A desistência de Luciano Huck de concorrer à Presidência da República, já esperada há pelo menos dois meses, reforça que a política não é para amadores
Eliane Cantanhêde, O Estado de S.Paulo
A desistência deLuciano Huck de concorrer à Presidência da República, já esperada há pelo menos dois meses, reforça que a política não é para amadores, a construção de uma forte opção de centro vai ficando cada vez mais difícil e a eleição de 2022 embica para uma polarização – certamente sangrenta – entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Apesar disso, ainda é cedo para certezas.
Ao jogar a toalha, Huck seguiu os passos do ex-juiz e ex-ministroSérgio Moro, que quer distância da política e do Brasil, e do meteórico João Amoêdo, que não deu para o gasto em 2018 e não consegue nem unir o próprio partido, o Novo, para uma nova empreitada tão ambiciosa.
Roberto Freire (Cidadania), Baleia Rossi (MDB), ACM Neto (DEM) e Bruno Araújo (PSDB); dirigentes partidários defendem entendimento Foto: Dida Sampaio/Estadão; Gabriela Biló/Estadão e Werther Santana/Estadão
A fila de presidenciáveis do centro vai, assim, enxugando. Ex-candidato à Presidência por duas vezes e ex-governador do Ceará, Ciro Gomes segue firme em campanha, sem deslanchar e sem atrair nem centro, nem esquerda e nem direita. Apesar do recall de 2018, ainda não atingiu dois dígitos nas pesquisas.
Quanto menos nomes, mais sobressaem-se os do PSDB, um partido em crise de identidade e sem rumo, mas ainda assim uma das principais siglas do País, depois das duas vitórias de Fernando Henrique Cardoso em primeiro turno (1994 e 1998) e de ter disputado o segundo nas quatro eleições seguintes, contra o PT, até ser substituído pelo bolsonarismo em 2018.
Com prévias marcadas para 21 de novembro, os tucanos listam quatro pré-candidatos. Arthur Virgílio, ex-prefeito de Manaus, não é levado a sério;Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, considerado muito verde; Tasso Jereissatti, senador e ex-governador do Ceará, tido como muito maduro, e João Doria, governador de São Paulo, faz o gênero “tudo ou nada”.
A “junioridade” de Leite tem desvantagens óbvias num País em que as variadas crises exigem experência, mas tem vantagens no eleitorado mais jovem, cevado pela internet e de olho no futuro, não no passado. Na outra ponta, a “senioridade” de Jereissatti também é uma faca de dois gumes: ele tem biografia limpa, credibilidade e serviços prestados no Executivo e no Legislativo, mas o eleitorado digere um “Biden brasileiro”?
Assim, Doria vai, devagar e sempre, carregando o fardo de uma rejeição resiliente no seu próprio Estado e o trunfo – que ninguém tira dele – de ter liderado o início da vacinação contra a covid-19 no Brasil. Ser de São Paulo ajuda, pela força política, econômica e social, mas também atrapalha, porque gera inveja e a acusação de sempre na política: “Paulista acha que São Paulo é o Brasil”. Os ex-governadores e ex-candidatos à Presidência José Serra e Geraldo Alckmin sentiram na pele…
Correndo por fora, mas ainda praticamente invisível, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta tem como cartão de visita os 76% de aprovação que chegou a atingir no combate à pandemia, mas ainda é um ilustre desconhecido para a grande maioria e tem um problema prático: o seu partido, o DEM, decidiu pela implosão justamente na decolagem.
Ao atingir seu auge de credibilidade e cacife, quando seria naturalmente disputado por todos os demais partidos e candidatos da centro-esquerda à direita, o DEM acaba de expulsar o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia e de perder Rodrigo Garcia em São Paulo e o prefeito Eduardo Paes no Rio. Logo, rachou nos dois pólos fundamentais da eleição.
Sobra ao DEM o nome do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, de Minas, que é, hoje, quase uma miragem na paisagem presidencial, além de estar em conversas abertas com outras siglas, como o PSD, em ascensão em Minas. Logo, seu futuro no DEM, tanto quanto seu futuro eleitoral, são incertos e não sabidos.
Como, aliás, continua incerto o cenário de 2022, aberto inclusive para novidades e surpresas, como seria o nome do governador Flávio Dino. Ele, porém, é de um Estado pequeno e de um partido, o PCdoB, menor ainda. Logo, o mais provável é que Dino consolide sua capacidade e sua imagem de conciliador e articulador, tão essenciais em momentos nebulosos e preocupantes como o que o Brasil vive.
O certo é que Bolsonaro será candidato à reeleição, tanto que está afrontando a Justiça Eleitoral com sua campanha flagrantemente antecipada, e que Lula não abrirá mão da cabeça de chapa pelo PT, do alto de sua mágoa, de sua condição de principal líder popular brasileiro e dos resultados dos seus dois governos.
O resultado dessa conta, Bolsonaro mais Lula, é que será uma campanha sangrenta, com acusações de corrupção, ameaças à democracia e risco de um grande fuzuê depois da abertura das urnas. O que, obviamente, aumenta ainda mais a ansiedade por opções de centro e a responsabilidade dos que mereçam ser chamados de líderes.
Frequentemente vemos diversos negócios falindo, seja aqueles que existem há décadas ou projetos mais recentes. Isso logo nos faz pensar que o mercado está cada vez mais difícil e cada vez mais competitivo, mas a questão que deve nos fazer refletir sobre as lógicas da economia não é exatamente essa.
Existe um grande ponto que explica o porquê muitas empresas não conseguem prosperar. Hoje, quem define as regras é o consumidor. É ele quem decide se vai consumir ou não o seu produto. Isso acaba sendo perceptível porque afeta todas as cadeias de empresas.
Ou seja, não importa há quanto tempo você está no mercado, quanto você fatura ou quanto a sua marca é conhecida. Se seus clientes entenderem que seus produtos não fazem mais sentido para a realidade deles, eles prontamente deixarão de consumi-los.
Agora você deve estar se perguntando como saber se o seu produto ainda se adequa à realidade das pessoas. A resposta é simples: você precisa entender as necessidades do mercado. Quer um exemplo? Se uma empresa que vendia computadores de mesa seguisse apenas comercializando os mesmos itens, ela certamente diminuiria seu faturamento com a ascensão dos notebooks e tablets. As empresas precisam entender como a sociedade estava se comportando e quais eram as necessidades para as pessoas consumirem tecnologia em tempos cada vez mais agitados.
E, junto à importância de entender o mercado, você precisa encontrar formas de entregar seus produtos aos consumidores de maneira criativa. Outro pequeno exemplo: quando uma pessoa vende balas no semáforo, ela geralmente costuma passar de carro em carro oferecendo as balas para os motoristas. Recentemente, encontrei uma boa opção para melhorar esse processo. O vendedor entendeu que precisava chamar a atenção de quem estava parado no trânsito para que ouvissem o que ele estava vendendo. Em vez de oferecer as balas, ele estampou nos pacotes piadas para distrair os potenciais compradores. A ideia, por mais simples que seja, deu certo e pode servir de inspiração para que a gente se reinvente também na maneira como vendemos o nosso produto.
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Nise Yamaguchi e o presidente da CPI da Covid-19, Omar Aziz.| Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado
Após quase dois meses de funcionamento, a CPI da Covid confirma as baixas expectativas que tínhamos quando a mesma foi instalada. Embora seja fruto de dois requerimentos, um deles de minha autoria, o relator da CPI, pai de um governador que devia ser investigado pela comissão, atua até agora como se o único objetivo da existência da comissão fosse atacar o governo federal, ignorando todos os indícios, descobertos pela Polícia Federal, de que houve desvio de recursos que partiram da União e foram enviados para estados e municípios, a fim de auxiliar no tratamento dos pacientes com coronavírus.
Um dos pedidos de convocação recentemente rejeitados pelo grupo que comanda a comissão diz respeito ao escândalo do Consórcio Nordeste, que inclui o Ceará, e que está relacionado à compra de 300 respiradores provenientes da indústria da maconha e que jamais foram entregues, provocando prejuízo estimado em R$ 48,7 milhões. O fato consta em relatório da Polícia Federal e há ampla documentação a respeito, devidamente entregue à imprensa. Mesmo assim, o esforço de alguns colegas para que esse assunto seja deixado de lado é espantoso.
Em mais de uma ocasião, eu propus um revezamento na convocação de depoentes, de modo que fossem chamadas tanto autoridades do governo federal como aquelas provenientes de estados e municípios, relacionadas com a recepção e administração de recursos destinados ao enfrentamento da pandemia, principalmente seus principais mandatários, ou seja, governadores e prefeitos. Essa sugestão também foi rejeitada.
Na história das CPIs encontramos comissões honrosas, que cumpriram com coragem e competência seu papel de combate à corrupção, como a CPI dos Correios, em 2005, que resultou na revelação do escândalo do mensalão, desmontando um esquema criminoso de compra de apoio político e uso indevido do dinheiro público. Infelizmente, aquela iniciativa bem-sucedida não é usada como exemplo.
Apesar dos constrangedores sinais de que a CPI não quer olhar para os indícios de corrupção, a mesma esbanja evidências de que seu foco é mesmo o de se tornar palanque político para 2022. Exemplo disso é o tratamento explicitamente diferenciado que o relator dá aos depoentes. Àqueles dispostos a atacar o presidente, trata com compreensão e cortesia; àqueles que defendem as ações tomadas pelo governo, sobram atos de intimidação e até demonstrações de grosseria.
Foi o que houve, por exemplo, com a doutora Nise Yamaguchi, médica oncologista e imunologista, com mais de 10 mil pacientes atendidos em 40 anos salvando vidas. Sua contribuição pública e voluntária com o governo lhe rendeu contínuas interrupções, de modo que fosse impedida de completar suas explicações, sendo notoriamente induzida a responder conforme a vontade do relator e submetida a covarde humilhação.
É claro que o comportamento de Bolsonaro é passível de críticas. Considero inoportunas as frequentes ocasiões em que o chefe da nação não dá exemplo, provoca aglomerações, não usa máscara e faz uso político de medicamentos. Contudo, isso não justifica a agressão generalizada contra seus colaboradores, nem o ato de fechar os olhos para os erros cometidos por outras instâncias do Executivo. Essa seletividade é um grave desrespeito ao povo que poderia ter recebido tratamento apropriado nas estruturas de saúde locais, mas isso não aconteceu, pois o dinheiro foi usado para outros fins.
Em muitos lugares do mundo o momento de crise mundial que atravessamos foi transformado em oportunidade de união, de solidariedade para atravessarmos juntos as dificuldades, e de chegarmos melhores ao fim dessa dura jornada. Infelizmente, não é o que vemos no Brasil. A polarização excessiva tem agravado nossos problemas, inflamado ataques desnecessários e alimentado injustiças. A CPI poderia ter papel importante na superação dessa tendência e pacificação do nosso país. Em vez disso, parece ter escolhido ser trampolim para os cargos em disputa no ano que vem.
General Eduardo Pazzuello participa de ato ao lado de Bolsonaro no Rio de Janeiro, em 23 de maio: PEC quer barra militares da ativa na administração pública.| Foto: Alan Santos/Presidência da República
A decisão do comando do Exército de não punir o general Eduardo Pazuello por ter participado de um ato político favorável ao presidente Jair Bolsonaro, no dia 23 de maio, levou parlamentares a discutir uma proposta de emenda à Constituição (PEC) para evitar a politização das Forças Armadas. Deputados federais independentes e de oposição se articulam para colocar em tramitação o que vem sendo chamado de “PEC do Pazuello” — projeto que proibiria militares da ativa de ocupar cargos nos governos.
Também há mobilização para incluir na mesma PEC uma “quarentena” eleitoral para juízes, procuradores e promotores poderem ocupar cargos políticos após saírem da Justiça e do Ministério Público (MP).
A redação em estudo da PEC do Pazuello prevê que, para assumir um cargo público, o militar da ativa precisará se afastar das Forças Armadas caso tenha menos de 10 anos de serviço. Caso tenha mais de uma década, passará automaticamente para a inatividade.
Deputados da base governista consideram a PEC uma manobra política da oposição e dos independentes para tentar fragilizar a gestão Bolsonaro. Já parlamentares favoráveis defendem que ela atende a um pedido da própria cúpula das Forças Armadas e seria, portanto, uma matéria necessária para assegurar a independência da instituição.
Por se tratar de uma emenda à Constituição, se aprovada, a PEC traria efeitos imediatos e práticos. Obrigaria todos os militares da ativa a abandonarem seus postos na administração pública ou, caso escolhessem permanecer no governo, precisariam se licenciar ou passar para a inatividade. Ou seja, obrigaria o governo a reorganizar vários cargos.
Segundo levantamento do Tribunal de Contas da União (TCU) que não faz discricionariedade entre militares da ativa e da reserva, o número de representantes das Forças Armadas no governo federal era de 6,1 mil militares em 2020.
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PARTICIPE! Como surgiu a ideia da PEC do Pazuello e em que estágio está A PEC do Pazuello ainda está em fase embrionária. Parlamentares estão coletando as 171 assinaturas mínimas necessárias para que a proposta possa começar a tramitar.
A deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), autora da PEC, explica, que, apesar da coleta de assinaturas ainda estar em curso, a proposta não surgiu agora. Sua redação foi esboçada ainda em 2020, decorrente de conversas com militares das Forças Armadas. “Senti um incômodo dentro das Forças por essa insistência [de Bolsonaro] em chamar tantos militares para dentro do governo”, afirma Perpétua.
A parlamentar da oposição ao governo explica que, quando presidiu a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara, em 2012, se aproximou de militares. “Ouvi ex-ministros da Defesa, oficiais generais, ex-comandantes das Forças e militares do alto escalão, da ativa e da reserva, e notei esse incômodo”, diz a parlamentar.
Desde o início do governo, Bolsonaro costuma a se referir às Forças Armadas em um tom de posse. Segundo Perpétua, isso incomoda a cúpula militar. “Essa PEC surgiu quando vi essa confusão proposital que o presidente Bolsonaro fez e faz. Chama de ‘meu Exército’, ‘minhas Forças Armadas’. E notei, com isso, uma preocupação de que ia voltar a politização dos quartéis”, justifica.
O deputado Hildo Rocha (MDB-MA), primeiro-vice-líder do partido e membro da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa, é um dos apoiadores da proposta. Segundo cálculos pessoais de militares que ele consultou, 80% apoiam a PEC. “Conversei com vários militares da ativa e grande parte apoia. De dez que pergunto, pelo menos oito são a favor”, afirma.
O emedebista explica que todos esses militares consultados por ele são oficiais (aspirantes até generais, no caso do Exército), não praças (soldados a subtenentes, no caso do Exército). Como explicou anteriormente a Gazeta do Povo, Bolsonaro foi apoiado pelas bases das Forças Armadas mesmo quando demitiu os últimos três comandantes e o general Fernando Azevedo e Silva do Ministério da Defesa.
A maioria dos que rejeitam Bolsonaro nas Forças Armadas seriam oficiais. Mas são eles que, em maioria, geralmente são pretendentes a um cargo na administração pública, reforça Rocha.
Quem apoia a PEC do Pazuello e como se articulam Até o fim de semana passado, a PEC já tinha 133 assinaturas — o que equivale aos 130 parlamentares da oposição. Mas, para a matéria vingar, será necessário o apoio de mais congressistas de partidos de centro.
A questão é que a maioria dessas legendas são integrantes da base do governo. Apenas sete integrantes de partidos da base do governo haviam apoiado a tramitação da PEC.
Ao todo, 347 deputados foram convidados a assinar a proposta. Dos partidos que integram formalmente a base do governo, apenas parlamentares do PL e PP receberam o convite. Foram distribuídos para 74, mas 72 não deram aval.
Outros 111 parlamentares de seis partidos de centro que não integram a base governista foram convidados a assinar. Mas a maioria não havia dado aval. São os casos de congressistas do MDB, PSDB, DEM, Solidariedade, Podemos e PV. Mesmo entre os partidos de oposição ao governo, em torno de 20 deputados de PT, PSB e PDT não haviam assinado.
A deputada Perpétua Almeida garante, contudo, que não mede esforços para chegar às 171 rubricas e atribui a burocracia como empecilho. “É difícil conseguir no sistema híbrido [de presença dos deputados no plenário e de forma online, realizado por causa da pandemia de Cpvid-19]. Tem que mandar o convite, o gabinete do parlamentar tem que ver, avaliar, quem abre o email do gabinete tem que ter aquela informação e o deputado tem que assinar”, explica.
Independentes prometem ajudar a colocar a PEC do Pazuello em votação Apesar das dificuldades burocráticas em se conseguir as assinaturas, Perpétua acredita que a coleta tem seguido um ritmo “muito rápido” em relação a outras PECs. Para a parlamentar, a repercussão na imprensa após o Exército não punir Pazuello ajudou a mobilizar os deputados.
Aliados da proposta de Perpétua acenam com apoio à matéria. O deputado Hildo Rocha defende que, para concluir a coleta de assinaturas e colocar a pauta em tramitação, o texto seja explicado nas reuniões de bancada.
“Mesmo de forma virtual, se a Perpétua tiver disposição de ir em bancada por bancada, na reunião, mesmo de forma virtual, explicar a importância, ela consegue rapidamente essas assinaturas”, destaca Rocha. “Precisamos dessa PEC porque o militar não deve exercer atividades civis enquanto estando na ativa porque perderemos força de trabalho nas Forças Armadas”, justifica.
O deputado Rubens Bueno (Cidadania-PR), primeiro-vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa da Câmara, também é um dos signatários e defensores do texto. Para ele, que se dispõe a ajudar Perpétua com a coleta de assinaturas em seu partido, o debate “começa agora”.
“Temos que compreender o mundo das carreiras de Estado, que não podem se misturar com a política, especialmente as Forças Armadas, que têm como base fundamental a hierarquia e a disciplina”, diz. “Por exemplo, por que o [ex-juiz] o Sérgio Moro teve que renunciar sua carreira para assumir o Ministério [da Justiça] e por que um general da ativa mantém-se general para ocupar um ministério?”, complementa.
Do “Renangate” à Lava Jato: conheça o histórico do relator da CPI da Covid no STF Governistas discordam da PEC e dizem que ela é preconceituosa O líder do PSL na Câmara, Vitor Hugo (GO), major da reserva, entende que a PEC tem como único objetivo atingir o governo. “É mais uma manobra política do que alguma medida concreta. Não há apoio o suficiente para aprovar isso”, diz.
Vitor Hugo fala em referência à necessidade de 308 votos para se aprovar uma PEC na Câmara. O próprio líder do governo, Ricardo Barros (PP-PR), estima que a base governista é composta por 384 deputados. “Acho que é algo muito fraco politicamente, não vejo força para isso avançar”, reforça o líder do PSL.
Sobre o mérito da matéria, Vitor Hugo também se mostra contrário à PEC. Para ele, os argumentos de quem se posiciona favorável ao texto são frágeis e muito baseados em supostas ameaças à democracia pela presença de militares da ativa no governo.
“Nenhum militar da ativa que seja nomeado para um cargo civil leva consigo o comando de tropas, com armas. Então, a nomeação de um militar da ativa não ameaça a democracia de forma alguma. A presença dele no governo turva ou não a democracia? Na nossa visão, não, de forma alguma.”
O deputado Coronel Armando (PSL-SC), segundo-vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa, é outro contrário à PEC. “É uma ação política contra os militares, insuflada por conta da situação da pandemia. O general Pazuello foi secretário executivo do Ministério da Saúde durante um período e ninguém reclamou do fato dele ser da ativa. A reclamação veio só após ele ser anunciado como ministro”, diz Armando.
Para ele, a PEC é um elemento de uma narrativa preconceituosa contra os militares da ativa. “Os da reserva, que são a maioria na administração pública, são cidadãos comuns. São poucos da ativa que estão à disposição [no governo]. Estão querendo impedir que pessoas qualificadas possam assumir determinados cargos.”
PEC também pode afetar juízes e procuradores Outro impacto que a PEC do Pazuello pode provocar o que no Congresso é chamada de “quarentena eleitoral” para membros do Judiciário e do Ministério Público. Tramita na Câmara um projeto que estabelece cinco anos de inelegibilidade para magistrados, procuradores e promotores que deixarem seus cargos na Justiça e no MP. Ou seja, eles só poderão concorrer em eleições cinco após se exonerarem do serviço público.
Atualmente, membros do Judiciário e do Ministério Público não podem concorrer em eleições ocupando seus cargos. Eles precisam se demitir. Mas não precisar cumprir nenhuma quarentena para serem candidatos.
A ideia de parte dos parlamentares é resgatar o projeto sobre juízes e procuradores para incluí-lo dentro da PEC por meio de alguma emenda quando a proposta tramitar na comissão especial. Em recente reunião de líderes, alguns pediram apoio à sugestão ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Aos líderes, Lira pediu que eles ouvissem suas bases para saber se há maioria tanto para o mérito original da PEC, como, também, para a “quarentena eleitoral” de juízes e procuradores.
A deputada Perpétua Almeida é favorável à ideia de ampliar o escopo da PEC do Pazuello e sugere que isso pode ser feito, de fato, caso o texto chegue a ter uma comissão especial instalada para discutir o mérito. “Não vou colocar muita coisa [na proposta original] para não dificultar a coleta de assinaturas. E aí a gente melhora isso no debate da comissão especial e no relatório”, afirma.
O deputado Hildo Rocha diz preferir deixar esse assunto de fora do texto original, sob risco de contaminar o debate antes mesmo da largada. “O que estamos debatendo é se militar da ativa pode exercer ou não atividades civis. O que sou a favor é de que eles não devem exercer atividades civis enquanto militar da ativa porque perderemos força de trabalho. Agora, se coloca outro assunto, como esse, que ao meu ver não tem nada a ver, atrapalha e contamina o debate”, justifica.
A base de toda civilização é a postergação da obtenção do desejado: planta-se hoje para colher amanhã, trabalha-se hoje para receber depois, economiza-se hoje para comprar depois. A pessoa ou grupo social que não consegue postergar a obtenção de algo desejado não apenas paga mais caro como prejudica o próprio futuro. Afinal, na prática o que se faz é empenhar o futuro em prol do presente, quando o racional – o civilizatório – seria exatamente o oposto. Na sociedade ocidental atual, que se desintegra em velocidade espantosa, a ausência desta virtude em todos os níveis, do pessoal ao global, salta aos olhos.
No nível pessoal ou familiar, o problema é tornado evidente pelo sucesso das Casas Bahia e similares. Ao contrário do que parece, tais estabelecimentos não são lojas de móveis, mas bancos; os objetos à venda são apenas chamarizes, usados para convencer as pessoas que não têm a verba disponível a pedir dinheiro emprestado para comprá-los. Os juros, embutidos na prestação, é que compõem o grosso do lucro de tais estabelecimentos. O resultado disto é que quem tem o dinheiro no bolso não há de comprar lá; afinal, além de ter de fazer um complicadíssimo cadastro em tudo similar ao de abertura de conta num banco que não tenha medo de afirmar-se tal, o preço à vista será o mesmo da prestação, com os juros embutidos. Esta é uma forma de garantir ao estabelecimento a preponderância maciça de pessoas incapazes de postergar a obtenção do que desejam.
O mesmo se vê no endividamento maciço dos que caem nas arapucas bancárias do cheque “especial” e do cartão de crédito. Enorme parcela da população compromete parte significativa da renda na compra a crédito de besteiras, objetos de consumo inúteis (como um celular caríssimo, que será usado para funções que um modelo mais simples desempenharia sem problemas), automóveis caros, o que for. Para muita gente, aquilo que pode ser adquirido pedindo dinheiro emprestado e pagando juros extorsivos sobre ele é tido como estando ao seu alcance financeiro.
A pessoa ou grupo social que não consegue postergar a obtenção de algo desejado não apenas paga mais caro como prejudica o próprio futuro
O juro, afinal, é o que se paga para avançar o tempo e obter o objeto de desejo antes de ter-se meios para o adquirir. É o valor dado pelo mercado ao esforço futuro do comprador. Se a pessoa economizar uns tantos meses, mesmo com o spread bancário obsceno brasileiro, ela poderá comprar à vista o mesmo objeto por muito menos, já que não pagará juros. Seu tempo será seu. O único “problema” é que a posse do bem cobiçado ocorrerá no futuro; a maioria prefere pagar mais e comprometer a própria renda futura para ter aquilo agora em mãos. Como o que se busca na sociedade de consumo é a brevíssima alegria de ter acabado de tomar posse de um objeto de consumo, o padrão é que o consumidor esteja ainda pagando caríssimas prestações quando o objeto já lhe parecer defasado, vergonhoso mesmo.
O mesmo ocorre em todo tipo de empreendimento humano que demande dedicação e trabalho agora para obtenção futura de um bem. Das artes marciais aos instrumentos musicais, da poesia ou prosa à programação de computadores, do aprendizado duma língua estrangeira ao duma técnica artística, é cada vez menor o número de pessoas capazes de passar longas horas, todos os dias, estudando, treinando e aprendendo para, anos depois, ser capaz de fazer algo, de realmente dominar alguma coisa, de ter em si uma capacidade rara. Quando a isto se soma o fracasso formidoloso do sistema escolar – que em tese deveria treinar hoje as crianças para que possam ter um desempenho futuro, na idade adulta –, vê-se que as expectativas futuras para a sociedade são péssimas.
Não é de se espantar que o mesmo ocorra em organizações sociais mais amplas. Um vício mental, uma incapacidade que atinge grande parcela da população, fatalmente acabará atingindo as organizações sociais formadas daquelas mesmas pessoas. Vê-se isto na paróquia em que a música litúrgica é função de uma bandinha de rock amadora, preferindo-se algo ruim no presente a investir no futuro pela formação de um coro decente. Vê-se isto no abandono da malha ferroviária em prol de rodovias, mais baratas no curto prazo e muitíssimo mais caras para a sociedade no médio e longo prazos. Vê-se isto no hábito social difundido de juntar as escovas de dente sem casamento ou compromisso futuro algum. Vê-se isto no recorrente fenômeno publicitário de explorar ao máximo uma marca tradicional para lucros imediatos, jogando no lixo um patrimônio de confiança na marca ao aplicá-lo ao Deus-dará até que perca totalmente o valor. Vê-se isto na substituição da seriedade acadêmica, dos estudos realmente superiores, pela sinalização de virtudes e igualitarismo desesperado no sistema universitário.
Mais ainda, isto pode ser claramente percebido na geopolítica. Nela vem se tornando tão comum que os atores ocidentais ajam pensando apenas no curtíssimo prazo que qualquer expectativa de retomada de significância geopolítica deles foi esvaziada. A Alemanha, querendo parecer “verde”, ecológica, apostou tudo na geração de energia solar e eólica, em detrimento de sua tradição industrial. Apostou e perdeu, e hoje se vê dependente de gás natural russo para poder manter as indústrias que ainda tem, e aquecer os lares de seus idosos cidadãos. A França, necessitada de mão de obra, acolheu e acolhe ainda, em massa, imigrantes de suas antigas colônias, sem contudo integrá-los à sociedade preexistente. O resultado é que há hoje centenas de “zonas urbanas sensíveis”, o eufemismo da burocracia francesa para áreas dominadas por muçulmanos radicais aliados a traficantes de drogas, onde a polícia só entra em caveirões. Até mesmo fora de tais áreas, tornou-se mortal a qualquer um ofender o suscetibilíssimo Islã, como se a França se houvesse tornado colônia saudita.
Os EUA são hoje um país essencialmente sem base industrial, substituída por atividade financeira improdutiva. Como o dólar tornou-se no pós-guerra a moeda de troca internacional, basta ao governo americano “imprimir” mais dólares, na prática exportando a própria inflação, para movimentar uma economia basicamente formada de serviços internos e inexportáveis. Seria de se esperar, assim, que os EUA protegessem ao máximo este papel internacional do dólar. O que se viu e se vê, todavia, é o contrário: o papel de moeda internacional do dólar tornou-se mero meio para sanções comerciais contra quem não aceitar a hegemonia americana. Seus alvos maiores no momento são quem comercie com o Irã, o atual monstro malvado da propaganda americana, ou com a Rússia, contra quem os EUA parecem decididos a retomar a Guerra Fria. O resultado é que a economia mundial vem se desdolarizando, usando como substitutos o bom e velho ouro, o euro e a nova moeda digital chinesa. Em outras palavras, o governo americano vem estrangulando a própria galinha dos ovos de ouro, sem que sequer tenha benefício direto e imediato disto. Afinal, o problema do Irã é apenas ser um poder regional que apoia interesses anti-israelenses; a Rússia, por seu lado, abandonou o expansionismo soviético, e só é perigosa para quem a ataque.
A própria forma como foram conduzidos os lockdowns durante a atual pandemia foi marcada, em muitos lugares, pela ênfase no presente em detrimento do futuro. Tratamentos de saúde importantíssimos foram interrompidos; cadeias de abastecimento essenciais foram rompidas; pequenos comércios faliram aos magotes. Não será de se espantar se os problemas causados no médio e longo prazo por lockdowns mal manejados alcancem aqui ou ali índices de letalidade tão altos quanto os dos países que não impuseram medidas preventivas.
Até mesmo a recusa de procriar, cada vez mais frequente no Ocidente e causa indireta da necessidade de importação de mão de obra imigrante, é uma recusa da postergação do desejo. É outra forma de penhora do futuro em prol do presente
O que se vê nestes tantos exemplos – e há muitos outros! – é o exato oposto do que se viu quando o homem começou a plantar e criar animais de abate, em vez de simplesmente caçar bichos selvagens e colher frutas silvestres. A ação de quem posterga a recompensa, de quem age agora para mais tarde colher os frutos de seu trabalho, é a base de toda cultura e civilização. Sem saber tocar um instrumento, é quase impossível compor uma música nova. O que mais se vê hoje em dia, todavia, não são músicas novas, mas colagens de elementos anteriores, feitas por gente que quer, claro, obter agora mesmo o resultado de qualquer esforço.
Até mesmo a recusa de procriar, cada vez mais frequente no Ocidente e causa indireta da necessidade de importação de mão de obra imigrante, é uma recusa da postergação do desejo. É outra forma de penhora do futuro em prol do presente. Faz-se sexo – dificilmente fazendo-se amor, aliás – de forma tal que hormônios artificiais, objetos estranhos ou barreiras impeçam que venha uma nova vida. Que, literalmente, nasçam as futuras gerações. O objetivo maior desta recusa à vida é desviar a energia e capacidade de que o jovem casal é dotado, retirando-a de seu fim precípuo, que é cuidar de crianças pequenas, e dedicando-a ao mais vazio “lazer”. A mais amarga solidão na velhice é o altíssimo preço da possibilidade de viagens e sexo estéril casual na juventude. Há mesmo quem faça desse fechamento à vida uma pseudovirtude, comparando o ser humano a pragas ou parasitas sobre a Terra!
O sexo estéril, a obtenção imediata de objetos de consumo em detrimento da renda futura, a prodigalidade com que os Estados destroem o que os faz ricos, a impaciência, a incapacidade de estudo continuado do que quer que seja… Tudo isto faz parte dum mesmo quadro de “descivilização”: é um processo exatamente igual ao do surgimento da civilização, mas ao inverso. Como todavia o homem é um animal naturalmente social, nas palavras de Aristóteles, outra sociedade, outra cultura surgirá dos escombros desta. Assim como o glorioso Medievo, após uns tantos séculos de trevas, surgiu das ruínas do Império Romano, algo há de surgir para tomar o lugar do que se está destruindo a cada momento, da herança que se está negando às próximas gerações.
O que será, contudo, é impossível saber. A Europa, ao que tudo indica, acabará por unir-se à vasta mancha verde do Islã. Nos países anglófonos, a artificialidade das sociedades as levará rapidamente à anomia. Na continuação latino-americana da Ibéria romana, há ainda esperança. Para que se possa reter o que de bom foi produzido nestes dois milênios de que somos herdeiros, todavia, é necessário que haja quem se disponha a passar horas ao dia aprendendo um instrumento, para que nem Bach nem Pixinguinha se percam; que haja quem se dedique a aprender e a retransmitir o aprendido a outros interessados, no mais das vezes com enormes dificuldades para pagar as contas; que haja quem plante jaqueiras, sabendo que apenas seus netos provarão das frutas; que haja, em suma, quem aceite a postergação da recompensa como a virtude que é. Sem isto, nada se constrói; Roma não foi feita em um dia, nem foi feita para ser dissipada pela mesma geração que a erigiu.
O colapso duma sociedade não significa o colapso individual de todos os seus membros, afinal. Ao contrário, até: é o colapso moral duma maioria que causa o colapso da sociedade a que pertence. Uma minoria sensata, todavia, é quem mantém acesa a chama da civilização até que outra se alevante. É este o papel que convido meu paciente leitor a desempenhar.
Agora peço sua licença; este velho aposentado resolveu aprender piano clássico e precisa sentar e estudar. Todos os dias.
Estilo de vida Segundo pesquisas, apenas um a cada quatro consumidores pode ser considerado responsável; mudança de hábitos se faz necessária APRESENTADO POR:
Por Vinicius Boreki- especial para a Gazeta do Povo
Ler rótulos e identificar produtos com selos de sustentabilidade são uma boa opção para se tornar um consumidor mais sustentável.| Foto: Pexels
Uma pesquisa realizada pela Nielsen apontou que 42% dos consumidores brasileiros estão mudando seus hábitos de consumo para reduzir o impacto no meio ambiente. Outro estudo, do Instituto Akatu, mostrou que apenas 24% dos consumidores podem ser colocados em uma condição de mais conscientes, ao considerar diversos hábitos, tais como ler rótulos antes de comprar produtos, separar o lixo, planejar compras de roupas e de alimentos.
“O brasileiro, de maneira geral, gosta de parecer sustentável até a página 2. É um mito que é fácil ter uma vida sustentável, quando se abre mão conscientemente de certos confortos para minimizar os impactos ambientais negativos”, afirma o doutor em Engenharia Mecânica Alysson Nunes Diógenes, professor do mestrado e doutorado em Gestão Ambiental da Universidade Positivo.
De acordo com o professor, o ato de ser mais consciente nas compras passa por um processo de conscientização individual. “As ações de cada indivíduo influenciam o todo. Nosso currículo escolar é voltado para o vestibular, assim como o universitário para o Enade. Por que não ensinar sustentabilidade de forma prática em biologia? Qual o melhor adubo para as plantas, por exemplo? Atualmente, o ensino se torna deficiente, porque não relaciona teoria à prática”, analisa.
Outra pesquisa conduzida pelo Instituto Akatu mostrou que, em 2020, apenas 44% dos consumidores recompensaram socialmente uma empresa, enquanto 35% consideraram, mas não fizeram e 22% nem sequer cogitaram uma mudança. “O menor poder aquisitivo e a percepção de que os produtos mais sustentáveis são mais caros levam a classe baixa a um menor acesso e uma menor disposição de recompensar produtos e marcas socioambientalmente mais responsáveis”, diz o relatório da publicação.
Planeje suas compras para evitar desperdícios| Foto: Pexels Mudança total de estilo de vida? Segundo o professor, uma vida mais sustentável dependeria de uma mudança no estilo de vida, já que uma única atitude não resolve o problema social. “No entanto, este processo precisa ser iniciado de alguma maneira, pois as chances de continuidade das mudanças persistem”, avalia o professor. Um dos principais cuidados está em ser mais consciente na hora de consumir. “Devemos buscar empresas que tornem seu produto sustentável. Há selos de sustentabilidade que indicam isso”, diz.
Essa perspectiva de mudança inclui os cuidados com os hábitos alimentares. Baseado em um estudo da ONG WWF, o professor defende que, ao contrário do que muitos pregam, o estilo de vida vegetariano não é o mais sustentável. “Se todos deixássemos de comer carne, o ecossistema entraria em colapso pela necessidade de aumentar a produção de cultivo de plantas como soja ou grão de bico”, afirma.
De acordo com Diógenes, é preciso buscar equilíbrio, não necessariamente comendo proteína animal diariamente. “Entendo o ponto de vista da empatia com a causa animal, mas, eventualmente, a necessidade de suplementos pela falta da proteína animal, uma demanda dos seres humanos, polui mais do que a criação de gado”, diz. “Uma possibilidade futura é a produção de carne em laboratório”, ressalta.
Um raciocínio semelhante se aplica à escolha pelos orgânicos. “Embora sejam alimentos sem conservantes, do ponto de vista da necessidade de cultivo para alimentar toda a população, é inviável fazê-lo sem os defensivos agrícolas”, alega.
Dicas para ser um consumidor mais consciente Planeje suas compras – Seja mais consciente em relação aos hábitos de consumo, questionando sua necessidade. Compreenda o seu papel como gerador de resíduos e como consumidor, evitando desperdícios.
Opte por produtos com selos sustentáveis – Quando estiver fazendo compras, escolha produtos que apresentem selos sustentáveis. Eles são indicadores de que as marcas respeitam regras rígidas no momento do desenvolvimento desses itens.
Troque as sacolas plásticas – Aposte nas sacolas em tecido ou retornáveis. Um cálculo da Organização das Nações Unidas (ONU) mostra que, por ano, são consumidas 5 trilhões de sacolas em todo o globo. Pior: boa parte deste material acaba nos oceanos.
Reaproveite potes – Leve seus próprios recipientes ao fazer compras em lojas a granel, procure comprar itens sem embalagens – há diversos fornecedores de shampoos e condicionadores, por exemplo – com essa abordagem.
Muita embalagem? Comunique – Com o aumento de pedidos de delivery, é comum as entregas com excesso de embalagens. Exerça o seu papel como consumidor e informe sobre o tema ou a possibilidade de adoção de materiais que causem menos danos ao meio ambiente.
Opte pelos meios de transporte alternativo – Sempre que possível, valorize a mobilidade ativa (caminhadas ou bicicletas) ou opte pelo transporte público.
De olho na água e energia – Economizar no consumo de água e de energia é uma atitude sustentável, já que se trata de um recurso finito e que cada vez se torna mais importante, como mostram os racionamentos de água e de energia nos últimos anos no país.
O presidente cria seus próprios jabutis e passa suas boiadas não só no meio ambiente, mas no pobre e abalado interesse nacional
Eliane Cantanhêde, O Estado de S.Paulo
Há algo errado quando, do PTao PP, praticamente todos os partidos ficam do mesmo lado na Câmarae quando dez entre dez economistas liberais se manifestam contra o projeto pró-privatização da Eletrobrásda Câmara e do Senado. A explicação, porém, parece razoavelmente simples: com o foco na CPI da Covid, o Congresso corre para passar suas boiadas e jabutis.
O pau come entre o PT e o bolsonarismo, mas lá, no escurinho da Câmara, reina a paz para legislar em causa própria. O deputado petista Carlos Zarattini (SP) apresentou um relatório substitutivo mudando drasticamente a Lei da Improbidade, de 1992, e o texto foi aprovado por 408 votos a 67 em plenário, com apoio de praticamente todos os partidos e patrocínio do bolsonarista Arthur Lira (PP-AL) – o presidente da Casa, alvo de processos por… improbidade.
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas-AL), na noite desta quarta, 16 Foto: Pablo Valadares/Agência Câmara
Para o procurador Roberto Livianu, do Instituto Não Aceito Corrupção, a Lei da Improbidade “é a mais importante lei anticorrupção em vigor no Brasil”. E ele cronometrou: o substitutivo de Zarattini foi apresentado às 17h10 de terça-feira, o pedido de urgência começou a ser votado às 17h11 e foi aprovado às 17h19. Nove minutos. No dia seguinte o plenário liquidou a fatura.
“Não foi urgência para salvar vidas, combater o desemprego, a covid ou mesmo a corrupção”, diz Livianu. A pressa foi no sentido oposto: abrandar a lei que ataca uma das mais resilientes pragas brasileiras, a corrupção. Pelo texto, só serão enquadrados os ímprobos que ajam com dolo, intencionalmente. Os ingênuos, distraídos, que não sabiam que estavam desviando dinheiro público e enriquecendo ilicitamente, ficam numa boa. Basta fazer cara de surpresa: “Era corrupção? Eu nem imaginava!”.
Também partiu da Câmara, e virou uma grande confusão no Senado, a medida provisória (MP) que abre espaço para privatizar a Eletrobrás, estatal responsável pela geração e distribuição de energia, um setor estratégico e sempre no fio da navalha – como agora, por exemplo. A medida é estudada e defendida por especialistas há anos, ou décadas, mas vinha sendo sistematicamente impedida pelos… políticos.
Sejam de esquerda, direita ou centro, políticos adoram uma estatalzinha bacana para acomodar generosamente seus parentes, afilhados e aliados. Mexer com ela, a estatal, é mexer comigo! Assim, trabalham contra a privatização e, se não tem jeito, como na Eletrobrás, lá vêm boiadas e jabutis. Os economistas que bradavam pela privatização agora são os primeiros a gritar contra a proposta do Congresso. Com razão.
Afora o fato de ter sido proposta pelo governo por MP, mesmo não tendo urgência nenhuma, o grave mesmo foi a movimentação frenética dos deputados e senadores para tirar uma casquinha para suas bases eleitorais. Em vez de melhorar o péssimo texto da Câmara, os senadores puseram ainda mais jabutis, o mostrengo agora volta para a Câmara e o que é ruim sempre pode continuar piorando.
O resultado é que a questão será fatalmente judicializada, empacando nos tribunais sabe-se lá por quanto tempo e criando insegurança jurídica, que provoca um efeito colateral drástico: em vez de cumprir o objetivo de atrair grandes investidores de Europa e Ásia, por exemplo, o texto do Congresso tende a afugentar as empresas – e seus bilhões de dólares – num setor essencial.
Passo a passo, o Brasil anda de marcha à ré, afunda no atraso e no negacionismo e perde credibilidade internacional, carente da liderança de um presidente da República que não governa, só faz campanha, guerreia pelo voto impresso, cria seus próprios jabutis e passa suas boiadas não só no meio ambiente, mas no pobre e abalado interesse nacional. “Jabuti não sobe em árvore. Ou foi enchente ou foi mão de gente.”
*COMENTARISTA DA RÁDIO ELDORADO, DA RÁDIO JORNAL (PE) E DO TELEJORNAL GLOBONEWS EM PAUTA