“Todas as flores do futuro estão contidas nas sementes de hoje” – provérbio chinês.
Acabo de voltar de uma viagem rumo ao conhecimento, usando como meio de transporte excelentes livros sobre Genética. Eles me levaram para um mosteiro no ano de 1865, na cidade de Brunn (atual República Tcheca), onde fui recebido por Gregor Mendel, a quem fui logo pedindo:
– “Ensina-me algo que eu ainda não saiba e tenha o poder de mudar a minha vida para melhor.”
– “Seja mais ousado para fazer história na vida.”
– “Desenvolva uma visão de lince, uma visão de radar, que te permita enxergar muito além do óbvio, e procure olhar para onde todos estão olhando e ver o que mais ninguém consegue ver.”
Foi praticando esse seu ensinamento que Mendel, filho de pobres lavradores, decidiu driblar a sorte e tentar a vida como um monge num mosteiro agostiniano, a fim de usar a educação religiosa como uma ponte para satisfazer sua enorme curiosidade intelectual. Religioso e muito apaixonado por ciências, fez estudos meteorológicos, estudou a vida das abelhas e cultivou plantas, tendo produzido novas variedades de maçãs e de peras.
Em 1865, Mendel apresentou um trabalho à Sociedade de História Natural com as conclusões sobre seus experimentos com ervilhas, com o objetivo de desenvolver estudos sobre as características hereditárias dos seres humanos, transmitidas de pais para filhos. Fazendo um trocadilho, ouso dizer que Mendel passou a ser conhecido como o Pai da Genética por causa de seus trabalhos altamente inovadores para a época.
Ele optou por fazer suas experiências genéticas com ervilhas, e não com seres humanos, por elas serem plantas de fácil cultivo, de ciclo reprodutivo muito curto e rápido e pela capacidade de reprodução de muitas sementes.
A partir do seu trabalho, ele propôs as duas leis de Mendel, utilizando regras simples de matemática e probabilidade e as variações existentes na transmissão de algumas características genéticas.
Gênio, ele criou a base do conhecimento genético e demonstrou como os pais passam adiante unidades herdáveis separadas, atualmente chamadas de genes.
Seja ousado como Mendel, que olhou para uma ervilha como todo mundo via e encontrou nela a base para um conhecimento científico extremamente útil, relevante e inovador que ninguém mais conseguiu ver.
*Palestrante, consultor e fundador do Blog do Maluco
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O caminhoneiro Marco Antonio Pereira Gomes, conhecido como Zé Trovão, está em local desconhecido e não irá se entregar,e pelo menos, até o dia 7 de setembro, quando estão marcadas manifestações de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro contra o Supremo Tribunal Federal. É o que garantiu a VEJA o advogado Levi de Andrade, responsável pela defesa do líder do movimento Brasil Verde Amarelo. “Tentaram silenciar 10 líderes, mas se esqueceram que existem 10 mil líderes que vão ás ruas no feriado da independência. A decretação da prisão vai insuflar ainda mais os manifestantes”, disse Andrade.
Apesar da resistência do cliente, Levi Andrade, que também integra os movimentos bolsonaristas, garantiu que as manifestações serão pacíficas: “Em todas as cidades haverá policiais militares à paisana entre os manifestantes. Eles estão prontos para agir em caso de tumulto e entregar os desordeiros às autoridades. A chance de uma invasão do STF ou do congresso Nacional é zero”, assegurou.
Choque no Legislativo Por Wesley Oliveira – Gazeta do Povo Brasília
Presidente da Câmara, Arthur Lira, presidente Bolsonaro, presidente do Senado, Rodrigo Pacheco| Foto: Marcos Brandão/Senado Federal
Apesar da nomeação do senador Ciro Nogueira (PP-PI) para a Casa Civil com o intuito de ampliar a governabilidade do governo Bolsonaro, o Palácio do Planalto tem sofrido uma série de derrotas no Legislativo. Nesta semana, o desalinhamento entre os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), fez com que a medida provisória (MP) 1045, que promovia uma minirreforma na legislação trabalhista, fosse derrubada pelos senadores.
O projeto previa uma série de alterações na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), restrições ao acesso à justiça gratuita, extensão da jornada de categorias diferenciadas como trabalhadores de minas terrestres. Além disso, os deputados haviam incluído na MP a criação de programas de incentivo à inserção de jovens no mercado de trabalho: o Programa Primeira Oportunidade e Reinserção no Emprego e o Regime Especial de Trabalho Incentivado, Qualificação e Inclusão Produtiva (Requip).
Pego de surpresa pela derrubada da MP na outra Casa, o presidente da Câmara, Arthur Lira, afirmou que havia um acordo entre ele, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e o Palácio do Planalto para que a matéria fosse aprovada pelos senadores. Segundo Lira, o acordo era que o Senado retirasse da MP apenas as mudanças na legislação trabalhista por uma emenda supressiva e que a Câmara confirmaria esse acordo até esta quinta-feira (2), mas os senadores não cumpriram sua parte do acordo.
“Nós cumprimos os nossos acordos. Nós não temos acordo nenhum que não seja respeitado, com a oposição, com o centro ou com base nesta Casa. Nós respeitamos os acordos e cumprimos com as nossas palavras”, disse Arthur Lira, ao manifestar sua insatisfação com a posição do Senado, que arquivou a MP.
Clima de desconfiança entre líderes partidários Líderes partidários admitem reservadamente que a quebra de acordo gerou um clima de desconfiança entre deputados e senadores. A avaliação de deputados é de que os senadores estão travando a aprovação de matérias por descontentamento com o governo. Já senadores afirmam nos bastidores que o Senado passou a conter o “atropelo” promovido pela Câmara e pelo Palácio do Planalto nos últimos meses.
No caso da MP 1045, os senadores alegaram que os deputados poderiam não cumprir o acordo caso tivessem a palavra final sobre a matéria, já que parte das mudanças que seriam derrubadas haviam sido incluídas pela Câmara no texto. “O que a Câmara descobriu foi um atalho para transformar o sistema legislativo brasileiro num sistema unicameral”, afirmou o senador Cid Gomes (PDT-CE).
Já o senador Esperidião Amin (PP-SC) acusou os deputados de incluírem diversos “jabutis” na matéria. O jargão se refere aos temas que destoam do texto da proposta original. “A Câmara, como regra, não respeita e deixa que os ‘jabutis’ trafeguem. E agora nós estamos, mais uma vez, vivenciando isso. Num único artigo, alteraram mais de 70 dispositivos da CLT”, disse.
Desencontro de pautas entre Câmara e Senado Desde que assumiu a presidência da Câmara, Arthur Lira tem avançado com uma série de propostas que eram pleiteadas por diversas bancadas, entre elas a reforma eleitoral, mudanças no regimento interno da Casa e a revogação da Lei de Segurança Nacional. Em outra frente, prometeu pautar matérias de interesse do Palácio do Planalto, como a PEC do Voto Impresso e reformas como a do imposto de renda e a administrativa.
Enquanto Lira tem se mantido próximo do Palácio do Planalto, Pacheco mudou seu tom e tem atuado nos bastidores para conter os embates do presidente Bolsonaro com membros do Judiciário, por exemplo. Nesta quinta, o presidente do Senado recebeu governadores para uma audiência onde afirmou que “não se negocia a democracia”.
“É muito importante que estejamos todos unidos, respeitando as divergências, na busca de consensos, na busca de convergências, mas com um aspecto que é para todos nós inegociável: não se negocia a democracia”, disse Pacheco.
O mesmo pedido de encontro foi feito pelos chefes dos Executivos estaduais para o presidente Bolsonaro e para Arthur Lira, mas ainda não houve confirmação por ambos. Com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, a expectativa é de que a audiência ocorra após o feriado de Sete de Setembro.
Com atuação de Lira, Fiesp recuou sobre manifesto Em outra demonstração de alinhamento com o governo Bolsonaro, Arthur Lira conseguiu reduzir o impacto político de um manifesto da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que pedia a pacificação entre os três Poderes. Após a atuação do deputado, o presidente da Fiesp, Paulo Skaff, acabou adiando a publicação oficial do texto.
O manifesto teve origem na Federação Nacional dos Bancos (Febraban) e já havia reunido mais de 200 assinaturas de entidades. Com o descontentamento por parte do governo federal, Paulo Skaff afirmou que o adiamento se deu para cumprir um ritual interno de aprovação da iniciativa em assembleias ou conselhos das entidades.
Indicação de Mendonça e impeachment de Alexandre de Moraes Além da aprovação de matérias, o Palácio do Planalto também tem enfrentado dificuldades para aprovar a indicação feita por Bolsonaro de André Mendonça para o STF. Crítico de Mendonça, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), ainda não marcou a sabatina no colegiado, mesmo com indicativos de maioria pela aprovação do nome.
Em outra frente, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, rejeitou o pedido de impeachment contra o ministro do STF Alexandre de Moraes, apresentado pelo presidente Jair Bolsonaro. De acordo com entendimento da área jurídica da Casa e do próprio senador, não haveria adequação à chamada Lei do Impeachment e, portanto, faltaria “justa causa” para acolhê-lo.
“Como presidente do Senado, determinei a rejeição da denúncia e o arquivamento do processo de impeachment. Esse é o aspecto jurídico. Mas há também um aspecto importante que é a preservação de algo fundamental que é a separação dos poderes, e a necessidade de que a independência dos poderes seja garantida e que haja a relação mais harmoniosa possível”, disse Pacheco em pronunciamento.
O governo deve ainda sofrer uma nova derrota no Senado nas próximas semanas por conta da MP do novo marco legal das ferrovias. Isso porque há um projeto em andamento desde 2018, do senador licenciado José Serra (PSDB-SP), sobre o mesmo assunto e que deve ser colocado em votação nas próximas semanas.
De acordo com senadores, a Casa Civil chegou a ser avisada sobre o tema, mas mesmo assim editou a medida provisória. O texto do governo prevê a adoção do sistema de autorização, que permite a construção e operação de ferrovias sem a necessidade de leilão. Como forma de retaliação, a Comissão de Assuntos Econômicos pediu ao presidente do Senado, por escrito, que devolva a Bolsonaro o texto que o governo enviou.
Lira nega tensão, mas manda recado sobre quebra de acordo Após a MP 1045 ser derrubada pelos senadores, descartou qualquer alteração de clima com relação ao Senado. “Não tem tensão”, afirmou. No entanto, sinalizou que a Câmara vai esperar o Senado votar a reforma do imposto de renda antes de aprovar a abertura do programa de refinanciamento de dívidas tributárias (Refis) para as empresas “para poder calibrar a proposta”. O projeto do Refis é de autoria de Pacheco.
Pelas redes sociais e sem citar o Senado, afirmou que “política se faz com cumprimento de acordos”. “A política é feita por gestos, palavras, conversas e, principalmente, respeito aos acordos firmados. Longe de querer impor a minha vontade, cheguei à presidência da Câmara com o compromisso de dar mais voz e importância ao poder mais transparente, representativo e democrático do país”, escreveu.
Na mesma publicação, aproveitou para afirmar o “compromisso” da Câmara com o Brasil. “Quando muitos davam como fadado ao fracasso, deputados e deputadas aprovaram o texto base que muda as regras do Imposto de Renda. Um texto construído com muito debate entre governo e oposição, porque aqui na Câmara o partido majoritário é o do progresso do Brasil”, completou.
A Esplanada dos Ministérios ficou lotada na manhã deste sábado, no desfile de 7 de setembro. Antes mesmo de começar o desfile, as arquibancadas já estavam lotadas
Desfile de 7 de setembro de 2019: neste ano, evento não ocorrerá mais uma vez por causa da pandemia.| Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Já assisti a quatro 14 Julliet – a Data Nacional da França – em Paris. Assisti ao 4 de Julho em Boston, onde começou a independência dos Estados Unidos. São festas cívicas, comemorando a Pátria. Aqui no Brasil, a data nacional em geral se resume a uma parada militar. Repetindo o ano passado, neste ano não haverá parada, por causa das restrições da pandemia. Mas, pelas expectativas e pelo fato de estar toda a mídia falando, tudo indica que na próxima terça-feira vai acontecer um Sete de Setembro com um público como nunca se viu – mesmo sem parada.
São Paulo é o lugar que mais chama a atenção. Apoiadores do presidente e contrários ao presidente farão seu balanço de gente na rua, na Avenida Paulista uns e no Anhangabaú outros. As capitais, que têm mais exposição, vão atrair manifestantes de cidades do interior. Há gente de um novo “fique em casa”, que teme confrontos, o que equivale a temer manifestações e a temer o contraditório – que são tão saudáveis à democracia. Manifestações democráticas são aquelas que aceitam a diversidade de pensamento. Óbvio que fogo, destruição, paus e pedras, agressões, nada tem a ver com democracia, mas com violência, fanatismo e brutalidade.
Que não se resuma o Sete de Setembro em um fora Supremo x fora Bolsonaro. As liberdades estão sendo feridas pouco a pouco, como sempre aconteceu no avanço do totalitarismo. E liberdade, imagino que ninguém é contra. A liberdade de expressão tem sido atingida, embora garantida pela Constituição. A pandemia foi pretexto para muito avanço sobre as liberdades e é significativo que se vá pedir respeito às liberdades na comemoração do dia em que o príncipe Pedro gritou Independência!, provocando a libertação de Portugal. Imitando a voz do príncipe, talvez seja a hora de romper o silêncio sobre as exceções frequentes no cumprimento da Constituição.
Ainda falta uma semana, mas o encontro nas ruas tem recebido cada vez mais atenção da chamada opinião pública. Os estrategistas políticos já devem estar considerando este Sete de Setembro um marcador. Será um divisor-de-águas, mudando um antes num depois? Como todo poder emana do povo, as ruas poderão ter um poder dissuasório mais que todos os canhões, tanques e soldados que desfilariam nas paradas canceladas.
Erisictão vende a filha em troca de comida.| Foto: Bigstock
Na mitologia grega, Erisictão era o poderoso rei da Tessália. Reza a lenda que Erisictão, em sua busca por madeira, ordenou que as árvores de um bosque sagrado fossem cortadas. Como os lenhadores se recusaram a cortar as árvores, por temor de uma vingança divina, ele próprio foi lá e as cortou. Por causa disso, o rei foi amaldiçoado. A maldição que se abateu sobre Erisictão era simples — a fome eterna. Por fim, Erisictão acabou vendendo a própria filha em troca de comida e depois, sem dinheiro, acabou consumindo o próprio corpo.
Uma nação que entende a si mesma — e entende seu propósito no mundo — prospera. Tais nações, historicamente, não se abstiveram de cumprir seu papel. Elas entenderam uma verdade bem simples: no jogo do poder, os vácuos são geralmente preenchidos pelos mais agressivos. Assim, a rendição dos bons significa a vitória dos maus.
Os Estados Unidos sempre entenderam isso. O país nunca se sentiu à vontade com a realidade da política externa, mas tampouco se absteve de seu papel como ator no teatro mundial. Sim, geograficamente os Estados Unidos estão distantes da Europa, mas isso não impediu o país de concorrer com os impérios francês, britânico e espanhol.
Foi Thomas Jefferson, escrevendo ao seu sucessor, James Madison, quem em 1809 disse: “Deveríamos criar um império da liberdade (…) e estou convencido de que nenhuma Constituição jamais foi tão bem calculada como a nossa para a criação de um império e do autogoverno”.
Em 1823, James Monroe declarou que “o continente americano, pela condição livre e independente que assumiu e manteve, jamais se deixará conquistar por colonizadores europeus”.
Uma América poderosa era boa e necessária. Quando as nações se perdem — quando elas destroem seus bosques sagrados — elas abrem um buraco em si mesmas. Esse buraco só cresce. E não pode ser preenchido.
E fica assim: a fome é, em si, a satisfação. Nossa fome determina nossa missão. Temos de resolver todas as desigualdades, até mesmo aquela causada pelas diferenças de comportamento — a inequívoca condição humana — gastando trilhões de dólares a serem emitidos. Temos de corrigir os desequilíbrios históricos — outra condição inequívoca da humanidade — direcionando todas as instituições rumo à “igualdade”.
Temos de abandonar nossos compromissos anteriores — e nossos interesses reais na política externa — em nome de tentativas quixotescas de “construir um passado melhor” internamente. Temos de reescrever o contrato social básico a fim de diminuirmos as diferenças naturais entre os seres humanos.
Devemos sacrificar nossos filhos e filhas para saciarmos nossa fome. Temos de ensinar doutrinas idiotas sobre a maleabilidade total do ser humano e instruí-los para viverem na confusão e no caos. Temos de ensinar a eles os males da nossa própria filosofia ao mesmo tempo em que ensinamos que a diversidade cultural exige que demos as costas para os males maiores de outras culturas.
Temos de exigir que nossos filhos nos protejam em vez de protegermos nossos filhos. E, claro, temos de envolvê-los numa trama deficitária da qual eles não têm culpa, condenando-os a pagar futuramente nossa conta.
Assim, no fim consumimos a nós mesmos. Reconhecemos que nossa missão se perdeu que nossa fome não é capaz de nos satisfazer. Nós nos tratamos como inimigos e menosprezamos a presença dos inimigos de verdade. E depois desaparecemos. Ou, por outra, não desaparecemos.
Percebemos que, por maiores que sejam nossas falhas e fracassos, temos um papel no mundo; que, por maiores que sejam nossas falhas e fracassos, ainda somos herdeiros da melhor filosofia da história; que, por maiores que sejam nossas falhas e fracassos, ainda somos cidadãos do mesmo corpo político.
A escolha ainda está em nossas mãos. Mas, se o Afeganistão é indício de algo, as opções estão acabando.
Ben Shapiro é apresentador do “Ben Shapiro Show” e editor emérito do Daily Wire.
Vacina produzida pelo Butantan fornece muito pouca proteção para idosos e nunca seria aprovada para uso nesse grupo, caso dados de efetividade estivessem disponíveis na época da avaliação
Fernando Reinach*, O Estado de S.Paulo
Finalmente foram divulgados os dados sobre a efetividade da Coronavace da AstraZenecano programa de imunização brasileiro. Eles demonstram, de maneira cabal, que as informações divulgadas pelo Butantan, de que a Coronavac seria 100% eficaz contra mortes, não correspondem à realidade.
A Coronavac evita 50% das infecções e 75% das mortes na população vacinada como um todo. A AstraZeneca evita 75% das infecções e aproximadamente 90% das mortes. AstraZeneca é uma vacina superior. Ainda não sabemos o que vem ocorrendo com pessoas imunizadas com Pfizere a Janssen. Isso porque o uso dessas vacinas foi iniciado meses mais tarde.
Funcionário do Instituto Butantan fecha uma caixa com doses da Coronavac Foto: Amanda Perobelli/ Reuters
A grande novidade desse estudo é que ele contém uma amostra significativa de pessoas idosas. Os resultados para esses grupos são ruins com a AstraZeneca, e inaceitáveis com a Coronavac. Em pessoas com mais de 90 anos, a Coronavac evita somente 25% das infecções, 30% das hospitalizações, 30% das internações em UTIs e 30% dos óbitos. Ou seja, ela fornece muito pouca proteção para idosos e nunca seria aprovada para uso nesse grupo, caso esses dados estivessem disponíveis na época da avaliação. O resultado é um pouco melhor para pessoas entre 80 e 89 anos: evita por volta de 55% das infecções, 65% das internações, 65% das internações em UTIs e 65% das mortes. Isso explica o grande número de idosos, como Tarcísio Meira, que têm morrido quando infectados após tomarem a Coronavac.https://arte.estadao.com.br/uva/?id=Q8PYLQ
Claro que esse trabalho não estuda diretamente pessoas que receberam três doses da Coronavac. Entretanto, na minha opinião, o uso da Coronavac para vacinar os mais idosos é uma decisão de alto risco. Para não dizer eticamente inaceitável. Isso porque temos a opção de utilizar as vacinas da AstraZeneca e da Pfizer que podem ser usadas como dose de reforço. É preciso retirar a Coronavac do esquema de terceira dose dos mais idosos. Cabe à Agência Nacional de Vigilância Sanitária(Anvisa) garantir que assim seja feito, retirando a permissão de uso da Coronavac em idosos.
Esse trabalho é provavelmente o mais importante com dados dos primeiros meses da vacinação no Brasil. Ele avaliou 26 milhões de pessoas vacinadas com a Coronavac e 50 milhões de pessoas vacinadas com a AstraZeneca. Os dados usados foram fornecidos por órgãos governamentais e analisados por epidemiologistas de diversas universidades e institutos de pesquisa do Brasil e do exterior. Qualquer gestor público que tem como objetivo pautar suas decisões por dados científicos tem o dever de entender esses dados e tomar suas decisões com base neles.
A Coronavac teve um papel importantíssimo no processo de vacinação no Brasil. Seus defensores foram indispensáveis para colocar em movimento a vacinação diante do descaso de nosso presidente e do ministro da saúde da época. Cumprida sua função, ela deveria ser aposentada ou usada somente em pessoas mais jovens. Portanto, a decisão do atual ministro da Saúde de não utilizar a Coronavac como terceira dose, dando preferência para as outras vacinas, principalmente a da Pfizer, está mais que correta.
*É BIÓLOGO, PHD EM BIOLOGIA CELULAR E MOLECULAR PELA CORNELL UNIVERSITY E AUTOR DE A CHEGADA DO NOVO CORONAVÍRUS NO BRASIL; FOLHA DE LÓTUS, ESCORREGADOR DE MOSQUITO; E A LONGA MARCHA DOS GRILOS CANIBAIS
Locais de votação , urnas, cabines, biometria #cabine
| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Vivemos sob um sistema de administração pública que supostamente, muito supostamente, é uma democracia representativa. Os legisladores e executivos em tal sistema são representantes, como o nome indica. Até aí funciona. Mas quem é que eles representam? É aí que a porca torce o rabo. Por o sistema ser em tese democrático, ou seja, literalmente, governado pelo povo, eles teriam a função de representar este mesmo povo. Infelizmente, todavia, não é este o caso. Nosso sistema teima irracionalmente em fazer passar o poder do povo à classe política por intermédio de uma série de categorias ideológicas que simplesmente – como aliás escrevi outro dia aqui mesmo – não correspondem em nada à nossa cultura, à nossa maneira de ver a “res publica”, a coisa pública.
Quer-se e insiste-se em que a nossa cultura de origem íbera, extremamente personalista, seja substituída por um impersonalismo ideológico que nos é completamente alheio. A teoria que orienta nosso sistema sustenta que na verdade os atores políticos seriam as ideologias, não as pessoas, e a mensuração eleitoral teria por fim apenas verificar a proporção popular de adesão a cada ideologia, supostamente representada por um dado partido. Contudo, não há, na prática, adesão a ideologias na nossa cultura. O que chega mais perto disto é um mero apoio parcial a uma visão de mundo, com mais exceções que conformações à suposta regra ideológica. Ninguém por aqui orienta perfeita e completamente sua visão de mundo ideologicamente; ninguém compra pacotes prontos de respostas ideológicas teoricamente racionais a toda e qualquer situação, como supõe irracionalmente o sistema em vigor. Daí ele ter uma infinidade de tramoias embutidas para fugir aos desejos não ideológicos do povo, fazendo dele apenas desculpa para dar poder a simulações das instâncias ideológicas típicas da Modernidade que já vai tarde. Vale comparar, neste sentido, nosso sistema aos vigentes nas duas cabeças maiores da Modernidade, a França e os EUA.
Lá como cá, aplica-se entre a vontade popular e o sistema de escolha de administradores e legisladores filtros categoriais ideológicos, ditos cá e lá “partidos”. A assunção subjacente é que as ideologias de todos e de cada um dos partidos estejam de acordo em alguns princípios básicos (democracia, representação, Estado de Direito, respeito a certos direitos fundamentais como vida e propriedade etc.), com uns e outros priorizando certos aspectos e oferecendo táticas pontuais diferentes para a obtenção dos mesmos fins, teoricamente correspondentes a um bem comum estável.
Quer-se e insiste-se em que a nossa cultura de origem íbera, extremamente personalista, seja substituída por um impersonalismo ideológico que nos é completamente alheio
Na prática, claro, a plena adesão a tal núcleo comum de princípios é mais exceção que regra. Isto é facilmente demonstrado pela ascensão ao poder do nazifascismo europeu, que ocorreu por meios democráticos, representativos e coisa e tal. Foi no sistema e pelo sistema que foram elevados ao poder grupos radicalmente contrários à manutenção do próprio sistema que lá os colocara e de lá poderia retirá-los. Mesmo assim, devido ao fato de as populações francesa e americana terem introjetado o pensamento ideológico moderno a um grau altíssimo, ainda vale observar seus sistemas; daí poderemos facilmente apontar os problemas da importação de ideologias alienígenas ao nosso sofrido país.
Na França, os partidos são entidades, por assim dizer, de curta validade. Raros são os que perduram por décadas – ao menos sob o mesmo nome. Os poucos que o fazem são normalmente as versões “light” de ideologias extremistas e contrárias àquele pacote de princípios básicos. É o caso, por exemplo, do Partido Comunista Francês, que joga pelas regras do sistema democrático e nem sonha em pleitear que todo o poder seja dado aos sovietes ou que os meios de produção sejam retirados de mãos particulares. Os partidos mais normaizinhos, que correspondem à imensíssima maioria de tais agremiações ideológicas (são sempre muitos, lá como cá) e que atraem igualmente os votos da maioria da população, são geralmente montados e desmontados em função de políticas de relativamente curta duração. Em outras palavras, eles são o reflexo de respostas ideológicas relativamente complexas a questões do momento.
Não há (ou quase não há) representação partidária de cada ideologia de base; os partidos representam conjuntos intraideológicos de respostas pontuais. Assim, um político francês bem-sucedido terá ao fim da carreira pertencido a uma boa dúzia de aglomerações partidárias. Cada uma delas, dentro da mesma ideologia de base (centro-direita, democracia cristã, centro-esquerda, socialismo moderado etc.), refletia num dado momento a aplicação prática daquela ideologia a questões políticas pontuais. Assim, a cada eleição tem-se tantos partidos a representar tantas posições dentro de um número menor de ideologias, sem que haja partidos-guardachuva ideológicos em que subpartidos (ou “tendências”, como se diz na política brasileira) reflitam respostas intraideológicas diversas. Quando as questões daquele momento cederem lugar às de outro, os membros daqueles partidos “temporários” se espalharão por outra chusma de novos partidos.
Já nos EUA, em grande medida por herança de sua fundação calvinista, impera o dualismo. Há lá sempre dois grandes partidos, que são os únicos relevantes. Há igualmente alguns poucos partidúnculos insignificantes dedicados a visões ideológicas extremadas (comunismo, libertarianismo…), mas estes não têm na prática importância alguma para o sistema político. Curiosamente, com a evolução e modificação das questões sociais as ideologias dos partidos mudam, podendo um ou outro desaparecer (apenas para ser imediatamente substituído por um novo, para manter o binarismo) ou mesmo ambos trocar de posição. É o caso, por exemplo, da reviravolta radical ocorrida no século passado entre os partidos Democrata e Republicano. Antes era o Democrata o partido racista, ligado à população dos estados sulistas; hoje é o Republicano que exerce tal função. Do mesmo modo, o puritanismo ianque do nordeste do país, mais dado ao uso do Estado como forma de modelagem da sociedade, era representado pelos republicanos e hoje o é pelos democratas.
Em todo caso, são sempre dois partidos, com as questões políticas do momento em geral recebendo reações diametralmente opostas neles. Se um é a favor, o outro é contra, e vice-versa. Ao contrário do modelo francês, busca-se a união de todas as “tendências” de um dado campo ideológico dentro de um só partido, em que idealmente as tendências dariam lugar a uma perfeita unidade ideológica da esquerda num partido e da direita noutro. Esta situação, inclusive, levou neste século a tamanha exacerbação das divisões políticas por lá que há uma séria preocupação com a emergência de uma nova guerra civil. A anterior, afinal, foi na prática uma guerra entre os adeptos nordestinos do Partido Republicano contra os sulistas adeptos do Partido Democrata.
E aqui? Bom, para começar a população simplesmente ignora o pensamento ideológico. Raríssimos são os brasileiros que veem a política pelos antolhos de uma ou de outra ideologia. Praticamente ninguém por aqui percebe a forma administrativa do bem comum de maneira clara o suficiente para ter opinião formada acerca de como lidar com as questões que venham a incomodá-lo pessoalmente. Quem tem uma percepção mais clara não a tem ideológica, mas pragmática, no mais das vezes. Mais ainda: são pouquíssimos os políticos que sequer proponham soluções (ideológicas ou não) para os problemas que efetivamente incomodam seus eleitores. Os problemas com que a administração pública terá de lidar raramente são tratados no discurso eleitoral. Passada a eleição, do mesmo modo, as diretrizes de cada administração e a propositura legislativa de cada legislador são normalmente movidas por forças completamente alheias a tais questões.
A população simplesmente ignora o pensamento ideológico. Raríssimos são os brasileiros que veem a política pelos antolhos de uma ou de outra ideologia
Tem-se, assim, Brasília impondo um modelo de tomadas novo e chateando o Brasil inteiro, ou exigindo a compra de “kits de primeiros-socorros” perfeitamente inúteis, ou ainda videogames de carrinho para as autoescolas, e por aí vai, para agradar algum amigo que tem a ganhar com aquilo. Têm-se administradores que compram compulsivamente viaturas policiais, mas não abrem concursos para repor os policiais que vão se aposentando ou mesmo pedindo demissão por não ter como sobreviver com salários defasados. Não se tem, todavia, qualquer orientação ideológica da administração ou legislatura. Nem mesmo questões reais e prementes, como a insegurança pública, a precariedade das comunicações pelo interior, o estado das estradas, a ausência de ferrovias e tantas outras coisas que dependem de decisões e prioridades políticas, deixam de passar no mais das vezes em brancas nuvens.
Os próprios políticos, claro, fazem carreira como pessoas, não como representantes intercambiáveis dalguma ideologia. Mesmo nos partidos de extrema-esquerda ou dedicados a causas pontuais (como o Partido Verde), é extremamente comum que o suplente de um legislador seja odiado pelos fãs do titular, e vice-versa. Foi o caso quando o bárbaro assassinato da vereadora carioca Marielle a fez passar da vida à fama: ela foi substituída por seu suplente Babá, do mesmo PSol. Quem votou nela, no entanto, via de regra o detesta, e não foram poucos os protestos de seus eleitores. A percepção dos candidatos pelo eleitor é personalista, não ideológica, e a pouca ideologia que venha a unir candidatos cessa totalmente de existir quando se sai dos partidos extremistas.
No século passado, quando ainda fazia sentido isso de ideologia, houve algumas tentativas bastante sérias de criar partidos realmente ideológicos. Foi o caso, por exemplo, do PL de Álvaro Vale, que se dispunha a ensinar a ideologia liberal e demandava um curso de liberalismo a quem quisesse unir-se a suas fileiras. Em triste, mas inevitável ironia, o partido acabou sendo literalmente vendido a uma seita pentecostal interessada em angariar poder político quando do falecimento de seu fundador e – na prática – único verdadeiro ideólogo. Tivemos a UDN como partido “da lei e da ordem”. O PTB como partido do trabalhismo. Mas contam-se nos dedos de uma mão, até entre os próceres daqueles partidos, os que realmente abraçavam plenamente a ideologia. E, claro, nenhum deles cogitaria por um segundo ser representante impessoal de ideologia alguma. Um político brasileiro que não se julgasse insubstituível não chegaria nem a vereador antes de ter o tapete puxado e ser substituído por algum coleguinha mais soberbo e ambicioso.
O fascismo d’antanho e o populismo de direita atual Tendo, então, tal situação em mente, podemos perceber com mais clareza o absurdo do nosso sistema. Por exemplo: em qualquer unidade da Federação os candidatos a deputado estadual ou federal podem receber votos em todo o estado. Ora, em muitos estados a megalópole central abriga mais gente que todo o interior. Na prática, impede-se assim que o interior seja realmente representado por legisladores que tenham interesse em ouvir a população de cada região, e favorece-se enormemente o candidato que disponha de verba suficiente para fazer bem uma campanha espalhada por uma área maior que a de muitos países europeus. Do mesmo modo, o medonho voto de legenda faz com que os votos dados a certas pessoas “puxem” para os cargos em disputa uma cambada de gente em que por vezes nem a mãe votou, em detrimento dos que foram efetivamente escolhidos pela população. Lembro-me quando o popularíssimo Dr. Enéas, com sua figura caricata de cientista louco de desenho animado, conseguiu dar pelo voto de legenda uma cadeira de deputada federal a uma certa “Senhorita Suely”, que nem sequer fizera campanha e ninguém conhecia.
Do mesmo modo, não é permitida a inscrição de candidatos independentes; ou bem o sujeito finge ter uma ideologia e inscreve-se num partido que finja acreditar nos próprios estatutos, ou não pode concorrer. E, claro, ao fazê-lo o mais comum é que a vítima, ops, o inocente pré-candidato seja forçado a dar dinheiro a próceres da legenda de aluguel, precise unir publicamente o seu nome aos de gente mais suja que pau de galinheiro, e por aí vai. É uma situação que, mutatis mutandis, lembra a da felizmente bolsoeliminada Contribuição Sindical obrigatória: uma maneira legal, porém imoral, de dar poder a quem jamais o receberia pela escolha dos supostamente representados!
Mais ainda, o desvio às mancheias (igualmente imoral, ainda que legal) do suado dinheirinho do contribuinte pelos partidos para custear as campanhas “partidárias” (na prática, ele vai para as escolhas pessoais dos chefetes da famiglia, ops, partido), que já seria péssimo, ainda tem como critério a inversão mais absoluta da moral e da lógica. Afinal, o critério básico para a distribuição do que é arrancado do cofre da Viúva é dar mais poder financeiro a quem tem mais poder político. O partido com mais cadeiras, que teoricamente seria o mais conhecido, o mais popular e o menos necessitado de ajuda, é quem fica com o grosso. O partidinho minúsculo, recém-chegado à rinha após monstruosa burocracia que exige que ele tenha representação nacional (!!!), fica de mãos vazias.
Voto de legenda, Fundo Partidário, inscrição obrigatória, exigência de “fidelidade”… Tudo isso pode estar no papel, mas é profundamente imoral num país em que o pensamento ideológico, felizmente, é uma ficção
Ainda há tantas e tantas tramoias legalíssimas e imoralésimas para manter a ficção ideológica em nossa política que nem vale a pena prosseguir em sua listagem. Já salta aos olhos o absurdo de nossa legislação quando nos damos conta de que essa palhaçada de união em termos de linhas ideológicas é coisa que não colou aqui nem quando estava na moda mundo afora, coisa de 100 anos atrás. Para que haja representação do povo, não das supostíssimas ideologias partidárias, tudo deveria ser refeito. Na prática, não há nenhuma razão honesta para que partidos sejam sequer reconhecidos formalmente pelas leis brasileiras, que dirá para que exerçam esse papel de intermediários entre o povo e o resultado das eleições. Voto de legenda, Fundo Partidário, inscrição obrigatória, exigência de “fidelidade”… Tudo isso pode estar no papel – que aceita qualquer coisa –, mas é profundamente imoral num país em que o pensamento ideológico, felizmente, é uma ficção.
Do mesmo modo, para que haja representação real, é necessário que haja um mínimo de conhecimento popular acerca do candidato e algum interesse por parte dele em ouvir aqueles que em tese representa. Para isto seria necessária a adoção do voto distrital, que ainda tornaria as campanhas muito mais baratas (logo, mais abertas à entrada de quem não tem rabo preso com os mandatários oligárquicos da política) por não mais precisarem cobrir áreas tão vastas.
E, finalmente, um fator que apenas aparentemente não está ligado às questões de que trato acima é a centralização (esta, sim, ideológica) da mídia. O maior eleitor do Brasil é a programação da emissora em que os onipresentes televisores dos ambientes frequentados pelas classes B, C e D estão sempre sintonizados. Não deveria ser permitida ou mesmo tolerada a retransmissão sistemática de programação radiotelevisiva gerada alhures. O alcance máximo de uma dada transmissão deveria ser a área de alcance de uma torre potente. Do mesmo modo, a rara retransmissão simultânea deveria ser limitada à duração de um filme longo, e olhe lá. A produção radiotelevisiva local deveria ser incentivada e a repetição de conteúdo “enlatado” nacional ou estrangeiro, fortemente desincentivada por meios tributários e por legislações locais. Assim se poderia começar a descentralizar a hipnose em massa radiotelevisiva e a diminuir o injusto poder retido por poucos, tão poucos, que tanto mandam em nosso amado e sofrido Brasil.
Então, quem sabe, nosso sistema representativo poderia começar a realmente estar no rumo de se tornar uma democracia representativa, não mais uma oligarquia pseudoideológica. Seria um primeiro passo; os seguintes, felizmente, estariam nas mãos do povo. Pela primeira vez em nossa história.