sexta-feira, 1 de outubro de 2021

DESEMPREGO EM QUEDA MAS NÃO TANTO

Editorial
Por
Gazeta do Povo

Carteira de Trabalho – 04-05-2017 – Vários modelos de Carteira de Trabalho e Previdência Social do Ministério do Trabalho do Brasil.

| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Depois de passar boa parte do ano apontando para direções opostas, os dois principais indicadores do mercado de trabalho no país, anunciados no fim deste mês de setembro, começam a convergir para mostrar uma ligeira melhora, embora ainda permaneçam muitos desafios pela frente. O Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia, divulgado na quarta-feira, mostrou a abertura de 372 mil vagas de emprego formal em agosto – este indicador, no entanto, já vinha em campo positivo desde o início do ano, com todos os meses de 2021 registrando mais contratações que demissões. É o índice de desemprego, medido pelo IBGE por meio da Pnad Contínua, que baixou dos 14% pela primeira vez no ano, ficando em 13,7% no trimestre móvel encerrado em julho.

Este é o terceiro mês seguido de redução no desemprego pelos critérios do IBGE. Depois de ter chegado ao recorde de 14,7% nos trimestres móveis encerrados em março e abril, baixou para 14,6% e 14,1%, até chegar aos 13,7% anunciados nesta quarta-feira. Já o número absoluto de brasileiros à procura de um emprego caiu pelo segundo mês seguido: era de 14,795 milhões no trimestre móvel encerrado em maio, baixou para 14,444 milhões e, agora, para 14,085 milhões no trimestre formado por maio, junho e julho – a última vez em que o IBGE contou menos de 13 milhões de desempregados foi no fim do ano passado.

O momento da verdade para o mercado de trabalho brasileiro se iniciou em setembro, o primeiro mês sem o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm)

A palavra certa não é bem “comemoração”, pois ainda temos dezenas de milhões de brasileiros que poderiam estar trabalhando, mas não têm emprego; mas há motivos para falar em “esperança” ao olhar mais alguns indicadores da Pnad Contínua relativos ao período de maio a julho, embora seja sempre necessário observar todas as nuances para não pintar um quadro nem otimista, nem pessimista demais. Pela primeira vez desde o início da pandemia, o nível de ocupação passou dos 50%, ainda que o aumento recente tenha sido puxado principalmente pelo trabalho informal. O número de desalentados, pessoas que nem chegam a buscar emprego, caiu 10% em maio/junho/julho na comparação com o trimestre anterior. O número de trabalhadores subutilizados também está em queda, mas dentro deste grupo houve uma elevação entre os ditos “subocupados por insuficiência de horas trabalhadas”, pessoas que trabalham menos do que poderiam.

Assim, é possível concluir que, embora mais brasileiros estejam trabalhando, muitas das vagas estão na informalidade, ou têm jornadas menores, o que tem como consequência remunerações mais baixas. Mesmo no Caged, que tem números muito mais positivos que a Pnad Contínua e retrata apenas o emprego formal, o salário médio de admissão em agosto foi 1,42% menor que o das vagas abertas em julho. Ninguém haverá de questionar que um emprego, ainda que em meio período e com remuneração longe do ideal, será melhor que emprego nenhum, mas ao mesmo tempo ninguém pode se dar por satisfeito com isso: o desafio para o Brasil está em não apenas aproveitar a força de trabalho parada, mas em fazê-lo oferecendo vagas de mais qualidade.


O momento da verdade para o mercado de trabalho brasileiro se iniciou neste mês de setembro, o primeiro sem que o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm) esteja em vigor. Uma das melhores iniciativas do governo federal para combater os efeitos econômicos da pandemia, ao permitir acordos de suspensão temporária do contrato ou redução de salário e jornada, ele expirou em 25 de agosto, quando acabou o prazo de 120 dias determinado pela Medida Provisória 1.045 para a duração do programa. Aquela MP, que acabou ficando conhecida por “minirreforma trabalhista” depois dos acréscimos feitos na Câmara, foi rejeitada pelo Senado em 1.º de setembro, mas àquela altura empregadores e empregados já não podiam mais assinar novos acordos. À medida que os acordos feitos em meses passados forem expirando, bem como a estabilidade garantida pela lei aos empregados cobertos pelo BEm, será possível avaliar se a economia está robusta o suficiente para que esses empregos sejam mantidos sem a necessidade do apoio governamental.


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RECURSOS TECNOLÓGICOS AJUDAM EMPRESAS NO ESG

 

Guilherme Rugo – ZYXEL

Sociedade tem cobrado cada vez mais essas questões do mercado

 Com os desafios que o mundo tem enfrentado atualmente, o uso de padrões da ESG, sigla em inglês que define diretrizes para avaliar se uma empresa é socialmente consciente (environmental), sustentável (social) e se mantém boas práticas de governança (governance), tem se propagado aqui no país. Apesar do maior destaque nos últimos anos, em partes por cobranças dos próprios clientes em virtude das mudanças de valores da sociedade, a sigla ESG surgiu oficialmente em 2005 no relatório Who Cares Wins da Organização das Nações Unidas (ONU), do qual participaram diversas instituições financeiras, inclusive brasileiras. Como resultado disso, as empresas ganham a confiança dos consumidores e também dos investidores, já que essa agenda influencia em diversos processos de tomadas de decisões, inclusive no mercado financeiro.

            Um forte aliado do conceito é colocar a tecnologia a serviço das empresas, seja por meio de análises preditivas que usam dados, algoritmos e machine learning para prever resultados sobre determinados processos, segurança cibernética ou por qualquer outro mecanismo de inteligência artificial ou internet das coisas. Também há maneiras mais simples de se começar, como descartando equipamentos obsoletos corretamente ou economizando energia por meio de um planejamento adequado.

            Empresas de diversos portes podem investir nesse tipo de recurso, apesar disso, de acordo com uma pesquisa do Centro Sebrae de Sustentabilidade, realizada em 2018, apenas 16% das empresas pequenas desenvolvem projetos com supervisão de resultados ou consideram a sustentabilidade o coração da empresa e mais de 50% fazem ações isoladas, esporádicas e sem planejamento.

            “O conceito de ESG, além de tornar o mundo mais sustentável, contribui em geração de valor para uma marca, além de reduzir custos e otimizar a produtividade, o que beneficia também a sociedade como um todo. Dito isso, é importante frisar que os investimentos em tecnologia podem ser gradativos e que envolver essa área nos processos adotados pela empresa é essencial”, comenta Guilherme Rufo, coordenador de marketing da Zyxel.

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STEVE JOBS SERIA CANCELADO HOJE PELAS REDES SOCIAIS DEVIDO AO SEU COMPORTAMENTO

 

Temperamental e colecionador de episódios controversos, o pai do iPhone seria um forte candidato a ‘culpado’ no tribunal das redes sociais

Guilherme Guerra – Jornal Estadão


Nesta terça, 5, a morte de Steve Jobs, fundador da Apple, completa 10 anos. Considerado um gênio por muitos, o pai do iPhoneera uma figura de extremos: por um lado, sua capacidade criativa causou grandes saltos tecnológicos. Por outro, sua personalidade tosca costumava machucar pessoas ao seu redor. Ele era obcecado pelos detalhes de suas criações, como se fosse um artista, mas chegava a mentir, a blefar ou a ser abusivo com funcionários, amigos e parentes para conseguir as coisas da maneira que queria.

Vítima de um câncer no pâncreas aos 55 anos, Jobs não testemunhou um desdobramento da popularização dos smartphones na última década: a cultura do cancelamento nas redes sociais. Mas, com tantas características polarizadoras e um contêiner de histórias pessoais e profissionais pesadas, ele seria um forte candidato a ser cancelado nos dias atuais.

Temperamental, ele costumava se justificar da seguinte maneira: “Eu sou assim.” Mas não era só a língua afiada que poderia tornar Jobs um alvo dos tribunais da internet. Ele rejeitou publicamente a filha, afastou a Apple de questões políticas e sociais, minimizou condições trabalhistas na China e fez ameaças e acusações a rivais como Microsoft e Google.

Tentar imaginar como Jobs seria recebido nas redes sociais em 2021 é um exercício que ajuda a contar a história de quem ele foi e das transformações da Apple e das redes sociais na última década. Por ser direto e gostar do embate, é possível que o chefão da Apple não recuasse diante das críticas, um efeito comum do cancelamento das redes.

“Steve Jobs seria cancelado em 2021. E acho que ele adoraria isso”, afirma Fábio Gandour, que liderou por quase dez anos o laboratório de pesquisas da IBM no Brasil. “Ser cancelado significaria um respeito ao tempo dele, que seria usado para outras coisas”, diz o pesquisador, que costuma lembrar de um encontro acidental que teve, no começo dos anos 2000, com Jobs no banheiro da Apple, na Califórnia (“foi impossível um aperto de mãos”, lembra, dando risadas).

Ignorar a opinião alheia talvez fosse um dos pontos fortes do executivo, que, ao contrário de muitos colegas em empresas rivais, orgulhava-se de não aplicar pesquisas de mercado para entender o que queriam os clientes. Uma de suas frases mais famosas é: “Os consumidores não sabem o que querem até que mostremos a eles.”

“Steve Jobs seria cancelado em 2021. E acho que ele adoraria isso”Fábio Gandour,cientista-chefe do laboratório de pesquisas da IBM no Brasil entre 2011 e 2018

Ser ignorante à opinião alheia poderia não fazer tanta diferença para Jobs em termos pessoais. Mas seus comportamentos poderiam reverberar na Apple, criada em 1976 por ele e pelo melhor amigo Steve Wozniak.

Para Carlos Affonso Souza, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS-Rio), da “porta da Apple para dentro”, o cancelamento poderia tornar os funcionários da empresa “muito mais vocais” quanto a abusos e práticas no ambiente de trabalho. “Por mais que comportamentos abusivos possam passar a impressão de mais produtividade, essa maneira de trabalhar não é a forma desejada”, diz.

Já da porta para fora, a figura de Jobs, tão conhecida quanto a da Apple, poderia ser fustigada pela opinião pública. “É de se esperar que, numa cultura do cancelamento, que explodiu muito depois do falecimento de Jobs, você também iria ter situações em que as pessoas poderiam apontar que é para boicotar o produto da empresa”, explica Souza.

NOVOS TEMPOS

cultura do cancelamento põe em questão as pessoas por falas ou comportamentos tomados como desrespeitosos, controversos ou passíveis de penalidades, como em casos de assédio moral ou sexual. O professor Fábio Mariano Borges, da ESPM, lembra que o fenômeno coloca um novo peso sobre a reputação de figuras públicas para além do trabalho.

“Antes, entrar em uma empresa e cumprir metas já bastava. Mas hoje todos nós viramos marca. Somos todos CPF e CNPJ ao mesmo tempo”, explica. Do final da década de 1990 até sua morte, o executivo viu acontecer a fusão entre a própria vida pessoal e a profissional – ele já era o rosto da empresa antes que o tuiteiro médio passasse a se enxergar como representante da sua própria marca.

Nos tempos atuais, esse fenômeno tem consequências diferentes. Para o público atual das redes sociais, não bastam as apresentações espetaculares de produtos. Imaginar Steve Jobs em 2021 significa que a sua vida pessoal seria um fator de peso para que consumidores optassem por um iPhone. No caso do executivo, a “ficha corrida” era extensa.

Jobs dava de ombros para as denúncias de condições de trabalho na Foxconn, na ChinaREUTERS

Nos anos 1970, Jobs escondeu de Wozniak que ambos receberam um bônus financeiro da Atari, onde trabalharam até fundarem a Apple – Jobs pegou a grana toda para si. Nos anos 1980, ele costumava perguntar aos candidatos em entrevistas de emprego se eles eram virgens e se haviam tomado ácido, com o suposto objetivo de saber como possíveis funcionários reagiriam a situações desconcertantes. Ele também costumava estacionar a própria Mercedes (sem placa, diga-se) em vagas para pessoas com deficiência, hábito que ele manteve, pelo menos, até 2008.

O pior dos casos, porém, talvez tenha sido a demora em reconhecer a paternidade de sua primeira filha, Lisa, nascida em 1978, quando ele tinha 23 anos. À época, ele insinuava publicamente que Chrisann, sua namorada naquele período, poderia ter se relacionado com outros homens.

Dado o peso das redes sociais na imagem da Apple, Borges imagina que o executivo buscasse algum tipo de adaptação. “Steve Jobs era o espírito do tempo e sabia se adaptar muito facilmente. Hoje, ele estaria nas apresentações da Apple falando sobre diversidade, por exemplo”, diz. Uma pista disso é observar a guinada da Apple sob Tim Cook, sucessor de Jobs no posto de comando da empresa.

Nesses 10 anos, além de lançar um relógio inteligente e fones de ouvido sem fio, a Apple tornou-se porta-voz das minorias, defendendo em público o movimento Vidas Negras Importam, promovendo a igualdade de gênero e manifestando-se contra projetos de lei que minem a diversidade sexual. Na gestão anterior, esses assuntos não tomavam tempo das apresentações de Jobs.

ANIMAL EXTINTO

A postura controversa, combativa e temperamental parece ter sido extinta com a morte de Steve Jobs – pelo menos entre os líderes das principais companhias de tecnologia do mundo. Hoje, elas se blindam para evitar críticas. Um caso recente ilustra bem o impacto da vida pessoal dessas personalidades em suas empresas.

Steve Jobs não viveu para ver a cultura do cancelamento, ao contrário do antigo rival Bill GatesASA MATHAT ALLTHINGSDCOM

Até 2021, o contemporâneo (e rival na Microsoft) Bill Gates era o estereótipo do “bom velhinho”. Como se fosse um Papai Noel bilionário da tecnologia, ele circulava pelo mundo financiando estudos para desenvolver vacinas contra a covid e promovendo a agenda climática do Planeta.

Tudo isso veio abaixo com o divórcio de Melissa Gates após 27 anos, anunciado em maio passado. Vieram a público uma série de histórias, dando conta de casos extraconjugais e investidas sexuais contra trabalhadoras. Não só isso, ele também era amigo de Jeffrey Epstein, bilionário acusado por crimes sexuais, inclusive contra menores de idade, e morto na prisão antes de seu julgamento. Reverberou tanto que a própria dona do Windows buscou distância do seu ex-homem forte.

O atual presidente executivo da Microsoft, Satya Nadella, afirmou que a empresa reabriu investigações para apurar o relacionamento de Gates com a funcionária em busca de medidas que “satisfaçam a todos”. “A Microsoft de 2021 é muito diferente da Microsoft de 2000”, acrescentou.

“Um CEO que possa desagradar a governos ou confrontar determinados grupos na opinião pública pode colocar em risco a estratégia de negócio dessa companhia”Carlos Affonso Souza, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS-Rio)

“Quando Jobs estava vivo, os holofotes sobre a indústria de tecnologia não estavam colocados da forma como estão hoje”, explica Souza, do ITS-Rio. Ele lembra que essas empresas, em especial as Big Techs, estão sob a mira de órgãos reguladores e econômicos. “Um CEO que possa desagradar a governos ou confrontar determinados grupos na opinião pública pode colocar em risco a estratégia de negócio dessa companhia.”

Steve Jobs não viu acontecer nem a cultura do cancelamento nem a pressão regulatória, é claro. Mas, ao final da vida, não escondia o passado e queria ser conhecido tanto pelos seus méritos quanto pelos deméritos.

Em entrevista ao jornalista americano Walter Isaacson, autor de sua mais conhecida biografia, Jobs disse: “Eu não tenho nenhum esqueleto no armário”. Resta saber se isso seria suficiente para o tribunal da internet. COLABOROU BRUNO ROMANI


As 5 maiores controvérsias de Steve Jobs


● Abandono da filha
Talvez o ponto mais baixo da trajetória pessoal de Steve Jobs seja o abandono de sua primeira filha, Lisa Nicole Brennan. O fundador da Apple demorou cerca de um ano para reconhecer a paternidade. Antes, insinuou publicamente que a mãe poderia ter engravidado de outros homens. Um exame de DNA confirmou a paternidade, mas ele continuou questionando o resultado. A negação chegou ao ponto em que ele dizia que o computador Lisa não era uma homenagem à primogênita, mas um acrônimo para “Local Integrated Software Architecture” (ou Arquitetura de Software Local Integrada, o que não significa nada). A reconciliação só ocorreu na parte final da vida dele.

● Chefe abusivo
Jobs era conhecido por humilhar os próprios funcionários ou executivos de empresas rivais. Era comum ouvir gritos e palavrões e ou ganhar um dedo do meio – tanto em reuniões quanto em conversas individuais. Ele reconhecia o problema, mas dizia: “É o meu jeito.”

● Condições de trabalho na China
A Foxconn, principal fabricante do iPhone na China, enfrentou uma crise de suicídio de funcionários em 2010 – no total, foram 13 mortes. O problema era atribuído à sobrecarga de trabalho durante o ano do lançamento do iPhone 4. Em vez de pressionar a parceira,  Jobs declarou: “A Foxconn teve suicídios e algumas tentativas, mas eles têm 400 mil pessoas lá. Existem restaurantes, cinemas, hospitais e piscinas. Para uma fábrica, é bem legal”.

● Longe de causas sociais
Na gestão de Jobs, a Apple nunca se posicionou sobre causas sociais ou temas políticos, permanecendo afastada do que era decidido em Washington. Quando realizava doações filantrópicas, o executivo mantinha sigilo, como forma de não envolver seu nome nas causas. O cenário mudou quando assumiu o sucessor Tim Cook, muito mais ativo em favor de minorias, diversidade e outros temas sociais.

● Acusação de roubo
Nos anos 1980, Steve Jobs acusou Bill Gates e a Microsoft de copiarem a interface gráfica do Macintosh (de 1984) para criar o Windows, de 1985. Mas Gates argumenta que, na verdade, a ideia foi roubada da Xerox, que, no final dos 1970, desenvolveu o primeiro sistema de interface gráfica, o PARC. Jobs assumiu o “roubo”, mas o rancor por Gates e a rivalidade com Microsoft permaneceram por décadas.

quinta-feira, 30 de setembro de 2021

DISCURSO DE LUCIANO HANG NA CPI DA COVID

Segue discurso na íntegra do empresário, Luciano Hang, na CPI da Covid-19, na manhã desta quarta-feira, 29 de setembro de 2021:

Bom dia a todos os brasileiros e a todos os presentes.

Antes de começar, eu gostaria de ser solidário às famílias das vítimas da COVID-19, da qual eu faço parte. Eu perdi muitos amigos queridos e também a minha mãe para esta terrível doença. Por isso, sei o quanto é doloroso cada perda.

Aos profissionais da saúde, quero fazer um agradecimento especial, pelo árduo trabalho e principalmente pela dedicação em salvar vidas. Meu nome foi mencionado nesta CPI diversas vezes, muitas delas de forma desrespeitosa.

Eu não pedi Habeas Corpus e venho aqui de coração aberto, esclarecer qualquer questão. Porque nada devo, não fiz nada de errado e a CPI não tem prova alguma contra mim.

Afirmo que disponho de todo tempo do mundo para ouvi-los e gostaria de ter também todo tempo para responder com tranquilidade cada questionamento. Lembrem-se: gentileza gera gentileza e respeito gera respeito.

Hoje estou aqui sozinho, com Deus e com milhões de brasileiros ao meu lado. Do lado da verdade.

Antes de ir aos fatos, quero falar um pouco de mim e da minha história. Eu nasci em uma família pobre em Brusque, uma pequena cidade do interior de Santa Catarina. Meu pais, Luís e Regina, eram operários e trabalharam na Fábrica de Tecidos Carlos Renaux por mais de 40 anos, até eu conseguir dar uma vida melhor a eles.

Tenho dislexia, um transtorno que dificulta o aprendizado. Sofri muito na infância para aprender a ler e escrever. Me alfabetizei com muita dificuldade somente aos 12 anos, depois de muito insistir e treinar a leitura em revistas e gibis.

Me lembro como se fosse hoje que meus avós moravam em uma casa tomada por cupins. Meu maior medo era que meus pais não tivessem uma casa segura para viver em sua velhice.

Foi isso que me motivou a trabalhar desde cedo. Graças a Deus, consegui realizar o sonho de dar uma vida digna a quem eu mais honrei nesta vida: meu pai e minha mãe.

Imaginem o quanto é duro ver a morte da minha mãe sendo usada politicamente, de forma tão vil, baixa e desrespeitosa. Por isso, não aceito qualquer desrespeito à memória da minha mãe. Tenho a consciência tranquila, de que como filho, sempre fiz o melhor para ela.

Eu comecei a trabalhar ainda criança vendendo bolachas na escola. Meu primeiro emprego com carteira assinada foi como operário, na mesma fábrica em que meus pais trabalhavam e que anos depois, eu tive a honra de comprar.

Comecei debaixo, indo trabalhar com um sapato furado, mas sempre acreditei no impossível. Sou um vendedor. Um simples e puro comerciante.

Em 1986, com 23 anos, tive a coragem de largar a estabilidade do meu emprego para construir meu grande sonho: a Havan. Comecei pequeno, com pouco dinheiro, apenas um colaborador, em uma lojinha de 45 metros quadrados, vendendo tecidos.

Como a grande maioria do nosso povo, não tive uma vida fácil. Trabalhei muito, dias e noites, debaixo de sol e chuva, de segunda a segunda, para construir a empresa e tudo que temos hoje.

Fomos investindo e crescendo ano após ano, até a Havan se tornar o que é hoje.

Agora convido a todos a assistirem um breve vídeo para entender um pouco mais da Havan, da força e da energia de nossa equipe.

Tenham a certeza de que esta história de sucesso não foi construída da noite para o dia e, sim, ao longo de 35 anos de MUITO TRABALHO, ao lado de uma grande equipe, enfrentando adversidades e burocracias de todo tamanho. Para empreender no Brasil é preciso ser um verdadeiro herói.

Até o final do ano a Havan terá 168 lojas, presentes em 20 estados brasileiros, com um faturamento de aproximadamente R$14 bilhões e um lucro líquido de R$1,3 bilhões.

Só de impostos e benefícios este ano serão pagos mais de R$ 3 bilhões. Somos reconhecidos como uma das melhores empresas para se trabalhar no Brasil. Geramos cerca de 22 mil empregos diretos e 120 mil indiretos. Tenho muito orgulho em dizer que não demitimos ninguém por causa da pandemia.

Eu me sinto responsável por cada um dos meus 22 mil colaboradores e por suas famílias. Por isso, minha prioridade desde o início foi manter os empregos. Sempre defendi que era necessário cuidar da saúde, sem se descuidar da economia. Afinal, uma hora a conta chega e quem paga sempre são os mais pobres.

Enquanto uns diziam “cuidem da saúde, a economia vem depois”, eu lutava para que a indústria e o comércio ficassem abertos, mantendo os empregos e o sustento dos brasileiros. Eu já passei por dificuldades na vida e sei o quanto é difícil faltar dinheiro para o pão de cada dia.

Como todos sabem, estamos diante de uma das maiores pandemias da história da humanidade. Passados dois anos, ainda estamos todos aprendendo. Ao contrário do que tentam me imputar, eu não sou negacionista. Nunca neguei ou duvidei da doença. Tanto que as minhas ações pró-saúde não ficaram só no discurso.

Eu mandei 200 cilindros de oxigênio para Manaus, no valor de R$1 milhão. Compramos respiradores, máscaras, camas, utensílios… Auxiliamos na reforma de UTIs e destinamos mais de R$ 5 milhões em doações para área da saúde.

Eu não sou e nunca fui contra a vacina. Tanto que disponibilizei todos os estacionamentos das lojas espalhadas pelo Brasil como pontos de vacinação.

Além disso, juntamente com outros empresários, fizemos a campanha para que a iniciativa privada pudesse comprar para DOAR e AJUDAR o país a acelerar o processo de imunização. Fomos apoiados por quase meio milhão de brasileiros em um abaixo-assinado nesta causa.

Este foi o meu crime? Tentar ajudar o meu país? Eu gostaria de entender, senhoras e senhores, o que um empresário, que emprega 22 mil pessoas, que nunca vendeu ou comprou do Serviço Público, que nada tem a ver com hospitais ou respiradores, está fazendo sentado aqui nesta cadeira?

Hoje sou vítima de um conjunto de narrativas, única e exclusivamente por eu não ter medo de falar a verdade, me expor e mostrar meu apoio. Sou acusado sem provas e perseguido apenas por dar a MINHA OPINIÃO. Aliás, no Brasil existe crime de opinião?

É lamentável ver o meu nome estampado nas manchetes de forma tão irresponsável e, constatar que premissas do bom jornalismo, como imparcialidade e apuração ficaram apenas nos livros e na teoria.

Parte da grande imprensa faz comigo aquilo que tanto condena e que diz lutar contra: fake news.

Eu quero afirmar aqui, nesta Casa do Povo, com a consciência tranquila e com a serenidade de quem tem a verdade do lado:

Não conheço, não faço e nunca fiz parte de nenhum gabinete paralelo;

Nunca financiei nenhum esquema de fake news;

Não sou negacionista.

Sou apenas um brasileiro, que sonha em viver em um país melhor, que deu a cara a tapa e que está apanhando por isso.

Comigo é tudo olho no olho. Todas as minhas posições e opiniões foram postadas em minhas redes sociais e estão lá, públicas, para quem quiser ver.

Por mais de 30 anos, a Havan foi uma empresa conhecida de um dono desconhecido. Há 5 anos, eu tive que aparecer para desmentir uma onda de fake news, em que diziam que a Havan era de políticos ou de filhos de políticos. Vocês não imaginam o quanto a imagem da empresa estava sendo prejudicada por isso.

Em 2018, cansado de ver tanto descaso com nosso país, resolvi ser um ativista político. Fui aconselhado por todos a minha volta:  “empresário não deve se manifestar e nem se meter em política”.

Mas, a política é a base de tudo. Não vamos mudar o país sentados no sofá de casa. Entrei nas redes sociais para ter uma voz e acabei me tornando a voz de milhões de brasileiros.

Eu ando nas ruas por todo o Brasil, escuto as pessoas e, através das minhas redes sociais, falo o que está entalado na garganta da maioria dos brasileiros. Quero falar aos meus seguidores, aos milhões de brasileiros que me acompanham diariamente: eu não me arrependo de ter dado a cara a tapa. Eu estou com vocês.

Vou continuar usando minhas redes sociais para postar conteúdos motivacionais, de empreendedorismo e também de política. Como qualquer outro brasileiro, resguardado pela nossa Constituição e nossa democracia, tenho direito à OPINIÃO e não abro mão da minha liberdade de expressão.

Peço aos empresários, comerciantes, homens e mulheres de bem deste país, que nunca se deixem amedrontar. Como disse Martin Luter King, o que mais me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons.

Por fim, quero compartilhar com vocês o que a minha esposa, Andrea, me disse quando eu estava saindo de casa:

“Eles vão te maltratar, atacar a tua honra e tentar destruir a tua reputação. A verdade está com você. Então, mostre quem você é e tudo o que fez pelo Brasil e pelos brasileiros. Não saia de lá como um covarde. Coisa que você nunca foi”.

É assim que vou encarar minha participação nesta CPI. Pronto para responder qualquer pergunta, com muito respeito, de cabeça erguida e peito aberto.

Obrigado a todos os brasileiros!

Luciano Hang

 

EMPRESÁRIO LUCIANO HANG DOMINA A CPI DA COVID

 

Depoimento

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo

Luciano Hang prestou depoimento à CPI da Covid no Senado nesta quarta-feira (29)| Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado

A CPI da Covid teve seu ibope máximo nesta quarta-feira (29). O empresário Luciano Hang atraiu muita atenção para a CPI e ele dominou o ambiente, como se fosse um jogo de futebol de um contra sete. Inclusive dominando o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), e o relator Renan Calheiros (MDB-AL). Ele chegou a chamar os dois pelo primeiro nome.

E aí alguns senadores se deram conta disso, de que se não parassem com isso Hang dominaria a sessão inteira. E, claro, protestaram no grito, como sempre. É óbvio que o que perguntaram para Luciano Hang não tinha nada a ver com a CPI. O objetivo da CPI é investigar ações e omissões do governo federal no enfrentamento da pandemia, o colapso da saúde no estado do Amazonas e a aplicação de recursos federais por estados e municípios no combate à pandemia. Ou seja, nada a ver com o Luciano Hang.

Mas o empresário aproveitou para protestar contra o tratamento desrespeitoso — ele chamou até de vil — com que a senhora mãe dele foi mencionada lá na CPI.

E vejam só: Renan fez um discurso sugerindo que Luciano Hang é o “bobo da corte”, mesmo tendo afirmado lá no início, quando assumiu a relatoria da CPI, que trataria todos sem valorizações pessoais, numa investigação técnica e despolitizada.

Agora o próprio Renan, em um momento de infelicidade, fez uma alegoria sobre circo durante a CPI. Disse que lembrava quando o circo chegava na cidade dele, com mágicos de capa e cartola, tirando coelhos, trapezistas, marmelada, fantasia, globo da morte, picadeiro, malabaristas, marionetes, anões, saltimbancos, domadores de pulgas. Falavam em circo mambembe e palhaços maltrapilhos. Que alegoria, hein? É como falar de corda em casa de enforcado. Ele se referia a quem? Eu não preciso nem responder.

Biden ignorou o conselho de generais 
No Capitólio, em Washington, uma comissão do Senado ouviu generais sobre o processo de retirada das tropas americanas do Afeganistão. Eles disseram ter aconselhado o presidente Joe Biden a deixar algumas tropas naquele país para não acontecer o que aconteceu, aquele vexame todo registrado na desocupação.

Mas Biden não os ouviu. Achou que tinha que fazer pela opinião pública e saiu todo mundo de uma só vez. Deixaram para trás milhares de fuzis, helicópteros, aviões e veículos para os terroristas do Talibã, tudo pago pelo contribuinte americano. Foi um vexame!

O peso do ICMS
Na Câmara dos Deputados, o presidente Arthur Lira (PP-AL) disse que quer votar um projeto para botar um ICMS fixo sobre o litro do combustível. Porque aquela média ponderada do preço final, que incide sobre tudo, é ICMS sobre tudo, sobre impostos anteriores também, e sobre um preço final dos combustíveis que é alterado quinzenalmente.

Tem estados hoje, como o Rio de Janeiro, que o ICMS é 34%, no Rio Grande do Sul é 30%, Minas Gerais é 31%, Maranhão é 30,5%, Mato Grosso do Sul e Goiás são 30%, Piauí é 31%. Como é que Santa Catarina, São Paulo, Acre, Amapá, Amazonas, Roraima, Mato Grosso podem cobrar 25%? Então é isso, ICMS pesa sim muito no preço de combustível.


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IMPOSTO ICMS É O VILÃO DOS PREÇOS DE COMBUSTÍVEIS

Editorial
Por
Gazeta do Povo

Petrobras reajusta em 12% o preço da gasolina nas refinarias a partir desta quinta-feira

| Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

A alta dos combustíveis entrou no radar do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que em uma série de tuítes publicados na terça-feira atacou a cúpula da Petrobras e pediu “outras soluções que não o simples repasse frequente” dos preços internacionais do petróleo, porque “o Brasil não pode tolerar gasolina a quase R$ 7 e o gás a R$ 120”. Além disso, Lira quer que a Câmara vote um projeto de lei que altera a cobrança do ICMS, o imposto estadual que responde por parte significativa do preço final cobrado na bomba. Em vez de uma alíquota porcentual sobre o valor do combustível, o ICMS passaria a ter um valor nominal fixo por litro, definido pelo conselho que reúne secretários estaduais da Fazenda. Atualmente, os impostos federais sobre os combustíveis – Cide, PIS e Cofins – já são cobrados neste modelo.

Curiosamente, na série de tuítes em que o presidente da Câmara cobra alternativas dos diretores da Petrobras, ele demonstra ter alguma noção da razão pela qual os combustíveis subiram tanto nos últimos meses. “O dólar persiste num patamar alto. Junto com a valorização do barril de petróleo, a pressão no preço dos combustíveis é insustentável”, escreveu. De fato, como o Brasil é incapaz de refinar boa parte do petróleo que produz, por ter características diferentes, o país fica dependente da importação – consequentemente, sujeita-se aos humores do cartel de produtores e do câmbio, que são os fatores realmente decisivos para o movimento recente de elevação dos preços.

Lira sabe que o preço do petróleo e o dólar são as grandes causas do aumento dos combustíveis, mas preferiu atacar governadores e o comando da Petrobras

Ao defender o projeto que altera o ICMS, Lira se alinhou ao presidente Jair Bolsonaro e ao general Joaquim Silva e Luna, presidente da Petrobras, ao culpar os estados. “Sabe o que é que faz o combustível ficar caro? São os impostos estaduais. Os governadores têm de se sensibilizar”, disse o presidente da Câmara, ao lado de Bolsonaro, durante evento em Alagoas, na terça-feira. Por “se sensibilizar”, o governo federal e seus apoiadores entendem abrir mão de 15% a 20% de toda a arrecadação, que é o peso do ICMS dos combustíveis na receita dos estados. Em comparação, se a União zerasse Cide, PIS e Cofins sobre os combustíveis, não perderia nem 2% de sua arrecadação total. E, ainda assim, tanta “sensibilização” teria impactos fiscais que poderiam levar a violações da Lei de Responsabilidade Fiscal. Apostar no ataque aos governadores pode ajudar a mobilizar apoiadores em mídias sociais, mas é uma resposta simplista e que ainda traz riscos para o próprio projeto de lei, pois bancadas estaduais no Congresso que sejam mais alinhadas com seus respectivos governadores podem votar contra o texto – tanto que, nesta quarta-feira, Lira já mudou o tom e tirou a responsabilidade dos estados.

Lira disse querer “outras soluções” para baixar o preço dos combustíveis. Há, é claro, a solução populista, adotada na era Dilma Rousseff: fazer a Petrobras represar artificialmente seus preços, comprando caro no exterior, revendendo a preços menores internamente e arcando com o prejuízo. Essa política irresponsável foi parte do tripé que quase destruiu a estatal poucos anos atrás – combinada com a corrupção e decisões desastrosas como a compra da refinaria de Pasadena. Repeti-la agora, com todos conscientes do estrago já feito e do qual a empresa ainda não terminou de se recuperar, seria um verdadeiro crime. Mas estariam os congressistas dispostos a tentar outras soluções, como leis que incentivem a maior abertura à concorrência em todas as etapas da cadeia do petróleo, acabando de vez com um monopólio que persiste na prática apesar de ter sido derrubado na lei?


Por fim, é preciso ainda fazer uma ressalva à afirmação, feita por Lira, de que “a Câmara dos Deputados está fazendo seu dever de casa para o país retomar a economia respeitando os limites fiscais e sendo responsável em todas as suas sinalizações para o mercado”. Quando o Legislativo – incentivado ou não pelo Executivo – trabalha para ampliar o gasto público e, como se isso já não bastasse, recorre a soluções heterodoxas como um calote nos precatórios, abala a confiança internacional na saúde fiscal do Brasil, o que por sua vez pressiona o câmbio. Uma boa “sinalização para o mercado”, capaz de puxar uma queda na cotação do dólar, seria um compromisso firme com o ajuste fiscal, não uma série de truques para manter a despesa pública alta, ainda que dentro de um teto desmoralizado.


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O VERDADEIRO NEGACIONISMO SERÁ CONHECIDO APÓS A PANDEMIA

 

Por
Flavio Quintela – Gazeta do Povo

Centro de testagem e vacinação contra Covid em Miami, na Flórida.| Foto: Cristobal Herrera-Ulashkevich/EFE/EPA

Diz-se que Isaac Newton começou a formular sua teoria da mecânica clássica após ser atingido por uma maçã que despencou da árvore sob cuja sombra ele descansava. Aquela observação empírica teria levado Newton a questionar o porquê de objetos se moverem no plano terrestre.

Newton, como qualquer cientista de verdade, formulou uma teoria que explicava os fenômenos que ele mesmo observara. Como gênio que foi, conseguiu unificar em apenas três leis as regras que explicam a movimentação de qualquer corpo, seja no planeta Terra ou no espaço. Séculos mais tarde, Einstein complementaria a teoria de Newton com a noção de Constante da Velocidade da Luz, entregando um arcabouço matemático mais robusto e uma formulação que explica os casos em que a mecânica newtoniana falha: as movimentações de corpos ou partículas em velocidades próximas à da luz.

Tanto Newton como Einstein, bem como todos os grandes nomes da ciência mundial, buscaram criar explicações para fenômenos observáveis no mundo real. Esta é a essência da ciência. Não teria cabimento, por exemplo, que Newton formulasse leis cujos resultados teóricos não correspondessem aos resultados empíricos. Não se muda a realidade, e sim o modo como a interpretamos. Embora isso pareça óbvio, não é o que se vê no mundo dos “cientistas” de Twitter, e em especial no tocante a assuntos politizados como a pandemia de Covid-19. Quando temas como eficiência de lockdowns e uso de máscaras de pano surgem, toda a evidência empírica é desprezada e cada um se mune dos estudos teóricos que mais lhe convêm para defender sua opinião do coração.

Em breve chegaremos a dois anos de Covid, e finalmente temos evidências fáticas do que funcionou e do que não fez diferença. E que fique bem claro: funcionar no sentido de ter dado certo no mundo real

E é justamente com base nesses dois temas que pretendo desenvolver este texto. Em breve chegaremos a dois anos de Covid, e finalmente temos evidências fáticas do que funcionou e do que não fez diferença. E que fique bem claro: funcionar no sentido de ter dado certo no mundo real. Pode-se apresentar dezenas de estudos mostrando a eficiência do uso de máscaras em um ambiente controlado, mas é somente a análise de dados obtidos das aplicações no mundo real, caótico e descontrolado, que nos dirá se elas realmente funcionam. Da mesma forma, parece bastante lógico que lockdowns sejam necessários para evitar a superocupação de leitos de UTI, mas será que essa lógica se traduz em vantagens verdadeiras quando aplicada ao mundo real?

Para tentar responder a essas indagações, usarei dados de dois estados norte-americanos, Flórida e Califórnia.

A Califórnia, um dos estados mais democratas dos Estados Unidos, implementou um dos lockdowns mais draconianos do país. Já em março de 2020 o governador Gavin Newsom assinou uma ordem executiva proibindo as pessoas de sair de casa, exceto para atividades de extrema importância, listadas no corpo da ordem. O relaxamento quase total dessa ordem só chegou em junho de 2021, ou seja, 15 meses depois. Além disso, os californianos vivem hoje sob uma obrigatoriedade tácita de vacinação – quem não tem prova de vacinação sofre com restrição de acesso a diversos locais, tendo de apresentar testes negativos de Covid para compensar a falta de vacina – e a obrigatoriedade de máscaras em vários locais públicos e em escolas.


A Flórida, estado com ambas as casas legislativas de maioria republicana e com governadores republicanos desde 1999, implementou um dos lockdowns mais curtos da nação. No começo de abril de 2020, o governador Ron DeSantis emitiu uma ordem executiva limitando o funcionamento das empresas apenas à lista de atividades consideradas essenciais. A ordem deixou muita gente em casa, afetando um dos principais motores econômicos da Flórida, a indústria de turismo, mas por pouco tempo. Em 25 de setembro do mesmo ano, DeSantis já anunciava a entrada do estado na fase 3 de retorno, o que significou a reabertura de todos os estabelecimentos comerciais em capacidade máxima e a proibição aos governos locais (cidades e condados) de imporem restrições ou multarem empresas por causa de restrições relacionadas à pandemia.

Em relação à obrigatoriedade do uso de máscaras, o governo da Flórida não só a retirou na fase 3 como também criou regras impedindo a imposição de máscaras por cidades e condados. Pode-se dizer que a Flórida é um dos estados com menor regramento em relação à Covid na atualidade. E o governador, em declaração recente, disse ter se arrependido de fazer o lockdown, pois entende que foi mais prejudicial que benéfico.

O que os números dizem? Que trancar as pessoas em casa, fechar comércios e obrigar o uso de máscaras não tiveram influência significativa sobre o destino das pessoas doentes

E o que os números dizem? Bem, os números não se importam com as dezenas de estudos sobre a eficiência ou não das máscaras. Eles não se importam com as análises sobre as vantagens e desvantagens dos lockdowns. Eles não se importam se os políticos são de um partido ou de outro. Os números apenas refletem o que aconteceu no mundo real, aquele que deve ditar nossas teorias, e não o contrário. E os números dizem que, em todas as faixas etárias de risco, o número de mortes por Covid per capita foi maior na Califórnia que na Flórida. Basicamente, isso quer dizer que as fórmulas utilizadas, de trancar as pessoas em casa, fechar comércios e obrigar o uso de máscaras, não tiveram influência significativa sobre o destino das pessoas doentes. E, se não ajudaram, certamente atrapalharam.

Não acho que seja hora de culpar pessoas e políticos. Essa pandemia foi algo inédito, e ninguém sabia o que fazer. Quem não se lembra das recomendações absurdas de desinfetar todas as compras que chegavam do supermercado, desinfetar os sapatos, tudo para não trazer o vírus para dentro de casa? O tempo mostrou que não houve um caso sequer de transmissão via superfície, e hoje podemos olhar para trás e ver o quão ridículo era lavar latas de milho e sacos de arroz. O mesmo ocorre com os lockdowns. Precisamos olhar para o resultado e entender que não deu certo. Foi uma tentativa, parecia ter lógica, mas não funcionou. Idem para com as máscaras de pano.

O mundo precisa parar de fazer ciência ao contrário, tentando arrumar justificativas para medidas que, no mundo real, se mostraram inúteis. Precisamos entender essa pandemia a partir da realidade, para que tenhamos ferramentas melhores caso algo semelhante ocorra no futuro. É essa a ciência que salva, e não a citação de mil e um artigos obscuros, cada um feito em seu pequeno ambiente de controle, cada um apresentando resultados totalmente descolados da realidade. Negacionista não é quem nega essa ciência ao contrário, e sim quem nega a realidade.


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