domingo, 19 de setembro de 2021

TECNOLOGIA AJUDA EMPREENDEDORES A TRANSFORMAR OS SEUS NEGÓCIOS

 

Boas práticas de TI podem ser utilizadas como pilares para o sucesso empresarial em diferentes segmentos

Acelerar – Aceleradora da área Central

A área da Tecnologia da Informação (TI) possui conceitos e pilares valiosos para o sucesso das empresas, já que as boas práticas e abordagens características do segmento estão alinhadas com o objetivo de melhorias contínuas. De fato, as visões e metodologias de TI podem ajudar negócios de outros nichos, com soluções que vão além do universo tech, mas muitos desses conceitos podem passar despercebidos para empresários que são de outras áreas de atuação, por exemplo.

Para ajudar a disseminar essas estratégias, a Acelerar — aceleradora da Área Central, empresa especializada em centrais de negócios, reuniu uma lista com dicas do mentor Jeferson Rosa que contemplam esses pilares “Muitos grupos empresariais que buscam otimizar resultados, seja via mentoria ou compra conjunta, por exemplo, estão em processo de melhorias na gestão de suas empresas.  Cada uma delas pode ser aplicada em pequenas, médias e grandes empresas”, explica Jeferson.

Gerenciamento de Experiência do Consumidor

Saber quais são as necessidades do consumidor é imprescindível para qualquer setor — colocá-lo no centro é um ponto primordial para o sucesso das empresas. Independente da relação, seja ela de B2B (de empresa para empresa) ou B2C (de empresa para cliente), entender quais são as necessidades do consumidor ajuda a garantir uma experiência melhor, fidelizando seu público e elevando os resultados comerciais. Por isso, estratégias como essa, que consiste em surpreender as expectativas dos clientes, trazem forte impacto para o seu negócio. Esse processo pode ocorrer de várias formas, especialmente através de análise de engajamento e feedbacks.

Retorno do Investimento (ROI)

Para entender melhor a eficácia de um investimento, o empreendedor pode utilizar o Retorno de Investimento (ROI, na sigla em inglês). Além disso, com essa medida de desempenho, também é possível comparar a performance de diversos investimentos. É uma forma de esclarecer se eles estão realmente valendo a pena. O cálculo é feito pela subtração do custo de investimento do valor obtido, dividindo esse resultado pelo valor investido. O resultado final é em porcentagem ou proporção.

Gerenciamento de Processos de Negócios

Essa estratégia consiste em operações para que o gestor possa descobrir, modelar, analisar, medir, melhorar, otimizar e automatizar processos. Para colocá-la em prática, é necessário realizar um mapeamento dos atuais métodos do negócio, enxergando de forma clara o funcionamento da distribuição de atividades. Esse tipo de gerenciamento pode ser bastante útil para melhorar a comunicação dentro da empresa, além de melhorar processos financeiros, por exemplo.

OKRs

Objetivos e resultados-chave (OKRs, na sigla em inglês), são dois conceitos complementares. Os objetivos são as metas que o gestor quer alcançar. Já os resultados-chave monitoram como se chega ao objetivo. Ao defini-los, é muito importante estipular metas claras e objetivas, para que a mensuração ocorra de forma eficaz. O ideal é que as redefinições ocorram em curto prazo, ou seja, a cada trimestre ou semestre. Em um contexto geral, o acompanhamento dos OKRs impacta diretamente no engajamento de equipes, sendo uma forma valiosa de incentivar a união de um time.

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sábado, 18 de setembro de 2021

TERCEIRA VIA DESTROÇADA APÓS MANIFESTAÇÕES DO DIA 12/09

 

Eleições 2022
Por
Wesley Oliveira – Gazeta do Povo
Brasília

João Amoêdo (Novo), Alessandro Vieira (Cidadania), Simone Tebet (MDB) e Luiz Henrique Mandetta (DEM) nos atos do último domingo (12): representantes da terceira via discutem alternativas à polarização entre Bolsonaro e Lula nas eleições de 2022.| Foto: Reprodução/Twitter

Apesar da baixa adesão de público nas manifestações contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) do último final de semana, políticos envolvidos na construção de uma candidatura da chamada terceira via avaliam positivamente a exposição tida nos atos. Durante os protestos, diversos pré-candidatos discursaram e defenderam uma alternativa à polarização entre Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições do próximo ano.

“A corrupção no Brasil não começou com o PT e ela não começou com o Bolsonaro. A corrupção está enraizada no Brasil há muito tempo. Todo o trabalho que muita gente de bem fez para combater esse mal foi jogado fora por Jair Bolsonaro. Ele jogou fora a Lava Jato e jogou fogo em todos aqueles que colocaram a cabeça a risco. A gente não está condenado a viver escolhendo entre o corrupto da esquerda e o corrupto da direita “, discursou e o senador Alessandro Vieira (SE), pré-candidato ao Palácio do Planalto pelo Cidadania.

Na última quarta-feira (15), o partido de Vieira e o PV, também envolvido nas articulações da terceira via, se juntaram aos partidos de esquerda para articular novas manifestações contra Bolsonaro. Outras legendas como PSD, MDB, PSDB e Novo também foram convidadas, mas não estiveram presentes. A expectativa, no entanto, é que pré-candidatos destes partidos participem dos próximos atos contra o governo, que devem ocorrer nos dias 2 de outubro e 15 de novembro. Os representantes desses partidos avaliam que a exposição e o envolvimento na organização das manifestações podem beneficiar os pré-candidatos do grupo.

Responsável pela articulação do DEM, o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta afirma que a manifestação foi um primeiro passo para a movimentos contrários ao governo Bolsonaro. Apesar da presença e dos discursos dos pré-candidatos envolvidos na articulação da terceira via, Mandetta não viu os atos como um movimento eleitoral. “A maioria que vi foi de forma espontânea. Ali não havia convocação de partido e não tinha a máquina na organização prévia”, afirma o ex-ministro.

Convocadas desde julho por movimentos como Vem Pra Rua, Livres e Movimento Brasil Livre (MBL), as manifestações contra o governo Bolsonaro tiveram a adesão de políticos, partidos e algumas centrais sindicais fechada poucos dias antes da data para os protestos. Na ocasião, apenas partidos como PT e PSol se negaram a participar dos movimentos em razão de divergências políticas passadas.

Para os próximos meses, Mandetta, que vem sendo testado como pré-candidato, afirma que irá manter a mobilização e os encontros com lideranças políticas e outros representantes políticos, com o ex-ministro Sergio Moro, por exemplo.

Você acredita na viabilidade eleitoral de um candidato que possa fazer frente a Lula e Bolsonaro em 2022?
Sim. Se houver unificação da terceira via em um candidato, é póssível que ele chegue ao segundo turno.
Gostaria de acreditar que sim, mas acho que o voto da terceira via será pulverizado em vários candidatos.
Não. As eleições presidenciais serão cada vez mais polarizadas entre Bolsonaro e Lula.
“As pessoas têm que entender que estamos vivendo 2021. Estamos fazendo reuniões semanais e discutindo os problemas do Brasil de acordo com os temas. Nesta semana vamos discutir propostas para a parte de energia, que está sendo um grande problema agora com essa crise. Já fizemos cinco temas e estamos construindo um programa de governo. Essa coisa da candidatura e de um nome em si ela vai se clarear no primeiro semestre do ano que vem. Política se faz assim, um passo de cada vez”, afirmou Mandetta.

Também envolvido nas articulações, o presidente do Cidadania, Roberto Freire, descarta que as manifestações do último final de semana tiveram como base testar a viabilidade da terceira via. De acordo com ele, os partidos estão focados em resolver as divisões internas para posteriormente chegarem a um consenso do nome mais viável.

“As manifestações não tiveram foco na terceira via, até porque se fizer isso, divide o que não pode ser divido. Estamos dando os primeiros passos para a construção de uma grande frente ampla que derrote o fascista Bolsonaro. Sobre terceira via e 2022 a gente conversa entre os envolvidos”, diz Freire.

Temer recua da possibilidade de terceira via 
Envolvido na construção da carta à nação divulgada pelo presidente Jair Bolsonaro na última semana, o ex-presidente Michel Temer recuou das articulações do MDB por uma terceira via. Ao jornal Correio Braziliense, o emedebista disse que acha difícil que os pré-candidatos se unam.

“Com toda a franqueza, estou achando complicada essa história. Não acho fácil que os principais cotados da terceira via, em um dado momento, abram mão da candidatura, priorizando só um candidato (…) você veja que se houver muitos candidatos, ganha com isso aqueles que polarizaram”, disse Temer.

A declaração ocorre menos de um mês depois que o ex-presidente desembarcou em Brasília para o lançamento de um manifesto do MDB que iria nortear as negociações da ala do partido que defende uma candidatura de terceira via. Esse grupo tentava frear as negociações de caciques do MDB que se aproximaram de Lula, como o ex-senador Romero Jucá e o ex-presidente José Sarney.

Os aliados de Temer chegaram a cotar a senadora Simone Tebet (MS) como possível pré-candidata do partido. No entanto, Temer afirmou que não acredita que o partido seguirá com essa posição. “Conheço o MDB há muito tempo, né? E sempre foi assim… Sempre quis lançar candidato e muitas vezes acaba não lançando. Hoje, tem uma bela pré-candidata, a Simone Tebet, mas não sei se o partido vai com essa posição até o final”, afirmou.

Apesar disso, a senadora tem sinalizado que irá se manter envolvida nas articulações para construção de uma candidatura alternativa a Bolsonaro e a Lula.  Aos seus interlocutores, a emedebista tem afirmado que a busca tem que ser por alguém que consiga tirar o presidente Bolsonaro da disputa do segundo turno.

A disputa do DEM e do PSD pelo presidente do Senado
Nesta semana, os presidentes do PSD, Gilberto Kassab, e do DEM, ACM Neto, participaram de um evento virtual com investidores onde debateram o cenário eleitoral para 2022. No entanto, nenhum deles cravou qual será o nome que irão lançar no ano que vem.

Um dos impasses está na articulação de Kassab para tirar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, do DEM e filiá-lo ao PSD. No debate, Kassab diz confiar que conseguirá atrair o senador mineiro ao PSD para brigar pelo Palácio do Planalto. Já ACM Neto tem outra alternativa caso o ex-ministro Mandetta não se viabilize politicamente.

“Acredito que no segundo turno possa estar o presidente Lula com a terceira via na disputa”, declarou Kassab. De acordo com o presidente do PSD, não existe “nenhum problema” entre ele e ACM Neto pela disputa por Pacheco.

Além de uma eventual candidatura de Mandetta, ACM Neto confirmou pela primeira vez que o DEM caminha para uma fusão com o PSL. O ex-prefeito de Salvador negocia com Luciano Bivar, presidente do PSL, uma união que poderia transformar o novo partido no maior da Câmara e, com isso, receber a maior fatia dos fundos partidário e eleitoral. “Os próximos 15 dias serão decisivos, e vamos ter uma ideia se essa fusão irá adiante ou não”, afirmou ACM Neto sem dar mais detalhes.

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PSDB pode abrir mão de cabeça de chapa
No mesmo encontro, o presidente do PSDB, Bruno Araújo (PSDB), não descartou retirar o lançamento de um nome como cabeça de chapa para apoiar alguém com maiores chances de vitória em 2022. O partido passa por um processo de prévias internas para escolha do candidato presidencial, que deve ser definido somente em novembro. Os governadores Eduardo Leite (RS) e João Doria (PSDB); o senador Tasso Jereissati; e o ex-senador Arthur Virgílio (AM) disputam a vaga.

“Claro que o escolhido de um processo tão vigoroso e forte como esse sai com muita força política, mas cabe a ele demonstrar que tem liderança política, pessoal, republicana, de fazer esse conjunto de forças entender que ele é o melhor nome, ou ter a humildade suficiente de entender que surgiu uma outra força política”, disse Araújo.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/republica/terceira-via-proximos-passos-apos-manifestacoes-contra-bolsonaro/
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GOVERNO DE ESQUERDA ARGENTINO ESTÁ SE AUTODESTRUINDO

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo

Derrota em primárias escancarou conflito interno entre Cristina Kirchner e Alberto Fernández.| Foto: EFE/Esteban Collazo


A derrota da esquerda nas primárias argentinas colocou o governo em modo autofágico nos últimos dias. A lista de pré-candidatos da coalizão governista Frente de Todos foi derrotada pela lista do Juntos por el Cambio, grupo oposicionista liderado pelo ex-presidente Mauricio Macri, em três quartos das províncias argentinas, incluindo locais tradicionalmente fiéis ao kirchnerismo, como a província de Buenos Aires. Nas primárias, os argentinos vão às urnas para decidir quem poderá sair candidato nas eleições parlamentares de novembro, quando estarão em disputa quase metade das cadeiras da Câmara dos Deputados e um terço das cadeiras no Senado. Uma derrota em novembro pode complicar a vida do presidente Alberto Fernández ao menos na Câmara, hoje dividida quase ao meio entre governo e oposição – no Senado, o governo tem maioria mais tranquila.

Comentando a derrota, Fernández disse ter “cometido erros”, prometeu mudança de rota e falou no “veredito” manifestado pelo povo argentino. Farejando a fraqueza, a vice-presidente Cristina Kirchner partiu para o ataque, com um pedido de demissão coletiva de ao menos 11 ministros ou altos funcionários de governo mais ligados a ela que ao presidente Fernández. O objetivo da manobra é enquadrar o presidente, conseguir a saída de ministros mais alinhados a Fernández e cuja gestão não estava agradando a vice (especialmente o chefe de gabinete, Santiago Cafiero), e levar o governo mais para a esquerda. E, neste processo, a vice-presidente (que já ocupou a Casa Rosada de 2007 a 2015) e seus aliados vêm fazendo questão de dizer quem realmente manda.

Com dois anos de atraso, boa parte dos argentinos percebeu que fora péssima ideia entregar novamente o comando do país àqueles que o haviam destruído anos antes

Na quinta-feira, um áudio atribuído a uma deputada kirchnerista não poupa insultos ao presidente, chamando-o de “doente” e “usurpador” e afirmando que “a dona dos votos, da legitimidade, do apoio popular e da base de apoio deste governo e de quem o colocou lá é Cristina”. E, para que não ficasse dúvida alguma a esse respeito, a própria vice lembrou no Twitter que fora dela a sugestão para que Fernández encabeçasse a chapa peronista, tendo-a como vice – o que ela convenientemente omitiu foi que o principal motivo para que ela mesma não tentasse novamente a presidência era a sua alta rejeição, após o desastre econômico que promovera quando no comando do país.

Ainda no Twitter, a vice-presidente pediu a Fernández que “honre a vontade do povo argentino”. Mas há uma incompatibilidade enorme entre o que Cristina Kirchner pretende e a “vontade do povo argentino”, pois está claro que nas primárias o eleitor pediu menos, e não mais esquerdismo. Com dois anos de atraso, boa parte dos argentinos percebeu que fora péssima ideia entregar novamente o comando do país àqueles que o haviam destruído anos antes. O país convive com inflação na casa dos 50% anuais, desemprego em alta e uma gestão pobre da pandemia de Covid-19. Apesar dos intermináveis lockdowns, que ajudaram a devastar a economia, a Argentina tem mais casos de Covid por milhão de habitantes que o Brasil, e desde maio de 2021 também registra média de mortes diárias por milhão de habitantes maior que a brasileira.


Um sucesso do Juntos por el Cambio alimenta as chances de Macri, que já deixou a entender que pretende disputar a Casa Rosada em 2023. É bem verdade que ele não chega a ser uma alternativa extremamente animadora, pois foi bastante tímido quando teve a chance de realizar reformas para desfazer o desastre kirchnerista. Não fez um ajuste fiscal digno do nome, não privatizou, fez muitas concessões ao funcionalismo e acabou terminando o mandato com tabelamento de preços. Ainda assim, ele e seu grupo parecem ser hoje o mais próximo que a Argentina tem de uma plataforma economicamente liberal; caso recuperem o poder, precisarão mostrar que aprenderam com os erros de 2015 a 2019 e fazer muito mais para tirar o país do atoleiro e da prisão mental do populismo argentino.

Pressionado pela fome de poder de sua vice à esquerda e pelo recente sucesso eleitoral da centro-direita, Fernández tem agora de decidir para onde leva seu governo. A semana que começou com a renúncia coletiva termina sem sinal do que ele fará – se entregará a Cristina Kirchner as cabeças pedidas por seu grupo; se aceitará os pedidos de demissão; e, neste caso, que perfil buscará para preencher as vagas abertas. Em outras palavras, se assumirá ou renegará o papel de fantoche da vice que tantos, com preocupação, lhe atribuíram quando ele aceitou a sugestão de concorrer em 2019.


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CAMINHONEIROS REUNEM COM POSSIBILIDADE DE DECRETAÇÃO DE GREVE

 

Paralisação

Por
Rodolfo Costa – Gazeta do Povo
Brasília

Um dos bloqueios da semana passada, no norte de Santa Catarina: líderes de paralisações ocorridas entre 7 e 10 de setembro provavelmente não vão participar do encontro deste sábado (18).| Foto: Reprodução/Facebook

Líderes e representantes de caminhoneiros autônomos e celetistas se reúnem neste sábado (18) para debater uma pauta ampla a ser apoiada pela categoria dos transportadores rodoviários de carga. Conforme informou anteriormente a Gazeta do Povo, é a partir desse encontro que parte das lideranças acredita na possibilidade de montagem de uma agenda que, se não avançar, pode desencadear uma greve dos caminhoneiros.

A reunião é coordenada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística (CNTTL), pela Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), e pelo Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC).

O encontro ocorrerá em Brasília, no Hotel Laguna Plaza, das 9h às 17h. A ideia dos organizadores é reunir todas as lideranças que estejam dispostas a debater a pauta da categoria, afirma o presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga (Sindicam) de Ijuí (RS), Carlos Alberto Dahmer, o “Liti”, que é diretor da CNTTL. “Foram e permanecem convidadas lideranças de caminhoneiros autônomos e celetistas, associações, sindicatos, federações, confederações e cooperativas de transporte”, diz.

A previsão é de que a reunião conte com lideranças que convocaram duas greves este ano – para 1º de fevereiro e 25 de julho – e até mesmo outras que não aderiram aos chamamentos. Entretanto, não há perspectiva de que participem líderes autônomos que bloquearam trechos em rodovias pelo país entre 7 e 10 de setembro.

“São os urubus dos caminhoneiros, vivem da carniça. As pautas deles não acabam com a ‘prostituição’ do frete”, critica o líder autônomo Odilon Fonseca, que não participará da reunião. Ele foi um dos caminhoneiros recebidos pelo presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto durante a recente paralisação.

A Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), que tem assinado um acordo de cooperação técnica (ACT) com o Ministério da Infraestrutura e é reconhecida por líderes autônomos como a representante “máxima” e de “direito” da categoria, não participará da reunião por entender que as pautas defendidas são inconsistentes e representam “grupos isolados”.


Qual é o impacto da reunião após a recente paralisação dos caminhoneiros
A reunião deste sábado difere do recente movimento de uma parcela dos caminhoneiros autônomos e celetistas liderados pelo youtuber Marcos Antônio Pereira Gomes, o “Zé Trovão”. Os transportadores que bloquearam trechos em rodovias no país por quatro dias tinham uma pauta política, da qual constavam o voto impresso auditável, o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e a absolvição do que classificaram de “presos políticos” conservadores.

A pauta defendida para esta reunião não prevê itens políticos, mas econômicos, com pontos que, no entendimento dos organizadores, podem beneficiar diretamente os trabalhadores do transporte rodoviário de cargas. Embora boa parte dos líderes e representantes não pretendam participar, o encontro deste fim de semana vai juntar, pela primeira vez no ano, lideranças que até então pensavam diferente sobre a ideia de uma greve.

A classe dos transportadores autônomos e celetistas é muito dividida e uma greve só tem condições de prosperar com a união dos líderes. Só em 2021 foram convocadas duas paralisações pelo presidente do CNTRC, Plínio Dias, que não prosperaram pela falta de unidade. Nas duas ocasiões, diferentes lideranças e representantes – como o presidente da Abrava, Wallace Landim, o “Chorão”, um dos líderes da greve nacional de 2018 – não apoiaram o chamamento.

A reunião deste sábado contará com a presença de Chorão. Desde julho, ele articula um amplo encontro com a participação de trabalhadores de outros segmentos do transporte – não apenas caminhoneiros autônomos, mas também taxistas, motoristas de aplicativo e transportadores que atuam na indústria e em outras atividades econômicas.

A convocação para sábado vem sendo trabalhada por Liti, diretor da CNTTL, ao longo dos últimos 45 dias. Ele promoveu rodadas prévias de conversas com transportadores rodoviários celetistas e autônomos da Baixada Santista, que atuam no Porto de Santos; do Recife, que atuam no Porto de Suape; e de Itajaí (SC) e Navegantes (SC), que atuam nos Portos de Itapoá e Portonave.

O líder autônomo Janderson Maçaneiro, o “Patrola”, que opera na região portuária catarinense, aderiu à convocação e acredita que ela tem os elementos para ser a maior do ano da categoria. “A reunião do dia 18 vai ser de tratativas de união que vem a fortalecer a unidade, que é o que temos que buscar”, destaca.

Patrola é outro líder que, como Chorão, não aderiu às convocações de greve da categoria para fevereiro e julho. A participação dos dois sugere, no entendimento de ambos, o início de um realinhamento dos líderes.

“Existe uma situação de fragmentação das lideranças. Vimos nascer um líder desconhecido, o Zé Trovão, que protagonizou um movimento gigantesco, nacional, mas que não representava a classe”, destaca Patrola. “No momento, nós precisamos unir as lideranças, todos em um só discurso, para daí termos condição de iniciar um processo de montagem de pauta”, complementa.

Quais as dificuldades de reunir todas as lideranças dos caminhoneiros
A divergência de pautas é a principal explicação para que, desde a greve de 2018, os caminhoneiros não consigam chegar a uma ampla unidade. Mas não é o único motivo, analisa Chorão, que aponta motivações políticas por trás. “Até nos grupos não se fala mais de categoria, apenas um maltratando o outro. Quando fala mal da esquerda, é ‘bolsonarista’. Quando fala mal da direita, é ‘esquerdista’. Temos que parar com isso e focar nas nossas demandas”, diz.

Há caminhoneiros que, segundo Chorão, são “100% de direita”. Outros são mais alinhados à centro-direita. Outros são apartidários. E também há os posicionados à centro-esquerda e esquerda. “O que não existe é levantar o movimento usando o nome da categoria em uma pauta política. Nunca vai ter o consenso, nem é o que estamos promovendo”, afirma.

As pautas levantadas para a reunião de sábado, como piso mínimo de frete e revisão da política de preço da Petrobras, entretanto, também são obstáculos para se chegar a um consenso.

“Lei de piso mínimo não vai acabar com o frete baixo. O que acaba isso é a mudança da cultura do caminhoneiro, que tem que parar de se prostituir. Chegam nas filas de carregamento, que tem 100, 200 caminhões para carregar a um frete baixíssimo. Eu encostei meu caminhão, não estou carregando, e esses líderes deveriam incentivar o mesmo”, diz Odilon.

Ele defende ideias para reduzir a quantidade de caminhões rodando no país, a fim de equilibrar a oferta e demanda e aumentar o custo do frete, como o respeito à jornada de trabalho, de 8h diárias mais 2h extras. “Piso mínimo não resolve o problema. A única coisa que eu vi da pauta de sábado que, no meu entender é ótima, é a jornada de trabalho”, sustenta.

Líder defende responsabilidade fiscal e critica STF por “fique em casa”
Outra pauta criticada por Odilon é a retomada do tratamento diferenciado de aposentadoria. Até a aprovação da reforma da Previdência, os transportadores podiam se aposentar com 25 anos de contribuição na função, independentemente de idade mínima e sem a incidência do fator previdenciário. Os organizadores do encontro de sábado querem discutir essa pauta.

“A reforma da Previdência já foi feita, não tem lógica essa pauta. Isso é uma coisa que envolve muito dinheiro”, diz Odilon. Ele defende uma política econômica com responsabilidade fiscal e entende que não há espaço para ampliar as despesas públicas. O líder autônomo também reforça a cobrança da pauta política e diz que os ministros do STF têm responsabilidade na atual situação econômica. “Os ministros barraram o país de se desenvolver com o ‘fique em casa’, que deu autonomia para governadores e prefeitos travarem a economia”, diz.

A CNTA, entidade máxima de representação dos transportadores autônomos junto ao governo, tem conhecimento da reunião de sábado e informa que permanece aberta para qualquer contribuição, desde que seja benéfica para a categoria. “Estamos abertos para dar continuidade ao trabalho, desde que seja uma pauta consistente para toda a categoria, não a grupos isolados e indivíduos com projeções pessoais e políticas”, afirma a confederação.


Quais as chances de a reunião criar as condições de uma greve nacional
O efeito prático da reunião, ou seja, a apresentação de uma agenda minimamente consensual, divide lideranças e representantes. Chorão é um dos que têm confiança na possibilidade de sair do encontro com pautas pré-definidas. “Eu acredito que consigamos sair dessa reunião com uma pauta que realmente traga benefícios”, destaca.

O líder da greve de 2018 acredita que o não atendimento das pautas definidas no sábado pode desencadear uma paralisação nacional, mas evita aprofundar o assunto. “A categoria está fragilizada há muitos anos e vem sofrendo a cada dia e, hoje, sofre mais, não tem condições de se manter. Com uma pauta unificada, com união, e não falo nem referente a uma paralisação, mas em uma cobrança mais enérgica, acho que a gente consiga avançar”, sustenta.

A análise é endossada por Liti, que também acredita na elaboração de uma agenda em comum e evita falar em greve. “Temos pautas direcionadas ao governo federal, ao Legislativo e ao Judiciário. Precisaremos avaliar as ações que faremos para demandar cada um dos Poderes. Feito isso e avaliando os resultados, vamos analisar se existem alternativas ou outra forma de pressão para cada um dos pontos que não seja exatamente a possibilidade de greve. Esgotadas essas opções, a greve passaria a ser o último ‘cartucho'”, explica.

A promessa da categoria é não banalizar a ameaça de greve, que, em 2018, prejudicou a economia. A estimativa feita pelo Ministério da Fazenda meses depois daquela paralisação era de que a paralisação havia “tirado” 1,2 ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB) esperado, que naquele ano acabou crescendo 1,8%, segundo dado revisado em 2020.

Liti, contudo, não descarta uma paralisação nacional. “Como o movimento é muito dinâmico, nunca se descarta a possibilidade de uma paralisação. Porém, a gente levará ao extremo do diálogo para que a situação não aconteça, porque não é bom para ninguém, não há vencedor”, destaca o diretor do CNTTL. “A reunião não se trata de um movimento grevista. É um movimento de construção de entendimento de unificação e de diálogo”, reforça.

Patrola é menos confiante sobre a possibilidade de a reunião terminar com a formulação e apresentação de uma agenda, justamente tendo em vista a fragmentação da categoria. “Eu não acredito na montagem de uma pauta com deliberação sindical neste primeiro momento. Não tenho como afirmar que vamos sair de lá com uma pauta coesa em comum acordo, mas tenho certeza que será construída alguma coisa num projeto futuro de entendimento”, diz.

O líder catarinense defende, ainda, que qualquer deliberação da reunião seja discutida com os transportadores autônomos. “Não cabe às lideranças a construção de pautas e datas de paralisação, mas à categoria. Tudo o que nós conversarmos na reunião tem que ser levado à base. É a base, o caminhoneiro, que tem que decidir quais os itens dessa pauta e quais são os caminhos que temos que seguir para chegar ao objetivo”, avalia.

Em grupos de WhatsApp, circulam áudios de líderes afirmando que, do encontro de sábado, sairá até uma data de greve, diz Odilon. Ele, entretanto, não acredita na possibilidade de uma paralisação nacional. “Eles [líderes que participarão da reunião] perderam a credibilidade. Tem gente que quer encontrar com satanás, mas não quer encontrar com o Chorão. Já ouvi áudio deles, que podem sair com uma paralisação definida, mas isso não vai acontecer”, afirma.

As demandas que serão debatidas para compor a pauta dos caminhoneiros
Os organizadores da reunião de sábado vão levar uma “pauta de discussão mínima” centrada em 11 itens, a começar pelo cumprimento do piso mínimo de frete e pela retomada do tratamento diferenciado de aposentadoria. A jornada de trabalho também estará presente.

Outra pauta é o chamado “voto em trânsito”, a permissão de que qualquer seção eleitoral do país possa permitir que o caminhoneiro exerça seu direito de voto caso esteja em viagem a trabalho. Outras pautas são a contratação direta com plena implementação do documento de transporte eletrônico (DT-e), que unifica documentos exigidos para o transporte rodoviário de carga.

Dentro do debate do DT-e, que foi aprovado pelo Congresso e aguarda sanção presidencial, os transportadores autônomos demandam que o presidente Jair Bolsonaro vete dois trechos criticados na redação aprovada: o que anistia até 31 de maio as transportadoras e embarcadoras que não tenham cumprido com o piso mínimo de frete; e o que permite ao caminhoneiro contratar uma associação ou sindicato para administrar seus direitos relativos ao frete, de modo que tais entidades sejam responsáveis pelas obrigações fiscais e pelo recolhimento de tributos.

A Gazeta do Povo ouviu de interlocutores do Palácio do Planalto que Bolsonaro deve sancionar integralmente o DT-e, ou seja, com os pontos criticados pela categoria. No caso da contratação de associações ou sindicatos para administrar os direitos, caminhoneiros entendem que daria autonomia para os embarcadores administrarem o frete e o recolhimento dos autônomos contratados diretamente, o que vem sendo chamado de “uberização” do caminhoneiro.

A pauta da reunião ainda deve envolver: o marco regulatório do transporte rodoviário de cargas; mudanças no projeto do BR do Mar; o cumprimento da resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) aprovada na segunda-feira (13) que garante a volta dos caminhões de 11 eixos; e a revisão da política de preços da Petrobras. A maioria dessas pautas não encontrará ampla concordância entre as lideranças presentes.

Patrola é um dos que discorda das críticas de “uberização” sobre o DT-e. “Estamos deixando de ficar na mão das transportadoras, da subcontratação, e indo negociar diretamente com o embarcador. Onde é que está a prisão nisso?”, questionou anteriormente à reportagem. Ele também não é contrário à anistia às transportadoras. “De nada vale eu ter a contratação direta se eu tiver um processo contra o embarcador, porque o embarcador não vai me contratar.”

Patrola defende muita sobriedade e uma agenda curta, mas minimamente consensual nos debates da reunião, embora admita que isso seja improvável. “Nós temos um trabalho muito difícil, para não dizer impossível, que é montar uma pauta de comum acordo. Por isso, não adianta ter pauta com dezenas de itens. Algumas são de comum acordo, outras, não. Num entendimento final, numa resolução a ser encaminhada à base, temos que ter uma pauta enxuta”, avalia.

Chorão defende a discussão das pautas e pondera que levará ao debate até mesmo a proposta de incentivo tributário sobre o óleo diesel ao caminhoneiro. “Na questão da tributação, nós precisamos da criação de um incentivo tributário na prestação do serviço. O transporte rodoviário é peça fundamental para o PIB do país”, justifica.


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REFLEXÃO SOBRE O FRACASSO DAS MANIFESTÇÕES DO DIA 12/09 CONTRA O BOLSONARO

 

Fracasso total

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo

O governador João Doria (PSDB-SP) dia 12 de setembro: manifestação na Avenida Paulista teve baixa adesão.| Foto: Facebook / João Doria / Divulgação

Não é novidade para ninguém o fracasso da tentativa de reunir o povo anti-bolsonaro nas ruas, no último domingo, dia 12 de setembro . Nenhum lugar público ficou imune ao fiasco.

A comparação com os atos pró-presidente chega a ser uma maldade. As ruas que no dia 7 tiveram um porre de povo, no dia 12 sofreram crise de abstinência. Em Brasília foi um deserto; no Rio, só em torno do carro de som; em outras capitais, apenas centenas ou dezenas de manifestantes. Na Avenida Paulista, nos quarteirões da FIESP e do MASP, onde estavam os carros de som. Nada disso é novidade para quem teve olhos para ver as imagens.


Baixa adesão a atos contra Bolsonaro é “balde de água fria” para 3.ª via, dizem analistas
O evento, que era para ser uma resposta ao 7 de setembro, traz a constatação de que, tendo amplo estímulo da mídia, com divulgação abundante e estimativa de uma grande mobilização, ainda assim fracassou. Mostra que as pessoas já não são conduzidas pelos se imaginam condutores. Por mais esforço que tenham feito, não influenciaram a mobilização.

O fracasso do dia 12
Por mais tentativas de encobrir o fiasco, com imagens evitando mostrar o todo, não deu para esconder. A saída foi mudar logo de assunto.

Os palanques da Paulista reuniram cinco presidenciáveis e ainda faltavam outros, mais e menos citados. Todos sonhando ser o candidato da terceira via. O que significa uma divisão por cinco, ou por dez.

Uma terceira via fraccionada fica sem chance de segundo turno – e pode contribuir para uma decisão no primeiro turno. Tentaram atribuir o fracasso a “movimentos de centro-direita” – e foi mais uma tentativa ideológica de tapar o sol com a peneira, porque lá estavam, por decisões de seus partidos, representantes do PDT, do Partido Socialista, do Partido Comunista, do ex-Partido Comunista e do PSDB –  o próprio governador Dória, que até dançou.

A comparação do dia 7 com o dia 12 deve fazer as pesquisas eleitorais pensarem um pouco, já que as ruas contrariam seus resultados. Se há erro na coleta ou na computação dos dados, ou o quê.

Por fim, o registro  que o nome mais citado, mais repetido, nas bocas e faixas do dia 12, foi Bolsonaro. Esse foi um ponto comum nas duas manifestações. A manifestação anti-Bolsonaro demonstrou que o Presidente é o eixo da eleição de 2022.


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MAIS DE 300 MILHÕES DE PESSOAS NO MUNDO SOFREM DE DEPRESSÃO

 

Por
Francisco Escorsim

Hannah Baker, protagonista da série “13 reasons why”.| Foto: Netflix

Mais de 300 milhões de pessoas no mundo sofrem de depressão, segundo a Organização Mundial da Saúde. É possível que você seja uma delas, ainda que não saiba ou se recuse a admitir. Já é considerada a maior causa de problemas de saúde e de incapacidade no mundo, aliás. Já o suicídio, sempre um risco associado à depressão, continua sendo das principais causas de morte no mundo, com mais de 700 mil por ano, com 1 em cada 10 mortes sendo por suicídio, segundo a mesma OMS.

Não sou psicólogo, mas lá se vão mais de dez anos dando aulas e tive de aprender a lidar com essa doença, pois não me faltaram alunos sofrendo por isso. Aprendi muito com eles, mas certas coisas só fui entender mesmo quando eu fiquei doente anos atrás e lembrei o que um de meus alunos havia me dito: “Sabe aquele ditado do otimista e do pessimista diante de um copo com água pela metade? O otimista fica feliz por estar meio cheio, o pessimista fica triste por estar meio vazio. Mas sabe o que um depressivo acha? Que a vida é uma merda”. Quando me contou, eu ri, achando que era piada. Quando lembrei, achei uma descrição perfeita da realidade do depressivo.

Outra coisa que só doente compreendi: que não adianta tentar animar um depressivo, muito menos convencê-lo de que precisaria fazer isso ou aquilo. Se quiser realmente ajudá-lo, vai demorar a obter algum “sucesso”. Por isso, nem comece se não for para se comprometer de verdade com ele. Se for para abandonar no meio do caminho, melhor deixá-lo como está. Perseverança é tudo; por isso, haja paciência, muita paciência, mais um pouco de paciência e, por fim, ainda mais paciência.

Todo depressivo tem uma vida interior rica – creia – e defende essa interioridade com unhas e dentes. Ele não se abrirá facilmente, só fará isso com quem se sinta seguro

Para ajudar de fato é preciso começar pelo óbvio: dando atenção. Esqueça soluções possíveis, ainda que funcionem e sejam o que ele realmente precisaria. Apenas escute, se ele falar; tente conversar, se ele pouco falar. Em ambos os casos, não queira “curá-lo” nem nada. E nunca esqueça: todo depressivo tem uma vida interior rica – creia – e defende essa interioridade com unhas e dentes.

Ele não se abrirá facilmente, só fará isso com quem se sinta seguro. Por isso demora. É preciso passar por inúmeros testes de confiança para que se convença de que você tem interesse real por ele, não porque sua depressão está atrapalhando você ou os outros. Em outras palavras, você precisa se tornar um amigo. Daqueles que, não importa o que o outro faça, estará ali por ele.

Acho que a primeira causa da depressão, ou a mais importante de todas, pelo menos, é a solidão. Mas, preste atenção!, a solidão de que falo não é qualquer uma. É aquela que você sente mesmo tendo esposo(a)(x), namorado(a)(x), amigos, familiares, colegas. Aquela que se impõe como uma prisão quando você percebe que todos à sua volta só estão ali por hábito, por estar, não têm real interesse por você, não lhe prestam atenção de verdade, não se importam realmente com o que se passa com você. Ou, ainda que não seja assim, assim lhe parece. Todo depressivo é injusto, principalmente consigo.


A depressão, em verdade, começa por ser uma derrota para essa solidão, que leva a uma aceitação que faz com que doa menos não desejar mais nada além dela. Aos poucos, a depressão se torna a própria fortaleza da solidão, não deixando mais ninguém “entrar” porque a mera possibilidade de sofrer de novo parece pior do que ficar como está. É o famoso “tá ruim, mas tá bom”. A vida é uma merda, mas pode ficar pior.

É por isso que depressivos costumam criar um mundo à parte, adoram ficar no seu quarto, na sua cama, costumam ter uma relação quase religiosa com certas músicas tristes, filmes, seriados, livros, personagens que lhes são significativos demais, os verdadeiros amigos, a única coisa que lhes impede de ficar pior.

É aí que está o segredo do sucesso de um seriado como 13 Reasons Why, por exemplo, num mundo com 300 milhões de depressivos e sabe-se lá quantos mais que convivem com um. O que esse seriado mostra, no fim das contas, é justamente esse mundo interior de uma menina depressiva que se sente profundamente só e chegou ao seu limite (presta atenção!: ao limite dela, não ao que você acha deveria ser o limite dela), aquele em que a fortaleza se transforma em pena de morte inescapável: o suicídio.

Como lidar com seriados como 13 Reasons Why? Ver ou não ver? Deixar ver ou proibir? Ora, da mesma forma que se deve lidar com todo e qualquer depressivo: dando-lhe ouvidos

Por que o seriado incomoda tanta gente, considerado como uma “defesa” ou incentivo ao suicídio? Porque a perspectiva da narrativa é quase toda da menina, das suas razões para tanto, sem julgá-la. Seria isso incentivar ou justificar o ato? Lembro de uma pesquisa feita sobre o seriado que indicaria que a resposta é “sim”. Mas é perfeitamente possível que também tenha ocorrido o oposto, ou seja, quem tenha desistido disso por ter assistido ao seriado.

Como lidar com seriados assim, então? Ver ou não ver? Deixar ver ou proibir? Ora, da mesma forma que se deve lidar com todo e qualquer depressivo: dando-lhe ouvidos. Por isso, para mim, a pior reação possível é dizer que o seriado “não deveria existir”, “a Netflix deveria tirar do ar”, “proíbam seus filhos adolescentes de ver” e por aí vai. Quem diz isso não percebe que, ao agir assim, está dando mais uma razão para o suicídio da menina, porque isso revela não uma preocupação com depressivos e suicidas potenciais, apenas medo deles, do que eles podem fazer. Sem contar que é uma estratégia estúpida; afinal, o proibido é sempre mais atraente.

O que o seriado mostra, no fim das contas, é o mundo interior de uma menina depressiva que se sente profundamente só e chegou ao seu limite – ao limite dela, não ao que você acha deveria ser o limite dela

Aposto que aqueles que se identificaram com a menina verão nessa atitude de censura ou boicote justamente a confirmação das razões apontadas pela personagem: no fundo, ninguém quer “ver” a realidade, “saber como é”. Nessas horas me lembro de Chesterton quando disse que as crianças têm de saber sobre dragões não para saber que existem, mas para saber que podem ser derrotados.

Por isso prefiro atitude diversa. Se dermos ouvidos àquela menina, o que ela estava dizendo? Que estava só, profundamente só. Que ninguém lhe prestava atenção. Se alguém tivesse sido seu amigo de verdade, será que ela teria chegado a tanto? Creio que não. Isso não significa concordar com suas razões, ou o julgamento que ela fez de quem não foi seu amigo ou até inimigo. Não se trata aqui de encontrar culpados, mas de reconhecer uma condição humana, escutando quem a está vivendo, compreendendo, no fim das contas: ela não teve amigos, estava profundamente só, a depressão foi se instalando, consolidando, tornou-se uma fortaleza até se estreitar ao tamanho de uma banheira.

Tive uma aluna anos atrás que sofria de depressão e me pediu para assistir a esse seriado. O psicólogo dela a proibira de ver; logo, ela assistiu e queria saber minha opinião. Ela esperava um debate intenso comigo sobre culpa, justiça, vingança, maldade alheia, buscava uma justificativa para sua depressão, para o que ela desejava fazer e não ousava dizer em voz alta. Mas só fiz essa mesma pergunta acima: e se alguém tivesse sido amigo dela? Só então ela se deu conta de que não tinha amigos de verdade, só conversava de verdade com o psicólogo (não mais depois dessa, claro) e comigo. Perguntou-me, então: como se faz amigos?


Não quero esta porta fechada
Descendo o caminho que não tomamos em direção à porta que nunca abrimos
Se tivesse receita não haveria depressão no mundo, mas dei uma sugestão: interesse-se você pela vida de quem você já conhece e veja o que acontece. Mas se interessar de verdade. Ou seja, tentasse ela ser um remédio para a solidão alheia, quem sabe assim não encontraria algum para a dela?

O fim dessa história? Ela mudou de psicólogo, aproximou-se mais de uma prima com quem tinha boas chances de criar uma amizade real, começou a sair mais de casa. Há tempos não dou mais aulas para ela, mas recentemente tive notícias suas. Continua tomando remédio, mas em dose menor. Perguntei se assistiu às temporadas seguintes de 13 Reasons Why. Respondeu-me que não, que enjoou de ser Hannah Baker (a suicida de 13…). Perguntei, então, quem ela era hoje. Depois de pensar, respondeu que não sabe, mas que anda revendo outro seriado, Anne With an E, e gostaria de ser mais como a menina Anne: “porque me dá razões para querer viver, não apenas lamentar”. Sorri do outro lado do WhatsApp. Nem sempre a vida é uma merda.


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