sexta-feira, 9 de julho de 2021

PRESIDENTE DA CPI RECOLHE AS ARMAS

 

Mas membros da CPI elevam tom contra ‘tentativa de intimidação’

 RENATO MACHADO E RAQUEL LOPES – Folha de São Paulo

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Um dia após o atrito com as Forças Armadas, que soltaram nota criticando sua fala, o presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), reafirmou que estava se referindo a indivíduos e não a instituições. Apesar disso, manteve o tom crítico e ganhou o apoio de outros senadores, que enxergaram a reação dos militares como um ataque ao Legislativo.BRASÍLIA, DF, 08.07.2021 - O presidente e vice-presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM) (terno cinza claro) e senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) (Terno escuro) durante coletiva de imprensa em Brasília (DF), nesta quinta. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)© Fornecido por Folha de S.Paulo BRASÍLIA, DF, 08.07.2021 – O presidente e vice-presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM) (terno cinza claro) e senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) (Terno escuro) durante coletiva de imprensa em Brasília (DF), nesta quinta. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)

Durante sessão da comissão nesta quarta-feira (7), Aziz havia afirmado que há muitos anos o Brasil “não via membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos com falcatrua dentro do governo”.

Em reação, as Forças Armadas divulgaram nota repudiando as declarações do presidente da CPI.

“Essa narrativa, afastada dos fatos, atinge as Forças Armadas de forma vil e leviana, tratando-se de uma acusação grave, infundada e, sobretudo, irresponsável”, dizem os militares. “As Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro.”

A nota chegou a ser compartilhada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que constantemente dispara ataques à CPI e à cúpula da comissão, formada por Aziz, pelo relator, Renan Calheiros (MDB-AL), e pelo vice-presidente, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Na tentativa de apaziguar os ânimos, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), conversou por telefone com o ministro da Defesa, Walter Braga Netto.

Pacheco depois postou em suas redes sociais a afirmação de que o episódio foi um “mal-entendido” e que o assunto estava “encerrado”.

“Nesta manhã, tive uma conversa com o ministro da Defesa, general Braga Netto. Ressaltamos a importância do diálogo e do respeito mútuo entre as instituições, base do Estado democrático de Direito, que não permite retrocessos.”

Pacheco acrescentou que existe pela parte dos senadores reconhecimento aos valores das Forças Armadas, “inclusive ético e morais” –justamente o tema da crítica de Aziz.

E, em uma frase que foi vista como um recado direito, escreveu que a independência e as prerrogativas parlamentares são os principais valores do Legislativo.

“O episódio de ontem [quarta-feira], fruto de um mal-entendido sobre a fala do colega senador Omar Aziz, presidente da CPI, já foi suficientemente esclarecido e o assunto está encerrado”, completou Pacheco.

Aziz também se manifestou sobre o caso durante a sessão da CPI da Covid nesta quinta-feira (8). Manteve o tom crítico, mas afirmou que não generalizou em seus comentários anteriores e que se referia a personagens específicos.

“Sempre não misturei as Forças Armadas com alguns que estão a serviço desse governo, tanto é que, quando o general Pazuello esteve aqui, eu o chamo de ‘ex-ministro da Saúde'”, disse.

Outros senadores e membros da CPI elevaram o tom contra o comando das Forças Armadas. Criticaram duramente a nota, considerando um ataque contra a comissão e contra o Senado.

“Eu queria dizer que esse precedente do Braga Netto ontem [quarta], ministro da Defesa, isso é um precedente inusitado. Esta comissão parlamentar de inquérito, que é uma instituição da República, não pode ser ameaçada sob pretexto nenhum”, afirmou Renan durante sessão da comissão.

“Nós estamos investigando e retirando a máscara de um esquema que funcionava no Ministério da Saúde que proporcionou o agravamento do número de mortes de brasileiros em função da Covid. Ora, se isso vai desvendar a participação de civil ou militar não importa. O que importa é que esta comissão parlamentar de inquérito não vai investigar instituições”, completou.

Randolfe afirmou que “ninguém vai intimidar” a CPI.

“Sejam eventuais notas que não correspondem à integridade das Forças Armadas deste país. As Forças Armadas deste país foram formadas em Guararapes, o que constituiu a identidade nacional e honra a bandeira, a pátria, a nação brasileira.”

“As Forças Armadas não são elementos isolados. Nós estamos vendo aqui a responsabilidade do senhor [ex-secretário-executivo da Saúde] coronel Elcio Franco. Atitudes como as desse senhor envergonham as Forças Armadas. E eu tenho a certeza de que os bons militares têm consciência disso”, completou.

Em discurso no plenário, a senadora Simone Tebet (MDB-MS), líder da bancada feminina, disse que não é hora de “elevar o tom, mas muito menos de se curvar ou se calar”. Ela afirmou que em nenhum momento se criticou as instituições.

“Quando um militar decide compor a equipe de um governo, ele deixa as vestes da instituição a qual jurou defender e passa a ser um agente político, com todas as prerrogativas e direitos, mas também com todos os deveres.”

A JUSTIÇA NO BRASIL SÓ PENDE PARA UM LADO

 

Brasil

Por
J.R. Guzzo – Gazeta do Povo

Brasília – Manifestantes contra Lula protestam na Esplanada dos Ministérios. O STF julga o pedido do ex-presidente para não ser preso até se esgotarem os recursos na Justiça (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Manifestantes pressionam o STF em ato na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.:| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Imagine por alguns minutos (só imagine; é melhor não dizer nada a ninguém) que na próxima manifestação de rua em favor do presidente Jair Bolsonaro, da cloroquina e do voto impresso você pendure na sua moto uma bandeirinha dizendo: “Viva o AI-5”. (Para dar um “plus a mais”, pode colocar junto um retrato do general Costa e Silva). É melhor nem pensar nisso, ou em qualquer coisa parecida.

Você não vai mais ter sossego na vida. O ministro Alexandre de Moraes vai lhe socar em cima um inquérito pela prática de “atos antidemocráticos” e “inconstitucionais”, com pleno apoio do Supremo Tribunal Federal, da Câmara e do Senado. Os jornais, as rádios e a televisão vão cair em estado de choque. Os artistas de novela e as celebridades da música popular vão assinar um manifesto exigindo “respeito à democracia”.

Agora: que tal, em vez disso, ir para a rua carregando um cartaz com a imagem de Getúlio Vargas e algum salmo em sua glória? Getúlio criou e comandou durante oito anos, entre 1937 e 1945, a pior ditadura que o Brasil já teve. Seu “Estado Novo” prendeu, torturou e exilou pessoas, censurou a imprensa como nenhum outro regime, fechou o Congresso, colocou o Judiciário em modo silencioso, governou por decreto e não fez nenhuma eleição. Mas se você levar a figura do ditador a uma manifestação contra Jair Bolsonaro e a favor da democracia, vai ser recebido com uma salva de palmas.

É o Brasil de hoje. O Estado Novo é pior que o AI-5, por qualquer metro que se queira usar, mas falar bem de Getúlio é ser “progressista”, e falar bem dos militares é ser “fascista” — pior, pode dar cadeia. Segundo o ministro Moraes, a mídia esclarecida e as classes intelectuais, todos empenhados em salvar o Brasil da ditadura, atos “antidemocráticos” e “inconstitucionais” só podem ser cometidos numa direção — a da direita. Na direção contrária vale qualquer coisa, incluindo louvores à ditadura getulista.

Vale também tocar fogo nas coisas, quebrar vidraças, pichar bancas de jornal, destruir propriedade pública ou privada e jogar pedra na polícia; afinal é “contra Bolsonaro”, e se for “contra Bolsonaro” qualquer crime é aceito com aplausos. As “autoridades locais” permitem tudo, ou porque acham certo ou porque têm medo de serem acusadas de “violência policial”. O governo federal se cala. Os militares não mexem uma palha para assegurar direitos que vem sendo cada vez mais desrespeitados — a começar pelos seus.

A lei, no Brasil, transformou-se numa piada grosseira. A democracia também; lugar onde a lei só vale de um lado não é democracia nenhuma.


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SE NÃO TOMARMOS CUIDADO A BANDEIRA DO BRASIL VAI MUDAR

 

Por
Luís Ernesto Lacombe – Gazeta do Povo

Manifestantes incendiaram ponto de ônibus e lançaram coquetéis molotov contra a polícia durante protesto contra Jair Bolsonaro em São Paulo.| Foto: PMESP
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A foice e o martelo marcham pela Avenida Paulista. Servem para isso, para dar golpes, bater, ceifar, cortar. Carregam milhões de mortes pelo mundo, ao longo da história, em guerras, revoluções, fuzilamento, forca, fome, miséria, doenças… Seus assassinos e genocidas passeiam como heróis, como “justiceiros sociais”, em faixas, cartazes, bandeiras, camisetas, boinas e bonés, por uma das principais avenidas da maior cidade do Brasil. É o desfile da enganação, da hipocrisia, do ódio.

Não é tanta gente, mas é uma gente estranha. Lá vão os “antifascistas” que prestam homenagem a Getúlio Vargas, que defendem mais Estado, que querem um Estado tutor, dirigindo nossas vidas nos mínimos detalhes… São violentos e totalitários, isso eles nem disfarçam. Espancam social-democratas, depredam pontos de ônibus, uma loja de carros, botam fogo numa agência bancária, montam barricadas na rua, pedaços de madeira, papelão, sacos de lixo, álcool e fogo.

A foice e o martelo são o símbolo de um regime autoritário, que finge preocupação com a distribuição de riqueza, mas não tem como produzi-la, e o que distribui, na verdade, é a miséria

Querem mesmo o fim da polícia, não basta estampar esse desejo numa faixa, gritar contra as forças de segurança. Chutes, voadoras, paus e pedras nos policiais, em agentes que tentam proteger uma estação do metrô. Encapuzados e mascarados, muito antes de qualquer vírus… Escondem o rosto, mas não podem esconder sua ignorância ou seu cinismo.

A foice e o martelo são o símbolo de um regime autoritário, que suprime todas as liberdades, que finge preocupação com a distribuição de riqueza, mas não tem como produzi-la, e o que distribui, na verdade, é a miséria. Exceto, claro, para a casta dominante, os políticos de um partido único.

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Desonestidade, incompetência e ferrugem
Democracia em cinzas
O grande fascista
Podem chamar de comunismo, socialismo, podem trocar para “progressismo”, não há disfarces que socos, chutes, pauladas e pedradas imponham. Nunca deu certo, e nunca dará. A ideologia que defendem com violência, destruição, com vandalismo é a mais assassina da história. Ruy Barbosa, cuja obra meu avô materno organizou e publicou, sempre soube disso: “O comunismo não é a fraternidade: é a invasão do ódio entre as classes. Não é a reconciliação dos homens: é a sua exterminação mútua. Não dá tréguas à ordem, dissolve a sociedade, desumana a humanidade”.

Combater um fascismo imaginário, marchando por ideais totalitários, num movimento claramente antidemocrático, é patético. Sou totalmente a favor da liberdade de expressão, da livre manifestação de pensamento, mas permito-me apontar incoerências, desonestidade, falsidade. Bater e ceifar, espalhar foices e martelos por uma avenida, pedindo a ditadura do proletariado, o comunismo… Como é possível entender alguém que defende a implantação de um regime que proíbe as manifestações? Ou já liberaram protestos na China, Coreia do Norte, Venezuela, Nicarágua, em Cuba, e eu não fiquei sabendo?


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CRISE ENTRE O SENADO E AS FORÇAS ARMADAS

 

CPI

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo

Omar Aziz abraça o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco: senador amazonense cobrou uma reação institucional da Casa contra os militares, mas não foi atendido por Pacheco.| Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

No dia seguinte à divulgação da nota de repúdio dos três chefes militares e do ministro da Defesa em reação à declaração do senador Omar Aziz (PSD-AM) na CPI da Covid, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), disse que considera o assunto encerrado.

Aziz queria que o Senado se posicionasse institucionalmente ao lado dele: “se me intimidam, intimidam essa Casa aqui”, disse. Mas o presidente da CPI esquece que foi ele próprio que criou essa crise ao afirmar que existe uma “banda podre” nas Forças Armadas. É uma calúnia porque não há nenhuma prova disso.

As Forças Armadas e o Ministério da Defesa reagiram dizendo que Aziz fez uma acusação “grave e irresponsável” de um “forma vil e leviana”. O presidente do Senado conversou com o ministro da Defesa, Braga Netto, na quarta-feira (7) e ficou muito claro que a nota dos militares foi uma advertência dirigida a Aziz e não ao conjunto de senadores.

Aziz tem se notabilizado no comando da CPI pelo excesso verborrágico. Ele vê crime e condena as pessoas antecipadamente sem ter a mínima prova; é só porque ele acha. O nome disso é calúnia, é difamação, é injúria porque fica no ar, sai na televisão que está cobrindo a CPI. É uma tremenda irresponsabilidade dizer coisas assim e ainda querer empurrar o Senado para uma crise com as Forças Armadas.

Aliás, eu soube a irritação dos chefes militares ao saberem da declaração infeliz de Aziz foi bem maior do que o expressado na nota do Ministério da Defesa, que é mais político, procurou aparar arestas.

O assunto agora, como disse Pacheco, está encerrado, mas em temos: desde que não haja reincidência. A médica Nise Yamaguchi, por exemplo, reagiu na Justiça ao constrangimento sofrido na CPI. Já os militares a gente nunca sabe como podem reagir, se na Justiça ou sabe-se lá o quê.

É óbvio que se houver algum desvio de conduta de militares, como do general Eduardo Pazuello ou do coronel Élcio Franco, haverá punição, certamente, pela Justiça. Agora se não houver nada e se configurar crime de calúnia, aí os caluniadores terão de prestar satisfações à sociedade, à Justiça e às Forças Armadas.

Por que é incrível. Na sessão desta quinta-feira (8) na CPI, por exemplo, a gente ouviu o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) perguntar: “A mando de quem ele estava matando gente?”. Ele era o coronel Élcio Franco. Vejam, essa é uma afirmação grave. Ele é um senador da República, que tem que respeitar o Senado e o estado que representa, não pode falar dessa maneira. Talvez no futuro se pergunte isso: por que morreu tanta gente de Covid-19? No mínimo porque não foram tratados imediatamente.

Os caminhos da CPI estão sendo muito criticados pela opinião pública por causa dessa irresponsabilidade. Querem investigar, rudo bem. Está cheio de coisas para serem investigadas: desvios de bilhões de dinheiro do povo que foram para governadores e prefeitos; o que aconteceu com as vacinas; a falta de oxigênio em Manaus, etc. Mas a gente sabe que a CPI tem outro objetivo: tentar enfraquecer a possibilidade de reeleição do presidente Jair Bolsonaro.


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quinta-feira, 8 de julho de 2021

MOTIVOS PELOS QUAIS O DIRETOR DO MINISTÉRIO DA SÁUDE SAIU PRESO DA CPI

Prisão foi pelo crime de perjúrio e se baseia em lei de 1952 que regulamenta as CPIs

André Shalders/BRASÍLIA

O ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, durante depoimento à CPI Foto: Gabriela Bilo/Estadão

Depois de mais de dois meses e 32 sessões, a CPI da Covid no Senado, criada para investigar ações do governo federal na pandemia, realizou sua primeira prisão. Ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias foi detido pela Polícia Legislativa por ordem do presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM). Embora a primeira prisão só tenha ocorrido agora, as inconsistências foram comuns nos depoimentos de outras pessoas ouvidas pelos senadores.

“Esse dia ia chegar”, disse o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI, após o depoimento. “Houve tolerância (até agora), mas chegou um momento em que não houve mais (…). Ele (Roberto Dias) mentiu do início ao fim”, disse ele. Ao determinar a prisão do ex-servidor comissionado do ministério, Aziz listou ao menos doze supostas inverdades proferidas por ele, que foi indicado ao cargo pelo ex-deputado Abelardo Lupion (DEM-PR). Ao mentir na CPI, Dias teria cometido o crime de perjúrio, ou seja, violou o dever de falar a verdade sob juramento.

Segundo Aziz, Dias quebrou a lei de 1952 que regulamenta as CPIs, e que dispõe que a prisão pode ocorrer se o depoente fizer “afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, tradutor ou intérprete, perante a Comissão Parlamentar de Inquérito”. A pena, que também está prevista no Art. 342 do Código Penal, é a prisão por 2 a 4 anos, e multa.

O ex-diretor do Ministério da Saúde ficou detido no Senado Federal depois do fim do depoimento. Ele será levado à Superintendência Regional da Polícia Federal e deve ser solto após ser ouvido por um delegado — como o crime é considerado de menor gravidade, a prisão deverá ser relaxada depois do pagamento de fiança, para que Dias possa responder em liberdade.

Dias foi acusado pelo cabo da PM de Minas Gerais Luiz Paulo Dominghetti de solicitar propina durante a negociação da venda de 400 milhões de doses da vacina contra a Covid-19 desenvolvida pelo laboratório britânico AstraZeneca. O pedido teria acontecido durante um encontro casual entre os dois em um restaurante num shopping de Brasília, segundo Dominghetti, e o valor seria de US$ 1 de propina a cada dose. O PM se apresenta como “vendedor de vacinas” e diz representar uma empresa dos EUA, chamada Davati Medical Supply. Apesar disso, a AstraZeneca nega ser representada pela Davati, e a Davati negou ter qualquer vínculo formal com o PM.

Ao depor aos senadores, Dias confirmou ter se encontrado com Dominghetti, mas disse que o encontro foi casual – não tinha sido marcado de antemão – e negou ter pedido propina. No entanto, durante o depoimento, os senadores revelaram um áudio de Dominghetti no qual ele cita o ex-diretor e diz que terá uma reunião com o ministério para tratar do assunto.

Outros senadores discordaram da decisão de Aziz de determinar a prisão do Roberto Dias – caso do vice-presidente do colegiado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e de Alessandro Vieira (Cidadania-SE). Vieira pediu “respeito aos precedentes” da própria comissão. “A gente não botou um general (Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde) que estava mentindo na cadeia. A gente não botou o (Fábio) Wajngarten (ex-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência da República) mentindo, na cadeia. Então, eu peço a V. Exa., com todo respeito, que avalie a reconsideração da decisão”, disse Vieira.

 

CLÁSSICOS DA LITERATURA SÃO DESCOMPLICADOS PELAS EDITORAS

 

  1. Cultura 

Para atrair novo público, editoras descomplicam clássicos da literatura

Grandes histórias da literatura ganham recursos, como fotos e ilustrações

Maria Isabel Miqueletto, Especial para o Estadão

A dúvida que atingiu o estudante carioca Felipe Francisco da Silva, de 14 anos, após terminar seu livro favorito, pode muito bem ter ocorrido também a algum brasileiro que fez a mesma leitura no final do século 19. Se Capitu traiu Bentinho no emblemático Dom Casmurro, Felipe não sabe, mas tem consciência de que ler Machado de Assis abriu sua cabeça. Isso porque foi parte do seu processo de perceber que obras clássicas não eram “bichos de sete cabeças”. 

Clássicos
O museólogo Kassio Alexandre Paiva Rosa, leitor de clássicos Foto: Acervo Pessoal

“Ficava com medo de ler livros brasileiros clássicos porque todo mundo falava que era muito difícil”, conta. Depois de abrir as portas para o cânone literário, leu de F. Scott Fitzgerald a Charles Dickens, passando por Jorge Amado e George Orwell. Felipe ainda dedica expressivo espaço em sua estante para as obras de Agatha Christie, uma das quatro mulheres entre os 15 autores mais citados pelo público na pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, de 2020. A britânica figura como a autora preferida do estudante junto com Machado de Assis.

Editoras têm resgatado histórias raras e clássicos da literatura mundial com uma premissa: adaptar sua linguagem ao mundo atual, com elementos visuais e a inclusão do digital na experiência do leitor. Existe um facilitador: no Brasil, após 70 anos da morte do autor, suas obras caem em domínio público. O País é signatário da Convenção de Berna. Ou seja, é possível publicá-las sem pagar pelos direitos autorais do texto original.

“Essas histórias têm o mesmo potencial de tocar e emocionar as pessoas que tinham antes”, defende Jezio Gutierre, diretor-presidente e editor executivo da Fundação Editora da Unesp. Mas justamente a ideia de que este tipo de literatura é mais difícil de compreender muitas vezes afasta possíveis leitores. “Existe um desafio típico do processo de leitura – não apenas dos clássicos. Nosso objetivo é dessacralizar essa impressão que, em grande parte, me parece injusta e errônea”, explica Gutierre. 

A editora lançou a coleção Clássicos da Literatura Unesp com o intuito de preencher as lacunas de acesso ao cânone literário brasileiro e mundial. “É um empobrecimento de qualquer indivíduo ou população não ter acesso aos clássicos”, opina Gutierre. “Queremos propiciar um canal sólido de vivência literária. Quando um público não tem esse contato, está retirando dele esse tipo de prazer.” 

Em sua coleção Clássicos da Literatura, além de Machado de Assis, a Editora da Unesp pretende publicar outros 10 autores neste ano. Entre eles, José de Alencar, Scott Fitzgerald e Molière. Não se trata só de obras consideradas clássicas – títulos de décadas e séculos passados revelam realidades longínquas que, à primeira vista, podem parecer desconectadas da atualidade. Mas, depois de apresentar seu Trabalho de Conclusão de Curso sobre contos de fadas antigos originais, Marina Ávila percebeu o contrário: havia muito interesse de pessoas próximas em ler as histórias macabras e sombrias da época. “Isso me ajudou a ver que várias pessoas gostavam desse tipo de literatura, de descobrir o passado”, diz a produtora editorial.

Mrs Dalloway
Illustração de Sabrina Gevaerd para ‘Mrs. Dalloway’, de Virgina Woolf, publicado pela Antofágica Foto: Antofágica

Foi a partir dessa experiência que decidiu fundar a Editora Wish. O livro que estabeleceu a personalidade da editora foi Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet, de Thomas Peckett Prest, que ainda não havia sido publicado no Brasil. “Assim descobrimos o quanto era legal publicar os livros antigos, mas não só os clássicos – e, sim, os raros”, pontua. Por meio de um financiamento coletivo conseguiram fazer a publicação.

Foi por meio desta campanha que o museólogo Kássio Alexandre Paiva Rosa, 31, teve contato com o universo das histórias antigas. Foi uma resposta à sua curiosidade de entender como eram consumidas a cultura e a arte em outros tempos. “Hoje, pode parecer meio cult, um consumo não hegemônico, mas esse tipo de literatura era o Netflix da época, era o consumo das massas”, diz.

Na Wish, Marina prioriza na curadoria obras que se conectem com o mundo atual. E acredita que, apesar da distância do tempo, a conexão com as histórias pode ser a mesma. “A filosofia por trás de vários livros é parecida com o que a gente vive hoje, e conseguimos nos conectar com os personagens da mesma maneira. Isso demonstra que todos nós somos muito parecidos, mesmo tanto tempo atrás”, afirma. “O objetivo é que seja uma redescoberta do passado e uma aventura para os leitores.”

Aliar as grandes histórias da literatura mundial aos recursos da atualidade: essa é a estratégia da Editora Antofágica. Seu slogan sintetiza a ideia: “clássicos para novos tempos”. “Respeitar, mas interpretar o livro dentro da modernidade, do que estamos passando, da cultura contemporânea, que evoca a estética da Netflix e envolve o mundo digital”, resume Daniel Lameira, diretor criativo nas editoras Antofágica e Aleph. É a alquimia que combina o passado da escrita com o presente dos posfácios, ilustrações de artistas com linguagens visuais contemporâneas e aulas que acompanham cada obra. “É quase como coprotagonizar a edição”, analisa.

Felipe Francisco da Silva
O estudante Felipe Francisco da Silva, de 14 anos Foto: Acervo pessoal

A modernização pode ganhar mais importância em um cenário em que os pré-adolescentes de 11 a 13 anos somam 81% dos leitores. É a faixa etária que mais lê no país, apontou a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, divulgada em 2020. Na categoria geral, pouco mais da metade da população (52%) tem hábitos de leitura, com a média de livros lidos por ano de 4,2 por pessoa.

“Outras edições cumprem um papel importante de ter o texto limpo, nossa intenção é ocupar outro espaço que é possível”, pondera Lameira. Cada edição tem cerca de quatro textos extras e a carta de um apresentador. Este último papel já foi ocupado pelo ator e humorista Gregório Duvivier, na obra 1984. O intuito é gerar essa proximidade, apresentar um leitor a outro. 

O estudante Francisco sentiu o impacto em suas leituras. Ele percebe que as ilustrações complementam seu entendimento e o ajudam a imaginar a história. “Foi uma leitura muito diferente, as ilustrações e os textos complementares me fizeram correr atrás de pesquisar algumas coisas, a história ficou mais esclarecida”, conta. 

O impacto tem sido percebido nos números. A edição da Antofágica de Dom Casmurro vendeu, só na pré-venda, 6 mil exemplares. O grupo no Telegram conta com 2,5 mil pessoas, que conversam sobre literatura clássica. “Conseguimos nos conectar com as pessoas no YouTube, com a linguagem da plataforma”, exemplifica. “A possibilidade de conversar no mundo digital faz parte da concepção e da própria escolha do livro.”

Dom Casmurro
‘Dom Casmurro’, da Antofágica, ganha ilustrações de Paula Siebra Foto: Antofágica

Foi ao modernizar o diálogo com obras clássicas que a Antofágica construiu uma comunidade em torno da leitura: a “cidade” Antofágica tem prefeito e até a Gazeta Antofagense, que descontraidamente conta sobre a chegada dos novos “moradores”, os autores consagrados. A Editora Wish presenciou o mesmo entre seus leitores. “As pessoas têm confiança na nossa curadoria”, diz Ávila.

Isso está conectado à mentalidade de uma época. A importância da criação de comunidades é apontada pela WGSN, empresa líder em tendências, como uma forte tendência entre consumidores para 2022. Este grupo chamado de “comunitários” é composto principalmente por Millennials e pessoas da Geração X. O museólogo Kássio participa de grupos virtuais da Antofágica e da Wish. “Leitura pode ser algo muito solitário, mas quando temos a oportunidade de ter essas trocas é muito rico”, diz.

TER UMA STARTUP DE SUCESSO É A META DE TODO EMPREENDEDOR

 

Entenda como funciona o exit, considerado um marco de sucesso na estratégia das empresas em crescimento.

Por Isabella Carvalho

Ter uma startup de sucesso é a meta de todo empreendedor. Para alguns, isso significa alcançar um determinado número de clientes ou vendas. Para outros, é chegar ao tão esperado exitA expressão se refere ao ponto de “saída” da startup, ou seja, momento em que ela é vendida. Assim, além do retorno financeiro aos investidores e fundadores, a empresa pode crescer e atingir novos mercados.

COMO ACONTECE O EXIT?

O exit pode acontecer de algumas formas. No caso da venda estratégica para outra empresa, a compradora assume a startup, que pode continuar atuando de forma independente, incorporar seu produto como uma unidade dentro da companhia ou ter sua equipe transferida para outras frentes.

Em outra situação o empreendedor pode vender sua participação para outros fundos de Venture Capital ou, em casos mais expressivos, fazer a abertura de capital da empresa (IPO) — tipo de oferta em que as ações da startup são vendidas para o público em uma bolsa de valores.

CASES DE EXIT DE STARTUPS

No Brasil, alguns exits ganharam destaque. Em 2017, a Linx, empresa de software de gestão para varejo, anunciou a compra da startup ShopBack por R$ 39 milhões. Em 2018, a companhia comprou a Hiper, startup focada no desenvolvimento de software para micro e pequenos varejistas. Com essa e outras aquisições a Linx criou duas marcas em seu portfólio: a Linx Impulse Suite e Linx Pay Hub.

Já em 2019 ano, a startup Conaz, do setor de construção civil, também chegou ao exit. A construtech foi adquirida pela Ambar, empresa de soluções tecnológicas e sustentáveis com foco em moradias populares. Neste caso, a startup se tornou uma unidade de software da companhia.

A VIDA DEPOIS DO EXIT

A venda de uma startup é um momento marcante para qualquer empreendedor. Depois de percorrer um longo caminho, alcançar o exit – seja por uma venda estratégica ou fusão – pode levar a empresa para outro patamar. Mas se engana quem pensa que é um processo simples. “A negociação é difícil”, ressaltou Renan Lecheta co-fundador da Conaz, durante o Startup Summit, evento promovido pelo Sebrae e pela Associação Catarinense de Tecnologia, em Florianópolis. A startup conecta construtores e fornecedores de insumos de construção por meio de uma plataforma online de cotações e compras.

O empreendedor viu sua rotina mudar depois de receber uma ligação da Ambar, empresa de soluções tecnológicas e sustentáveis para a construção civil, com foco em moradias populares. O contato surgiu a partir do interesse pela compra da startup. Em julho de 2019, a Conaz anunciou a novidade. “Hoje somos uma unidade de software da Ambar. Para a nossa equipe, foi muito bom, pois temos o mesmo propósito de transformar a construção civil”, contou Lecheta.

A vida depois do exit, para Renan, se resume a trabalhar para expandir ainda mais a plataforma – agora, com um novo reforço. “Recebemos muitos feedbacks positivos. Temos muito a crescer ainda. Agora, estamos focados na moradia popular”, disse.

ESTRUTURAR PARA CRESCER

À frente da Hiper, startup focada no desenvolvimento de software para micro e pequenos varejistas, Tiago Vailati também chegou ao exit. Pouco tempo antes, a empresa passou por uma reestruturação fundamental para o sucesso do acordo. “Mexemos na marca, renovamos nosso produto e entendemos o que o cliente queria. Tudo isso em dois anos muito intensos”, contou.

Foi então que o telefone do empreendedor tocou. Do outro lado da linha, a Linx, empresa brasileira especialista em tecnologia para o varejo. “Ali começamos a perceber o quanto valia a pena ter nos reestruturado”, ressaltou Vailati. A negociação foi finalizada e a startup foi vendida por por R$ 50 milhões.

Hoje, a Hiper faz parte da Linx, mas mantém sua marca independente. “Ter a casa em ordem foi importante para manter a empresa independente. A fase de integração foi muito rápida, porque continuamos a tocar as coisas como antes”, contou Vailati. Segundo o empreendedor, grandes novos projetos já estão sendo construídos com a empresa.

PROBLEMAS QUE A STARTUP VALEON RESOLVE:

A dinâmica empresarial cria fluxos no qual a população busca por produtos e serviços cada vez mais especializados. Desse modo a dinâmica e a rede comercial gera interferências em todas as cidades aqui do Vale do Aço.

Existem as mudanças de costumes e hábitos inseridos na sociedade que por meio das tecnologias acessíveis e do marketing chegam até aos menores lugares, levando o ideário de consumismo e facilitando que esses locais igualmente tenham oportunidade de acesso aos diversos produtos.

A facilidade no acesso as novas tecnologias, à propaganda e estímulo ao consumismo fazem com que mesmo, com o comércio físico existente nessas cidades, ocorra a difusão das compras por meio da internet.

O setor terciário agrega as atividades que não fazem e nem reestruturaram objetos físicos e que se concretizam no momento em que são realizadas, dividindo-se em categorias (comércio varejista e atacadista, prestação de serviços, atividades de educação, profissionais liberais, sistema financeiro, marketing, etc.)

Queremos destacar a área de marketing que é o nosso negócio que contribui na ampliação do leque de informações através da publicidade e propaganda das Empresas, Serviços e Profissionais da nossa região através do site que é uma Plataforma Comercial da Startup Valeon.

A Plataforma Comercial da Startup Valeon é uma empresa nacional, desenvolvedora de soluções de Tecnologia da informação com foco em divulgação empresarial. Atua no mercado corporativo desde 2019 atendendo as necessidades das empresas que demandam serviços de alta qualidade, ganhos comerciais e que precisam da Tecnologia da informação como vantagem competitiva.

Nosso principal produto é a Plataforma Comercial Valeon um marketplace concebido para revolucionar o sistema de divulgação das empresas da região e alavancar as suas vendas.

A Plataforma Comercial Valeon veio para suprir as demandas da região no que tange à divulgação dos produtos/serviços de suas empresas com uma proposta diferenciada nos seus serviços para a conquista cada vez maior de mais clientes e públicos.

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A Statup Valeon através do seu site que é uma Plataforma Comercial feita para fazer publicidade e propaganda online das Empresas, Serviços e Profissionais Liberais da região do Vale do Aço para as suas 27 (vinte e sete) cidades.

A nossa Plataforma de Compras e Vendas que ora disponibilizamos para utilização das Empresas, Prestadores de Serviços e Profissionais Autônomos e para a audiência é um produto inovador sem concorrentes na região e foi projetada para atender às necessidades locais e oferecemos condições de adesão muito mais em conta que qualquer outro meio de comunicação.

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PRESIDENTE DA CPI COMETE ABUSO DE AUTORIDADE

 

Voz de prisão

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo

Presidente da CPI, Omar Aziz, é cercado por colegas da comissão após dar voz de prisão a depoente que estaria mentindo.| Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

O presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), mandou prender o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias, que prestava depoimento, nesta quarta-feira (7). Quanta ironia né? Porque de prisão Aziz entende bem, já que a mulher dele foi presa duas vezes e os três irmãos dele também foram presos.

Antes, o senador já tinha mandado apreender o passaporte do empresário Carlos Wizard e ele próprio, Aziz, também já teve seu passaporte apreendido por estar respondendo a processo lá no Amazonas.

Pois bem, Aziz deu voz de prisão para o depoente que fora afastado do seu cargo no Ministério da Saúde diante da denúncia de corrupção feita pelo cabo da PM de Minas Gerais Luiz Paulo Dominguetti Pereira.

O presidente da CPI tentou explicar o ato de prisão dizendo o seguinte: “Agora ninguém mais vai querer brincar aqui”. Ele estava sentindo que precisava pegar um “boi de piranha”, tinha que prender alguém para chamar a atenção. A CPI está cada vez mais caindo no desprestígio. Acho que a audiência hoje é só de jornalistas.

Quem acompanha a CPI sabe muito bem que essa ordem de prisão não se justifica. Esse cabo da PM que se meteu a negociador da AstraZeneca foi desautorizado pelo próprio laboratório. A AstraZeneca disse que não tem nada a ver com Dominguetti e que ele e nem ninguém está autorizado a vender lotes comerciais de vacina. A empresa disse que só negocia com governos e com a Covax Facility — o consórcio da Organização Mundial de Saúde que visa entregar vacinas para países pobres.

Ou seja, zero vacinas, tanto que o negócio não saiu. O sujeito, como disse o depoente Roberto Dias, é um picareta que estava querendo ver se ganhava dinheiro. O sujeito teve o desplante de declarar à CPI que o ex-diretor da Saúde tinha pedido US$ 1,00 por dose em uma compra de 400 milhões de doses, o que dá US$ 400 milhões ou mais de R$ 2 bilhões em propina. Isso nunca se viu, tem que ir para o livro Guiness.

O próprio senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) diz que se trata de um absurdo, algo inverossímil. Mas a CPI fingiu acreditar, e aí o policial disse que tinha marcado um jantar com Roberto Dias. O ex-diretor de Logística diz que não marcou jantar nenhum, que o sujeito foi lá e apareceu de repente. Isso faz sentido, porque o cabo declarou, quando esteve na CPI, que estava no hotel e alguém ligou para ele dizendo: “vai lá para o restaurante tal, que o fulano está lá”. E aí ele apareceu.

Dias declarou à CPI que foi um encontro acidental, repentino. E aí foi que Omar Aziz deu voz de prisão dizendo que ele estava mentindo, porque tinha no celular de Dominguetti um áudio dele próprio dizendo para um outro amigo: “olha já falei com fulano e tal”. Ou seja, não tem nenhuma materialidade, não houve nada. E um jurista me disse que se fosse a advogada do depoente já estaria nesta quinta-feira (8) entrando no Supremo Tribunal Federal com uma ação contra o presidente da CPI por abuso de autoridade.

Roberto Dias vai para a Polícia Federal levado pela Polícia Legislativa, assina um termo, estabelece uma fiança simbólica e vai embora. Essa prisão foi para jogar para a plateia. “Eu tenho que dar uma satisfação, porque já estão mais me respeitando. Tenho que prender alguém, vou prender esse aqui”, pensou Aziz. Mas é difícil acreditar que o ex-diretor cometeu o crime de perjúrio. De repente, Aziz cometeu mesmo o crime de abuso de autoridade. A CPI está cada vez mais desesperada.

Deputados do Conselho de Ética desconhecem a Constituição
Por 12 votos a 8, os deputados do Conselho de Ética da Câmara aprovaram relatório que sugere a suspensão por seis meses do mandato do Daniel Silveira (PSL-RJ), que representa 31.789 eleitores.

Eles mostram desconhecer a Constituição que juraram cumprir. O artigo 53 diz que deputados e senadores são invioláveis por suas opiniões, palavras e votos. Porque isso é do mandato, é respeito aos eleitores que o deputado ou senador representam.

Os eleitores dão o mandato para que o parlamentar tenha liberdade para falar em nome deles e emitir qualquer opinião. E a opinião dele foi: “tem que fechar esse Supremo, o AI-5 é que foi bom”, uma coisa assim. Mas é a opinião dele — crime de opinião não existe mais no Brasil. E a Constituição garante a liberdade de opinião.

Vamos ver agora o que vai dizer o plenário da Câmara. O fato é que tanto no abuso de autoridade de um senador quanto na ingenuidade de alguns deputados que estão abrindo mão de uma inviolabilidade que não é deles, é dos seus eleitores, eles estão cometendo um sério erro.

E devo acrescentar ainda que deputados do Psol, PT, PSB e PSDB ainda queriam mais. Queriam que fosse cassado o mandato de Silveira que é de 31 mil eleitores do Rio de Janeiro por crime de opinião.


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