domingo, 5 de setembro de 2021

MINISTÉRIO DA ECONOMIA DEFENDE LIBERAÇÃO DE DELIVEY DE COMBUSTÍVEIS

 

Competitividade

Por
Célio Yano – Gazeta do Povo

Modalidade funcionou em caráter de testes no Rio de Janeiro entre 2020 e início de 2021| Foto: Reprodução/Facebook/Gofit

Como forma de aumentar a concorrência no setor, o Ministério da Economia vem defendendo publicamente que postos de combustível sejam autorizados a fazer o abastecimento de veículos fora dos estabelecimentos, na modalidade de delivery. O serviço, já praticado em outros países, é proibido no Brasil por resolução da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A justificativa é a dificuldade que o modelo geraria para a rastreabilidade do produto e fiscalização das revendas.

Técnicos da pasta comandada por Paulo Guedes, argumentam, com base na Lei da Liberdade Econômica, que “a existência de demanda e a possibilidade de oferta ou fornecimento dos produtos com segurança e qualidade são razões suficientes para que não se impeça a livre iniciativa empresarial”.

A lei, sancionada em 2019 pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), cria a figura do abuso regulatório, infração cometida pela administração pública quando edita norma que “afete ou possa afetar a exploração da atividade econômica”.

O delivery de combustível já foi executado de forma restrita na cidade do Rio de Janeiro. Depois de iniciar a oferta do serviço sem anuência da ANP, a Delft Serviços (posteriormente rebatizada para Gofit) foi autorizada pelo órgão em março de 2020 a operar a modalidade em caráter excepcional, como um projeto piloto. A atuação, que perdurou até maio de 2021, ficou restrita aos bairros da Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes e Vargem Pequena.

O funcionamento era similar ao de um serviço de delivery de comida. Por meio de um aplicativo para smartphone, o usuário fazia o cadastro de um ou mais veículos e indicava a localização, horário, valor e tipo de combustível (gasolina comum ou etanol) que desejava abastecer. O pagamento era feito por cartão de crédito diretamente na plataforma. No horário agendado, um veículo-tanque se deslocava até o automóvel e fazia o abastecimento.

Um dos argumentos que permitiu a implantação em caráter de testes foi a possibilidade de rastreio oferecida pela tecnologia. A atividade foi monitorada pela ANP por meio de relatórios mensais com dados dos abastecimentos, além de ações de fiscalização. A partir da experiência, a agência estabeleceu uma série de condições para a eventual liberação do serviço.

Essas regras estão previstas na minuta de uma resolução do órgão regulador submetida à consulta pública. De acordo com o texto, a operação só poderá ser realizada por postos de combustível já autorizados e após outorga específica, com atuação restrita aos limites do município e em áreas urbanas. O veículo transportador poderá carregar no máximo 2 mil litros de até dois tipos de combustível (gasolina comum e etanol) em tanques segregados. O transporte de diesel não seria permitido.

O abastecimento em si não poderá ser feito em locais com piso semipermeável ou permeável, garagens, áreas subterrâneas, vias públicas de grande fluxo ou quando a operação implicar em descumprimento de regras de trânsito, como a necessidade de parada em fila dupla ou em área em que seja vedado o estacionamento.

A autorização para abastecimento fora de postos exigiria uma série de documentos, como estudo de análise de gestão de riscos, registro nacional de transportes rodoviários de cargas (RNTRC) emitido pela ANTT, licença de operação expedido por órgão ambiental, anotação de responsabilidade técnica com recolhimento junto ao Crea, certificado de inspeção para transporte de produtos perigosos emitido pelo Inmetro, cadastro de regularidade ambiental, seguro para acidentes para a atividade, entre outros.

No exterior, há exemplos de países que autorizam esse tipo de serviço. Um levantamento da ANP cita empresas como a britânica Zebrafuel e as indianas MYPetrolPumP, Pepfuel e Fuel Buddy, que entregam diesel, e a CAFU, que atende em Dubai, nos Emirados Árabes, com delivery de gasolina. Nos Estados Unidos, a atividade existe pelo menos desde 2016, com companhias com atuação regional, como Exfill, Filld, Yoshi, Booster e Neighbourhood Fuel.

Diferentes equipes do Ministério da Economia já se manifestaram em defesa da liberação da modalidade. Em uma nota técnica de julho, a Secretaria de Avaliação, Planejamento, Energia e Loteria destaca que a tecnologia já é corriqueira em entregas “e, talvez, resulte em um controle até maior das atividades de abastecimento da solução de delivery de combustíveis, surgida por meio da ampliação do uso de aparelhos celulares e já presente em outros países como Reino Unido, EUA, Emirados Árabes e Índia”.

Em outro parecer, a Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade, considera que o delivery de combustíveis “é uma nova possibilidade de arranjo de negócio, possibilitando, inclusive, contestabilidade a localidades em que esteja ocorrendo abuso de poder econômico na revenda.” A pasta defende ainda que o serviço seja liberado sem a restrição aos limites do município de localização do posto de revenda.

A mudança seria mais uma medida no sentido de aumentar a competitividade no setor, após a recente liberação da compra de etanol por postos diretamente das usinas e da venda de combustíveis de outras distribuidoras por revendas com bandeira.

A chamada tutela regulatória da fidelidade à bandeira também foi tema de consulta pública da ANP, mas antes que o órgão regulador tomasse alguma decisão em relação ao assunto, o Ministério da Economia publicou uma medida provisória, no início de agosto, retirando as restrições à compra de combustíveis pelas revendas.

À Gazeta do Povo, o Ministério da Economia informou, no entanto, que “não há nenhum outro estudo ou elaboração de outro ato normativo legal ou infralegal sobre o assunto em trâmite no âmbito da Secretaria de Avaliação, Planejamento, Energia e Loteria (Secap), além da proposta de mudança feita pela ANP no âmbito da Consulta Pública nº 7/2021”.

A ANP, por sua vez, informou que está analisando as contribuições recebidas durante a consulta pública. Segundo a agência, por enquanto não há previsão de publicação das novas regras.

Distribuidoras e associações são contrárias à proposta
Apesar dos pareceres favoráveis do governo, diversas entidades são contrárias à liberação da entrega de combustível nos termos propostos pela agência reguladora. Distribuidoras como BR, Ipiranga, Raízen e Atem se opõem à minuta por, entre outras razões, gerar riscos operacionais e ambientais, dificuldade de fiscalização e risco de evasão fiscal, sem compensação suficiente em termos concorrenciais, segundo elas.

A Associação Brasileira de Revendedores de Combustíveis Independentes e Livres (AbriLivre) diz que as obrigações impostas na proposta de resolução do órgão “são absolutamente impraticáveis para um posto cumpridor da lei e das normas da ANP, o que, na prática, inviabilizaria a adoção do delivery sem que o houvesse risco de ferir qualquer dessas obrigações”.

A entidade questiona, por exemplo, a vedação ao abastecimento em garagens e, ao mesmo tempo, a necessidade de que o procedimento ocorra em área de pisos impermeáveis, uma vez que esse tipo de assoalho geralmente é encontrado justamente em garagens.

O promotor de Justiça Glauber Tatagiba, do Procon de Minas Gerais, considera que a modalidade “não traz benefícios ao consumidor, coloca em risco a segurança e o meio ambiente e pode facilitar a sonegação, bem como a adulteração do produto”.

A Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP) também se manifestou contrária à medida, por considerar que o modelo pode expor terceiros a responsabilização por eventuais contaminações ambientais e danos à segurança pública.

Já o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, de Lojas de Conveniência, de Lava-Rápido e de Estacionamento de Santos e Região (Resan) diz não ter objeções ao delivery em si, mas que as condições propostas pela agência seriam insuficientes para controlar os riscos de dano ao meio ambiente, ao consumidor, à arrecadação tributária e à própria concorrência.

Um parecer produzido pelo Grupo de Economia da Energia (GEE), do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), conclui que, mesmo que a ANP exija uma série extensa de garantias dos agentes interessados e coloque uma série de restrições, a autorização da atividade tende a aumentar os custos de fiscalização da qualidade dos combustíveis e gerar insegurança para a atividade de abastecimento.

“Outras soluções, como o desenvolvimento de aplicativos que informem com precisão os preços dos combustíveis assim como a avaliação dos postos de combustíveis pelos consumidores em trajetos pré-definidos (trabalho-casa, por exemplo) tem o potencial de aumentar a concorrência sem aumentar os custos regulatórios”, dizem os autores Helder Queiroz Pinto Jr. e Marcelo Colomer Ferraro.


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MILITARES APOIAM MANIFESTAÇÕES DE SETE DE SETEMBRO

 

Dia da Independência

Por
Rodolfo Costa – Gazeta do Povo
Brasília

(Três Corações – MG, 29/11/2019) Presidente da República, Jair Bolsonaro durante cerimônia de celebração do 74° aniversário de criação da Brigada de Infantaria Paraquedista.\rFoto: Marcos Corrêa/PR

Bolsonaro em solenidade militar.| Foto: Marcos Corrêa/PR

Militares das Forças Armadas, em geral, apoiam as pautas das manifestações de 7 de setembro convocadas por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro – mesmo aqueles que discordam do governo. Eles afirmam que defendem o direito ao exercício de cidadania e a liberdade de expressão dos integrantes das Forças Armadas que saírem às ruas.

As pautas defendidas pelos militares que sairão às ruas estão alinhadas com as previstas pelos principais organizadores dos atos, especialmente a defesa da liberdade de expressão e contra o que classificam como ingerência de outros poderes em atribuições do governo federal. A tendência é que muitos militares também defendam o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e até uma intervenção militar com base no argumento de que as Forças Armadas seriam o Poder Moderador – que, na realidade, não existe na Constituição.

O artigo 142 da Constituição, frequentemente citado por defensores de uma intervenção militar, prevê que cabe às Forças Armadas a defesa do país e a garantia da lei, da ordem e dos poderes constitucionais – que são apenas três: Executivo, Legislativo e Judiciário. Ou seja, segundo a Constituição, o corpo militar do país tem a missão constitucional de preservar os três poderes; e não intervir em qualquer um deles.

“A maioria [dos militares que vão às manifestações] defende uma interpretação do artigo 142 [da Constituição] sobre o uso das Forças Armadas como ‘Poder Moderador’, mas não é algo amplamente declarado. São mais expressões comentadas em grupos, nos quartéis, em conversas entre colegas no dia a dia”, admite um militar da ativa que aceitou falar de forma reservada.


Atos tendem a contar com muitos militares praças e oficiais, mas poucos generais
Por causa dos regulamentos disciplinares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, militares da ativa são muito cautelosos em expressar suas opiniões em público. As regras internas das Força Armadas proíbem que militares participem de manifestações políticas. Por esse motivo, muitos devem participar dos atos de 7 de setembro à paisana, sem a farda.

Nos clubes militares, a avaliação é de que integrantes da reserva marcarão presença nos atos pelo país. No caso desses militares aposentados, uma boa parte participará sem a farda – embora eles já não estejam mais sujeitos aos regulamentos válidos para os militares da ativa.

Entre os militares da ativa e reserva que participarão das manifestações do 7 de setembro, a previsão feita entre eles é de que irão uma grande maioria de praças (soldados a subtenentes, no caso do Exército) e uma parte de oficiais (aspirantes até coronel, no caso do Exército e da Aeronáutica).

Já a tendência entre os oficiais-generais – o último grau da carreira – é que participem apenas alguns da reserva. Como explicou anteriormente a Gazeta do Povo, embora tenha uma boa base de apoio dentre praças e oficiais, Bolsonaro não é unanimidade no topo da carreira, sobretudo no Alto Comando das Forças Armadas – especialmente no Exército.

A participação de oficiais-generais da ativa nos atos é pouco provável, até por serem muito mais conhecidos.

Um dos que vai marcar presença é o general da reserva Eduardo José Barbosa, presidente do Clube Militar. Em uma publicação no Twitter, Barbosa convoca sócios e amigos do clube a prestigiarem o movimento na praia de Copacabana, às 10h do dia 7. Em um material de divulgação anexado ao post, a convocação apresenta como pautas a união “pela liberdade e pela democracia”.

Em publicação anterior, o general da reserva manifestou apoio a Bolsonaro no comentário em que o presidente da República disse que apresentaria um pedido de impeachment contra os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, do STF. “O Clube Militar entende as preocupações do senhor presidente e aplaude as medidas que se propõe a tomar como Poder Executivo face às inconstitucionalidades advindas de membros do outro Poder”, declarou Barbosa.

Essa publicação de Barbosa foi interpretada por militares como uma convocação para que, nas manifestações, seja pedido o impeachment de ministros do STF.

Fontes ouvidas pela reportagem dizem que essa é uma pauta que pode ganhar apoio expressivo dos militares. “O pensamento [sobre Bolsonaro] no Alto Comando pode não estar tão convergente ao dos demais extratos [praças e oficiais]. Mas, na massa das três Forças, o pensamento é parecido ao dos clubes militares”, diz um militar. Ele também cita uma nota conjunta emitida pelos presidentes dos três clubes sobre o apoio ao voto impresso, pauta defendida por Bolsonaro. “No seu conjunto, os militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica pensam de forma parecida”, complementa.

Generais reformados defendem direito de manifestação, mas temem radicalização
Generais reformados ouvidos pela Gazeta do Povo dizem respeitar o direito à manifestação, mas afirmam que os atos estão associados à imagem do presidente. “Não vou à manifestação porque ela não está bem definida no meu entendimento. Eu vou à rua para me manifestar sobre o quê? Sobre os excessos do STF, que ultrapassou seus limites? Por causa da corrupção que se vê dentro do Congresso e, agora, migra para o governo? Ou vamos para as ruas falar que Bolsonaro é um mito, etc? Isso não está bem definido. Eu não vou”, diz o general reformado Paulo Chagas.

Ele é um crítico de Bolsonaro e entende que o presidente da República faz uma má gestão. “Eu não falo mal do governo, mas mal do Bolsonaro, da atitude do presidente, que tem atrapalhado muito as propostas que nós elegemos em 2018, a conquista daquilo que nós elegemos, a vontade como cidadão”, critica Chagas.

Embora diga ser “totalmente a favor” do direito de manifestação em 7 de setembro e da liberdade de expressão dos militares, Chagas também é crítico ao tom usado para a convocação da população às ruas. “Tenho visto, ouvido e recebido mensagens de pessoas que estão envolvidas nessa manifestação clamando a participação de pessoas com um viés da agressividade, o que me preocupa”, diz o general. “As participações têm que ser ordeiras, que não se agridam pessoas e não se invadam prédios públicos, como o MST [Movimento sem Terra]. Não é por aí.”

O general reformado Maynard Santa Rosa, antigo integrante do Alto Comando do Exército e ex-secretário Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República na gestão Bolsonaro, tem uma avaliação semelhante à de Chagas. “Um militar é um cidadão como qualquer outro, tem o direito de se manifestar, desde que não utilizem a instituição. E acho extremamente válido e saudável, porque a alienação dos militares seria um perigo maior do que a participação deles.”

Santa Rosa diz torcer por manifestações sem radicalismos. “Discordo das polarizações e da radicalização, porque isso pode levar à violência. E, se levar a isso, se houver precedente, pode gerar uma retroalimentação e um efeito de onda que pode levar a uma confusão generalizada. Muito embora eu seja favorável às manifestações, fico apreensivo com essas possibilidades”, diz o general.


O que generais reformados dizem sobre os pedidos de intervenção militar
Entre os discursos de apoiadores de Bolsonaro e inclusive de parte dos militares está a defesa da intervenção Forças Armadas no papel de um “Poder Moderador”. O general Paulo Chagas reconhece que esse tipo de demanda é discutido e defendido entre alguns militares, mas ele se mostra contrário diante do contexto atual.

“Restaurar a lei e a ordem pelo interesse político de alguém é algo completamente fora do escopo daquilo que diz o [jurista] Ives Gandra, e ele foi muito oportuno em alertar isso”, diz Chagas. Ives Grandra disse que o presidente da República não pode evocar o artigo 142 caso ele seja “parte do problema”.

Chagas tampouco acredita que há clima para se discutir uma interpretação do artigo 142 que permita uma intervenção das Forças Armadas. Na opinião dele, os militares do Alto Comando não vão tomar “atitude intempestiva” que “comprometa a imagem das Forças ou a estabilidade do país”. “Todos do Alto Comando do Exército foram meus cadetes. Falando como militar da reserva em cima do que eu conheço e da minha vivência, eles saberão se comportar à distância do problema político que está sendo criado. Mas, politicamente, as Forças não vão se manifestar”, diz.

O general Santa Rosa endossa a leitura feita por Chagas. “O artigo 142 não poderia ser usado como um derivativo para uma solução política e oportunista como o presidente sugere. É um mecanismo para uma emergência de grave perturbação da ordem”, diz.


Qual é a avaliação da cúpula dos militares sobre as manifestações
O Exército, a Marinha e a Força Aérea monitoram as manifestações. A avaliação feita por militares do alto escalão de cada instituição é de respeito à vontade popular e ao exercício da cidadania, mas também de preocupação sobre a participação de militares nos atos de 7 de setembro.

“Isso é perigoso. É preciso evitar a politização dos quartéis, isso pode causar problemas. Se, por um lado, isso converge, agora, para uma mesma linha de pensamento [nas Forças Armadas], sabemos do risco que ganha ao tomar contornos políticos”, diz um militar próximo a um dos três comandantes.

“Não se deve ter militares participando de manifestações, tanto que isso é vetado. A politização pode gerar um efeito contrário na manutenção da hierarquia e disciplina das Forças Armadas”, acrescenta a fonte.

Entre os comandantes e seus assessores, a leitura é de incertezas sobre quando a crise entre os poderes vai se dissipar. “A gente sabe que não vai ter solução por agora, ninguém acredita nessa ilusão”, diz um militar.


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SUPRESSÃO DAS LIBERDADES

 

Por
Thiago Rafael Vieira
e

Por
Jean Marques Regina – Gazeta do Povo

Comprovante de vacinação contra a Covid-19 no município do Rio de Janeiro com a vacina da Pfizer.

Prefeito no interior do Rio quis obrigar igrejas a apenas permitir a entrada de fiéis vacinados contra a Covid.| Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Diz a lenda que, certa vez, Adolf Hitler resolveu dar uma aula prática a seus subordinados mais diretos a respeito de como manter o povo cativo a eles. Talvez você já conheça a história. Ele pegou firmemente o animal com uma das mãos e começou a depená-lo – vivo – com a outra. No desespero da dor, a galinha tenta escapar das mãos do Führer, que não permite. Vagarosa e dolorosamente, ele lhe arranca todas as penas. E depois, avisa aos “alunos”: “vejam o que vai acontecer”.

Ao soltar o galináceo no chão, afasta-se a certa distância. Pega, então, um punhado de grãos de trigo, e passa a caminhar pela sala e atirar os grãos ao chão. Para assombro dos liderados, a pobre, depenada e machucada galinha começa a seguir Hitler pela sala, tentando agarrar grãos para bicar. Por onde ele fosse, ali estava a galinha o seguindo.

Ele para e diz, em alto e bom tom: “é assim que se governa cidadãos estúpidos. Viram como a galinha me seguiu para onde eu fosse, apesar de todo o sofrimento que lhe causei? Eu lhe tirei tudo, as penas e até sua dignidade, mas ela segue me buscando só pelos farelos que lhe atiro”. E arremata a lição dizendo que “a maioria das pessoas tende a seguir seus governantes, apesar de toda a dor que lhes causam, pelo simples gesto de um benefício barato, ou até mesmo por migalhas que lhes deem a esperança de comer por um ou dois dias. Deem algumas migalhas todos os dias e o povo seguirá vocês até o inferno”.

As violações ao Estado laico, à liberdade religiosa e até mesmo à liberdade de crença, aquela liberdade mais íntima do ser humano, estão crescendo exponencialmente no Brasil

Hitler (assim como Stalin, Saddam Hussein, Muammar Gaddafi, Idi Amin e outros) mostra que o povo está normalmente anestesiado em suas próprias lutas e tende a não buscar a tão necessária contenção do poder absoluto, dominação sempre residente em corações totalitários. O meu e o seu. Não é sem razão que Lord Acton, político inglês do início do século 20, ficou famoso pela frase “o poder tende a corromper e o poder absoluto corrompe absolutamente”.

Pois há poucos dias, o prefeito de Sapucaia (RJ), na maior das “boas vontades,” resolveu editar um decreto impondo que o tal passaporte sanitário fosse de apresentação obrigatória para fiéis que quisessem entrar em templos religiosos para promover seus atos de culto e adoração. Alguns podem até pensar que essa decisão está em linha com a tal “defesa da vida” que, nesta politização da pandemia, virou a bengala retórica de muitos gestores públicos. Mas a discussão aqui é mais profunda.

Há muito se fala que o Estado laico no Brasil está consolidado. Autoridades públicas não interferem em assuntos (e jurisdição) religiosa, e vice-versa. Porém, como vimos e temos noticiado amplamente por aqui, o ditado “na prática, a teoria é outra” se aplica bem. Temos visto cenas de absoluto desrespeito por agentes políticos nas três esferas federativas (na esfera nacional, infelizmente, por parte do guardião-mor da ordem constitucional). Mesmo com as igrejas sendo absolutas colaboradoras do poder público na gestão da crise, com várias delas fechando suas portas e adaptando o atendimento de seus fiéis para canais digitais, na primeira oportunidade de “arrancar penas” muitos mandatários não hesitaram. Por isso, estamos – enquanto podemos – gritando para alertar.


A religião é um perigo para a democracia?
A busca é sempre pelo “melhor para o povo”. Os grandes tiranos da história recente também diziam saber o que era bom para os seus. Começaram a depenar as liberdades individuais; para controlar as coletivas foi um pulo. O documentário da Netflix Como se tornar um tirano traz exemplos esdrúxulos de governos totalitários que estão fazendo “o bem”: o aiatolá Khomeini revogou a lei de divórcio do Irã e reduziu a idade do casamento para 7 anos; os nazistas criaram políticas antitabagistas só porque o chefe não gostava de cigarros; ou, ainda, o ditador do Turcomenistão, Saparmurat Niyazov, proibiu shows com playback em 2006 e vetou cachorros na capital por causa de seu odor desagradável.

Tudo isto mostra que, quando a autoridade não mais é guardiã e executora da lei, mas se acha a fonte da lei, temos um sério problema no contexto do Estado Democrático de Direito que dizemos ter. No caso fluminense, a pressão foi forte o suficiente para que o prefeito recuasse em sua busca de fazer um decreto (norma jurídica de quarta grandeza) esmagar direitos fundamentais milenares e desequilibrar ainda mais a balança do relacionamento amistoso entre Igreja (poder religioso) e Estado (poder político).

As violações ao Estado laico, à liberdade religiosa e até mesmo à liberdade de crença, aquela liberdade mais íntima do ser humano, estão crescendo exponencialmente no Brasil. Além da recente questão do passaporte da vacina, em que o prefeito voltou atrás, a mais recente (da qual tivemos conhecimento nesta sexta-feira) é a do registrador de São José dos Campos (SP) que simplesmente passou por cima de um dogma de 2 mil anos das igrejas cristãs – o de que o matrimônio é um sacramento que só pode ser realizado entre um homem e uma mulher, biologicamente falando – e negou o registro de um Estatuto Social, alegando que a proibição do dito “casamento gay” é discriminatória e que os fiéis e a referida igreja têm de rever suas crenças e alterar o referido dogma milenar caso tenham a intenção de ser Igreja em São José dos Campos. Este será o assunto do próximo texto de nossa coluna.


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SETE DE SETEMBRO E OS ACONTECIMENTOS POLÍTICOS

 


  1. Política
     

Golpe exige força – e o único que tem força, o Exército, não vai se meter nisso

J. R. Guzzo, O Estado de S.Paulo

É possível que as manifestações de rua deste Sete de Setembro, que têm sido a obsessão do mundo político brasileiro nas últimas semanas, acabem sendo uma coisa rala, muito abaixo do que esperam os admiradores do presidente Jair Bolsonaro – e abaixo, ao mesmo tempo, do que causa tanto pavor junto aos seus inimigos. Podem, ao contrário, reunir gente que não acaba mais e receberem a classificação de movimento de massa de primeira grandeza. Tanto num como no outro caso, não muda o verdadeiro problema que envenena a política brasileira no momento: o que fazer com o presidente da República, hoje e principalmente no futuro? É um nó de marinheiro – e daqueles difíceis de desmanchar.

J. R. Guzzo: ‘Aconteça o que acontecer na rua no dia 7 de setembro, não vai haver golpe militar nenhum’.  Foto: Gabriela Biló/Estadão

As manifestações pró-Bolsonaro têm sido vistas pelo Supremo Tribunal Federal, pelas elites pensantes, pela mídia, pela oposição em peso, pelas classes intelectuais e até mesmo pelos banqueiros – imaginem aonde chegamos – como uma ameaça direta à democracia. O presidente, por este modo de ver as coisas, está querendo usar a rua (se conseguir mesmo encher a rua de gente) para desmoralizar as “instituições”, romper com as leis e dar um golpe de Estado. Mesmo que não seja quebrada nem uma vidraça, como vem sendo a regra nesse tipo de protesto público, os manifestantes vão com certeza falar o diabo – e isso, hoje em dia, é considerado infração gravíssima. (Grave a ponto de o STF, como medida de resistência aos golpistas, ter decretado ponto facultativo no dia 6 – uma bela “ponte” que vai render quatro dias seguidos de feriadão, do sábado à quarta-feira, dia 8.

Vastas emoções, portanto – mas com pensamentos imperfeitos. Aconteça o que acontecer na rua no dia 7 de setembro, não vai haver golpe militar nenhum. O motivo disso é muito simples. Golpe militar tem de ser dado por militar, e o militar brasileiro não quer dar golpe – não quer, não pode, não tem planos para isso, não tem liderança, não tem recursos, não obedece a carro de som nem à barulheira em rede social. Golpe exige força – e o único que tem força, o Exército Brasileiro, não vai se meter nisso. Em compensação, os inimigos do presidente continuam com o mesmíssimo problema que têm agora: o risco de que ele permaneça no governo até o fim do mandato, coisa que acham intolerável – ou, muito pior ainda, que fique por quatro anos além disso, se for reeleito. Aí já seria o fim do mundo.

Teoricamente não deveria haver problema nenhum com nada disso. Se Bolsonaro é mesmo o pior presidente que o Brasil já teve em toda a sua história, e se ainda por cima é genocida, ladrão de vacina e culpado por todas as desgraças que o País tem hoje, ele vai ser derrotado por qualquer outro candidato nas eleições de 2022, não é mesmo? Que risco pode haver se o presidente é realmente o monstro que aparece todos os dias no noticiário? Os institutos que pesquisam “intenção de voto”, aliás, dizem que o grande nome da oposição, o ex-presidente Lula, já está com mais de 50% dos votos no papo; mais um pouco, na toada em que está indo, chega aos 100%. Como um desgraçado da vida como Bolsonaro poderia ganhar dele, ou de outro qualquer?

Acontece que não é assim, claro – ou ninguém acredita mesmo que esteja sendo assim. Na vida real da política o Datafolha é uma coisa e a eleição é outra; eleição, na prática, é voto na urna, e não no jornal ou nas notícias do horário nobre. O panorama visto de hoje, pelo estado de excitação nervosa extrema que foi montado em torno do presidente da República, dá a entender que existe a possibilidade real de Bolsonaro ganhar a eleição. E aí? Há cada vez mais gente, no Brasil que manda, dizendo que “não dá para esperar”. Como fica, então?

sábado, 4 de setembro de 2021

PESSOAS TÓXICAS SÃO PESSOAS MUITO FERIDAS

 

QUEM FAZ

POR LUCIANAKOTAKA

É interessante nos olharmos com mais critério e avaliarmos se estamos nos comportando de forma tóxica

Conviver com pessoas tóxicas é uma tarefa desafiadora pois não conseguimos prever as suas reações, e quando menos esperamos algo acontece. Um comentário, um grito e a agressividade são demonstrados e atravessam a nossa alma. No começo nem sempre se mostram, principalmente em ambientes em que estão desprotegidos, mas aos poucos vão cometendo deslizes e revelando ao mundo as dores que carregam dentro de si mesmas.

Conseguimos enxergar o mundo interno da pessoa tóxica em situações em que os gatilhos são ativados e ela não se contem, coloca para fora toda a raiva que sente, mágoas, traumas e frustrações que estavam controlando e direcionando em outra pessoa, no primeiro alvo fácil que cruzar a sua frente.

Normalmente são pessoas controladoras, não sabem relaxar, aquietar o coração, ouvir o que vem de dentro. Usam da comida, da bebida, do sexo, do cigarro, do trabalhar demais como mecanismos de defesa com intuito de amortecer todas as dores que estão contidas em seu sistema, precisam explodir para relaxarem. Algo aí precisa ser trabalhado e curado, é preciso tomar consciência do comportamento tóxico e então buscar ajuda profissional.

Infelizmente essa é uma realidade que raramente se concretiza, quem é tóxico foge da terapia, não tem tempo para essas frescuras como eles mesmo dizem, se acham bem resolvidos. Esse é o maior desafio, porque não tem como dialogar sem causar mais fricções, até a nossa tentativa de ajuda pode ser motivo de mais brigas e perdas de controle.

Por trás de todo comportamento agressivo há uma pessoa que foi muito ferida, que sentiu na pele as dores da agressão, os seus machucados estão à flor da pele, qualquer movimento não calculado, um esbarrão, o irá fazê-lo pular de dor. Pode ter sido uma infância difícil, adolescência, vida adulta, mas com certeza há um sistema cheio de muita dor e medo. Foram desrespeitadas em sua essência, podadas, controladas, usadas e manipuladas.

Muitas podem ser as situações que deixaram cicatrizes profundas e não podemos jamais julgá-las de acordo com os nossos crivos, pois cada um sabe o quanto foi machucado, qual o impacto que essas experiências deixaram em suas vidas. Essas pessoas vão desenvolvendo ferramentas internas para saírem do conflito, usam máscaras para enfrentarem a dor diariamente, e uma dessas máscaras é a agressividade querendo dizer para você não chegar muito perto.

Cada situação deve ser olhada com muito cuidado, é muito fácil para quem está de fora achar que sabe como resolver a situação, mas para a pessoa tóxica não é, pois se vê engolida pelos traumas, há uma forma negativa de enxergar a vida. A esperança, a alegria, os sonhos foram minados em algum momento, então é preciso que ela busque ajuda, ela faça esse movimento de cura. Às vezes o orgulho fala mais alto e a pessoa morre em sua dor, vai somente sobrevivendo dia após dia, mas é uma escolha.

Para quem está de fora olhando e sendo exposto a essas situações não é fácil manter o equilíbrio, também vamos nos intoxicando, nos sentimos acuados e agredidos. Pessoas que têm baixa autoestima são altamente impactadas e acabam sendo os principais alvos, assumem erros que não são seus, desistem de seus sonhos pois são frequentemente minados em suas ações, começam a morrer em vida por não terem força de cortarem essas relações tão destrutivas.

Todas as pessoas envolvidas com a pessoa tóxica podem precisar de ajuda, é saudável que procurem profissionais especializados em comportamento humano para ressignificarem as suas feridas, e assim se fortalecerem para seguirem em frente aprendendo a darem limites e serem respeitadas.

COMO USAR FERRAMENTAS DAS REDES SOCIAIS PARA IMPULSIONAR VENDAS

  1. PME  Especialista do Facebook dá dicas

Leo Bonoli, head de Marketing para Pequenas Empresas do Facebook na América Latina, responde dúvidas sobre como usar ferramentas de Facebook e Instagram para aumentar vendas

Juliana Pio, O Estado de S.Paulo

Importantes aliadas dos empreendedores e profissionais autônomos, as redes sociais são ferramentas acessíveis para conquistar clientes e ampliar a visibilidade no mercado online. Independentemente do orçamento disponível, empresas menores podem fazer frente aos grandes concorrentes no Facebook e no Instagram. É o que garante Leo Bonoli, head de Marketing para Pequenas Empresas do Facebook na América Latina.

“Muitas vezes, achamos que marcas maiores acabam tendo, por cada real investido, uma entrega melhor de conteúdo do que uma pequena empresa e é exatamente o contrário. Essa é a grande vantagem e a beleza das redes sociais”, destaca o especialista, convidado de bate-papo no último dia 2, no grupo Estadão Carreira e Empreendedorismo (@gruposuacarreira), no Telegram

Segundo Bonoli, para alcançar novos consumidores é preciso uma boa comunicação e conhecimento profundo do público-alvo. “Evidentemente que companhias maiores têm orçamentos robustos. Mas para cada real investido no Facebook e no Instagram, seja pela pequena ou pela grande empresa, vocês estão competindo em pé de igualdade pelo mesmo público. O que vai fazer a diferença é a autenticidade, a criatividade e a verdade por trás do anúncio.”

Em conversa com leitores do Estadão, o especialista em PME do Facebook Inc. respondeu 14 perguntas sobre como aproveitar ao máximo as ferramentas disponíveis nas redes sociais para impulsionar os negócios e deu dicas de treinamentos gratuitos da companhia. 

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Leo Bonoli, head de Marketing para Pequenas Empresas do Facebook na América Latina.  Foto: Divulgação

“É importante se manter informado sobre as atualizações e as melhores práticas que o Facebook, o Instagram, o Messenger e o WhatsApp têm para oferecer, para ajudar no desenvolvimento e no crescimento da sua empresa”, salienta Bonoli. Confira a seguir como foi o papo, com as perguntas enviadas pelos leitores.

Fernando Ribeiro: com as mudanças recentes do Instagram e do Facebook, devo produzir somente conteúdos em vídeo e deixar as imagens com texto de lado? 

A gente tem observado mudanças na forma como as pessoas criam e desenvolvem conteúdos e o vídeo acabou se tornando o formato preferido para divertir, contar história e se conectar com o seu público. 

Recentemente, uma fala do CEO do Instagram, Adam Mosseri, acabou sendo tirada de contexto e gerou bastante repercussão. Acho que é um pouco disso que o Fernando está falando, sobre deixar imagens de lado e o Instagram acabar se tornando uma plataforma exclusivamente de vídeo. 

Muitas das experiências que queremos criar no Instagram tem o vídeo como parte das histórias e do que a gente quer ver dentro da plataforma. Em nenhum momento, Adam disse que o Instagram vai deixar de ter fotos, pelo contrário. Ele disse que a rede não é só um aplicativo de compartilhamento de fotos quadradas, como era em 2010. Até porque as tecnologias já avançaram muito desde então, seja para captação de vídeos e até para edição no celular. 

O que as pessoas fazem hoje no Instagram com os diferentes formatos e superfícies disponíveis, como stories, IGTV e reels, vai muito além do compartilhamento de fotos e por isso é importante ter em mente uma estratégia que englobe não só imagens como também essas novas ferramentas. 

Adauto Lemos: qual a dica para errar menos, ter menos bloqueios e maior efetividade no trabalho das empresas nas redes sociais?

É importante se manter informado sobre as novas ferramentas e as melhores práticas que o Facebook, o Instagram, o Messenger e o WhatsApp têm para oferecer, para ajudar no desenvolvimento e no crescimento do seu negócio. Ao longo da conversa, vou deixar links de treinamentos gratuitos e oficiais do Facebook, que todos podem fazer para garantir que estejam atualizados com as melhores práticas. 

Com relação ao ponto de evitar bloqueios, o mais importante é estar sempre atento aos padrões da comunidade. Neste link você encontra os padrões da comunidade do Facebook, que é a melhor fonte para qualquer usuário ou empresa consultar e saber o que pode e o que não é permitido dentro das plataformas. 

Roberta Rosenburg: você recomenda que uma pequena empresa contrate um profissional para ajudar com as mídias digitais? 

Pequenas empresas estão em diferentes momentos e estágios de maturidade, mas se você tem um orçamento que caiba a contratação de um profissional, ou agência, para auxiliar no desenvolvimento da sua presença online e nas redes sociais, sem dúvida, recomendamos esse tipo de profissionalização. 

O Facebook tem uma rede de parceiros, chamada Facebook Business Partner, que pode ajudar. Eles são treinados e capacitados pelo Facebook para auxiliar no gerenciamento de campanhas, desenvolvimento de plataformas criativas, mensuração, dados de conversão etc. Nesse link você pode encontrar o melhor parceiro para o momento da sua empresa. 

Bárbara Carvalho: como conseguir fazer o direcionamento certo de público no Facebook Ads? Acho difícil fazer a filtragem e alcançar o público do meu negócio, no caso, moda. Você tem alguma dica?

O mais importante para conseguir fazer um direcionamento certo por meio do Facebook Ads é conhecer muito bem o seu público. No seu caso, por exemplo, um negócio de moda, é importante saber quais são os gostos e os interesses que o seu público tem para conseguir fazer com que a sua propaganda, a sua campanha, chegue às pessoas certas. 

Quais são os gostos? Que tipo de recorte socioeconômico e demográfico essas pessoas têm? São roupas femininas? Então, você consegue segmentar para mulheres. São para uma determinada faixa etária? Você também consegue segmentar isso. São de uma determinada localização? Tem como fazer a geolocalização para que só pessoas daquela região recebam o seu anúncio. 

Esse episódio da última temporada do Impulsione com o Facebook, nosso programa de treinamento para pequenas empresas, fala exatamente de como criar anuncios personalizados para atingir o seu público. 

Juliana Pio: quais recursos do Facebook ainda são pouco explorados pelos usuários e que são importantes para as empresas?

Em termos de ferramentas, não posso deixar de falar do Mobile Studio. É um recurso gratuito com várias dicas sobre como começar a vender e acessar aplicativos que vão ajudar a produzir posts, stories e vídeos da forma mais criativa possível. 

O Mobile Studio é o lugar certo para aprender a criar bons anúncios direto do telefone. Você vai encontrar alguns tutoriais fáceis de seguir, um modelo de planejamento para download e algumas dicas de aplicativos que podem ajudar a criar campanhas mais criativas e produções mais elaboradas sem precisar gastar nada.  

Uma outra ferramenta super importante são as lojas do Facebook. Há muitos anos as pessoas têm usado os nossos aplicativos para vender e comprar, antes postando a foto de uma bicicleta com uma legenda à venda ou oferecendo sua mesinha de café no marketplace, e, mais recentemente, comprando de suas marcas e influenciadores favoritos no Instagram. 

O recurso de lojas do Facebook facilita os negócios a montarem uma loja online para que os clientes acessem diretamente via Facebook ou Instagram, sem precisar sair do aplicativo. Criar uma loja no Facebook Shops é simples e gratuito. As empresas podem escolher quais são os produtos do mostruário que desejam colocar no catálogo, customizar a aparência da loja, com uma foto de capa, e definir as cores que mais tem a ver com a sua marca.

Na prática, isso significa que qualquer vendedor, não importa o tamanho do seu orçamento, quanto fature ou venda, pode digitalizar o seu negócio e se conectar com clientes onde e da maneira que for mais conveniente.

Por último, outro recurso gratuito que indico é o Impulsione com o Facebook. É um programa de desenvolvimento de micro e pequenas empresas nas ferramentas de divulgação e vendas no Facebook, Instagram, Messenger e WhatsApp. 

O objetivo do Impulsione com o Facebook é reunir a comunidade empreendedora para oferecer oportunidades de conexão entre os pequenos negócios e dar acesso a conteúdo com um potencial de impacto direto nos negócios da sua empresa. 

Além disso, dentro da página do Facebook para Empresas também tem o grupo do Impulsione com Facebook, que já conta com cerca de 50 mil pequenos negócios do Brasil, onde todos trocam experiências e aprendizados e a gente sempre posta conteúdos novos.

Tania Guertas: depois do conteúdo pronto, como aparecer e chegar ao meu público-alvo, principalmente, via Instagram?

Um vez que seu conteúdo está pronto e desenvolvido, para entregar e aparecer para o seu público-alvo, especialmente o que não curte a sua página e que não está na sua base de seguidores, falando especificamente do Instagram, o meu conselho é que você tenha uma conta no gerenciador de anúncios e comece a fazer campanhas personalizadas para atingir e impactar essas pessoas. 

Os links que mencionei anteriormente, especialmente o que fala de anúncios personalizados, ensinam o passo a passo. No gerenciador de anúncios, você consegue, inclusive, segmentar em qual plataforma, por exemplo Facebook ou Instagram, esses anúncios vão ser disponibilizados. Recomendo que você tenha uma conta no Ads Manager, gerenciador de anúncios, e comece a fazer alguns anúncios personalizados para chegar ao seu público. 

Gabriela Tavares: como entregar nosso conteúdo sendo empresa pequena e concorrendo com grandes marcas? Por exemplo, se filtramos por uma hashtag de alta costura, vou competir com empresas como Chanel. Como consigo ter entrega pagando menos e usando os mesmos filtros?

Muito boa essa pergunta. Muitas vezes a gente acha que grandes marcas e empresas, por contarem com um orçamento maior, acabam tendo, por cada real investido, uma entrega muito melhor do que uma pequena empresa e é exatamente o contrário. A grande vantagem e beleza das redes sociais, principalmente o Facebook e o Instagram, é que o R$ 1 da Chanel vai alcançar a mesma quantidade de pessoas que o R$ 1 da sua marca. 

Na verdade, você tem um potencial de atingir mais pessoas se o seu anúncio for mais criativo, se conhecer melhor o seu público e se conseguir se comunicar com verdade e autenticidade. Evidentemente que grandes empresas têm orçamentos maiores. Mas para cada real investido, seja pela pequena ou grande empresa, vocês estão competindo em pé de igualdade pelo mesmo público. O que vai fazer a diferença é a autenticidade, a criatividade e a verdade por trás do seu anúncio. 

E como que se consegue fazer isso? Conhecendo muito bem o seu público. Não é atoa que 200 milhões de empresas no mundo inteiro usam essas ferramentas gratuitas do Facebook, Instagram, Messenger e WhatsApp para alcançar novos clientes, vender e crescer. 

Também é importante reforçar o quanto o Facebook tem sido um grande apoiador de pequenos negócios e de negócios locais que, num contexto de pandemia, passaram a ser ainda mais valorizados e necessários para o desenvolvimento das economias. A forma que você tem para competir com grandes marcas é investir nesse apelo do negócio local, do seu público alvo que você já conhece, segmentando para ele, principalmente, via grupos, onde a valorização dos pequenos negócios é muito forte.

Sidnei Zanotti: além dos links já compartilhados, poderia indicar treinamentos do Facebook?

Você também pode acessar os cursos do Facebook Blueprint. Nesse link tem centenas de módulos de treinamento gratuitos.

Verônica Campello: o Instagram foi o início. Começamos apresentando alguns vídeos curtos. Passamos de 200 para 200 mil seguidores vendendo cursos em plataformas específicas. Quando o Instagram vai oferecer condições próximas ao YouTube para o desenvolvimento de parcerias comerciais?

Diria que a principal ferramenta, entre as que já foram lançadas e várias outras que estão no caminho, é o IGTV, onde você pode publicar vídeos mais longos e conteúdos bem diferentes dos vídeos curtos, como você bem disse, do início do Instagram. 

Além disso, existe uma série de ferramentas para monetização desses conteúdos nesse link que fazem parte do programa para criadores de conteúdo do Facebook. Recomendo que você dê uma olhada. Certamente tem uma solução de parcerias e potencialmente de monetização que vai atender ao seu negócio

Luiza Nicolato: como impulsionar o Instagram quanto ele atinge um platô de crescimento?

O platô de crescimento de uma conta do Instagram só é atingido quando você esgota a sua audiência, quando se tem dentro da base de seguidores todo mundo daquela audiência específica, o que é bem pouco provável. A minha dica é sempre trazer campanhas novas com segmentações diferentes para que você atinja o público que ainda não está na sua base de formas diferentes, com histórias, criativos e mensagens distintas. 

Com a marca sempre renovada e campanhas diferentes, o platô de crescimento não existe e a sua página continua crescendo. Agora, especificamente como fazer isso, o gerenciador de anúncios tem as melhores ferramentas para você fazer campanhas, construir segmentações e atingir esse público para que o seu Instagram continue crescendo. 

Aline Thomaz: quando o Facebook terá assistência por telefone para anunciantes, assim como o Google?

O Facebook continua investindo bastante para ampliar a capacidade no Brasil de atendimento via telefônico, humanizado, para anunciantes de todos os tamanhos. Alguns já contam com esse atendimento e temos planos para que muito em breve 100% da nossa base tenha o mesmo tipo de suporte. Além disso, temos a Central de Ajuda para Empresas, que pode ser acessada aqui.

Carolina Werneck: como podemos ter sucesso sem ficar reféns das atualizações constantes das redes?

A atualização constante é o que faz as redes sociais continuarem se desenvolvendo. O Facebook de hoje é muito diferente do que foi lançado lá atrás e o Instagram também. Essas atualizações são frutos de muita conversa e pesquisas com os usuários da plataforma. De alguma forma, as atualizações refletem melhorias que são desejadas pela própria comunidade. Como continuar tendo sucesso? Diria que se manter atualizado, saber quais são essas mudanças e usá-las a seu favor.

Sam: como fazer o approach B2B pelo Facebook, que é voltado para usuários finais?

Quem trabalha com B2B (business-to-business), de fato, precisa de uma abordagem mais sofisticada porque estamos pressupondo uma interação entre uma empresa e outra. Só que um dos maiores erros que são cometidos nessa comunicação B2B é considerar que o interlocutor é uma empresa. Se um negócio, por exemplo, comercializa artigos hospitalares, deve conversar com compradores de hospitais e clínicas, administradores, médicos e pessoas que participam de grupos de gestão hospitalar. 

Esse é um tema bastante amplo e convido vocês a acessarem esse link com dicas práticas para fugir de conversas robotizadas, para criar vínculos com os clientes e potenciais consumidores, que vão desde usar recursos de áudio até apresentar a equipe da sua empresa nas redes. 

Rafael Justino: com o crescimento do marketing de conteúdo e do inbound marketing, como você vê as plataformas do Facebook fazendo parte da estratégia de geração e nutrição de leads, antes de levá-los para o momento de compra?

As ferramentas do Facebook são essenciais na estratégia de inbound marketing para atrair potenciais leads e nutri-los ao longo de todo o funil de conversão. O Facebook e o Instagram, na minha opinião, são fundamentais tanto no momento da descoberta, para despertar o interesse no topo do funil, quanto nutrindo esses leads, contatos e potenciais consumidores com ferramentas de retargeting e conversas que gerem engajamento. 

Além disso, tem uma porção de soluções proprietárias dentro do próprio Facebook, como, por exemplo, o Leads Ads Forms, que te oferecem oportunidade de captar leads sem gerar muita fricção no usuário e no potencial consumidor ao fazê-lo deixar a plataforma para ir para um outro lugar para disponibilizar os dados da sua empresa. 

Um ponto superimportante é que as ferramentas de mensageria, como Messenger, WhatsApp e Instagram Direct, também tem um valor importante nessa jornada, porque a gente sabe que o consumidor está mais propenso a concluir o seu processo de compra quando ele percebe que tem uma marca ou uma empresa que responde as suas dúvidas. Em todo esse funil de conversão, as ferramentas são super importantes para uma estratégia eficiente e para que a conversão aconteça de uma forma melhor.

 

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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