Agronegócio mais uma vez puxou o crescimento do PIB no primeiro trimestre de 2021.| Foto: Michel Willian/Arquivo/Gazeta do Povo
É uma tendência que pode ser uma mudança estável, com o tempo. Este país ciclotímico se movimenta em altos e baixos com fases de pessimismo e otimismo. O otimismo e o entusiasmo levaram ao milagre econômico dos anos 70, com crescimento médio de 11,2% do PIB por um período de quatro anos. Despencamos nos anos Dilma, perdendo mais de 7% do PIB em dois anos e deixando mais de 12 milhões de desempregados. Agora, a despeito das restrições da pandemia, do pessimismo, do medo, parece que o país se sentiu desafiado. E o otimismo furou a bolha da má-notícia.
Acompanhava um seminário de banco de que sou cliente, e senti isso. O ex-secretário de economia, hoje economista-chefe do banco, Mansueto Almeida, está apostando em crescimento do PIB em 5,3%. Foi além da previsão da Fundação Getúlio Vargas, de 4,2% e até superou instituição concorrente, que previu 5,2%. Nada mais eloquente que a Bolsa de Valores ultrapassando os 130 mil pontos, depois de ter estado na casa dos 60 mil pontos quando sofreu com a pregação do pânico. É retrato da confiança nas ações que representam o capital das empresas; confiança no futuro, aposta em vigor empresarial. Até o dólar se encolheu.
No comércio exterior, acúmulo mensal de superávits, mesmo com o crescimento das importações que, aliás, indica atividade econômica se recuperando. O agro, que não parou nunca, desponta como a locomotiva do processo, agora com a indústria reaquecendo, como mostra a demanda de aço, a produção de caminhões, o salto em máquinas e equipamentos, a indústria da construção animada e, consequência de tudo, a recuperação de empregos com carteira assinada. Até mesmo as contas públicas mostram resultados, com recordes de arrecadação federal, a previsão de fechar quatro anos com menor despesa primária que a recebida, e dívida pública não de 100% do PIB como se temia, mas de menos de 85%.
o prazer do diabo está em fazer com que lutemos contra ele usando suas armas diabólicas.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Assisto, mais uma vez, a uma sessão da CPI da Covid. E, quando percebo, estou soltando um palavrão daqueles bem impublicáveis para o apartamento semivazio. “Vai, Queiroga, bate na mesa. Chama o Renan do que ele é! Por que um tipo como esse vive?”, pergunto, na esperança de que o ministro da Saúde incorpore um Alborghetti e ponha os pingos nos devidos is e, por que não?, jotas.
Confesso envergonhado: a CPI, expressão mais evidente e ruidosa da política brasileira atual, desperta o que há de pior em mim. Fico indignado e, nessa indignação, sinto quaisquer resquícios de inteligência, prudência e parcimônia se esvaírem de mim. Torno-me, ainda que por apenas uns minutinhos, moralmente oco.
E é desse vazio moral, ainda que circunstancial e, no meu caso, graças a Deus restrito aos momentos que passo diante da televisão para acompanhar a Turma do Renanzinho, que se aproveitam os políticos para nos escravizar. Quando dou por mim, isto é, quando saio desse transe, percebo que Renan ou Aziz ou aquele outro de voz fina estão usando minha própria indignação para controlar meus sentimentos, eliminando os de alta estirpe e fomentando meus instintos mais primitivos, para usar a expressão imortalizada por Roberto Jefferson.
Porque, a rigor, e por mais abjetos que sejam os políticos alvos de nossa ira, somos nós, envenenados pela indignação, pelo senso de justiça e pela impotência, que acabamos dando poder a essas figuras nefastas, sejam elas de esquerda, direita, centro ou uma diagonal qualquer. Não fosse nosso desejo de ver a chamada moralidade pública imposta meio que à força, eles seriam apenas o que são: uns fantoches de Leviatã que não valem nem um tostão furado.
Mas não se engane. Os políticos sabem como nos manter nessa coleira. Tanto sabem que vivem justamente de nos oferecer mais e mais motivos para nos deixar indignados. Os escândalos a conta-gotas, as falas enviesadas, a desonestidade intelectual escancarada – tudo isso é ingrediente para uma poção que nos hipnotiza e aprisiona.
Tentação Resistir à indignação, portanto, é preciso. Mas é mais fácil falar do que fazer. Outro dia mesmo, esbravejando em silêncio (!) diante de mais uma estupidez qualquer do relator da CPI (ou talvez do presidente ou ainda do cara de voz fina), me vi quase transformado num desses consequencialistas que, despudorados, andaram ocupando as páginas dos jornais para desejar a morte de seus inimigos políticos.
Quase. O que me impediu a metamorfose completa nesse monstrengo revolto foi justamente a constatação de que o Mal não está somente nos feitos tortos dos políticos que despertam minha indignação, mas também no meu próprio desejo de consertar o mundo por meio da violência verbal estéril e de uma visão de mundo (passageira) bastante próxima de um fatalismo ultrapessimista. Aquela coisa de dizer que o mundo está todo errado ou que o Brasil não tem jeito mesmo, sabe?
Consertar a política, essa política pequena, eleitoreira, feita de interesses insuportavelmente mesquinhos, de discursos cínicos, de mentiras ao cubo e da estupidez perversa dos que não têm compromisso com a Eternidade, é uma tentação. Sim, aquela mesma na qual não desejamos cair ao rezarmos o Pai Nosso. É como se o diabo sussurrasse em nossos ouvidos, nos seduzindo com a promessa de que seremos capazes de mudar o mundo ou acabar com esse estado de coisas por ele próprio criado.
Parece um fim nobre, não? Até divino – diria alguém dado a heresias. O problema é que, ao nos oferecer isso, o diabo abre sua maletinha 007 e nos mostra todo o um arsenal de argumentação e ação pautadas por ardis, intrigas e, novamente, fomento à indignação – aquela mesma indignação dos primeiros parágrafos, que nos torna ocos e suscetíveis ao controle do Mal.
É aí que está a tentação à qual temos que resistir. Porque o prazer do diabo está em fazer com que lutemos contra ele usando suas armas diabólicas.
Detalhe de “No leito de morte”, de Edvard Munch.| Foto: Wikimedia Commons
“Mas parece que chegou o instante de aceitar em cheio a misteriosa vida dos que um dia vão morrer”, escreveu Clarice Lispector em seu Um Sopro de Vida, livro publicado apenas depois de sua morte, por câncer, ocorrida em 1977. Trata-se de (mais um) de seus romances curtos em que retrata o processo doloroso de criação de um escritor, mantido anônimo, criando um personagem, Angela Pralini, que seria uma espécie de alter-ego seu, mas que ganha vontade própria, surpreendendo seu criador.
É, portanto, não a dor do processo de criação da arte, mas da própria vida: “E agora sou obrigado a me interromper porque Ângela interrompeu a vida indo para a terra. Mas não a terra em que se é enterrado e sim a terra em que se revive. Com chuva abundante nas florestas e o sussurro das ventanias”.
As obras de Clarice são marcadas pela angústia e pelo desespero, o que faz com que muitos leitores sintam que a leitura os “deprime”. Compreendo, mas esse desespero e angústia não dão a forma final, nem a última palavra. É o contrário, tudo na obra de Clarice toma a forma de uma explosão de vida que transcende suas histórias, como Angela Pralini, que serve aqui como símbolo disso.
A todo aquele que sobrevive à morte próxima, seja por que causa for, assim como a todo aquele que realmente a aceitou, a vida que ainda resta se transfigura em algo maior e melhor. Em algo sagrado
A angústia exasperante que sentimos lendo Clarice é por não podermos escapar de um confronto inescapável com o vazio da morte, olhando-a de frente, com tudo de angustiante que isso traz. Angela, em Um Sopro de Vida, pergunta-se: “Na hora de minha morte – que é que eu faço? Me ensinem como é que se morre. Eu não sei”. Ninguém sabe. Olhar para a morte pelo fim que ela obviamente significa só pode ser, em parte, desesperador. Preciso “lembrar” do que estamos a viver com essa pandemia?
Volto à citação com que abri este escrito. É preciso “aceitar em cheio a misteriosa vida dos que um dia vão morrer”. Repare bem como, para “aceitar em cheio” a vida, é preciso também e antes aceitar a morte. Mas como saber se a aceitamos de verdade? Creio que somente quando a morte fica próxima demais, como tantos ficaram ao padecer da Covid-19. Ainda que não tenham desenvolvido a forma mais grave. Não há quem, diante do teste positivo, não lute contra o medo da morte próxima.
Mesmo quem não a pegou (ainda?) certamente conhece alguém próximo que passou por isso. Que eu saiba (ainda?) não a peguei, mas já perdi a conta da quantidade de pessoas próximas que sofreram por causa da doença. Alguns morreram, infelizmente, mas a maioria, graças a Deus, se recuperou. Agora mesmo, enquanto escrevo, recebo a boa notícia de um amigo de longa data, internado na UTI com 80% do pulmão comprometido, apresentando melhora consistente. Imaginar o que ele passou é me imaginar passando pelo mesmo. E sentir medo, muito medo. Como encarar isso, chegando àquela aceitação da morte?
Nesta semana, terminei de assistir à terceira temporada do ótimo seriado O Método Kominski, disponível na Netflix, com uma atuação soberba de Michael Douglas como um professor de atores. A certa altura, quando está a dar uma aula de atuação para cenas de morte, ensinou: “Conforme a vida lentamente se esvai e oscilamos no limite da não existência, como sussurraríamos as últimas palavras de sabedoria e perspicácia? Mas é isso que acontece quando a morte se aproxima? As pessoas exigem promessas de quem estão deixando para trás? Confessam seus pecados? Fazem uma piada? (…) Estou pedindo que pensem no que realmente acontece nesses momentos finais. Não estou falando de mortes violentas e chocantes. Estou falando de quando você sabe o que está vindo. Quando você já se entregou ao último truque de mágica. Quando realmente desaparecemos. Sentei ao lado da cama e segurei a mão de amigos e pessoas queridas enquanto elas davam seu último suspiro e posso dizer o seguinte: o dramático solilóquio no fim da vida é um absurdo completo. Se algo está sendo dito, é internamente. Quase conseguimos ouvir. Elas têm uma conversa interna repleta de incredulidade e admiração pelo fato de suas vidas estarem chegando ao fim. Mal percebem que você está ali. Para os que estão morrendo, os vivos são irrelevantes. Então, se algum dia tiverem a oportunidade de atuar numa cena assim, façam com respeito, considerem-na sagrada”.
Quando “atuamos” de fato diante da realidade imaginada da nossa própria morte, o chamado memento mori, o medo diminui consideravelmente e a aceitação se apresenta pelo que de fato é: vida mais viva do que a mera existência. Aí entendemos uma das epígrafes de Um Sopro de Vida, de autoria da própria Clarice: “Haverá um ano em que haverá um mês em que haverá uma semana em que haverá um dia em que haverá uma hora em que haverá um minuto em que haverá um segundo e dentro do segundo haverá o não tempo sagrado da morte transfigurada”.
A todo aquele que sobrevive à morte próxima, seja por que causa for, assim como a todo aquele que realmente a aceitou, a vida que ainda resta se transfigura em algo maior e melhor. Em algo sagrado. Viver, daí, será como o narrador-escritor anônimo de Um Sopro de Vida escreveu: “Viver é uma espécie de loucura que a morte faz”.
Enquanto voltávamos para São Paulo um dia após o réveillon, tive a ideia de escrever um conto sobre um homem que viajava no banco de passageiro de um carro em direção à sua casa, com a esposa ao volante, as crianças atrás e ele tentava, a todo custo, guardar cada fragmento de lembrança dos rostos delas porque sabia que ficaria cego no dia seguinte. O conto se chamaria “Um dia antes da escuridão” e narraria a véspera do convívio com a tragédia inevitável. Eu pensava nos pormenores da história e no seu possível final quando a Manu interrompeu meu devaneio com alguma pergunta sobre o trânsito. Ela dirigia, o olhar atento à estrada vazia à nossa frente, as meninas distraídas com a paisagem no banco de trás, o sol da manhã invadindo a janela e revestindo suas peles com os primeiros raios de luz e eu, já cego de um olho, lutava para guardar na memória aqueles instantes e a forma de seus rostos, apavorado com a possibilidade de perder completamente a visão nas horas seguintes.
As nuvens no céu à frente escureciam o horizonte em contraste com a manhã ensolarada até então. Teríamos de encarar uma chuva forte na estrada. O cinza nas nuvens precipitava a escuridão. Escuridão. Só pensávamos nisso, o personagem do conto e eu. A partir do dia seguinte, minha vida poderia ser toda de sombras e a incerteza do que seria o diagnóstico médico para o que eu estava passando martelava uma contagem regressiva em minha cabeça.
Um dia antes da escuridão, a vida era só medo e sombras.
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Como criar um álbum de retratos na mente? Na iminência de uma despedida, da perda de algo precioso ou do fim programado, a mente tenta se encarregar de construir suas imagens. Eu me fixava nos detalhes, nos sinais que precisava registrar, como pequenos filmes que deveriam habitar na memória dali para sempre. O mundo todo, para mim, poderia estar restrito ao repertório de imagens que vi até aquele momento, eu pensava. Acontecesse o que temia, eu não veria minhas meninas envelhecerem, não conheceria os rostos de meus netos, não fixaria o olhar em minhas rugas no espelho, testemunharia o futuro a partir de outra perspectiva. Os sentidos todos seriam os outros, mas não a visão. O toque, a escuta, o olfato (que já é bem ruim), o paladar, mas não o olhar. O calor do sol, o frescor da brisa, o aroma das ervas, o toque da pele… a vida toda seria diferente diante daquela possibilidade cada vez mais real e naquela hora eu só tentava absorver e reter as cenas que poderiam se tornar minhas últimas lembranças visuais antes de tudo apagar finalmente.
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Não fiquei cego. Entre consultas e exames e consultas e exames e exames e consultas naquele domingo e nas 24 horas seguintes, seguidas de um diagnóstico de “descolamento da retina” e uma longa espera para internação no hospital, terminei a noite de segunda-feira em uma cirurgia que levaria algumas horas e, segundo prognóstico médico, pouco mais de três meses de recuperação, se tivesse sucesso.
Se. Duas letras que me acompanharam diariamente nas semanas que sucederam.
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Como aprender a meditar? Procurei no Google. Em casa, deitado de bruços como parte dos cuidados do pós-operatório, eu lutava para administrar o tédio. Precisava caminhar mirando o chão para não atrapalhar a cicatrização. Queixo encostado no peito. Quatro colírios de hora em hora. Escutei podcasts, audiobooks, programas de tv e fazia minhas orações, exercícios de respiração e mindfulness para tentar meditar e de algum jeito dispersar o caos que se instalava em minha mente.
Tem um filme meio velho chamado Inception (se você ainda não viu… não precisa) em que um ladrão atua no inconsciente de suas vítimas roubando ideias de dentro dos seus sonhos. A trama leva a cenas em que os personagens entram em sonhos dentro de sonhos e depois outros sonhos ao ponto que você precisa ficar voltando o filme ou interromper a esposa para tentar entender onde está na história. Quando voltei para casa depois da cirurgia, foi mais ou menos assim também. Passei a viver uma quarentena dentro da quarentena. Uma parada forçada, só que já estava tudo parado. Meus planos de curto prazo e a pequena rotina que vinha seguindo nos últimos meses – com trabalho, corrida, escrita e leitura – parou de forma abrupta. O ano começou com uma pausa dentro da pausa em que a vida já estava, hiato do hiato, colchetes dentro dos parênteses. É, você entendeu.
Um descolamento na rotina.
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Nunca fui esse tipo de gente que consegue extrair aprendizados quando enfrenta adversidades. Eu só sofro e pronto. Pronto, não, eu fico sofrendo. Ainda assim, diria que sou um otimista contrariado, um devoto cético, um esperançoso ressabiado. Desejo sinceramente que tudo vá bem, mas sempre tem esse mas emendando algo depois da vírgula. E preciso me policiar pra não ficar em conserva naquelas lamúrias. Desta vez, não foi diferente.
No entanto, fui beneficiado com o fato de que me restou muito pouco a fazer no processo pós-operatório senão gastar as horas pensando, fazendo minhas preces e à medida que as luzes e certa nitidez voltavam em meu olho, me peguei mais atento à ideia de capturar os instantes de cada dia como se fossem memórias eternas a serem fixadas para sempre. Anoto esses fragmentos em meu caderno, menos como um diário e mais como um amontoado de sensações que aparecem com um sentido quase inédito e que talvez sirvam para me ensinar algo no futuro. Agora, cada novo dia ainda me parece como aquela manhã de janeiro no carro e os raios de luz e camadas de cores no céu, no papel ou numa tela adquiriram um aspecto mágico. Não mais como a véspera da escuridão, mas como o alvorecer.
Há novos jeitos de enxergar as coisas. As distorções, a falta de profundidade, a perda da visão periférica. Aos poucos, fui forçado a calcular meus movimentos e passos e notar tudo ao meu redor com outro olhar. Eu não tinha certeza de que aquilo seria temporário e a ideia de que havia grandes chances daquela limitação se tornar permanente, acabou ampliando minha capacidade de perceber o entorno (além de despertar certo grau de empatia com quem lida com isso cotidianamente).
Memórias. A possibilidade da perda repentina de algo, a iminência do desconhecido, os ciclos de acasos a que estamos sujeitos todos os dias… nós invariavelmente tropeçamos nas circunstâncias e fatalidades que nos afetam. E isso pode acontecer a qualquer momento.
*
Recuperei a visão. Tive alta há alguns dias. Mas, ficaram sequelas. Elas lembram a todo instante de que estou sujeito ao inesperado, que tragédias não enviam recados com antecedência para que estejamos prontos. Poderia ter sido outra coisa, poderia ter sido algo fatal. As cicatrizes me servem de alerta sobre a fragilidade da nossa carne e da possibilidade sempre iminente de que algo aconteça. A vida é fugaz, esse sopro e tenho me pego refletindo sobre prioridades. Encaro, em escrutínio, o rosto de minha esposa, me pego capturado pelos olhares e expressões de minhas filhas, deito o olhar sobre uma árvore na rua. E tenho sentido certo contentamento com a existência e grato por coisas que me pareciam obviedades.
Um dia depois da escuridão, a esperança renova seu brilho.
Ilhado no sonho dentro do sonho, não pude jamais esquecer que há uma tragédia em curso no mundo. A sombra da dúvida paira sobre cada um de nós, a escuridão é real no amanhã de muitos de nossos irmãos e irmãs. O absurdo em que estamos imersos tenta nos dragar para um estado de alienação e cegueira, mas a contagem cotidiana nos números de casos e mortos pela pandemia, só amplifica o grito lá dentro clamando para que pessoas não virem dados, para que não nos esqueçamos, para que as histórias dos que partiram sejam um memorial de sua existência e que a permanência dos que sobrevivem seja digna, no mínimo digna, pelo menos nobre, de alguma forma merecedora, rendida, exultante, prostrada em reverência e rendida em gratidão pela dádiva que é viver.
A dinâmica empresarial cria fluxos no qual a população busca por produtos e serviços cada vez mais especializados. Desse modo a dinâmica e a rede comercial gera interferências em todas as cidades aqui do Vale do Aço.
Existem as mudanças de costumes e hábitos inseridos na sociedade que por meio das tecnologias acessíveis e do marketing chegam até aos menores lugares, levando o ideário de consumismo e facilitando que esses locais igualmente tenham oportunidade de acesso aos diversos produtos.
A facilidade no acesso as novas tecnologias, à propaganda e estímulo ao consumismo fazem com que mesmo, com o comércio físico existente nessas cidades, ocorra a difusão das compras por meio da internet.
O setor terciário agrega as atividades que não fazem e nem reestruturaram objetos físicos e que se concretizam no momento em que são realizadas, dividindo-se em categorias (comércio varejista e atacadista, prestação de serviços, atividades de educação, profissionais liberais, sistema financeiro, marketing, etc.)
Queremos destacar a área de marketing que é o nosso negócio que contribui na ampliação do leque de informações através da publicidade e propaganda das Empresas, Serviços e Profissionais da nossa região através do site que é uma Plataforma Comercial da Startup Valeon.
A Plataforma Comercial da Startup Valeon é uma empresa nacional, desenvolvedora de soluções de Tecnologia da informação com foco em divulgação empresarial. Atua no mercado corporativo desde 2019 atendendo as necessidades das empresas que demandam serviços de alta qualidade, ganhos comerciais e que precisam da Tecnologia da informação como vantagem competitiva.
Nosso principal produto é a Plataforma Comercial Valeon um marketplace concebido para revolucionar o sistema de divulgação das empresas da região e alavancar as suas vendas.
A Plataforma Comercial Valeon veio para suprir as demandas da região no que tange à divulgação dos produtos/serviços de suas empresas com uma proposta diferenciada nos seus serviços para a conquista cada vez maior de mais clientes e públicos.
2 – O QUE FAZ A STARTUP VALEON
A Statup Valeon através do seu site que é uma Plataforma Comercial feita para fazer publicidade e propaganda online das Empresas, Serviços e Profissionais Liberais da região do Vale do Aço para as suas 27 (vinte e sete) cidades.
A nossa Plataforma de Compras e Vendas que ora disponibilizamos para utilização das Empresas, Prestadores de Serviços e Profissionais Autônomos e para a audiência é um produto inovador sem concorrentes na região e foi projetada para atender às necessidades locais e oferecemos condições de adesão muito mais em conta que qualquer outro meio de comunicação.
3 – VALEON É UM MARKETPLACE – QUE FAZ UM MARKETPLACE?
Marketplace é um site de comércio eletrônico no qual são anunciados produtos das empresas, serviços e profissionais liberais dos parceiros anunciantes.
Um marketplace funciona como um shopping virtual e dessa forma as vantagens desse modelo de negócio atinge todos os envolvidos.
Os consumidores podem comparar os preços, orçamentos e avaliações de vários profissionais nesta vitrine online de conquistar mais clientes.
Marketplace é na realidade uma junção de palavras: Market (mercado em inglês) e Place (lugar em inglês). É basicamente, um lugar onde se faz comércio.
O marketplace remete a um conceito mais coletivo de vendas online. Nessa plataforma, diferentes lojas podem anunciar seus produtos dando aos consumidores um leque de opções.
4 – MERCADO DA STARTUP VALEON
O nosso mercado será atingir os 766 mil habitantes do Vale do Aço e poder divulgar os produtos / serviços para vocês clientes, lojistas, prestadores de serviços e profissionais autônomos e obter dos consumidores e usuários a sua audiência.
Viemos para suprir as demandas da região no que tange a divulgação de produtos/serviços cuja finalidade é a prestação de serviços diferenciados para a conquista cada vez maior de mais clientes e públicos.
O QUE OFERECEMOS E VANTANGENS COMPETITIVAS
Fazemos anúncios de publicidade para vários tipos de Empresas, Serviços e para Profissionais Liberais;
A nossa Plataforma Comercial Valeon permite total flexibilidade de anúncios, promoções e de produtos, além de oferecer serviços de divulgação de Ofertas de Supermercados e de Veículos;
Os resultados são mensurados através de métricas diária/mensal;
O seu negócio estará disponível para milhares de Internautas através de uma vitrine aberta na principal avenida do mundo, 24 horas por dia, 7 dias da semana;
A sua empresa fica visível para milhares de pessoas que nem sabiam que ela existe;
Somos altamente comprometidos com os nossos clientes no atendimento de suas demandas e prazos e inteiramente engajados para aumentar as suas vendas.
5 – DIFERENCIAL DA STARTUP VALEON?
Eficiência:A Valeon inova, resolvendo as necessidades dos seus clientes de forma simples e direta, tendo como base a alta tecnologia dos seus serviços e graças à sua equipe técnica altamente capacitada.
Acessibilidade:A Valeon foi concebida para ser utilizada de forma simples e fácil para todos os usuários que acessam a sua Plataforma Comercial , demonstrando o nosso modelo de comunicação que tem como princípio o fácil acesso à comunicação direta com uma estrutura ágil de serviços.
Abrangência:A Valeon atenderá a todos os nichos de mercado da região e especialmente aos pequenos e microempresários da região que não conseguem entrar no comércio eletrônico para usufruir dos benefícios que ele proporciona.
Comprometimento:A Valeon é altamente comprometida com os seus clientes no atendimento das suas demandas e prazos. O nosso objetivo será atingir os 766 mil habitantes do Vale do Aço e poder divulgar para eles os produtos/serviços das empresas das diversas cidades que compõem a micro-região do Vale do Aço e obter dos consumidores e usuários a sua audiência.
6 – OBJETIVOS FUTUROS DA STARTUP VALEON
Vamos tornar a nossa marca VALEON conhecida em toda a região como uma forma de ser desenvolvedora do comércio da região e também de alavancar as vendas do comércio local.
7 – DESCRIÇÃO DA STARTUP VALEON
A Plataforma Comercial da Valeon é um site moderno, responsivo, profissional, projetado para atender às necessidades dos serviços da região onde existem várias formas de busca: por cidades, por empresas, por produtos, por atividades, por município e por procura.
Detalhe interessante dessa inovação da Valeon é que os lojistas/prestadores de serviços/profissionais autônomos inscritos na Plataforma não precisarão fazer nenhuma publicidade ou propaganda, quem o fará é a equipe da Valeon responsável pela plataforma.
Sobre a publicidade de divulgação dos nossos clientes será feita em todas as redes sociais: Facebook, Instagran, WhatsApp, Google, Linkedin, Rádios locais, Jornais locais e onde for possível fazê-la.
Ao entrar no nosso site você empresário e consumidor terá a oportunidade de verificar que se trata de um projeto de site diferenciado dos demais, pois, “tem tudo no mesmo lugar” e você poderá compartilhar além dos conteúdos das empresas, encontrará também: notícias, músicas e uma compilação excelente das diversas atrações do turismo da região.
8- EQUIPE DA VALEON
SomosPROFISSIONAISao extremo o nosso objetivo é oferecer serviços de Tecnologia da Informação com agilidade, comprometimento e baixo custo, agregando valor e inovação ao negócio de nossos clientes e respeitando a sociedade e o meio ambiente.
TemosEXPERIÊNCIAsuficiente para resolver as necessidades dos nossos clientes de forma simples e direta tendo como base a alta tecnologia dos nossos serviços e graças à nossa equipe técnica altamente especializada.
A criação da startup Valeon adveio de uma situação deGESTÃO ESTRATÉGICAapropriada para atender a todos os nichos de mercado da região e especialmente os pequenos empresários que não conseguem entrar no comércio eletrônico para usufruir dos benefícios que ele proporciona.
TemosCONHECIMENTOdo que estamos fazendo e viemos com o propósito de solucionar e otimizar o problema de divulgação das empresas da região de maneira inovadora e disruptiva através da criatividade e estudos constantes aliados a métodos de trabalho diferenciados dos nossos serviços e estamos desenvolvendo soluções estratégicas conectadas à constante evolução do mercado.
9 – CONTATOS
Nossos contatos: Fones: (31) 3827-2297 e (31) 98428-0590 (Wpp)
Governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), conseguiu um habeas corpus no STF que o desobriga de comparecer à CPI da Covid no Senado.| Foto: Bruno Batista/ VPR
A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que desobrigou o governador do Amazonas de prestar depoimento à CPI da Covid, nesta quinta-feira (10), atingiu em cheio a estratégia governista de envolver estados e municípios na investigação sobre ações e omissões do poder público na pandemia. Senadores mais alinhados ao Palácio do Planalto temem que outros governadores sigam o mesmo caminho judicial de Wilson Lima (PSC) e também não compareçam ao colegiado.
“Eu espero que isso não abra precedente para os outros governadores — e para os prefeitos também. Essa decisão de hoje frustrou o povo brasileiro”, disse, em entrevista coletiva, o senador Eduardo Girão (Podemos-CE). Na mesma linha, o senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) afirmou esperar que “isso [o habeas corpus] não se torne rotina para outros governadores, outras pessoas”.
Já Alessandro Vieira (sem partido-SE), em coletiva após a sessão da CPI desta quinta, declarou que a ausência de Lima não interfere na convocação de outros governadores. O senador Rogério Carvalho (PT-SE) foi na mesma linha: “a ausência do governador não atrapalha em nada o andamento dos trabalhos da CPI”. O petista apresentou a sugestão de fazer com que a comissão transforme os requerimentos de convocação dos governadores em convites, assim evitando impedimentos jurídicos.
A autorização para que Wilson Lima não comparecesse à CPI foi concedida pela ministra do STF Rosa Weber em decisão liminar na quarta-feira (9), véspera do dia marcado para o depoimento. A magistrada alegou que o governador já é investigado, no âmbito da Operação Sangria, e que sua presença à CPI equivaleria a uma condução coercitiva — prática vetada pelo tribunal em 2018. Lima alegou que poderia “sofrer constrangimentos físicos ou morais” em sua presença no Congresso.
A Operação Sangria investiga denúncias de corrupção na saúde pública do Amazonas e teve sua quarta fase deflagrada no último dia 2. A ação levou à prisão de Marcellus Campêlo, que até então exercia o cargo de secretário de Saúde do estado e que também está convocado para falar à CPI.
O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), anunciou que recorrerá da decisão de Weber. O tema ainda deve ser analisado pelo plenário do STF.
A CPI da Covid tem agendados os depoimentos de outros sete governadores: Helder Barbalho (MDB-PA), no dia 29; Wellington Dias (PT-PI), no dia 30; Ibaneis Rocha (MDB-DF), no dia 1º de julho; Mauro Carlesse (PSL-TO), em 2 de julho; Carlos Moisés (PSL-SC), em 6 de julho; Antônio Denarium (PSL-RR), em 7 de julho; e Waldez Góes (PDT-AP), em 8 de julho.
Uma ação conjunta no STF contesta a convocação de governadores. Dezoito estados pedem para que a corte proíba a CPI da Covid de convocar chefes de Executivos estaduais a depor. A relatora do caso é a ministra Rosa Weber.
Nesta quinta-feira, a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou na ação defendendo a regularidade na convocação de governadores pela CPI. Rosa deve decidir nos próximos dias se concede um “‘salvo-conduto” aos chefes de Executivos estaduais a exemplo do que fez com Wilson Lima.
Convocação de governador é “cabo de guerra” histórico da CPI
A presença de governadores entre os depoentes da CPI da Covid é um dos temas de maior controvérsia da comissão, e que sempre motivou embate entre os senadores que apoiam e os que fazem oposição ao governo Jair Bolsonaro.
Os parlamentares bolsonaristas entendem que os principais problemas na gestão do combate à pandemia no Brasil se deram por corrupção ou aproveitamento inadequado de verbas que o governo federal enviou a estados e municípios. Já a oposição acredita que os equívocos foram cometidos por Palácio do Planalto e Ministério da Saúde, e que o direcionamento do debate sobre estados e municípios é uma “cortina de fumaça” para desviar o foco do presidente da República.
“A gente sempre soube, desde o início, que a convocação de governadores seria muito difícil pela CPI, porque eles têm um foro específico, um Parlamento específico para fazer comissões parlamentares de inquérito no âmbito estadual, que são as Assembleias Legislativas”, declarou Rogério Carvalho.
Outro argumento apresentado por opositores é o de que a Constituição e o Regimento do Senado impedem que a Casa faça investigações sobre assuntos relacionados aos estados. Como resposta, os governistas alegam que o envio de verbas federais “nacionaliza” a discussão e permite a atuação da CPI.
Apesar dos polos opostos, a presença de Lima na CPI contraria a regra por conter elementos que interessam tanto a governistas quanto a oposicionistas. Os governistas querem a apuração sobre o dinheiro repassado pelo governo federal ao Amazonas. Os adversários de Bolsonaro querem ouvir do governador amazonense informações sobre a crise da falta de oxigênio no estado no início do ano, que se deu principalmente em Manaus.
O episódio tem sido recorrentemente abordado na CPI e, para oposicionistas, revela a incompetência do governo federal e o interesse em investir em teses controversas contra a Covid-19, como o “tratamento precoce” e a “imunidade de rebanho”.
Foi a crise de Manaus que levou à divulgação do TrateCov, o polêmico aplicativo que o Ministério da Saúde teria desenvolvido para auxiliar médicos no tratamento de pacientes com Covid-19. O aplicativo, quando tornado público, sugeria a indicação de cloroquina para pacientes de todos os perfis, o que não é recomendado pelas autoridades de saúde. O ministério afirmou que o vazamento foi fruto de ação de hackers.
O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), foi um dos poucos senadores que elogiou a decisão de Rosa Weber de permitir que Lima não fosse a CPI. O emedebista chamou a medida de “decisão coerente” e falou que “o Senado não pode ultrapassar sua própria competência” ao querer investigar o governador. Na mesma linha, o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) declarou que a medida da ministra do STF se conecta com a expressão “cada macaco no seu galho”.
O senador Humberto Costa (PT-PE) disse que a CPI pode, se a vedação da presença de governadores for ampliada, estudar a convocação de secretários ou outros gestores estaduais, que poderiam falar sobre a gestão das verbas nos estados.
Rogério Carvalho declarou que pretende “apresentar um requerimento de convite para todos os presidentes dos consórcios de governadores de todas as regiões do país para que espontaneamente, prestem esclarecimentos sobre as dificuldades em atuar no controle da pandemia, com o governo federal agindo na direção contrária, ou seja, para expandir o vírus no país”.
PGR não vê irregularidade na convocação de governadores pela CPI
A Procuradoria-Geral da República defendeu em parecer enviado ao gabinete da ministra Rosa Weber, no STF, a regularidade na convocação de governadores para prestar depoimento na CPI da Covid no Senado.
Assinada pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, a manifestação aborda dois pontos: a competência do Congresso Nacional para investigar autoridades estaduais e a imunidade, prevista na Constituição, que garante aos chefes do Poder Executivo o direito de silenciar em comissão parlamentares.
Na avaliação de Aras, governadores podem ser convocados para prestar informações ao Senado porque a investigação da CPI da Covid tem interesse na aplicação de recursos federais, o que está na esfera de competência no Congresso. Ele afasta a tese de violação ao pacto federativo.
“Fixadas essas premissas — a de que o Congresso Nacional tem competência para fiscalizar a aplicação dos recursos federais e a de que qualquer pessoa que utilize, guarde, gerencie ou administre bens da União tem o dever de prestar contas —, a convocação de governadores de estado para prestar depoimento em comissão parlamentar de inquérito instalada em uma das casas do Congresso Nacional é decorrência lógica, desde que circunscrita à prestação de contas da aplicação dos recursos federais repassados”, escreveu.
O procurador-geral também rebateu o argumento de que o direito ao silêncio em comissões parlamentares, garantido ao presidente pelo artigo 50 da Constituição, valeria também para governadores. Aras afirma que, por simetria, as autoridades estaduais só podem fazer uso da prerrogativa quando convocadas pelas Assembleias Legislativas.
Em manifestação enviada ao Supremo, a Advocacia-Geral do Senado também defendeu os depoimentos. No documento, o Senado diz que “nenhuma autoridade ou poder está acima da lei” e afirma que as convocações não merecem “censura constitucional”.
“A oitiva desses atores é fundamental para o êxito do objetivo da CPI, que também envolve apurar os resultados e a efetividade de transferências voluntárias federais feitas aos demais entes federados, a fim de aperfeiçoar a regulação do tema”, defendeu a Casa Legislativa.
CPI promove audiência com especialistas nesta sexta
Sem o depoimento de Wilson Lima, a CPI fez nesta quinta uma sessão para debate e votação de requerimentos. O resultado foi a aprovação da quebra de sigilos de pessoas que ocupam ou ocuparam cargos-chave no governo Bolsonaro.
Entre os alvos, estão os ex-ministros Eduardo Pazuello (Saúde) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores); Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho e Educação do Ministério da Saúde, conhecida como “Capitã Cloroquina” e o assessor internacional da Presidência da República, Filipe Martins. Também estão no foco membros do suposto “gabinete paralelo” da saúde, como o empresário Carlos Wizard Martins e o virologista Paolo Zanotto.
Nesta sexta-feira (11), a CPI faz audiência com a microbiologista Natalia Pasternak e com o médico Cláudio Maierovich, ex-presidente da Anvisa.
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(Manaus-AM, 17/02/2020) Vice-Presidente da República, Hamilton Mourão durante Reunião com o Governador do Estado do Amazonas, Wilson Miranda Lima. Foto: Bruno Batista/ VPR
STF liberou o governador do Amazonas, Wilson Lima, da obrigação de depor na CPI da Covid para que ele não sofresse constrangimentos.| Foto: Bruno Batista/VPR
O Supremo Tribunal Federal, quando se deixa de lado os não-me-toques usados para “proteger as instituições”, e se fala em português claro, funciona cada vez mais abertamente como o principal protetor do crime no Brasil — e tem cada vez menos interesse em disfarçar o que está fazendo. O ministro Edson Fachin proibiu os voos de helicóptero da polícia sobre as favelas do Rio de Janeiro; o único direito que ficou garantido, no caso, foi o dos criminosos, que agora estão protegidos de ações policiais capazes de revelar suas posições no território que ocupam.
O ministro Marco Aurélio soltou um dos maiores traficantes de droga do país; o homem fugiu no ato, e nunca mais foi encontrado. O ministro Gilmar Mendes não pode ver um ladrão do erário sem sacar do bolso um alvará de soltura. Agora é a vez da ministra Rosa Weber, que deu ao governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), um dos políticos brasileiros mais enrolados com suspeitas de corrupção no uso de verbas públicas no combate à Covid-19, o privilégio de não ser interrogado nesse picadeiro de circo que “investiga” a pandemia no Brasil.
A ministra Weber deu um argumento espantoso para a sua decisão: o governador, segundo ela, não pode sofrer “constrangimentos” na CPI da Covid. Por que não? Só porque está metido na operação “Sangria” da Polícia Federal? Só porque precisa esconder as responsabilidades diretas do governo do Amazonas no sinistro colapso do fornecimento de oxigênio em Manaus, no começo do ano — que a “Resistência”, desde então, tenta desesperadamente jogar em cima do governo federal?
Todos os inimigos do presidente da CPI, do seu relator e da bancada da esquerda que controla os chamados “trabalhos” têm sido insultados em público, das formas mais grosseiras que se possa imaginar, pelos inquisidores. Ninguém, no STF ou em qualquer outra entidade de oposição ao governo, se lembrou até agora de mexer uma palha em favor dos seus direitos. Por acaso eles não estão sendo constrangidos da maneira mais agressiva, cínica e desleal em seus interrogatórios? Por que o governador do Amazonas não pode ser constrangido, mas a dra. Mayra Pinheiro pode?
Há desculpas vagas de que ouvir o governador na CPI poderia ferir a “independência de poderes”. Como assim, se o próprio STF não faz outra coisa senão violar diretamente os direitos dos outros dois poderes? Os ministros conseguiram prender um deputado federal em pleno exercício do seu mandato. A cada instante dão “três dias”, ou “cinco dias”, para o presidente da República e os seus ministros fazerem isso e aquilo. Atendem a qualquer exigência que os partidos de esquerda lhes apresentam, por mais fútil que seja, para atacar o governo. “Interferência?” Que conversa e essa?
Alega-se, também, que o governador do Amazonas — o estado brasileiro onde o Covidão roubou mais que em qualquer outro — está sendo investigado pela polícia, e se fosse ouvido na CPI poderia incriminar a si mesmo. É chicana jurídica de baixa qualidade. Um administrador minimamente honesto não teria problema nenhum em responder a qualquer pergunta, na CPI ou onde for. Se não fez nada de errado, por que está se escondendo? Quanto à possibilidade de “incriminação”, estamos diante de uma piada vulgar. Não é exatamente esse o propósito declarado dos donos da CPI — incriminar os adversários?
Desde o seu primeiro dia, essa CPI tem sido um espetáculo inédito, mesmo para os padrões de safadeza da vida política brasileira, em matéria de hipocrisia, de desrespeito ao público e de desonestidade em estado bruto. Como definir esta aglomeração, quando o presidente da CPI é um político desse mesmíssimo Amazonas, envolvido nas piores denúncias de roubalheira na área da saúde? Sua própria mulher foi presa, pelo mesmo motivo; seus três irmãos também foram presos, também por ladroagem e também na saúde. Dizer mais o quê?
É óbvio que o STF está agindo e vai agir como aliado vital dessa gente. Faz todo o sentido que seja assim. Sua missão, seu objetivo e seus interesses são os mesmos — governar o país sem a necessidade de ganhar eleições . Vão fazer qualquer coisa para continuar assim.