domingo, 12 de setembro de 2021

UM PRIMEIRO PASSO PARA A RESOLUÇÃO DOS PROBLEMAS POLÍTICOS DO BRASIL

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo

Discurso do Presidente da República Jair Bolsonaro na Cerimônia de Lançamento das Autorizações Ferroviárias – Setembro Ferroviário.

Em nota, Bolsonaro disse que há divergências com o ministro Alexandre de Moraes, mas que elas serão tratadas dentro do marco institucional.| Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

Quando as esperanças de uma distensão entre Executivo e Judiciário pareciam cada vez mais distantes, depois das declarações incendiárias de Jair Bolsonaro nos atos de 7 de setembro e de novas decisões de prisão e quebras de sigilo ordenadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, o presidente da República dá um primeiro passo em direção a uma extremamente necessária normalização institucional. Em declaração divulgada no fim da tarde de quinta-feira, Bolsonaro afirmou que há, sim, divergências com Moraes a respeito de decisões tomadas em inquéritos que correm no STF, mas acrescentou: “Nunca tive nenhuma intenção de agredir quaisquer dos poderes (…) minhas palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum”.

Dentre as distintas reações que o texto despertou, duas chamam especialmente a atenção. A primeira é a de apoiadores do presidente da República que manifestaram seu desapontamento com a nota. Queriam a continuação do Bolsonaro radicalizador, que mantivesse o clima de tensão e ameaças permanentes até triunfar definitivamente sobre Moraes, de que maneira fosse – com o uso da força, se necessário. São aqueles que, acertadamente, percebem o ataque às liberdades democráticas promovido recentemente pelo Judiciário; mas que ou defendem claramente o caminho da ruptura, e até mesmo do golpe, ou se negam a perceber o quanto o tom bélico de Bolsonaro, a promessa de não cumprimento de decisões judiciais, os “ultimatos”, as insinuações sobre o processo eleitoral de 2022 também colocavam em xeque a democracia brasileira.

Um país que enfrenta uma pandemia, inflação e desemprego não tem condições de ser tragado por uma guerra aberta entre Executivo e Judiciário. Alguém precisava dar o primeiro passo, e ele foi dado

A segunda reação é a zombaria – não tanto aquela que se tornou característica do brasileiro, capaz de fazer piada sobre tudo, mas a que revela uma incapacidade crônica de enxergar a atitude positiva de tomar a iniciativa de encerrar uma crise institucional, apenas por ter vindo de Bolsonaro; são as mesmas pessoas que estariam louvando a magnanimidade de Moraes caso a mão estendida fosse a do ministro do Supremo, e não a do presidente da República. Para estes, importa mais uma desmoralização, ou humilhação de Bolsonaro que as eventuais consequências benéficas para o país de uma distensão ou mesmo de um entendimento entre os poderes. A narrativa é mais importante que o bem comum.

Independentemente das circunstâncias que levaram Bolsonaro a redigir a nota – se por reconhecer o erro da postura anterior ou se por perceber que ela poderia lhe trazer grandes problemas políticos ou jurídicos – e da importância que tiveram o ministro Ciro Nogueira, o presidente da Câmara, Arthur Lira, e o ex-presidente Michel Temer (foi dele a indicação de Moraes ao STF) no papel de bombeiros, é certo que o país necessita ver as divergências entre poderes tratadas de maneira civilizada. Um país que enfrenta uma pandemia, inflação e desemprego não tem condições de ser tragado por uma guerra aberta entre Executivo e Judiciário. Alguém precisava dar o primeiro passo, e ele foi dado – mas isso não basta, e há trabalho a fazer de ambos os lados.

A pacificação não estará completa se o Supremo não fizer a sua parte – o que não será fácil, a julgar pelo caminho que a corte vem trilhando nos últimos tempos. Em primeiro lugar, é preciso que haja um reconhecimento necessário: o de que os ministros, mesmo na hipótese de estarem sinceramente convictos de que estão agindo dentro das “quatro linhas” no combate a fake news e discursos de ódio, na verdade já vêm cometendo abusos há tempos. Essa constatação tem sido dificultada pelo apoio de muitos formadores de opinião a tais medidas. Faz falta – aos ministros, mas também a boa parte da sociedade – ouvir as inúmeras vozes que já se levantaram e apontaram as irregularidades, as arbitrariedades e as agressões à liberdade de expressão.


Este reconhecimento permitiria, enfim, o encerramento das perseguições, dos inquéritos abusivos, das prisões, desmonetizações, quebras de sigilo sem fundamento concreto. Onde houver indícios concretos de crime – injúria, calúnia, difamação, ameaça etc. –, que a investigação continue, mas na instância adequada; de resto, que se restaure a liberdade de cada cidadão para fazer sua crítica, por mais incisiva que seja, ou para defender posições no debate científico sobre determinados temas sobre os quais o Supremo levantou um tabu. Este já seria um bom começo para que se corrijam as deficiências do atual STF; há outras, como a tendência a se intrometer nas funções do Executivo e do Legislativo, ou a leniência com os corruptos, mas para a distensão necessária no momento atual bastará, no momento, a restauração plena da liberdade de expressão no país.

Na resposta ao movimento de Bolsonaro, está nas mãos do Supremo mostrar se quer continuar a reprimir o país (ainda que julgando fazer a coisa certa) ou se quer os poderes “trabalhando juntos em favor do povo e todos respeitando a Constituição”, como afirmou o presidente da República. Não há dúvidas de que a segunda opção é a melhor para o país, mas, e se essa resposta for negativa? E se o Supremo não recuar em suas investidas contra as liberdades? Mesmo neste caso, nada justificará que Bolsonaro retorne ao discurso antigo, de confronto, desobediência e ruptura; o caminho correto é o da nota de 9 de setembro, não o das falas de dois dias antes. As divergências entre os dois poderes não desaparecerão, mas precisarão ser resolvidas sempre dentro do marco legal, usando os instrumentos previstos na lei, mesmo que isso exija percorrer um caminho longo e árduo, com derrotas temporárias até que se restaure plenamente o respeito à liberdade. É no cumprimento diligente de seus papéis que os membros dos três poderes trarão de volta o equilíbrio necessário para o fortalecimento da democracia.


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CRISE HÍDRICA TODOS OS ANOS

 

Setor elétrico

Por
Cristina Seciuk – Gazeta do Povo

A crise hídrica terá reflexos no dia a dia do brasileiro ao menos até 2022. Na imagem, a usina de Itaipu, que entre junho e agosto reduziu a geração de energia aos menores patamares em três décadas.| Foto: Alexandre Marchetti/Itaipu Binacional

Crise hídrica, racionamento, apagão. Os termos voltaram a aparecer no vocabulário rotineiro do brasileiro exatos vinte anos depois do contato mais sensível do país com o risco de uma insuficiência energética, no penúltimo ano de governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso. Desde então, o setor elétrico evoluiu a partir das lições daquela crise, mas o que explica o cenário de agravamento atual, levado ao “limite do limite”, nas palavras do presidente Jair Bolsonaro?

A Gazeta do Povo listou os principais aspectos sobre a crise hídrica para entender como o país chegou até aqui, o que tem sido feito e quais as chances de faltar energia.

  1. A pior escassez em 91 anos
    Desde setembro de 2020, as chuvas registradas no país representam escassez histórica: é a pior seca em 91 anos, de acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Com pouca água armazenada para atender às geradoras de energia, é crescente desde então a pressão sobre o sistema elétrico.

A partir de maio, o período já caracterizado pela baixa umidade chegou com perspectivas de seca severa, especialmente no Sudeste e Centro-Oeste, onde ficam os principais reservatórios de armazenamento do Sistema Integrado Nacional (SIN). Ao fim daquele mês, os lagos do subsistema ocupavam apenas 32% da capacidade máxima. Neste início de setembro o volume caiu abaixo de 20%, segundo o ONS.

A escassez não é de hoje, tampouco o esvaziamento dos reservatórios das hidrelétricas. Eles se encontram no menor nível desde 2015, mas estações mais secas que a média têm sido a regra dos últimos anos, com hidrologia ruim desde 2013 e reservatórios relativamente esvaziados mesmo após as estações caracterizadas por maior afluência.

  1. Uma crise hídrica diferente daquela de 2001
    Apesar de a reservação nas barragens ser mais baixa hoje do que era no ano de 2001 (quando o Brasil viveu racionamento compulsório de energia e blecautes), representantes do governo afirmam e especialistas concordam que o setor elétrico está muito mais robusto do que era 20 anos atrás – o que impede uma comparação simples, apenas com base em quanta água existe à disposição para a geração de energia.

A partir da crise experimentada pelo país naquele momento, foram tomadas medidas que resolveram parte das deficiências do sistema, com avanços especialmente na transmissão e na diversificação da matriz elétrica.


Se o Brasil ainda é considerado bastante dependente da geração hídrica, com 64,9% da sua eletricidade originária dessa fonte, em 2001, a fatia era de 83,3%. Nessas duas décadas, a matriz foi diversificada, com o crescimento das térmicas, que hoje respondem por 21,3% da geração, mas também das fontes renováveis, com 10,6% de eólica e 2% de solar.

Desafio a ser superado no cenário atual, entretanto, é o fato de a eólica e a solar, por exemplo, não serem despacháveis – dependem, obviamente, de haver vento ou haver sol para que possam atender a demanda.

O aumento da malha de transmissão também é “dever de casa” feito no país após o apagão. De lá para cá as redes de transmissão saltaram de 70 mil para 164,8 mil quilômetros de extensão, permitindo a chamada importação de energia entre os subsistemas brasileiros. É, em parte, essa evolução do sistema que vem mantendo abastecidas as regiões Sudeste e Centro-Oeste – as mais afetadas pela crise hídrica atual – com energia gerada pelos ventos no Nordeste.

  1. Não esvaziar a “caixa d’água” custa caro
    Com a “desidratação” dos reservatórios, o atendimento à demanda precisou ser coberto pelo despacho térmico, mais caro, o que vem fazendo subir a conta de luz do brasileiro a patamares inéditos. Entre os meses de dezembro de 2020 e agosto de 2021, a bandeira tarifária (que indica quão cara é a energia gerada e consumida no país) saiu do verde (em que não há cobrança adicional) e avançou até a cor vermelha no patamar 2 (até então a mais cara do sistema). E agora, em setembro, o consumidor foi apresentado a um novo degrau.

A bandeira tarifária “Escassez Hídrica” elevou ainda mais o preço da energia, deixando claro que a conta das medidas adotadas para se evitar desabastecimentos permanecerá alta, ao menos, até 2022.

Com validade até abril do próximo ano, a nova bandeira adiciona R$ 14,20 à conta de energia a cada 100 kWh consumidos. A quantia é 49,6% maior do que a cobrada anteriormente, de R$ 9,49, quando era aplicada a bandeira vermelha patamar 2 – que já fora reajustada com o objetivo de arcar com os custos da geração termelétrica, mas cuja arrecadação seguia insuficiente para bancar a energia produzida a partir da queima de combustíveis como gás, diesel e outros.

Apesar de fazer subir a conta de luz, o uso das usinas termelétricas não pôde ser evitado, uma vez que é o modelo adotado pelo setor elétrico brasileiro para suprir disparidades entre oferta e demanda no país. Elas são contratadas para ficar de prontidão e permanecem desligadas até que o ONS as acione para dar conta do consumo.

Para evitar que os reservatórios continuassem a secar até níveis extremamente críticos, comprometendo a geração ao fim do ano, o cenário foi senha para a preservação do máximo de água nas barragens até o fim da estação seca e a volta das chuvas – esperadas a partir de outubro.

Os cálculos iniciais feitos pelo governo federal – com base em variáveis como a capacidade instalada de geração de energia do país e as projeções de esvaziamento dos reservatórios e de retomada da afluência (a chegada de água às barragens) – descartavam o risco de falta de eletricidade, ainda que mais cara. Com o passar dos meses, entretanto, a crise hídrica se agravou.

Avaliações do ONS demonstram que choveu ainda menos do que se esperava no período seco, com reservatórios baixando além do projetado. Conforme o operador, o país precisará aumentar sua geração em 8% já a partir de setembro para dar conta da demanda e evitar desabastecimentos.

Equalizar esses dois lados (oferta e demanda) passa pela contratação de geração adicional, por medidas de governança no sistema e mesmo pela redução no consumo. Essa última frente foi a que mais demorou a sair do papel no plano de ação do governo.

  1. As medidas de enfrentamento à crise hídrica
    Para coordenar as ações diante do cenário de crise hídrica e elétrica, o presidente Jair Bolsonaro criou, por medida provisória, a Câmara de Regras Excepcionais para Gestão da Crise Hidroenergética (Creg). A publicação ocorreu em junho. Antes dela, entretanto, autoridades do setor elétrico nacional já monitoravam a situação e vinham tomando atitudes de olho em garantir a segurança energética do país.

Os primeiros movimentos tiveram como foco a oferta e medidas de governança e flexibilização. Houve mudanças em regras de uso da água, para diminuir a vazão dos reservatórios, e nos critérios para a transmissão de energia entre subsistemas do país, garantindo que eletricidade gerada em um ponto do país possa ser consumida em outros, deficitários. Foi quando se iniciaram os acionamentos das térmicas, a compra de energia de países vizinhos, como Argentina e Uruguai, e alterações em cronogramas de desligamentos programados em usinas, de modo a garantir disponibilidade.

Mais recentemente, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) recomendou o aumento na contratação de energia e de reserva de capacidade e a simplificação de processos de licenciamento de novas usinas. O objetivo é garantir fornecimento de energia aos brasileiros entre 2022 e 2025, até que as hidrelétricas se recuperem.

O comitê ressaltou “o caráter preventivo e antecipado da medida, com entrega dos recursos a menores custos”. Ainda segundo o grupo, a medida “contribuirá com a garantia do atendimento e elevação estrutural dos níveis de armazenamento dos reservatórios das usinas hidrelétricas, sobretudo aos finais dos períodos secos”. A sugestão foi aprovada pela Creg nesta quinta-feira (9).

Com a preocupação com a oferta na dianteira, foi só em agosto que começaram a ser anunciadas, na prática, medidas que buscam a redução no consumo para tirar pressão do sistema.

A primeira delas foi um programa de Redução Voluntária da Demanda voltado a grandes consumidores, intensivos em energia – leia-se a indústria. Conforme as diretrizes estabelecidas, as empresas participantes deverão propor períodos nos quais se dispõem a economizar um mínimo de 5 MW de energia a cada hora, por janelas de quatro a sete horas por dia. Em troca, elas receberão compensação financeira pelo racionamento voluntário.

A ideia é deslocar o consumo desses grandes consumidores, aliviando os horários de pico e colaborando, assim, para o barateamento da energia, sem a necessidade de tanta eletricidade gerada por térmicas.

Na sequência, foi decretado racionamento compulsório no serviço público. O corte deve ser de ao menos 10% de energia até abril próximo.

Por fim, o governo estendeu a bonificação pela redução voluntária do consumo também para pequenos consumidores, como os residenciais. O bônus será de R$ 50 por 100 kWh reduzidos no consumo (ou R$ 0,50 por kWh), limitado à faixa de economia entre 10% e 20%.

O programa se estenderá até dezembro de 2021 (podendo ser prorrogado) e a redução no consumo será conferida a partir da comparação da média de consumo do último quadrimestre de 2020 com mesmo período de 2021. O bônus será dado ao consumidor em janeiro.

Com o programa, o Ministério de Minas e Energia espera reduzir em 1,41% a demanda do Sistema Interligado Nacional (SIN). O bônus deve custar cerca de R$ 339 milhões por mês – R$ 1,3 bilhão no período de quatro meses – e será pago com os Encargos de Serviço do Sistema (ESS), que integram a fatura de energia paga mensalmente pelo consumidor.

  1. O que esperar do fim do ano e de 2022
    Com a piora significativa no cenário hidrológico, analistas apontam o aumento no risco de racionamento, mas veem apagões – isto é, blecautes – como mais prováveis.

Segundo relatório da XP, “a geração hídrica mais baixa no Sudeste exige trazer mais energia das regiões Norte e Nordeste, o que coloca mais pressão no sistema de transmissão e exige uma operação com menos backups para atender a demanda de energia. Isso significa que o sistema ficará mais vulnerável a distúrbios como queimadas, tempestades e falhas humanas”, o que significa risco de corte no abastecimento. A probabilidade de racionamento calculada pela XP é de 17,2% nos próximos 12 meses.

Preocupa também o risco de falta de energia para abastecer setores que ganham tração, o que prejudica a retomada da economia – que já anda de lado, a julgar pelo PIB do segundo trimestre.

Superada a estação seca de 2021, ficará ainda a expectativa de início de um novo ciclo de chuvas, que poderão ou não levar a um período de menos estresse no setor elétrico brasileiro, uma vez que emendar mais um ano de escassez poderia colocar a geração em apuros.

Segundo o pesquisador sênior do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio (Gesel/UFRJ), Roberto Brandão, o fim do período seco e a transição para o período úmido (a partir de outubro) é hoje a grande preocupação. “Conforme o tempo for passando, vai surgir outra preocupação, que é o abastecimento do ano que vem, porque a gente vai gastar as reservas que tinha. É uma coisa que vai entrar no radar. É inevitável que os reservatórios cheguem no fim do ano em condições absolutamente críticas e isso torna o sistema vulnerável a um outro ano seco”, diz.


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ALEXANDRE DE MORAIS VIRA VILÃO DE JAMES BOND

 

Liberdade de expressão
Por
Leonardo Desideri – Gazeta do Povo

TSE determinou que o norte-americano Jason James Miller, criador da plataforma Gettr, fosse ouvido pela PF.| Foto: Reprodução/Twitter

Na última terça-feira, dia das manifestações do 7 de setembro, o fundador e CEO da rede social Gettr, Jason Miller, ficou detido por algumas horas no Aeroporto Internacional de Brasília para um interrogatório feito pela Polícia Federal (PF) a pedido do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O procedimento fez parte do inquérito das fake news.

Em uma entrevista de quinta-feira (9) ao norte-americano Matt Couch, do blog The DC Patriot, o fundador do Gettr disse que Moraes “é como um vilão de James Bond”. “Você tem que ver a foto dele”, comentou.

À Fox News, também na quinta, Miller explicou que, “no Brasil, um juiz da Suprema Corte também tem a capacidade de emitir intimações, mandar prender pessoas e muito mais”. “Eles são incontroláveis”, afirmou.

Miller esteve em Brasília para participar do CPAC – maior evento conservador do mundo – e promover sua rede no Brasil, que é o segundo país com maior número de usuários do Gettr. Além do contato com personalidades de direita no CPAC, Miller teve um encontro com o presidente Jair Bolsonaro durante sua visita.

Alternativas a redes sociais do chamado Big Tech, que envolve empresas como Google, Facebook e Twitter, têm sido buscadas pelo público de direita desde que essas redes começaram a banir conteúdos e contas de personalidades de viés conservador. A alegação das redes é de que essas pessoas estariam promovendo, entre outras coisas, “discurso de ódio” e “fake news”, mas há vários indícios de viés político nas decisões.

O principal nicho do Gettr são justamente as pessoas insatisfeitas com o caráter enviesado da moderação de conteúdo do Big Tech.

Ação do STF para “combater desinformação” abre brecha para censura, dizem juristas
Como foi o procedimento da polícia
Segundo o relato de Miller, ele e sua comitiva foram interrogados por três horas no aeroporto de Brasília. “Não fomos acusados ​​de nenhum delito, e nos disseram que ‘queriam conversar’. Informamos que não tínhamos nada a dizer e, no fim, fomos liberados para voar de volta aos Estados Unidos. Nosso objetivo de promover a liberdade de expressão em todo o mundo continua!”, disse no Instagram.

Na entrevista ao norte-americano Matt Couch, do blog The DC Patriot, o fundador do Gettr acrescenta mais detalhes à história. “Eu passo pelos detectores de metal no aeroporto e do outro lado chegam dois policiais federais à paisana, esperando por mim: ‘Nós gostaríamos que o senhor viesse por aqui’”, conta ele. Miller diz que ficou alerta porque já tinha ouvido histórias sobre as decisões fora de controle do STF.

Na sala do interrogatório, a PF explicou que tinha recebido uma ordem do ministro Alexandre de Moraes para fazer aquele procedimento. Ao falar sobre Moraes, Miller diz em tom bem-humorado ao apresentador da live: “Você tem que ver a foto dele. É como um vilão de James Bond”.

Quando os oficiais começaram a fazer perguntas mais específicas sobre as investigações em curso, Miller se recusou a continuar respondendo sem a presença de um advogado. “Eles falaram: ‘Diga todas as pessoas com quem você se encontrou enquanto esteve no país, e quem está ajudando você com o Gettr, quem são seus representantes’. Aí eu pensei: ‘Chega, vamos ligar para a embaixada. Vamos chamar um advogado’.” A embaixada norte-americana interveio e, pouco tempo depois, Miller foi liberado.

À Jovem Pan, Miller disse que a história “foi como algo saído de um filme”. Para ele, o objetivo do interrogatório “era puramente político”. “Acho que é porque sou uma pessoa que apoia a liberdade de expressão”, afirmou à rádio.

O interrogatório de Miller está dentro da lei?
O jurista Paulo Hamilton Siqueira Jr., doutor em Direito Processual pela PUC-SP, diz que não há no procedimento da polícia, em si, nenhuma ilegalidade. Segundo ele, “se houver um pedido da procuradoria da Polícia Federal”, nada impede o interrogatório, mesmo que o interrogado seja estrangeiro e não tenha sido acusado de nenhum crime.

“Pode ser um procedimento de averiguação, posso ouvi-lo para esclarecimentos, como averiguado. Ouvir não tem problema nenhum. Mas sempre garantindo o direito ao silêncio”, explica.

Já para o jurista Dário Júnior, doutor em Direito Processual pela PUC-MG, o que aconteceu com Miller não pode ser considerado normal. “Como tudo nesse inquérito das fake news, é mais uma medida realmente questionável. Não é comum esse tipo de coisa”, afirma.

Na entrevista com Matt Couch, Miller diz que o fato ocorrido no Brasil vai incentivá-lo a atuar mais no país. “Se essas pessoas precisam lutar tão duro assim só para conseguir liberdades básicas, vou ampliar meus esforços no Brasil.”


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TURBULÊNCIA POLÍTICA IMPEDE AS REFORMAS

 

Legislativo

Por
Célio Yano – Gazeta do Povo

| Foto: Marcos Correa/PR

(Brasília – DF, 05/11/2020) Solenidade de Posse do Senhor Kassio Nunes Marques, no cargo de Ministro do Supremo Tribunal Federal. Foto: Marcos Corrêa/PR


O acirramento da tensão na Praça dos Três Poderes após os discursos de Jair Bolsonaro (sem partido) no dia 7 de Setembro deve dificultar ainda mais a aprovação das reformas administrativa e tributária. Mesmo com o recuo do presidente em relação aos ataques que fez ao Supremo Tribunal Fedral (STF), o abalo provocado na relação do governo com as bancadas do Legislativo é difícil de se reverter, avaliam analistas.

“O mercado deixou de esperar que as reformas saiam no governo Bolsonaro e já está operando com essa realidade”, afirma o cientista político Márcio Coimbra, presidente da Fundação Liberdade Econômica. Para ele, a nota divulgada pelo chefe do Executivo na quinta-feira (9) não muda o quadro. “As declarações do presidente desgastaram muito a base, o que certamente acaba levando a um problema na votação das matérias no Congresso.”

A queda de 3,75% no Ibovespa e a alta de 2,84% no dólar no “day after” do 7 de setembro são amostras de como os operadores do mercado financeiro receberam as falas do mandatário. Foi a maior desvalorização do real ante a moeda norte-americana desde 24 de junho de 2020. Já o principal índice da B3 não caía tanto desde 8 de março.

“Os avanços na agenda de reformas e privatizações no Congresso vão ser mais difíceis à medida que as atenções se voltam para a crise política”, destacaram os estrategistas da XP Investimentos Fernando Ferreira e Jennie Li, em relatório publicado na quarta-feira (8).

No dia seguinte, poucos minutos após a divulgação da “Declaração à Nação” de Bolsonaro, o Ibovespa reverteu a tendência de baixa e fechou o pregão em alta de 1,72%. O dólar, por sua vez, encerrou o dia com queda de 1,84%.

Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, avalia que, embora o efeito seja mínimo, o recuo de Bolsonaro foi um bom sinal. “Trata-se do início de uma reconsideração que, pelo menos, pode voltar a trazer à mesa perspectivas sobre reformas. Ainda que diminutas, neste momento se afastam do 0% de chance de avançarem”, apontou em relatório a clientes.

Para Mehanna Mehanna, sócio-fundador da Phi Investimentos, ainda que tenha sido recebida pelos investidores como uma sinalização positiva, a carta de Bolsonaro não traz um perspectiva mais animadora em relação à aprovação das reformas. “Esses movimentos demonstram o quanto o mercado está sensível, até carente, eu diria. Dias de grandes ruídos, seja para cima, seja para baixo, mostram muito o fator comportamental, muito mais do que de fundamento”, explica.

“Esse morde-e-assopra reforça o quanto está imprevisível lidar com o Brasil. Se essa nota com apoio do [ex-presidente Michel] Temer vai ser colocada em prática, é cedo para dizer. Eu torço para que sim, mas sinceramente não tenho grandes convicções.”

A visão do economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, vai na mesma linha. “O papel dos governos, além de todas as obrigações institucionais derivadas de sua natureza, é também dar segurança à economia real de que o futuro ocorrerá ‘sem ruídos’, e esta segurança na economia real se reflete na volatilidade dos ativos de mercado. Por isso a demanda dos investidores por reformas estruturantes, segurança jurídica, desburocratização e respeito às instituições, pois são os elementos cruciais a alimentar um cenário de estabilidade” , disse o economista em relatório divulgado nesta sexta-feira (10).

“A carta redigida a quatro mãos ontem [quinta-feira, 9] contém sinais importantes, após um longo período de tensões institucionais, e ela parte da presidência, ou seja, da autoridade máxima do país. Agora precisamos que ela seja cumprida”, avalia Vieira.


Lira afirma que mantém agenda reformista na Câmara
Na Câmara estão em tramitação a proposta de emenda à Constituição (PEC) da reforma administrativa e o projeto de lei que cria a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), considerada a primeira etapa da reforma tributária. Ambos os textos, encaminhados pelo Executivo, enfrentam resistência das bancadas de oposição.

Em tom apaziguador, o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), afirmou na quinta-feira (9), que vai manter a pauta reformista, reiterando a votação da reforma administrativa na comissão especial na próxima semana.

O maior obstáculo para as matérias, no entanto, deve ser o plenário. Os discursos do dia 7, que incluíram a ameaça de descumprimento de ordens judiciais, repercutiram mal entre as bancadas de deputados e senadores. Na quarta-feira (8), o PSDB aprovou, por unanimidade, integrar formalmente a oposição a Bolsonaro, por considerar que o presidente cometeu crime de responsabilidade em suas falas.

Parlamentares de legendas como DEM, PSL, PSD, MDB, Solidariedade, Cidadania e até mesmo do PL, partido que integra o núcleo do Centrão, se manifestaram publicamente a favor da abertura de um processo de impeachment do presidente.

“Conversando com lideranças partidárias da base do governo, chego à conclusão de que temos um impasse: Bolsonaro perdeu a maioria (257), o que significa que não governa mais. Porém, ainda não há os 342 necessários para o impeachment”, disse Kim Kataguiri (DEM-SP).

No Senado, que recebeu na semana passada o projeto de reforma do Imposto de Renda, o clima para aprovação de pautas governistas é ainda menos favorável. Ainda antes do 7 de setembro, a Casa já mostrava sinais de desalinhamento com o Executivo, com a rejeição da chamada minirreforma trabalhista.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que já se manifestou contra a tramitação da reforma tributária em etapas, como foi levada a cabo em acordo entre governo e Lira, ainda cancelou as votações desta semana após os atos do 7 de setembro. Oficialmente, alegou questões de segurança, mas a decisão foi interpretada como um recado a Bolsonaro sobre a discordância em relação aos discursos nos atos de Brasília e São Paulo.


“A gente já não vinha de um clima muito amistoso ou de coesão. A partir do momento em que se eleva o tom no discurso, se aumenta a crise institucional que já existia e se incita uma briga entre Poderes, naturalmente passa a ser maior a dificuldade de aprovar qualquer mudança estrutural, como reformas, privatizações, uma agenda mais liberal para a economia”, diz Mehanna.

“Outro aspecto negativo no âmbito das reformas é que os atos do 7 de Setembro foram simbólicos no sentido de oficializar que a campanha eleitoral já começou. Isso tira ainda mais o foco de reformas e de outras propostas relevantes, em razão dessa preocupação em relação ao que atrai mais votos. Esse clima fomenta mais medidas populistas, e para se fazer reformas estruturais tem que tomar medidas que em certa medida são impopulares”, explica o sócio da Phi Investimentos.


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SOMENTE ELEIÇÕES 2022 PARA RESOLVER OS PROBLEMAS ATUAIS

 

  1. Política 

A solução para o ‘problema Bolsonaro’ é a mais simples do mundo: a eleição de 2022

J. R. Guzzo, O Estado de S.Paulo

Problemas muito complicados do mundo político, frequentemente, podem ser resolvidos com soluções muito simples – e, por isso mesmo, é tão difícil resolver alguma coisa na vida pública brasileira. Soluções simples, em geral, atendem ao interesse da maioria, mas quem toma as decisões, sempre, é a minoria – e é essa minoria, justamente, quem ganha com a complicação. O pior tipo de problema, para as forças que influem e controlam a política nacional, é o problema resolvido; problema bom, ali, é problema em aberto, enrolado e em processo de piora. É com esse tipo de dificuldade que surgem as melhores ocasiões para se vender facilidades – e providenciar “saídas”, como se sabe, é o que realmente valoriza quem está nesse jogo.

O problema mais complicado que o Brasil tem hoje se chama Jair Bolsonaro; seus adversários não admitem, de jeito nenhum, que ele esteja na Presidência da República, basicamente por ser, em sua opinião, o pior chefe de Estado que este país já teve em toda a sua história e a pior ameaça que existe para a própria sobrevivência do Brasil. Bolsonaro, por sua vez, quer continuar sendo presidente, e isso é muito mais que um mero desejo. Ele acaba de levar às ruas, neste último Sete de Setembro, um mar de gente, pelo País todo – multidões maiores do que qualquer outro político brasileiro poderia sonhar em ter a seu lado na praça pública. Está nos vídeos, nas fotos e no testemunho de quem foi – é perfeitamente inútil, portando, ficar arrumando teorias de que Bolsonaro se deu mal. Ao exato contrário, se deu muitíssimo bem – e é nisso que está toda a complicação.

Bolsonaro no Rio Grande do Sul
Bolsonaro discursa em feira do agronegócio em Esteio, no Rio Grande do Sul, em 11 de setembro de 2021. Foto: Alan Santos/PR

O que fazer, então? A solução para este problema, como lembrado acima, é a mais simples do mundo: a eleição presidencial de 2022. É claro que vão dizer, como acontece todas as vezes em que se quer resolver de fato alguma coisa: “É, mas a coisa não é assim tão simples”. Por que não? É perfeitamente simples, sim – não pode haver nada mais simples e mais claro. O presidente da República é um débil mental mal-intencionado, inepto e perigoso que está destruindo o País, como dizem os seus adversários? Muito fácil, então: o eleitorado brasileiro simplesmente vai derrotar um sujeito assim na eleição, e colocar um outro presidente em seu lugar, não é mesmo? Qual é o problema? Eleições livres, liberdade para a população escolher e vitória, no fim, de quem tiver a maioria absoluta dos votos. 

É só esperar mais um pouco: são 13 meses até lá, e o que são 13 meses nessa vida? Passa num instante. As imensas calamidades que aparecem todos os dias no noticiário, as “ameaças à democracia”, o “fechamento do Supremo”, as aglomerações sem máscara, as queimadas na Amazônia, o assassinato em massa de índios, gays e mulheres, a “rachadinha” – enfim, tudo o que a mídia, os analistas políticos e os “formadores de opinião” apresentam como o nosso inferno diário será resolvido com a eleição. Ou, então, dá o contrário e Bolsonaro ganha – nesse caso, a maioria da população estará dizendo que não existe inferno nenhum, e que as coisas devem continuar como estão. Em qualquer dos casos, o problema fica resolvido.

O real perigo, para quem não quer mais Bolsonaro na Presidência, não está em golpes militares imaginários. Está no artigo 77 da Constituição, onde se diz que o presidente será eleito pelo voto livre, universal e direto da população. A menos que 342 deputados e 54 senadores deponham o presidente por impeachment, a única maneira de afastar Bolsonaro é ganhar dele na próxima eleição. “Não dá para esperar até lá”, dizem os adversários. “O País não aguenta.” A democracia manda esperar – e diz que todos têm de aguentar.

JORNALISTA

AFTERMARKET AUTOMOTIVO

 

Automec 365 traz balanço completo dos principais temas do aftermarket automotivo e confirma evento presencial em novembro de 2021

· Maior evento do aftermarket automotivo está confirmado para 09 a 13 de novembro de 2021, no Expo Center Norte.

· Todo conteúdo das apresentações do evento realizado nos dias 31 de agosto e 1 e 2 de setembro estão disponíveis no site www.automecfeira.com.br

Plataforma Automec 365 – Reed Exhibitions (RX)

São Paulo, 08 de setembro de 2021 – A plataforma Automec 365, criada neste ano pela Reed Exhibitions (RX), organizadora da Automec, contou nesta semana com vários representantes da indústria e das entidades do setor que trataram dos temas mais relevantes do atual cenário do aftermarket automotivo. A RX também confirmou a realização da Automec presencial no período de 09 a 13 de novembro, no Expo Center Norte.

A Automec 365 abriu a série de apresentações neste mês com um dos temas mais críticos para o mercado automotivo atualmente, a escassez de semicondutores, que vem impactando a indústria. Rafael Aidar, Gerente Comercial de Contas Estratégicas na QAD, apontou como causas desse cenário a grande demanda/ consumo com previsões inadequadas, implantação insuficiente de pedidos na cadeia de suprimentos, prazos de entregas insuficientes e a competição com outras indústrias por semicondutores.

O especialista apontou alguns processos que estão por trás da maioria dos desabastecimentos e destacou 5 passos para melhorar a cadeia de suprimentos: identificar processos essenciais para a cadeia; avaliar as suas competências atuais; desenvolver as competências; promover a adaptação organizacional para foco na cadeia; e automatizar e integrar os processos.

Para se evitar ou pelo menos minimizar uma próxima escassez de semicondutores, Aidar apontou 5 caminhos: garantir que a transmissão da previsão da demanda seja frequente e que os horizontes de planejamento sejam adequados; estabelecer políticas de aquisição e inventário baseados nos requisitos do cliente; avaliar os riscos e adotar planos de contingência; utilizar ferramentas baseadas na Web, tais como EDI, Web EDI e Web Portal, para fornecedores de níveis mais baixos; e avaliar os fornecedores através de uma ferramenta qualitativa e quantitativa formal.

Outro tema abordado no evento foi o Direct to Consumer (D2C) para a indústria automotiva. Jacques Benadiba, head comercial, da Synapcom Comércio Eletrônico, apontou pesquisas que mostram o crescimento expressivo do e-commerce. O número de pedidos feitos on-line e recebidos em lojas físicas pelos clientes cresceu 208% durante a pandemia. Globalmente, 49% dos consumidores compram mais on-line atualmente do que antes da pandemia. E 67% dos consumidores nascidos nos anos 80 e 56% dos nascidos nos anos 60 preferem comprar on-line em vez de ir à loja, sendo que 41% dos nascidos nos anos 40 comprarão on-line.

As soluções na reposição do segmento de pesados

“Nós tivemos um grande desafio com relação à parte de suprimentos, principalmente de matéria prima desde o início da pandemia. As empresas em geral não esperavam uma forte recuperação a partir de julho do ano passado. A demanda principalmente de reposição para o mercado de caminhões surpreendeu muitos fornecedores”, destacou Thomas Püschel, Diretor da Unidade de Negócios de Peças de Reposição e Marketing da MWM. A empresa passou a atuar em conjunto com os fornecedores para fazer frente a essa demanda. Atualmente, há uma percepção de uma estabilidade maior nesse mercado. Nesse cenário, o mercado de reposição está desenvolvendo novas plataformas digitais para incrementar suas vendas.

O mercado automotivo

Vacinas, disponibilidade de crédito e os estoques baixos das montadoras e a continuidade de seus investimentos estão marcando de forma positiva o cenário automotivo atual no Brasil. Por outro, a escassez de matéria prima, principalmente de semicondutores, que tem paralisado a produção de muitas fábricas no mundo, deverá ter uma solução prevista apenas para o segundo semestre de 2022. Um desajuste na cadeia de suprimento, provocada no ano passado pela falta de produção das montadoras, tem causado um vácuo entre suprimento e demanda das montadoras.

Além disso, a instabilidade política afeta o câmbio e as perspectivas de crescimento da economia. A inflação, provocada principalmente pelo aumento do dólar, também faz parte de um cenário negativo para a indústria. Fizeram parte desse painel o Diretor de Economia do Sindipeças – Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores, George Rugitsky, e Elias Mufarej, Diretor de Mercado de Reposição e de Fomento à Exportação da mesma entidade. As projeções completas da entidade, apresentadas na Automec 365, podem ser acessadas diretamente nessa plataforma. www.automecfeira.com.br

O novo comprador: como os novos comportamentos e padrões de consumo mudam o jogo,

A frota de veículos no mercado brasileiro, principalmente no período da pandemia, envelheceu e esse fator deve gerar maior movimento nas oficinas para a reposição de peças, de acordo com Antônio Fiola, presidente do Sindirepa – Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo. Fiola mencionou que, baseado no constante contato entre balconistas das oficinas e compradores, que ainda existe grande dificudade do consumidor na compra pelos canais eletrônicos. Ele destacou ainda que ao buscar as oficinas, os novos compradores não querem perder tempo com os problemas de seus veículos para poderem se dedicar a outros temas de seu interesse. “O novo comprador quer ter a confiança no meu negócio, na minha pessoa, para resolver o seu problema”, resumiu Fiola. Isso irá exigir, segundo ele, uma nova postura dos profissionais das oficinas no atendimento desse novo cliente. 

Heber Carlos de Carvalho, Presidente do Sincopeças – Sindicato do Comércio Varejista de Peças e Acessórios para Veículos no Estado de São Paulo, reforçou também que a preocupação com a qualidade de peças é constante dos mecânicos e dos varejistas para garantir a segurança e a satisfação dos consumidores. Isso porque, atualmente, o carro é hoje mais um meio de transporte e de trabalho para a maioria dos usuários, que exigem, portanto, maior agilidade e confiança no conserto de seus veículos.

O reparador do futuro

O último dia da Automec 365 trouxe discussões extremamente atuais para o profissional da reparação automotiva, cumprindo com o compromisso dos organizadores de gerar conteúdo relevante para o setor. Com o tema “Como será o reparador do futuro?”, o evento online reuniu o diretor do Senai Ipiranga (tradição de mais de 56 anos na formação de novos mecânicos), Adelmo Belizário, o head de Treinamento da BMW Group Brasil, Emílio Paganoni, e o vice-presidente de Tecnologia do Sindirepa, Ricardo Cramer.

Riquíssimo em conteúdo, o painel trouxe à luz os desafios do profissional do futuro, principalmente com a disseminação de tecnologias atuais como eletrificação, hibridização e digitalização dos automóveis. “Já estamos atuando fortemente na formação dos atuais reparadores hoje, entendendo que a eletrificação automotiva é um caminho sem volta”, garantiu o executivo do Sindirepa. “O carro virou uma plataforma de aplicativos com um imenso volume de processamento de dados, o que exige cada vez maior capacitação do reparador em mecatrônica”, afirmou Paganoni.

O diretor do Senai enfatizou que a escola, em 2022, irá estrear um curso justamente dessa matéria. “Quando você parte para especialidades como gerenciamento eletrônico de motor e tecnologias ligadas à assistência na condução, como piloto adaptativo e alerta de mudança de faixa, a instrução requerida está dentro do curso de mecatrônica. E é por isso que vamos coloca-lo na grade”, disse Belizário.

Fidelização e treinamento

Com o tema “Fidelização e Treinamento do Profissional Reparador”, o gerente de Certificação de Serviços do IQA (Instituto de Qualidade Automotiva), Sérgio Ricardo Fabiano, discorreu sobre o desafio de fornecer formação técnica e conhecimento tecnológico na área de reparação automotiva em um segmento com mais de 480 mil profissionais em um país que ainda conta com grau de instrução muito baixo.

“Por este motivo, nós, do IQA, investimos muito na certificação de conhecimentos e habilidades dos reparadores, o que irá chancelar suas competências e criar diferenciais competitivos em sua carreira”, destacou, lembrando que, sob o ponto de vista dos empregadores, essa certificação dá a segurança de contratar e reter profissionais com formações reconhecidas. E revelou uma novidade vital para reciclagem dos mecânicos que atuam no segmento: “estamos preparando novas certificações, que serão válidas por 3 anos, totalmente online, que irão classificar os profissionais em níveis básico, intermediário e avançado. Para 2022, teremos ainda a master”.

Conexão estratégia com os players do setor

“A plataforma 365 foi organizada para estabelecer uma conexão estratégica entre fabricantes, expositores e consumidores visando manter um ritmo constante de geração de negócios durante o ano todo, além, portanto, dos dias da realização da feira em pavilhão”, explica Ricardo Barbosa, gerente da Automec. Basicamente, a Automec 365 proporcionará aos inscritos na plataforma um sistema de recomendações de marcas para compradores, com base em interesses comerciais em comum; indicações de reuniões individuais para negócios; sessões de rodadas de negócios; ativação de marca nos canais digitais, entre outras possibilidades para movimentar os negócios do mercado.

EMPRESAS PREFEREM DIRETORES QUE CONHECEM DE TECNOLOGIA

 

Com o crescimento da importância da tecnologia nas empresas, profissionais que antes ficavam ‘escondidos’ começam a ter mais visibilidade e a ser promovidos para posições de alto escalão

Luciana Dyniewicz, O Estado de S. Paulo

O anúncio feito pela XP em março, de que o comando da empresa passaria das mãos do fundador Guilherme Benchimol para o então CTO (sigla em inglês para diretor de tecnologia), Thiago Maffra, surpreendeu muita gente. Foi a primeira vez que se viu no Brasil uma instituição financeira ser liderada por um profissional vindo dessa área. Mas o movimento não é exatamente uma novidade no mundo corporativo. Casos de diretores de tecnologia ou da área digital avançarem para a principal cadeira de companhias já apareciam no exterior, sobretudo em empresas de tecnologia. Agora, começam a surgir no Brasil. 

Na Inglaterra, a Openreach, do setor de telecomunicações, é comandada desde 2016 por Clive Selley, que foi diretor de tecnologia da informação do Grupo BT (conglomerado do qual a Openreach faz parte), e, na Indonésia, a companhia aérea Garuda é liderada, desde 2020, por Irfan Setiaputra, um expert em tecnologia que já havia passado pela presidência de uma empresa de tecnologia das coisas. Por aqui, além da XP, Flores Online, Original Hub, FiBrasil, Liberty Seguros e Neoenergia Distribuição Brasília estão entre as que fizeram movimentos semelhantes. 

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XP é um dos casos brasileiros nos quais diretores de tecnologia se tornaram CEOs Foto: Taba Benedicto/Estadão

Para Norton Lara, sócio da consultoria Spencer Stuart – especializada no recrutamento de executivos –, esse movimento no mercado está longe de significar que CTOs são agora os preferidos para o cargo de CEO. Eles apenas passaram a ser considerados para posições mais altas na hierarquia, o que não costumava ocorrer. “Eles passaram a ser vistos como profissionais que podem ocupar vagas muito seniores. Antes, sequer eram considerados.”

Essa mudança ocorre com o aumento da importância da área de tecnologia nas empresas, que se tornou central. Conforme isso foi ocorrendo, os CTOs tiveram também de assumir novas responsabilidades e ganharam visibilidade internamente. “Antigamente, esse profissional era meio escondido. A tecnologia era uma área de apoio, muito técnica. Isso mudou tremendamente. Por isso, esse caminho (da tecnologia para a presidência) vai se tornar mais comum”, afirma Antonio Mendonça, sócio da consultoria Korn Ferry.

Os consultores destacam que o executivo que chega hoje ao cargo de CTO já é alguém com perfil de líder, que entende de gestão, estratégia, produto e cultura organizacional – daí a possibilidade de virar CEO. Como esse funcionário também precisa desenvolver projetos que envolvem a empresa inteira, ele costuma ser alguém que navega por toda a organização, sabe lidar com orçamentos, negociar prazos, fazer com que metas sejam alcançadas e que haja colaboração entre os trabalhadores, o que o ajuda se, eventualmente, chegar à cadeira da presidência.

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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