sábado, 24 de julho de 2021

CPI QUER INVESTIGAR MILITARES DO GOVERNO

 

Foco de conflito
Por
Olavo Soares – Gazeta do Povo
Brasília

Os cabeças da CPI da Covid: Renan Calheiros, relator; Omar Aziz, presidente; e Randolfe Rodrigues, vice-presidente.| Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

A retomada da CPI da Covid do Senado após o fim do recesso parlamentar manterá a investigação de militares entre suas prioridades. Integrantes das Forças Armadas, na ativa ou da reserva, são vinculados a algumas das denúncias sob o radar do colegiado, como a de um suposto superfaturamento na compra de vacinas. A CPI, porém, enfrenta um dilema: como promover as investigações sem intensificar a crise instalada entre a cúpula militar e o Congresso? A resposta, segundo membros da comissão, é enfatizar que as investigações se darão sobre indivíduos, e não sobre as instituições.

“Apesar de [os citados] serem militares, as investigações estão sendo feitas sobre a época em que exerceram cargos como civis e não como militares. Na CPI, temos cuidado para apurar com responsabilidade qualquer um, seja militar ou não”, disse à Gazeta do Povo o presidente da comissão, o senador Omar Aziz (PSD-AM).

A necessidade de se evitar o confronto ganhou corpo na quinta-feira (22), após reportagem de O Estado de S. Paulo contar que o ministro da Defesa, Braga Netto, teria dito ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que o governo não permitiria a realização de eleições em 2022 se o voto impresso não fosse implantado. O jornal sustenta também que a conduta do ministro se explicava pelos avanços da CPI e as investigações que comprometem o governo do presidente Jair Bolsonaro.

Tanto Braga Netto quando Lira negaram o conteúdo da reportagem, que foi mantida pelo Estadão. O texto motivou reações de parlamentares de diferentes correntes, que viram tendências golpistas na postura atribuída ao ministro da Defesa.

Ainda antes do episódio mais recente, Braga Netto já havia se indisposto com a CPI. No último dia 7, o ministro e os comandantes de Exército, Marinha e Aeronáutica divulgaram uma nota em que diziam que “não aceitarão qualquer ataque” vindo da comissão. A fala foi motivada por um pronunciamento feito por Aziz no dia anterior, quando a CPI recebeu Roberto Dias, ex-diretor de logística do Ministério da Saúde.

Na ocasião, Aziz disse que o “lado podre das Forças Armadas” tinha conexão com falcatruas. O senador chamou a nota dos militares de “desmedida e intimidatória”, mas declarou que o texto “não vai parar a CPI”. ” É nosso trabalho, é nossa obrigação garantir justiça aos mais de 540 mil mortos e aos milhares que ficaram com sequelas da Covid-19″, acrescentou.


Ministro da Defesa teve convocação para depor aprovada na CPI
Braga Netto é uma das pessoas que já tiveram sua convocação à CPI aprovada, mas sem data para realização do depoimento. O senador Humberto Costa (PT-PE) foi o autor de dois requerimentos pedindo a presença do ministro. Elaborados em maio e junho, quando as denúncias de corrupção ainda não eram a principal prioridade da CPI, as requisições abordam a fabricação de cloroquina por laboratórios do Exército e a utilização de aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) para o transporte de cilindros de oxigênio.

As notícias recentes, porém, devem nortear a eventual participação de Braga Netto na comissão parlamentar. A avaliação é do próprio senador do PT. “Ele foi chamado à CPI porque era o coordenador de um grupo interministerial para combater a pandemia. Mas o fato de hoje [quinta-feira] é algo que ameaça o Estado democrático. Não há como negar que isso aumenta muito o mau-humor em relação a ele dentro da CPI. Isso pode estimular a realização da sessão”, declarou Costa.

O parlamentar também adota o discurso da necessidade de se distinguir os militares investigados e as Forças Armadas. “Ninguém fez nenhuma acusação às Forças Armadas como instituição”, declarou.

“A CPI dá uma demonstração clara de que foi um grande equívoco colocar militares da ativa para o exercício de cargos civis. E, tomada essa decisão, não é possível que eles queiram um tratamento diferenciado. Responderão como qualquer pessoa que está exercendo um cargo civil”, acrescentou.

Documentos e mais documentos
A cúpula da CPI determinou que, já durante o período do recesso, a comissão será dividida em sete núcleos. Os subconjuntos analisarão temas como contratos suspeitos, a presença de intermediários para a compra de vacinas e a divulgação de informações falsas sobre a pandemia.

Não há, entre os grupos, um específico para abordar as questões relacionadas aos militares. Mas episódios que envolvem membros das Forças Armadas estão presentes em quase todos os grupos da comissão. Por exemplo, a investigação sobre intermediárias resvala na atuação do coronel Elcio Franco, ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde, e de Roberto Dias, que também tem origem militar. E um dos grupos, conduzido pelo senador Rogério Carvalho (PT-SE), abordará a utilização da cloroquina contra a Covid-19.

O Exército chegou a enviar à CPI um relatório sobre a produção de cloroquina em seus laboratórios. O documento foi uma resposta a uma requisição elaborada pelo relator da CPI, o senador Renan Calheiros (MDB-AL). No texto, o Exército diz, entre outras informações, que distribuiu 2,4 milhões de comprimidos de cloroquina em 2020. Em 2019, ano anterior à deflagração da pandemia de Covid-19, não houve distribuição do medicamento.

A CPI também pediu a relação de documentos conectados com a exoneração de Dias do Ministério da Saúde, que se deu durante a gestão do general Eduardo Pazuello.

Os documentos sobre os militares se somam a outros sobre diferentes temas que levam a CPI a ter um acervo de mais de 1 terabyte de conteúdo, que está sob análise dos parlamentares durante o período de recesso.


Quem são os militares no radar da CPI


Eduardo Pazuello: general do Exército e ministro da Saúde entre maio de 2020 e março de 2021. Ele já depôs à CPI em duas ocasiões e alguns parlamentares defendem nova convocação. Pazuello estaria por trás de ações como o estímulo ao tratamento precoce e o retardamento da compra de vacinas. Mais recentemente, foi também envolvido nas denúncias de corrupção, após a divulgação de um vídeo que o mostrou, na condição de ministro, dialogando com empresários que queriam vender a Coronavac ao Ministério.


Elcio Franco: general do Exército, ex-“número 2” da Saúde e ainda ocupante de cargos de confiança no governo. Franco teria, segundo as acusações, ligação com o esquema que privilegiaria a compra das vacinas Covaxin. Ele foi citado pelo servidor Luís Ricardo Miranda, irmão do deputado Luís Miranda (DEM-DF). A menção levou Franco a dar uma entrevista coletiva ao lado do ministro Onyx Lorenzoni (Secretaria-Geral) para tentar rebater as declarações do parlamentar.


Alex Lial Marinho: tenente-coronel do Exército e ex-integrante do Ministério da Saúde. Segundo Luís Ricardo Miranda, irmão do deputado, Marinho teria sido um dos principais autores das pressões que recebeu para agilizar a aquisição da vacina Covaxin.


Marcelo Bento Pires: coronel do Exército, também mencionado por Luís Ricardo Miranda como um dos autores das pressões para a Covaxin.


Luciano Dias Azevedo: tenente da Marinha que redigiu a minuta da nova bula da cloroquina, que mencionaria o medicamento como eficiente para o combate à Covid-19. Apesar de figurar formalmente como investigado na CPI, porém, Azevedo teve seu nome relegado ao segundo plano na comissão, já que o foco recente das investigações se pautou mais nas denúncias de corrupção.


Marcelo Blanco: tenente-coronel do Exército. Ele teria sido um dos participantes do jantar em que Roberto Ferreira Dias, de acordo com a acusação, pediu propina para garantir que o Ministério da Saúde adquirisse vacinas intermediadas pela Davati.


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BUTANTAN ALEGA QUE NÃO TEM FRAUDES NOS CONTRATOS

 

Vacinas
PorGazeta do Povo

Vacina – Foto: Américo Antonio/SESA

Butantan rebateu declarações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro.| Foto: Américo Antonio/SESA

O Instituto Butantan rebateu declarações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro sobre suposto sobrepreço da vacina Coronavac. Nesta semana, o presidente afirmou que o governo federal recebeu ofertas da Sinovac, empresa chinesa responsável pelo desenvolvimento da vacina, de US$ 5 por dose, enquanto o preço cobrado pelo Butantan é de US$ 10. A informação foi divulgada pelo portal Metrópoles.

Segundo o Instituto, o valor de US$ 5 por dose era referente a um lote de 500 mil doses. “É de conhecimento do Butantan que no início do mês de julho o consórcio Covax Facility ofertou vacinas ao Ministério da Saúde. A quantidade, de apenas 500 mil doses, faz parte de um lote de 20 milhões de vacinas, a preço de custo”, disse o Butantan.

Bolsonaro disse que solicitou a abertura de investigações no Tribunal de Contas da União (TCU), na Controladoria-Geral da União (CGU), e pediu esclarecimento ao Ministério da Saúde. A pasta fechou contrato com o Butantan para comprar 100 milhões de doses da Coronavac.

“O valor final das vacinas ofertadas pelo Butantan inclui todas as despesas ordinárias diretas e indiretas, incluindo o preço pago à SinoVac, os custos de importação (taxa de administração, frete, seguro do produto, tributos e impostos), os custos de produção (envase, recravação, rotulagem e embalagem), custos dos testes de qualidade, administrativos e regulatórios, armazenagem e transporte”, ressaltou o Instituto Butantan.


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CAMINHOS PARA O SUCESSO

 

Artigo
Por
José Pio Martins – Gazeta do Povo

São Beda, por James Doyle Penrose.| Foto: Reprodução/Wikimedia Commons

São Beda, monge inglês que viveu de 673 a 735, disse: “Há três caminhos para o fracasso: não ensinar o que se sabe, não praticar o que se ensina, não perguntar o que se ignora”. O professor Mario Sergio Cortella, meu colega londrinense, gosta de citar São Beda para dizer, invertendo as frases, que o caminho do sucesso passa por ensinar o que se sabe, praticar o que se ensina e perguntar o que se ignora.

Muitos pensam que as frases são do próprio Cortella, mas ele já disse que elas são autoria de São Beda. Cortella enriqueceu os conselhos de São Beda ao dizer que ensinar o que se sabe é generosidade mental, praticar o que se ensina é coerência ética, e perguntar o que se ignora é humildade intelectual.

Refletindo sobre esse ensinamento, útil e belo como regra de vida, em especial para quem exerce função de liderança, lembrei dos políticos atualmente exercendo cargos públicos. Quantos podem se orgulhar de agir como São Beda orienta? Quantos podem dizer que detêm as virtudes da generosidade mental, coerência ética e humildade intelectual?

Penso que no âmbito da política a virtude mais escassa é a coerência ética. Em época de eleições, praticamente todos os candidatos exaltam a importância das qualidades de um homem público, como competência, compromisso com o povo, honestidade, vocação para o bem comum e outras tantas.

A questão é saber quantos praticam o que pregam. Aliás, é comum ver desonestos exaltando a honestidade e a retidão moral, numa tentativa de convencer os eleitores de que eles são portadores das virtudes que propagam. Se São Beda tivesse conhecido a quantidade de políticos e empresários que se deram bem pregando a moral e praticando a corrupção, ele veria que a coisa não é tão simples.

De qualquer forma, para aqueles que não perdem a esperança e, mesmo diante de tanta hipocrisia e corrupção, não abrem de sua própria decência, os ensinamentos de São Beda são primorosos. Se o indivíduo virtuoso ensina o que sabe e pratica o que ensina, seu valor se eleva, pois a coerência ética é virtude que nos manda fazer aquilo que recomendamos aos outros.

É fácil? Não, não é. Falar de virtudes pode ser fácil. Ser virtuoso é uma luta moral diária, sobretudo num país em que prolifera a ideia de que o crime compensa. A cada corrupto notório que é deixado em liberdade, mesmo depois de um processo e tantas provas de seu crime, o ânimo da virtude enfraquece e a disposição para a moral arrefece. No Brasil, diante da profusão de bandalheiras, a moralidade é uma qualidade testada o tempo todo.

Perante essa realidade, vale lembrar os estudos feitos durante 40 anos pelo sociólogo, político e escritor francês Alain Peyrefitte (1925-1999), publicados no livro A Sociedade de Confiança, em 1995. Segundo ele, a superação do atraso e a conquista do desenvolvimento econômico e social de uma nação passam pela “taxa de confiança”.

100 anos de escravidão
Confiança da população nas instituições – como o parlamento, o governo, a moeda, a justiça, as leis – confiança no cumprimento dos contratos juridicamente válidos, na palavra empenhada e nos compromissos assumidos. Confiança uns nos outros e no que esperar do semelhante. Peyrefitte mostra em seu livro que as nações desenvolvidas têm um grau de confiança muito maior que as nações atrasadas, logo, nisso está parte da explicação pelo subdesenvolvimento.

Um amigo fez um desabafo em forma de perguntas. “Vale a pena ser honesto e correto no Brasil? Trabalhar duro, lutar tanto, pagar imposto altos e ver tanta corrupção, fraudes e desvios? Isso não desanima?” Respondi-lhe que ser honesto e correto na Dinamarca é o normal, pois lá quase não corrupção e violência. No Brasil pode ser mais difícil, mas justamente por isso a decência aqui tem mais valor.

José Pio Martins, economista, professor, palestrante e consultor.
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sexta-feira, 23 de julho de 2021

SERÁ QUE TODOS OS CANDIDATOS SÃO PSICOPATAS?

 

Por
Carlos Ramalhete – Gazeta do Povo

Silhouette of alone stranger in hood at night city street in rain. Creepy killer or stalker, criminal stands in shadow with urban lights reflected in puddles. Thriller horror mysterious atmosphere. (Silhueta de estranho sozinho no capô à noite rua da cidade na chuva. Assassino ou perseguidor assustador, criminoso fica na sombra com luzes urbanas refletidas em poças. Atmosfera misteriosa de terror de suspense.)

Imagem ilustrativa.| Foto: DedMityay/Bigstock

As estimativas do percentual de psicopatas na sociedade em geral variam entre 2% a 4% da população. Em outras palavras, há de um psicopata para cada cinco canhotos (que são 10% da população, em média) a um para cada dois canhotos. Ou, ainda como maneira de avaliar, um psicopata para cada pessoal atraída sexualmente por gente do mesmo sexo, cujo percentual é de mais ou menos três pessoas em cada cem. É claro que não há ligação alguma entre ser canhoto ou atraído pelo mesmo sexo e psicopatia. Como, todavia, conhecemos todos canhotos e pessoas com tal tipo de atração, podemos usar estas estimativas para termos uma noção do percentual real de psicopatas.

Afinal, tal como as outras características estimadas acima, a psicopatia é invisível. Psicopatas ou canhotos não trazem estampada na testa sua diferença específica. Além disso, a maior parte deles, aliás quase todos, consegue manter oculta sua psicopatia ao longo de toda a vida. Casos como o ocorrido recentemente no Centro-Oeste, em que um psicopata rondava pelas matas como uma fera, matando e estuprando suas presas, são a exceção, não a regra. Mesmo assim, o infame Lázaro e seus demais colegas – se é que se pode usar este termo – de psicopatia têm em comum uma percepção do mundo em muitos pontos análoga à de qualquer outro grande predador, como as onças ou os lobos.

Para o psicopata, como para um predador irracional, o mundo divide-se em recompensas a “colher” e ameaças a evitar ou neutralizar. Esta visão é tão diferente da do resto da população que para o vulgo é dificílimo pôr-se no lugar do psicopata. Os pais, colegas e mesmo cônjuges dos psicopatas geralmente mantêm-se ignorantes dessa visão de mundo, tratando o psicopata como se seus processos mentais fossem os mesmos seus. É por isto que no mais das vezes estas pessoas mais próximas são as primeiras vítimas do psicopata; sua proximidade não os torna mais protegidos, sim mais frágeis. Ele conhece perfeitamente seus pontos fracos e sabe como usar e abusar deles. Ao contrário dos predadores irracionais, todavia, o psicopata em geral não mata; não por senso moral, mas por perceber tal ato como um gasto inútil de energia, trazendo mais problemas que soluções. A besta-fera busca nas presas carne, mas o psicopata busca butins maiores e mais duradouros que uma mera refeição.

Afinal, ao contrário das feras selvagens, que atacam suas presas por instinto, o psicopata é um ser racional como todos nós outros. A diferença é que enquanto para as pessoas normais é natural colocar-se no lugar do outro, com isso sentindo suas dores e evitando ao máximo causá-las, o psicopata só dá valor a si mesmo. Ele sabe perfeitamente as dores que inflige, mas o fato de elas serem sentidas por outros e não por ele mesmo faz com que elas lhe sejam indiferentes. Por outro lado, qualquer dorzinha ou desapontamento que lhe seja infligido é percebido pelo psicopata como uma tremenda injustiça, uma crueldade infinita gratuita que merece a pior das punições. Assim, na prática, o psicopata coloca-se como um predador entre os homens, não como um homem igual aos demais.

Dizem os psicólogos evolucionistas que a psicopatia persistiu na herança genética humana pela utilidade bélica do psicopata. Numa situação de confronto tribal, por exemplo, em que frequentemente os demais seres humanos hesitariam em matar, é um trunfo ter ao seu lado alguém que mataria até mesmo mulheres e crianças sem pensar duas vezes se isto trouxer alguma vantagem. A regra humana é perceber antes a semelhança do outro que a diferença, mas a pequena fração de psicopatas, por sua postura de predador solitário, não identifica qualquer semelhante. Todos os demais são percebidos como objetos manipuláveis, podendo ser-lhe úteis ou inúteis mas jamais iguais a ele. A própria noção de igualdade (ou, mais ainda, de respeitar com os demais uma lei maior que si mesmo e as próprias vontades e desejos) lhe é totalmente estranha e inaceitável, beirando mesmo o incompreensível.

Não é à toa que ao longo da História tenha sido tão comum que o governo das sociedades acabasse nas mãos duma classe guerreira; afinal, ela é a única dotada de capacidade de tomá-lo pela força. Por outro lado, a ideia de tomar o governo pela força, ignorando a vontade dos demais, obedece ao típico raciocínio do psicopata. Para ele, dispor de poder pessoal é fundamentalmente um ato de justiça, já que minora seu sofrimento, aumenta seu prazer e faz dos demais meros objetos, o que é exatamente conforme à sua visão de mundo. Vale lembrar que enquanto a vantagem marcial da psicopatia não os restringe necessariamente ao ofício das armas, a percepção da conquista pessoal do poder como inerentemente “justa” é um traço sempre marcante na psicopatia. Em qualquer hierarquia os psicopatas procuram ocupar o topo, a posição de poder maior, em que possam finalmente parar de fingir respeito pelos demais e tratá-los como os objetos que seriam.

As sociedades democráticas acabam sendo também um terreno fértil para a ação do psicopata. Afinal, numa campanha eleitoral é de enorme valia a “lábia” do psicopata, para quem a verdade ou a mentira, o afeto ou o medo são meras ferramentas sempre à disposição, podendo ser “ligadas” e “desligadas” instantânea e racionalmente segundo a necessidade. Costumo dizer que os talentos necessários para ser eleito são basicamente os mesmos dum estelionatário de sucesso: parecer ser a pessoa que o outro (a vítima do estelionatário ou o eleitor) busca, parecer confiável, ter facilidade em criar “amizades instantâneas”, e por aí vai. Os próprios gregos, inventores da democracia, sofreram tanto com a demagogia dos psicopatas que acabaram substituindo as eleições por sorteios entre os cidadãos para preencher os cargos eletivos (o que, aliás, continua sendo uma ideia interessante, convenhamos).

Toda hierarquia, mormente as grandes hierarquias sociais (dentre as quais está o sistema de governo) sempre atraem psicopatas, desde que haja como galgá-las ou, ao menos, desviar para si parte do poder. Uma monarquia hereditária, por exemplo, em que a sucessão ao trono é regida pela genética e pouco ou nada há a fazer para tomá-lo, terá em geral um enxame de psicopatas no segundo e terceiro escalão. Uma ditadura ideológica, como a soviética ou a chinesa, os terá no primeiro, e uma ditadura ideológica hereditária, como a norte-coreana, também acabará na mesma situação. Afinal, por mais que o preferido dum ditador entre seus filhos seja um que não é psicopata, outro que o seja dará um jeito de tomar-lhe o poder: sua ausência total de escrúpulos é seu trunfo.

Até mesmo as hierarquias religiosas são atraentes para os psicopatas, desde que lhes seja possível apenas fingir devoção e ninguém os obrigue a penitências reais. Daí o sábio conselho de tantos santos que advertiram que só será um bom bispo o padre que não o quiser ser: o psicopata no máximo conseguirá fingir por um tempinho que não quer, mas está ali é para isso. Nas organizações religiosas menores, de seitas judaicas ortodoxas ou pentecostais a agrupamentos religiosos apocalípticos do tipo muito comum nos EUA, passando por novos movimentos religiosos do tipo oriental, é também bastante comum que psicopatas galguem aos postos mais altos sem esforço aparente, confiantes na própria lábia e férrea vontade de poder.

O pior, na verdade, é que frequentemente são eles que passam por exemplares, por bons, puros, santos mesmo. Para seus seguidores, Rajneesh – o “guru do sexo”, que mandou envenenar toda uma cidadezinha americana para que seus esbirros ganhassem eleições locais – era uma pessoa boníssima. Os seguidores trabalhavam de sol a sol sem receber um centavo enquanto ele fazia coleção de automóveis Rolls-Royce, mas mesmo assim, claro, ele era uma gotinha canora de orvalho cor-de-rosa, a bondade em forma de gente. Ninguém quer acreditar em tamanha desumanidade, seja num correligionário seja, menos ainda, num guru, um ídolo vivo, e são poucos os que levam a sério o que deveria ser uma série de sinais sérios de alarme.

No mundo dos negócios é também altamente presente esta categoria, tanto nas grandes empresas (atraentes por haver hierarquias a galgar) quanto no meio empreendedor, na pequena e média empresa. Neste meio, a falta total de escrúpulos dos psicopatas frequentemente lhes proporciona grandes vantagens iniciais, ainda que no mais das vezes seus empreendimentos acabem dando com os burros n’água. Afinal, é quase certo que em algum momento sua arrogância desmedida os levará a dar um pulo maior que as pernas ou a deixar de pagar um fornecedor necessário, e isso há de ser a gota d’água que faz transbordar o copo e leva seu empreendimento à falência. Por culpa de outros, claro, segundo eles: nunca espere que um psicopata assuma a culpa do que quer que seja.

Grande parcela das relações conjugais mais tóxicas, com agressões físicas e psicológicas constantes, do mesmo modo, têm num dos polos um psicopata e no outro uma sua vítima, dependente e defensora. O cônjuge dependente acaba muitas vezes firmemente convencido de que deveria ser grato ao psicopata, por ser indigno tanto de receber qualquer forma de amor quanto até mesmo da dolorosa atenção de seu torturador, que portanto lhe parece um prêmio, um favor imerecido.

Creio não ser preciso alongar-me na atração que o mundo do crime, com suas possibilidades de violência totalmente desregrada e lucros altos e rápidos, exerce sobre eles. Este, aliás, é a meu ver o melhor dos argumentos contra a legalização das drogas; é melhor que os psicopatas ganhem dinheiro rápida e perigosamente vendendo lixo para quem quer comprar lixo que tê-los atacando o restante da população, sequestrando e roubando. Não, claro, que todo bandido seja psicopata. A maior parte da classe criminosa é composta de gente idiota o bastante para admirar um psicopata e tornar-se seu êmulo, numa dinâmica em muito semelhante à caricaturada nos desenhos animados em que um criminoso burríssimo é o ajudante dum mais esperto. Os líderes dos grandes empreendimentos criminosos, todavia, no mais das vezes são pessoas desprovidas de escrúpulos e de empatia, ou seja: psicopatas.

O ponto comum de todas as situações que descrevi brevemente acima é o poder, que o psicopata considera ser naturalmente seu. É na busca do poder que o psicopata em geral coloca tudo o que tem, todas as suas forças, para escapar do que para nós outros são probleminhas chatos da vida, como os desapontamentos, frustrações e desejos não-alcançados. Para eles, cada coisa destas é um espinho cravado na própria carne, uma injustiça de gravidade incompreensível para uma pessoa normal, que sabe que não está com essa bola toda. A única solução – não sendo possível tornar-se deus no lugar de Deus – é o poder e a adoração de seguidores incondicionais, que sempre lhe darão razão e de tudo farão para minorar esses supostos sofrimentos. Do psicopata fracassado que só escraviza o cônjuge ao líder de uma grande potência que se compraz no seu botão nuclear a dinâmica é a mesma, e muda apenas a capacidade e a sorte.

O que nos cabe, e é só o que conseguimos fazer, é prestar atenção séria em nossos familiares e colegas de trabalho, para que não nos deixemos aprisionar em circunstâncias das quais será mais difícil sair. Um cônjuge que não respeita quem deveria completar e por quem deveria ser completado e o agride ou humilha rotineiramente, por exemplo, não está numa relação conjugal. Trata-se, isso sim, duma relação de escravidão, da qual só o que há a fazer é sair o quanto antes. Aliás, dada a incapacidade de entrega dos psicopatas, eles não são capazes de contrair matrimônio. Em outras palavras, eles não vão “tomar jeito”, e o amor não irá mudá-los em nada. Do mesmo modo, seja no trabalho, na rua ou na família, devemos reconhecer que há predadores entre nós e, mais ainda, que eles são incuráveis. Só o que se pode fazer é evitar cair em suas garras e ajudar quem o tenha feito a livrar-se deles. Não adianta fechar os olhos ou tapar o sol com uma peneira: psicopatas são mau negócio, e é um péssimo negócio permanecer por perto de um deles.


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OPIOIDES NOS MEDICAMENTOS OUTRA PANDEMIA QUE PRECISAMOS ENFRENTAR

 

Saúde

Por
Célio Martins – Gazeta do Povo

| Foto: Reprodução/nih.gov

A empresa Johnson & Johnson e três distribuidores de medicamentos dos Estados Unidos – McKesson Corp., Cardinal Health Inc. e AmerisourceBergen Corp. – concordaram nesta semana em pagar US$ 26 bilhões (R$ 135 bilhões) para resolver cerca de 4 mil processos na justiça em que são acusadas de alimentar vício em opioides. O caso, que ganhou destaque na grande imprensa, faz parte de um problema bem maior: a ‘pandemia de opioide’ que a cada ano demonstra escapar do controle das autoridades de saúde de países em todo o mundo.

Dados do Centro Nacional de Estatística em Saúde dos Estados Unidos (National Center for Health Statistics), divulgados neste mês, mostram que as overdoses fatais aumentaram quase 30% no ano passado, para um total de mais de 93 mil mortes no país. Grande parte dos óbitos é atribuída ao aumento do uso de opioides sintéticos.

Mortes por uso irregular e vício em opioides aumentam a cada ano nos EUA.
De acordo com o Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), em 2020, os opioides estavam envolvidos em três quartos de todas as mortes relacionadas às drogas nos Estados Unidos, levando à morte 69,7 mil pessoas. Opioides sintéticos foram encontrados na corrente sanguínea de 62% das vítimas de overdose em 2020, em comparação com 41% em 2017.

Um dos opioides sintéticos responsáveis por boa parte das mortes leva o nome de fentanil, analgésico que se caracteriza, segundo as descrições, pela rápida ação, curta duração e elevada potência (entre 50 a 100 vezes mais forte que a morfina e entre 30 a 50 vezes mais potente que o heroína). É utilizado contra dores intensas e, em conjunto com outras substâncias, para anestesias.

O problema extrapola as fronteiras dos EUA. O crescente consumo de opioides fez com que parte da comercialização entrasse na ilegalidade. Sejam produzidos e vendidos legalmente ou ilegalmente, os opioides sintéticos ganham terreno na Europa, na Ásia e na América Latina.

Em 2108, o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc) lançou uma estratégia para ajudar os países no enfrentamento da crise dos opioides. “Nos últimos 150 anos, a humanidade experimentou várias crises de opioides, mas nenhuma tão devastadora quanto a atual”, observa a entidade. “Por exemplo, em 2017, o uso de opioides foi responsável por 110 mil (66%) das 167 mil mortes em todo o mundo atribuídas às drogas”, acrescenta.

No ano seguinte, em 2019, um relatório do Unodc alertava que “os opioides sintéticos continuam representando uma séria ameaça à saúde pública, num contexto marcado pelo número crescente de mortes por overdose na América do Norte e pela expansão do tráfico de fentantil e seus análogos na Europa”.

Taxa de mortes causadas pelos opioides fentanil e tramadol é a que mais cresce nos EUA.
Em muitos países em desenvolvimento, como o Brasil, a realidade é diferente da registrada nos países ricos devido às dificuldades de acesso a esse tipo de droga. A disponibilidade e acesso a opioides no tratamento correto de determinadas dores são insuficientes, seja pelo custo ou pela política pública da vigilância sanitária, segundo descrevem em artigo os professores Durval Campos Kraychete e João Batista Santos Garcia, da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED). Por outro lado, o consumo irregular de opioides por brasileiros vem aumentando.

Uma pesquisa da Fiocruz indica que 4,4 milhões de brasileiros já fizeram uso ilegal (isto é, sem indicação médica) de algum opiáceo. Outro estudo, publicado no American Journal of Public Health, com base em dados da Anvisa, revela que a venda prescrita desse tipo de analgésico no Brasil cresceu 465% em seis anos.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que cerca de 30% da população mundial apresenta dor crônica. As autoridades de saúde de todo o mundo têm um grande desafio pela frente: como enfrentar o problema da dor e ao mesmo tempo evitar que o vício em analgésicos aumente a ‘pandemia de opioides’ e leve à morte milhões de pessoas por uso irregular.


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STARLINK DE ELON MUSK VAI FORNECER INTERNET PARA O BRASIL E MUNDO

 

Entrevistamos Henrique Campos, gerente regional de crescimento da Starlink na América do Sul, sobre os planos da empresa. Confira o podcast.

Por Tainá Freitas

Starlink é um dos projetos espaciais de Elon Musk que virou realidade. Atualmente, há uma constelação de 1.700 satélites de internet no espaço – e o plano é de, em 12 meses, ter 500 mil usuários ao redor do mundo e cobertura global. Recentemente, foi anunciado um investimento de US$ 30 bilhões neste braço da SpaceX.

Nós conversamos com Henrique Campos, gerente regional de crescimento da Starlink no Brasil, para entender como o projeto tem se desenvolvido em solo brasileiro. Um spoiler? A Starlink já tem clientes por aqui…

Confira:

– Os planos da Starlink para o hemisfério Sul (incluindo o Brasil!).

– Data de disponibilidade e preço da internet via satélite nesta região.

– O uso da internet via satélite em IoT no agronegócio e outros setores.

– A relação entre a SpaceX (e seu objetivo de colonizar Marte) e a Starlink.

– A competição de empresas espaciais: SpaceX, Blue Origin e Virgin Galactic.

Henrique, gostaríamos de saber um pouco mais sobre você. Qual é o seu background e como entrou na Starlink?

Tenho formação híbrida, em negócios, processamento de dados, administração de empresas com ênfase em marketing, pós-graduação em Ciência da Computação. Um colega que eu tive em uma empresa farmacêutica foi para a Califórnia e entrou para um projeto na SpaceX. Um belo dia, eu estava em uma transição de indústrias, ele me ligou e conversamos. Eu confesso que mal conhecia a indústria aeroespacial e a própria SpaceX, conhecia o básico, que eles têm “foguetes que dão ré”. Passou um tempo, voltamos a falar e ele contou sobre uma posição na Califórnia, mas para a atender a América do Sul, podendo ficar onde quiser. 

Eu topei e agora estou há mais de um ano no projeto, ajudando na expansão da rede Starlink, uma rede de internet global via satélite.

Como foi o processo seletivo? É diferente do que costumamos ver no mercado? O setor espacial por si só já é curioso…

O que surpreende são os processos por aí [no mercado] serem da forma que são, usando o termo da moda, “cringe”. O processo foi o que seria o normal para uma empresa que nasceu próxima do Vale do Silício. Foram vídeos com perguntas e respostas, entrevistas com líderes e pares, com foco em resolução de problemas.

Você está na Starlink há um ano. Qual é o status do projeto neste momento?

A Starlink começou em 2016. Como são satélites de baixa órbita, eles possuem um tempo de vida de 3 a 4 anos. Depois deste período, entram em processo de autodegeneração, queimam antes de entrar na atmosfera da Terra, viram literalmente pó espacial. Até agora, são mais de 2 mil satélites lançados, mas neste meio tempo, vão se perdendo alguns. 

São 1.703 satélites neste momento, é a maior constelação que existe de satélites hoje. Essa frota representa mais da metade dos satélites operacionais do planeta – de outras empresas, militares, não-militares, governamentais, etc.

Henrique Campos, gerente regional de crescimento da Starlink na América do Sul

A internet via satélite ainda não está disponível aqui. O que já está sendo feito no Brasil?

Existe no Brasil (e no mundo inteiro) o que chamamos de business IoT (internet of things ou internet das coisas). É o uso da banda [de internet] para aviões, navios autônomos, colheitadeira, plantadeira autônomas, submarinos autonômos, caminhões autonômos, óleodutos, aquadutos. Essas aplicações já estão acontecendo, em fase de testes, ainda não em beta. As empresas têm a necessidade de construir os próprios devices, firmware, que aceitem o sinal de 2 GHz (assim como placas de 5G ainda estão sendo construídas).

Já existem grandes parcerias que estão em andamento e são públicas, com o Google, Microsoft, Boeing. Mas para o sinal doméstico, o sinal de internet via satélite para uso de streaming, jogos online, reuniões, ainda não está disponível. Muito provavelmente, o Beta tenha início no hemisfério sul entre dezembro de 2021 e janeiro de 2022.

O preço já está definido?

Não, ainda estamos estudando o preço. Existe hoje o preço global para beta tester de 100 dólares por mês para consumo, mas há ainda o custo do equipamento inicial. Parte deste valor é financiado por investimentos. Cada região deve ter uma realidade de preço diferente, ainda não podemos falar sobre isso.

Satélites da Starlink no espaço (foto: divulgação/SpaceX)

Qual é a relação entre a Starlink e a SpaceX? Como focar em projetos a longo prazo, como a colonização de Marte, e outros mais próximos, como internet via satélite?

A Starlink é cliente da SpaceX. Ela constrói os satélites e contrata a SpaceX para fazer o lançamento dos satélites. Muito em breve, a Starlink irá se desvincular da SpaceX. Haverá uma abertura da Starlink ao mercado, ainda não se sabe se será uma empresa de capital fechado ou aberto.

A Starlink é focada em conectividade global, diferente do propósito da SpaceX, que lá em seu manifesto de criação, tem o propósito de ser uma empresa de colonização espacial e exploração de Marte. Está escrito na parede desde que foi fundada.

Para muita gente, isso pode parecer loucura ou ficção, mas não é. Existe trabalho, foco e planejamento sério para cumprir as metas. Há veículos sendo testados, teremos o primeiro voo orbital de uma Starship agora, no fim de julho. É um passo a passo colocar um gigante do tamanho de um prédio de 20 andares em órbita, não é do dia para noite. 

Há um objetivo sendo conquistado no dia a dia; cada lançamento que não há uma perda ou acidente, cada retorno é um passo a mais para chegar no objetivo.

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BOLSONARO QUESTIONA PREÇO E ACEITAÇÃO DA VACINA CORONAVAC

 

REUTERS

BRASÍLIA (Reuters) -O presidente Jair Bolsonaro levantou suspeitas nesta quinta-feira sobre o preço cobrado pelo Instituto Butantan pela vacina CoronaVac, envasada no Brasil com insumos do laboratório chinês Sinovac, e alegou ter recebido uma proposta melhor diretamente do fabricante chinês do imunizante.

Presidente Jair Bolsonaro segura máscara de proteção ao deixar hospital em São Paulo© Reuters Presidente Jair Bolsonaro segura máscara de proteção ao deixar hospital em São Paulo

Em entrevista à rádio Banda B, do Paraná, Bolsonaro garantiu que o governo federal recebeu uma proposta diretamente da China para venda da CoronaVac a 5 dólares a dose, enquanto o Butantan vendeu a vacina por 10 dólares a dose.

O presidente não apresentou documentos ou detalhes sobre a proposta.

“O que fizemos de imediato: Queiroga (Marcelo, ministro da Saúde) conversou comigo, encaminhamos para a Controladoria-Geral da União, o Ministério da Justiça e hoje encaminharemos ao Tribunal de Contas da União para ser investigado porque metade do preço agora”, disse Bolsonaro.

O presidente, que não apresentou esses documentos e não quis dar detalhes, disse também que o Instituto Butantan teria sido comunicado para que explicasse a diferença de valores.

“Pode ser que não haja nada errado, mas o Butantan nunca nos apresentou as planilhas de preço, o custo final de cada vacina”, alegou Bolsonaro, que é adversário político do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), um dos maiores entusiastas do acordo entre Sinovac e Butantan, que é vinculado ao governo paulista.

Em nota oficial, o Butantan disse ter sido informado no início de julho que o consórcio global de vacinas Covax Facility, do qual o Brasil faz parte, ofertou vacinas ao Ministério da Saúde a preço de custo, na quantidade de apenas 500 mil doses.

O instituto afirmou ainda que a negociação feita com o Ministério da Saúde para a entrega de 100 milhões de doses incluiu a apresentação da planilha de custos da vacina para as equipes técnicas do governo federal, e que o Butantan se responsabiliza por todas as etapas que se referem ao imunizante e entrega o produto pronto à pasta.

“O valor final das vacinas ofertadas pelo Butantan inclui todas as despesas ordinárias diretas e indiretas, incluindo o preço pago à SinoVac, os custos de importação (taxa de administração, frete, seguro do produto, tributos e impostos), os custos de produção (envase, recravação, rotulagem e embalagem), custos dos testes de qualidade, administrativos e regulatórios, armazenagem e transporte”, afirmou.

Além de levantar suspeita sobre o Butantan, Bolsonaro mais uma vez criticou e questionou a CoronaVac, e voltou a colocar em dúvida a eficácia da vacina.

Ao comentar a alegada proposta, Bolsonaro disse que ainda não sabe se o governo brasileiro aceitaria, porque, segundo ele, “não adianta comprar mais x milhões da CoronaVac se a população não quer tomar”.

No entanto, recentemente, a empresa fez uma nota desmentindo que outras empresas pudessem revender a CoronaVac no Brasil, ao responder alegações de que a importadora catarinense World Brands tivesse o poder de oferecer doses da vacina ao Ministério da Saúde.

“A vacina contra Covid-19 CoronaVac é desenvolvida, fabricada e distribuída pela Sinovac Ltd. No Brasil, apenas o Instituto Butantan, nosso parceiro exclusivo, pode comprar a CoronaVac. Qualquer informação divulgada por qualquer empresa sem autorização da Sinovac não tem qualquer importância legal”, disse a nota divulgada no dia 18.

Procurado pela Reuters para dar mais informações sobre a proposta, o Ministério da Saúde não respondeu de imediato. A Reuters também contatou o laboratório Sinovac, mas não obteve uma resposta de imediato.

Apesar da declaração de Bolsonaro de que a população não quer receber a CoronaVac, segundo dados do Ministério da Saúde, das 128,4 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 já aplicadas no Brasil, 38,8% foram doses da CoronaVac. A vacina chinesa envasada pelo Butantan deu a largada na campanha de vacinação contra o coronavírus no Brasil em 17 de janeiro deste ano.

O Butantan já entregou 57,6 milhões de doses da CoronaVac ao Programa Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde e promete totalizar 100 milhões de doses do imunizante entregues à pasta até o final do mês que vem.

Também ao contrário do que afirmou Bolsonaro, estudos clínicos feito no Brasil mostraram que a CoronaVac tem eficácia geral de 50,38% –acima do patamar mínimo de 50% apontado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para considerar uma vacina eficaz– e mostrou-se 78% eficaz contra casos leves, em que pacientes precisaram de alguma assistência clínica, e 100% eficaz contra casos graves e que levam à internação e contra mortes causadas pela doença.

Além disso, estudo feito com a vacina na cidade de Serrana, interior de São Paulo, mostrou que a vacinação em massa da população adulta do município levou a uma redução de 95% das mortes por Covid-19, de 86% nas internações causadas pela doença e de 80% nos casos sintomáticos.

(Reportagem de Lisandra ParaguassuReportagem adicional de Eduardo Simões, em São PauloEdição de Pedro Fonseca e Alexandre Caverni)

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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