sábado, 24 de abril de 2021

BOLSONARO FAZ CONCESSÕES AO CENTRÃO EM TROCA DE APOIO

 

 Daniel Weterman e Camila Turtell – Jornal Estadão

BRASÍLIA – A sanção do Orçamento de 2021 com uma engenharia para fechar as contas é vista nos bastidores do Congresso como uma vitória do Centrão, bloco de partidos que apoiam o governo em troca de verbas e cargos, e uma derrota para o ministro da EconomiaPaulo Guedes. Nenhuma das duas alas, porém, saiu totalmente satisfeita.

Fontes ouvidas pelo Estadão/Broadcast apontam que as verbas de interesse direto dos caciques partidários foram preservadas após um cabo de guerra entre a cúpula do Congresso, que pressionava pela sanção integral do projeto, e Guedes, que queria vetar todas as emendas de relator.

O presidente Jair Bolsonaro vetou um total de R$ 19,8 bilhões em verbas, dos quais R$ 11,9 bilhões eram fruto de emendas parlamentares – recursos que os deputados e senadores indicam para suas bases eleitorais. Além disso, o presidente anunciou um bloqueio de R$ 9,3 bilhões em despesas do Executivo e enviou um novo projeto de lei para recompor os gastos obrigatórios. Mesmo com os cortes, as emendas ainda ficaram em um patamar de R$ 35,5 bilhões, semelhante ao valor autorizado em 2020, ano de eleições municipais.

O ministro da Economia chegou a defender inicialmente um veto em todas as emendas indicadas pelo relator do Orçamento, senador Marcio Bittar (MDB-AC), um total de R$ 29 bilhões. A cúpula do Legislativo reagiu e pressionava pela sanção integral, mas, no final das contas, recuou e aceitou a preservação de R$ 18,5 bilhões dessas indicações, dos quais R$ 16,5 bilhões são considerados “emendas-chave” para atender aos caciques políticos da Câmara e do Senado. É o valor que tinha sido combinado com o Congresso para a aprovação da PEC emergencial, que garantiu mais uma rodada do auxílio a vulneráveis em 2021.

Nos bastidores, o fato de Bolsonaro não atender a um pedido de Guedes em um veto presidencial chamou a atenção. Inicialmente, o ministro pedia veto integral nas emendas de relator e aceitou a preservação de parte dessas verbas em troca de cortes maiores em despesas discricionárias, aquelas geridas diretamente pelo Executivo, como custeio e investimentos. A solução, porém, é questionada por parlamentares e técnicos, que veem risco de paralisia no funcionamento da máquina federal.

Em ocasiões anteriores, a estratégia de Bolsonaro foi diferente: o presidente ouvia Guedes, vetava medidas aprovadas pelo Congresso e depois liberava a base de apoio no Legislativo para derrubar os próprios vetos. Foi o que aconteceu, por exemplo, na prorrogação da desoneração da folha salarial e no perdão tributário a igrejas. Além disso, o ministro saiu do processo criticado por parlamentares que lideram as articulações para a aprovação do Orçamento em função dos ruídos e dos ataques feitos nos bastidores.

“Tudo isso mostra a fragilidade do governo, que se rende a uma situação dessa natureza. O governo está na palma da mão do Centrão. Se o Centrão virar a palma da mão para baixo, o governo cai”, afirmou o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Otto Alencar (PSD-BA). “Guedes tem suportado no cargo, mas a insegurança que o presidente dá para os ministros do governo é fora da razão.”

Ministério do Desenvolvimento Regional, chefiado pelo ministro Rogério Marinho e considerado um ativo eleitoral de Bolsonaro, foi o que mais perdeu nos cortes, mas ainda assim manteve uma verba de obras considerável para negociar com os parlamentares ao longo do ano. De uma projeção inicial de R$ 9 bilhões, saiu com um orçamento de quase R$ 15 bilhões. Cálculos da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado mostram o tamanho do veto dentro dessa pasta: R$ 5,5 bilhões em emendas de relator e R$ 2,7 bilhões em verbas discricionárias, sob controle direto da pasta de Marinho.

Em meio à sinalização de vetos, Câmara e Senado se uniram para preservar pelo menos as emendas de maior interesse. “Faltou habilidade do Ministério de Economia para acompanhar o processo mais de perto desde o início. Independentemente com quem tenha sido fechado, o acordo tem que ser cumprido”, afirmou o líder do PSDB no Senado, Izalci Lucas (DF). “Os vetos de Bolsonaro não resolvem todo o problema do Orçamento. Agora, vai acontecer o que tanto avisamos. Bolsonaro fica nas mãos do Centrão, de quem precisará do apoio para manter os vetos e aprovar os projetos necessários”, afirmou o líder do Novo na Câmara, Vinicius Poit (SP).

Da base do governo, o deputado Vinícius Carvalho (Republicanos-SP) acredita que o governo fez o que era necessário e que poderá ir ajustando a peça ao longo do ano. “Estamos caminhando em busca do êxito. Hoje quem está ganhando? Ninguém. E o País precisa ganhar e só vamos ganhar se nós não nos digladiarmos e juntarmos forças”, disse. Ele afirma ainda que Guedes teria “entendido a conjuntura política” e aceitado a decisão de Bolsonaro. “Guedes, eu tenho certeza de que ele entendeu perfeitamente porque ele é um baita técnico, uma pessoa que entende muito do setor dele e há de compreender essa conjuntura política necessária para se alcançar o objetivo”.

STF LIBERA MENSAGENS HACKEADAS PARA RENAN CALHEIROS

 

 Da Redação – VEJA

O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou nesta sexta-feira, 23, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) a ter acesso mensagens colhidas na Operação Spoofing, que apura a invasão de celulares de diversas autoridades da República. A decisão foi tomada pelo fato de o senador ter sido citado em alguns diálogos.Ricardo Lewandowski© Rosinei Coutinho/SCO/STF Ricardo Lewandowski

Segundo a decisão de Lewandowski, Renan terá acesso apenas às mensagens com referências a ele. A decisão é do último dia 9 de abril.

A operação foi deflagrada após hackers terem divulgado trocas de mensagens entre o ex-coordenador da Lava Jato no Paraná, o procurador Deltan Dallagnol, e o ex-juiz Sergio Moro, antigo titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pela Operação Lava Jato.

Em fevereiro, Calheiros apresentou um projeto de lei para anistiar os acusados pelo hackeamento. Segundo o senador, as mensagens reveladas pelos acusados mostram tentativas de influenciar o processo político-eleitoral, violação do dever de imparcialidade do juízo e quebra do dever de impessoalidade dos membros do Ministério Público.

O senador emedebista é o segundo alvo da Lava Jato a ter acesso às conversas, depois do ex-presidente Lula. O petista conseguiu ler as conversas no fim de dezembro do ano passado, e a decisão foi confirmada pela Segunda Turma do Supremo em fevereiro. Outros dois investigados, porém, tiveram o pedido negado: Sérgio Cabral, ex-governador do Rio de Janeiro, e Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados, ambos presos.

Com Agência Brasil

GOVERNO VETA VERBA PARA DESENVOLVIMENTO DE VACINA CONTRA O COVID-19

 

Em transmissão nas redes sociais esta semana, ministro da Ciência, Marcos Pontes, pediu apoio financeiro ao imunizante contra covid-19

Idiana Tomazelli e Adriana Fernandes, O Estado de S.Paulo

O presidente Jair Bolsonaro vetou R$ 200 milhões que seriam usados no desenvolvimento da vacina contra covid-19 “100% brasileira” anunciada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. O corte nos recursos vem um dia após o presidente convidar o ministro Marcos Pontes para sua transmissão semanal nas redes sociais para falar sobre o imunizante.

Marcos Pontes
O ministro da Ciência e Tecnologia, Inovação e Comunicação, Marcos Pontes Foto: Gabriela Biló/Estadão

Em março, o Palácio do Planalto fez questão de divulgar que a vacina brasileira apoiada pelo governo federal, desenvolvida por cientistas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP), estava avançando. O anúncio foi feito horas depois de o governo de São Paulo informar que pediria aval para iniciar testes clínicos da Butanvac, desenvolvida pelo Instituto Butantan, ligado ao governo paulista.

“Marcão, vamos lá. Como é que ’tá’ a nossa vacina brasileira? Essa é 100% brasileira, não é aquela ‘mandrake’ de São Paulo, não né”, perguntou Bolsonaro a Pontes nesta quinta-feira, 23, durante transmissão na internet, em referência à Butanvac. A tecnologia do imunizante foi apresentada pelo Butantan e pelo governador João Doria (PSDB) como sendo 100% nacional, mas foi desenvolvida, na realidade, por pesquisadores de instituição americana. 

Já na live de quinta, Pontes demonstrava preocupação com a manutenção dos recursos no Orçamento. Estavam reservados R$ 207,2 milhões para o projeto dos quais R$ 200 milhões haviam sido injetados por meio de emenda do relator, senador Marcio Bittar (MDB-AC).

“O nosso desafio aqui é justamente o Orçamento. Esse custo é um investimento muito bom para o País. São R$ 30 milhões para essa fase 1 e 2, um ensaio clínico com 360 pacientes, e depois são mais R$ 310 milhões com a fase 3, com 25 mil pacientes. Tenho a esperança agora que isso entre no Orçamento”, disse o ministro. As fases 1, 2 e 3 envolvem testes em humanos, para avaliar a segurança e a eficácia do produto contra o vírus. 

Logo após esse apelo de Pontes, o presidente falou brevemente sobre o Orçamento e, sem antecipar que o investimento na vacina seria vetado, avisou que “todo mundo” iria pagar a conta. “A peça orçamentária para os 23 ministérios é bastante pequena e é reduzida ano após ano. Tivemos um problema no Orçamento no corrente ano, então tem um corte previsto bastante grande no meu entender, pelo tamanho do orçamento, para todos os ministérios. Todo mundo vai pagar um pouco a conta disso aí”, disse Bolsonaro na live.

Segundo apurou o Estadão/Broadcast, a avaliação entre defensores da emenda é que a verba permitiria a criação de uma futura vacina, domínio da tecnologia para as variantes brasileiras do vírus e a produção nacional rápida e com logística melhor para imunizar a população.

Helena Faccioli, presidente da Farmacore, empresa de biotecnologia que desenvolveu o imunizante em parceria com a USP de Ribeirão Preto, estimou ao Estadão em março a necessidade de 9 a 12 meses para os testes clínicos, o que indica que o imunizante deverá estar disponível ao público somente no ano que vem.  Naquela época, ela também disse ter recebido do Ministério da Ciência garantia de que teria recursos federais para as fases 1 e 2 dos testes. 

A aceleração da vacinação tem sido colocada pela própria equipe econômica como uma condição necessária para a retomada da atividade econômica. Recentemente, o governo diversificou os contratos com laboratórios privados para ampliar a aquisição de vacinas.

sexta-feira, 23 de abril de 2021

DORMIR POUCO PODE CAUSAR DEMÊNCIA

 

Pesquisa que acompanha milhares de pessoas a partir dos 50 anos sugere que aqueles que dormem menos de seis horas por noite têm maior probabilidade de desenvolver demência ao final dos 70 anos

Pam Belluck, The New York Times

Dormir muito pouco pode aumentar suas chances de desenvolver demência?

Durante anos, os pesquisadores refletiram sobre esta e outras questões sobre como o sono se relaciona com o declínio cognitivo. As respostas eram evasivas, porque é difícil saber se o sono insuficiente é um sintoma das mudanças cerebrais que estão por trás da demência – ou se pode realmente ajudar a causar essas mudanças.

Agora, um novo estudo relata algumas das descobertas mais persuasivas, sugerindo que as pessoas que não dormem o suficiente na casa dos 50 e 60 anos podem ter maior probabilidade de desenvolver demência quando forem mais velhas.

A pesquisa, publicada terça-feira na revista Nature Communications, tem limitações, mas também vários pontos fortes. Ela acompanhou quase 8 mil pessoas na Grã-Bretanha por cerca de 25 anos, começando quando elas tinham 50 anos de idade. E descobriu que aquelas que relataram consistentemente dormir em média seis horas ou menos por noite durante a semana tinham cerca de 30% mais probabilidade do que as pessoas que dormiam regularmente sete horas (índice definido como sono “normal” no estudo) de serem diagnosticadas com demência três décadas depois.

“Seria realmente improvável que, quase três décadas antes, esse padrão de sono fosse um sintoma de demência, então é um ótimo estudo, porque fornece fortes evidências de que o sono é realmente um fator de risco”, disse a Dra. Kristine Yaffe, professora de neurologia e psiquiatria da Universidade da Califórnia, em São Francisco, que não participou do estudo.

Mudanças cerebrais pré-demência, como o acúmulo de proteínas associadas ao Alzheimer, são conhecidas por começar cerca de 15 a 20 anos antes de as pessoas apresentarem problemas de memória e raciocínio, então os padrões de sono dentro desse período podem ser considerados um efeito emergente da doença. Isso colocou uma “questão do ovo ou da galinha: o que vem primeiro, o problema do sono ou a patologia?”, disse o Dr. Erik Musiek, neurologista e codiretor do Centro de Ritmos Biológicos e do Sono da Universidade de Washington em St. Louis, que não esteve envolvido na nova pesquisa.

Importância do sono
Estudo aponta que a privação do sono entre pessoas de 50 a 60 anos pode influenciar a demência  Foto: Free-Photos/Pixabay

“Não sei se este estudo necessariamente bate o martelo, mas fica mais perto do veredicto, porque tem muitas pessoas que eram relativamente jovens”, disse ele. “Há uma boa chance de que eles estejam rastreando pessoas de meia-idade antes que tenham a patologia do mal de Alzheimer ou placas e emaranhados em seus cérebros.”

Com base em registros médicos e outros dados de um proeminente estudo com funcionários públicos britânicos chamado Whitehall II, que começou em meados da década de 1980, os pesquisadores rastrearam quantas horas 7.959 participantes disseram ter dormido em relatórios preenchidos seis vezes entre 1985 e 2016. No final do estudo, 521 pessoas foram diagnosticadas com demência, com uma idade média de 77 anos.

A equipe foi capaz de ajustar os cálculos conforme vários comportamentos e características que podem influenciar os padrões de sono das pessoas ou o risco de demência, disse a autora do estudo, Séverine Sabia, epidemiologista do Inserm, centro francês de pesquisa em saúde pública. Entre estes, tabagismo, consumo de álcoolatividades físicasíndice de massa corporalconsumo de frutas e vegetaisnível de escolaridadeestado civil e condições como hipertensãodiabetes doenças cardiovasculares.

“O estudo encontrou uma relação modesta, mas eu diria um tanto importante, entre a falta de sono apropriado e risco de demência”, disse Pamela Lutsey, professora associada de epidemiologia e saúde comunitária da Universidade de Minnesota, que não esteve envolvida na pesquisa. “A falta de sono apropriado é muito comum e, por causa disso, mesmo que esteja modestamente associada ao risco de demência, pode ser importante no nível social. O sono é algo sobre o qual temos controle, algo que podemos mudar.”

Ainda assim, como em outras pesquisas na área, o estudo teve limitações que o impedem de provar que o sono inadequado pode ajudar a causar demência. A maioria dos dados do sono foi autorrelatada, uma medida subjetiva que nem sempre é precisa, disseram os especialistas.

“É sempre difícil saber o que concluir com esse tipo de estudo”, escreveu Robert Howard, professor de psiquiatria do envelhecimento na University College London, um dos vários especialistas que enviaram comentários sobre o estudo à Nature Communications. “Os insones – que provavelmente não precisam de mais motivos para ficarem revirando na cama”, acrescentou ele, “não devem ficar achando que vão ter demência se não dormirem imediatamente”.

Existem teorias científicas convincentes sobre por que dormir pouco pode exacerbar o risco de demência, especialmente de Alzheimer. Estudos descobriram que os níveis de amilóide no líquido cefalorraquidiano, uma proteína que se aglomera em placas nos casos de mal de Alzheimer, “aumentam se você não consegue dormir”, disse Musiek. Outros estudos de amilóide e outra proteína de Alzheimer, a Tau, sugerem que “o sono é importante para limpar as proteínas do cérebro ou limitar sua produção”, disse ele.

Uma teoria diz que, quanto mais tempo as pessoas passam acordadas, mais tempo seus neurônios ficam ativos e mais amilóide é produzida, disse Musiek. Outra teoria defende que, durante o sono, o fluido que flui no cérebro ajuda a eliminar o excesso de proteínas, então um sono inadequado significa mais acúmulo de proteína, disse ele. Alguns cientistas também acham que ter tempo suficiente em certas fases do sono pode ser importante para limpar as proteínas.

Lutsey disse que dormir pouco também pode afetar a saúde de maneira indireta, alimentando condições que são conhecidos fatores de risco de demência. “Pense em alguém que fica acordado até tarde, comendo porcaria. Ou alguém que dorme muito mal e por isso tem pouca motivação para atividades físicas”, disse ela. “Isso pode predispor essas pessoas à obesidade e a coisas como diabetes e hipertensão, que vêm sendo fortemente associadas ao risco de demência.”

Então, se a falta de sono é a culpada, como as pessoas podem dormir mais?

“Em geral, pílulas para dormir e muitas outras coisas não proporcionam um sono tão profundo”, disse Yaffe. E “realmente queremos um sono profundo, porque parece ser o momento em que as coisas ficam mais limpas, porque é o sono mais restaurador”.

Ela disse que os cochilos são bons para recuperar o sono perdido, mas ter uma boa noite de sono deve torná-los desnecessários. Pessoas com distúrbios do sono ou apneia devem consultar especialistas em sono, disse ela.

Para as outras pessoas, Lutsey disse, ter um horário de sono regular, evitar cafeína e álcool antes de dormir e retirar telefones e computadores do quarto estão entre as diretrizes de “higiene do sono” do Centro de Controle e Prevenção de Doenças.

Mas muitas coisas do sono continuam intrigantes. O novo estudo “fornece uma evidência bastante forte de que o sono é importante na meia-idade”, disse Musiek. “Mas ainda temos muito que aprender sobre isso, como essa relação de fato se dá nas pessoas e o que fazer a respeito”. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENZTZOU

COM A QUEDA DE MINISTROS O PROJETO IDEOLÓGICO DO GOVERNO CAI

 

Bolsonaristas têm um trabalhão para seguir o salto triplo do ‘mito’ em saúde, política externa e ambiente

Eliane Cantanhêde, O Estado de S.Paulo

Depois de rasgar as bandeiras do combate à corrupção e do liberalismo econômico, o governo Jair Bolsonaro está desmoronando o seu tripé ideológico: saúde, política externa e ambiente. Isso, claro, cria um problemão para a sua seita, sobretudo na internet. Eles e elas terão de rever suas crenças e posições para seguir essa “inflexão”, ou salto triplo carpado, do presidente. Vão defender Joe Biden, França, Alemanha e Noruega? Cúpula de Paris, Fundo da Amazônia? Até China e vacina?

Não deve ter sido fácil para os bolsonaristas se alinharem com o PT no ataque ao ex-juiz Sérgio Moro, ícone do combate à corrupção, quando ele caiu acusando Bolsonaro de interferência política na Polícia Federal. E não está fácil jogar Paulo Guedes ao mar, depois do blablablá de que Bolsonaro podia não ser lá essas coisas, mas o Guedes segurava as pontas.

E lá se vai também o tripé ideológico. O diplomata Ernesto Araújo está de volta à sua insignificância e ao limbo dos seus delírios contra o comunismo. O general da ativa Eduardo Pazuello vaga pelo Exército, olhado de esguelha pelos companheiros de farda depois de humilhado e desautorizado pelo presidente na compra de vacinas e de se sair com o indecente “um manda, outro obedece”. Ambos, Araújo e Pazuello, estão na mira da CPI da Covid.

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O presidente Jair Bolsonaro participa nesta quinta-feira, 22, da cúpula do clima convocada pelos EUA Foto: Marcos Correa/PR

Com o cerco se fechando contra Ricardo Salles, Bolsonaro repete o script: elogia, leva para lives e confraternizações, dá tapinha nas costas e planta notinhas sobre o quanto gosta do ministro. Quanto mais o torniquete aperta, mais Bolsonaro prestigia seu ministro. Mas… quanto mais prestigia, mais o ministro esfarela.

Então, vejam como é a dura a vida de bolsonarista. Esquece Ernesto Araújo e o que ele fazia e dizia, para enaltecer o sucessor, Carlos França, e fazer juras de amor para China, França, Alemanha, Noruega, até para a Argentina de Alberto Fernández? E Joe Biden, chamado de “gagá”, “sequelado” e “esquerdista”, virou um cara legal.

E, agora, com Pazuello fora e o médico Marcelo Queiroga tentando correr contra o tempo e contra os erros gravíssimos na pandemia? Os e as que papagaiavam Bolsonaro, trocavam ciência por ideologia e comparavam as vacinas à talidomida, que matou e mutilou na década de 1950, correm para oferecer o braço e salvar suas vidas. Não consta que nenhum deles tenha virado jacaré…

Com os “novos” política externa e Ministério da Saúde, quem tem estômago deveria entrar nas redes para ver os bolsominions conclamando todos a se imunizarem e defendendo “aquela vacina chinesa do Doria”, que, na verdade, é praticamente a única maciçamente disponível no Brasil. Vencem a realidade e a racionalidade. Viva a China! O Butantan! A vacina! E viva a vida!

Mesmo antes do “novo Ministério do Meio Ambiente”, vem aí o novo discurso de Bolsonaro sobre sustentabilidade: antecipar a neutralidade das emissões para 2050, acabar com desmatamento ilegal até 2030, dobrar a verba para fiscalização já. Dá-lhe racionalidade! Viva a Amazônia! As leis ambientais! E viva o Biden, líder da causa ambiental no mundo!

Faltam: um pedido de desculpas ao cientista Ricardo Galvão, demitido do Inpe por alertar para desmatamento da Amazônia; resgatar o Ibama e o ICMBio; reativar as multas ambientais; cobrar compromissos com os indígenas. Bolsonaro quer escancarar as reservas para mineração, agricultura, turismo… Mas não tocou nisso na cúpula do clima.

O Brasil não tem só governo, um governo rechaçado no mundo inteiro. Tem cidadania, instituições, entidades, atores das mais variadas frentes, na pandemia, na política externa e no ambiente. Salvar o planeta é aqui e agora! Goste ou não Bolsonaro, ele é obrigado a cair na real. Governos vêm, governos vão, o Brasil fica.

* COMENTARISTA DA RÁDIO ELDORADO, DA RÁDIO JORNAL (PE) E DO TELEJORNAL GLOBONEWS EM PAUTA

POLÍTICA DE PREÇOS DE COMBUSTÍVEIS TEM QUE SER ALTERADA PARA BAIXAR OS PREÇOS

 

Haroldo Lima – É engenheiro, ex-diretor-geral da ANP

Abstraindo os fatores que diferenciam as situações de 2018 e de 2020, numa comparação simplificada, sob a ótica dos preços, podemos dizer que o quadro atual já é pior do que o existente quando a grande greve dos caminhoneiros começoupor Haroldo Lima

 Fato gerador da crise é nova política de preços da Petrobras

Os preços dos combustíveis têm aumentado de maneira geral. Entre setembro e novembro de 2019, por exemplo, houve dez altas consecutivas. O ano terminou com a gasolina 28% mais cara e o diesel 19%. (O Globo, 28/11/2019). 

Como houve queda das cotações internacionais do petróleo, nesses quase dois meses de 2020, houve quatro reduções de preços nas refinarias. Mas, computando tudo, o preço do diesel nos postos chegou a R$ 3,80 / litro, em 25 de janeiro passado, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), valor que, depois, caiu um pouco.  

Em 21 de maio de 2018, quando começou a grande greve dos caminhoneiros (da qual participou também, ilegalmente, empresas distribuidoras), o preço do diesel vinha numa escalada ascendente e chegara aproximadamente a R$ 3,70. 

Abstraindo os fatores que diferenciam as situações de 2018 e de 2020, numa comparação simplificada, sob a ótica dos preços, podemos dizer que o quadro atual já é pior do que o existente quando a grande greve começou.  

O problema tem repercutido. Todos falam em querer abaixar o preço dos combustíveis. Ideias de como fazer isto têm sido levantadas.   

Bolsonaro apresentou logo uma. Em seu estilo tosco e fanfarrão, sapecou no portão do Palácio da Alvorada: “Eu zero o imposto federal se os governadores zerarem o ICMS”, os seja, desafiou os governadores a dispensarem o Imposto de Circulação das Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre os combustíveis, caso em que ele abriria mão dos impostos federais, o PIS e o PASEP, o Programa de Integração Social e o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público, além do COFINS, que é a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social.

A 11 de fevereiro passado, o Fórum de Governadores considerou essa proposta “populista e irresponsável” (Correio Brasiliense 06/02/2020).  

Na verdade, Bolsonaro deu vazão a uma bravata inconsistente. Os governos estaduais não têm condições de abrir mão do seu ICMS sobre combustíveis, nem o governo federal (que Bolsonaro chama de “eu”) pode abrir mão do PIS/PASEP e do COFINS.  

O ICMS sobre combustíveis é responsável por aproximadamente 20% da arrecadação do ICMS de cada um dos estados. O diretor do Comitê de Secretários de Fazenda (Comsefaz), André Horta, estima que a arrecadação de ICMS, somente sobre a gasolina, chegará a R$ 60 bilhões para o conjunto dos entes federados em 2020. 

Por força de dispositivo constitucional, 25% desse ICMS são destinados aos municípios e não são vinculados a despesas, o que é fundamental para os municípios pequenos e também para os grandes. Em São Paulo, por exemplo, esse tributo financia os gastos com USP, Unesp e Unicamp. 

O PIS/PASEP e o COFINS recolheram R$ 24,604 bilhões em 2019, quantia que chegou a R$ 27,402 bilhões se acrescentarmos a parte de R$ 2,798 bilhões da CIDE (G1, 05/02/2020). Claro que dispensar esses recursos criaria enormes problemas para a administração pública, já em dificuldades. 

Sem nenhum apoio, Bolsonaro passou a fazer variações de seu palpite. Disse que o ICMS do combustível seria cobrado nas refinarias, e não nas bombas; que a legislação seria mudada por uma Lei Complementar e que o ICMS teria um valor fixo por litro de combustível. 

No citado Fórum dos Governadores em Brasília, Paulo Guedes tranquilizou a todos. Disse que qualquer medida mais abrangente para o caso só a longo prazo, no bojo de uma reforma tributária e de um novo pacto federativo; que “a fala do presidente deve ser entendida como um apelo e um chamamento para que o tema da tributação seja enfrentado pelo país” (Correio Brasiliense, 12/02/2020). Nada mais.  

O blindado fato gerador da crise

É incrível como, em todo esse processo, discute-se tudo menos o fato gerador da crise dos preços altos nos combustíveis no Brasil, que foi a “nova política de preços da Petrobras”, chamada de Paridade de Preços Internacionais, PPI, implantada no dia 14 de outubro de 2016, sob os auspícios do presidente da empresa Pedro Parente, indicado por Michel Temer. E por que essa “nova política”, não é discutida? Porque reflete a orientação do Fundo Monetário Internacional, o FMI.

A “nova política” é o desdobramento de três movimentos em curso no Brasil: o aumento da exportação do óleo bruto, a redução do refino no Brasil e o crescimento da importação de derivados.

Para que o produtor estrangeiro dos derivados possa ser regiamente pago, é vital que seus produtos aqui vendidos o sejam por preços elevados, inclusive os derivados de óleo produzido e refinado aqui no Brasil, a preços bem menores que os internacionais. 

O objetivo da “nova política” é justamente nivelar os preços dos combustíveis vendidos no Brasil aos internacionais, reajustando-os, se necessário, até diariamente. 

Desde que essa “nova política” foi aplicada, os preços dos combustíveis subiram assustadoramente e este foi o fator decisivo, não único, que levou à greve dos caminhoneiros de 2018. 

O governo Temer, no sufoco, aceitou alterar a periodicidade dos reajustes, criou subsídios, definiu prazos para acomodar insatisfações, mas proclamou que não alteraria a política. Mexeu no acessório, não no essencial.    

A deformação do setor petrolífero brasileiro cresceu. A exportação do petróleo, que chegou a 100 milhões de barris em 2005, ultrapassou 350 milhões em 2017. Nossas refinarias, que têm capacidade para refinar 2,5 milhões de barris/dia, estão processando 1,6 milhão. Importamos 15 milhões de barris de óleo diesel em 2005, 80 milhões em 2017; 5 milhões de barris de GLP (o gás de cozinha) em 2005, 20 milhões em 2017. Enquanto no passado exportamos gasolina, importamos 28 milhões de barris em 2017. O etanol, criação brasileira, está sendo em grande parte importado dos Estados Unidos, que o produz a partir do milho.

Configura-se no setor de combustíveis um sistema neocolonial: exportamos cada vez mais matéria-prima, petróleo; refinamos aquém do possível; importamos cada vez mais derivados, o produto que exportamos, depois de refinado no exterior.

Nossos preços internos foram indexados a dois fatores externos, as cotações do petróleo e do dólar. Na época da greve de 2018, os dois subiram ao mesmo tempo, os preços dos combustíveis dispararam e a greve parou o país. O mercado interno de combustíveis já estava dolarizado. 

Propostas que alteram a política e pode encaminhar soluções adequadas para o caso já têm sido apresentadas por entidades e estudiosos, com naturais variações. Mereceram pouca atenção dos órgãos governamentais.

A ideia básica que permeia essas propostas é fazer com que o custo do petróleo extraído no Brasil, mais o custo do refino local, mais os impostos que lhes são cobrados aqui, formem o custo final do combustível no Brasil e seja vendido por esse preço aos brasileiros. Equiparar este custo nacional aos preços internacionais é dolarizá-lo, e é escorchar o povo brasileiro. Uma conta simples pode ser feita. 

Em números aproximados, o custo de extração do óleo do pré-sal no Brasil é de US$ 7/barril, segundo a Petrobras (DCI 14/06/18). Somando-se outros custos, como depreciação de equipamentos, amortização de investimentos etc., o custo total de produção do óleo do pré-sal chega a US$ 20/barril.

A Petrobras informa que o preço mínimo do barril de petróleo que viabiliza um projeto no pré-sal (o “breakeven” ou preço de equilíbrio) está “entre US$ 30 e US$ 40 o barril” (Valor, 31.10.2017). Para efeito de cálculo tomemos a média, US$ 35, que cobre o preço de produção no pré-sal, US$ 20/barril, com 75% de lucro.

Se a esse preço de equilíbrio, US$ 35/b, somarmos o preço do refino, que é US$ 3/b, concluiremos que o preço médio do derivado é de US$ 38 o barril. Computando as despesas administrativas, de transportes e similares poderemos chegar a US$ 45 o barril.

Este é que é o preço médio do derivado no Brasil, que deveria ser cobrado nas refinarias da Petrobras, e que já inclui lucro alto para a estatal.

Levando em conta o câmbio dos últimos tempos (R$ 4,00 por dólar), esse custo nacional médio chegaria a R$ 180/b. Como o barril tem 159 litros, ficaria em R$ 1,13/litro.

Antes da greve de 2018, as refinarias estavam cobrando cerca de R$ 2,35/litro, em média, pelo derivado!!!

Para chegar às bombas, o combustível tem que pagar os impostos (Cide, PIS/Cofins, ICMS) e tem também que garantir o lucro da revenda. Aceita-se que tudo isto dá em média R$ 0,90/litro. Portanto, o preço final médio dos combustíveis nas bombas ficaria em torno de R$ 2,03/litro, digamos R$2,5/litro. Levando em conta as reduções de preços nas últimas semanas, ainda assim o preço do diesel nas bombas esteve em 25 de janeiro passado em R$ 3,8.

Então, que se passa com nosso país? O Brasil tem o petróleo, o extrai, transporta-o em seus dutos, refina-o, cobra os impostos devidos e na hora de vender ao brasileiro usa o preço internacional, que é muito maior. Por quê?

Argumenta-se com os interesses dos acionistas da Petrobras. Na verdade, desde que FHC vendeu ações da Petrobras na Bolsa de Nova York, mais da metade das ações da empresa está em mãos do capital privado, a parcela mais significativa é estrangeira, e dentro desta a maior parte é americana. Mas o acionista controlador é a União, que tem maioria do capital votante (maioria pequena!) e que também é o maior acionista individual.

O investidor de Nova York quando comprou ações da Petrobras sabia que teria que se ajustar aos interesses do acionista principal da empresa, que era a União brasileira. A estatal não pode apenas estar atrás de lucros extraordinários para esses acionistas, inclusive porque já remete cerca de 40% desses lucros ao exterior, aos Estados Unidos. A estatal tem que olhar para a sociedade que a criou, a mantém e a controla.

Os brasileiros têm direito a pagar o custo nacional pelo produto nacional, sem prejudicar ninguém. O preço do produto importado deve ser o preço internacional, assim como, quando o produto local for vendido lá fora, especialmente o excesso de produção do petróleo, há que se vender pela cotação internacional. Assim é que ganham muito dinheiro os países que têm grandes jazidas de petróleo. 

Alterando-se a política de preços da Petrobras, garantindo-se que o produto nacional seja vendido aos brasileiros pelo preço de sua produção, com seguro lucro para o produtor, e assegurando-se que o produto importado tenha o natural preço internacional, no conjunto, haveria um significativo rebaixamento do preço dos combustíveis no Brasil. 

Problema: isto seria aceito se prevalecesse, aqui, o ideal do Brasil e brasileiros acima de tudo, e não o da “America first”.

MINISTRO PROMOVE ENCONTRO COM CAMINHONEIROS E O MERCADO FINANCEIRO

 

Palestra de economista da XP, organizada com o apoio de Tarcísio de Freitas, tenta convencer categoria que preço do diesel só cai se cotação do dólar recuar com reformas estruturais e privatizações

Renée Pereira e Amanda Pupo, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA – Diante do mal-estar causado a cada nova ameaça de greve dos caminhoneiros, o Ministério da Infraestrutura decidiu apresentar o tão falado mercado financeiro à categoria de transportadores autônomos. O encontro, que ocorreu ontem em Brasília, teve o objetivo, segundo o ministério, de aproximar os dois setores que têm demandas convergentes e diminuir a insegurança que existe entre os investidores quanto a uma nova greve.

Para os caminhoneiros, foi uma mensagem de união para ter o apoio nas reformas e, consequentemente, garantir que nenhuma paralisação afete o governo e a economia, já combalida pela pandemia. Ou seja, a reunião teve a missão de reduzir as tensões e ruídos no mercado.

No total, cerca de 30 participantes assistiram palestras de forma presencial e online. Além do ministro Tarcísio de Freitas e representantes da Casa Civil, o economista-chefe da XP InvestimentosCaio Megale, e representantes do Banco de Brasília (BRB) fizeram apresentações aos caminhoneiros.

Tarcísio de Freitas
Tarcísio diz que vai promover novos encontros entre os setores. Foto: Gabriela Biló/Estadão

O governo tenta convencer a categoria de que a principal demanda – a redução do preço do diesel – só vai ser efetivamente resolvida via mercado, com medidas econômicas que façam o real se valorizar frente ao dólar. Para isso, o ministério reforçou o discurso pela aprovação de reformas e privatizações, pauta que conta com forte adesão do mercado financeiro.

A pauta do encontro, que começou às 11h da manhã e terminou depois das 19h, incluiu temas como preços dos combustíveis e o valor do dólar, importância das reformas, documento eletrônico de transportes (DT-E), MP da renovação da frota e recebíveis e linhas de crédito. Na apresentação da XP, Megale explicou aos caminhoneiros como os preços são influenciados pelo mercado internacional e sobre as reformas econômicas que estão no Congresso

O economista calibrou suas avaliações sobre as demandas das lideranças do transporte de carga. Na prática, a reunião se converteu em uma aula sobre o mercado e o preço do combustível, envolvendo os trabalhadores nas discussões.

O objetivo é que novas rodadas como as de ontem sejam feitas entre os caminhoneiros e mercado financeiro. A próxima deve ser como o presidente do Banco CentralRoberto Campos Neto. “É interessante que a categoria entenda a importância de uma pauta de reformas e como isso pode ajudar na percepção do mercado, na percepção de que a trajetória da dívida vai estar sob controle no longo prazo”, afirmou o ministro da Infraestrutura. “O resultado (da primeira rodada) foi muito legal.”

O encontro entre representantes do mercado e caminhoneiros vinha sendo maturado desde a última ameaça de greve da categoria, em janeiro. A possibilidade de os profissionais pararem enquanto o Brasil enfrenta a pandemia do novo coronavírus desesperou o mercado, que tem como fantasma a greve de 2018 e os drásticos impactos provocados na economia. Mas o governo quer tentar convencer representantes do PIB que esse risco não existe para o momento, usando uma espécie de vacina para quando uma eventual nova paralisação for ventilada.

Desde 2018, os caminhoneiros já ensaiaram várias greves, sem sucesso. Com os prejuízos decorrentes da paralisação, o consenso tem sido difícil até dentro da categoria. Além disso, a maioria é apoiadora de Bolsonaro e entende que uma greve pode prejudicar a atual administração.

DELEGADOS DA POLÍCIA FEDERAL CONTRA OS CORTES NO ORÇAMENTO DA PF

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