Cronograma de Carga e Lacração – preparação da urnas para o 2° turno das Zonas Eleitorais do Paraná – Tags: eleições2018, eleições, voto, sulfrágio, Tribunal, urna eletronica. Fotos: André Rodrigues
Urnas eletrônicas usadas no processo eleitoral. Projeto de lei tenta implementar a impressão do voto para futura conferência.| Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo / Arquivo
Imagine se você fosse apostar na Mega Sena e não recebesse o seu papel com o comprovante da aposta. Você confiaria só na máquina? Na hora que você paga uma conta com o cartão, não pede um cupom também para conferir no fim do mês?
Pois querem que confiemos apenas na máquina de votar.
Por três vezes já aprovaram projetos de lei exatamente iguais a este que estão discutindo agora e que membros do Judiciários estão contra. A Justiça Eleitoral e ministros do STF estão fazendo reuniões políticas, com dirigentes partidários contra o projeto. O que é muito estranho pois eles são impedidos de fazer isso.
Esse projeto já foi tentado por Roberto Requião (PMDB), Flávio Dino (então no PCdoB), Brizola Neto (PDT) e também foi um projeto de Jair Bolsonaro, quando deputado federal. Este último foi vetado pela ex-presidente Dilma, e o veto dela foi derrubado por uma união de todas as vertentes políticas, porque todo mundo queria ter garantia de não haver fraude na eleição.
Por que mudaram de ideia agora?
Além disso, o Judiciário deveria conhecer o adágio latino quod abundat non nocet (o que vem a mais não prejudica).
O ministro Luís Roberto Barroso disse que não há registro de fraude. Mas o líder do PSDB, Carlos Sampaio, na época em que Aécio Neves (PSDB) concorreu a eleição e perdeu no final por poucos votos, depois de ficar 90 dias tentando auditar as urnas, afirmou: “Impossível auditar, impossível saber se teve fraude no atual sistema”.
Por isso que Bolsonaro afirmou que eleição com fraude não pode acontecer.
Aziz admite que CPI está virando chacota A frase é do próprio senador Omar Aziz: “Não aceito que esta CPI vire chacota!”. Então, alguém, ou sua consciência, disse pra ele que está virando chacota.
Ministro da Defesa reforça deveres das Forças Armadas Um discurso do ministro da Defesa, na entrega dos espadins para os aspirantes, na Academia da Força Aérea em Pirassununga, “as forças armadas sempre foram protagonistas dos momentos principais de nossa história. Vivemos momentos delicados e estamos silentes, acompanhando a conjuntura atual. Em tempos de desinformação, cresce a importância de buscar fontes idôneas. Confiem na cadeia de comando e na lealdade de seus líderes superiores. Eles representam a palavra oficial da Força. À frente do Ministério da Defesa reafirmo que as Forças Armadas continuarão com fé em suas missões constitucionais, como instituições nacionais permanentes, com base na hierarquia e na disciplina sob a autoridade suprema do presidente da República para assegurar a defesa e a soberania, a independência e a harmonia entre os Poderes e a manutenção da democracia e da liberdade do povo brasileiro a quem efetivamente devemos servir e buscar o bem comum”.
Está aí o recado, porque tem tanta gente com ideias totalitárias no País que é uma coisa incrível.
Tudo porque o sistema de corrupção está estrebuchando, não aguenta mais o jejum e a abstinência do dinheiro da Petrobras, das empreiteiras, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal, do Ministério da Infraestrutura, do Ministérios da Saúde, da Lei Rouanet, do Imposto Sindical.
Então, no desespero, vale tudo para pegar o seu dinheiro, o dinheiro dos impostos.
Reforma eleitoral Por Wesley Oliveira – Gazeta do Povo Brasília
Presidente da Câmara, Arthur Lira, recebeu o presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, para tratar do distritão| Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados
Encampada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e por bancadas de diversos partidos, a reforma eleitoral discutida no Congresso poderá mudar o modelo atual para a eleição de deputados e vereadores já nas eleições de 2022. Chamado de “distritão”, o novo modelo vem gerando polêmica e questionamentos, mas a ideia dos defensores é a avançar ainda em julho com essa mudança, que consta da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma eleitoral.
Atualmente, vereadores e deputados (estaduais e federais) são eleitos pelo sistema proporcional. Nesse modelo, os assentos nas Casas Legislativas são distribuídos a partir de cálculos, desconhecidos da maioria dos eleitores, que incluem o número total de votos válidos e a votação total de cada candidato de uma legenda somado aos votos em seu partido (voto na legenda).
Terminada a apuração, calcula-se o chamado “quociente eleitoral”, que vem a ser o número de votos que um candidato precisa para ser eleito. O quociente eleitoral se dá a partir de uma operação matemática em que se divide o número de votos válidos pela quantidade de cadeiras que haverão de ser preenchidas no Legislativo.
O quociente eleitoral entra então no cálculo do “quociente partidário”, que determina quantas vagas cada partido terá direito. Para chegar ao quociente partidário, entram os votos de todos os candidatos daquela sigla, os votos na legenda e as “sobras” de votos dos chamados “puxadores de voto” – candidatos com votação muito acima da média.
Partidos que têm muitos votos de legenda e candidatos “puxadores de voto”, com mais votação do que o necessário para se eleger, acabam tendo direito a mais vagas. Elas são preenchidas pela lista dos mais votados naquela sigla.
Na prática, esse modelo permite que um candidato menos votado se eleja e que um mais votado de outra legenda fique de fora.
Já no modelo distritão, são eleitos simplesmente os candidatos mais votados, sem nenhum cálculo. Nesse modelo, em vez de priorizar o apoio a partidos, a tendência é de políticos que são mais conhecidos sejam beneficiados, já que eles tendem a conquistar mais votos do que um político estreante, por exemplo.
Os defensores do distritão argumentam que a nova modalidade simplificaria a compreensão, pelo eleitorado, pois somente quem tem maior votação se elege. E o distritão também asseguraria uma maior representatividade, pois seriam os detentores da maioria dos votos do eleitorado são eleitos.
As críticas ao modelo do distritão Mas há críticas ao modelo do distritão. Para Arnaldo Monteiro, professor de Ciência Política e mestre em Direito Eleitoral pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), o distritão tende a encarecer as campanhas eleitorais.
“Seria necessário ampliar ainda mais o número de propaganda por todo o distrito, correspondente à unidade federativa sede da disputa, para que o candidato conquiste mais votos, situação que levaria a um maior gasto de recursos financeiros”, argumenta. O distrito (ou distritão), no caso, seria o estado nas eleições estaduais e o município nas eleições municipais.
O modelo proposto também é alvo de críticas por parte do ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo ele, o distritão enfraquece as minorias.
“Vejo que o distritão tem os problemas de não baratear o custo das eleições, enfraquecer os partidos e diminuir a representação sobretudo de minorias. Portanto, eu o vejo com reservas também. Mas, de novo, essa é uma matéria para o Parlamento”, disse o presidente do TSE durante uma audiência pública na Câmara dos Deputados.
A argumentação de que a representação das minorias seria enfraquecida se baseia justamente no fato de que o atual modelo permite que candidatos com menos votos se elejam.
Distritão misto é ideia para vencer resistências O distritão já chegou a ser proposto outras duas vezes pelos deputados, em 2015 e 2017, mas acabou sendo derrotado ambas as vezes pelo plenário da Câmara.
Contudo, agora os defensores do modelo articulam duas medidas para tentar acabar com as resistências. Uma delas seria o “distritão misto”, que destinaria metade das cadeiras para os mais votados e mantém a outra metade no modelo atual, proporcional. Nesse caso, o deputado que entrasse pelo modelo do distritão não “puxaria” votos para o proporcional.
No modelo que vem sendo concebido, São Paulo, por exemplo, elegeria 35 deputados federais por uma lista dos mais votados no estado, e seus votos não entrariam na conta que definiria os outros 35 escolhidos de forma proporcional. São Paulo elege 70 deputados federais.
A proposta do distritão misto é uma tentativa de romper as resistências dos partidos de esquerda e centro-esquerda. Contudo, integrantes do Centrão avaliam que caso não haja adesão dessas legendas, a tendência é o que o distritão puro seja levado adiante.
Relatora da reforma eleitoral, a deputada Renata Abreu (Podemos-ES) acredita que esse seria um meio termo e uma forma de transição para o modelo “distrital misto”. Esse é sistema adotado para a eleição do parlamento da Alemanha. Nesse caso, o país seria divido em distritos que elegeriam cada um seu deputado (um único parlamentar por distrito). A outra metade seria escolhida pelo sistema atual. De acordo com a relatora, esse o voto distrital misto entraria em vigor na eleição de 2026.
Com isso, o distrital misto obrigaria o eleitor a votar duas vezes: um voto para candidatos em um distrito pré-estabelecido pela Justiça Eleitoral e outro para uma lista de candidatos apresentada pelos partidos. Esse modelo conta com a simpatia do presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, por exemplo.
“Não vejo o distritão como um sistema definitivo, acredito que ele possa ser um sistema transitório para o distrital misto, o que possibilita um acordo com os parlamentares”, argumenta Renata Abreu. Para a deputada, o modelo acabaria com os “puxadores” de votos.
O PT, que tem a maior bancada dentro da Câmara ao lado do PSL, com 53 deputados, tem sido a legenda mais resistente às mudanças. A presidente da sigla, deputada Gleisi Hoffmann (PR), disse que o distritão é a “personalização da política”.
“Não são as personalidades que individualmente mudam a sociedade, mas os programas apresentados pelos partidos que fundamentam sua atuação. E as lideranças que conduzem o processo político são resultado do coletivo. A proporcionalidade do Parlamento é fundamental para a democracia. E os partidos são instrumentos para isso”, diz Gleisi.
Familiares da cúpula militar acumulam pensões com valores que chegam aos R$ 60 mil.| Foto: Julio Nascimento/PR
O cruzamento das folhas de pagamento de aposentados e pensionistas divulgadas pelo governo federal revela cerca de 6 mil rendas duplas ou triplas que somam até R$ 66 mil, sem sofrer abate-teto. Cerca de 10% desses pagamentos são ilícitos. Há casos de filha pensionista de dois pais, general e almirante reformados e ex-combatentes ao mesmo tempo e militar que acumula aposentadoria e pensão. Levantamento feito pelo blog apurou 17 pensões triplas e pelo menos 66 rendas acima do teto constitucional.
A divulgação aconteceu em cumprimento a uma decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), que acatou denúncia da agência Fiquem Sabendo sobre o descumprimento da Lei de Acesso à Informação. O governo federal mantinha em sigilo os dados de aposentados e pensionistas. Em janeiro de 2020, o governo Bolsonaro divulgou apenas os dados dos pensionistas de servidores civis, preservando os militares. A agência protocolou em janeiro deste ano uma nova denúncia no tribunal, por descumprimento da sua decisão. Em junho, o TCU reiterou ao governo federal que os dados dos militares também deveriam ser disponibilizados.
As folhas de pagamento divulgadas trazem a remuneração de militares aposentados, pensionistas de militares, pensionistas de servidores civil e aposentados do Banco Central. Nos casos de acúmulo de benefícios com valores elevados, a maioria envolve militares e seus dependentes. Mas há também 20 casos de professores e médicos da Universidade Federal do Rio de Janeiro, incluindo aposentados e instituidores de pensões. Há também 10 registros de auditores da Receita Federal.
VEJA TAMBÉM: Quanto Pacheco já gastou com jatinhos, seguranças e banquetes na residência oficial Rendas acima de R$ 60 mil A maior renda acumulada é de Gizelda do Rego Pinto – R$ 66 mil. Ela recebe R$ 24,6 mil como ex-cônjuge de um auditor da Receita Federal desde 1966, mais R$ 6,5 mil como professora aposentada da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) a partir de 2016 e R$ 34,8 mil como viúva do marechal do ar José Carlos Pereira desde setembro de 2020.
Alayde Cabral Durães de Fonseca tem renda de R$ 27,3 mil como auditora fiscal da Receita aposentada desde 1991, mais R$ 34,9 mil como filha de um marechal do ar após 2003 – um total de R$ 62,2 mil.
Yolanda Dutra de Medeiros conta com a pensão de R$ 20,4 mil como ex-cônjuge do auditor agropecuário Maurício Cantalice desde 1986, mais R$ 29 mil como filha do marechal Edgard Soares Dutra a partir de 1996. Tem ainda a aposentadoria de R$ 11 mil do Colégio Pedro II, totalizando renda de R$ 60,5 mil. O general de exército Josemar Câmara Feitosa tem renda total de R$ 60,3 mil, sendo R$ 29,8 mil como militar da reserva e R$ 30,5 mil como médico aposentado do Colégio Pedro II.
O cruzamento de dados entre as folhas de pagamento mostra que muitos instituidores de pensão deixam dois benefícios para um mesmo dependente. O tenente brigadeiro do ar Waldemar Kischinhevsky deixou pensão militar de R$ 31,2 mil e pensão civil de R$ 22 mil como professor da UFRJ para a sua viúva, Celina Freitas Ramalho. Ela ainda recebe R$ 5 mil como agente administrativa aposentada da Aeronáutica, chegando a uma renda de R$ 58,4 mil, sem sofrer abate-teto. (Veja no fim do texto tabela com as maiores rendas)
Filha de dois pais Entre as maiores rendas acumuladas há alguns casos curiosos. Alda da França Vellozo, por exemplo, recebe pensão de R$ 33,3 mil como pensionista de dois militares. Segundo os registros do governo era recebe pensão como filha de um coronel da Aeronáutica desde 1973 e como filha de um capitão do Exército a partir de 1996. Ganha ainda mais R$ 2,4 mil como postalista aposentada do Ministério da Ciência e Tecnologia. O blog solicitou esclarecimentos ao Exército, mas não houve resposta.
O almirante Luiz Brígido Bittencourt foi reformado por doença em 1991, com renda de R$ 31 mil. Desde 2005, porém, passou a receber pensão no valor de R$ 8,9 mil como ex-combatente no posto de segundo tenente da Marinha. O tipo de pensão é assim descrito: “ex-combatente (o próprio)”. A renda total chega a R$ 40,2 mil.
O general de divisão Marcel Padilla foi reformado em 1976, com renda de R$ 29,4 mil. A partir de 2005, passou a receber também pensão como ex-combatente no posto de segundo tenente do Exército, acrescentando mais R$ 8,9 mil à sua renda. Chegou perto do teto, com rendimentos de R$ 38,3 mil.
Quem sofre abate-teto Há casos de pensionistas e aposentados que sofrem o abate-teto, o que ocorre quando a renda supera o teto constitucional – equivalente ao salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Therezinha Palhano Leal, como exemplo, recebe R$ 31,4 mil como pensionista viúva do almirante Luiz Carlos Palhano Leal, mais R$ 27,3 mil como aposentada da Advocacia Geral da União (AGU). Sua renda chegaria a R$ 58,7 mil, mas ela sofre o redutor constitucional de R$ 17 mil.
Tânia Dias Xavier tem um corte ainda maior. Ela recebe R$ 29,2 mil como pensionista filha do marechal Jovaldo Ferreira Dias e R$ 27,3 mil como auditora fiscal aposentada. A soma fica em R$ 56,5 mil, mas o abate-teto é de R$ 19,2 mil.
Sistemas não se falavam As quatro folhas de pagamento que agora foram cruzadas não se falavam. Segundo dados do Exército, são cerca de 750 mil pessoas. Há casos de duplicidade de vínculo em pouco menos de 1% do total. Desse percentual, cerca de 90% aparentemente são lícitos. As Forças Armadas estão agora identificando as acumulações que são lícitas e as que são potencialmente ilícitas.
As que forem lícitas serão excluídas desse universo. No caso das potencialmente ilícitas, será aberto um procedimento administrativo em cada caso para ver se é acúmulo ilegal ou não. Uma vez constatada a ilegalidade, haverá um processo de restituição ao erário, com possível judicialização. Profissionais da saúde e da educação têm obtido na Justiça o direito de acumular empregos públicos ou salário com aposentadoria acima do teto constitucional.
Segundo as Força Armadas, esse trabalho de cruzamento das fontes de pagamento já vinha sendo desenvolvido pelo Ministério da Defesa, com participação das três forças (Exército, Marinha e Aeronáutica), junto à Controladoria Geral da União (CGU), buscando justamente essa integração dos dois sistemas diferentes.
Maiores rendas Beneficiário Maior renda R$ Parente Posto do militar Total R$ ALAYDE DURAES DA FONSECA 34.934,00 filha marechal do ar 62.238,32 YOLANDA DUTRA MEDEIROS 29.182,00 filha marechal 60.553,43 JOSEMAR CAMARA FEITOSA 29.828,00 militar general de exército 60.313,50 STELA DE VILHENA RESSTEL 32.033,00 viúva marechal 59.337,50 MARIA ILKA TEIXEIRA NIOBEY 31.413,00 filha almirante 58.783,17 CELINA RAMALHO FILHA 31.191,00 cônjuge brigadeiro do ar 58.415,33 LILIAN DE ANDRADE LAGES 28.761,00 filha marechal 56.806,44 REGINA DUTRA DE OLIVEIRA 29.434,00 filha general de exército 56.737,82 SYLVIA MARINHO WANDERLEY 29.233,00 cônjuge general de exército 56.537,14 EMILIA DE ARAUJO MIRANDA 29.232,00 cônjuge brigadeiro do ar 56.535,90 MARIANA DE FREITAS MOURA 29.182,00 filha marechal 56.486,02 ANGELA DIAS BRITO GOMES 30.187,00 filha marechal 55.884,11 FRANCINA STUCKERT FIALHO 34.290,00 filha marechal do ar 53.508,20 MARIA SUNDFELD HANDFEST 29.322,00 cônjuge marechal 52.790,99 LILIA FREIRE BLOIS 29.743,00 filha marechal 51.282,35 VERA PINTO COELHO GOMES 30.442,00 filha marechal 51.132,04 JANE SOUTO DE OLIVEIRA 34.092,00 filha marechal do ar 50.728,25 TANIA REBELO COSTA SERRA 32.999,00 filha marechal do ar 50.309,62 VERA GOES PEREIRA LIMA 32.230,00 filha marechal do ar 48.868,47 Fonte: Portal da Transparência da Presidência da República
Levantamento exclusivo Por Gabriel de Arruda Castro, especial para a Gazeta do Povo
Pátio interno do edifício-sede da Fundação Ford, em Nova York: influência global.| Foto: Divulgação/Fundação Ford
A Fundação Ford, entidade cuja missão é propagar a “justiça social” ao redor do planeta, distribuiu US$ 180 milhões no Brasil desde 2006. Levando em conta o câmbio de cada ano, a soma equivale a aproximadamente R$ 492 milhões. Os dados fazem parte de um levantamento exclusivo da Gazeta do Povo com base nas planilhas da organização. Em um período de 15 anos, 293 entidades receberam recursos da Fundação Ford para atuar no Brasil. A grande maioria dos beneficiários tem sede no território brasileiro, embora algumas entidades internacionais também estejam na lista.
Entre os destinatários dos recursos da Fundação Ford, estão a Associação Brasileira de Magistrados (AMB), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Ministério Público do Pará, 24 universidades – públicas e particulares -, entre outros.
Embora não seja ilegal, o repasse de recursos gera questionamentos por causa da grande desproporção financeira e pelo potencial de que uma organização estrangeira tenha uma influência indevida sobre os rumos do debate público no Brasil. Além disso, temas como a demarcação de terras indígenas e a reforma agrária têm um potencial de impacto significativo sobre a participação do Brasil no mercado global, já que o agronegócio é o principal eixo de exportações brasileiro.
Críticas semelhantes são feitas à da atuação da Open Society, do bilionário George Soros. A partir de outro levantamento exclusivo, reportagem da Gazeta do Povo mostrou que Soros investiu R$ 117 milhões em entidades no Brasil.
A Fundação Ford tem uma predileção pelo financiamento de projetos da pauta que, pelos critérios americanos, pode ser definida como “progressista”. Isto inclui a legalização do aborto e a propagação de ideias radicais no campo racial.
Quem a Fundação Ford financia no Brasil Valor em dólares, ordenados a partir de quem mais recebeu.
Fonte: Fundação Ford Mais infográficos
A história da Fundação Ford está ligada à da fabricante de veículos. A organização teve início em 1936, com recursos de Edsel Ford, filho de Henry Ford. Desde os anos 1950, entretanto, a fundação é independente do grupo Ford. O último membro da família Ford no conselho da fundação deixou o cargo em 1976.
Nem sempre o alinhamento com as causas de esquerda foi claro. De início, a prioridade eram ações de promoção da cultura e de combate à pobreza. Em 1952, por exemplo, recursos da fundação financiaram o surgimento de programas infantis educacionais para a televisão – um deles, a Vila Sésamo. Nas últimas décadas, entretanto, conforme a agenda progressista se tornava mais radical, a fundação acompanhou essa tendência.
Globalmente, a Fundação Ford repassou US$ 8,2 bilhões desde 2006, distribuídos a 6.777 organizações. “Acreditamos que os movimentos sociais são construídos sobre liderança individual, instituições fortes e ideias inovadoras, por vezes de alto risco”, diz a fundação em sua página na internet.
Grupo tenta reverter condenação de segurança que impediu travesti de usar banheiro feminino Principal beneficiada: foco na Amazônia As cinco organizações mais beneficiadas pela Fundação Ford no Brasil desde 2006 foram a Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (US$ 5,6 milhões), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (US$ 5,2 milhões), o Instituto Socioambiental (ISA) (US$ 4 milhões), a Justiça Global ( US$ 3,8 milhões) e a Terra de Direitos (US$ 3,5 milhões).
A Federação de Órgãos para Assistência Social (Fase) é uma entidade sediada no Rio de Janeiro e que tem como objetivo “a construção de uma sociedade democrática e atuante em favor de alternativas ao modelo de desenvolvimento vigente”. A maior parte das doações feitas pela Fundação Ford à entidade está relacionada à região amazônica. Em 2009, por exemplo, a organização americana enviou US$ 250 mil com o objetivo de “estabelecer o Fundo dos Povos Indígenas do Xingu”. Em 2020, a Fase obteve sua maior doação até aqui: foram US$ 2 milhões para “apoio geral” na busca por “justiça social e ambiental”.
A UFRJ, por sua vez, obteve 26 repasses da Fundação Ford desde 2006. Boa parte deles foram aplicados em projetos ligados à questão racial e aos povos indígenas. A instituição, aliás, não foi a única universidade financiada pela Fundação Ford. A lista inclui um total de 24 instituições de ensino superior. A maioria é de universidades federais, mas também houve repasses para a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, que recebeu US$ 219 mil em 2013 para conduzir uma pesquisa sobre os serviços de proteção aos direitos humanos nas universidades brasileiras.
O Instituto Socioambiental, terceiro maior beneficiado, é outra organização que atua na Amazônia. Um dos repasses feitos pela Fundação Ford – de US$ 300 mil, em 2010, foi usado para “preparar um atlas das terras dos povos indígenas e de terras protegidas”. Em 2013, o instituto obteve outros US$ 200 mil com o objetivo de “realizar consultas públicas e workshops” de forma a “construir narrativas de povos tradicionais para influenciar a mídia”.
A Justiça Global, quarto lugar na lista de maiores beneficiados, recebeu recursos da Fundação Ford para atuar contra “violações de direitos humanos” no Brasil. Já a Terra de Direitos, quinta colocada, atua sobretudo na resolução de conflitos fundiários – por vezes, em parceria com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST).
Agenda pró-aborto A ong Católicas pelo Direito de Decidir, cuja missão é defender a legalização total do aborto no Brasil, recebeu doações em quatro anos distintos (2007, 2008, 2010 e 2015) da Fundação Ford. Foram US$ 900 mil ao todo.
Em um desses anos, o objetivo era promover “os direitos sexuais e reprodutivos no Brasil e na América Latina”. O termo “direitos reprodutivos”, neste caso, refere-se ao aborto. Apesar do nome, a Católicas pelo Direito de Decidir não tem qualquer ligação com a Igreja Católica. Recentemente, o grupo perdeu, em primeira instância, uma ação que questionava o uso do termo “Católicas” em seu nome.
Outras organizações com princípios semelhantes foram financiadas pela Fundação Ford. Entre elas, o Anis – Instituto de Bioética e o CFEMEA – Centro Feminista de Estudos e Assessoria.
Já a Central Única dos Trabalhadores (CUT), historicamente ligada ao PT, recebeu US$ 150 mil em 2014 para “pesquisa aplicada, networking e defesa da transparência e prestação de contas relacionada à Iniciativa dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul)”.
Até mesmo o Ministério Público do Pará está na lista da Fundação Ford. Segundo a planilha da fundação, o órgão obteve US$ 500 mil para implementar uma câmara de resolução de conflitos fundiários na Amazônia.
A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), principal entidade representativa dos juízes no país, também integra a lista: a entidade obteve US$ 78 mil para produzir e publicar uma revista sobre direitos humanos, com foco na população negra.
Outro lado O Ministério Público do Pará afirmou à Gazeta do Povo que “a Fundação Ford financia o programa de gestão de conflitos territoriais rurais do Ministério Público do Estado do Pará (MPPA)”. Segundo o órgão, esse projeto tem dois produtos: o SIG-Fundiário (SIG-F) e as Câmaras de Tratamento de Conflitos Agrários em Castanhal e Santarém. O SIG-F promove a unificação “de informações de registros públicos imobiliários rurais”. Já as duas Câmaras de Tratamento de Conflitos Agrários “funcionam de forma preventiva para buscar a solução autocompositiva de conflitos entre as partes envolvidas”.
A Associação dos Magistrados Brasileiros disse que os recursos foram aplicados exclusivamente na publicação da revista “Cultura e Direitos Humanos”. “A publicação teve tiragem de 50 mil exemplares, que foram distribuídos a magistrados, instituições públicas e privadas de ensino, agentes e entidades culturais, jornalistas e meios de comunicação”, afirmou a entidade, em nota.
A Fase, que existe desde 1961, afirma receber apoio da Fundação Ford desde 1982. A organização brasileira afirmou à Gazeta do Povo que “os recursos são aplicados de forma autônoma, transparente e democrática, conforme assegura o estatuto da FASE. As prestações de contas e outros documentos contábeis estão disponíveis na nossa página na internet”.
O Instituto Socioambiental também se pronunciou: “Ao longo dos anos o apoio da Fundação Ford, assim como de outros financiadores, permitiram que o ISA produzisse análises jurídicas, reportagens, vídeos, notas técnicas, campanhas, publicações, desenvolvesse projetos e apoiasse parceiros em temas de interesse socioambiental, conforme relatórios disponíveis no site do ISA https://www.socioambiental.org/pt-br/o-isa/transparencia”.
A ong Católicas pelo Direito de Decidir afirmou, em nota, que a missão da entidade é “ promover e qualificar o debate sobre os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres no espaço público brasileiro”. O texto acrescenta: “Para tanto, ao longo da jornada, houve apoio e parcerias de diversas entidades nacionais e internacionais. Diferente do enfoque delimitado, o objetivo de nossa organização não é desequilibrar o debate público, mas sim fortalecê-lo, dando voz e ressonância a bandeiras de lutas históricas, e muitas vezes invisibilizadas, das meninas e mulheres brasileiras.”
A assessoria de imprensa da CUT afirmou que os recursos recebidos para o projeto sobre os BRICS “foram utilizados, conforme previsto em contrato, para pagamento de salários e assessorias específicas para o desenvolvimento do projeto, dois seminários com participação de representantes dos países envolvidos, atividades externas, estudos e pesquisas.”
A Terra de Direitos, por sua vez, disse que “tem total autonomia na sua atuação, uma atuação alinhada e pautada na defesa dos direitos humanos e enfrentamento das desigualdades.”
A Universidade Federal do Pará informou que os recursos recebidos da Fundação Ford não passam pela administração da instituição de ensino, mas são concedidos diretamente “a pesquisadores com projetos que atuam junto a comunidades vulneráveis.”
A Fundação Ford e as demais organizações citadas no texto desta reportagem também foram procuradas pela Gazeta do Povo, mas não se pronunciaram até a publicação da matéria.
A construção civil está entre os setores que puxam para cima o crescimento econômico em 2021. Mas a expansão brasileira é desigual, e ainda há áreas em retração.| Foto: Jonathan Campos/Arquivo/Gazeta do Povo
A economia brasileira deve ter, em 2021, o maior crescimento dos últimos onze anos. A projeção do relatório Focus, uma pesquisa feita semanalmente pelo Banco Central junto a instituições financeiras, sinaliza para uma alta próxima de 5,2% no Produto Interno Bruto (PIB).
Mas esse avanço não deve ser homogêneo, principalmente na indústria, por causa dos efeitos da crise da Covid-19. Assim, alguns segmentos exibem crescimento exuberante e ajudam a impulsionar o PIB, enquanto outras áreas ainda estão em retração – caso de algumas atividades industriais e também do setor de serviços, mais prejudicados pela pandemia.
“Foi, ao mesmo tempo, um choque de oferta e de demanda”, diz o economista-chefe do Banco Original, Marco Caruso.
Uma série de fatores contribui para o bom desempenho da economia brasileira neste ano. Ela surpreende desde o primeiro trimestre, quando o PIB cresceu 1,2% na comparação com os três últimos meses de 2020.
É verdade que o crescimento ocorre sobre uma base de comparação muito fraca: em 2020, o PIB encolheu 4,1%, no pior desempenho desde 1990. Mesmo assim, a expansão de 2021 vai além do que era esperado meses atrás.
A diretora de macroeconomia da Tendências Consultoria, Alessandra Ribeiro, aponta algumas razões para o avanço do primeiro trimestre:
a boa demanda externa, que favoreceu o segmento de commodities agropecuárias e minerais; a maior mobilidade das pessoas nos primeiros meses do ano; a adaptação das empresas e das famílias à nova realidade; e a não confirmação dos temores em relação à falta do auxílio emergencial no primeiro trimestre. “Ela [a falta do auxílio emergencial no início do ano] foi compensada, em parte, pela poupança que foi feita nos meses anteriores e pelo aumento de gastos da população de maior renda.”
Mas o cenário do crescimento econômico deve sofrer uma transformação neste segundo semestre. Depois de a indústria ser o carro-chefe na primeira metade do ano, a tendência é de que, com o avanço da vacinação contra a Covid-19, esse posto passe a ser ocupado pelos serviços, que respondem por cerca de 60% da economia brasileira.
“Estamos assistindo a um crescimento que deveria ter acontecido lá atrás, se não fosse a pandemia”, explica Lisandra Barbero, economista do banco Original.
Quem está crescendo Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos cinco primeiros meses do ano a indústria acumula um crescimento de 13,1% no comparativo com o mesmo período de 2020, quando começaram a ser sentidos mais fortemente os impactos da pandemia. “A demanda nacional e internacional segue aquecida”, destaca Lisandra.
Nos acumulado de 12 meses até maio, o setor acumula um crescimento de 4,9% em relação a igual período anterior. O destaque são segmentos ligados à construção civil, itens de uso doméstico e às máquinas e equipamentos.
A fabricação de cimento teve uma expansão de 20,2%; a de tubos e acessórios de material plástico para uso na construção, 24,5%; e a de tintas, vernizes, esmaltes e lacas, 18,1%. Do lado dos itens de uso doméstico, houve um crescimento de 29,9% na fabricação de eletrodomésticos. A produção de máquinas e equipamentos de uso geral, por sua vez, apresentou um incremento de 17,0%, ao passo que a de tratores, máquinas e equipamentos para a agropecuária subiu 34,7%.
As vendas de equipamentos para o campo foram favorecidas pelo crescimento do agronegócio, que teve uma expansão de 5,35% no primeiro trimestre em comparação ao mesmo período de 2020, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP) e da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA).
A desvalorização do real frente ao dólar, que ganhou força ao longo do ano passado e no primeiro trimestre, pressionou a inflação, mas pode ter dado uma “ajudinha” ao segmento de máquinas e equipamentos e ao de insumos industriais.
“O aumento nos custos para trazer esses itens de fora favoreceu uma substituição de importações”, explica a diretora e macroeconomia da Tendências Consultoria, Alessandra Ribeiro.
Fernando Ribeiro Leite, professor do Insper, destaca um dos reflexos positivos dessa conjuntura: a recuperação da taxa de investimento da economia. No ano passado, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que mede os gastos com máquinas, equipamentos e construção, correspondeu a 16,43% do PIB. Foi o maior índice em cinco ano, e o terceiro crescimento seguido.
“As companhias estão aproveitando esta oportunidade. Imóveis também estão mais em conta e as empresas mais baratas, o que favorece fusões e aquisições”, diz Leite.
Quem está encolhendo Apesar da recuperação robusta esperada para a economia neste ano, ainda há segmentos em baixa.
A produção de artigos do vestuário e acessórios, por exemplo, caiu 1,4%. “Esta situação está relacionada às restrições de mobilidade e ao incremento no home office, que demandou menos esses itens”, explica Alessandra Ribeiro, da Tendências. Eles foram afetados também pela retração no emprego e na renda dos trabalhadores.
Outro segmento que ainda recua é o automotivo. A fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias caiu 2,5% nos 12 meses encerrados em maio, comparativamente a igual período anterior, aponta o IBGE. “A perda da confiança do consumidor, por causa da pandemia, também impactou negativamente este setor”, afirma Leite.
Um dos fatores que impedem uma aceleração na produção é o desarranjo na cadeia de suprimentos de microchips, que pode causar perdas de US$ 100 bilhões a essa indústria no mundo todo, de acordo com a KPMG.
Os serviços apresentam uma retração de 5,4% nos 12 meses encerrados em abril, puxados pelos serviços prestados às famílias, que tiveram um encolhimento de 34,3%, por causa da menor mobilidade das pessoas e das restrições estabelecidas pelas autoridades sanitárias. “Muitas famílias substituíram o consumo de serviços pelo de bens”, complementa Lisandra, do Original.
Perspectivas para o crescimento em 2022 As perspectivas para os próximos meses e para 2022 são de um crescimento menor – o ponto médio das projeções do Relatório Focus, do BC, sinaliza para 2,1% – e mais homogêneo entre as diferentes atividades econômicas.
Segundo Alessandra Ribeiro, da Tendências, com o avanço na vacinação vai haver uma reação no setor de serviços. Este também deve ser beneficiado por uma acomodação na demanda por bens. “Este setor [serviços] vem de dois anos difíceis e já vem esboçando uma reação”, complementa Lisandra Barbero, do Original.
A crise hídrica também deve funcionar como um limitador ao crescimento nos próximos meses, por causa do aumento nos gastos com energia, motivado pelo acionamento das termelétricas. A diretora da Tendências destaca que a produção tende a ficar mais cara.
Outros gargalos que também devem pressionar o crescimento, segundo Lisandra, são a lenta recuperação do mercado de trabalho – apesar da criação de 1,2 milhão de postos de trabalho formais nos cinco primeiros meses do ano, o desemprego ainda é de 14,7% – e as incertezas e fragilidades na cadeia global de suprimentos.
“Neste cenário, o comércio e a indústria devem sentir a retirada dos estímulos monetários e fiscais. O auxílio emergencial não deve se sustentar”, diz a economista do Original.
Leite, do Insper, também lembra que, no próximo ano, haverá eleições. “Em um cenário bastante polarizado, a política é um elemento forte no ambiente econômico. Isto contribui para travar investimentos e contribuir para que os investimentos percam ritmo.”
Esta é a primeira reportagem da série “O Brasil que cresce”, que apresenta alguns dos setores que mais avançam no país. Acompanhe a série neste link.
Após 28 anos, seleção volta a ser campeã; gol de Di María nasceu em falha de Renan Lodi
Raphael Ramos, O Estado de S.Paulo
Acabou! Acabou a Copa América que a seleção brasileira não queria disputar no País em meio à pandemia de covid-19. Acabou também o jejum de títulos da Argentina. Com a vitória por 1 a 0, neste sábado, no Maracanã, a seleção argentina voltou a ganhar um título depois de 28 anos e coroa Lionel Messi, o seu grande astro.
Desde a Copa América de 1993, quando bateu o México, a seleção argentina não levantava uma taça. Depois daquele triunfo no Equador, gerações de jogadores talentosos chegaram perto da glória, mas sempre fracassaram.
Argentinos comemoram o gol de Di María que decidiu a Copa América Foto: Wilton Júnior / Estadão Conteúdo
A Argentina vivia até esse sábado o seu maior jejum de títulos da história. Nunca o país ficou tanto tempo sem conquistas. Entre as seleções campeãs do mundo, seu período sem taças só era menor do que o da Inglaterra, que não vence uma competição desde a Copa de 1966 e hoje decide a Eurocopa em casa com a Itália.
O jogo deste sábado no Maracanã também encerra uma série de derrotas para o Brasil em partidas decisivas, como as Copas Américas de 1995, 1999, 2004, 2007 e 2019, além da Copa das Confederações de 2005.
Já a seleção de Tite amarga uma derrota diante do seu maior rival em uma partida em que praticamente nada deu certo. A começar pelo lateral-esquerdo Renan Lodi, que saiu do jogo como vilão da derrota ao cometer um erro feio no lance que decidiu o título.
Como em um jogo de xadrez, as duas equipes começaram a partida cautelosas, estudando cada movimento do adversário. Até por isso, os primeiros 15 minutos foram pouco intensos, com exceção das faltas dos argentinos para segurar as investidas do Brasil.
Neste cenário, qualquer vacilo poderia ser fatal. E foi. Aos 21 minutos, Renan Lodi falhou ao não conseguir interceptar o lançamento de De Paul para Di María. Com extrema qualidade e tranquilidade, o atacante argentino sobrou sozinho de frente para Ederson e só deu um “tapa” na bola para encobrir o goleiro. Um golaço.
Se nas demais partidas da Copa América a conexão entre Lucas Paquetá e Neymar funcionou bem e foi fundamental para que o Brasil chegasse à decisão, neste sábado a dupla teve muita dificuldade para encaixar as jogadas. O craque do Paris Saint-Germain era sempre vigiado de perto por dois marcadores mesmo quando estava sem a bola, enquanto Paquetá ficou preso entre as linhas de defesa da Argentina. Everton Cebolinha e Richarlison também pouco produziram ao longo de todo o primeiro tempo.
No intervalo, Tite sacou o volante Fred para a entrada do atacante Roberto Firmino. O Brasil ficou mais leve, passou a pressionar a saída de bola argentina e até chegou a balançar a rede aos sete minutos com Richarlison – o atacante, no entanto, estava impedido no momento em que recebeu o passe de Paquetá e a arbitragem anulou o gol.
Mesmo com mais posse de bola, o maior problema do Brasil estava na armação das jogadas. Faltava, por exemplo, lances em profundidade com os laterais para abrir espaços no meio. Neymar, por muitas vezes, exagerava na individualidade e facilitava o trabalho dos zagueiros argentinos.
Tite, então, resolveu partir com tudo para cima da Argentina. Colocou em campo Vinicius Junior e Gabigol e o Brasil passou a jogar com cinco atacantes. Somente Casemiro ficava na marcação à frente da defesa. Mas as alterações não surtiram o efeito desejado pelo treinador brasileiro.
Para segurar a vantagem, a Argentina deixou o jogo truncado, tenso. Os jogadores valorizavam cada falta ou bola para fora para ganhar tempo. Deu certo. O jogo se arrastou assim até o apito final e a Argentina, enfim, acabou com o seu mais longo jejum de títulos.
FICHA TÉCNICA
BRASIL 0 X 1 ARGENTINA
BRASIL: Ederson; Danilo, Marquinhos, T. Silva e Renan Lodi (Emerson); Casemiro, Fred (Firmino) e L. Paquetá (Gabigol); Everton (Vinicius Jr.), Neymar e Richarlison. Técnico: Tite.
ARGENTINA: E. Martínez; Montiel, Romero (Pezzella), Otamendi e Acuña; Paredes (G. Rodríguez), Lo Celso (Tagliafico), Di María (Palacios), De Paul e Messi; Lautaro Martínez (N. González). Técnico: L. Scaloni.
GOL: Di María, aos 21 minutos do 1º T.
CARTÕES AMARELOS: Fred, Paredes, Lo Celso, De Paul, Renan Lodi, L. Paquetá, Otamendi, Marquinhos e Montiel.
Bilionário Richard Branson deve viajar ao espaço neste domingo
Fundador da Virgin surpreendeu ao anunciar uma viagem nove dias antes do voo do fundador da Amazon
Por Bruno Romani – O Estado de S. Paulo
Richard Branson deve superar Jeff Bezos com viagem neste domingo
Correndo por fora, o bilionário britânico Richard Branson pode superar, neste domingo, Jeff Bezos, fundador da Amazon, e Elon Musk, fundador da Tesla, na corrida de ricaços para o espaço. Está marcado este domingo, 11, às 10h (horário de Brasília) o voo tripulado da Virgin Galactic que partirá do Estado do Novo México, nos EUA.
O foguete SpaceShipTwo, batizado de Unity, será levado sob um avião chamado White Knight Two a uma altitude de 15 mil metros, antes de se desprender – esta parte do voo deve durar 45 minutos. Então, o motor do Unity será acionado, levando a espaçonave para uma subida em velocidade supersônica a altitudes superiores a 80,5 mil metros. No topo do arco da trajetória, os passageiros flutuarão por cerca de 4 minutos, antes de o avião espacial reentrar na atmosfera.
A SpaceShipTwo pode levar dois pilotos e até seis passageiros. A cabine possui 12 grandes janelas e nada menos que 16 câmeras. No voo deste domingo, outros três passageiros, todos funcionários da Virgin, estarão à bordo.
O anúncio de Branson surpreendeu. No começo de junho, Bezos fez barulho ao anunciar que estará a bordo do primeiro voo tripulado da Blue Origin, empresa de viagens espaciais fundada por ele em 2000. A viagem está marcada para 20 de julho. Então, Branson interceptou o momento de Bezos revelando, no começo do mês, que voará nove dias antes.
Neste sábado, 10, Bezos postou uma mensagem no Instagram, desejando boa sorte e um voo seguro a Branson e sua equipe.
A jogada é ousada. Em outubro de 2014, o modelo anterior de nave da Virgin Galactic, V.S.S. Enterprise, sofreu um acidente num voo de testes, o que causou a morte de um dos dois pilotos. O acontecimento acabou atrasando os planos de desenvolvimento da Virgin. Ao mesmo tempo, a empresa assistiu ao crescimento da SpaceX, que em maio de 2020 fez o seu primeiro voo tripulado. Desde então, a empresa fundada por Elon Musk já conseguiu fazer outros voos ao espaço, chegando a enviar astronautas para a Estação Espacial Internacional.
A VSS Unity, já foi três vezes para o espaço em 2018 e 2019 saindo da Califórnia e do Novo México. Em 2019, levou como passageiro um empregado da empresa. O último teste da Virgin Galactic aconteceu em maio deste ano. O resultado animou a empresa, que optou por fazer um voo tripulado com seu fundador. “Quem seria melhor do que Richard Branson para testar a experiência completa na cabine?”, questionou ao jornal The New York Times Aleanna Crane, vice-presidente de comunicações da Virgin Galactic.
SpaceShip Two em voo de testes
“O mínimo que o fundador da empresa pode fazer é voar com seus funcionários”, disse Branson ao canal CNN.
Branson fundou a Virgin Galactic em 2004, com o objetivo de oferecer aos clientes voos turísticos curtos, e abriu seu capital em 2019.
A Virgin Galactic espera iniciar as operações comerciais regulares no começo do ano que vem e almeja realizar cerca de 400 voos anuais saindo de Spaceport America, sua base em Novo México. A empresa já vendeu, incluindo para estrelas de Hollywood, cerca de 600 passagens por preços entre US$ 200 mil e US$ 250 mil. Quando novas passagens forem colocadas à venda, o preço será maior, já avisou a empresa. / COM INFORMAÇÕES DA AFP