, que me disse: “Olha, eu não dou nenhum despacho que não seja fundamentado na ordem jurídica, não há nada pessoal contra ninguém”. Aí eu disse [para Moraes] que para distensionar as relações, nós deveríamos talvez pensar numa declaração escrita do presidente, dizendo que cumpre a Constituição, cumpre as medidas judiciais, que tem apreço pela sua figura como professor e jurista, que aquela fala foi calor do momento e nada mais do que isso.

O ministro Alexandre de Moraes falou: ‘Se for assim fica uma coisa boa para distensionar isso que está acontecendo no país’. Então eu disse que ele [presidente] iria me ligar no dia seguinte, suponho, e eu transmitiria esses tópicos a ele para verificar se aceitaria.

Eu ainda tinha uma dúvida se ele ia aceitar ou não. Mas o fato é que ele me telefonou e quando disse que, em face das conversas, eu tinha elaborado um tópicos para que, se pudesse fazer uma declaração à nação, eu li os tópicos para ele e ele se colocou de acordo e disse: ‘Olha, estou enviando um avião aí para buscá-lo, quero que venha almoçar comigo porque vamos conversar sobre isso’.

Fui para lá [Brasília], conversamos durante o almoço, entreguei os tópicos para ele. Ele me pediu duas horas porque, naturalmente, ia conversar com mais alguém. Duas horas depois eu voltei, ele estava com a declaração pronta, que foi imediatamente divulgada.

Foi então que eu coloquei o ministro Alexandre na linha [de telefone] para conversarem, que é a coisa mais natural o presidente da República conversar com outros ministros de outras instituições. Eles conversaram por quatro ou cinco minutos, muito amigavelmente, pelo que pude perceber.

E interessante que, quando eu saí de lá, verifiquei a repercussão extraordinária que teve. A bolsa teve um pico para cima, o dólar caiu e as pessoas estavam muito entusiasmadas sobre aquilo que aconteceu. O que a mim revela que o povo brasileiro está cansado dessas disputas entre pessoas e entre instituições. Por isso teve a repercussão que se verificou. Rigorosamente, volto a dizer, foi um gesto modesto, mas que teve essa repercussão extraordinária. E foi muito rapidamente, foi das 20 horas de um dia para as 15 horas do dia seguinte.

O senhor chegou a achar em algum momento que haveria um risco de golpe ou ruptura institucional no Brasil, tanto antes como depois do 7 de setembro?

Não há menor possibilidade de golpe no país, porque quando você pensa em um golpe institucional, você tem que pensar no apoio das Forças Armadas, e eu conheço bem as Forças Armadas, tive muita convivência como presidente da Câmara dos Deputados, como vice-presidente e como presidente da República. Eu sei, primeiro, que eles são rigorosos cumpridores da Constituição. Segundo ponto, não querem jamais repetir o episódio de 1964, os militares não querem isso. Então não há a menor possibilidade do que se chama golpe institucional.

Ademais disso, eu devo reconhecer que o povo brasileiro está muito convencido nos pressupostos democráticos no nosso país. Não há a menor condição para isso. Aliás o movimento que ele [Bolsonaro] fez com muita gente foi um movimento pacífico, não houve violência. Até aí tudo bem, faz parte da democracia as pessoas se manifestarem.

O senhor considera que o discurso do presidente Jair Bolsonaro foi golpista, como afirmam alguns analistas e veículos de comunicação?

Se foi, na verdade dois dias depois, ele fez uma declaração à nação, dizendo exatamente o oposto, que é fiel cumpridor da Constituição, que a harmonia dos poderes é importante, que as decisões judiciais têm que ser cumpridas, elogiou a postura do ministro Alexandre de Moraes e revelou que aquilo foi um calor do momento. Então, se por algum momento passou no raciocínio dele essa hipótese, ela foi desmentida praticamente um dia e meio depois.

Impeachment
Há interpretações de que a sua intervenção foi feita para salvar o presidente Bolsonaro do impeachment, já que alguns grupos de centro começaram a considerar mais seriamente essa possibilidade durante o dia 8 de setembro. O senhor acredita que a sua intercessão livrou o presidente Bolsonaro da abertura de um processo de impeachment?

Com toda a modéstia de lado, o que eu acho que fiz — e fiz provocado — foi pacificar as relações entre os poderes e, por consequência, pacificar as relações no país. Desanuviou-se aquela coisa muito desagradável de brasileiro contra brasileiro, pelo menos naquele momento.

O segundo ponto é que, a partir daí, ele [presidente] amenizou o discurso. Dois ou três dias depois, ele fez uma solenidade no Palácio do Planalto e disse que Executivo, Legislativo e Judiciário formam um só corpo e, portanto, governam juntos. Um passo extraordinário. Depois na própria entrevista que deu à revista Veja, dias depois, adotou um tom muito mais ameno. Então, não me passou pela cabeça se eu ia salvá-lo de um impeachment, até porque o impeachment é um julgamento político, portanto é pautado pela ideia da conveniência e da oportunidade.

Vamos supor que hoje, em outubro, se inaugurasse um processo de impedimento. Passa outubro, novembro, dezembro, janeiro, fevereiro — praticamente para tudo — retoma-se em março, abril, maio, junho. Um processo de impeachment leva ao menos nove meses para ser concluído. Imagine você, durante um pleito eleitoral, um pedido de impedimento com os seguidores que ele tem, convenhamos, radicais, entusiasmados. Eles poderiam criar um problema no país, extraordinário. Portanto, não vejo razão para um impedimento neste momento.

Mas não foi esse o objetivo [da declaração à nação]. Nós temos que ir para as eleições e nas eleições é o povo quem tem poder e vai dizer quem quer eleger para governar o país. Pela minha cabeça não passou minimante essa coisa do impeachment.

Qual é a sua relação com o governo Bolsonaro?

É uma relação formal. Não tenho nenhum tipo de intimidade com o presidente Bolsonaro. Nós fomos colegas na Câmara dos Deputados, quando eu fui três vezes presidente daquela Casa, mas não tínhamos contato. Confesso que só tive contato quando ele, eleito, foi me visitar depois das eleições, e a partir daí fizemos a transição do meu governo para o governo dele. Depois falamos mais uma ou duas vezes pelo telefone e, finalmente, agora no dia 8 de setembro. Mas não tenho nenhum tipo de proximidade, intimidade com o presidente Jair Bolsonaro. Quando eu sou chamado, evidente que eu não me omito, especialmente se é para colaborar com uma certa tranquilidade no país.

Protestos
Qual avaliação o senhor faz das últimas três manifestações que ocorreram no Brasil: a de 7 de setembro, pró-Bolsonaro; a de 12 de setembro, contra Bolsonaro, organizada pela direita; e a manifestação do último sábado, da esquerda. O que explica o presidente Bolsonaro ter levado mais gente para as ruas do que a oposição, mesmo com alta rejeição, segundo pesquisas, na sua opinião?

São movimentos legítimos. Na democracia é assim, o povo às vezes se manifesta nas ruas. A única preocupação é que não haja violência nas ruas. E tanto o primeiro movimento quanto o segundo não houve violência em relação a prédios público, a prédios privados — isso não aconteceu. Talvez nesse último tivesse havido alguns embaraços, mas frutos de disputas políticas dentro do próprio movimento. Acho que esse foi o motivo para algumas agressões verbais que se verificaram.

São movimentos legítimos e não há razão para evitá-los, quanto mais queiram fazê-los. Não é isso que decide uma eleição. O Brasil tem quase 150 milhões de eleitores e nesse movimentos aparecem, quando muito, 30, 40, 50, 100 mil pessoas, quando, volto a dizer, o Brasil tem 150 milhões de eleitores. Mas são movimentos legítimos.

MBL e PT perderam sua capacidade de mobilização?

O lado do presidente Bolsonaro levou a uma militância muito ativa, uma militância que levou milhares de pessoas às ruas. Na verdade, até que se surgisse essa militância, a única que havia era do PT, do Psol, do PCdoB, do MBL, que eram militâncias menores. Mas volto a dizer, todas elas muito legítimas em face do fato de nós vivermos em um Estado Democrático. Agora, claro que do lado do presidente Bolsonaro talvez explorem — aí é uma questão política — a circunstância de um movimento não ter trazido muita gente para as ruas. Mas é um movimento de protesto e tem que ser levado em conta. Eu sempre levei muito em conta os protestos [quando era presidente]: eu não protestava contra os protestos, mas considerava a manifestação.


Eleições 2022
Na semana passada foi dito na imprensa que o senhor foi vetado em um encontro entre os ex-ministros Sergio Moro e Luis Henrique Mandetta e o presidenciável João Doria (PSDB). E do seu lado disseram que o senhor não participaria do encontro nem que fosse convidado. Eu gostaria de saber se isso é verdade e por que o senhor não participaria deste encontro?

Eu nem soube desse jantar. Soube um dia ou dois depois, que alguém publicou uma notinha, que haviam considerado a hipótese de chamar o Temer, mas depois acharam mais conveniente não chamá-lo. Eu confesso que tenho minha agenda própria, que é para somar, nunca para dividir. Portanto, todo o movimento divisionista, eu não participo. Você veja que no episódio do dia 9 de setembro, foi para somar, não para dividir. Por isso que eu disse que acho que não iria, porque não quero participar de coisa divisionista. O que eu puder somar, eu participo. Aquilo que é pra dividir, eu não participo.

Por que o senhor considera esse encontro divisionista?

Mesmo na soma da chamada terceira via, há divisões. Três ou quatro meses atrás, eu imaginava que os partidos lançariam pré-candidatos e ao final decidiriam por uma única candidatura. Mas hoje eu estou vendo, em face das divisões existentes, que os pré-candidatos estão se transformando em candidatos definitivos. Então, o que vai acontecer nessa chamada terceira via é uma atomização dos votos, e isto, na verdade, vai manter a polarização dos dias atuais. Por isso eu acho que não convém incentivar divisões nesse movimento. Quando tiver uma unidade do movimento, acho que todos podem participar.

Falando em eleições, eu gostaria de trazer aqui o exemplo da eleição presidencial na Argentina, que deu vitória ao Alberto Fernández. O ambiente lá era muito polarizado também. Mas a chapa kirchnerista parece que conseguiu contornar os altos níveis de rejeição de Cristina Kirchner colocando ela de vice do Fernández. O senhor acredita que essa estratégia possa ser colocada em prática aqui no Brasil? Por exemplo, Bolsonaro concorrer como vice de alguém. 

Não sei dizer, é preciso dar tempo ao tempo. Como você mesmo disse, estamos a um ano das eleições. E na política, às vezes as coisas mudam de um dia para o outro. Imagine um ano inteiro, então fica difícil saber se haverá uma repetição daquilo que aconteceu na Argentina ou não. Hoje em dia é muito difícil fazer uma avaliação definitiva sobre isso. Talvez quando for maio do ano que vem dê para fazer essa avaliação.

Pensando também no cenário eleitoral, qual é o principal problema que o presidente Jair Bolsonaro está enfrentando? Economia ou o ex-presidente Lula (que está liderando as pesquisas de intenção de voto)?

Economia e pandemia. Acho que até devo dizer e tenho pregado sempre que 2021 deveria ser dedicado ao combate da pandemia e à recuperação da economia. Esse é o ponto central que o governo deve levar adiante. Acho que no momento, não é ainda uma outra candidatura presidencial. Volto a dizer que nós estamos muito distantes da eleição. Eu não quero dizer que a pesquisa [eleitoral] de hoje não seja correta, ela é correta. Agora, eu não sei se ela vai se manter daqui dez meses, onze meses, um ano. Então acho que hoje é combate à pandemia e recuperação da economia, 2021 é para isso.

O presidente Jair Bolsonaro pode vir a enfrentar outros problemas. Uma coisa que se menciona na imprensa é a possibilidade de o STF ou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tornar o presidente inelegível para as eleições do ano que vem. O senhor vê isso acontecendo?

Não consigo ver isso por uma razão muito objetiva: eu sou da área jurídica, eu não conheço o que está nos autos, então fica difícil, aí seria um palpite irresponsável. Eu não tenho condições de fazer uma avaliação dessa natureza, somente conhecendo o processo, conhecendo os autos.

Para fechar o assunto eleições, eu gostaria de saber o que a gente pode esperar do senhor nas eleições de 2022? Uma participação mais ativa, talvez até como candidato? Ou uma atuação mais nos bastidores?

Isto não está no meu horizonte. Você sabe o que se pode esperar de mim? É aquilo que eu coerentemente fiz ao longo da vida, é pregar o respeito absoluto à Constituição, coisa que as pessoas ignoram nos dias atuais e também a pacificação dos nossos brasileiros. Você verifica hoje que muitas vezes há brasileiros contra brasileiros, até mesmo em família. Ouvi histórias que não se pode fazer um jantar em família porque pode dar confusão. Isto não é típico do brasileiro; o brasileiro sempre foi muito solidário, muito pacifista. Não significa que ele não possa ter divergências programáticas, administrativas, eleitorais e até ideológicas. O que não se pode é fazer o que se fez nos últimos anos, que é pregar a divisão dos brasileiros.

Quando chamado, eu trabalharia pela pacificação do país por uma razão muito singela, porque a Constituição determina esta solidariedade entre os brasileiros e a harmonia entre os poderes, portanto, cumprimento rigoroso do texto constitucional.

Fake news
O que o senhor acha da aplicação de limitações para evitar a propagação de fake news? Há algumas propostas de lei que estão sendo discutidas no Congresso, como a do Código do Processo Eleitoral, que criminaliza a divulgação e o compartilhamento de fatos inverídicos ou descontextualizados.

Primeiro eu quero começar a falar sobre um tema mais geral, que é a liberdade de imprensa, que é fundamental no país. As pessoas pensam que a liberdade de imprensa é em favor do jornalista ou do dono do meio de comunicação e não é. A liberdade de imprensa é conteúdo de um continente maior chamado liberdade de informação.

O que a Constituição prestigia é a liberdade de informação ao fundamento de que, em um Estado Democrático, todos têm direito de saber a informação por completo. A Constituição prevê, por exemplo, o direito de resposta, que é para completar a informação. E até nos dia atuais é interessante que a imprensa, quando publica uma notícia, depois publica o outro lado, que dá para ter a informação por completo. É fundamental a liberdade de imprensa porque ela é a liberdade de expressão em consequência a liberdade de informação ao povo.

No tocante às notícias falsas, é preciso examinar os projetos que estão correndo no Congresso, porque não se pode limitar a liberdade de expressão. Há uma linha muito tênue entre liberdade de expressão e o impedimento da manifestação de opinião. Agora, o que as empresas de mídias poderiam fazer é exigir o não anonimato. Se não houver anonimato, o que acontece é o seguinte: você recebeu uma notícia falsa prejudicial à sua figura, você tem no sistema normativo os crimes de injúria, difamação, calúnia, e você pode ir ao Judiciário para tentar apenar aquele que assim se manifestou. O que não se pode permitir é o anonimato.

Segundo ponto: não se pode permitir também aqueles tais robôs que hoje parece que agem com muita frequência na internet. Desde que você consiga uma determinação que você só consiga publicar quem tem nome e RG, acho que aí você deixa livremente a manifestação. E quem manifestar-se inadequadamente, vai receber a consequência dessa manifestação, que são medidas judiciais.

O senhor disse que não acredita que os ministros do STF estejam fazendo ativismo judicial, porque é um poder que age quando é provocado. Mas o que o senhor tem a dizer sobre o inquérito das fake news, que foi aberto pelo próprio STF? Não seria um exemplo de ativismo judicial, como defendem os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro?

Não, porque um dos fundamentos da chamada independência entre os poderes é que cada poder tem competências próprias, têm regimento próprio, orçamento próprio, têm administração própria. Isso é a independência do poder. O Supremo Tribunal Federal tem um regimento próprio. Portanto, quando se abre um inquérito por provocação do próprio Supremo, é porque há uma autorização do sistema normativo, chamado regimento interno. Lá está dito que toda a vez que há uma agressão à instituição ou a ministros do Supremo Tribunal Federal é possível a abertura de ofício de um inquérito investigatório. Acho que não há exagero nenhum nessa abertura que se deu no inquérito do Supremo.

O senhor quer fazer algumas considerações finais?

O Brasil precisa muito de otimismo. Lamentavelmente, nos últimos tempos, temos tido muito pessimismo no país. Isso desestimula os jovens, os adultos e o brasileiro em geral. A capacidade de recuperação que o Brasil tem é uma coisa extraordinária. Há uma crise qualquer e logo depois ela é debelada. Portanto, o otimismo é minha última palavra.

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/republica/michel-temer-critica-divisoes-na-terceira-via-entrevista-exclusiva-gazeta/
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ATROPELAR ASALTANTES COM MOTO É VIOLÊNCIA?

 

Dilemas de fim de semana

Por
Paulo Polzonoff Jr. – Gazeta do Povo

A decisão de salvar ou não alguém de um ato de violência cometendo outro ato de violência é algo anterior ao próprio ato.| Foto: Reprodução/ Twitter

O vídeo rodou todos os infinitos caminhos da Internet no fim de semana. Numa rua deserta, um casal é abordado por dois homens numa moto. O casal está contra um muro alto e sob a mira de uma arma. De repente, vem pela rua um carro branco. Ao perceber o assalto, o motorista dá uma guinada brusca e acerta a moto por trás, lançando os bandidos longe e os arrastando por alguns metros. Ao se ver salvo, o casal sai correndo. Os bandidos se levantam e, até onde se sabe, vão a um hospital. Nada se sabe sobre o salvador/atropelador.

Ao ver aquela imagem sem som, mas com várias camadas de violência, a primeira coisa que me ocorreu foi me perguntar se eu faria algo parecido. Matutei, matutei – e nada. Mostrei o vídeo para a minha mulher e a alguns amigos. Uns bateram no peito e disseram que atropelariam os bandidos sem dó nem piedade, mas depois voltaram atrás. Outros disseram que não, jamais fariam algo assim, mas depois voltaram atrás.

As dúvidas nascem de uma combinação de fatores. Primeiro, das peculiaridades da cena e das muitas variáveis sem resposta para o observador. Se o motorista por acaso tiver algum tipo de relação com as vítimas, por exemplo, a coisa muda de figura. Sem contar que vivemos num país onde a violência é uma constante e, por consequência, há uma demanda maior por justiça. Depois há o fato de dispormos de tempo, algo que o motorista não tinha. Aqui vou precisar abrir um parágrafo.

Dizia eu que o motorista não dispunha de tempo. Ao mesmo tempo, ele dispunha de todo o tempo do mundo. O paradoxo me fascina. Porque, sim, dá para ver pela imagem que ele tomou a decisão de atropelar os bandidos por impulso. Num átimo, como dizem os causídicos. Pelo menos a guinada brusca sugere isso. Ao mesmo tempo, esse tipo de decisão, ao envolver tantos preceitos morais, foi tomada há muito tempo pelo motorista – e à revelia de suas sinapses momentâneas e embriagadas de cortisol e adrenalina. Isto é, a decisão de salvar ou não alguém de um ato de violência cometendo outro ato de violência é algo anterior ao próprio ato.

Há um terceiro fator que merece ser mencionado: o prejuízo material e jurídico de se lançar um carro sobre bandidos. Que (e este detalhe é importante) ainda não consumaram o crime. A seguradora dificilmente arcaria com os custos de um conserto decorrente de um choque intencional. Além disso, é bem possível que o motorista venha a sofrer algum tipo de investigação sobre o caso. Se tudo correr bem, ele terá sua inocência (aos olhos da lei) constatada, mas o risco de uma condenação não é exatamente zero. Sem falar nos custos envolvidos na defesa.

Por fim, há a questão das alternativas. Ou seja, partindo do pressuposto de que atropelar os bandidos é errado, que atitude caberia ao motorista? Ele deveria cometer uma infração de trânsito e ligar imediatamente para a polícia? Ou deveria estacionar antes? Ele deveria ter um papo com os bandidos, expondo os riscos envolvidos naquele gesto? Ou quem sabe ele deveria agir fisicamente de modo a não pôr em risco a vida dos assaltantes, sem atropelá-los, mas, de alguma forma, impedido o assalto? Enfim, qual seria a atitude moralmente correta neste caso?

Boas intenções e probabilismo
Sei que vivemos num país violento e com sede de justiça. Por isso, sei também que você deve estar com coceira no dedo para recorrer à caixa de comentários e dizer que, sem dúvida nenhuma, atropelaria os bandidos. Mas me deixe tentar pôr um pouquinho mais de dúvida na sua cabeça.

Conversei nesta manhã com um padre, cujo nome vou omitir aqui porque o WhatsApp caiu, impedindo que ele me desse autorização para citar seu nome. “O que parece na cena é que o motorista do carro, mesmo querendo evitar um assalto, quis fazer justiça com as suas próprias mãos. Mesmo que a intenção fosse boa, a de evitar o assalto, houve uma reação desproporcional. Ele evitou o assalto colocando em risco a vida dos assaltantes”, disse-me o padre. “O motorista pode ter agido movido pela paixão do momento, o que diminui a gravidade, mas não torna essa ação, em si má, uma ação boa. Não basta a boa intenção. A ação tomada deve ser boa e proporcional. O que não ocorreu”, completou.

Outro amigo, o professor Rafael Ruiz (que me deu autorização para citar o nome antes de o WhatsApp cair), disse de pronto que não agiria como o motorista do vídeo. E, antecipando-se à reação dos que defendem o atropelamento, disse que “a maior parte dos argumentos a favor se baseia numa antecipação do futuro, na “presentidade” de uma probabilidade. Na verdade, não sabemos como se desenvolveria a ação. E eu nunca faria um mal certo para evitar um mal possível”.

Ruiz explica ainda que nossas dúvidas e certezas têm raízes no probabilismo. “Dentro do probabilismo entendia-se que, para ‘fazer o bem’, eram possíveis diferentes ações, desde que fossem prováveis e prudentes. Atropelar alguém, mesmo no caso de evitar um mal possível, não é nem prudente nem provável, até porque o atropelamento certamente é um mal e pressupõe uma morte provável. O que se queria evitar pode dar em morte ou não, pode ficar apenas no roubo ou pode resultar numa fuga da moto. Há mais probabilidades certas de fazer a coisa certa, que não é mesmo atropelar”, disse.

O que eu faria
Ao me colocar no lugar do motorista, percebi que responder objetivamente à questão se eu atropelaria ou não os assaltantes é praticamente impossível. Justamente porque eu (assim como o padre e o professor) disponho de tempo para refletir sobre minhas atitudes e as consequências dela. Ao entrar na rua deserta e ver um casal ameaçado por bandidos armados, não sei se prevaleceria o que sei hoje sobre probabilismo. Tampouco sei se ponderaria a respeito dos prejuízos materiais e das consequências jurídicas do ato.

Por isso disse lá em cima que a decisão é uma decisão tomada na hora, mas formada muito, muito antes de o carro entrar na rua deserta. O que me traz à memória a figura de Meursault em “O Estrangeiro”, de Albert Camus. O personagem, que já se sente estranhamente julgado pelo mundo por não chorar no enterro da mãe, vai dar uma volta na praia e, estressadíssimo e cansado, se vê numa situação de confronto. Resultado: o sol refletido numa pedra lhe atinge os olhos e ele acaba matando um homem que o ameaçava com uma faca. Por isso Meursault é condenado à morte.

Será que Meursault teria se deixado levar pelo sol refletido no rosto se estivesse convicto de que a violência é sempre errada? Que princípios (ou falta deles) estão envolvidos numa decisão aparentemente tomada ao acaso ou por impulso? Mais: será que, se morasse num país violento e numa época em que a violência é onipresente, Meursault botaria a culpa no sol e alegaria inocência? Ou bateria no peito, alegando legítima defesa, quando não coragem e heroísmo?

E hoje eu ia dizer que excepcionalmente encerrarei o texto com um ponto de interrogação para, agora sim, você correr até a caixa de comentários e dizer o que faria numa situação semelhante. Mas, como se percebe daqui a cinco palavras, não foi desta vez.


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FACEBOOK SE DESCULPA PELO APAGÃO DE 7 HORAS ONTEM

 

Uma atualização incorreta tirou Facebook, WhatsApp e Instagram do ar; dados dos usuários não foram comprometidos

 Por Redação – O Estado de S.Paulo

Após pedido de desculpas de Mark Zuckerberg, Facebook acusa erro interno como causa do apagão

Após pedido de desculpas de Mark Zuckerberg, Facebook acusa erro interno como causa do apagão

Facebook afirmou que uma atualização incorreta foi a causa principal do apagão de 7 horas que tirou do ar os serviços da empresa. A companhia não deu mais detalhes sobre os responsáveis pelo erro e também não explicou se a mudança na configuração estava programada.

Em nota publicada na noite desta segunda-feira, 4, a empresa de Mark Zuckerberg informou que as alterações de configuração mudaram a forma com que os centros de processamento de dados da rede se comunicavam, o que causou um “efeito cascata” capaz de derrubar o Facebook, o WhatsApp e o Instagram. Apesar de já ter publicado um pedido de desculpas, essa foi a primeira vez que a plataforma tentou explicar o motivo do problema. Segundo a empresa, o apagão também afetou os serviços internos, o que dificultou o diagnóstico. 

“Nós também não temos evidências de que dados dos usuários tenham sido comprometidos como resultado da interrupção”, informou o Facebook em publicação em seu blog. Funcionários da empresa ouvidos pela agência de notícias Reuters acreditam que o problema foi causado por um erro interno, o que descarta a possibilidade de que um ataque hacker teria provocado o apagão.

“Pedimos desculpas a todos os que foram afetados. Estamos trabalhando para entender melhor o que aconteceu hoje e para continuar a tornar nossa infraestrutura mais resiliente”, concluiu. 

Levantamento da revista americana Forbes mostrou que o apagão dos serviços levou o Facebook a perder quase 5% de seus cofres, o equivalente a US$ 6 bilhões – a maior queda desde novembro de 2020. O problema aconteceu um dia depois da ex-gerente de produto do Facebok Frances Haugen revelar ser a fonte que acusou a companhia de colocar os lucros acima da segurança dos usuários. O caso foi relatado pelo jornal americano Wall Street Journal.

Em sua conta pessoal no Facebook, Zuckerberg também se desculpou. Sei que muitos de vocês dependem de nossos serviços para estar conectados com pessoas com as quais vocês se importam”, publicou./ COM REUTERS

DICAS PARA MELHORAR A PROSPECÇÃO DE VENDAS

 

*Juliano Dias, CEO da Meetz

Mesmo não sendo uma ciência exata, a prospecção de negócios é essencial para garantir perpetuidade e crescimento dos negócios. Quem trabalha com vendas, provavelmente já deve ter se perguntado sobre quais ações tomar para prospectar de forma mais eficiente. Independentemente se a empresa vende produtos e soluções de alta escalabilidade ou um serviço consultivo e customizado, para alcançar resultados satisfatórios é essencial ter acesso às empresas certas, no momento oportuno e conversar com quem tem o poder de decisão.

Hoje o erro mais comum cometido pelas companhias é acreditar que a prospecção é uma atividade simples e rápida. Não há uma fórmula mágica para uma organização começar a prospectar de forma eficiente. Antes de chegar a este ponto, é preciso testar vários canais, formas, comunicações e processos. Com tempo e análises de resultados, certamente a equipe comercial irá entender melhor o seu lead, conhecer os canais que geram melhores resultados e, consequentemente, conseguir medir com maior facilidade o retorno sobre o investimento.

Outra dificuldade comum dos times comerciais é a criação de relacionamentos, principalmente quando falamos de empresas B2B com processos mais consultivos e complexos. É importante ter em mente que neste nicho o relacionamento fala mais alto e que sentar à mesa com um decisor é só o início de um relacionamento. Em resumo, prospecção é a base, mas negócios de milhares ou milhões de reais não são fechados com apenas 20 minutos de conversa.

A seguir, elenco seis passos essenciais para ajudar as companhias a prospectar melhor e, consequentemente, ter resultados mais consistentes:

Entenda que não há venda impossível. A arte de prospectar bem passa por alinhar a comunicação adequada, no melhor canal, encontrando o decisor, no momento ideal. Garanta que tudo esteja alinhado e o sucesso chegará;

Como citado pelo Jeb Blount, autor do livro “Prospecção Fanática”: A prospecção que você fará nos próximos 30 dias vai gerar resultado nos 90 dias seguintes. Basicamente, a mensagem é: não deixe a prospecção para amanhã;

Prospecção é sempre acompanhada de interrupção, então, entender que as pessoas estão trabalhando e que você também está enquanto prospecta é um bom modo de assumir essa função com menos receio e mais segurança. Perca o medo de interromper os seus clientes potenciais, eles têm dores e você a solução. Encontre uma forma de deixar isso claro e seus números aumentarão drasticamente;

Marketing é a arte de transformar segundos em minutos. Cause impacto nos primeiros segundos, para garantir que terá os tão sonhados minutos com o tomador de decisão que a sua empresa almeja. Comunicação é a chave;

Conheça o seu cliente. Olhe para dentro do seu negócio para identificar os padrões. Entenda se quando você se reúne com um analista o seu ciclo de vendas é de 90 dias e a taxa de conversão é de 10%, mas quando fala com um diretor, o ciclo de vendas é de 40 dias e a taxa de conversão é de 20%. Neste exemplo, faria mais sentido dedicar tempo e investimento para prospectar reuniões com diretores do que com analistas e, a partir daí, entender quais os canais e o tipo de comunicação que dão maior resultado para atraí-los;

Nunca esqueça que negócios são feitos de encontros e que relacionamento é o caminho para ter sucesso nas vendas B2B. Sem relacionamento não há entendimento e sem entendimento, não haverá contrato.

QUEM SOMOS

A Plataforma Comercial da Startup ValeOn é uma empresa nacional, desenvolvedora de soluções de Tecnologia da informação com foco em divulgação empresarial. Atua no mercado corporativo desde 2019 atendendo as necessidades das empresas que demandam serviços de alta qualidade, ganhos comerciais e que precisam da Tecnologia da informação como vantagem competitiva.

Nosso principal produto é a Plataforma Comercial ValeOn um marketplace concebido para revolucionar o sistema de divulgação das empresas da região e alavancar as suas vendas.

A Plataforma Comercial ValeOn veio para suprir as demandas da região no que tange à divulgação dos produtos/serviços de suas empresas com uma proposta diferenciada nos seus serviços para a conquista cada vez maior de mais clientes e públicos.

Diferenciais

  • A ValeOn inova, resolvendo as necessidades dos seus clientes de forma simples e direta, tendo como base a alta tecnologia dos seus serviços e graças à sua equipe técnica altamente capacitada.
  • A ValeOn foi concebida para ser utilizada de forma simples e fácil para todos os usuários que acessam a sua Plataforma Comercial , demonstrando o nosso modelo de comunicação que tem como princípio o fácil acesso à comunicação direta com uma estrutura ágil de serviços.
  • A ValeOn atenderá a todos os nichos de mercado da região e especialmente aos pequenos e microempresários da região que não conseguem entrar no comércio eletrônico para usufruir dos benefícios que ele proporciona.
  • A ValeOn é altamente comprometida com os seus clientes no atendimento das suas demandas e prazos. O nosso objetivo será atingir os 766 mil habitantes do Vale do Aço e poder divulgar para eles os produtos/serviços das empresas das diversas cidades que compõem a micro-região do Valeo do Aço e obter dos consumidores e usuários a sua audiência.

Missão:

Oferecer serviços de Tecnologia da Informação com agilidade, comprometimento e baixo custo, agregando valor e inovação ao negócio de nossos clientes, respeitando a sociedade e o meio ambiente.

Visão:

Ser uma empresa de referência no ramo de prestação de serviços de Tecnologia da Informação na região do vale do aço e conquistando relacionamentos duradouros.

Valores:

  • Ética e Transparência
  • Profissional, ambiental e social
  •  – Busca pelo melhor

Nossos contatos: Fones: (31) 3827-2297 e (31) 98428-0590 (Wpp)

E-MAIL: valeonbrasil@gmail.com

Site: https://valedoacoonline.com.br/

segunda-feira, 4 de outubro de 2021

BARQUEATA DE BOLSONARO NO MAR DE ANGRA DOS REIS

 Redação – Estadão

RIO – Políticos e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro fizeram na tarde deste domingo, 3, uma “barqueata” no mar de Angra dos Reis, na Costa Verde do Rio de Janeiro. Em imagens compartilhadas nas redes sociais, é possível ver dezenas de barcos com bandeiras do Brasil. A concentração começou às 10h30 na Praia das Flechas, na Ilha da Gipoia. Às 12h, as embarcações foram para a Praia do Anil.

Os deputados estaduais Charlles Batista e Anderson Moraes, do PSL, participaram do passeio e fizeram registros em suas redes sociais. Em um dos vídeos, Moraes aparece indicando que falava ao telefone com Bolsonaro.

Políticos e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro fizeram na tarde deste domingo, 3, uma 'barqueata' no mar de Angra dos Reis. © Reprodução/Twitter Políticos e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro fizeram na tarde deste domingo, 3, uma ‘barqueata’ no mar de Angra dos Reis.

Em outro, a primeira ex-mulher do presidente, Rogéria Bolsonaro, desponta com a camiseta oficial do evento, que tem os dizeres “Barqueata do Mito”.

Outro político que participou foi o vereador de Belo Horizonte Nikolas Ferreira (PRTB). No mês passado, ele ficou conhecido no Rio ao ser barrado no Cristo Redentor por não ter tomado a vacina contra a covid-19.

 

GASTOS MILIONÁRIOS DA JUSTIÇA BRASILEIRA

Por
Lúcio Vaz – Gazeta do Povo

Fachada do edifício-sede do STJ| Foto: Gustavo Lima/STJ

O Superior Tribunal de Justiça segue os passos do Supremo nos quesitos segurança e mordomias. O STJ tem contrato no valor de R$ 48 milhões para de segurança pessoal privada armada, escolta e condução de veículos, em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Só nas residências atuam 84 profissionais de segurança. Houve ainda compra de coletes a prova de bala e treinamento de tiro. Os coquetéis têm pratos com camarão e bacalhau. Nos jantares, copos de cristal e garçons em traje de gala, usando luvas.

O contrato de segurança, assinado em abril desde ano, com vigência de 20 meses, atende a sede do tribunal, em Brasília, e as filiais em São Paulo, na Avenida Paulista, e no Rio de Janeiro, na Rua do Acre, Centro. São 185 profissionais em Brasília e 13 nas filiais. Há segurança pessoal para condução de 80 veículos de representação – destinados ao atendimento dos ministros. Outro contrato, no valor de R$ 21 milhões, assegura a vigilância armada e desarmada nos prédios e áreas utilizadas pelo tribunal.

Contrato assinado em agosto desde ano prevê a realização de treinamento introdutório de tiro, armamento e tiro para o porte de arma, e treinamento prático de tiro na modalidade presencial, com vigência de seis meses, no valor de R$ 85 mil. No mesmo mês, houve a compra de 72 coletes balísticos, modelo ostensivo, no valor de R$ 73 mil. Outro contrato, no valor de R$ 14 mil, descreveu como seria o colete: resistente a disparos de projéteis de arma de fogo dos calibres 44 e 9mm, de forma que permita a proteção das partes vitais. O tribunal não informou a quem eram destinados os treinamentos de tiro e coletes.

O STJ é a “terceira instância” do Poder Judiciário. Julga recursos que chegam dos Tribunais de Justiça dos Estados e dos Tribunais Regionais Federais. Não julga causas eleitorais nem trabalhistas. A última instância é o Supremo Tribunal Federal (STF), outro tribunal que consome milhões de reais em segurança e mordomias para seus ministros, como mostrou o blog


Jantares, garçons de luvas e taças de cristal
O contrato para fornecimento de jantares, coquetéis e coffee break em eventos institucionais, no valor de R$ 1,4 milhão, prevê canapés, voul au vent, barquetes e risotos de camarão, bacalhau e ricota, além de doces como petit fours, tarteletes ou muffins. Os almoços ou jantares contam com guardanapos de tecido oxford, linho ou cambraia de linho, e copos em cristal ou vidros finos.

Toda a equipe trabalha uniformizada. Mulheres mantêm os cabelos presos e garçons vestem traje de gala, usando luvas. O contrato foi assinado em agosto do ano passado. Outro contrato para serviços de garçom, copeiro e cozinheiro, para 114 profissionais, com fornecimento de insumos, assinado em setembro do ano passado, ficou em R$ 14 milhões, com vigência de 20 meses. O tribunal também comprou 30 carrinhos para café/chá, por R$ 20 mil.

No início deste ano, foi assinado contrato, no valor de R$ 457 mil, para fornecimento de gêneros alimentícios. A lista de compras tinha 240 unidades de leite condensado, 180 de ovos de galinha caipira marrom, 300 de queijo de coalho, 10,5 mil cocos verdes, 1,8 mil pacotes de pão de queijo.


Ascensoristas, UTI aérea, sala vip
Contrato no valor de R$ 3 milhões, por 20 meses, assinado em setembro de 2020, prevê a contratação de 33 ascensoristas e dois supervisores, para atuar no edifício sede em Brasília. O contrato deixa explícito que os serviços deverão ser prestados entre 6h e 22h, em horários diversificados, com vistas a atender inclusive as demandas excepcionais, a exemplo do horário estendido de funcionamento dos gabinetes dos ministros e eventos nas dependências do tribunal.

Termo de credenciamento assinado no ano passado revela mais um benefício oferecido a ministros, servidores e pensionistas do tribunal. Assinado com a Líder Táxi Aéreo, o credenciamento prevê “remoção aeromédica”, com no mínimo uma aeronave-UTI a jato, para atendimento de remoção aos ministros, servidores, pensionistas e seus respectivos dependentes, beneficiários do plano de saúde do tribunal, no território nacional. Entre os hospitais credenciados pelo plano de saúde está o Sírio-Libanês.

Desde 2019, o STJ mantém também contrato com a Shalom Táxi, para agenciamento e intermediação de pagamentos de corridas de táxi, no valor de R$ 1,8 milhão, com vigência de 20 meses, podendo ser prorrogado por até 60 meses. Contrato com empresa para emissão de passagens aéreas nacionais e internacionais, assinado no início de 2020, tinha previsão de gastos de R$ 8,8 milhões. O tribunal não informou quanto foi executado.

Não poderia faltar a sala VIP no aeroporto. O STJ assinou contrato de R$ 1,4 milhão, ou R$ 23,2 mil por mês, com vigência de 60 meses, pela cessão de uso de espaço no Aeroporto Internacional de Brasília para “fins de atendimento de autoridades” do tribunal.


Curso de línguas e beca de gala
O STJ gastou mais R$ 286 mil com a contratação de serviços especializados na realização de “Curso de Língua Estrangeira para Ministros”, incluindo as opções de inglês, espanhol, italiano, francês e alemão, com 50 horas por aluno. Aos servidores, foram oferecidas 40 vagas de pós-graduação no Curso de Mestrado Profissional em Direito e Políticas Públicas da Universidade de Brasília (UnB), ao custo de R$ 2,2 milhões e vigência de 38 meses.

O STJ gastou ainda R$ 41 mil neste ano com aquisição, conserto e ajuste de togas, becas e capas para uso de ministros, advogados, secretários e atendentes nos ambientes de julgamento. A “beca de gala”, em cetim preto, tem gola alta, tipo de padre, com entretela indeformável, pespontada; jabourt em renda branca, frente dupla; costas com pregas verticais; sobremangas duplas, franzidas; detalhes nos punhos em renda branca; faixa pregueada somente na frente, fixada nas laterais com fivela cromada. Cada uma custa R$ 1,3 mil – mais do que um salário mínimo.

O blog questionou o STJ sobre o valor executado dos contratos e sobre a destinação dos serviços e benefícios não identificados nos contratos. Não houve resposta.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/lucio-vaz/os-gastos-milionarios-do-stj-com-seguranca-jantares-sofisticados-sala-vip-e-beca-de-gala/
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MEMBROS DA CPI DO G7 PRODUZEM ÓDIO NOS TELESPECTADORES

Algo no ar

Por
Paulo Polzonoff Jr. – Gazeta do Povo

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Não é ódio duradouro, empedrado. Meu ódio está mais para um mal-estar, um flato espiritual desses que a gente solta envergonhado,| Foto: Bigstock

Até eu, que não odeio ninguém (e não odeio mesmo!), nestes tempos conturbados me pego odiando. Há alguma coisa no ar, não sei se o chumbo acumulado na atmosfera desde o início da Revolução Industrial ou sutis forças gravitacionais de Júpiter e Saturno ou ainda invisíveis íncubos e súcubos. Há algo de tenso, de carregado, de satânico, de mortal.

Por mais que eu me esforce, quando dou por mim, assim no meio do dia, diante da televisão ligada na CPI da Covid ou num telejornal qualquer, estou odiando. E não adianta desligar a telinha. Se me jogo sob a água quente do banho, antes um refúgio, me vem à memória a voz esganiçada de um minissenador e não dá outra: é ódio mesmo. Se toca o interfone, me lembro da vizinha que judicializou a lixeira do condomínio e… adivinha! Até os sabiás que me acordam pontualmente às 4h30 são vítimas desse sentimento baixo, que serpenteia em meio às moitas da virtude desde que o mundo é mundo.

Em minha defesa, posso argumentar que meu ódio é total e absolutamente estéril. E tão passageiro quanto um espirro. É uma coisa assim à toa, uma sinapsezinha que quase nem se completa, de tão fraca, coitada. Não escrevo virulentos ataques, não esmurro a porta, não xingo nem saio por aí querendo a eliminação de ninguém. Não construo gulags no meu coração. Longe de mim! Meu ódio está mais para um mal-estar, um flato espiritual desses que a gente solta envergonhado, mas que simplesmente não dá para segurar. Desculpe.

Mas é ódio, sim, reconheço morrendo de vergonha. É ódio no sentido de ser o oposto do que entendo por compaixão. Sou humano, vocês que me perdoem, mas sou. E às vezes a capacidade de compreensão e o consequente perdão me escapam e baixa em mim um espírito justiceiro que não aceita o que ouço, o que vejo, o que leio, simplesmente porque não é possível que aparentemente todo mundo à minha volta tenha desistido de alcançar uma espécie de santidade, de elevação, de transcendência. De excelência.

Ou você imagina Omar Aziz, depois de um dia de “trabalho”, fazendo o exercício de Sêneca e refletindo sobre seus atos anteriores, correndo o risco de se descobrir mais-do-que-falho e disposto a se emendar quando raiar um novo dia? Tampouco dá para imaginar Luciano Hang resistindo à sedução das multidões. Sem falar nos meus colegas jornalistas que agora deram para abdicar de qualquer princípio em nome desse objetivo discutível que é derrubar um governo.

Não é possível, penso, embriagado dessa indignação inútil, sempre inútil, que os bons tenham se entregado assim tão fácil ao enfado e ao cinismo. Não é possível, leitor amigo, que você tenha se deixado seduzir pelo prazer rápido e superficial de um like. Não é possível, pô, que você tenha engolido de bom grado (e por vontade própria) essa pílula do antropocentrismo que consola, mas não salva. Não é possível essa pandemia de obediência cega. Não é possível, minha querida leitora, que você realmente prefira passar o que resta da sua vida abduzida por certezas próprias e alheias.

Antes que apareça um ministro do STF para me enquadrar num crime recém-tirado da cartola que lhe enfeita a famosa calva, convém repetir que meu ódio se dissipa facilmente. Basta um sorvetinho ou um ronrom da Catota ou um sorriso da mulher ou Nelson Freire tocando o Noturno #2. Mas esse ódio, impotente que é diante dos moinhos de vento da política, deixa marcas nessa alminha russa aqui. Umas cicatrizes fundas. A pele em carne viva. Ódio é de fogo – qualquer esotérico de esquina sabe disso.

Depois de me livrar do ódio-fátuo, saio do banho ou desligo a televisão ou jogo o celular na parede. Esbaforido e sentindo aqui e ali a carne fumegando, olho em volta e noto com alívio que no entorno tudo está tranquilo: há futuros a almejar, mulher para beijar, filho para sorrir e até aquele pratão de feijão, arroz e carne moída para devorar. Para o apartamento vazio digo bem baixinho (não quero acordar os vizinhos) que nunca mais me deixarei levar pelo ódio, este ou aquele ou qualquer outro. Nunca.

No instante seguinte, porém, fracasso. Porque o ódio às figuras que voam e zumbem em torno de um monte fétido de política imediatamente dá lugar ao ódio direcionado ao homem que não se permite ser falho. Que não se permite nem mesmo odiar um odiozinho que, veja bem, é só uma cosquinha inofensiva, um bufar mais demorado, um revirar de olhos. E que acalenta e nutre um profundo medo de morar para sempre no gulag do coração de alguém.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/polzonoff/quando-voce-esta-assistindo-a-cpi-e-bate-aquele-odiozinho/
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