domingo, 11 de julho de 2021

FOCO PARA A EMPRESA CRESCER

 

 

Autoconhecimento, empatia e valores claros são fatores essenciais para seu negócio crescer e conquistar mais clientes ·   

      Redação PEGN

Como fazer minha empresa crescer? Essa é uma pergunta feita por muitos empreendedores. Não é raro encontrar donos de negócio “presos” em frustrações como falta de clientes, falta de propósito e dificuldade na hora de encontrar bons parceiros.

Empreendedor sob estresse em frente ao computador (Foto: Reprodução/Pexel)

Sair dessa situação não é uma missão simples, mas algumas dicas podem ajudar quem está começando. Para Kristian Livolsi, empreendedor e especialista em liderança, o caminho pode estar ligado ao autoconhecimento e ao foco.

Como escreve na Entrepreneur, “todos começam do zero”, e não há nenhum motivo para se envergonhar disso. Com o objetivo de ajudar esses fundadores, ele reuniu uma lista de recomendações que ajuda os empreendedores a encontrar o seu caminho e fazer o negócio brilhar. Confira abaixo as dicas de Livolsi.

Autoconhecimento
O dono de negócio deve fazer uma análise interna para entender de onde veio, quem ele realmente é, o que representa na sociedade e por que está empreendendo. Na visão do especialista, o autoconhecimento é uma das questões mais importantes na hora de decidir o propósito da empresa.

Humanidade
Empreendedores não podem se esquecer de que seus clientes são seres humanos. Portanto, leve isso em conta na hora de formular sua abordagem de venda. “Pegue o telefone e fale com eles”, diz Livolsi. Para o especialista, clientes são o combustível de um negócio. E, em tempos de pandemia, as pessoas se sentem mais isoladas do que nunca. Por isso, é fundamental posicionar seu negócio como um parceiro do cliente.

Valores
Definir os valores da empresa é essencial para um negócio crescer. Com base nisso, você cria conexões com clientes, fornecedores e todas as pessoas da sua equipe. Forma ainda as bases para a cultura da companhia.

Foco
Não atire para todos os lados. Caso faça isso, é possível que a mensagem da sua empresa se perca, deixando o público confuso. Portanto, tenha foco e delimite o que você quer vender – e para quem quer vender. Isso fará com que seja mais fácil tomar as decisões certas.

Presença de marca
Quando seus clientes pensam em um determinado tipo de produto, eles lembram de você? Donos de negócio devem se fazer essa pergunta constantemente. Assim, fica mais fácil alinhar as dicas anteriores e encontrar o foco da sua empresa.

3 táticas de negociação do FBI para te ajudar a vender mais

Utilize essas estratégias para obter mais informações do seu cliente e fazer a sua empresa crescer

·         Redação PEGN

Os agentes do FBI são preparados para liderar algumas das negociações mais tensas do planeta. Eles solucionam crimes, mas boa parte das táticas utilizadas para conduzir uma conversa e conquistar o que se deseja também podem ser aplicadas ao mundo dos negócios – e ajudar a impulsionar vendas, parcerias e o crescimento do negócio.

Agente do FBI: técnicas podem ser aplicadas no mundo dos negócios (Foto: miodrag ignjatovic / GettyImages)

De acordo com o colunista da Entrepreneur, Dr. Steven Ghim, o primeiro passo é entender que as pessoas tendem a responder a determinados comportamentos de forma instintiva, como se estivessem diante de um espelho. Se você gritar, a outra pessoa passa a gritar, por exemplo.

“Os cientistas sabem que temos neurônios-espelho em nossos cérebros, que fazem essa resposta acontecer. Eles acham que o objetivo é nos ajudar a navegar pelas situações e nos conectar socialmente, para garantir uma maior probabilidade de sermos aceitos no grupo dominante”, escreve.

Aplicar esse efeito espelho de diferentes maneiras é um caminho para se conquistar o resultado desejado em uma conversa. O recurso pode ser utilizado para mostrar que compreende a outra pessoa, difundir as tensões e influenciar positivamente o modo como ela se sente. Os negociadores chamam isso de “empatia tática”, segundo o autor. Confira três métodos que podem te ajudar:

1. Escolha o seu tom
O negociador do FBI, Chris Voss, afirma que existem três “vozes” principais que você pode escolher para fazer as pessoas relaxarem e confiarem em você. A primeira é a “voz de DJ no fim da noite”, um tom mais calmo e lento, em que você seleciona alguns trechos para serem marcados em tom mais baixo. Já a segunda, mais utilizada, é a voz “positiva e brincalhona”, que passa uma imagem descontraída e relaxada, marcada por alguns sorrisos. Há ainda o modo “direto e assertivo”, que sinaliza uma dominância do assunto e da situação.

O autor sugere escolher a mais adequada a cada tipo de conversa. A linguagem corporal deve ser coerente e seguir o mesmo tom do que está sendo dito. Isso vale também para a observação do comportamento do interlocutor. “Se o que um cliente sinaliza com seu corpo é diferente do que ele diz, então você sabe que há algo que ele não está relevando.”

2. Repita
Essa estratégia consiste em pedir indiretamente mais informações ao cliente, repetindo as últimas palavras do que ele disse. Por exemplo, se o cliente diz “gosto desse produto, mas o preço é muito alto”, você pode responder perguntando “o preço é muito alto?”, ou mostrando empatia “puxa, que pena que está fora do seu orçamento”.

Isso cria um sentimento de reconhecimento entre você e a pessoa, fazendo com que ela se sinta ouvida e instigada a desenvolver o raciocínio. Pode ser que ela forneça mais informações sobre porque ela acha o produto caro, ou até te ajude a encontrar soluções. Todas essas informações podem ser usadas para entender os pontos fracos do negócio de seu interlocutor.

3. Use rótulos
As etiquetas ajudam a identificar o seu cliente. Por exemplo, se um grupo de pessoas está concentrado no custo, um rótulo negativo poderia ser “eles odeiam preços altos”, enquanto um rótulo positivo poderia ser “eles adoram ver valor no produto”.

O autor sugere escolher um dos caminhos, escrever e mostrar ao cliente. “Isso valida como eles estão se sentindo, ajudando na construção de um vínculo. Mas também lhes dá a chance de esclarecer sua percepção sobre eles e sua situação”, explica.

Se o caminho escolhido for o do rótulo positivo, você pode usar isso a seu favor, com uma abordagem propositiva: “Pelo jeito, parece que você gosta de ver valor na sua compra. Gosto disso. Posso acrescentar mais esse item, parece mais justo?”

Essas três técnicas de espelhamento utilizadas pelo FBI podem ser utilizadas para minimizar o estresse em situações difíceis e tirar o máximo de informações possível da outra parte. Planeje hoje mesmo suas táticas de tom de voz, repetição e rotulagem para criar relacionamentos e vender mais.

QUEM SOMOS

A Plataforma Comercial da Startup Valeon é uma empresa nacional, desenvolvedora de soluções de Tecnologia da informação com foco em divulgação empresarial. Atua no mercado corporativo desde 2019 atendendo as necessidades das empresas que demandam serviços de alta qualidade, ganhos comerciais e que precisam da Tecnologia da informação como vantagem competitiva.

Nosso principal produto é a Plataforma Comercial Valeon um marketplace concebido para revolucionar o sistema de divulgação das empresas da região e alavancar as suas vendas.

A Plataforma Comercial Valeon veio para suprir as demandas da região no que tange à divulgação dos produtos/serviços de suas empresas com uma proposta diferenciada nos seus serviços para a conquista cada vez maior de mais clientes e públicos.

Apresentamos o nosso site que é uma Plataforma Comercial Marketplace que tem um Product Market Fit adequado ao mercado do Vale do Aço, agregando o mercado e seus consumidores em torno de uma proposta diferenciada de fazer Publicidade e Propaganda online, de forma atrativa e lúdica a inclusão de informações úteis e necessárias aos consumidores como:

  • Publicidade e Propaganda de várias Categorias de Empresas e Serviços;
  • Informações detalhadas dos Shoppings de Ipatinga;
  • Elaboração e formação de coletâneas de informações sobre o Turismo da nossa região;
  • Publicidade e Propaganda das Empresas das 27 cidades do Vale do Aço, destacando: Ipatinga, Cel. Fabriciano, Timóteo, Caratinga e Santana do Paraíso;
  • Ofertas dos Supermercados de Ipatinga;
  • Ofertas de Revendedores de Veículos Usados de Ipatinga;
  • Notícias da região e do mundo;
  • Play LIst Valeon com músicas de primeira qualidade e Emissoras de Rádio do Brasil e da região;
  • Publicidade e Propaganda das Empresas e dos seus produtos em cada cidade da região do Vale do Aço;
  • Fazemos métricas diárias e mensais de cada consulta às empresas e seus produtos.

FRENTE PARLAMENTAR CONTRA O CUSTO BRASIL

Congresso

Por
Célio Yano – Gazeta do Povo

Lançamento da Frente Parlamentar Mista Pelo Brasil Competitivo.| Foto: Diego Campos/CNI

Com o objetivo de combater o chamado “custo Brasil”, que dificulta a competição do país no cenário internacional, um grupo de parlamentares lançou na semana passada a Frente Parlamentar Mista Pelo Brasil Competitivo. Em um primeiro momento, a ideia é concentrar esforços na discussão sobre as reformas administrativa e tributária, cujas propostas precisam ser aperfeiçoadas, na avaliação do grupo.

A frente tem ao todo 202 signatários – 194 deputados e oito senadores. “O Brasil é um país pouco competitivo por várias razões, e há muito o que se fazer”, diz o vice-presidente do grupo, senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR). “Os tributos são muito confusos, notadamente o ICMS, que tem uma legislação completamente diferente em cada estado da federação e no Distrito Federal, o que cria um custo enorme para as empresas, em tempo e em pessoal.”

Segundo o estudo Doing Business, do Banco Mundial, o Brasil tem o sétimo pior sistema tributário do mundo, à frente apenas de Somália, Venezuela, Chade, República Centro-Africana, Bolívia e República do Congo. “A proposta de reforma que o governo está mandando vai no sentido contrário do que nós queremos. Eles querem aumentar a carga tributária. Então vamos lutar para mudar isso”, diz Guimarães.

Ele considera ainda que a proposta de reforma administrativa apresentada pelo governo é muito tímida por ter efeitos limitados no enxugamento de gastos da máquina pública. “Não ataca em nada os privilégios existentes, preserva direitos atuais e vale só para novos servidores. Ou seja, para ter um efeito para a economia vai demorar 20 anos”, avalia.

VEJA TAMBÉM:
Proteção a categorias e risco de corrupção: os pontos fracos da reforma administrativa
Como o novo Imposto de Renda deve aumentar a carga tributária das empresas
A frente parlamentar, que tem o deputado Alexis Fonteyne (Novo-SP) como presidente, conta com o apoio de representantes da sociedade civil. No evento lançamento, realizado no último dia 30, estiveram presentes o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, e o presidente do Conselho Superior do Movimento Brasil Competitivo, Jorge Gerdau Johannpeter.

Entre outras bandeiras que o grupo defende estão redução na burocracia estatal, maior segurança jurídica, otimização das condições logísticas do país, simplificação da legislação trabalhista, melhorias na qualificação profissional e mais recursos para pesquisa e desenvolvimento. “Queremos atuar em cada um desses pontos de forma que possamos ir gradualmente melhorando as condições do país”, diz Guimarães.

“Um simples projeto de construção civil demora às vezes sete, oito meses para se conseguir um alvará da prefeitura. Quando uma obra envolve licenciamento ambiental é ainda mais complicado”, exemplifica. “Podemos preservar o meio ambiente e também facilitar a vida do empreendedor em infraestrutura. Não precisamos complicar tanto assim.”

VEJA TAMBÉM:
Novo licenciamento ambiental avança e oposição na Câmara ameaça ir ao Supremo
Um estudo do Ministério da Economia em parceria com o Movimento Brasil Competitivo aponta que o “custo Brasil” chega a R$ 1,5 trilhão. O valor, equivalente a 22% do PIB, indica o que o país gasta a mais que integrantes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), anualmente, por problemas internos.

“A qualidade da infraestrutura, de estradas e portos, por exemplo, gera um custo adicional para nossa agricultura e indústria. Queremos mais competição no setor elétrico. O BNDES precisa atuar mais com recursos para exportação. Tudo isso se constitui naquilo que chamamos de ‘custo Brasil’”, prossegue o senador. “Já atuamos nesse sentido, porém individualmente; agora nos organizamos em torno de um grupo que não vai ficar olhando só o ponto de vista do governo, que só pensa nele mesmo.”

O presidente da CNI acredita que a criação da frente parlamentar vai acelerar o debate e as medidas necessárias para impulsionar medidas voltadas à produção e à geração de emprego no Legislativo. “Com a queda acelerada da capacidade de enfrentar de igual para igual os competidores globais, a indústria de transformação brasileira encolheu 1,6% ao ano, em média, nos últimos 10 anos, e sua participação na economia caiu de 15% em 2010 para pouco mais de 11% em 2020”, disse Andrade no lançamento da frente.

De acordo com o vice-presidente da frente, os integrantes da frente devem organizar reuniões e palestras para consolidar posição a respeito de cada assunto. “Estamos permanentemente em contato trocando ideias, passando informações. Agora o principal assunto é a reforma tributária, mas conforme o momento político, vamos alterando a pauta.”


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/economia/frente-parlamentar-pelo-brasil-competitivo-quer-combater-custo-brasil/?ref=foi-manchete
Copyright © 2021, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

AMBIÇÃO DE LULA NA POLÍTICA E A SUA DOENÇA

 

Botox & Viagra

Por
Bruna Frascolla – Gazeta do Povo

Lula e seu fiel escudeiro Marcelo Freixo: articulações seriam uma preparação para a posteridade?| Foto: Fotos Públicas

Venhamos e convenhamos: se Lula quisesse, poderia entrar num carro cheio de vidro fumê e sair nos bastidores de um ambiente controlado, bem ao estilo daquela estrutura montada no Sindicato dos Metalúrgicos quando ele estava para ser preso. Quem era lulista àquela época não deixou de ser. A mortadela está em baixa, mas o fundo partidário bancado por nós deve dar conta dos ônibus para trazer os camisas-vermelhas de sempre. Lula apareceria para essa plateia controlada e seu fiel escudeiro-fotógrafo, Ricardo Stuckert, tiraria umas fotos bem bacanas para a imprensa máquina de propaganda dizer a todo o mundo que o ex-presidiário de luxo é amado pelas massas.

Se Lula não faz isso é porque não quer. E ele não querer fazer isso é algo que requer explicação.

Desde quando ele saiu da cela de luxo e fez um discurso (que a imprensa máquina de propaganda chamou de entrevista), fiquei com a impressão de que ele não é candidato; que ele discursa para intelectual e não para eleitor. Mas isso não explica por que ele deixaria de ir às ruas tirar umas fotos bacanas com Stuckert.

Lula moribundo?
Tudo fez sentido quando eu li isto: “Lula está com saúde debilitada. Continua tentando controlar o câncer, já fez 19 sessões de quimioterapia e toma diariamente quimio oral. Deve chegar vivo no final da eleição, mas não tem mais forças para fazer campanha de rua nem ganha no voto de Bolsonaro. Aposto que vai optar por entrar para a história como um mito, sem essa derrota final”.

Quem escreve é Hugo Studart, brasiliense, hoje professor universitário de história, outrora jornalista de veículos tradicionais. Posso discordar (e discordo) de muitas análises de conjuntura que ele faz, mas obter informação e fazer análise são coisas bem diferentes. Análise é algo posterior à coleta de informações, sendo que esta exige bom faro e boas fontes. Hugo Studart já descobriu até ex-guerrilheiro do Araguaia que desertou com vida.

Se Lula estiver mesmo com a saúde muito debilitada, não pode aparecer em público. Em regimes de veio totalitário, a saúde do Guia é fundamental. Vimos Chávez negando o quanto pôde o tumor. Vemos a saúde de Kim Jong-Un cercada de mistério. A recente ida de Lula a Cuba pode, inclusive, ser uma repetição das tentativas de Chávez de curar um mal secreto. Lembram-se da médica do Hospital Sírio Libanês punida por vazar informações sobre Marisa Letícia? Pois então: o Sírio Libanês é garantia do melhor tratamento, mas não de sigilo absoluto.

Na minha época de acadêmica, eu tinha um colega que era petista de verdade. Antes do impeachment, ele manifestava a esperança de que Lula voltaria depois do segundo mandato de Dilma. Eu lhe perguntava: mas ele não vai estar muito velho? E ele respondia que bastava botox e Viagra. Eu insistia que alguma uma hora ele estaria velho demais e queria saber o que viria depois. A mesma coisa: botox e Viagra. A confiança dos petistas na vida eterna do caudilho é uma coisa impressionante.

Se Lula aparece decrépito, a militância leva um balde de água fria. Eles não têm um nome para agregar a militância.

Propaganda para a eternidade
Polzonoff me conta (e a todo mundo no Twitter) que está indignado com Lula subitamente convertido em garoto propaganda da Companhia das Letras, que postou em seu perfil oficial Lula segurando a biografia de Samuel Wainer. Pouco depois disso, vejo que Lula divulga em suas redes sociais uma foto de Ricardo Stuckert de sua inconfundível mão sem mindinho sobre o volume 2 de “Escravidão”, da Companhia das Letras. Todos os que têm livros às vezes pousam a mão sobre um deles – estranho é haver um fotógrafo profissional a postos para capturar o momento. A conclusão inevitável é que a propaganda quer agora retratar um Lula intelectual. Na verdade, é a Companhia das Letras quem faz propaganda de Lula, não o contrário.

Fiquei ainda mais convencida disso ao ler a seguinte passagem de “Hitler e os alemães”, de Voegelin: “para tornar Hitler popular, a propaganda nacional-socialista sempre insistia que Hitler era um homem que não lia livros. Eis aqui um homem de ação prática, que lê revistas ilustradas, e essas reportagens eram acompanhadas de fotografias de Hitler com revistas ilustradas nas mãos. Mas ele não era tão primitivo; isso era provavelmente propaganda para torná-lo popular”.

Assim me ocorreu que o Lula que não lia livros era também propaganda, e propaganda da época em que ele ganhava eleição e tinha popularidade. Não estou dizendo aqui que ele seja um grande leitor. É que normalmente quem não lê finge que lê. Duvido de que Bolsonaro seja um grande leitor, mas em 2018 ele ostentava livros de Olavo de Carvalho, Ustra e a biografia de Churchill. Lula, não. Alardeava bastante que não gostava de livros. Parecia-se com o Hitler olhando para revistas ilustradas. E o principal rival de Lula à época era um almofadinha uspiano, de modo que faz todo o sentido posar de peão pragmático.

A propaganda vendia antes um Lula analfabeto; a propaganda vende agora um Lula intelectual, o Ho Chi Minh do ABC.

O que ele quer? Viver como lenda nos livros de história escritos pela classe intelectual. Aí, sim, ele pode falar mal de evangélico, porque não é voto o que ele quer. O rival de Lula hoje se chama Getúlio Vargas, cuja imagem da época do Estado Novo apareceu no último protesto de esquerda. Que ele babe a Companhia das Letras, que se mostre muito engajado em causa politicamente corretas, que babe os uspianos. Getúlio se matou no auge da popularidade para entrar na história. Lula não pode mais fazer isso, então tem que bajular os escritores dos livros de história.

E as eleições?
Se é duvidoso que Lula quer mesmo se candidatar a presidente, não é duvidoso que algumas forças querem que ele se candidate. A explicação disso é a mais óbvia e simples: usar Lula como poste do vice. Fazer de Lula o Biden do Brasil, com uma Kamala à espreita. Se Lula quer se prestar a isso são outros quinhentos.

Perguntei a um ex-esquerdista que se gaba de entender bem as brigas de facções PT, e que ainda está envolvido com política, o que ele achava. Ele tem certeza de que esse é o plano da turma que está entrando no PSB agora, os egressos do PSOL e do PCdoB. Gente que não tem cacife para se candidatar sozinha, mas que tem boas relações com o STF e é queridinha da imprensa. Se é verdade, não sei. Mas que é plausível, é.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/bruna-frascolla/por-que-a-ambicao-de-lula-e-vencer-as-eleicoes-do-alem/?ref=mais-lidas
Copyright © 2021, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

INSATISFAÇÃO DAS FORÇAS ARMADAS COM A CPI DA COVID

 

Reação

Por
Rodolfo Costa – Gazeta do Povo
Brasília

Forças Armadas se posicionaram contra fala do presidente da CPI, Omar Aziz, sobre “lado podre” dos militares.| Foto: Divulgação/Ministério da Defesa

As declarações do senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI da Covid, ainda estão “entaladas” nas Forças Armadas. O ministro da Defesa, Braga Netto, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), até conversaram na manhã desta quinta-feira (8) para colocar panos quentes após a reação de ambos os lados no episódio em que Aziz criticou o que considera ser o “lado podre” da instituição.

Mas a caserna permanece incomodada com as falas de Aziz. A Gazeta do Povo procurou militares para entender o que, afinal, desencadeou a reação via nota oficial do Ministério da Defesa. O presidente da CPI alega que foi mal interpretado e acusa as Forças Armadas de tentarem intimidá-lo. Para ele, a nota emitida foi “desproporcional”. “A minha fala foi pontual, não generalizada”, disse, na quarta-feira (7), no plenário do Senado.

A leitura feita no Alto Comando das Forças Armadas, contudo, vai em desencontro do que Aziz afirma. “No momento em que ele cita a Força Aérea Brasileira (FAB) para criticar e acusar militares da reserva ou reformados, ele está, sim, generalizando”, sustenta um interlocutor da ativa das Forças, sob condição de anonimato.

O que Omar Aziz disse em sessão da CPI da Covid sobre as Forças Armadas
Para entender a reação das Forças Armadas, é importante relembrar o que exatamente disse o presidente da CPI da Covid. Na quarta-feira, na sessão em que depôs Roberto Ferreira Dias, ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, em determinado momento Aziz questionou Dias se ele havia sido sargento da Aeronáutica.

O ex-diretor do Ministério da Saúde confirmou a informação ao senador. Disse que em seus 10 primeiros anos de vida profissional serviu à Aeronáutica, tendo desempenhado “na maior parte do tempo” — segundo ele próprio — a função de controlador de tráfego aéreo. Suspeito de ter pedido propina de US$ 1 por dose comprada da AstraZeneca, ele foi preso por ordem de Aziz, mas solto após pagar fiança.

Tão logo Dias confirmou o passado na FAB, Aziz o questionou se ele conhecia o “coronel Guerra”, Glaucio Octaviano Guerra, coronel da FAB reformado em 2016. Ele aparece como um dos destinatários de mensagens de celular enviadas pelo policial militar Luiz Paulo Dominguetti em conversas sobre as negociações envolvendo a vacina AstraZeneca.

Em seguida, o presidente da CPI fez o polêmico desabafo que desagradou as Forças Armadas. “Olha, vou dizer uma coisa, os bons das Forças Armadas devem estar muito envergonhados com algumas pessoas que, hoje, estão na mídia, porque fazia muito tempo, fazia muitos anos, que o Brasil não via membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos com falcatrua dentro do governo”, disse.

O presidente da CPI prosseguiu: “E aliás, não tenho nem notícia disso [suspeitas de corrupção] na época da exceção [ditadura militar] que teve no Brasil. Porque o [ex-presidente João] Figueiredo morreu pobre, porque o [ex-presidente Ernesto] Geisel morreu pobre, porque a gente conhecia, e eu estava naquele momento do lado contra eles. Mas uma coisa que a gente não acusava era de corrupção deles”, comentou.

Por fim, ainda no mesmo contexto, Aziz citou a parte que, para o Alto Comando das Forças Armadas, associa generalizadamente a instituição com suspeitas de corrupção supostamente cometidas por ex-integrantes do governo. “Mas agora, você, Força Aérea Brasileira, coronel Guerra, coronel Élcio [Franco, ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde], general [Eduardo] Pazuello [ex-ministro da Saúde], e haja envolvimento de militares das Forças Armadas”, disse.


Como e por que as Forças Armadas reagiram à fala de Aziz
A contrariedade à fala de Omar Aziz foi rápida na caserna. Tão logo tomaram conhecimento, o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, e os comandantes das três Forças Armadas concordaram em se posicionar de forma conjunta em repúdio às declarações do presidente da CPI.

Assim, ao fim da tarde de quarta, os comandantes do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira; da Marinha, almirante de esquadra Almir Garnier Santos; e da Aeronáutica, tenente brigadeiro do ar Carlos de Almeida Baptista Júnior, se reuniram com Braga Netto no Ministério da Defesa. Desse encontro, decidiram se posicionar conjuntamente por meio de nota.

No comunicado, eles deixaram claro que “repudiam veementemente as declarações do presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito, senador Omar Aziz”. Para eles, a fala “desrespeitou as Forças Armadas e generalizou esquemas corrupção” associados à instituição.

O senador foi às redes sociais reforçar que não generalizou e não “atacou” os militares brasileiros. Porém, para a caserna, ao ter citado nominalmente “Força Aérea Brasileira” em um mesmo contexto de crítica e acusação ao coronel Guerra e ao coronel Élcio Franco — que é da reserva do Exército —, ambos nomes do “núcleo militar” do suposto esquema de corrupção na compra de vacinas no Ministério da Saúde, a interpretação feita entre militares é que Aziz generalizou.

“Como ele alega não generalizar quando cita a Força Aérea Brasileira como um todo? O que ele quis dizer então? Foram as Forças Armadas que negociaram as vacinas? Ou algum militar da ativa da instituição? Não. Ele poderia até ter acusado de desvio de conduta um ou outro membro da reserva das Forças. Mas não cabia a ele ter dito que existe ‘lado podre’ das Forças Armadas”, justifica um interlocutor militar à reportagem.

O mesmo interlocutor confirma que a recepção entre os comandantes foi muito negativa. “A nota partiu das Forças Armadas, não teve qualquer participação ou pedido feito pelo presidente [Jair Bolsonaro]. Os comandantes ficaram incomodados. A intenção da nota era demarcar uma posição. Não pode um cara como o Omar Aziz, por conta da briga política [com o governo] ou que interesses o sujeito tenha, dizer o que disse”, explica o militar.


O que foi conversado entre Braga Netto e Rodrigo Pacheco
A reação de Omar Aziz e das Forças Armadas às repercussões levaram o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, a manifestar seu “registro de respeito” pelas Forças Armadas ainda na noite de quarta. “Para que não paire a menor dúvida em relação ao que é o sentimento do Senado da República em relação às Forças Armadas”, disse.

O presidente da CPI discordou da fala de Pacheco e a classificou como um “discurso bastante moderado para o momento”. Para Aziz, o presidente da Casa deveria ter tratado a nota como “desproporcional” e saído em defesa dele. “Vossa Excelência, como presidente do Senado, deveria dizer isso no seu discurso: ‘eu sou um membro dessa Casa. Eu não aceito que intimide um senador da República’. Era isso que eu esperava de Vossa Excelência”, criticou.

Na manhã desta quinta, Pacheco e Braga Netto “passaram a limpo” a polêmica. “Ressaltamos a importância do diálogo e do respeito mútuo entre as instituições”, disse o presidente do Senado. “Deixei claro o nosso reconhecimento aos valores das Forças Armadas, inclusive éticos e morais, e afirmei, também, que a independência e as prerrogativas de parlamentares são os principais valores do Legislativo”, acrescentou.

O senador considerou, por fim, o “episódio de ontem” como “fruto de um mal-entendido” que, para ele, “foi suficientemente esclarecido”. “O assunto está encerrado”, afirmou. Braga Netto, por sua vez, informou os comandantes sobre o diálogo com Pacheco. Segundo um interlocutor das Forças Armadas, o ministro da Defesa explicou que a nota não teve o intuito de intimidar Aziz, tampouco o Senado.

“O episódio de ontem foi pontual e em função da generalização. Foi focado na ‘fala do presidente da CPI’, que é um cargo provisório, e não no senador Omar Aziz e muito menos no Senado”, destaca um interlocutor. “E não existe ‘lado podre’ nas Forças Armadas. Podem ter servidores que estão sendo investigados, é diferente. As Forças têm como ponto de honra nunca compactuarem com irregularidades e com desvio de conduta”, reforça um segundo assessor.

O ministro Braga Netto tem como perfil atuar sempre ouvindo os comandantes das três Forças a fim de dar legitimidade em qualquer decisão. A de ontem não foi diferente. “A generalização da acusação com pré-julgamento foi repudiada pelos comandantes. O presidente da CPI, pelo cargo que ocupa, não pode fazer pré-julgamentos com base apenas em suposições e declarações. Deve ser observado o devido processo legal e a ampla defesa”, diz um militar das Forças.

VEJA TAMBÉM:
Em carta, cúpula da CPI cobra que Bolsonaro confirme ou desminta acusações de Miranda
Rejeição a Bolsonaro chega a 51%, diz pesquisa Datafolha
Quanto Pacheco já gastou com jatinhos, seguranças e banquetes na residência oficial
O que dizem militares independentes sobre as reações
Não são apenas os militares da ativa — das Forças ou em cargos no governo — que repudiam as falas do senador Omar Aziz. Em entrevista à CNN Brasil, o general Santos Cruz, ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo da gestão Bolsonaro, disse que “não existe banda podre” das Forças Armadas. “Seria um exagero considerar isso”, disse.

O general reformado Paulo Chagas, que foi candidato a governador pelo Distrito Federal nas eleições em 2018, avalia que o presidente da CPI não tem sequer motivos para fazer as críticas. “O Omar Aziz não tem moral para fazer críticas sob a conduta de quem quer que seja, muito menos das instituições militares, mas é um direito dele dizer o que ele bem entender”, disse à Gazeta do Povo.

Para Chagas, a nota da Defesa foi “oportuna, justa e necessária”. “Não teve nada de desproporcional. O protagonismo subiu à cabeça do Omar Aziz. Ele está completamente equivocado e deslumbrado com a missão que recebeu e se achando o cara mais poderoso do mundo, e não é”, acrescenta.

O general reformado entende, ainda, que a nota representa as Forças Armadas como um todo, e não uma defesa pontual a um ou outro militar suspeito pelas investigações conduzidas pela CPI. E, ao contrário do que sugere Aziz ou críticos da nota, Chagas avalia que não há qualquer mensagem subliminar que indique uma intimidação ou ameaça de ruptura democrática.

O tom usado pela nota, que fala em “não aceitar qualquer ataque leviano às instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro”, vai no sentido de deixar claro que possíveis reações “mais duras” serão dadas por ação judicial, analisa Chagas. “O pessoal imagina que uma ação mais efetiva seria uma ação militar, não é isso. Se as Forças insistirem em não parar por aí, seria simplesmente entrar com ação judicial no STF [Supremo Tribunal Federal] por ofensa moral à instituição.”

O Clube Militar, principal associação de reservistas, adotou um tom ainda mais crítico. Em nota, apelidou a CPI de “Ciro Parlamentar de Indecência” e disse que a generalização feita por Aziz se enquadra “perfeitamente” para “a instituição a qual ele pertence”. “Onde seus integrantes, em sua grande maioria, não conseguem justificar a origem de seus patrimônios, cuja investigação é sempre bloqueada por uma Suprema Corte que envergonha o nosso Brasil”, diz.

O que dizem senadores sobre as diferentes reações
As diferentes reações repercutiram rapidamente no Senado das mais diferentes formas. Alguns saíram em enfática defesa a Omar Aziz, e outros defenderam a manifestação dos militares. O senador Lasier Martins (Podemos-RS) é um dos que respalda a instituição militar, ao entender que não houve desproporcionalidade por parte das Forças.

“Entendo que elas cumpriram uma obrigação intransferível. Isto é, zelar pelo bom nome das Forças Armadas, que ainda têm uma das melhores colocações no bom conceito da população brasileira”, disse Martins à reportagem. Para ele, a nomeação de vários militares no governo criou “uma confusão”, sobretudo no atual momento, em que alguns suspeitos da reserva e reformados ficaram sob a mira da CPI.

O senador entende, contudo, que são os ex-servidores que devem ser acusados e julgados, não as Forças Armadas. “Os comandantes defenderam as instituições. Neste episódio particular, está certa a instituição ao tomar esse partido. Com relação às críticas que a mesa da comissão vem fazendo, ela não pode ofender as Forças Armadas e associar a condição de integrantes do governo às Forças”, pondera.

Membro suplente da CPI da Covid, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) classificou a nota como “inoportuna e inadequada”. “Tenta interferir e intimidar a atuação do Senado Federal, uma instituição secular que representa a federação e o povo brasileiro”, declarou, pelo Twitter.

“O papel das Forças Armadas é da defesa da sociedade e das instituições democráticas desse país. O Senado é uma dessas instituições! A manifestação das Forças Armadas sobre o funcionamento do Congresso Nacional foi inoportuna e inadequada”, complementou o senador em outra publicação.

O senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid, criticou a nota durante a sessão desta quinta. “Eu queria dizer que esse precedente de Braga Netto é inusitado. Essa CPI, que é uma instituição da República, não pode ser ameaçada sob pretexto nenhum. Nós estamos investigando e retirando a máscara de um esquema que funcionava no Ministério da Saúde e proporcionou o agravamento do número de mortes em função da Covid”, acusou.

O vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), reforçou as críticas do relator. “As Forças Armadas não são elementos isolados. Nós estamos vendo aqui a responsabilidade de Élcio Franco. Atitude como a do senhor envergonha as Forças Armadas. Eu não retiro o papel que essa CPI vai fazer, vai investigar seja quem for, esteja onde estiver, custe o que custar”, declarou.

Bolsonaro sai em defesa das Forças Armadas; Marco Aurélio critica
A reação das Forças Armadas também gerou manifestação dos demais poderes. O presidente da República saiu em defesa da instituição. “As Forças Armadas ao lado da Lei, da Ordem, da Democracia, do respeito ao povo brasileiro e da nossa Sagrada Liberdade”, disse Bolsonaro, em legenda de um vídeo nas redes sociais.

Já o ministro Marco Aurélio Mello, do STF, disse que os “militares devem estar na caserna, nos quartéis”. “Os militares não são engajados em qualquer política governamental, eles são militares do Estado e não do governo. Vejo tudo com enorme perplexidade e esses aspectos vêm a confirmar o que eu sempre ressalto: vivenciamos tempos estranhos. Aonde vamos parar?”, questionou, em entrevista à rádio Eldorado.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/republica/forcas-armadas-militares-insatisfacao-omar-aziz-presidente-cpi/?ref=foi-manchete
Copyright © 2021, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

CUT E ONGS FAZEM PRESSÃO SOBRE OS DEPUTADOS UTILIZANDO ROBÔS

Automação
Gazeta do Povo

Hooded computer hacker stealing information with laptop on colored studio background

Senadores e deputados receberam quase dez milhões de e-mails automatizados em poucos dias. Especialista em direito digital aponta ilícito civil| Foto: Freepik

Para impedir a aprovação de um projeto de lei no Congresso, que autorizava empresas a adquirir vacinas contra a Covid-19 para imunizar seus funcionários, uma ONG de ativismo de viés progressista decidiu colocar em prática, no mês de abril, uma campanha de pressão massiva a parlamentares. A estratégia consistia em utilizar uma plataforma própria para encher as caixas de e-mail de deputados e senadores selecionados pela ONG com milhões de e-mails a ponto de inviabilizar o fluxo de comunicação dos parlamentares.

Em poucas semanas, a ONG Nossas “bombardeou” 12 senadores com quase dez milhões de disparos de e-mails com mensagens idênticas – uma média de 786 mil mensagens para cada um. Na Câmara dos Deputados, ao todo foram 260 mil envios distribuídos a 27 parlamentares.

Para financiar os disparos, a Nossas, que recebe doações milionárias de financiadores estrangeiros (entre 2016 e 2019 a rede Nossas recebeu equivalente a R$ 6 milhões em valores atuais apenas de George Soros, um dos seus doadores), decidiu criar uma nova campanha, desta vez solicitando doações para cobrir os gastos com os disparos de e-mails, que totalizaria R$ 45 mil.

A estratégia de disparos massivos não é uma novidade na rede de ativismo. Periodicamente são lançadas “campanhas de pressão” nas quais simpatizantes de causas apoiadas pela ONG são convidados a preencherem formulários com nome e e-mail em uma plataforma. A partir daí, são enviadas cópias de uma mesma mensagem padrão a diversos parlamentares pré-selecionados. É possível alcançar centenas de vereadores, deputados estaduais e federais e senadores de todo o Brasil em segundos, com um agravante: não é preciso efetuar um cadastro ou confirmar que o nome e e-mail informados são verdadeiros.

Não há, também, nenhum mecanismo anti-spam, como o captcha, que demanda uma ação humana para finalizar o envio. Na prática, é possível preencher o formulário seguidamente com dados diferentes – aumentando o volume de e-mails enviados e gerando uma percepção artificial do quantitativo de apoio a uma determinada pauta –, além de a plataforma facilitar a atuação de robôs para automatizar envios sequenciais.

Conheça a ONG dona da plataforma que criou um site usado pelo Sleeping Giants
CUT também cria plataforma de disparos massivos
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) também criou sua própria ferramenta de pressão a parlamentares para influenciar decisões legislativas nos âmbitos municipal, estadual e federal em projetos de seu interesse. A plataforma, denominada “Na Pressão”, cria campanhas de disparo massivo relacionadas a projetos de lei específicos (iniciativas contrárias à reforma administrativa, à privatização da Eletrobrás e à vacinação da Covid-19 pelo setor privado são exemplos de campanhas recentes) e lista todos os parlamentares de uma casa legislativa com seus respectivos posicionamentos quanto à pauta em questão.

Aos que têm posição contrária à visão da CUT, o site orienta o uso da plataforma para enviar mensagens por e-mail, WhatsApp e redes sociais dos parlamentares. Ao entrar numa campanha, o usuário pode enviar de uma só vez e em poucos segundos e-mails para todos os políticos – mecanismo chamado de “Ultra Pressão” – ou pode disparar mensagens automáticas pelo WhatsApp dos parlamentares; em alguns casos são divulgados telefones pessoais.


Parlamentares citam automação e perfis falsos nos disparos massivos
À Gazeta do Povo, o deputado federal Paulo Martins (PSC-PR) afirmou que a frequência e o volume desses disparos automáticos têm aumentado progressivamente. “Esse é um sistema de intimidação. Algumas dessas mensagens são intimidatórias – as educadas dizem apenas que você não vai se reeleger se não votar de acordo, mas têm várias em tom ameaçador, em outros níveis”, diz Martins.

O deputado, que é membro da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara, revelou que, na semana em que a comissão votou o relatório da reforma administrativa, recebeu cerca de cinco mil mensagens em seu WhatsApp pessoal a partir da plataforma da CUT, a ponto de inviabilizar o uso do seu smartphone para a atividade parlamentar. “A maioria dessas mensagens vem de sindicatos. E os sindicatos acabam alcançando pessoas que não são necessariamente da base deles, como os concurseiros”, diz o deputado, citando que os envios também têm tornado o e-mail um canal de comunicação com a população quase inviável diante do alto número de mensagens automatizadas.

Segundo o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS), apesar de já ter recebido 700 mensagens automatizadas simultâneas em seu WhatsApp, recentemente o número de mensagens tem se mantido em torno de 300. “Esses disparos massivos atrapalham bastante o dia a dia de trabalho sem acrescentar nenhum argumento. Eu costumo denunciar e bloquear o contato, afinal é uma prática que não está agregando ao debate”, pontua o parlamentar.

Para o deputado Diego Garcia (Podemos-PR), o canal de comunicação deve estar sempre aberto, uma vez que ouvir a população é uma das atribuições centrais dos deputados. Ele diz, porém, que apesar de haver uma causa legítima por trás das mensagens automatizadas, essas ações contribuem para uma percepção artificial, por parte dos parlamentares, quanto à magnitude do tema em discussão.

“Sabemos que muitas dessas mensagens, principalmente as que recebemos em massa, são orientações de sindicatos, grupos de interesse, tanto de esquerda quanto de direita, e que às vezes são automatizadas”, afirma Garcia. “O uso de robôs existe e nos deparamos frequentemente com isso. Independentemente do viés da mensagem, é fácil identificar quando se trata de um perfil falso”.

Paulo Martins também aponta possível uso de robôs nos disparos. “A automação existe, assim como há também manuseio humano. Já respondi algumas e em alguns casos tive resposta humana, em outros não. Percebo que tem as duas coisas”, declara. “Todos os parlamentares reclamam disso, especialmente aqueles de centro-direita, porque essas pressões corporativistas costumam vir mais da esquerda”, opina o deputado.

A reportagem identificou que o Movimento Brasil Livre (MBL) recentemente criou um site para a campanha Emenda Antiprivilégio, que tem como objetivo pressionar parlamentares a assinar uma emenda que inclui políticos, juízes e membros do Ministério Público na Reforma Administrativa. No site, o movimento pede aos usuários que pressionem os deputados que ainda não decidiram por assinar a emenda e divulga os e-mails e endereços das redes sociais dos parlamentares. Não há, entretanto, nenhuma ferramenta de automação para os disparos – cabe a cabe usuário fazer a pressão individualmente.

Disparos não são classificados como spam, mas podem ser abusivos e configurar ilícito civil
Emerson Grigollette, advogado especialista em Direito Digital, afirma que o acompanhamento e a proximidade da sociedade à classe parlamentar – inclusive ao cobrar posicionamentos e pedir atenção a determinado projeto normativo sujeito à aprovação – é algo positivo para um Estado democrático. Ele pontua, no entanto, que os disparos massivos em questão, valendo-se de tecnologias para pressionar artificialmente membros do Legislativo significa abuso desse direito. “Não me parece apenas uma prática antiética, mas ilícita, porquanto pode até mesmo prejudicar a atividade parlamentar que também se vale da tecnologia para comunicar-se e muitas vezes resolver questões urgentes”, cita o advogado.

De acordo com Cristine Hoepers, do Centro de Estudos, Resposta e Tratamento de Incidentes de Segurança no Brasil (CERT.br|NIC.br), as práticas de disparo massivo citados na reportagem não se enquadram necessariamente em spam, porém as plataformas são vulneráveis à atuação de robôs. “A definição de spam implica em ser enviada uma mensagem em massa para um grande número de pessoas, em geral, utilizando botnets. No caso dessas mensagens é diferente, pois apesar de serem milhares de mensagens, o envio se dá através de uma plataforma facilitadora utilizada por várias pessoas”, afirma. “Cabe ressaltar que há sempre a possibilidade desta plataforma ser abusada por terceiros, caso não tenha um sistema robusto para garantir que são pessoas que estão participando do processo de envio, como por exemplo com o uso de captchas”.

Para Grigollette, ainda que a prática fosse enquadrada como spam, tal ação não é considerada crime no Brasil. Ele explica, entretanto, que os disparos em questão são decorrentes de abuso do direito do cidadão de cobrar as autoridades, por vias artificiais, e que podem ser tidos como ilícito civil, com base no artigo 9º do Marco Civil da Internet junto ao artigo 5º do decreto regulatório 8.771/16.

“A prática desse tipo de disparo – milhares ou milhões de envios de uma mesma mensagem a uma única pessoa é algo tão indesejado e prejudicial quanto o spam tradicional, pois fatalmente criará o alagamento de servidores e consequente prejuízo à própria atividade parlamentar”, afirma o especialista em Direito Digital.

“Ao meu ver, trata-se de um ataque virtual que não pode ser confundido com o legítimo direito de defesa de determinada pauta”, destaca.

Para o advogado, parlamentares que comprovarem prejuízos à sua atividade devem inicialmente recorrer a mecanismos de filtragem e bloqueio de domínios – sob o risco de perder informações importantes; em um segundo momento, devem contatar a CGI.br como autoridade de fiscalização; e, como última via, recorrer ao Judiciário, para que a prática seja impedida.

Outro lado
Em nota, a assessoria de imprensa da CUT informou à reportagem que “O Na Pressão não faz um único disparo, quem faz são pessoas exercendo sua cidadania, algo fundamental em um Estado Democrático de Direito. E se as pessoas enviam 5 ou 10 mensagens para seus representantes, isso não pode ser considerado um abuso, seja ele de qualquer ordem, e sim um direito de pressionar o parlamentar que está no Congresso Nacional para representar o povo”.

“Avaliamos que o uso de robôs em redes sociais espalhando fake news, como os que contribuíram para a eleição de Jair Bolsonaro, assim como a ‘negociação’ de propostas com base no oferecimento de cargos ou mesmo de emendas parlamentares, é muito mais grave do que supostos abusos de direitos democráticos em defesa de direitos conquistados prestes a serem exterminados por um projeto de lei do Executivo”, prossegue a nota.

À reportagem, a ONG Nossas informou que sua plataforma de pressão “possui mecanismos de segurança constantemente revisados que visam coibir ativamente sistemas de automatização de disparos de e-mails desenvolvidos por terceiros para fraudar suas ferramentas de pressão”.

“Como toda ferramenta tecnológica, ele não está imune a esse tipo de atuação criminosa. No entanto, as barreiras de proteção da plataforma atuam em diferentes níveis, pois as estratégias de automação que podem ser tentadas por atores mal-intencionados são diversas”, afirma a entidade.

A Gazeta do Povo questionou a ONG quanto à discrepância entre o baixo engajamento da entidade em seus canais digitais e o volume de disparos na casa dos milhões em suas campanhas. Segundo a rede Nossas, chegou-se aos números graças à divulgação em canais como redes sociais e e-mail, além de compartilhamento das campanhas por parceiros. “Salvo algum abuso criminoso por parte de terceiros no uso de nossas plataformas, as pressões não são artificiais. Elas partem de cidadãos – milhões de cidadãos – mobilizados por um país mais justo”, informou a ONG.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/cut-ong-ativismo-disparos-massivos-pressionar-pautas-progressistas/
Copyright © 2021, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

 

O BRASIL PREFERE AUMENTAR O PREÇO DA ENERGIA DO QUE RESOLVER O PROBLEMA

 

Setor elétrico

Por
Cristina Seciuk – Gazeta do Povo

Vinte anos depois do racionamento de 2001, o país enfrenta nova crise hídrica, mas dessa vez sem o risco iminente de apagão.| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O Brasil enfrenta o terceiro pior cenário de armazenamento de água desde o ano 2000. Choveu pouco entre setembro passado e abril deste ano e, com afluência insuficiente para recompor secas passadas, as principais barragens do Sistema Integrado Nacional (SIN) se limitavam a um terço da capacidade ao fim da estação úmida. Esse panorama só esteve mais crítico nos complicados 2001 e 2015, marcados por medidas de racionamento para evitar falta de energia. Ainda assim, o governo garante (e especialistas confirmam): o país não ficará no escuro em 2021. Mas, com água nos mesmos níveis que em épocas de restrição, o que assegura o abastecimento agora?

Autoridades de setor elétrico afirmam que a resposta está em avanços alcançados justamente após a crise hídrica de 2001. O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, fez pronunciamento na segunda-feira (29) destacando a evolução do sistema com a duplicação das linhas de transmissão do país e a redução da dependência das hidrelétricas por meio da expansão das fontes renováveis. Os investimentos em infraestrutura e diversificação na geração de energia levaram a riscos minimizados de apagões e de economia compulsória, mesmo quando o país enfrenta períodos críticos de escassez de chuvas.

Nos últimos 20 anos, a capacidade instalada de geração cresceu com mais força em outras fontes, diminuindo a fatia da matriz elétrica brasileira dominada pelas geradoras de energia a partir da água. Em 2001, as usinas hidráulicas compunham 83,3% da matriz; em junho de 2021, esse número encolheu para 64,9% segundo dados do Operador Nacional do Sistema.

A lacuna surgida dessa “desidratação” deu lugar principalmente à geração térmica (21,3%) e por fontes renováveis, com espaço significativo para as usinas eólicas (10,6%) e crescimento da energia solar (que hoje alcança 2% da matriz elétrica nacional). Na avaliação do presidente da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), André Pepitone de Nóbrega, a mudança “traz bem mais tranquilidade para enfrentar períodos de escassez”.

Diversificação da matriz elétrica brasileira em 20 anos

Fonte: EPE – Balanço Energético Nacional (2001) e ONS – PMO Junho/2021 Mais infográficos

Em paralelo ao encolhimento da dependência das hidrelétricas, o país mais que dobrou suas linhas de transmissão. Atualmente, elas percorrem 164,8 mil km de extensão contra os 70 mil km que eram cobertos por elas em 2001. Na prática, esses 94 mil km adicionais significam mais flexibilidade ao Operador Nacional do Sistema Elétrico, que pode usar a energia que “sobra” em uma região para abastecer outra, deficitária.

Sobre a otimização do despacho de energia dentre os subsistemas do país, Pepitone reforça a vantagem da interligação entre regiões, possibilitando o aproveitamento das diferentes bacias, que estão sujeitas a diferentes regimes pluviométricos. Ainda de acordo com o representante da Aneel, a interligação mais ampla revela um cenário de “segurança energética muito mais robusta do que anos atrás”. A avaliação foi feita durante audiência pública que reuniu diversos atores envolvidos no setor elétrico brasileiro, realizada pela Comissão de Minas e Energia da Câmara Federal.

Expansão do sistema de transmissão

Fonte: ANEEL Mais infográficos

Mais segurança energética contra a crise hídrica
Ainda que inegáveis como garantidores de mais segurança energética para o país após o racionamento de 2001, esse avanços serão apoiados por uma série de medidas adicionais para garantir que a água que ainda existe nos reservatórios e a capacidade instalada das térmicas deem conta de abastecer o país até o final o ano.

O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), ligado ao Ministério de Minas e Energia, estabeleceu plano de ação em face da crise hídrica que inclui o despacho total das termelétricas para poupar água nos reservatórios e a importação de gás de países vizinhos, por exemplo. O governo federal trabalha ainda com outras iniciativas, como incentivos a economia de energia na indústria e mais autonomia ao MME para a gestão dos reservatórios, com a criação de comitê centralizador por meio de medida provisória.

Segundo Luiz Carlos Ciocchi, diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), as ações propostas farão com que os reservatórios cheguem a novembro com 10,3% da capacidade, contra um volume de apenas 7,5% caso nada fosse feito. “Ainda preocupante, mas sem problemas de energia ou de potência”, destacou também durante audiência pública da Comissão de Minas e Energia da Câmara.

Vale destacar, a evolução do sistema elétrico é considerada trabalho em andamento e precisa seguir para evitar futuras ameaças ao abastecimento. Especialistas destacam que a matriz elétrica brasileira ainda pode se beneficiar grandemente do avanço de outras fontes de geração, especialmente as renováveis. E a interligação entre os subsistemas ainda estaria aquém do ideal, com limitações de intercâmbio citadas como questão estrutural a ser superada por meio de mais investimentos.

À Comissão de Minas e Energia da Câmara, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Thiago Barral, afirmou que o planejamento de operação não pode “colocar todos os ovos na mesma cesta”, ao destacar a importância de diversificar fontes e aproveitar suas complementariedades, equilibrando segurança e custo.

“Precisamos lidar com a conjuntura [atual, de crise], mas não podemos perder o olhar para o futuro. É importante continuar os trabalhos para que daqui quatro, cinco, seis anos nós não voltemos a ter desafios como esse”, pondera. Nesse sentido, Barral ressalta a intensa agenda de leilões para a contratação de expansão de geração e de transmissão previstos para os próximos meses, com oferta importante para o futuro do setor.

Custos ainda precisam ser cobertos
Mesmo com todas as movimentações (anteriores e atuais), a energia gerada neste momento pelas térmicas é uma conta que não está fechada. Paga com os valores adicionais cobrados dos consumidores por meio da bandeira vermelha 2, o maior patamar tarifário, a taxa extra ainda não cobre integralmente os custos das térmicas e motivou um primeiro reajuste, de 52%, definido pela Aneel.

Com o aumento, o valor vigente a partir de julho foi a R$ 9,49 a cada 100 quilowatts-hora consumidos e deve subir mais a depender de revisão nos parâmetros de cálculo. De acordo com a área técnica da agência reguladora, a bandeira tarifária de patamar mais alto precisaria chegar a R$ 12 para dar conta da geração das termelétricas até o final do ano.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/economia/crise-hidrica-qual-foi-o-dever-de-casa-feito-pelo-brasil-desde-2001/
Copyright © 2021, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...