segunda-feira, 26 de julho de 2021

GRANDE EMPRESA COMPRA A SUA STARTUP

 

Imagine a seguinte cena:



Você levanta às 06 da manhã, vai olhar se está tudo bem com seu filho no berço, pega um café expresso na sua cafeteira de grãos e começa a “escrolar” seu Slack.

De repente uma mensagem do seu CEO aparece no canal dos gestores da empresa:

“@canal Caros gestores, reunião urgente às 09h para um anúncio extraordinário sobre aquisição sigilosa de nossa empresa. Compareçam pontualmente no link a seguir…”

Na mesma hora, você começa a se contorcer e quase não consegue respirar de ansiedade.

“O que terá acontecido. Quem nos comprou? Qual foi o valor da negociação? Quanto eu vou ‘enfiar’ no bolso?” — sendo um dos sócios, isso é o que provavelmente você vai pensar automaticamente.

Caro(a) amigo(a), às 09h05 da manhã você descobre que o grupo Magazine Luiza mirou a caneta aquisitiva para o seu lado e concretizou uma transação bilionária, adquirindo sua empresa.

Dependendo da quantidade de participação acionária que você tinha, você acabou de descobrir que ficou milionário, da noite para o dia.

Já imaginou como essa notícia mudaria o resto da sua vida?

Pois é assim que os sócios da Kabum estão se sentindo desde a semana passada:

O que eu desejo trazer aqui e fazer você pensar é que essa história de sucesso do Magalu não foi sempre assim

Ela começou tímida e pequena na cidade de Franca-SP.

Que, aliás, é minha cidade natal.

Muito prazer, meu nome é Marcelo Pimenta e sou um dos sócios da StartSe.

Eu comecei minha carreira como estagiário da presidente do Conselho do Magazine Luiza, a Luiza Helena Trajano, lá em Franca, quando eu cuidava de um projeto chamado “Trabalhos Acadêmicos”, que visava ajudar universitários a coletar informações sobre a empresa.

Quando eu comecei lá, em 2004, ela já era muito grande, um dos principais players do varejo nacional.

Mas nem todo brasileiro conhecia a empresa como agora.

Fiquei por 7 anos, e a maior parte do tempo foi pré-IPO (abertura de capital na B3, em 2011).

Mas durante todo esse período, o fato que mais me chamou a atenção foi a criação de uma pequena “célula” —  que mais tarde se tornaria a maior responsável pelo crescimento estrondoso do Magalu em anos.

O nome desse pequeno departamento foi batizado de Luiza Labs e ficava em uma salinha nos fundos do escritório central do Magazine Luiza, na Vila Guilherme, em São Paulo.

Se eu fosse descrever hoje o que era essa área, podemos chamar de Laboratório de Experimentação do Magalu.

De lá saíram algumas das principais aplicações tecnológicas que foram responsáveis pelo crescimento vertiginoso da empresa.

(Preste atenção neste parênteses: é claro que estou fazendo uma análise simplista deste crescimento, que se deu principalmente por conta de uma gestão extremamente forte, pessoas altamente capacitadas e um time excepcional. Dito isso, seguimos o texto)

O líder dessa área era (e continua sendo) André Fatala, um jovem programador que entrou timidamente na empresa e se tornou mais tarde um dos principais executivos (e atualmente o CTO) da empresa.

Mas por que será que essa área conseguiu crescer tão rápido e ser uma das maiores responsáveis pelo sucesso da Magalu?

Imagine se dentro da sua empresa você vivesse o tempo inteiro com o “pé atrás” e fizesse a seguinte pergunta todos os meses:

“Quanto tempo temos de sobrevida até que um concorrente faça algo melhor do que nós e seja capaz de nos quebrar”?

Quando você tem essa mentalidade, você começa a olhar para opções não convencionais de crescimento.

Você começa a ver que fazer o “feijão com arroz” todos os dias pode te colocar em risco.

Pensando por esse lado, o que acaba acontecendo nas empresas que têm esse tipo de receio, é que elas acabam olhando para o “futuro próximo” o tempo inteiro.

Ou seja, daqui a seis meses, como será o mercado? E daqui a dois anos?

E quando você faz esse exercício, você acaba dividindo sua empresa em dois grandes pedaços:

O hoje e o amanhã.

hoje é tudo aquilo que você faz agora, muito bem feito, paga toda a sua estrutura e gera lucro imediato.

São os seus produtos atuais.

É o modelo de negócio que você segue à risca.

Geralmente, a grande maioria da sua empresa trabalha aqui.

amanhã é um laboratório de experimentação que vai olhar para as próximas tendências em produtos e tecnologias que poderão manter a sua empresa relevante e competitiva nos próximos anos.

É como se o “amanhã” fosse um concorrente melhor do que você, mas dentro do seu mesmo CNPJ. Afinal, se alguém vai quebrar sua empresa, que seja você mesmo, certo?

E assim acontecia com a Luiza Labs, uma área que estava olhando para o futuro, e que mais tarde seria responsável por aumentar drasticamente o valor de mercado da empresa.

Uma área jovem, despretensiosa, descolada, formada por cérebros inconformados e orientados para análise de dados (alguns deles são meus amigos até hoje).

Mas que no fundo trazem um grande ensinamento que eles provavelmente aprenderam no Vale do Silício, e quero comentar nas próximas linhas.

O Labs (como os mais íntimos chamavam) era o grande laboratório de experimentação do Magalu.

E antes de continuar o texto, você precisa entender o que são experimentos.

Explicando rapidamente, experimentos são hipóteses que você cria com sua equipe para chegar a alguma conclusão de negócio.

Por exemplo: será que os usuários que chegam em meu website pela 1ª vez vão seguir esta jornada ou aquela completamente diferente?

Então, para concluir, você roda um experimento com objetivo de chegar a alguma conclusão.

Aqui eu vou ser bem sincero com você.

Eu trabalho diretamente com growth, marketing e vendas desde 2003, quando comecei na área.

E não existe ninguém melhor no mundo, com mais conteúdo, cases, metodologias e didática para ensinar empresas a decolarem seus resultados do que o Sean Ellis, o próprio criador do termo growth hacking.

Foi ele também que criou a maior comunidade de growth hacking do mundo, a Growth Hackers, da qual eu também faço parte há mais de 05 anos.

Uma das coisas que eu aprendi nesses 18 anos de mercado é o seguinte: se você quer aprender, procure aprender com os melhores.

Esta é a melhor maneira de você beber direto da fonte, aprender um conteúdo fresco e aplicável, que provavelmente só chegaria no Brasil depois de vários anos…

E também são eles que vão tirar suas principais dúvidas, porque realmente aplicaram o que fizeram ao invés de ensinar algo que não viveram ou que leram em algum livro.

E eu vim aqui hoje para dizer que você também pode

Essa foi a vigésima primeira aquisição do Magalu em 18 meses, muito provavelmente mirando o mercado de games, que no Brasil estima-se possuir 95 milhões de clientes.

Fair enough, não?

Meu ponto aqui não é lhe fazer uma análise sobre a tese de compras do ecossistema do Magalu, mostrando porque essas empresas fazem sentido ser adquiridas agora, por tamanho valuation.?

Mais de 1000!

Como diz Jeff Bezos, fundador da Amazon e homem mais rico do mundo:

“Se você dobrar a quantidade de experimentos que faz por dia, estará dobrando sua inventividade.

Se você decidir que irá fazer apenas o que sabe que dará certo, estará deixando um monte de oportunidades para trás.”

Neste exato momento, as empresas que mais crescem no mundo estão rodando milhares de experimentos, cujo único objetivo é INOVAR para acelerar o crescimento.

Pense comigo: quanto mais você experimenta, quanto mais você testa, mais você conclui.

E quanto mais você conclui, mais conhecimento você acaba absorvendo em relação ao seu próprio negócio.

Desta forma, mais assertivas vão ficando as suas ações com foco em inovação e crescimento.

Se você não testa, se você não “roda experimentos”, se você não tem um time orientado a dados, você está correndo um sério risco nesse exato momento.

Porque muito provavelmente os seus concorrentes estão olhando para isso nesse exato momento.

E agora vem a melhor parte (em minha opinião):

Sabe qual é o nome dessa cultura orientada a dados e experimentação?

Se você ainda não conhece, esse é o termo que surgiu no Vale do Silício, criado por um cara chamado Sean Ellis (guarde esse nome porque você saberá mais dele daqui a pouco).

No entanto, muito mais do que um simples termo, o Growth Hacking ficou sério e se tornou uma cultura de experimentação rápida, presente nas maiores empresas do mundo.

As empresas do Vale do Silício fazem isso desde 2009, pelo menos.

E os resultados de várias delas foram simplesmente extraordinários.

Todas elas, sem exceção, injetaram a metodologia de growth hacking no DNA de seus negócios.

Hoje em dia é quase impossível você expandir um negócio sem encontrar “alavancas de crescimento”, e é disso que trata a metodologia.

Ele é uma estratégia de crescimento que reúne, ao mesmo tempo, marketing, vendas, criação de produtos, construção de audiência, ampliação de mercado, feedback de clientes e muitos, mas muitos dados.

Unindo todas essas pontas – que ficam geralmente isoladas na maioria das empresas – seu negócio pode explodir em crescimento.

Enquanto a luta por preservar vidas continua à toda, empreendedores e gestores de diferentes áreas buscam formas de reinventar seus negócios para mitigar o impacto econômico da pandemia.

São momentos como este, que nos forçam a parar e repensar os negócios, são oportunidades para revermos o foco das nossas atividades.

Os negócios certamente devem estar atentos ao comportamento das pessoas. São esses comportamentos que ditam novas tendências de consumo e, por consequência, apontam caminhos para que as empresas possam se adaptar. Algumas tendências que já vinham impactando os negócios foram aceleradas, como a presença da tecnologia como forma de vender e se relacionar com clientes, a busca do cliente por comodidade, personalização e canais diferenciados para acessar os produtos e serviços.

VOCÊ CONHECE A ValeOn?

O CANAL DE VENDAS ONLINE DO VALE DO AÇO

TEM TUDO QUE VOCÊ PRECISA!

A Valeon é uma caixinha de possibilidades. Você pode moldar ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é colocar o consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn possibilita que você empresário consiga oferecer, especificamente para o seu consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a experiência e funcionalidades de uma tecnologia corporativa que atende as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio, também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser. Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.

QUEM SOMOS

Somos uma Startup daqui de Ipatinga que desenvolveu a Plataforma Comercial VALEON um Marketplace com o propósito de solucionar e otimizar o problema de divulgação das empresas daqui da região de maneira inovadora e disruptiva através da criatividade e estudos constantes aliados a métodos de trabalho diferenciados dos nossos serviços e estamos conseguindo desenvolver soluções estratégicas conectadas à constante evolução do mercado.

O QUE OFERECEMOS E VANTANGENS COMPETITIVAS

as como levar isso para sua empresa, da maneira mais

ATIVISMO ECONÔMICO DO STF PREJUDICA AS CONTAS PÚBLICAS

 

Judiciário

Por
Célio Yano – do Povo

Decisões do STF têm alterado desde a jurisprudência sobre a cobrança de impostos até a destinação de recursos para finalidades específicas.| Foto: Fellipe Sampaio/SCO/STF

Em meio às dificuldades enfrentadas por Planalto e Congresso para discutir o Orçamento de 2021 e as controvérsias sobre as reformas administrativa e tributária, o Supremo Tribunal Federal (STF) tem julgado neste ano uma série de ações que tem impactado diretamente as contas da União. As decisões têm alterado desde a jurisprudência sobre a cobrança de impostos até a destinação de recursos para finalidades específicas.

A atuação do órgão máximo do Judiciário em matérias de natureza econômica, tributária, financeira e previdenciária é comum, uma vez que são temas que fazem parte da ordem constitucional do país. Tem chamado a atenção, no entanto, as cifras bilionárias envolvidas em pautas julgadas recentemente ou próximas de serem analisadas. A decisão sobre a chamada “tese do século”, por exemplo, pode gerar impacto próximo de R$ 1 trilhão ao longo dos próximos dez anos.

Relembre alguns casos de impacto direto nas contas públicas julgados este ano ou que podem ser incluídos na pauta do STF nos próximos meses:

Renda básica de cidadania
Aprovada há 17 anos, mas até hoje não regulamentada, a Lei 10.835/2004, que institui a chamada renda básica de cidadania, deverá ser cumprida pelo governo federal a partir de 2022, determinou o STF em abril. A lei, de autoria do ex-senador e atual vereador de São Paulo Eduardo Suplicy (PT), prevê a criação de uma política de transferência incondicional de renda para o estrato da população brasileira em situação de vulnerabilidade (extrema pobreza e pobreza).

Alegando omissão estatal, a Defensoria Pública da União (DPU) impetrou mandado de injunção no Supremo. Prevaleceu o voto do ministro Gilmar Mendes, no sentido de determinar o pagamento do benefício a partir do próximo ano, porém sem fixar valor. O ministro foi acompanhado por Dias Toffoli, Alexandre de Moraes, Luiz Fux, Nunes Marques, Luís Roberto Barroso e Cármen Lúcia. O voto do relator Marco Aurélio Mello, que foi seguido por Edson Fachin, Ricardo Lewandowski e Rosa Weber, ficou vencido ao votar pela procedência integral do pedido da DPU, estabelecendo o benefício no valor de um salário mínimo e fixando prazo de um ano para a regulamentação da norma pelo Executivo.

Não há estimativa oficial de quanto o programa pode custar aos cofres públicos, o que vai depender do valor da transferência e do número de beneficiários. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país alcançou, no ano de 2020, a marca de 9 milhões de pessoas vivendo em situação de extrema pobreza – com renda per capita inferior a R$ 89. Com orçamento de aproximadamente R$ 35 bilhões para 2021, o Bolsa Família atende 14,7 milhões de famílias com valor médio de cerca de R$ 200 por mês.


Tese do século
Em maio, no julgamento que foi chamado de “tese do século”, o STF decidiu, por oito votos a três, que a retirada do ICMS da base de cálculo do PIS e da Cofins vale retroativamente a partir de 15 de março de 2017, quando foi fixado o entendimento de que a cobrança das contribuições sobre o imposto estadual é inconstitucional. Ou seja, a maioria dos ministros decidiu modular os efeitos da decisão.

Com receio do impacto financeiro, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) pedia que a retirada do ICMS valesse apenas a partir de agora. As empresas, por sua vez, queriam a devolução de tudo o que foi pago e recolhido indevidamente no passado. No fim, a maioria do STF optou por uma solução intermediária que atendesse ambas as partes. Ainda assim, o impacto nas contas da União será grande.

O Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) calcula que a decisão gerou R$ 358,1 bilhões em créditos fiscais para empresas, dos quais R$ 93,4 bilhões foram compensados entre 2017 e 2020 e R$ 264,7 deverão ser quitados pela União deste ano em diante.

Já uma nota técnica da Instituição Fiscal Independente (IFI), órgão vinculado ao Senado, estimou entre R$ 829,6 bilhões e até R$ 1,24 trilhão o total que a União deixará de arrecadar com a aplicação da decisão da “tese do século” considerando o período de 2017 a 2030. Os valores corresponderiam a algo entre 0,6% e 0,9% do PIB do país no período.


Realização do Censo
Em abril, o Congresso aprovou a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2021 com um corte de 96% da verba destinada para o Censo Demográfico, o que acabou por inviabilizar a realização do levantamento. De R$ 2 bilhões, o total de recursos para o recenseamento foi reduzido para R$ 71 milhões e, na sanção pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), para R$ 53 milhões.

Dias depois, acolhendo pedido do governador do Maranhão, Flávio Dino (PSB, então no PCdoB), o então ministro do STF Marco Aurélio Mello determinou que o governo federal adotasse medidas para fazer o estudo. A Advocacia-Geral da União (AGU) recorreu da decisão, alegando, entre outros motivos, dificuldades orçamentárias, mas o recurso foi rejeitado.

No plenário virtual, a maioria dos ministros votou a favor da realização do Censo em 2022 – tiveram esse entendimento Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Rosa Weber, Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux e Ricardo Lewandowski. Edson Fachin, além de Mello, queriam o levantamento ainda este ano, enquanto Nunes Marques considerou que não havia urgência no recenseamento.

Em junho, o Ministério da Economia liberou mais R$ 71,6 milhões de recursos suplementares para custear o pagamento, até o fim de 2021, dos servidores temporários já contratados para os preparativos do levantamento. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) trabalha com a previsão de iniciar a coleta de dados em 1º de junho de 2022


Imposto sobre grandes fortunas
Outro julgamento do STF que interfere diretamente no sistema tributário do país, mas que, neste caso, pode aumentar a arrecadação, diz respeito à criação de um imposto sobre grandes fortunas (IGF), conforme previsto na Constituição desde 1988. Uma ação direta de inconstitucionalidade por omissão (ADO) sobre o tema, protocolada pelo Psol em 2019, foi para o plenário virtual no fim de junho, mas acabou retirado por um pedido de destaque de Gilmar Mendes. Na petição, o partido pede que o Congresso seja declarado omisso por não ter criado até hoje o IGF.

Às vésperas de aposentar, Marco Aurélio Mello deixou voto favorável à ação. “Ante o cenário de crise econômica, a não instituição do imposto sobre grandes fortunas, considerado o potencial arrecadatório, revela omissão inconstitucional”, diz trecho do voto. “Passados 31 anos da previsão constitucional, que venha o imposto, presente a eficácia, a concretude da Constituição Federal. Com a palavra o Congresso Nacional.”

A Advocacia-Geral da União (AGU) e a Procuradoria-Geral da República (PGR) manifestaram-se contrárias ao pedido. Após a retirada do julgamento da sessão virtual, ainda não há previsão de quando o tema voltará à pauta da Corte.


Revisão da vida toda
Com placar empatado até o momento, o julgamento que vem sendo chamado de “revisão da vida toda” deve ser retomado no segundo semestre com grande expectativa por parte do governo e de um grupo de aposentados. Caso a ação seja julgada procedente, aposentados que foram prejudicados com uma mudança nas regras previdenciárias há mais de 20 anos terão direito a solicitar um reajuste retroativo em seus benefícios, com a inclusão de contribuições realizadas antes de julho de 1994.

O julgamento, de repercussão geral, analisa um recurso especial de Vanderlei Martins Medeiros, que argumenta que uma mudança nas regras previdenciárias foi injusta e, portanto, pede a revisão do benefício. Isso porque a Lei 9.876, de 1999, ao alterar a legislação sobre aposentadorias criou uma regra para quem já estava no sistema, desconsiderando as contribuições feitas antes de julho de 1999, . Embora a maior parte dos segurados tenha sido beneficiada com a medida, alguns foram prejudicados por ter histórico salarial invertido, ou seja, terem contribuído mais no período anterior a julho de 1994 e ter essas contribuições desconsideradas.

O caso começou a ser analisado no início de junho, mas foi suspenso, com um placar de cinco a cinco, devido a pedido de vista do ministro Alexandre de Moraes. Até o momento, votaram favoravelmente à revisão o então relator, Marco Aurélio Mello, Edson Fachin, Cármen Lúcia, Rosa Weber e Ricardo Lewandowski. Divergiram Nunes Marques, Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso, Gilmar Mendes e Luiz Fux. Como o Judiciário entrou em recesso em julho, o caso só poderá ser retomado a partir de agosto.

Segundo nota técnica da Secretaria de Previdência do Ministério da Economia anexa ao processo, o impacto financeiro da aplicação da tese seria da ordem de R$ 26,4 bilhões para o período de 2021 a 2029. Somado a esse valor, haveria um custo operacional de R$ 1,6 bilhão, considerando-se que metade das 3 milhões de aposentadorias por tempo de contribuição ativas desde 2009 requeresse ao menos uma estimativa de reajuste.

O Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP), que atua como amicus curiae no STF, defende a revisão e questiona os valores apresentados. “Não se tem a quantidade de ações ajuizadas, quantos segurados vão requerer. E vai ter que ser pela via judicial, porque administrativamente o INSS não reconhece a revisão. Tem uma série de fatores que permitem contestar esse valor”, diz o advogado Diego Monteiro Cherulli, vice-presidente da entidade.


Correção do FGTS
Já um julgamento que estava programado para maio, mas que acabou retirado da pauta do STF, pode gerar um impacto de mais de meio trilhão de reais. Trata-se da análise de uma ação direta de inconstitucionalidade (ADI) requerida pelo partido Solidariedade ainda em 2014 e que questiona a fórmula de correção monetária do saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). O reajuste é feito hoje com base na Taxa Referencial (TR) mais 3% ao ano, e a legenda pede que, em vez disso, seja utilizado um índice inflacionário, como o INPC ou o IPCA.

Na petição, é citado estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que mostra perda 48,3% nas contas do FGTS em relação à inflação apenas até 2013. Caso todos os cotistas do FGTS tivessem direito à correção pela inflação, um total de R$ 554 bilhões precisaria ser depositado nas contas de 60 milhões de pessoas que têm ou já tiveram saldo no fundo desde janeiro de 1999, segundo cálculo do Instituto Fundo de Garantia do Trabalhador (IFGT).

O julgamento da ADI foi marcado inicialmente para dezembro de 2019 e, em seguida, adiado para maio de 2020, quando acabou retirado de pauta. No dia 17 de dezembro de 2020, O STF agendou a decisão para 13 de maio de 2021, prazo que acabou suspenso mais uma vez. No fim de junho, um abaixo-assinado com mais de 10 mil assinaturas foi entregue ao Supremo pedindo que o presidente Luiz Fux agende o mais rapidamente possível o julgamento da ação.

Tributação do terço de férias
Outro julgamento que chegou a ser iniciado, mas acabou retirado do plenário virtual por pedido de destaque, diz respeito à tributação retroativa do terço de férias. Por ser entendido como de natureza indenizatória, o benefício não é incluído no cálculo da contribuição patronal desde fevereiro de 2014, quando houve fixação de posicionamento jurisprudencial nesse sentido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Em agosto de 2020, no entanto, o STF alterou o entendimento, decidindo pela constitucionalidade da tributação.

Como muitas empresas deixaram de recolher tributos sobre o terço constitucional de férias durante os últimos seis anos, o Supremo foi provocado a decidir se a mudança deve ter efeito retroativo ou se a cobrança do só poderá ser feita de agosto de 2020 em diante. De acordo com a Associação Brasileira de Advocacia Tributária (Abat), caso não haja a modulação da decisão, o impacto para as empresas deve ficar entre R$ 80 e R$ 100 bilhões, em benefício da União.

A discussão estava no plenário virtual, mas foi retirada em 7 de abril pelo presidente da Corte, Luiz Fux. Uma retomada do julgamento chegou a ser marcada para o dia 28 do mesmo mês, mas foi excluída do calendário uma semana antes. Até a suspensão, já haviam votado a favor da cobrança retroativa os ministros Marco Aurélio Mello, Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski. Por outro lado, os ministros Luís Roberto Barroso, Dias Toffoli, Rosa Weber, Cármen Lúcia e Edson Fachin entendem que a cobrança só pode ser feita a partir da decisão de agosto de ano passado. Além de Fux, falta se manifestar Nunes Marques.

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/economia/ativismo-economico-julgamentos-do-stf-geram-impacto-bilionario-sobre-contas-publicas/
Copyright © 2021, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

BOLSONARO E A GOVERNABILIDADE

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo

Presidente Jair Bolsonaro decidiu se aproximar ainda mais do “Centrão”.| Foto: Isac Nóbrega/PR

A nomeação de Ciro Nogueira (PP-PI) para a Casa Civil da Presidência da República marca um clímax nesse movimento progressivo de aproximação entre o governo Bolsonaro e o chamado “centrão”. O movimento foi defendido pessoalmente pelo Presidente, tendo como motivação a necessidade, segundo ele mesmo, de governabilidade, para garantir a aprovação de reformas e outras pautas importantes para o país.

Desde as costuras para a eleição de Arthur Lira (PP-AL) para a Presidência da Câmara, o governo tem abandonado sua retórica inflamada de renegar a “velha política”, o “toma lá dá cá” e outras práticas que infelizmente vem marcando a atuação do Executivo nacional desde a promulgação da Carta d 1988. Esse tipo de sistema político, em que um Poder eleito pelo voto majoritário é forçado a negociar super maiorias parlamentares com uma maçaroca indistinta de mais de 30 partidos sem identidade ideológica ou coerência programática tem sido definido pela Ciência Política nacional como “presidencialismo de coalizão”.

A escolha por essa via de ação se deu depois de quase dois anos de conturbada relação com o Congresso Nacional. Bolsonaro parece ter vacilado entre a ameaça de uma agenda plebiscitária, inflamando seus apoiadores para manifestações de apoio ao Presidente, e longos momentos de “jogo parado”, em que o Presidente era sucessivamente derrotado no Parlamento sem que isso desencadeasse um processo de aproximação entre os Poderes. Somente após o avanço da pandemia e a consequente perda da popularidade as relações entre Executivo e Legislativo parecem ter se aproximado de um nível de interlocução minimamente razoável.

É certo que optar por usar da repartição do erário com partidos fisiológicos não é o único jeito de governar no atual arranjo institucional. Com um pouco mais de habilidade, o Presidente poderia ter apresentado sua agenda de governo publicamente para a sociedade e para o Parlamento, criando espaços de negociação e debate para que consensos mínimos pudessem ser alcançados. A publicização e a transparência na apresentação e no debate das propostas submeteria o trabalho dos parlamentares ao escrutínio do eleitorado. Mesmo em meio ao chamado “centrão”, há representantes legítimos de grupos de pressão e políticos com boa vontade, que não se furtariam à construção coletiva de alternativas em prol do bem comum. Agendas com alcance mais limitado certamente ficariam travadas nesse processo, mas não necessariamente as reformas mais importantes para o futuro do país.

Fez-se uma escolha, portanto. Não é a melhor, mas não se pode dizer que essa escolha não seja em alguma medida minimamente legítima ou tolerável, desde que a formação de super maiorias parlamentares não envolva esquemas de corrupção como os ocorridos no Petrolão ou no Mensalão. Por isso, é importante que o Poder Executivo não deixe de lado definitivamente o compromisso com o combate à corrupção que foi um dos motes das promessas de campanha de 2018. Desde as Jornadas de Junho de 2013, nenhum governante brasileiro pode se dar ao luxo de ignorar o clamor popular em prol da construção de uma democracia mais transparente, com mais rigor nos gastos públicos e eficiência do Estado. As massas não têm dono e a insatisfação contra a “velha política”, com todos os seus riscos e possibilidades, permanece latente numa sociedade que pode se ver livre muito em breve das ameaças do contágio e das exigências de distanciamento social.

Mais um furo no dique da Ficha Limpa
Mas mais importante do que isso, o fato é que, uma vez que o governo capitulou, por assim dizer, e cedeu aos imperativos da governabilidade nos moldes dos últimos mandatos presidenciais, há algo, no entanto, que não se pode tolerar: é que não se anuncie em bom tom e de maneira clara em vista de que objetivos concretos ocorreu esse movimento. Não pode tratar-se apenas de uma estratégia de permanência no poder, embora tudo aponte nesse sentido. Essa concessão em prol da governabilidade precisa significar algum ganho para um país carente de boas notícias. O Brasil enfrenta desemprego elevado, crescimento da inflação, grande endividamento das famílias e uma pandemia que significou não somente a morte de mais de 500 mil pessoas, como a desestruturação da vida econômica e familiar de milhões de outras. Já que o presente esforço de acomodação se deu em prol da “governabilidade”, o Presidente precisa apresentar com convicção, clareza e razoabilidade uma agenda positiva que mostre para a sociedade em prol do quê ela vem: que reformas se pretende aprovar, que medidas concretas e que plano de ação robusto se quer ver validado pelo Legislativo.

A recuperação acelerada da economia e o boom das commodities apresentam as condições e a oportunidade para uma atuação corajosa e convergente entre os poderes que possa iniciar uma transformação sustentável do país. Bolsonaro precisa demonstrar que as concessões não irão se restringir a gerar benefícios para “caciques” do Congresso, mas também para todos os brasileiros e, sobretudo, para aquelas pessoas que mais precisam, num dos momentos mais delicados da história nacional. Não é só seu futuro político ou a vida de milhões de brasileiros que dependem disso, mas a própria estabilidade democrática, que é condição do nosso progresso enquanto nação.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/editoriais/bolsonaro-o-centrao-e-a-governabilidade/
Copyright © 2021, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

JUSTIÇA BRASILEIRA NÃO QUER O VOTO IMPRESSO

 

Eleições
Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo

Cronograma de Carga e Lacração – preparação da urnas para o 2° turno das Zonas Eleitorais do Paraná – Tags: eleições2018, eleições, voto, sufrágio, Tribunal, urna eletrônica. Fotos: André Rodrigues

| Foto: André Rodrigues/Arquivo Gazeta do Povo

Uma questão que está sendo discutindo agora, e inclusive pela qual estão preparando uma grande manifestação para o dia 1º, é a transparência da apuração e garantia do voto. É algo tão óbvio, e eu fico me perguntando que intenção têm as pessoas que não querem que a gente tenha segurança no nosso voto e na apuração.

Eu sei que partidos como o PDT, PCdoB, MDB e mais de 70% do Congresso aprovaram três leis que entraram em vigor mas foram derrubadas pela Justiça e que tratam do tema. Por que a Justiça não quer? É tudo tão estranho, é algo tão óbvio. É tão estranho quanto alguém dizer “se você ficar doente, não pode ser tratado logo”. Ou “se você quiser se defender, você não pode se defender”. Há campanhas fazendo isso também, que negam direitos fundamentais.

É um assunto que o povo vai demonstrar o seu apoio nas ruas, e depois vai se discutir isso no Congresso Nacional. É assunto que já foi decidido várias vezes. Já houve eleição municipal, em 2002, por exemplo, em 150 municípios, em que teve voto impresso. Mas depois a Justiça derrubou.

O primeiro projeto, a primeira lei, foi de autoria do Roberto Requião, do Paraná. Depois, veio uma de autoria do Flávio Dino, que hoje é governador do Maranhão, e de Brizola Neto, atendendo a uma luta do avô dele, Leonel Brizola, pelo voto comprovante. Ele não confiava nas urnas eletrônicas. Aliás, toda questão digital não tem 100% de segurança. Só o que está sendo pedido é a segurança.

200 anos da independência do Brasil
Nosso ministro de relações exteriores foi surpreendido em Lisboa por uma pergunta sobre os festejos dos 200 anos de independência do Brasil. Portugal já tomou a iniciativa e se adiantou, nomeando um embaixador especial para acompanhar os festejos, em nome da matriz.

E há um decreto do presidente da República criando uma comissão dos festejos. Mas, até agora, não sei se por conta da pandemia, isso foi paralisado. E 7 de setembro de 2022 está aí, em comemoração de 200 anos que Dom Pedro I separou o Brasil de Portugal, e passamos a ser uma nação independente.

Os EUA fizeram uma grande comemoração no bicentenário. Eu cobri, pelo Jornal do Brasil, o centenário da independência. Os restos de Dom Pedro I vieram de Portugal, percorreram todas as capitais brasileiras. Foi uma comemoração imensa, em 1972, preparada com prazo suficiente para fazer uma grande festa. Eu acho que nós merecemos.

NEWSLETTER
Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/alexandre-garcia/voto-impresso-por-que-a-justica-nao-quer-e-tao-obvio/
Copyright © 2021, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

MORDOMIA DOS SENADORES

 

Líder do Centrão

Por
Lúcio Vaz – Gazeta do Povo

Ciro Nogueira abraça o presidente Jair Bolsonaro em inauguração de ponte no Piauí, em 20 de maio.| Foto: Reprodução/Facebook

Aviões fretados, combustível para jatinhos, hotéis de luxo, jantares nababescos e viagens internacionais caras — tudo pago pelo contribuinte. Essa foi a rotina no Senado de Ciro Nogueira (PP-PI), que agora vai assumir o cargo de ministro-chefe da Casa Civil, para fazer a coordenação política do governo Bolsonaro. Desde 2011, ele gastou R$ 1,5 milhão com combustível para aviões mais R$ 1 milhão com fretamento de aeronaves. Nos 16 meses de pandemia da Covid-19, ele torrou R$ 464 mil com abastecimento de aeronaves. Nesse período, fez apenas sete voos em aviões de carreira para Teresina.

Ciro frequentou restaurantes refinados em Brasília, no Piauí e em São Paulo. Em dezembro de 2011, Nogueira gastou R$ 7,4 mil no restaurante Coco Bambu Frutos do Mar, no Setor de Clubes Sul — valor equivalente a oito salários mínimos na época. Consumiu mais R$ 3 mil no restaurante português A Bela Sintra em abril de 2013. Mas não deixou de lado as churrascarias, onde gastou R$ 21 mil com 32 refeições. Também frequentou os sofisticados Nakkae e Amadeus, no bairro nobre paulista Cerqueira César.

O senador nunca explicou o que fazia em São Paulo nos finais de semana, com restaurantes, hotéis e passagens aéreas pagas pelo Senado. Os senadores também contam com verba para hospedagem. As três estadias mais caras foram no hotel Emiliano, justamente no bairro Cerqueira César, nos valores de R$ 7 mil, R$ 6 mil e R$ 5,5 mil, todas em 2012. Todos os valores da reportagem foram atualizados pela inflação.

Ciro também esteve hospedado no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, onde por duas vezes gastou R$ 3,5 mil. No hotel Samurai, no Leblon, a despesa chegou a R$ 3,9 mil. Também esteve no Windsor Barra Hotel, onde teve encontro com o prefeito Eduardo Paes. A conta ficou em R$ 1,3 mil.

O Senado permite que os senadores paguem despesas de convidados em suas refeições. Em agosto de 2014, ele registrou que fez despesas com alimentação em evento politico no estado com o prefeito Firmino Filho mais três convivas. A “boca livre” custou R$ 1,8 mi. Em julho do mesmo ano, ele levou a senadora Ana Amélia e o deputado Eduardo da fonte para almoçar na churrascaria Rodeio. O contribuinte pagou a conta: R$ 844.

A partir de junho de 2019, o Senado passou a exibir a nota fiscal das despesas dos senadores. Com a exposição, Ciro passou a fazer despesas menores nos restaurantes — a média caiu de R$ 420 para R$ 204. Mas ele manteve algumas refeições mais caras. Em agosto do ano passado, gastou R$ 687 num almoço na Churrascaria Rodeio e R$ 695 no restaurante Marcelo Petrarca. Na Rodeio, só a picanha para duas pessoas saiu por R$ 318 mil — mais do que um “auxílio emergencial”.


Aviões e carrões fretados
Ciro Nogueira costuma fretar aviões para visitas a municípios do Piauí, sua base eleitoral. Em julho de 2012, investiu R$ 24 mil num fretamento para visitar Bom Jesus. No ano seguinte, gastou mais R$ 24 mil para visitar Parnaíba e Floriano. Voou pela Top Line Táxi Aéreo. Mas o aluguel mais caro foi para Fátima e Bom Jesus, em abril de 2013, quando pagou mais R$ 32 mil para a Ceará Taxi Aéreo. Os 90 voos fretados tiveram custo médio de R$ 11,7 mil.

Nos últimos anos, Ciro continua usando aeronaves, mas tem optado por investir o dinheiro do contribuinte em combustível para aeronaves. Neste ano, os maiores gastos foram em junho — R$ 66 mil. Só a nota fiscal no dia 21, emitida em Teresina, tem o valor de R$ 10 mil. Lá está especificado: combustível para aviões a turbina. Em dezembro do ano passado, a gastança com o combustível para aviões chegou a R$ 84 mil.

Ciro também aluga automóveis, mas não é qualquer um. Ele já investiu R$ 714 mil nessas locações — com o dinheiro do contribuinte, claro. O aluguel das camionetes Trailblazer custou R$ 8 mil por mês. No caso da Pajero, R$ 12 mil. Os veículos Land Rover Discovery foram locados em 2011 e 2012 por R$ 25 mil, em média. Foram 10 fretamentos no valor de R$ 250 mil.


Viagens pelo mundo
O novo ministro da Casa Civil também viajou pelo mundo com dinheiro público. As despesas somaram R$$ 694 mil. Só as passagens aéreas custaram R$ 457 mil. As diárias, mais R$ 236 mil. A viagem mais cara foi para Hanoi, no Vietnã, onde o senador cumpria missão na União Interparlamentar, em março de 2015. A passagem saiu por R$ 42 mil. Incluindo as diárias, a despesa fechou em R$ 56,8 mil. No mesmo ano, esteve também no Fórum Parlamentar do Brics, em Moscou. A despesa chegou a R$ 45,6 mil, sendo R$ 40 mil de passagem.

Em março de 2016, esteve na Cidade do Cabo, na África do Sul, para participar de conferência para assegurar o direito de todos à nacionalidade. Mais um gasto de R$ 45 mil. Em novembro de 2016, o senador esteve também em Washington, onde esteve no workshop sobre o consumo inteligente e responsável de bebidas alcoólicas. Só a passagem custou R$ 28 mil. A conta fechou em R$ 35 mil. Ele também esteve em Nova Iorque, Paris, Genebra, Roma, Paris, Ottawa, Moscou, Marraquexe, entre outras.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/lucio-vaz/conheca-as-mordomias-que-ciro-nogueira-usufruiu-no-senado/
Copyright © 2021, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

DITADURA CUBANA ESTÁ BALANÇANDO

 

Protestos populares

Por
Helen Mendes
e

Por
Isabella Mayer de Moura – Gazeta do Povo

Policiais prendem manifestantes em frente ao capitólio de Cuba durante os protestos de 11 de julho em Havana.| Foto: Ernesto Mastrascusa/Agência EFE/Gazeta do Povo

Repressão, perseguição, intimidação e uma tímida sinalização de “boa vontade” do regime para tentar aliviar as pressões econômicas do dia a dia que pesam sobre os cubanos. É assim que Miguel Díaz-Canel está respondendo aos protestos de 11 de Julho, que pegaram as autoridades castristas de surpresa e lembraram ao mundo que a ilha é governada por uma ditadura brutal.

As marchas por liberdade representaram uma rachadura na estrutura de poder comunista. Porém, o caminho para uma transição democrática promete ser longo. Pressão internacional, uma oposição mais bem organizada e dissidências entre as autoridades do regime são alguns dos fatores apontados por analistas ouvidos pela Gazeta do Povo para que o movimento pró-liberdade e pró-democracia tenha sucesso em Cuba.

Como o regime cubano mantém o poder?
Ao contrário das ex-repúblicas soviéticas, os Castro mantiveram o comunismo vivo em Cuba após a queda da União Soviética, que até fim dos anos 1990 era grande apoiadora do regime cubano.

Após o baque econômico inicial, a ditadura castrista procurou outras fontes de renda, que foram encontradas principalmente no turismo; na assistência militar à Venezuela, que em troca fornecia combustíveis; e no envio de dólares de cubanos no exterior para familiares na ilha.

Ainda, uma das principais fontes de renda de Havana é a exportação de serviços de saúde, por meio programas como o Mais Médicos – criticados por organizações internacionais, como a Human Rights Watch, por violar os direitos humanos dos profissionais enviados para prestar serviço fora do país.

Nos 60 anos em que está no poder, a ditadura aprimorou seus métodos de controle social, impossibilitando a existência de uma oposição. O sistema cubano de partido único não permite a dissidência política e atua para reprimir movimentos contrários ao regime.

O aparato de segurança estatal cubano conta com um número expressivo de informantes, cidadãos comuns que vigiam atividades de vizinhos e relatam ações ilegais, como fazer compras no mercado negro, desobedecer ordens do Partido Comunista ou participar de movimentos de oposição.

A ditadura conta também com a polícia secreta para esse controle. Estima-se que a proporção de agentes da polícia secreta na população cubana seja maior do que a da infame Stasi, que atuava em Berlim Oriental.

“Cuba desenvolveu, em 60 anos, métodos de espionagem entre pares muito potentes”, diz Carmen Beatriz Fernández, consultora política e acadêmica e professora na Universidade de Navarra (Espanha). “É um mecanismo herdado da União Soviética e da Alemanha Oriental. Em Cuba, não se podia mover uma mosca sem que um funcionário do governo soubesse”.

Esse modelo de controle social “provavelmente vai isolar o regime cubano de qualquer forma de colapso iminente”, avalia Ryan C. Berg, pesquisador do Center for Strategic & International Studies (CSIS), um grupo de pesquisas em Washington (EUA).

Antes dos protestos de 11 de Julho, o sistema de controle social era muito eficiente em coibir a dissidência antes que ela se tornasse um “problema”. Se alguém está conspirando ou planejando um protesto, a inteligência do regime ficava sabendo muito antes.

No entanto, Carmen Fernández diz que o regime foi surpreendido pelos protestos de 11 de julho, que o aparato de controle social não pôde controlar. Os protestos, por serem espontâneos, romperam esse sistema de dominação, disse ela.

Os protestos podem provocar a mudança?
Os especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo são cautelosos na avaliação sobre a possibilidade de mudança do regime cubano a partir dos recentes protestos.

Apesar do descontentamento da população e da ousadia dos que saíram às ruas, ainda é cedo para dizer se haverá mudança política em Cuba.

“Se [os protestos] são o princípio de uma mudança do regime, eu não sei. E acredito que ninguém saiba”, opina Carlos Malamud, analista sênior para América Latina no Elcano Royal Institute, grupo de pesquisa com sede em Madri, Espanha.

O que falta para que o regime caia?
Para Malamud, a mudança vai depender “da capacidade do regime de manter suas fileiras sem grandes rupturas, sem grandes contradições internas”.

“Na medida em que comecem a aparecer dissidências internas, poderia ter início uma situação diferente”, diz o especialista.

Casos de dissidência dentro da estrutura de governo de Cuba têm sido raros nesses 60 anos e, até o momento, não houve grandes sinais de dissidências após os recentes protestos.

A imprensa inicialmente relatou que o vice-ministro do Interior, Jesús Manuel Burón Tabit, que supervisiona forças policiais e de segurança, havia pedido demissão no dia 14 de julho, devido ao excessivo uso da força contra os manifestantes. Mas logo em seguida a informação foi negada pelo regime.

Embora a demissão da autoridade do Ministério do Interior tenha sido negada, há relatos de alguma dissidência interna entre gerações mais novas e mais velhas nas forças armadas, segundo disseram fontes ao jornal espanhol ABC. Porém, essas fissuras não devem ser o suficiente para ameaçar a segurança do regime, dizem pesquisadores do CSIS.

Além disso, as chances de mudança irão depender também de como a oposição conseguirá se articular em um movimento mais organizado que o atual.

A oposição cubana, além de ser fragmentada e descentralizada, também é infiltrada pelas forças de segurança e serviços de inteligência, frisa Malamud. “Isso evidentemente complica que no futuro se coloque em marcha um movimento mais coordenado”.

Rafael Cox Alomar, professor de Direito na Universidade de Harvard, concorda: “A oposição política em Cuba parece estar grandemente fragmentada, sem estratégia ou liderança visíveis – elementos indispensáveis para alcançar o sucesso de longo prazo”, disse Alomar ao Harvard Law Today.

A pressão internacional também pode ser um fator chave para uma transição democrática na ilha. Embora muitos cubanos que vivem no exterior estejam pedindo por uma intervenção militar americana na ilha, não há vontade política para que isso ocorra, como já deixou claro o presidente do Comitê de Relações Exteriores do Senado dos Estados Unidos, o democrata Bob Menéndez.

Contudo, há outras formas de pressão internacional, advogadas por cubanos no exílio, que poderiam enfraquecer a ditadura. Eles citam o corte das relações diplomáticas com Cuba, fim do financiamento ao regime – principalmente por meio de negócios com empresas controladas pelos militares -, assistência para os dissidentes e para os que lutam pela democracia, além de garantir que os cubanos na ilha possam ter acesso à serviços de internet e telefonia.

“Uma maior pressão internacional tem a ver, principalmente, com a questão econômica”, afirma Carmen Fernández, citando que, a não ser que um país venha socorrer o regime, Cuba se veria forçada a abrir sua economia.

Os especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo acreditam ser muito difícil que a China, embora tenha demonstrado apoio a Díaz-Canel, atue como um financiador do regime por questões geopolíticas, já que a presença do gigante asiático na América Latina é muito mais pautada pelos negócios.

Com a ausência de um “patrocinador” estrangeiro e eventuais sanções ao regime e aos negócios com os militares, os números econômicos em Cuba poderiam aumentar a indignação popular, levando as autoridades a escolher entre uma transição negociada ou aumento da repressão.

Por fim, Fernández lembra que um dos fatores que mais devem influenciar o futuro da ilha é como vão agir as pessoas que estão no entorno do governo, que se beneficiam do status quo – aquelas que compareceram nos atos em apoio à ditadura, convocados para fazer frente aos protestos.

“Elas vão se perguntar: o que vai acontecer comigo, com minha família. Se a reposta for a prisão ou mortes, elas tendem a continuar do lado do regime. Por isso é importante que essas pessoas sintam que pode haver incentivos para uma transição”, concluiu a analista espanhola.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/o-que-falta-para-a-ditadura-cubana-cair/?ref=escolhas-do-editor
Copyright © 2021, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

domingo, 25 de julho de 2021

ANSIOSIDADE NA PANDEMIA DO CORONAVÍRUS

 

Por
Francisco Escorsim – Gazeta do Povo

Imagem ilustrativa.| Foto: Fotorech/Pixabay

Todo ansioso é uma pessoa à frente do seu tempo. Antes da pandemia chegar por aqui, por exemplo, soube de vários que já haviam pegado Covid-19 umas três vezes. Achei pouco científico, mas como eu mesmo tinha sido re-infectado antes dos idos de março de 2020 chegarem, fiquei incerto e consultei o Átila Imunizando, que era o visionário oficial da época.

Como ele tinha afirmado, com a falta de serenidade no olhar e na fala típica de um Messi da ansiedade, que até agosto do ano passado teríamos 1 milhão de mortos por aqui, não havia mais como ignorar a realidade que eu já estava infectado pela terceira vez. E, olha, na terceira é pior, viu? Os anticorpos desistem de você, sério. Devo ter morrido ao menos duas vezes naquela época.

Agosto de 2021 está chegando e ainda faltam em torno de uns 500 mil mortos para a previsão se concretizar, mas um ansioso jamais mira o passado, apenas agradece pelo presente de vida (in)tensa e teme o futuro da morte certa. Quem garante que não estarei entre os futuros 900 mil mortos? Porque certamente haverá 3 trilhões de cadáveres da Covid-19 até dezembro, com a chegada da variante Delta.

Ainda bem que temos as vacinas, ao menos. Queria tomar umas 4 doses, uma de cada tipo, para ter ao menos uns 10% de chance de sobrevivência, mas ainda não há venda disponível e o poder público fica aí genocidamente aplicando apenas uma e deixando a segunda para quando o carnaval chegar. Até quando?

Aliás, peguei a covid-19 pela quarta vez, semanas atrás. Vinha chegando o dia da minha idade ser chamada para o Pavilhão da Cura em Longas Filas com Aglomeração Espaçada Mais ou Menos, aí, já viu, tive a doença junto com a reação antecipada da vacina. Foi terrível, praticamente nasci de novo. E posso provar.

Faltavam duas semanas para o dia estimado. Encontrei com alguns amigos, por pouco tempo, mas o suficiente para a minha mente contaminar o vírus, abrindo um portal dentro de mim como um Thanos, trazendo a doença.

Fiquei atento aos primeiros sintomas. Não cairia no erro de março do ano passado, quando segui o protocolo Mandetta de não procurar hospital se não estivesse com falta de ar. Agora, ao menor sinal, me auto-intubaria. Para aumentar minhas chances até chegar no hospital.

Pois os dias foram passando e eu acalmando porque nem sinal de nada, até que no quinto dia desde aquele encontro um mal estar me tomou e sintomas de rinite me atacaram como a Alemanha em 2014 no Maracanã. E agora, dr. Fauci? Até hoje aguardo resposta ao meu e-mail…

Foram três dias torturantes, afinal, o tal do PCR só poderia ser feito depois de uns dias de sintomas. Nem Jesus Cristo passou pelo que passei, pois ele teve apenas uma noite no horto das Oliveiras, morrendo no dia seguinte para ressuscitar no terceiro, enquanto eu passei três dias inteiros suando sangue antes de confirmar que morreria.

No dia do exame, o primeiro desse inverno polar que vivemos aqui em Curitiba, os termômetros marcavam temperatura abaixo de zero e quando cheguei à farmácia, crente que seria o primeiro a ser atendido, surpreendi-me com um velhinho brigando com o farmacêutico porque seu remédio teria sido vendido já aberto, pelo que entendi.

“Tô com covid, quero fazer o teste”, disse com firmeza e muita serenidade, ao que o velhinho quase caiu sobre as prateleiras com várias marcas de gel lubrificado, saindo correndo, esquecido do remédio semi-aberto. O atendente, em agradecimento, fez rapidamente o teste. Não sei dizer o que se passou nos 15 minutos que fiquei aguardando o resultado, pois estive falecido, só lembro de pedir para ele repetir quatro vezes o resultado.

“Há na vida momentos privilegiados nos quais parece que o Universo se ilumina, que nossa vida nos revela sua significação, que nós queremos o destino mesmo que nos coube, como se nós próprios o tivéssemos escolhido”, escreveu o filósofo Louis Lavelle sobre o momento que vivi quando entendi que o teste deu negativo.

Entretanto, os sintomas não desapareceram, ao contrário, pioraram. O que parecia uma crise de rinite virou uma gripe mais forte nos dias seguintes, com uma dor de cabeça constante. “E se o exame deu falso negativo?”, mortifiquei, morrendo de novo.

Faltando 48h para me vacinar, a gripe parecia ter ido embora, mas a reação da vacina já era realidade, dando-me uma dor de cabeça forte e constante. Ainda assim, fui vacinar, afinal, nem toda nuvem engendra tempestade.

Você é um obeso político mórbido?
Como bom ansioso, preparei-me para as próximas 48h selecionando uma série para maratonar, remédios para a reação, chás, muitos cobertores e um testamento. Mas graças a Deus, não senti nada além da dor de cabeça já existente e passado o período possível da reação, até a dor de cabeça se foi como se não tivesse vindo. Nasci de novo, portanto.

Você pode estar achando que sou hipocondríaco. Não sou, mas entendo ser confortável pensar assim, transforma em aceitável a sua ansiedade. Mas só vai durar até você passar por alguma situação crítica de risco altíssimo de morte, como a do aviso de que o porteiro do seu prédio testou positivo para Covid-19. Quando isso acontece, todo ansioso vira um mártir incompreendido.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/francisco-escorsim/cronica-de-um-ansioso-com-covid-mental/
Copyright © 2021, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...