Um dia após o STF (Supremo Tribunal Federal) ter determinado que o Senado instale CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar ações e omissões do governo federal no combate à pandemia de covid-19, o presidente Jair Bolsonaro reagiu, criticando duramente o autor da decisão liminar, ministro Luís Roberto Barroso.
Segundo o presidente, Barroso e a bancada de esquerda do Senado se uniram para desgastar o governo.
“Eles não querem saber do que aconteceu com os bilhões desviados por alguns governadores e alguns poucos prefeitos também”, afirmou Bolsonaro. “Agora, detalhe: dentro do Senado tem processo de impeachment contra ministro do STF. Eu quero saber se o Barroso vai ter coragem moral de mandar instalar esse processo de impeachment também. Pelo que me parece falta coragem moral do Barroso e sobra ativismo judicial.”
A decisão do minstro do Supremo atende a pedido feito pelos senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Jorge Kajuru (Cidadania-GO), que questionam a posição do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) em avaliar o requerimento pela investigação, apresentado em fevereiro.
O mandado de segurança, com pedido de liminar, foi impetrado pelos senadores, visando a obtenção de ordem judicial para que Pacheco adote as providências necessárias à instalação de CPI com o objetivo de “apurar as ações e omissões do governo federal no enfrentamento da pandemia da covid-19 no Brasil e, em especial, no agravamento da crise sanitária no Amazonas com a ausência de oxigênio para os pacientes internados”.https://imasdk.googleapis.com/js/core/bridge3.450.0_en.html#goog_696683596
Para Bolsonaro, trata-se de uma interferência entre poderes da República, do Judiciário no Legislativo, e classificou a decisão como “politicalha”.
“Barroso, nós conhecemos seu passado, sua vida, o que você sempre defendeu, como chegou ao STF, inclusive defendendo o terrorista Cesare Battisti. Então, usa a sua caneta em defesa da vida e do povo brasileiro, e não para fazer politicalha dentro do Senado. Se tiver um pingo de moral, ministro Barroso, mande abrir processo de impeachment contra alguns dos seus companheiros do STF”, afirmou o chefe do Executivo nacional, abrindo mais uma crise entre o Executivo e a mais alta corte judicial do país.
O presidente complementou dizendo que “não é disso que o Brasil precisa”. “Vivemos um momento crítico de pandemia, pessoas morrem e o ministro do STF faz politicalha junto ao Senado Federal.”
As declarações foram proferidas na manhã desta quinta-feira (9), em Brasília, durante tradicional encontro matutino de Bolsonaro com apoiadores, em frente ao Palácio do Alvorada. Bolsonaro reafirmou sua indignação e a reproduziu em postagens no Twitter.
“Barroso se omite ao não determinar ao Senado a instalação de processos de impeachment contra ministro do Supremo, mesmo a pedido de mais de 3 milhões de brasileiros. Falta-lhe coragem moral e sobra-lhe imprópria militância política”
“Eu julgo que a corrente minoritária, quando ela não consegue atingir os seus objetivos, busca utilizar o STF. E aí, na minha visão, isso aí é uma interferência que não é devida”, avaliou Mourão. “E também nós estamos vivendo um momento difícil, complicado, em um momento que precisamos de união de esforços. E a CPI, a gente sabe, vai ser aquela discussão, aquela geração de atrito. E atrito não leva a nada, só faz perda de energia.”
Dos R$ 52,5 bi reservados para execução de obras e compra de equipamentos públicos, R$ 27,2 bi em verbas (52%) são oriundos das emendas de deputados e senadores – é a primeira vez que isso ocorre; Bolsonaro avalia vetar parte do Orçamento
Daniel Weterman, André Shalders e Amanda Pupo, O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA – O Congresso terá controle de mais da metade dos investimentos federais neste ano, conforme o Orçamento aprovado pelos parlamentares e pendente de sanção do presidente Jair Bolsonaro. Dos R$ 52,5 bilhões reservados para execução de obras e compra de equipamentos públicos, R$ 27,2 bilhões em verbas, ou seja, 52% do total, receberam a digital dos deputados e senadores por meio das emendas parlamentares. É a primeira vez que isso ocorre. Em anos anteriores, a maior parte do dinheiro ficava nas mãos do governo.
Quando os recursos são destinados por emendas parlamentares, o governo precisa repassar o valor conforme a indicação definida pelo congressista. Não é possível, por exemplo, construir um hospital com uma emenda aprovada para pavimentação de uma rua. Além disso, o pagamento é obrigatório. A regra pressiona o Executivo em um cenário de Orçamento apertado e exigência do teto de gastos, que limita o crescimento das despesas à inflação do ano anterior. O momento da liberação é determinado pelos ministérios, o que coloca essas verbas no centro de uma articulação política em troca de apoio do Legislativo.
O diretor da Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara, Wagner Primo, diz que é possível que o aumento observado em 2021 nas emendas do relator-geral do Orçamento seja revertido com o ajuste das despesas obrigatórias “Então, ao invés de R$ 52 bilhões (em investimentos) deve ficar em por volta de R$ 40 bilhões no máximo”, estima.
O Congresso aumentou o controle sobre o Orçamento gradativamente nos últimos anos. O total de investimentos federais diminuiu de R$ 82 bilhões em 2014 para R$ 52,2 bilhões em 2021, em função da crise fiscal e do teto de gastos. Os investimentos para emendas parlamentares, por outro lado, foram na contramão e dispararam de R$ 7,6 bilhões para R$ 27 bilhões nesse período.
Houve um salto significativo em 2020, após a criação das emendas de relator e comissões. Além disso, as verbas de bancadas estaduais passaram a ser impositivas há dois anos, caráter anteriormente dado apenas às emendas individuais, aquelas indicadas por cada deputado e senador.https://arte.estadao.com.br/uva/?id=2ZPBmy
Paralisação de obras
O Orçamento aprovado pode na prática paralisar obras de infraestrutura no País, de acordo com o economista e sócio fundador da Inter.B Consultoria, Claudio Frischtak. Ele classificou a peça orçamentária como “terrível”. “Fragmentar o Orçamento, alocando recursos de uma forma quase arbitrária, ou centralizar recursos sem fazer um cálculo realista com o mínimo de precisão de taxa social de retorno são dois erros que podem e devem ser evitados”, afirmou.
Em 2019, o Tribunal de Contas da União apontou 14 mil obras paralisadas em todo o País, 37,5% dos empreendimentos analisados pelo órgão. Os empreendimentos parados envolviam recursos na ordem de R$ 144 bilhões. “O que vai acontecer é o que o TCU constatou em 2019: dezenas de milhares de obras paralisadas porque começam e depois faltam recursos. Com esse Orçamento terrível, isso pode se repetir.”
Só de emendas de relator ao Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), foram colocados ao menos R$ 7,1 bilhões de última hora para ações pelo País que, por sua vez, não foram especificadas. O montante é parte dos R$ 11,5 bilhões enviados pelo relator do Orçamento, Marcio Bittar (MDB-AC), à pasta, que representam mais de um terço de todos os recursos sob direção exclusiva do senador.
Segundo o projeto aprovado pelo Congresso, R$ 4,2 bilhões das emendas de relator vão para uma ação do MDR chamada de “Apoio a Projetos de Desenvolvimento Sustentável Local Integrado”. No parecer de Bittar, a localidade beneficiada é genérica, colocada apenas como “nacional”, o que significa que o recurso pode ir para qualquer lugar do Brasil. O cenário se repete na escolha do relator ao direcionar R$ 2,9 bilhões ao “Apoio à Política Nacional de Desenvolvimento Urbano Voltado à Implantação e Qualificação Viária”, também do MDR.
Diretor da Associação Contas Abertas, o economistaGil Castello Branco alerta para o perfil “gerador de votos” desses empreendimentos. “Veja o porquê de tantas emendas para esta ação. Trata-se de uma ação com finalidades diversificadas, muito amplas e que geram votos. Em plena pandemia, é incrível que esta ação possua mais recursos do que todos os investimentos em saúde”, afirmou .
Questionado sobre as escolhas, Bittar não respondeu. A reportagem perguntou ao ministério se a pasta estipulou quais são exatamente os projetos que receberão os R$ 7,1 bilhões das duas ações citadas, mas não obteve resposta.
São dúvidas pertinentes, depois da tensão criada pelo strike no comando militar e porque a PF foi o pivô da queda do “superministro” Sérgio Moro, que acusou Bolsonaro de ingerência política num órgão que, por definição, precisa de autonomia. É exatamente por causa da PF que o presidente é investigado (pelo menos oficialmente), no Supremo.
Some-se a crença de Bolsonaro de que ser presidente é ser dono do governo, das instituições, do País. Mete a mão nas Forças Armadas e na PF, nos órgãos de investigação, Coaf, Receita e Abin, nos bancos públicos, Banco do Brasil e BNDES, e nas estatais, como a Petrobrás. “Um manda, o outro obedece”, “eu mando, não abro mão da minha autoridade”, versões bolsonaristas de “o Estado sou eu”.
O que está em jogo é a institucionalidade, e a Federação Nacional dos Policiais Federais soltou nota citando o mesmo princípio basilar usado pelo general Fernando Azevedo e Silva ao cair da Defesa: como as Forças Armadas, a PF também é “uma instituição de Estado, não de governos”. Poderia ter usado também a máxima do general Edson Pujol, demitido do Exército: como “não entra nos quartéis”, a política não deve entrar na PF.
O novo diretor, delegado federal Paulo Maiurino, tem um bom nome, mas está há mais de dez anos longe de operações e da PF, em funções no Congresso, no Supremo, no Ministério da Justiça de Lula e Dilma Rousseff e em São Paulo, com Alckmin, e no Rio, com Witzel, além do DF.
Foi no DF que Maiurino conviveu com o novo ministro da Justiça, também delegado federal Anderson Torres, ex-secretário de Segurança do governo Ibaneis Rocha. Mas não parece a ninguém que Maiurino tenha sido escolha de Torres, nem direta de Bolsonaro, nem dos filhos, nem dos generais do Planalto. Logo, quem o indicou? A pergunta paira em Brasília e a suspeita é de que Maiurino tenha sido indicado pelo Republicanos, ex-PRB, partido da Igreja Universal e do Centrão.
Com a explosiva CPI da Covid, mais de 340 mil mortos e um “Deus nos acuda” pelas vacinas que seu governo não negociou, Bolsonaro perde apoios e sofre pressões de onde menos queria: o grande capital, que tem forte influência no Congresso.
A pandemia não tem a menor importância para ele, mas redes sociais, empresários, Centrão, militares, polícias e igrejas, sobretudo as neopentecostais, são, sim, questões de vida ou morte. Enquanto o Major Vitor Hugo tenta cuidar das polícias, o presidente troca os comandos militares e da PF, dá o Orçamento de mão beijada para o Centrão e janta com empresários e banqueiros em São Paulo.
E o trio bolsonarista, o PGR Augusto Aras, o AGU André Mendonça e o ministro do STF Kassio Nunes Marques, ajoelhava e rezava para o Supremo liberar cultos e missas presenciais. Contraria a ciência e aumenta infecções e mortes, mas, segundo Mendonça, os fiéis estão dispostos a morrer pela fé. Pelo visto, a morrer e a matar. E não só pela fé, mas pelo mito.
*COMENTARISTA DA RÁDIO ELDORADO, DA RÁDIO JORNAL (PE) E DO TELEJORNAL GLOBONEWS EM PAUTA
O vírus agravou a perda de autoridade pública e de poder de decisão
William Waack, O Estado de S.Paulo
08 de abril de 2021 | 03h00
A catastrófica situação da pandemia no Brasil agravou dois problemas preexistentes: a insegurança jurídica e a degradação da autoridade pública. Os dois fenômenos dividem entre si um fator comum, que é a ausência de lideranças respeitadas além de grupos consolidados nos extremos do espectro político. E explicam boa parte da paralisia decisória do governo central e a imensa dificuldade em lidar com a crise econômica e de saúde pública – que estão se retroalimentando.
Já bem antes da pandemia era o STF uma das principais fontes de insegurança jurídica do País. Nossa Corte Suprema foi totalmente consumida na batalha pelo controle das instâncias políticas, uma das grandes expressões da Lava Jato. E, diante da ineficácia do nosso sistema de governo (talvez o pior do mundo), passou a legislar e a tomar decisões levando em conta sobretudo as consequências políticas. No caso da pandemia, por exemplo, o STF acabou escalando um de seus integrantes como virtual ministro da Saúde.
Diante da propagação do vírus os ministros também se comportaram em função do embate político – situação escancarada pelas decisões sobre a abertura ou fechamento de igrejas e templos. Esse debate não foi provocado pela necessidade de se assegurar liberdade de religião, mas, sim, pelos interesses pessoais de candidatos a uma vaga no STF e por articulações para favorecer forças políticas que ocuparam uma parte do Legislativo, um pedaço importante do Executivo e estão chegando ao topo do Judiciário: as correntes evangélicas.
O fato de o STF ter de decidir quem decide o que sobre a pandemia expressa o segundo problema agravado pelo vírus: o da degradação da autoridade pública. Para isto foi fundamental a contribuição do atual presidente da República e seus traços característicos de personalidade (desequilíbrio emocional, traços de paranoia e de sociopatia). A “figura institucional” de Bolsonaro nunca entendeu a verdadeira natureza do poder do chefe do Executivo brasileiro, que não reside na caneta, mas, sim, na capacidade de ditar a agenda política.
Isto vale tanto para a economia como para a pandemia, com as quais não está sabendo lidar. Formalmente os poderes de Bolsonaro já vinham sendo encurtados pelo Legislativo e pelo Judiciário. Talvez ele nem tenha percebido que um instrumento clássico do presidente brasileiro – a alocação de recursos via orçamento – foi passada agora para um conjunto de forças políticas amorfas e regionalizadas, conhecida como Centrão, que conquistaram um posto vital dentro do próprio Palácio do Planalto. Ou seja, o Centrão aboliu intermediários.
A ironia contida nesse fato é cruel: o Centrão manda, sem assumir qualquer ônus. Impõe limites e demissões de ministros ao presidente, sem qualquer responsabilidade por agendas, como acontece no parlamentarismo clássico. Diante da incapacidade do presidente de liderar e comandar, além da ausência de pensamento estratégico e definição clara de objetivos (além de se reeleger), a autoridade pública se diluiu. No caso da pandemia, está se dissolvendo numa corrida desesperada cuja melhor definição é, infelizmente, a do vire-se e salve-se quem puder.
Assim, a iniciativa privada está forçando e conseguindo ir adiante na compra de vacinas. Os governadores estão forçando e conseguindo contratar suprimentos onde seja possível, se necessário relegando a Anvisa ao papel de carimbar pedidos. Um número nutrido de decisões judiciais em várias instâncias criou uma confusão perigosa entre o que vale ou não vale não só em questões de medidas restritivas, mas, também, quanto ao ritmo de vacinações, grupos prioritários e quais entidades têm a liberdade de adquirir imunizantes.
Um quadro de contornos caóticos como esse sugere que em algum momento ocorrerá uma ruptura, até mesmo institucional. Mas não está “escrito” que acontecerá. Como foi dito acima, a pandemia apenas agravou o que já existia. Depois dela, é bem possível a acomodação aos padrões de comportamento político e social de sempre, caracterizados, de forma geral, pela ausência da preocupação com o bem-estar comum e o senso de coletividade. Estagnação é também um poderoso anestésico.
A promoção da vacinação e o avanço da agenda de reformas estruturais para recuperar a economia são prioridades para o governo brasileiro, disse nesta terça-feira (6) o ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele participou da primeira reunião de 2021 dos ministros de Finanças e presidentes de Bancos Centrais do Brics (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
No encontro, que costuma ser realizado paralelamente à reunião de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI), Guedes apresentou informações atualizadas sobre a vacinação contra a Covid-19 no Brasil e destacou a importância de parcerias do país com as demais nações do Brics.
Guedes mencionou as políticas emergenciais que reduziram o impacto da crise econômica gerada pela pandemia
Na reunião, Guedes mencionou as políticas emergenciais que reduziram o impacto da crise econômica gerada pela pandemia, citando o auxílio emergencial, o programa de redução de jornada e de suspensão de contratos em troca da preservação do emprego e as ações de saúde pública. O ministro afirmou que o Brasil continua empenhado em adotar políticas fiscal e monetária que criem condições para a recuperação sustentada da economia, melhorando o ambiente de negócios e estimulando os investimentos privados.
Sob a presidência rotativa da Índia, os ministros e presidentes dos Bancos Centrais do Brics debateram a atual conjuntura econômica e as perspectivas de recuperação no período pós-pandemia. Os participantes também discutiram as atividades do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), banco de fomento mantido pelos países do Brics, e defenderam a colaboração em investimentos em infraestrutura, cooperação alfandegária e a reforma de quotas do Fundo Monetário Internacional.
O ministro Paulo Guedes manifestou o apoio do Brasil à Estratégia Geral do NDB entre 2022 e 2026. Para ele, a instituição financeira pode financiar importantes projetos no Brasil e tem potencial para expandir-se, com atuação estratégica em países em desenvolvimento.
Sobre os investimentos em infraestrutura, Guedes disse apoiar o funcionamento de mercados abertos e a crescente participação do setor privado, assim como a aplicação de instrumentos financeiros inovadores. Chamou atenção para o potencial de investimentos em infraestrutura digital voltados para a recuperação econômica inclusiva, sustentável e duradoura, citando a inclusão financeira promovida pelo pagamento do auxílio emergencial por meio de aplicativo.
FMI
Em relação à reforma das quotas no FMI, Guedes pediu que haja avanços na 16ª Revisão Geral de Quotas, que encerrará os trabalhos em dezembro de 2023. O ministro manifestou apoio do Brasil aos mecanismos de complementação de liquidez discutidos no FMI e no G20 (grupo das 20 maiores economias do planeta), como a alocação adicional de direitos especiais alocativos e a extensão do perdão do serviço das dívidas a alguns países mais pobres. O ministro também defendeu que pequenas e médias economias fortemente afetadas pela pandemia tenham acesso mais fácil a medidas de apoio.
Com quase cinco meses de pandemia, há mais perguntas do que respostas, e mesmo as disponíveis não são conclusivas. Diante da novidade da doença, as atualizações são constantes. Confira o que já se sabe e o que ainda é preciso saber para enfrentar a Covid-19.PublicidadePlayvolume00:03/17:28Truvidhttps://ef4c4106438b7410778d5565b315b0bd.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
Como fazer o isolamento de uma pessoa com Covid em casa?
O primeiro passo é destinar um quarto e um banheiro para uso exclusivo da pessoa infectada. O cômodo com o paciente isolado deve ficar todo o tempo com a porta fechada, mas a janela deve ser mantida aberta para ter ventilação e entrada de luz solar. Quando o imóvel não tem mais de um quarto e mais de um banheiro, a recomendação é deixar o quarto para o doente, e quem não apresenta sintomas deve dormir na sala. Se toda a família divide um cômodo, a orientação é manter distância de 2 metros do doente. Clique aqui para saber mais detalhes do dia a dia.
Como ajudar as crianças a lidar com o estresse e a ansiedade no isolamento?https://ef4c4106438b7410778d5565b315b0bd.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
O primeiro passo é ouvir. O segundo, incluir. Embora muitas vezes não consigam nomear seus sentimentos, as crianças os expressam ficando mais ansiosas, opositoras e hiperativas. Não é hora de minimizar medos e sentimentos, mas validá-los e conversar com a criança. E se pais e filhos nunca estiveram tão juntos, essa convivência próxima pode ser o ponto de partida para uma acolhida lúdica, com a inclusão dos pequenos no dia a dia dos pais. Assista ao vídeo para entender o que está acontecendo e como ajudar:
Quem já se recuperou de Covid deve manter a prevenção contra o coronavírus? Sim. Segundo especialistas, não há evidências científicas de que quem contraiu a Covid-19 não vá se contaminar de novo. Além disso, por ser uma doença nova, os efeitos do vírus a médio e longo prazo não são totalmente conhecidos. Há suspeitas de reinfecções em Minas e no mundo.
Fumantes têm maior risco de contrair coronavírus e desenvolver a forma grave da doença? Sim para as duas questões. Segundo o Ministério da Saúde, as pessoas que fumam, independentemente da idade, fazem parte do grupo de risco, devido ao possível comprometimento da capacidade pulmonar. Há também maior chance de contágio porque o ato de fumar proporciona constante contato dos dedos com os lábios, aumentando a possibilidade da transmissão do vírus para a boca. Quer aproveitar a pandemia para parar de fumar? Leia aqui sobre os primeiros passos.
Ivermectina combate o coronavírus? Quais os riscos de tomar esse remédio?
Não há comprovação científica de que esse medicamento, um vermífugo, tenha resultado no tratamento da Covid-19. Recomendada para tratamento de infecções causadas por vermes e parasitas que se instalam no organismo, a ivermectina demonstrou atividade in vitro contra o coronavírus, mas não há comprovação de eficácia in vivo, isto é, em seres humanos. Só estudos clínicos permitirão definir seu benefício e segurança contra a Covid-19, mas alguns médicos têm prescrito como parte do tratamento. A caixa com quatro comprimidos é vendida entre R$ 17 e R$ 34, mediante apresentação de receita médica. Especialistas temem que a automedicação acabe intoxicando muitas pessoas. Leia mais sobre a ivermectina.
Quem pode ser voluntário para testar a vacina contra Covid-19 em Minas? Apenas enfermeiros e médicos podem se inscrever, sendo que 800 serão selecionados. Os candidatos devem ter mais de 18 anos, não podem ter sido contaminados pelo coronavírus nem apresentar doenças crônicas ou fazer uso de medicamentos contínuos. A previsão é de que as vacinas comecem a ser aplicadas no próximo dia 20/07. Caso preencha todos os critérios, o voluntário deverá entrar em contato com Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Fármacos do ICB UFMG, pelo e-mail profiscovbh@gmail.com. Saiba mais sobre a CoronaVac, produzida na China.
Usar a máscara durante atividade física faz mal à saúde? Não. Não há nenhum estudo científico que ateste que o uso da máscara durante o treinamento aeróbico vá causar algum dano à saúde das pessoas. Pode haver incômodo, por causa da resistência na hora de inspirar e expirar, o que pode ser minimizado reduzindo o ritmo. Clique aqui pra saber mais.
Quais remédios estão sendo testados contra Covid-19? Além da controversa cloroquina, estão em uso ou testes corticóides, antivirais, antiparasitários, anticoagulantes, plasma de recuperados e vitaminas. Confira aqui em que pé está o trabalho com cada um.
Qual a diferença entre o teste do cotonete e o teste rápido?
O teste do cotonete (swab nasal), conhecido como RT-PCR, verifica se há material genético do vírus nas vias aéreas do indivíduo. Para fazer o exame, são coletadas amostras de secreções do nariz ou da garganta do paciente. O laudo sai em alguns dias. Já o exame sorológico ( que verifica a presença dos anticorpos IgM e IgG) não é capaz de atestar se um indivíduo está com Covid-19 no momento ou não. Ele detecta o anticorpo em um período final da infecção ou após a recuperação. Ele revela algo que aconteceu no passado. É feito através da coleta de sangue e o resultado sai em até 30 minutos. Assista ao vídeo com a explicação detalhada:
Como higienizar os produtos de supermercado?
Alimentos como verduras e frutas devem ser imersos em solução de água sanitária diluída, por 15 minutos. Já as embalagens podem ser lavadas com água e sabão ou higienizadas com álcool gel. Confira aqui todos os detalhes.
Quando a vacina deve começar a ser aplicada no Brasil?
Há mais de uma vacina em fase de teses em humanos por aqui. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) , parceira nas pesquisas da Universidade de Oxford , prevê que a imunização comece em fevereiro de 2021 caso os testes sejam bem sucedidos. .As primeiras doses devem ser destinadas aos grupos de risco, como profissionais de saúde e pessoas idosas. Ainda não se sabe se será necessária apenas uma dose da vacina, se serão necessárias duas doses, ou se será preciso revacinar.
Se for inevitável usar o transporte público, como me proteger ao máximo? Além do uso da máscara, distanciamento e álcool gel, é fundamental se policiar ainda mais para não tocar os olhos, boca e nariz antes de lavar as mãos. Quando chegar em casa, não toque em nada nem ninguém antes de higienizá-las. Veja aqui um vídeo sobre como lavar as mãos de forma de correta.
Quais são as doenças pré-existentes que mais influenciam nas mortes por Covid? Os principais fatores de risco são, segundo o Boletim Epidemiológico da Prefeitura de Belo Horizonte, pela ordem de importância: cardiopatia, diabetes, pneumopatia, obesidade, nefropatia, problemas neurológicos, imunodeficiência e hepatopatia. Dentre as pessoas que perderam a vida para a Covid em BH, essas foram as principais comorbidades encontradas.
Como me livrar dos quilos extras adquiridos no isolamento?
A combinação de falta de exercícios, excesso de delivery e ansiedade tem levado ao ganho de peso em muitas famílias. Com quase quatro meses de quarentena e sem data para o “novo normal” começar de fato, é preciso reorganizar a dieta para fazer as pazes com a balança. Como? Planejamento das compras ao cardápio, com receitas simples e saborosas para quem vive neste momento uma rotina de baixo gasto calórico.
O que é imunidade de rebanho?
A expressão tem sido utilizada para explicar a imunidade conferida à população após uma porcentagem X ter contraído Covid e estar imunizada. Pesquisadores estimam taxa necessária em torno de 60%. Ou seja, quando essa quantidade de pessoas já tiver contraído a doença e adquirido imunidade, o virus não circula mais e a doença desaparece.
Após a cura, o coronavírus pode deixar sequelas?
Países em estágios mais avançados da pandemia, como o Reino Unido, estudam diversas sequelas físicas, cognitivas e psicológicas. Publicações recentes nas revistas científicas New England Journal of Medicine e Brain documentam sintomas neurológicos em pacientes que tiveram a doença, que variam de dor de cabeça, perda de olfato e formigamento, até encefalites, hemorragia, trombose, AVC isquêmico e Síndrome de Guillain-Barré, condições neurológicas nem sempre correlacionadas à severidade de sintomas respiratórios.
O que considerar na hora de planejar, em meio à pandemia, a próxima viagem de férias ou feriadão?
A recomendação, neste início de agosto, ainda é para se evitar deslocamentos. Mas já há algumas indicações do que deve ser considerado ao fazer planos para o futuro. A primeira orientação é fugir de destinos com aglomerações. Hospedagens onde o próprio viajante pode controlar a higiene do quarto ou casa ganham pontos. Caso a opção seja por um hotel, é importante checar se ele tem selo de higienização. Segundo a sondagem “Como voltaremos a viajar? – impacto da Covid-19 no comportamento do viajante brasileiro”, realizada pelo portal Viaje na Viagem, muita gente tem se baseado nos números de casos e mortes da região na hora de escolher o destino. As praias lideram a preferência pela primeira viagem pós-quarentena, com 33% das respostas, seguidas das cidades grandes (18%), destinos de natureza (17%) e cidades pequenas (12%).
Como manter a prática de atividades físicas dentro de casa?
Apartamento apertado não serve de desculpa! Empurre os móveis da sala e aproveite o espaço para se movimentar. Não faltam opções de vídeos nas redes sociais com orientações para quem quer se exercitar. Para os iniciantes em qualquer atividade física, é recomendável começar pelas mais leves, como os exercícios de alongamento e relaxamento. Da mesma forma, podem ser feitos exercícios de fortalecimento que envolvem grandes grupos musculares, como se sentar e se levantar de uma cadeira ou agachar para levantar objetos com pouco peso (1 a 2 kg). É importante sempre respeitar os limites do próprio corpo. Por que não começar agora?
Como fortalecer o sistema imunológico contra a Covid e outras doenças?
O tripé exercício físico, sono de qualidade e alimentação saudável é o principal escudo contra doenças. Já os alimentos que são naturalmente inflamatórios, como os que contêm gorduras, temperos prontos ou industrializados, devem ser evitados porque podem prejudicar o funcionamento do intestino e do sistema imunológico. Confira dicas para uma alimentação saudável para crianças e adultos, além da função de cada grupo alimentar.
O que esperar do tão alardeado ‘novo normal’?
O propagado novo normal promete uma aceleração de processos que já estavam em andamento, mas se consolidam no decorrer da pandemia. É o caso do home office, ensino a distância, compras on-line, reuniões por videoconferência e canjas de artistas ao vivo em redes sociais. No campo da higiene, também há expectativa de que novos hábitos sejam incorporados, como a lavagem mais frequente das mãos e, possivelmente, o uso de máscaras em algumas ocasiões..Já a permanência de uma consciência coletiva mais solidária ainda é alvo de debates entre otimistas e céticos.
Como saber se estou com gripe, resfriado ou coronavírus?
As doenças têm sintomas parecidos, a prevalência é que varia e pode ajudar na identificação. No caso do coronavírus, os mais comuns são febre e tosse seca. Já corisa, nariz entupido e espirros são raros na Covid e mais frequentes nos resfriados.
Veja o quadro comparativo:Reprodução/Ministério da Saúde
Por que até os defensores do isolamento se arriscam em sair de casa e as ruas estão cada vez mais cheias?
Há quem saia de casa por necessidade financeira, os que estão incrédulos diante da guerra de informações e as vítimas chamada “fadiga da quarentena”. Segundo a psicologia, o ser humano absorve situações indesejadas, com forte estresse, por um período e, depois, a mente começa a relaxar, normalizando os riscos.
https://www.youtube.com/embed/vGm-Jg6lwtw
Mães com Covid podem continuar amamentando?
Estudos feitos com amostras de leite de mães que tiveram Covid-19 indicaram que o vírus não é transmitido pela amamentação. Então, as mães com coronavírus podem continuar amamentando, mas é fundamental que utilizem a máscara quando forem amamentar ou realizar algum cuidado com o bebê.
O que é a síndrome inflamatória associada à Covid que está acometendo crianças? Há vários casos da Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P) associada à Covid em monitoramento no Brasil e no mundo. O tempo entre a exposição ao vírus e manifestações clínicas da síndrome tem variado entre 6 e 60 dias. Os pacientes têm entre 7 meses e 16 anos. Entre os sintomas mais frequentes estão febre persistente acompanhada de um conjunto de sintomas como pressão baixa, conjuntivite, manchas no corpo, diarreia, dor abdominal, náuseas, vômitos, comprometimento respiratório e problemas cardíacos, dentre outros. A síndrome pode levar à morte.
Fontes: Organização Mundial de Saúde, UFMG, Instituto Butantan, Fundação Oswaldo Cruz, Instituito Nacional de Câncer, Agência Brasil, Unaí Tupinambás e Estêvão Urbano (infectologistas), Sylvia Flores (psicóloga) e Ana Carolina Barbosa Duarte (nutricionista).