Nos últimos anos, o empreendedorismo aumentou bastante no Brasil, a ponto de chegarmos no ranking dos 20 países do mundo com o maior número de startups. Este dado faz parte de um levantamento feito pela empresa StartupBlink, que analisou pequenas empresas de tecnologia em 100 cidades de diversas partes do planeta.
Porém, ao mesmo tempo que têm surgido muitas pequenas empresas novas, os índices de fechamento continuam preocupantes. Pesquisas do IBGE revelam que 21% das empresas quebram antes de completar um ano! Segundo o mais recente estudo “Demografia das Empresas e Estatísticas de Empreendedorismo”, ainda temos mais empresas fechando do que abrindo.
Por que será que um país com tanto potencial empreendedor não consegue sustentar a maioria de suas empresas por muito tempo? O que acontece com esses negócios que, ainda que sobrevivam, quase sempre enfrentam sérios problemas financeiros? Se este for o caso, por que será que o caixa da sua empresa nem sempre tem dinheiro para pagar as contas do dia a dia?
Para encontrar a resposta a essas perguntas, eu o convido a olhar para dentro do seu negócio e observar esses três pontos: – Liquidez da empresa – Rentabilidade – Ponto de equilíbrio
O que você vê? Consegue dizer, por exemplo, qual é o ponto de equilíbrio da sua empresa? Não? E se eu perguntasse qual é o seu número de RG e de CPF? Possivelmente você me falaria estes números de cor. Afinal, foi isso que aprendemos durante toda a nossa vida: decorar números e fórmulas! Porque faz parte da nossa cultura sermos conduzidos por “modelos prontos” recheados de informações que nem sempre serão úteis, limitando o desenvolvimento ao que é conhecido e ajustável ao sistema.
Só que o empreendedorismo é justamente o oposto disso: é a capacidade de criar algo de valor para outras pessoas a partir de praticamente nada. Então, se nos prendermos ao “modelo pronto”, não teremos espaço para criar, muito menos para questionar os métodos que talvez não estejam funcionando em nosso negócio!
Para conseguir enxergar a real situação financeira da sua empresa e entender o que deve ser feito para restaurá-la, você, necessariamente, terá que mudar o modelo de gestão! Sem compreender os números do negócio, o máximo que conseguirá fazer é “apagar incêndios” com soluções paliativas, como uso de créditos bancários, que comprometem a liquidez da empresa ao longo do tempo. A boa notícia é que tudo fica mais fácil quando saímos do “piloto automático” e passamos a questionar os métodos usados e a desenvolver nossas próprias ideias, colocando-as em prática. Porque essa experiência nos permite enxergar além da superfície e compreender as reais necessidades e oportunidades do negócio.
É isso o que diferencia as muitas empresas brasileiras que apenas “sobrevivem” no mercado das que se sustentam e prosperam com segurança financeira: um empreendedorismo que não se molda pelos conceitos impostos por nossa cultura, mas constrói soluções diferenciadas para suprir as necessidades das pessoas e provocar transformações.
(*) Especialista em Gestão e Finanças, Founder/CEO da Projeto DSD Consultores e criador da plataforma Fluxo de Caixa Online.
QUEM SOMOS
A Plataforma Comercial da Startup ValeOn é uma empresa nacional, desenvolvedora de soluções de Tecnologia da informação com foco em divulgação empresarial. Atua no mercado corporativo desde 2019 atendendo as necessidades das empresas que demandam serviços de alta qualidade, ganhos comerciais e que precisam da Tecnologia da informação como vantagem competitiva.
Nosso principal produto é a Plataforma Comercial ValeOn um marketplace concebido para revolucionar o sistema de divulgação das empresas da região e alavancar as suas vendas.
A Plataforma Comercial ValeOn veio para suprir as demandas da região no que tange à divulgação dos produtos/serviços de suas empresas com uma proposta diferenciada nos seus serviços para a conquista cada vez maior de mais clientes e públicos.
Diferenciais
Eficiência:A ValeOn inova, resolvendo as necessidades dos seus clientes de forma simples e direta, tendo como base a alta tecnologia dos seus serviços e graças à sua equipe técnica altamente capacitada.
Acessibilidade:A ValeOn foi concebida para ser utilizada de forma simples e fácil para todos os usuários que acessam a sua Plataforma Comercial , demonstrando o nosso modelo de comunicação que tem como princípio o fácil acesso à comunicação direta com uma estrutura ágil de serviços.
Abrangência:A ValeOn atenderá a todos os nichos de mercado da região e especialmente aos pequenos e microempresários da região que não conseguem entrar no comércio eletrônico para usufruir dos benefícios que ele proporciona.
Comprometimento:A ValeOn é altamente comprometida com os seus clientes no atendimento das suas demandas e prazos. O nosso objetivo será atingir os 766 mil habitantes do Vale do Aço e poder divulgar para eles os produtos/serviços das empresas das diversas cidades que compõem a micro-região do Valeo do Aço e obter dos consumidores e usuários a sua audiência.
Missão:
Oferecer serviços de Tecnologia da Informação com agilidade, comprometimento e baixo custo, agregando valor e inovação ao negócio de nossos clientes, respeitando a sociedade e o meio ambiente.
Visão:
Ser uma empresa de referência no ramo de prestação de serviços de Tecnologia da Informação na região do vale do aço e conquistando relacionamentos duradouros.
Valores:
Integridade – Ética e Transparência
Responsabilidade – Profissional, ambiental e social
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), defendeu recentemente que o Congresso discuta mudanças no sistema atual de governo do Brasil.| Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
Nos últimos dias, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), tem dado sinais de que pode colocar em pauta a mudança do sistema de governo, transformando-o num tipo de semipresidencialismo. O modelo defendido seria uma espécie de mistura do modelo presidencialista com o parlamentarista, presente em algumas democracias do mundo. Na opinião de Lira e de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) como Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes, a mudança poderia reduzir o nível atual de conflito entre os três Poderes e devolver certa estabilidade ao cenário político nacional, independentemente do resultado das eleições de 2022.
No plano de fundo da proposta de Lira e outros atores envolvidos, que incluem também defensores do parlamentarismo espalhados em diversos partidos, especialmente no PSDB, reside uma preocupação legítima com a instabilidade institucional do país, acentuada progressivamente desde as manifestações de junho de 2013. Ademais, o Brasil assistiu a dois processos de impeachment de dois mandatários entre os cinco eleitos desde 1989. E, atualmente, existe pressão para que seja aberto um novo processo contra o atual presidente, Jair Bolsonaro.
O sistema político brasileiro, conhecido como presidencialismo de coalizão, vem funcionando na prática em grande parte com trocas fisiológicas entre Legislativo e Executivo, com vistas a formar maioria com diversos partidos sem clara orientação programática, para garantir a governabilidade.
Esse sistema gera frequentemente dissociações entre as plataformas políticas eleitas no Executivo e a maioria parlamentar, composta por uma miríade de partidos sem uma definição política clara. Logo, a solução do semipresidencialismo apareceria como uma tentativa de deixar o jogo institucional “mais fluido”. Afinal, o modelo semipresidencialista geralmente se baseia no esvaziamento de prerrogativas da Presidência da República, passando as questões de política interna e a divisão de recursos para garantir a governabilidade nas mãos de um Chefe de Governo, eleito pelo Parlamento. Por isso, seus defensores alegam que o semipresidencialismo costuma apresentar um maior nível de “consenso institucional”, refletindo, senão a vontade geral da maioria, um nível minimamente adequado de correlação de forças e equilíbrio de antagonismos.
Mas, no caso concreto do Brasil, chama a atenção que os envolvidos entusiasmados nesse debate não percebam os riscos constitutivos que ele carrega. Em primeiro lugar, é forçoso reconhecer o nível de representatividade insuficiente do Congresso Nacional dado o atual sistema eleitoral proporcional. Dos 513 deputados eleitos na Câmara, só 27 dependeram do próprio voto para se eleger.
Isso significa que somente 5,26% dos deputados federais não dependeram do chamado quociente eleitoral, calculado com base nos votos próprios e de toda a coligação na qual os candidatos estão inseridos. É difícil imaginar que, num sistema assim, um governo formado pela maioria parlamentar tivesse legitimidade popular para governar sem grandes conflitos institucionais. Ainda mais num contexto em que o Congresso teria apoiado abertamente a diminuição de poderes do Presidente da República, que continuaria sendo eleito pela maioria dos votos de todo o País.
Em outras palavras, a adoção de um novo sistema de governo no Brasil que conferisse mais poder ao Parlamento teria de passar antes, para obter legitimidade, por uma revisão das próprias regras que regem a eleição dos atuais deputados.
Muito mais importante e urgente para sanar a instabilidade política que ora nos assola é a reforma do sistema eleitoral, adotando um modelo de tipo distrital misto, no qual estados e municípios são divididos em distritos, nos quais cada partido ou coligação indica um único candidato pela disputa da cadeira ao Legislativo. Esse tipo de sistema, além de reduzir os custos das eleições, tornaria a relação entre a população do distrito e o parlamentar que a representa bem mais próxima. Assim, a própria formação de coalizões governamentais representaria muito mais as demandas de fatias do eleitorado. Nesse contexto, até mesmo o debate parlamentar para eventual troca de modelo de governo estaria mais conectado com interesses reais da população.
Bolsonaro, as eleições e o voto impresso Por outro lado, o debate atual tem algo de reprise fracassada da história política nacional. Não é de hoje que se tenta implementar um modelo próximo ao parlamentarismo, sendo sucessivamente derrotado pela vontade da maioria nos momentos em que isso foi submetido ao escrutínio da população. O parlamentarismo foi derrotado em plebiscito 1963, depois de ter sido implementado por decisão do Congresso em 1961. Depois, foi novamente derrotado em plebiscito em 1993, mesmo depois da crise política que levou ao impeachment de Fernando Collor. Ou seja, todos os indícios são que soluções que retirem ainda mais poder político do Presidente majoritariamente eleito seriam amplamente rejeitadas pela população.
Em um contexto político altamente polarizado, não é difícil perceber que essa seria a receita para um aumento da instabilidade política, econômica e social do país.
O Congresso faria mais bem ao reformar suas próprias condições de existência e estruturação, tornando a política mais próxima do eleitorado e mais transparente.
A implementação do voto distrital misto teria mais peso em termos de aprimoramento da democracia brasileira, contribuindo também para a restauração do equilíbrio necessário entre os Poderes, na medida que um Legislativo mais representativo é também um Legislativo mais forte, capaz de debater agendas nacionais e contribuir para a construção do bem comum.
BIE – Fachada do Palácio do Congresso Nacional, a sede das duas Casas do Poder Legislativo brasileiro, durante o amanhecer do dia. As cúpulas abrigam os plenários da Câmara dos Deputados (côncava) e do Senado Federal (convexa), enquanto que nas duas torres – as mais altas de Brasília, com 100 metros – funcionam as áreas administrativas e técnicas que dão suporte ao trabalho legislativo diário das duas instituições. Obra do arquiteto Oscar Niemeyer. Foto: Pedro França/Agência Senado
Congresso aprovou aumento do fundo eleitoral para R$ 5,7 bilhões em 2022.| Foto: Pedro França/Agência Senado
As campanhas políticas no Brasil são custeadas, parcialmente, pelos fundos eleitoral e partidário, verbas públicas arrecadadas através dos impostos pagos pela sociedade. Esses valores são superiores a R$ 2 bilhões, e são destinados aos diretórios nacionais dos partidos políticos nos anos eleitorais.
Embora a política seja essencial para o funcionamento do Estado Democrático de Direito, a Operação Lava Jato constatou a promíscua relação entre políticos corruptos e grandes empresários desonestos. As tratativas espúrias de futuros atos de corrupção são gestadas, quase sempre, durante o período eleitoral, onde vultosas verbas são “doadas” por grandes empresas (o que atualmente não é mais permitido), objetivando favorecimentos não republicanos que serão futuramente satisfeitos caso o candidato seja eleito.
Foi verificado na última década que as pessoas jurídicas que mais efetuaram doações eleitorais eram justamente as maiores beneficiárias de empréstimos públicos, tais como do BNDES e da Caixa Econômica Federal. Como exemplo, pode-se citar a empresa JBS S/A, a qual, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), figurou como a maior doadora na campanha eleitoral de 2014, tendo dispendido, oficialmente, a quantia de R$ 4 milhões à então candidata Dilma Rousseff (PT).
Por outro lado, o BNDES informou que a JBS figura como uma das maiores beneficiárias de empréstimos do referido banco público, tendo recebido a nada módica quantia de R$ 7,6 bilhões. Outro exemplo é a Construtora Norberto Odebrecht (CNO S/A), que doou oficialmente valores em torno de R$ 2 milhões para a mesma candidata, e recebeu crédito do BNDES em torno de R$ 18,1 bilhões.
As referidas quantias foram contabilizadas oficialmente, entretanto, no curso da Lava Jato. Diversos réus colaboradores confessaram e provaram que os valores destinados aos candidatos não contabilizados (via caixa 2) foram infinitamente maiores; o próprio Marcelo Odebrecht, ex-presidente da CNO, declarou ter doado mais de R$ 150 milhões à campanha da ex-presidente em 2014.
Há quem diga que não existe doação eleitoral pura e simples, principalmente quando a mesma empresa remete valores para dois ou três candidatos adversários. Argumenta-se, assim, a existência de um claro investimento, a ser usufruído após a eleição e consequente êxito do candidato. Nesse sentido, no caso de tratativas ilícitas, a empresa doadora será beneficiada com bilionários contratos públicos superfaturados e irregulares ou presenteada com medidas provisórias concedentes de benefícios fiscais e, até mesmo, com milionários créditos de bancos públicos.
Em 2016, o Supremo Tribunal Federal proibiu as doações eleitorais por pessoas jurídicas, fato que reduziu, de forma relevante, os gastos milionários das campanhas políticas. Antes desta proibição, os candidatos eram fabricados pelo poder econômico, como uma verdadeira manufatura de um produto, pois eram construídos e treinados com auxílio de marqueteiros pagos a peso de ouro, o que desvirtuava a própria democracia e a política em si, pois os candidatos não eram eleitos por suas ideias ou propostas, mas por todo o aparato de publicidade enganosa abastecida por milhões de reais.
Retornando ao tema do fundo eleitoral, observa-se uma importante mudança de cenário nas eleições de 2018, onde diversos candidatos demonstraram ser possível a realização de campanhas políticas e a consequente eleição sem a utilização de verba pública, evidenciando, assim, que o fundo eleitoral não é essencial para assegurar a realização de campanhas políticas no Brasil.
Entretanto, em julho de 2021, o Congresso Nacional aprovou o aumento do já abusivo fundo eleitoral para R$ 5,7 bilhões, proposta relatada pelo deputado Juscelino Filho (DEM-MA) na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2022. Um grupo de 278 deputados e 40 senadores votou favoravelmente ao aumento do fundão, e agora cabe ao presidente da República sancionar ou vetar o aludido projeto de lei.
Diante da pandemia que atravessamos, nada mais justo, lógico e solidário que uma quantia bilionária como essa deveria ser utilizada para reparar a economia tão afetada, que resultou em desemprego e redução da capacidade financeira de milhares de brasileiros, e, principalmente, nos setores mais frágeis de nossa sociedade, como saúde e educação.
Contudo, esses R$ 5,7 bilhões serão gastos em propaganda eleitoral na TV, em palanques e santinhos.
“Vetarei o aumento do fundão eleitoral em respeito ao povo”, diz Bolsonaro Por Gazeta do Povo
O presidente da República, Jair Bolsonaro.| Foto: Isac Nobrega/Presidência da República
O presidente afirmou na noite de terça (20) que irá vetar o fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões para as eleições 2022. “Defendemos, acima de tudo, a harmonia entre os Poderes, bem como a sua autonomia. É partindo deste princípio que jogamos, desde o início, dentro das quatro linhas da Constituição Federal. Dito isso, em respeito ao povo brasileiro, vetarei o aumento do fundão eleitoral”, escreveu no Twitter.
Nos últimos dias o presidente fez diversas declarações sinalizando que irá vetar o aumento no valor que financia campanhas eleitorais.
O Congresso Nacional aprovou um trecho da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que permite ao Fundo Eleitoral ter um orçamento de R$ 5,7 bilhões. A proposta teve 278 votos a favor, 145 votos contra e uma abstenção, entre os deputados, e, no Senado, o placar ficou em 40 votos favoráveis ao projeto e 33 contrários.
O CEO da Amazon, Jeff Bezos, subiu ao espaço nesta terça-feira (20) em um foguete sem piloto e voltou em segurança.| Foto: EPA/BLUE ORIGIN/EFE
Sem dúvida é um grande feito da humanidade essa viagem ao espaço do Jeff Bezos, CEO da Amazon, com o irmão dele, um jovem de 18 anos e uma astronauta de 82 anos. O voo durou 11 minutos apenas em uma nave sem piloto, foi tudo automático.
Subiu ao espaço, não entrou em órbita, e desceu de volta em segurança. O foguete propulsor voltou na mesma posição e pousou na vertical, sozinho. A cápsula depois baixou na mesma posição e pousou no chão, suavemente. Tudo controlado pelo novo mundo tecnológico.
Turista precisa de segurança no Brasil Assisti ao voo do foguete de Bezos ao vivo no computador. Enquanto isso, no cantinho da tela, aparecia a notícia sobre o estado de saúde de uma menina de 7 anos que estava se recuperando depois de ter caído de uma tirolesa em um hotel turístico de Santa Catarina. Ela teve fratura no fêmur, no braço, na coluna e nos rins. Aí eu fiquei pensando.
Como pode o homem subir até o espaço e voltar em um foguete sem piloto enquanto uma menina cai de uma tirolesa certamente por falta de manutenção e relaxo? Isso não pode acontecer. O Brasil está despontando no turismo de natureza e de aventura.
Agora mesmo o prefeito abriu Foz do Iguaçu para convenções, sem restrições. O turismo em Tocantins está subindo, os hotéis já estão com ocupação normal. O ministro do Turismo está fazendo um trabalho maravilhoso.
O turismo vai se tornar uma grande indústria brasileira e que não é indústria de vender coisas sexuais ou sensuais, é de vender a natureza, a beleza e a cultura. Mas é bom lembrar que para ter turismo no Brasil é preciso dar segurança para o turista.
Inquérito da “interferência” na PF prorrogado O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, prorrogou por mais 90 dias o inquérito que investiga se o presidente da República, Jair Bolsonaro, interfere na Polícia Federal, um órgão que está subordinado a ele. É risível, mas é o Brasil de hoje.
O inquérito foi aberto após o ex-ministro Sergio Moro afirmar que o presidente estaria interferindo na PF. Certamente não é interferência administrativa, já que o Supremo nem permitiu que Bolsonaro nomeasse um diretor da Polícia Federal, seu subordinado. Claro que se sugere que vá se investigar se Bolsonaro interfere em investigações da PF. Suponho que estão pedindo prorrogação porque não encontraram nada.
Por outro lado, a Polícia Federal está perguntando ao Supremo se pode investigar um deputado. No caso, o Luis Miranda (DEM-DF), que eu não sei se alguém ainda acredita nele, que contou aquelas lorotas todas derrubadas pela depoente da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades. Ela mostrou pelas datas, com documentos, que eles não poderiam dizer o que disseram, desmontando a história da prevaricação do presidente da República.
Agora estão perguntando se ele pode ser investigado também, porque afinal foi uma denunciação caluniosa que Miranda praticou. Eu acho que sim.
Canadá testa vacina vegetal Outra coisa de interesse do brasileiro é que o Canadá abriu as fronteiras para brasileiros que estejam vacinados, mas não aceita a Coronavac. O mesmo acontece nos Estados Unidos e na Europa. mas dá para ir para a China.
O Canadá desenvolveu uma vacina própria contra Covid-19 baseada em uma folha vegetal, da família do tabaco. Ela já foi testada no Canadá e agora está sendo testada no Rio de Janeiro para ver se entra no Brasil também.
Não tem limite de idade, nem de doença, nem nada, não tem restrição alguma. Pelo jeito é uma vacina sem efeitos colaterais algum. Estou curioso para saber mais sobre essa vacina.
CPI da Covid Você compraria um carro usado do deputado Luis Miranda?A novela Luis Miranda, a CPI e a lógica de rede social que contamina o jornalismo
Por Madeleine Lacsko – Gazeta do Povo
Deputado Luis Miranda mostra que falar contra Bolsonaro rende engajamento| Foto:
“Insanidade é fazer a mesma coisa esperando resultados diferentes”, disse Albert Einstein. Isso é bem mais fácil de entender do que a teoria da relatividade, mas nem por isso a gente quer entender. Quando eu vi Luis Miranda dando entrevista dizendo que tinha uma gravação do presidente, meu coração já palpitou. Eu vi esse filme antes e arrumei uma encrenca danada.
Lembram do Joesley? Pois é, a história toda começou com a brilhante ideia de noticiar que ele tinha uma gravação, detalhar o conteúdo da gravação mas ninguém ouvir a gravação. Na época, eu não quis noticiar sem antes ouvir a fita. Foi um bate-boca, mas meu ponto é outro: essa discussão ainda existia. Não existe mais.
O professor de psicologia da NYU Jay Jan Bavel diz que redes sociais e veículos de comunicação já se enredaram a ponto de virar um único modelo de negócio, o do ultraje. Os meios de comunicação conseguem audiência hoje via redes sociais e nelas, o que viraliza é quando um grupo ataca outro ou uma pessoa do outro. O caso Luis Miranda é emblemático sobre a migração desse processo para a imprensa e a mídia.
Se alguém me diz que tem uma gravação ou um documento com o potencial bombástico do que foi anunciado, eu vou ficar louca para ver. Mas eu só vou afirmar que essa pessoa tem a gravação e o documento depois de ver e me certificar de que é verdadeiro.
O espaço para ficar de bravata é a rede social. Se o deputado quer mostrar a gravação e os documentos ao público, fazer uma denúncia embasada, aí sim a imprensa e o Congresso Nacional devem dar atenção. Mas, de forma prática, temos um jogo que ninguém entende.
Ainda não sabemos nem se esses documentos existem ou não, mas é clara a intenção de falar sobre eles o máximo possível. Qual seria a razão? Também não sabemos. Para isso, o deputado tem suas redes sociais caso queira só a bravata mesmo. Tem também a tribuna da Câmara, caso entenda que deve falar publicamente dos documentos mas só mostrar aos seus pares.
O deputado Luis Miranda conseguiu ocupar um espaço gigantesco na imprensa nacional e nas redes sociais com uma informação que ninguém sabe se é verdadeira e nem fez esforço para comprovar. Não estou prejulgando o parlamentar devido às inúmeras acusações que pesam contra ele, mas pensando no público. Como eu vou afirmar algo que eu não sei se é verdade nem por qual intenção foi dito? Isso foi feito com a maior naturalidade e em larga escala.
Agora entramos numa situação que a cada dia supera o roteiro mais mal escrito que possamos imaginar. A tal gravação ainda não surgiu. Aparentemente, o irmão do deputado trocou de celular e não tem mais as mensagens pressionando com relação à vacina. Mas daí o deputado vai nas redes sociais dele e diz que não tem é o celular, porque trocou, mas tem as mensagens. Ninguém viu as mensagens até agora.
Parece incompetência ou desleixo e teríamos muita sorte se realmente fosse porque para isso já sabemos o remédio. A diretora do centro do MIT que pesquisa desinformação diz que trata-se de um processo dos últimos 20 anos. Segundo Joan Donovan, a entrada do jornalismo na internet e depois nas mídias sociais promoveu mudanças profundas na sociedade.
A primeira tentativa de que o jornalismo fosse viável economicamente na dinâmica da internet é o paywall à moda antiga. Ocorre que era a primeira vez em que você tinha uma barreira financeira até informação de qualidade e meios de produzir informação gratuita disponíveis a todos os cidadãos. Grupos que jamais tiveram voz na mídia surgem e isso é bom. Ocorre que também vêm com tudo grupos a quem jamais a sociedade dava voz porque são perigosos.
O exemplo dado pela acadêmica é da formação dos grupos antivacina, que transitam por ideologias políticas e, por isso, são um fenômeno interessante para análise. Eles vão ganhando adeptos semelhando dúvidas, um método que se tornou clássico. Não convencem de que vacinar é ruim, geram a dúvida, o pensamento sobre esta possibilidade, questionamento que não era feito.
Ao longo de 20 anos, esses grupos se consolidam, aprendem a lidar com a tecnologia e a manter suas audiências. E eles passam a gerar muito dinheiro para as redes sociais. Os 12 grandes produtores de conteúdo antivacina dos EUA ganharam US$ 36 milhões em 2020 com essa produção. As redes sociais ganharam US$ 1,1 bilhão com o conteúdo produzido por antivacinas no mesmo período. É no meio disso que está a imprensa.
Hoje, a imprensa tradicional distribui conteúdo pelas mídias sociais e ganha tráfego via mídias sociais, como observa o professor de psicologia da NYU, Jay Van Bavel. Ele explica que isso já torna dificílimo conseguir separar hoje o que é um fenômeno social provocado pelas redes e o que é provocado pela imprensa. Hoje, o conteúdo de imprensa segue a lógica do algoritmo.
A lógica do algoritmo é que vão fazer sucesso, portanto viralizar, aqueles conteúdos em que se faz um ataque a um grupo oposto ou indivíduo do grupo oposto. A informação bem apurada não gera engajamento, a não ser que ataque alguém. Já a informação mal apurada pode gerar engajamento desde que ataque alguém. Numa indústria em transformação, parece que o caminho acaba ficando natural.
Artigo comparando engajamento de mídia mainstream com mídia opinativa conservadora A linha castanha que você vê neste gráfico é o engajamento de mídia do Daily Wire, de Ben Shapiro. Há quem o classifique erroneamente como fake news, mas o psicólogo da NYU não comete esse engano. É preciso ao dizer que não se trata de fake news, mas de informações apresentadas de forma diferente e apaixonada, onde a prioridade é o ultraje e o posicionamento pessoal de quem informa.
As linhas meio apagadas abaixo, em azul, são as mídias tradicionais como The New York Times, The Washington Post, NBC News, CNN e Fox News. Não tem nem como comparar o engajamento de todos esses veículos com o que Ben Shapiro consegue com seu estilo provocador. Quanto é mérito dele e quanto é o algoritmo que força essa situação por decisão da plataforma? Ninguém sabe.
Sabemos é que pouco a pouco o ultraje como modelo de negócio chega à mídia tradicional. Luis Miranda é o retrato pronto e acabado desses novos tempos. Pouca coisa dá mais audiência e causa mais frisson do que o presidente. Uma dessas coisas é alguém batendo em Jair Bolsonaro. De forma consciente ou inconsciente, essa lógica está tomando conta do jornalismo.
A questão é que esse movimento também afeta a sociedade e tem consequências na democracia. Ele interferiu no andamento de uma CPI e na forma de conduzir os trabalhos. Tem se tornado comum a coleta de depoimentos que não estão embasados em documentação, o que já foi raríssimo, mas gera um engajamento enorme. Já surgiu até uma nova geração de comentadores ao vivo de CPI nas redes sociais, interagindo com os senadores.
Eu também já achei tudo isso muito libertário e positivo um dia, sou uma otimista incorrigível. Creio que realmente será positivo quando estivermos conscientes de que não há comunicação direta com os poderosos nem liberdade de expressão em rede social. Tudo é mediado pelo algoritmo, tudo só funciona na lógica criada pelas Big Techs e não esclarecida para nós. Jogamos o jogo sem saber as regras.
Ao favorecer quem se manifesta contra o grupo oposto, as Big Techs criam uma lógica social fundada no ultraje e no justiçamento. Os ciclos de notícia passam a ser o ultraje contra alguém ou algum grupo. Em seguida, ele é substituído pelo ciclo de justiçamento contra quem promoveu o ultraje e assim sucessivamente. No meio da pancadaria, a primeira vítima é a verdade.
Dinheiro público Por Luan Sperandio, especial para a Gazeta do Povo
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Brasil gasta o equivalente a US$ 789 milhões de dólares com o Fundo Eleitoral. Os EUA gastam apenas US$ 19 milhões| Foto: BigStock
O Brasil é o país com o maior gasto anual de dinheiro público com campanhas eleitorais e partidos em um ranking que considera 26 países. O levantamento foi realizado pelo Impa (Instituto de Matemática Pura e Aplicada) e considera o orçamento dos fundos eleitoral e partidário.
A discussão sobre o financiamento público de partidos e eleições voltou à tona após a aprovação pelo Congresso da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), que aumentou o fundo eleitoral para R$ 5,7 bilhões — quase o triplo das eleições anteriores.
Para valer, o fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões ainda depende de sanção presidencial da LDO. Após a alta hospitalar, neste domingo (18), o presidente Jair Bolsonaro sinalizou que pode vetar o dispositivo que trata do fundão.
“Eu sigo a minha consciência, sigo a economia, e a gente vai buscar dar um bom final pra isso tudo aí. Afinal de contas, eu já antecipo: seis bilhões para fundo eleitoral? Pelo amor de Deus”, declarou Bolsonaro.
O presidente ainda afirmou que toda a população é prejudicada com esse valor destinado às campanhas eleitorais e que “o bom parlamentar não precisa de dinheiro para fazer campanha”.
Naturalmente, o sistema de financiamento de campanha é uma questão chave em todo sistema eleitoral, e as eleições têm um custo, os partidos e os candidatos precisam de recursos para financiar suas campanhas e divulgar suas ideias. A questão é, como fazer isso?
Cada país admite um modelo diferente. Não há um modelo único ou, necessariamente, um modelo melhor ou mais correto a se adotar e se seguir no mundo. Cada país tem suas peculiaridades, tamanho de população, sistema eleitoral, como ele é disputado, se é uma eleição distrital, representativo, se a lista é aberta ou fechada, da quantidade de partidos. “Há tantas variáveis em jogo que é difícil prescrever um modelo que é o melhor a ser adotado em um determinado país”, diz o cientista político e professor do Ibmec Bruno Carazza. .
Ele defende que não se pode analisar a questão do financiamento público sem considerar outras variáveis do jogo eleitoral. “Muitos fatores tornam as campanhas no Brasil caras. Antes de discutir o montante total, precisamos ter em mente as regras atuais”, explica.
Confira abaixo como funcionam as regras eleitorais e o financiamento público ao redor do mundo:
Brasil Doação de pessoa física: As pessoas físicas podem contribuir com até 10% de sua renda anual.
Doação de empresas a candidatos: Todas as doações de pessoas jurídicas são consideradas ilegais.
Há proibição de doações de empresas com contratos governamentais a partidos políticos e a candidatos? Todas as doações de pessoas jurídicas são consideradas ilegais.
Existem disposições para o acesso gratuito ou subsidiado aos meios de comunicação para os partidos políticos? Os partidos têm livre acesso à mídia (rádio e TV) para fins de campanha nas eleições.
Quais critérios determinam a alocação de acesso gratuito ou subsidiado à mídia para partidos políticos? Um terço do tempo distribuído igualmente; II – dois terços, distribuídos proporcionalmente ao número de representantes na Câmara dos Deputados
Existem disposições para outras vantagens financeiras para encorajar a igualdade de gênero nos partidos políticos? Há previsão de parcela dos recursos de fundo eleitoral ser destinada à mulheres e negros.
Valor total do fundo eleitoral: US$ 789 milhões (Equivalente a mais de R$ 4 bilhões)
Alemanha Doação de pessoa física: Não há limitações.
Doação de empresas a candidatos: Permitido, não há vedações.
Há proibição de doações de empresas com contratos governamentais a partidos políticos e a candidatos? Não.
Existem disposições para o acesso gratuito ou subsidiado aos meios de comunicação para os partidos políticos? Não .
Que critérios determinam a alocação de acesso gratuito ou subsidiado à mídia para partidos políticos? Não existem disposições explícitas que exijam o acesso gratuito ou subsidiado aos meios de comunicação para os candidatos.
Existem disposições para outras vantagens financeiras para encorajar a igualdade de gênero nos partidos políticos? Não.
Valor total do fundo eleitoral: US$ 201 milhões
Estados Unidos Doação de pessoa física: Os limites variam de acordo com o destinatário da doação. Há o limite de US$ 2.800 de doação para o comitê de candidatos por eleição, de US$ 10 mil por ano para comitê do partido estadual, distrital ou local, e de US$ 35,5 mil por ano para o comitê do partido nacional.
Doação de empresas a candidatos: Pessoas jurídicas não podem fazer contribuições diretas a partidos e candidatos federais, mas podem fazer contribuições por meio de um PAC (political action committee, ou Comitê de Ação Política), que se trata de uma organização que pode contribuir a outros comitês de candidaturas.
Há proibição de doações de empresas com contratos governamentais a partidos políticos e a candidatos? É proibido para qualquer pessoa que celebre qualquer contrato governamental ou agência estatal.
Existem disposições para o acesso gratuito ou subsidiado aos meios de comunicação para os partidos políticos? Não.
Que critérios determinam a alocação de acesso gratuito ou subsidiado à mídia para partidos políticos? Não está previsto financiamento público indireto sob a forma de tempo de antena gratuito ou utilização de instalações por partidos ou candidatos.
Existem disposições para outras vantagens financeiras para encorajar a igualdade de gênero nos partidos políticos? Não.
Valor total do fundo eleitoral: US$ 19 milhões.
Argentina Doação de pessoa física: Os partidos políticos não podem receber da mesma pessoa física ou jurídica um valor superior a determinado patamar, que é relacionado com o total de eleitores locais.
Doação de empresas para candidatos: Só é permitida a doação para partidos.
Há proibição de doações de empresas com contratos governamentais a partidos políticos e a candidatos? Não há restrição.
Existem disposições para o acesso gratuito ou subsidiado aos meios de comunicação para os partidos políticos? Os partidos têm livre acesso à mídia (rádio e TV) para fins de campanha nas eleições, mas estão proibidos de comprar tempo adicional e o conteúdo precisa ser pré-aprovado pelo Estado.
Que critérios determinam a alocação de acesso gratuito ou subsidiado à mídia para partidos políticos? 50% do acesso à mídia é distribuído igualmente entre todos os partidos concorrentes e 50% distribuído proporcionalmente ao número de votos obtidos na eleição anterior.
Existem disposições para outras vantagens financeiras para encorajar a igualdade de gênero nos partidos políticos? Pelo menos 30% dos fundos destinados à formação política devem ser usados para a formação, promoção e desenvolvimento de habilidades de liderança política de mulheres membros do partido político.
Valor total do fundo eleitoral: US$ 12 milhões.
Chile Doação de pessoa física: Os partidos políticos não podem receber da mesma pessoa física ou jurídica um valor superior a determinado patamar, que é relacionado com o total de eleitores locais.
Doação de empresas a candidatos: Não há restrições.
Há proibição de doações de empresas com contratos governamentais a partidos políticos e a candidatos? É vetado.
Existem disposições para o acesso gratuito ou subsidiado aos meios de comunicação para os partidos políticos? Sim, em rádio e TV, observadas restrições, como período temporal.
Que critérios determinam a alocação de acesso gratuito ou subsidiado à mídia para partidos políticos? Proporcional ao número de votos obtidos na eleição anterior.
Existem disposições para outras vantagens financeiras para encorajar a igualdade de gênero nos partidos políticos? Partidos obrigatoriamente precisam destinar parte dos recursos para implementar programas e desenvolver atividades para promover a inclusão e a participação das mulheres na política.
Valor total do fundo eleitoral: US$ 23 milhões.
Portugal Doação de pessoa física: Limitadas anualmente a 25 vezes o valor do salário mínimo por doador.
Doação de empresas a candidatos: É proibido.
Há proibição de doações de empresas com contratos governamentais a partidos políticos e a candidatos? É vetado.
Existem disposições para o acesso gratuito ou subsidiado aos meios de comunicação para os partidos políticos? Há isenção tributária para a veiculação em canais oficiais.
Quais os critérios determinam a alocação de acesso gratuito ou subsidiado à mídia para partidos políticos? Há isenção tributária para a veiculação em canais oficiais.
Existem disposições para outras vantagens financeiras para encorajar a igualdade de gênero nos partidos políticos? Não.
Valor total do fundo eleitoral: US$ 21 milhões
Japão Doação de pessoa física: Limitadas anualmente a 25 vezes o valor do salário mínimo por doador.
Doação de empresas a candidatos: São permitidas para partidos e ao longo de campanha eleitoral para candidatos.
Há proibição de doações de empresas com contratos governamentais a partidos políticos e a candidatos? Permitidas para partidos e organização de fundos de atividade política.
Existem disposições para o acesso gratuito ou subsidiado aos meios de comunicação para os partidos políticos? Há regras bem específicas de acordo com casos estabelecidos pela legislação.
Quais critérios determinam a alocação de acesso gratuito ou subsidiado à mídia para partidos políticos? Varia de acordo com a disputa de cargo. Para eleições legislativas, por exemplo, os candidatos podem anunciar no jornal cinco vezes ao longo da campanha eleitoral. As propagandas dos partidos políticos possuem número máximo de linhas de jornais, a depender do número de candidatos notificados.
Existem disposições para outras vantagens financeiras para encorajar a igualdade de gênero nos partidos políticos? Não.
Valor total do fundo eleitoral: US$ 300 milhões
Mudanças das regras eleitorais no Brasil Há eventos chave para se compreender o financiamento público de campanhas no Brasil.
Antes de 1994 havia a proibição de doação eleitoral por parte de empresas, mas diante do escândalo do PC Farias e dos anões do congresso, concluiu-se que frequentemente havia chances de caixa 2, então era melhor deixar explícito. Após isso, remodelou-se o fundo partidário e permitiu-se as doações empresariais, algo que durou por duas décadas.
“Mas, diante da Operação Lava Jato, ficou explícito que as empresas influenciavam o jogo político de forma desproporcional, então o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou a regra inconstitucional. Diante disso, houve uma resposta legislativa: a criação do fundo eleitoral para financiar as campanhas”, diz Bruno Carazza.
“Após isso, migramos de um modelo em que 70% vinha de grandes empresas, para um modelo que 70% vem de dinheiro público, composto pelo fundo partidário e eleitoral”, complementa.
Ele analisa que, via de regra, as eleições no Brasil são caras porque são disputadas em territórios muito grandes, há muitos partidos sem qualquer programa ideológico bem definido e muitos candidatos concorrendo.
Carazza aponta que uma forma de baratear o custo seria a adoção do voto distrital, que, inclusive, é uma das convicções da Gazeta do Povo, e aproxima o eleitor do candidato.
“No atual sistema, se eu sou um candidato, para eu me tornar competitivo, preciso fazer campanha em uma área muito grande, a partir de um partido que é uma ‘sopa de letrinhas’, o que não me ajuda a dizer nada para o eleitorado. E como há muitos candidatos, preciso gastar muito para me diferenciar dos demais e ser competitivo”, explica Carazza.
Ou seja, o sistema eleitoral brasileiro atual é desenhado para depender de muito dinheiro.
Judicialização do fundão Sete parlamentares já entraram com ação no STF para tentar anular o aumento do fundo eleitoral: Adriana Ventura (Novo-SP), Daniel Coelho (Cidadania-PE), Felipe Rigoni (PSB-ES), Tabata Amaral (PDT-SP), Tiago Mitraud (Novo-MG) e Vinicius Poit (Novo-SP), além do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE). Eles argumentam que a forma com que o reajuste no fundo eleitoral foi inserido na votação não seguiu o que determina a lei, uma vez que “não houve atendimento a um prazo razoável de deliberação quanto a uma mudança tão impactante”.
Além disso, de acordo com Eduardo Ribeiro, presidente do Novo, o partido “já se prepara para acionar o STF caso o presidente sancione o aumento do fundão”.
Novo tenta devolver os valores do financiamento público João Amoedo, ex-presidente do Partido Novo, que tem como uma das principais bandeiras o fim do fundo eleitoral, defende o sistema americano. “É interessante, pois apesar de existir o financiamento público, há diversas regras que limitam a forma de como devem ser gastos esses recursos e os candidatos optam pelo financiamento privado”, explica. Ele ainda defende como alternativa a adoção do sistema suíço. “Apesar das óbvias diferenças para o Brasil, o sistema de financiamento privado tem funcionado muito bem. O país tem uma das democracias mais sólidas do mundo, sem gastar dinheiro público com campanhas”, defende.
O Novo tem acumulado ano após ano os valores do fundo partidário, em montante que hoje já chega a R$ 70 milhões. O atual presidente do Novo, Eduardo Ribeiro, afirma que o partido tenta, desde o registro como partido político, que ocorreu há cinco anos, devolver o dinheiro ao Tesouro Nacional. “Já fizemos diversas consultas ao Tribunal Superior Eleitoral nesse período e não há um mecanismo contábil que possibilite isso. Protocolamos um projeto de lei no início de 2019 para permitir a devolução, mas a resistência dos outros partidos é gigantesca”, diz.
Ele explica que, em relação ao Fundo Eleitoral, o partido sempre devolveu todos os recursos recebidos. “Fizemos isso em 2018, na primeira eleição que ele foi válido, e em 2020. E faremos novamente em 2022″, promete.
Presidente do STF, Luiz Fux.| Foto: Nelson Jr./SCO/STF
A recente decisão do presidente do STF – ministro Luiz Fux – sobre a extensão do direito ao silêncio de depoente na chamada “CPI da Pandemia” tem causado acalorados debates. A discussão cinge-se à possibilidade de eventual abuso no uso da prerrogativa, com a invocação à não autoincriminação para todo e qualquer questionamento, ainda que as perguntas (e as respostas) não incriminem diretamente o declarante. No caso específico, a farmacêutica Emanuela Medrades recusou-se a responder toda e qualquer pergunta, inclusive as mais simples, como seu vínculo profissional com determinada empresa.
Sucintamente, a decisão assenta-se em dois pilares: a) o direito subjetivo de não produzir prova contra si é constitucional e pode ser utilizado por qualquer cidadão, cabendo a ele próprio o primeiro juízo de valor sobre o impacto da informação oferecida; b) por outro lado, nenhum direito fundamental é absoluto e pode ser exercido para além de suas finalidades constitucionais.
Penso ter sido correta a orientação do ministro que, aliás, não inovou ao decidir assim. Em primeiro lugar, é primordial a lembrança de que, no Brasil, por determinação constitucional, vige o princípio da impossibilidade de autoincriminação (nemo tenetur se detegere), do qual deriva o direito ao silêncio. A primeira menção a tal primado remonta à Antiguidade, com a previsão, no direito hebreu. Na atualidade, menciona-se importante julgamento americano de 1964 (Malloy vs. Hogan), que estendeu a garantia a outros partícipes processuais além do acusado, como testemunhas e informantes. Tal orientação encontra guarida na jurisprudência brasileira desde 2000, por conta do julgamento do Habeas Corpus 79.812 (Rel. Min. Celso de Mello). A conservação desta garantia individual é essencial, pois é simbiótica a relação entre os direitos fundamentais e a democracia.
Por outro lado, também correta está a decisão analisada quando diz que nenhum direito fundamental é absoluto. Não raro há vários direitos fundamentais em jogo, muitos dos quais conflitantes entre si. Neste sentido, é fundamental uma ponderação à luz do princípio da proporcionalidade. Em um simples exemplo, uma matéria jornalística sobre determinada pessoa pode colocar em conflito os direitos fundamentais à liberdade de informação e o direito à privacidade. Ou, trazendo para o caso concreto, o direito à não autoincriminação não pode ser considerado sacrossanto, uma verdade intangível e superior aos demais direitos constitucionalmente previstos. Basta lembrar a orientação jurisprudencial de que não é permitido ao acusado deixar de fornecer seus dados pessoais em interrogatório.
Assim, o problema não está na decisão do STF. O problema está, sim, na forma que poderá ser utilizada. CPI’s gozam de poderes de investigação das autoridades judiciárias. Assim, está no seu lídimo direito quando analisa se eventual pergunta pode ou não incriminar o depoente. O que não se pode tolerar, à toda evidência, é, sob o manto do “interesse público”, suprimir as liberdades individuais. Em tais casos, teríamos o ressurgimento das malfadadas CGI’s dos regimes autoritários, que nada mais eram do que comissões gerais de investigação que tudo podiam, típicas de uma época que ninguém quer lembrar. Na “civilização do espetáculo” que vivemos (conceito cunhado pelo escritor peruano Mario Vargas Llosa em obra do mesmo título), as CPI’s carregam consigo objetivos que destoam da simples investigação. Permeiam suas atividades interesses políticos, eleitorais e midiáticos que não deveriam existir. Aí reside o perigo: a colocação das liberdades fundamentais como coadjuvantes em um procedimento que pode ser conduzido por questões não jurídicas.
VEJA TAMBÉM: A opção religiosa e o critério da suprema magistratura Na ausência do bom senso, a lei A dificuldade, pois, não está na decisão do STF. Não é justo, portanto, responsabilizar o Poder Judiciário por eventuais abusos na CPI. Não se pode crucificar a Suprema Corte por simplesmente garantir o direito fundamental e advertir que não é ele absoluto. São os parlamentares os responsáveis pela observância da garantia à não autoincriminação.
Pensar o contrário é o mesmo que matar o mensageiro e não o criminoso.
Alexandre Knopfholz é advogado, professor de Processo Penal do Unicuritiba e autor da obra “Limites ao âmbito de atuação das Comissões Parlamentares de Inquérito.”