sábado, 3 de abril de 2021

DESAFIO DE VENDAS NA PANDEMIA

 

FIA-FUNDAÇÃO INSTITUTO DE ADMINISTRAÇÃO

Em tempos de confinamento por conta da pandemia de COVID-19, como as equipes de vendas têm feito negócios sem contar com a possibilidade de visitas, almoço de negócios e reuniões presenciais?

Ainda que os tempos sejam incertos para fazer qualquer projeção mais para o futuro, já é possível dizer que profundas transformações no mercado já estão em operação desde o surgimento do novo coronavírus.

Como parte desse processo, os profissionais de vendas já vêm sendo diretamente impactados e a tendência é que tais impactos nas dinâmicas de trabalho da área se estendam pós-pandemia.

“As empresas e o vendedor na linha de frente terão que, mais do que nunca, entender o cliente: conhecer ao máximo sobre seu negócio ou sobre quem é, ouvir de maneira ativa para compreender quais as dores visíveis ou latentes que o cliente tenha e, a partir disso, ofertar algo que realmente resolva seu problema ou lhe traga ganhos reais”, afirma Artur Couto, nosso convidado do webinar Os desafios de vendas trabalhando em home office, no dia 28 de maio de 2020.

Com mais de 20 anos de experiência em gestão de vendas nacionais e internacionais, Artur Couto é atualmente gerente para a América Latina da divisão de rastreamento satelital da empresa Honeywell, além de atuar como palestrante e professor convidado da FIA.

Conversamos com ele sobre os desafios das equipes de vendas no atual contexto e o que já é possível vislumbrar para o setor no cenário pós COVID-19. Confira abaixo a entrevista na íntegra.

Como os profissionais de vendas já vêm se reinventando no atual contexto de pandemia?

Infelizmente, dado o contexto, os profissionais de vendas que trabalham com o B2C (varejo) não têm muita saída, já que não podem estar em seu local de trabalho interagindo com os clientes — com exceção aos serviços essenciais. Eles devem aproveitar esse momento em casa para se equiparem com ferramentas que os ajudarão a ter uma melhor performance em seu retorno — e isso se dá através da educação. Quem trabalha com vendas online já tem o DNA do trabalho remoto em seu perfil de trabalho e não deve estar sentindo tantos impactos. Já os profissionais de vendas corporativas (B2B) e as empresas em geral passam a perceber que não necessariamente um negócio só é fechado em um almoço de negócios ou em uma reunião formal presencial. Desde a prospecção até o fechamento, todas as etapas do processo de vendas são possíveis de ser feitas de maneira remota, utilizando-se a tecnologia que se faz presente.

Que tipo de mudanças de comportamento do consumidor os profissionais de vendas mais vêm destacando neste momento de confinamento?

Sem dúvida alguma, o maior destaque se vê no varejo online. No e-commerce brasileiro, por exemplo, o site das Casas Bahia recebeu 51% de visitas a mais em abril de 2020, comparado ao mês de março de 2020. No mesmo período, Submarino/Americanas registraram um aumento de 31% e o Magazine Luiza, de 18,7%, segundo a SimilarWeb. Isso mostra que o consumidor segue tendo experiências de compra, mesmo com os shopping centers e lojas físicas fechadas. E no segmento corporativo, os clientes seguem necessitando acessar aos insumos e serviços para que seus negócios sigam adiante, e a interação com o profissional de vendas do fornecedor tem registrado, inclusive, maior frequência que antes da crise.

O que mais se perde numa situação de isolamento social no que se refere à dinâmica de vendas? E o que mais se ganha e se aprende?

Por maior que seja a eficácia obtida no processo de vendas de maneira remota, a interação humana presencial sempre foi um fator crucial — ainda mais em nosso contexto brasileiro e latino-americano, em que há um peso imenso em nossa cultura o abraço, o aperto de mão, o olhar dentro dos olhos ou a simples interação de tomar um cafezinho juntos. E principalmente no varejo, sempre haverá o cliente que quer tocar e provar o produto antes da compra. Sem dúvida, isso traz uma perda que não se pode mensurar por ora. Já os ganhos têm se mostrado surpreendentemente interessantes para aqueles que podem seguir tendo contato com seus clientes. Ter mais tempo disponível (o qual, até então, seria gasto no trânsito ou em viagens), possibilitando mais interações com mais clientes, é um dos principais ganhos que se pode apontar.

Quais os impactos pós COVID-19 que você acredita que mais vão interferir nas técnicas de vendas de uma maneira geral?

Creio que tanto as fases do processo de vendas quanto as técnicas aplicadas não devem sofrer profundas mudanças em um primeiro momento. Desde a prospecção até o fechamento do negócio, as técnicas continuarão sendo válidas, mas obviamente sua aplicabilidade passará pela viabilidade. Um exemplo é o fechamento do negócio, que poderá ser feito através de assinaturas digitais dos envolvidos — todos de forma remota — em vez da tradicional reunião de assinatura do contrato ou da entrega da ordem de compra. O que acredito é que definitivamente as empresas e o vendedor na linha de frente terão que, mais do que nunca, entender o cliente: conhecer ao máximo sobre seu negócio ou sobre quem é, ouvir de maneira ativa para compreender quais as dores visíveis ou latentes que o cliente tenha e, a partir disso, ofertar algo que realmente resolva seu problema ou lhe traga ganhos reais.

De que modo você acredita que a transformação digital já vem transformando o trabalho da área de vendas, especialmente no contexto atual?

Em muitas empresas o conceito de Inside Sales (Vendedor Interno) já era uma realidade. Acontece que nesse momento todos os profissionais se veem obrigados a trabalhar de maneira remota, e creio que o cenário pós COVID-19 nunca mais será o mesmo com relação à atuação dos times de vendas. As empresas estão percebendo que os negócios continuam acontecendo, as interações com os clientes, em alguns casos, ainda têm aumentado e tudo isso sem gastos com viagens, combustível, custos com o escritório… O Twitter, por exemplo, anunciou que, mesmo após a reabertura de seus escritórios, os funcionários que quiserem poderão seguir trabalhando em regime de home office “para sempre” — desde que suas funções lhes permitam isso. E muitas empresas deverão seguir esse caminho, aplicando esse esquema, em especial, às equipes de vendas. Não creio que pós-crise não teremos mais viagens a trabalho, reuniões presenciais ou encontros de equipe no escritório. Essas atividades voltarão a existir no processo de vendas. Mas, sem dúvida, a intensidade e frequência disso não deverão ser mais as mesmas.

QUEM SOMOS

A Plataforma Comercial da Startup Valeon é uma empresa nacional, desenvolvedora de soluções de Tecnologia da informação com foco em divulgação empresarial. Atua no mercado corporativo desde 2019 atendendo as necessidades das empresas que demandam serviços de alta qualidade, ganhos comerciais e que precisam da Tecnologia da informação como vantagem competitiva.

Nosso principal produto é a Plataforma Comercial Valeon um marketplace concebido para revolucionar o sistema de divulgação das empresas da região e alavancar as suas vendas.

A Plataforma Comercial Valeon veio para suprir as demandas da região no que tange à divulgação dos produtos/serviços de suas empresas com uma proposta diferenciada nos seus serviços para a conquista cada vez maior de mais clientes e públicos.

Diferenciais

  • Eficiência: A Valeon inova, resolvendo as necessidades dos seus clientes de forma simples e direta, tendo como base a alta tecnologia dos seus serviços e graças à sua equipe técnica altamente capacitada.
  • Acessibilidade: A Valeon foi concebida para ser utilizada de forma simples e fácil para todos os usuários que acessam a sua Plataforma Comercial , demonstrando o nosso modelo de comunicação que tem como princípio o fácil acesso à comunicação direta com uma estrutura ágil de serviços.
  • Abrangência: A Valeon atenderá a todos os nichos de mercado da região e especialmente aos pequenos e microempresários da região que não conseguem entrar no comércio eletrônico para usufruir dos benefícios que ele proporciona.
  • Comprometimento: A Valeon é altamente comprometida com os seus clientes no atendimento das suas demandas e prazos. O nosso objetivo será atingir os 766 mil habitantes do Vale do Aço e poder divulgar para eles os produtos/serviços das empresas das diversas cidades que compõem a micro-região do Valeo do Aço e obter dos consumidores e usuários a sua audiência.

Missão:

Oferecer serviços de Tecnologia da Informação com agilidade, comprometimento e baixo custo, agregando valor e inovação ao negócio de nossos clientes, respeitando a sociedade e o meio ambiente.

Visão:

Ser uma empresa de referência no ramo de prestação de serviços de Tecnologia da Informação na região do vale do aço e conquistando relacionamentos duradouros.

Valores:

  • Integridade – Ética e Transparência
  • Responsabilidade – Profissional, ambiental e social
  • Inovação – Busca pelo melhor

Nossos contatos: Fones: (31) 3827-2297 e (31) 98428-0590 (Wp)

E-MAIL: valeonbrasil@gmail.com

Site: https://valedoacoonline.com.br/

GOVERNO FARÁ LEILÕES DE CONCESSÕES DE AEROPORTOS

 

Infra Week vai incluir concessão de 22 aeroportos operados pela Infraero, cinco terminais portuários e o primeiro trecho da Ferrovia de Integração Oeste-Leste, na Bahia; governo diz que há demanda de investidores

Amanda Pupo e Adriana Fernandes, Brasília

Em cenário de piora da pandemia da covid-19 e retração da atividade econômica, o governo marcou uma bateria de leilões de aeroportos, portos e ferrovia para a próxima semana, entre os dias 7 e 9, com a expectativa de atrair até R$ 10 bilhões em novos investimentos. Batizada de Infra Week (ou semana da infraestrutura, no termo em inglês), a rodada será um termômetro do potencial de atração de investimentos de longo prazo, no momento em que o Brasil está com a imagem arranhada pela condução da política de enfrentamento do coronavírus.

Serão leiloados 22 aeroportos hoje operados pela empresa pública Infraero, cinco terminais portuários (quatro em Itaqui e um em Pelotas) e o primeiro trecho da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), entre Ilhéus e Caetité, na Bahia – um projeto em obras desde 2011 e que ainda recebe críticas de ambientalistas. O governo quer que a ferrovia se consolide como um corredor logístico de exportação para o escoamento de minério de ferro, além de grãos.https://arte.estadao.com.br/uva/?id=2EmYw2

A oferta dos lotes será feita na Bolsa de Valores (B3), em São Paulo, que se preparou para o leilão presencial com regras rígidas de acesso ao local. O valor de R$ 10 bilhões é alto se comparado, por exemplo, com o orçamento do Ministério da Infraestrutura destinado a obras, em torno de R$ 7 bilhões para todo este ano. O número de projetos que serão oferecidos ao setor privado em uma semana também contrasta com o dado de 2020, quando o ministério organizou o leilão de nove ativos. 

O governo teve de fazer adaptações nos projetos após novos estudos sobre o apetite dos investidores e o retorno esperado com os empreendimentos em razão do impacto da pandemia, que afetou de forma diferenciada os setores envolvidos nas concessões. Enquanto na área de portos a demanda subiu, nos aeroportos o movimento foi fortemente afetado. 

Na reta final, o leilão de aeroportos chegou a ser suspenso por uma liminar judicial em Santa Catarina, mas o governo conseguiu reverter a trava jurídica no mês passado. Há pressão também para renovação de incentivos tributários dos portos, que enfrenta resistências da área econômica.

Apetite pelas concessões

Apesar das incertezas com a pandemia, o governo diz que há apetite pelas concessões de longo prazo, num quadro de excesso de recursos no mundo e investidores buscando maior ganho num ambiente de taxas de juros muito baixas, em alguns casos até negativa. Além disso, o preço dos empreendimentos no Brasil ficou barato com a desvalorização do real frente ao dólar.

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Trecho da Fiol, entre Ilhéus e Caetité (BA), projeto em obras desde 2011  Foto: Isac Nóbrega/PR

“Se seguimos em frente é porque o mercado deu esse feedback (retorno, em inglês) para nós também. Não inventamos demanda”, afirmou ao Estadão/Broadcast o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas.

Na área de aeroportos, a novidade é que o governo não vai mais exigir que o operador do terminal faça parte do consórcio vencedor. Ou seja, quem ganhar o leilão não necessariamente precisa ser um operador, podendo contratar uma outra empresa para exercer essa função. “É um movimento importante de continuidade desse processo de participação privada no setor”, diz o presidente da Associação Nacional das Empresas Administradoras de Aeroportos (Aneaa), Diogo Oliveira, ex-ministro do Planejamento.

Oliveira avalia que o leilão tem boa chance de sucesso porque os efeitos da pandemia foram incorporados, tornando os preços atrativos. Ele reconhece, no entanto, que a crise sanitária em si gera muitas incertezas no negócio, já que alguns grupos podem estar enfrentando problemas nos negócios que já possuem. Em maio de 2019, 12 aeroportos foram arrematados com ágio médio (diferença em relação ao mínimo exigido no edital) considerado alto, de R$ 2,1 bilhões (986%).

Empresas querem diversificar carteira

Já os cinco terminais portuários que serão ofertados na semana que vem vão se somar a outros 20 leiloados desde 2019 e a 69 contratos de terminais de uso privado. Mesmo no ano de pandemia, o setor cresceu 4,2% em 2020. Com a crise sanitária, as empresas do setor sentiram a necessidade de diversificar a carteira e esse novo perfil pode atrair investidores de empresas de contêineres e granel sólido para o leilão dos arrendamentos de Itaqui (MA), que são de granel líquido, como combustíveis.

“Esses novos leilões estão tendo procura também por empresas que hoje já operam em outro segmento”, diz Jesualdo Silva, diretor-presidente da Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP). 

Faltando poucos dias para os leilões, a Coalizão Empresarial Portuária ainda cobra a renovação do Reporto, regime especial de tributação do setor, por mais cinco anos ou até a implantação da reforma tributária. Lideranças da Coalizão levaram o pleito diretamente ao presidente Jair Bolsonaro no dia 23 de março. As empresas avaliam que uma definição sobre o Reporto será decisiva para aumentar a competição no leilão.

DESCOBERTA DE NOVO PRÉ-SAL NA REGIÃO NORTE DO PAÍS

 

Estudos conduzidos por companhias e especialistas apontam a existência de até 30 bilhões de barris de óleo equivalente no litoral do Amapá, Pará e Maranhão; para o Ibama, atividade pode comprometer a flora e a fauna marinhas

Fernanda Nunes, Rio

A possibilidade de um “novo pré-sal” no litoral do Amapá, Pará e Maranhão já abriu uma disputa entre empresas e órgãos ambientais. Estudo recente de pesquisadores autônomos indicou a existência de grandes volumes de petróleo na região. O governo, porém, está receoso com os prejuízos ambientais que a atividade possa causar nesses Estados. Na dúvida, optou por excluir blocos localizados nessa bacia dos leilões de petróleo deste e do próximo ano.

A maior parte das informações sobre as oportunidades econômicas foi levantada por empresas privadas, que usam tecnologia sísmica para mapear a presença de petróleo no subsolo marítimo. Essa tecnologia consiste na emissão de ondas sonoras no mar para detectar a existência de reservatórios.https://arte.estadao.com.br/uva/?id=QGDdY2

Após quatro anos interpretando dados sísmicos dessas empresas, o geólogo Pedro Zalan chegou à conclusão de que o litoral do Pará-Maranhão é o mais promissor do País, depois do pré-sal. Estudo desenvolvido em parceria com o ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e professor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) Allan Kardec e com o professor de Geopolítica da Escola Superior de Guerra (ESG) Ronaldo Carmona projeta a existência de 20 bilhões a 30 bilhões de barris de óleo equivalente (boe) de “recursos prospectivos recuperáveis” (previstos em dados sísmicos, mas ainda sem comprovação).

Desse total, 13 bilhões de barris poderiam se transformar, de fato, em reservas descobertas, considerando um índice de sucesso de 45%, sobretudo no Maranhão. No pré-sal, são 40 bilhões de barris.

O interesse na região surgiu com a descoberta de grandes volumes de petróleo em áreas de outros países, com características semelhantes à da margem equatorial brasileira. “Do ponto de vista geológico, as descobertas na Guiana, Suriname e Guiana Francesa têm um significado importante para o Brasil, pois tudo indica que o potencial petrolífero realizado nesses países vizinhos se estende pelo litoral brasileiro, passando pelo Amapá, Pará e Maranhão, indo possivelmente até o Ceará”, indica o estudo.

Sem aval do Ibama

Grandes empresas petrolíferas estão de olho na margem equatorial já há alguns anos. Algumas chegaram a comprar concessões de áreas na Bacia do Foz do Amazonas, no litoral do Amapá e Pará, mas nunca conseguiram tirar seus projetos do papel porque não receberam aval do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A francesa Total, após duas tentativas fracassadas de obter licenciamento, desistiu do negócio e preferiu repassá-lo à Petrobrás.

A estatal é dona de três blocos na bacia do Pará-Maranhão, mas ainda não há extração. Já a Enauta, outra petrolífera brasileira, de médio porte, possui dois blocos na bacia, mas ainda não perfurou em nenhum deles. A empresa classificou a região como estratégica para os seus negócios, “de alto valor prospectivo”.

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ANP diz que até o momento não há previsão de inserir as áreas da Região Norte em suas licitações Foto: Sergio Moraes/Reuters

Os projetos esbarram em restrições ambientais e na resistência de ONGs. Segundo o Ibama, a atividade econômica pode comprometer a sobrevivência de recifes de corais, que se estenderiam do Amapá até o Maranhão. O órgão enxerga também riscos ao Parque Estadual Marinho do Parcel de Manuel Luís, localizado no litoral maranhense, unidade de conservação da flora e fauna marinha.

Do lado dos investidores, o argumento é de que faltam estudos mais aprofundados sobre os possíveis prejuízos ambientais com a exploração da bacia e de soluções que podem ser elaboradas para minimizá-los.

Já a ANP diz que mantém conversas constantes com o Ibama, mas, até o momento, não há previsão de inserir as áreas em suas licitações. Ao mesmo tempo, afirma que continua estudando a bacia e tem tido resultados positivos.

O diretor-geral da agência, Rodolfo Saboia, disse ter conhecimento do estudo elaborado por Zalan e parceiros. “Li algumas avaliações não aprofundadas. A área técnica da ANP vai ter de se debruçar sobre isso”, disse.

Notícias da possibilidade de obter ganhos de receita com a atividade animaram o governo local. “É uma perspectiva nova que se abre. Os estados do Norte e do Nordeste precisam de investimento público e privado. Inicialmente, minha avaliação é favorável e positiva, mas com o pé no chão. Temos de trilhar o caminho, para eventualmente comemorar”, disse o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). Para ele, porém, é preciso ainda avançar nos estudos ambientais para conhecer os possíveis prejuízos. “Não é algo que eu vislumbre em menos de cinco anos.

PROBLEMAS NO 1º DIA DE CONSULTA DO AUXÍLIO EMERGENCIAL

 

Grupo Renda recebeu queixas desde app que não atualizava, valor menor do que o previsto até benefícios negados

Adriana Fernandes, Brasília

Na madrugada de ontem, primeiro dia para as pessoas consultarem se estão na lista dos beneficiários da nova rodada do auxílio emergencial, o celular da diretora da Renda Brasileira de Renda Básica, Paola Carvalho, não parou com mensagens de pessoas em desespero que ficaram de fora da retomada do programa.

Desde o ano passado, quando o auxílio foi criado para socorrer os brasileiros em situação de vulnerabilidade pelo impacto da pandemia da covid-19, a diretora da Rede acabou virando um canal de diálogo no Brasil todo na busca de defesa jurídica para brasileiros que tinham direito ao auxílio e não conseguiam receber o benefício, muitos deles dados como mortos.

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Falhas já eram esperadas, diz Paola Carvalho, diretora da Renda Brasileira Foto: Arquivo Pessoal

Nessa nova rodada, até aqueles que conseguiram o direito na Justiça de receber em 2020 ficaram de fora do programa. Paola recebeu mais de 600 mensagens diretas de pessoas num único dia confirmando o que a Rede, um movimento nacional que reúne entidades, professores, pesquisadores, ativistas sociais e voluntários em defesa da renda básica no País, vinha alertando e reportagem do Estadão já tinha mostrado há uma mês: a necessidade de um recadastramento para não deixar ninguém para trás que tenha direito ao novo auxílio, que varia entre R$ 150, R$ 250 e R$ 375.

Paola diz que as falhas já eram esperadas porque a dotação fixa de R$ 44 bilhões aprovada pelo Congresso para o pagamento do auxílio não é suficiente para bancar o pagamento para todos que se encaixam nas regras.

Segundo ela, pessoas elegíveis ao auxílio pelas novas regras tiveram o benefício negado. Na primeira rodada do auxílio de R$ 600, cerca de 68 milhões de pessoas foram contempladas, quantidade que caiu para menos de 55 milhões na extensão para R$ 300. No novo programa, em 2021, a previsão do governo é de atender 45,6 milhões de pessoas – até o momento foram processados 40,4 milhões.

Problemas identificados

A Rede já tem levantamento dos oito principais problemas identificados. São eles: 1) o aplicativo do Caixa Tem não atualiza; 2) quem recebeu o benefício em 2020 por uma decisão judicial foi descartado; 3) algumas mães chefes de família que receberam a cota dobrada no ano passado (R$ 1,2 mil e depois R$ 600) vão receber apenas R$ 150 agora; 4) o sistema da Dataprev não atualizou os dados para todos; 5) pessoas que não constam como canceladas em 2020, mas não receberam todas as parcelas no ano passado, foram desclassificadas em 2021; 6) algumas pessoas tiveram o benefício negado por constar como tendo emprego formal, mas não estão trabalhando; 7) beneficiários do Bolsa Família tiveram negado o direito para o recebimento do auxílio neste ano; 8) pessoas que moram em família, vão receber apenas o valor de R$ 150 que, em tese, seria apenas para quem mora sozinho.

Na segunda-feira, a Rede vai encaminhar ofício ao Ministério da Cidadania apontando os problemas e cobrando solução. Uma nova onda de judicialização já é esperada.

BOLSONARO FRITA OS MINISTROS ANTES DA DEMISSÃO

 

Presidente atingiu a marca de 23 mudanças na equipe em 27 meses no Planalto, e ex-auxiliares veem semelhanças nas dispensas

André Shalders, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA – Com a mexida no primeiro escalão promovida nesta semana, o presidente Jair Bolsonaro atinge a marca de 23 mudanças na equipe em dois anos e três meses de governo. Foram 17 demissões de ministros e seis remanejamentos. Agora, ex-auxiliares já enxergam um “padrão” nas dispensas: Bolsonaro é avesso a reformas ministeriais planejadas, não admite ser contrariado de jeito nenhum e tem por hábito deixar um auxiliar “fritando” até a pressão nas redes sociais se tornar insustentável. 

Em 27 meses de governo, Bolsonaro já fez mais trocas do que seus antecessores Dilma Rousseff (PT), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em igual período de seus respectivos mandatos. No mesmo intervalo, por exemplo, Dilma substituiu 22 ministros; Lula fez 13 mudanças e Fernando Henrique, 8. 

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O presidente Jair Bolsonaro, em Brasília; ex-auxiliares falam em ‘padrão’ para demitir  Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO

O caso mais simbólico do estilo Bolsonaro de demitir foi protagonizado pelo ex-titular da Defesa Fernando Azevedo e Silva. O general foi removido do ministério em uma reunião de menos de cinco minutos com o presidente, na tarde de segunda-feira, no Palácio do Planalto. 

“Preciso do seu cargo”, disse Bolsonaro a Azevedo. Horas depois, ele também ordenou a troca dos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, consumada no dia seguinte. Em transmissão ao vivo pelas redes sociais, anteontem, o presidente afirmou que não falaria sobre a razão da troca na cúpula das Forças Armadas. “Só nós sabemos o motivo. E morreu aqui”, comentou ele, negando que esteja atrás de alinhamento político. 

Naquela segunda-feira, o presidente não só dispensou Azevedo como fez outras cinco mudanças. Expoente da ala ideológica, o chanceler Ernesto Araújo foi substituído pelo embaixador Carlos Aberto Franco França após passar meses sob forte tiroteio, na esteira da desastrada condução da política externa, que dificultou a compra de vacinas em países como China, Índia e Estados Unidos. 

Bolsonaro também contemplou o Centrão e pôs a deputada Flávia Arruda (PL-DF) na Secretaria de Governo. Mas só fez isso após receber um ultimato do presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), que falou até na possibilidade de o Congresso aplicar “remédios amargos”, alguns deles “fatais”. 

Bolsonaro e ministeriado
Bolsonaro e Mourão em 2020, com alguns dos seus agora ex-ministros: Weintraub, Osmar Terra, Ernesto Araújo e, ao fundo, Marcelo Álvaro Antônio Foto: Gabriela Biló/Estadão (21/1/2020)

Nessa dança das cadeiras, o general Luiz Eduardo Ramos, que ocupava a pasta, foi para a Casa Civil. Entrou na vaga do general Braga Netto, transferido para a Defesa. O presidente demitiu o chefe da Advocacia-Geral da União, José Levi, porque ele se recusou a assinar uma ação que o Executivo apresentou no Supremo Tribunal Federal contra toques de recolher determinados pelos governos da Bahia, do Distrito Federal e do Rio Grande do Sul. Apesar das ponderações de que a ação não seria aceita, Bolsonaro não apenas não ouviu o ministro da AGU como depois o mandou embora. 

Dona de temperamento explosivo, Dilma também não aceitava opiniões contrárias. No primeiro ano de governo, em 2011, ela fez uma faxina que derrubou vários ministros de partidos do Centrão, indicados por Lula. A então presidente queria se contrapor ao padrinho político. “Não se faz ranking de demissões. Isso não é Roma antiga”, protestou ela, irritada com notícias sobre as dispensas em série. 

Lula, por sua vez, não gostava de demitir amigos e só o fazia depois de muita pressão. Foi assim com o então ministro da Fazenda, Antônio Palocci – que se envolveu no escândalo da quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, revelado pelo Estadão – e com o então titular das Cidades, Olívio Dutra, ambos do PT. Em 2005, na hora de dispensar Olívio, seu amigo de três décadas, para entregar o cargo ao PP em troca de apoio na Câmara, Lula até chorou. 

Quando implicava, porém, deixava o ministro em “banho maria”, sem conversa, até se irritar de vez. Em 2004, por exemplo, ele demitiu por telefone o então ministro da Educação, Cristovam Buarque, que estava em férias em Portugal. “Quero ministro para apresentar resultado, não para ficar com tese acadêmica”, esbravejou. 

No governo Bolsonaro, o então ministro da Saúde Eduardo Pazuello foi desautorizado em público. Em outubro, o presidente mandou que Pazuello cancelasse a compra de 46 milhões de doses da Coronavac, chamada por ele de “vacina chinesa do Doria”, numa referência ao governador João Doria, seu adversário político. 

Para o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, demitido da Secretaria de Governo após se indispor com o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), o o hábito do presidente de chamar a atenção de auxiliares diante dos holofotes faz parte de um “problema comportamental”. “Se você quer substituir um ministro, é só conversar. Não precisa ficar um mês em ‘show’ público”, disse Santos Cruz. “É preciso honestidade, e não esse sistema aí em que entra sempre uma milícia digital interferindo, no qual tudo vira escândalo”. 

Mandetta
O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) Foto: Divulgação/Governo SP (16/6/2020)

Ex-juiz da Lava Jato, Sérgio Moro pediu para sair do comando da Justiça em abril do ano passado, após meses levando “bola nas costas”, como definiram seus aliados, e acusou Bolsonaro de interferir na Polícia Federal. Luiz Henrique Mandetta, por sua vez, preferiu ser demitido da Saúde. 

Mandetta disse ter percebido que sua saída era iminente quando veio a público uma conversa entre o ministro da Secretaria-Geral Onyx Lorenzoni, então na Cidadania, e o deputado Osmar Terra (MDB-RS), na qual os dois falavam sobre a demissão dele. 

Naquele dia, Mandetta disse ter convidado Bolsonaro para acompanhar uma de suas entrevistas coletivas sobre covid-19. O presidente recusou, alegando que iria a uma padaria comer um sonho. Mandetta descobriu depois que era a mesma padaria, ao lado de sua casa, onde ele havia estado dias antes. “Aí eu pensei: será que esses caras estão me monitorando?”, contou. Dias depois, Mandetta caiu. / COLABORARAM VERA ROSA e IDIANA TOMAZELLI

REAPROXIMAÇÃO DE PARTIDOS AGORA NÃO É GARANTIA PARA O FUTURO

 

Caciques pregam união no apoio a um nome competitivo contra Lula e Bolsonaro, dois meses após aliança implodir na disputa da Câmara dos Deputados

Pedro Venceslau e Bruno Ribeiro, O Estado de S.Paulo

Dois meses após a vitória de Arthur Lira (PP-AL) na disputa pelo comando da Câmara dos Deputados, dirigentes do DEMPSDB MDB intensificaram as conversas sobre as eleições de 2022 e subiram o tom no discurso de oposição ao presidente Jair Bolsonaro. A relação entre os três partidos ficou abalada após a eleição para da Casa, quando Lira recebeu 302 votos e venceu Baleia Rossi (MDB-SP) no primeiro turno com apoio de deputados do DEM, que liberou a bancada, e do PSDB. 

No momento em que Bolsonaro abre espaço para o Centrão, em busca apoio para tentar se reeleger, as três legendas pregam unidade no ano que vem em torno de um nome competitivo que possa quebrar a polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Palácio do Planalto. O assunto foi tratado em um almoço na semana passada em Brasília que reuniu o presidente do PSDB, Bruno Araújo, do DEM, ACM Neto, e os líderes das duas bancadas, Rodrigo Castro (PSDB-MG) e Efraim Filho (DEM-PB). 

ACM Neto
O presidente do DEM, ACM Neto; saída de Rodrigo Maia e Rodrigo Garcia do partido são temas sensíveis na sigla Foto: Werther Santana/Estadão (18/9/2018)

Lideranças do DEM e do PSDB estiveram no centro da articulação do manifesto em defesa da democracia que reuniu seis presidenciáveis nesta semana. O movimento consolidou a percepção de que esse consórcio partidário deve estar afinado com as outras forças do chamado “polo democrático”. Esse é o nome do grupo de WhatsApp que reúne os seis signatários do manifesto, além do ex-juiz Sérgio Moro. 

“A união entre DEM, MDB e PSDB fortalece o campo democrático para as eleições de 2022 e une partidos cujas lideranças têm pensamentos muito próximos e relações profundas”, disse o governador João Doria ao Estadão

Por ora, ainda não há consenso em relação aos nomes que estão colocados à mesa: os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS), do PSDB, o apresentador Luciano Huck, e os ex-ministros Sérgio Moro e Luiz Henrique Mandetta (DEM). 

O DEM tem mantido conversas também com o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), mas o nome dele sofre resistências entre os tucanos. Os demais signatários do texto, à exceção de Ciro, já mantinham conversas reservadas bilaterais sobre a necessidade de apoiar uma alternativa eleitoral para o ano que vem. 

O manifesto marcou um pacto de não agressão entre os presidenciáveis, e é tratado como o embrião de uma possível aliança, embora eles reconheçam os obstáculos para confirmá-la. 

“Os líderes na Câmara estão procurando conversar para atuarem juntos na agenda econômica no Congresso”, disse Efraim Filho. Já Baleia Rossi, que é presidente do MDB, tem mantido conversas bilaterais sobre 2022 com ACM Neto, Mandetta, o vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (DEM), o governador João Doria (PSDB) e os deputados Arnaldo Jardim (Cidadania) e Luciano Bivar, presidente do PSL. “O MDB quer uma terceira via”, disse Baleia Rossi. 

MDB, PSDB e DEM
Baleia Rossi, João Doria, Rodrigo Maia e Rodrigo Garcia, em setembro de 2020: grupo agora busca reaproximação Foto: Reprodução

A casa do governador João Doria em São Paulo tem sido um ponto de encontro de lideranças que tentam construir uma aliança para 2022. No último sábado, 27, o tucano ofereceu um jantar a Rodrigo Garcia e Rodrigo Maia, que está de saída do DEM e planeja filiar-se ao MDB. Antes disso, foi o presidente do DEM, ACM Neto, quem esteve na casa do tucano. 

Nas duas ocasiões, Doria disse que é importante “proteger” o DEM. Dois temas são considerados delicados: a possível ida do vice-governador paulista para o PSDB, sigla pela qual disputaria a reeleição caso o tucano seja candidato à Presidência, e a ida de Maia para o MDB. Se concretizados, esses movimentos podem implodir o DEM em São Paulo e no Rio de Janeiro. 

Enquanto discutem cenários para 2022, PSDB, MDB e DEM estão alinhados nas críticas a Bolsonaro. Documento assinado pela executiva do MDB afirma que o governo “perdeu-se em falsos problemas”, como questionar as vacinas produzidas pela China. O documento também diz que a gestão Bolsonaro demonstrou uma postura “míope” nas negociações com a farmacêutica Pfizer para a compra de imunizantes, e que autoridades deram um “mau exemplo” ao não usarem máscaras. 

O PSDB também tem divulgado notas e postagens duras contra o governo. O partido destacou que Bolsonaro foi “punido por indisciplina na década de 80”, ao comentar a troca de comando nas Forças Armadas. 

O presidente do DEM, ACM Neto, passou a adotar um tom crítico a Bolsonaro. Em fevereiro, ele divulgou uma nota na qual considerou “lamentável” que seu aliado João Roma tenha aceito o convite para assumir o ministério da Cidadania. ACM Neto disse que o convite a Roma era uma tentativa do Palácio do Planalto de intimidá-lo. No entanto, foi de ACM Neto a decisão de liberar a bancada do DEM na Câmara para votar em Lira, o que levou à saída de Rodrigo Maia. O episódio pode ser um entrave para uma eventual aliança com o MDB de Baleia Rossi, derrotado na eleição.

sexta-feira, 2 de abril de 2021

QUEREM QUE A POPULAÇÃO IGNORE O PRESIDENTE NAS QUESTÕES DO CORONAVÍRUS

 

Nem se deve perder tempo corrigindo as bobagens de Bolsonaro acerca do estado de sítio e do direito de ir e vir

Notas & Informações, O Estado de S.Paulo

O Brasil chegou ao ponto em que é urgente deixar de dar ouvidos ao que diz o presidente da República. Jair Bolsonaro se tornou em si mesmo um ruído que desnorteia os brasileiros sobre como devem se comportar diante da pandemia de covid-19, que no momento mata mais de 3 mil pessoas por dia no País (ver abaixo o editorial O quadro da pandemia).

Nenhum esforço de comunicação no sentido de orientar corretamente os cidadãos a respeito das medidas de prevenção será bem-sucedido enquanto o chefe de governo continuar contrariando as mensagens das próprias autoridades federais mobilizadas contra o vírus, reunidas no chamado Comitê de Coordenação Nacional para o Enfrentamento da Pandemia de Covid-19.

Esse comitê realizou na quarta-feira passada sua primeira reunião formal. A lista de participantes mostra a importância que se pretende dar a essa iniciativa. Estavam presentes o presidente Bolsonaro, os presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, os ministros da Saúde, Marcelo Queiroga, das Comunicações, Fábio Faria, da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marcos Pontes, e da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, além de representantes do Ministério da Justiça, do Judiciário e do Ministério Público.

Pois bem. Ao final desse encontro, o deputado Arthur Lira e o senador Rodrigo Pacheco falaram com os jornalistas como se fossem os líderes de fato da iniciativa – o presidente Bolsonaro, a quem cabe formalmente a direção do grupo, já não estava no local.

Os parlamentares informaram que o comitê discutiu a centralização das ações no Ministério da Saúde e também a compra de vacinas pela iniciativa privada, além de outras medidas já aprovadas pelo Congresso. O senador Pacheco, então, enfatizou a necessidade de um “alinhamento da comunicação social do governo e da assessoria de imprensa do presidente da República no sentido de haver uma uniformização do discurso de que é necessário se vacinar, de que é necessário usar máscara e higienizar as mãos e de que é necessário o distanciamento social, de modo a prevenirmos o aumento da doença em nosso país”.

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, reforçou essa mensagem. Embora tenha se empenhado em não contrariar demais o chefe, ao dizer que é muito difícil adotar medidas mais duras de isolamento social – de resto atacadas dia e noite por Bolsonaro –, o ministro pediu que a população evitasse “aglomerações desnecessárias” no feriado e sublinhou que “é importante usar máscara, manter o isolamento”.

Quando parecia que finalmente o governo federal havia decidido parar de sabotar não só as vacinas, mas também as medidas de distanciamento e o uso de máscaras, eis que o presidente Bolsonaro, minutos depois das declarações dos integrantes do comitê, saiu de seu gabinete e, a título de falar sobre a volta do auxílio emergencial, desatou a criticar as restrições impostas por governadores para conter a pandemia.

Sem máscara, Bolsonaro declarou que “o Brasil tem que voltar a trabalhar” e disse que as determinações dos governadores “têm superado em muito até mesmo o que seria um estado de sítio”, pois envolvem “supressão do direito de ir e vir”.

Nem se deve perder tempo corrigindo as bobagens de Bolsonaro acerca do estado de sítio e do direito de ir e vir. O mais grave é a reiteração de declarações que prejudicam todo o trabalho de esclarecimento da população sobre os cuidados a serem tomados para evitar a covid-19.

Embora seja chocante, tal comportamento não surpreende. Bolsonaro só engoliu o tal comitê de enfrentamento da pandemia por pressão do Centrão, o grupo político que lhe dá sobrevida. Quando perceberam o potencial de letalidade da pandemia sobre seus projetos eleitorais, esses oportunistas trataram de enquadrar Bolsonaro, forçando-o não só a formar o comitê, com um ano de atraso, como a acelerar a vacinação. De quebra, o presidente, ao anunciar a iniciativa, há alguns dias, apareceu de máscara, para simular seriedade.

Mas nem o comitê é muito efetivo – afinal, não tem representantes de prefeitos e de governadores, que lidam diretamente com a pandemia – nem o presidente é sério. Enquanto Bolsonaro tiver poder para atrapalhar, a única comunicação eficiente, infelizmente, será a dos óbitos.

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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