domingo, 14 de março de 2021

AS CINCO FORÇAS DE PORTER NO EMPREENDEDORISMO

 

As 5 Forças de Porter: O Que São, Como Usá-las e Exemplos Práticos!

NEIL PATEL

A teoria das 5 Forças de Porter é uma das minhas favoritas sobre marketing e gestão.

O motivo é que, se bem usada, essa é uma ferramenta infalível de análise da concorrência e do cenário externo ao negócio.

Não se engane: toda empresa tem por dever conhecer bem o terreno em que pisa.

Se não levar esse desafio a sério, traz para si um problema que pode ser fatal.

Afinal, não são poucas aquelas que perdem a batalha para obstáculos como impostos, concorrentes e oscilações da economia.

Conforme dados do Sebrae, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, 25% dos negócios no país não ultrapassam o segundo ano de vida.

Você não pode controlar os fatores externos, mas pode enfrentá-los melhor.

E é disso que se trata essa teoria valiosa.

Além de ter desenvolvido uma grande ferramenta de trabalho, seu criador é considerado uma das principais referências no estudo dos fenômenos do mercado.

Todo empresário deveria, pelo menos, saber quem é Michael Porter e o que ele representa para profissionais de marketing do mundo todo.

Por isso, fica meu convite para prosseguir na leitura sobre suas ideias e como aplicá-las em seu negócio.

Quem é Michael Porter?

Nascido no estado de Michigan, Estados Unidos, em 1947, o professor Michael Porter se notabilizou desde a publicação de seu artigo “As cinco forças competitivas que moldam a estratégia”, em 1979, na Harvard Business Review.

Dá para dizer que, depois dessa obra, o mercado nunca mais seria o mesmo.

Como veremos mais à frente, a aplicação do esquema proposto pela sua teoria se tornou fundamental dentro do planejamento estratégico de empresas de todos os segmentos.

Embora não seja unanimidade, como toda teoria com base científica, o fato é que há mais casos bem-sucedidos do que fracassos em decorrência da sua implementação.

Para entender melhor, precisamos considerar aquele que é o elemento mais imprevisível para todo empreendedor: o mercado.

Então, vamos desvendar as tais 5 Forças de Porter?

O que são as 5 Forças de Porter?

As 5 Forças de Porter são um instrumento que serve para referenciar a sua empresa em um contexto de competição.

Trata-se de um modelo que leva em conta os principais aspectos que ajudam a estabelecer a sua posição no mercado.

São eles:

  1. Rivalidade existente entre os concorrentes
  2. Poder de negociação dos fornecedores
  3. Poder de negociação dos clientes
  4. Ameaça gerada pela entrada de novos concorrentes
  5. Ameaça gerada por possíveis novos produtos ou serviços.
  6.  

Dessa forma, a teoria gira em torno de uma espécie de reconhecimento do território.

Em outras palavras, é como se estivéssemos falando de uma festa.

Antes de ir, você sempre procura saber que roupa usar, como se comportar e de que forma se dirigir às pessoas que lá estarão, não é mesmo?

Mais ou menos nessa linha, a ferramenta funciona como um referencial para você saber como é o mercado no qual deseja competir.

Serve, portanto, para avaliar a força de seus concorrentes e os possíveis riscos envolvidos ao entrar na disputa por clientes em um cenário até então pouco conhecido.

Será que seu negócio está inserido em um espaço altamente disputado?

Há margem para se aproximar de parceiros e clientes?

E suas soluções, quão ameaçadas estão nesse contexto?

Essas e outras questões são abordadas pela teoria, que tem total relação com a competitividade do mercado.

O que é a competitividade do mercado?

Então, você há de concordar que não se pode ter bons resultados dependendo da sorte, certo?

É justamente essa incerteza que as 5 Forças de Porter buscam minimizar.

Por isso, elas servem como suporte para que você saiba:

  • Se o investimento nesse mercado é viável
  • As possibilidades de lucro que um mercado apresenta
  • Possíveis estratégias para superar a concorrência.

A partir dessas premissas, o eminente professor Porter sugere que o seu grau de competitividade aumenta em proporção às cinco forças avaliadas em seu esquema.

Ou seja, é por elas que você deverá orientar suas estratégias, sem deixar de considerar também suas forças e fraquezas internas, como sugere a também consagrada análise SWOT.

A importância das cinco forças de Porter

Quero destacar que essa ferramenta se destina a todo e qualquer tipo de empresa.

Da gigante transnacional até o negócio por conta própria iniciado por necessidade, todo empreendedor pode se beneficiar de sua aplicação.

Afinal, trata-se de um arranjo relativamente simples e que fornece respostas conclusivas.

Dessa forma, suas decisões enquanto gestor se tornam melhor embasadas.

Você não só antecipa riscos, como se coloca em condições de competir ou mesmo de buscar outros caminhos, se a análise revelar que o mercado em questão é inviável.

Se vê esse movimento como necessário para a empresa, saiba que não está sozinho.

Um estudo realizado pela empresa Conductor junto a profissionais de marketing apurou que 74% deles concordam que a análise competitiva é importante ou muito importante.

Por outro lado, 57% admitiram dificuldades para integrar as informações obtidas à estratégia.

Isso significa dizer que, sim, seu negócio se favorece do reconhecimento do mercado.

E também que, se há dificuldades para colocar essa ideia em prática, não é preciso tentar reinventar a roda. Por que não usar o que já existe e funciona bem?

É aí que entra a teoria das 5 Forças de Porter.

No próximo tópico, vou mostrar como ela funciona.

Como funcionam as 5 Forças de Porter?

Para aplicar o modelo proposto por Porter à sua realidade, você vai precisar de um trabalho de pesquisa.

É dessa forma que vai atender à análise de cada uma das cinco forças, o que vai determinar o quão capacitado o seu negócio está para encarar o cenário.

Embora seja livre para determinar seus limites, é fato que, quanto mais minucioso for o seu trabalho nessa fase, mais eficaz será a ferramenta.

Particularmente, vejo essa como a parte mais legal da teoria.

A partir dos pontos que ela levanta, sei por onde começar uma estratégia que me leve a uma condição diferenciada no mercado.

Isso não seria possível se eu começasse na base do improviso, sem método, sem planejamento.

Além disso, é uma oportunidade de aprender muito bem-vinda, já que a análise dos concorrentes não deixa de ser um atalho para o crescimento, como destaquei antes.

Por isso, o funcionamento das 5 Forças de Porter se baseia na formulação das perguntas certas.

Veja exemplos:

  • Como é a rivalidade entre os concorrentes? Trata-se de um mercado muito disputado?
  • Qual o poder de barganha dos clientes? Este mercado possui um público amplo ou limitado?
  • Qual o poder de barganha dos fornecedores? Há opções de qualidade e em quantidade?
  • Como frear a entrada de novos concorrentes? Que tipo de barreiras estão ao seu alcance?
  • Quais produtos podem substituir o que a empresa vende? O quão inovadora a sua solução é na comparação com o que o mercado oferece?

As respostas devem dizer exatamente o que você precisa saber sobre seu negócio e o mercado no qual está inserido.

A estratégia das cinco forças de Porter

Todo competidor representa uma ameaça a seus lucros.

Esse é um paradigma conhecido por todos os empresários.

Do trabalhador ambulante até o CEO de uma mega corporação, não há quem ignore esse fato.

Por mais que seu produto ou serviço seja inovador, em algum momento, ele será replicado ou algum concorrente entrará no mercado com uma novidade que o fará perder força.

É disso que trata a teoria das 5 Forças de Porter em sentido amplo.

Entender e prever o impacto que o mercado e os concorrentes têm e podem vir a ter sobre seu empreendimento.

Vamos agora nos aprofundar em cada uma das forças para que fique ainda mais claro para você.

Rivalidade entre concorrentes

O quesito “Rivalidade entre concorrentes” trata dos níveis de competitividade que o mercado apresenta.

Isso significa que ele pode ser mais ou menos competitivo.

Para mercados nos quais a competição é elevada, os esforços precisam ser proporcionais.

Em contrapartida, o retorno tende a ser maior se os investimentos forem direcionados de maneira correta.

Já os mercados pouco competitivos tendem a ser fáceis de entrar, mas, por sua vez, oferecem possibilidades menores de lucro.

Poder de barganha dos fornecedores

Qual o nível de dependência que seu negócio tem de fornecedores?

Será que você adquire insumos ou mercadorias para revenda com parceiros instáveis?

Esse é o foco desta segunda força de mercado.

Ao se debruçar sobre ela, você pode entender melhor o quanto seu negócio está nas mãos de terceiros.

Por isso, é altamente recomendável ter uma variedade de fornecedores e parceiros comerciais que reduzam sua dependência ao máximo.

Ter um plano B é sempre recomendável.

Ameaça de produtos substitutos

A concorrência pode não se materializar de forma direta.

Isso significa que produtos ou serviços que não sejam similares aos que você vende podem sim, tirar uma fatia do seu mercado.

Os concorrentes indiretos são aqueles que disputam o mesmo público que o seu, embora atuem em segmentos diferentes.

Quer um exemplo?

Pense em todos os produtos voltados a bebês, como papinhas, leites especiais e fraldas.

Quem fabrica fraldas deve se preocupar apenas com empresas o mesmo modelo de negócio, ignorando outras necessidades do seu público? Certamente, não.

É esse o tipo de força que deve ser identificada nesse item.

Basta olhar para o seu mercado e observar que exemplos não faltam.

Se a sua empresa vende água mineral, mas um cliente prefere matar a sede bebendo refrigerante, então, temos um caso de um bem substituindo outro.

O mesmo se aplica aos smartphones e tablets, que tomam o lugar dos computadores de mesa.

Ameaças de novos entrantes

Em tempos de revolução disruptiva, a ameaça de novos entrantes é uma das que mais ganham relevância dentro da teoria do professor Michael Porter.

No mercado de tecnologia, por exemplo, talvez as grandes empresas se preocupem mais com aquela inovação que vem de uma startup do que das que vêm das concorrentes.

Lembre-se do que o Uber fez com o segmento de táxis. Ou o que a Airbnb provocou na indústria hoteleira.

Novos entrantes que chegaram com uma proposta totalmente inovadora, para a qual as empresas que já atuavam não souberam como responder.

Pelo menos em uma etapa inicial, é o que se verifica.

Será que seu negócio está sujeito a essa ameaça?

Poder de barganha dos clientes

Há também outra força, a qual considero particularmente interessante.

O poder de negociação dos clientes diz muito sobre um mercado.

Basicamente, trata-se do conhecido ajuste entre oferta e demanda.

Quando há muitas empresas no mercado e menos clientes, a tendência aponta para um poder de decisão e de barganha maior do consumidor.

Do contrário, quando muitos clientes são atendidos por poucas empresas, então, a relação de inverte.

No seu mercado, há mais empresas para poucos clientes ou a realidade é oposta?

Uma nova força para se diferenciar da concorrência

Há ainda quem considere uma sexta força no mercado pela perspectiva de Porter, a capacidade de empresas complementares de se aliar.

Particularmente, acredito que essa é uma possibilidade que deve ser observada com a maior atenção.

Isso porque ela trata de uma das questões mais importantes do marketing: a distribuição.

É a esse tipo de aliança que a suposta sexta força se refere.

Imagine que você vende bebidas.

Se o seu concorrente fornece para dez bares de uma região e você para apenas dois, quem está melhor posicionado nesse mercado?

Ou seja, ele cuidou de fazer mais alianças do que você e isso exerce forte impacto nas vendas.

Tipos de Estratégias

A partir da análise da concorrência e do mercado, você deve ser capaz de aplicar as soluções propostas pelas 5 Forças de Porter.

Veja quais são elas.

1. Liderança total em custos

Nessa estratégia, sua empresa pode aumentar sua cota de mercado, reduzindo preços ou custos, o que provoca impactos na margem de lucro.

2. Diferenciação

Aqui, a estratégia consiste em diferenciar o produto ou serviço daquilo que o concorrente oferece, investindo em desenvolvimento e novos meios de fabricação ou prestação.

3. Foco

Aumentar o foco, no sentido estratégico, significa acertar em cheio o seu nicho de mercado, reduzindo a força dos concorrentes conforme apontam as cinco forças avaliadas.

Como aplicar as forças de Porter no seu negócio na prática?

Claro que, na teoria, é muito mais simples falar do que fazer.

O desafio mesmo é colocar em prática as soluções apresentadas depois de analisar o mercado em questão.

Por isso, o primeiro passo a ser dado é formar um planejamento que dê conta da realização das estratégias propostas.

Sua empresa decidiu que quer aumentar sua cota de mercado reduzindo os preços? Ótimo!

Mas será que você está antecipando os custos gerados por uma demanda que talvez não saiba como suprir?

Ou, ainda, seu estoque está preparado para abastecer um público que certamente chegará ávido por consumir barato?

Sendo assim, ao adotar as estratégias sugeridas, comece fazendo o dever de casa.

Planeje, antecipe possíveis problemas, mapeie os custos e observe se você realmente tem o preparo e estrutura para competir em novas condições.

3 Exemplos das 5 Forças de Porter em ação

Grandes empresas aplicam muito bem as 5 Forças de Porter e isso dá a seus gestores uma visão extremamente clara do mercado no qual estão inseridas.

O resultado é que elas dificilmente perdem espaço, a não ser em casos pontuais.

Mesmo assim, essas ameaças são a exceção que confirmam a regra.

Vale destacar que cada uma das cinco forças da teoria de Porter pode ser desmembrada em diversos outros itens que compõem uma análise aprofundada.

Todas podem ser conhecidas pela leitura da obra completa.

Agora, conheça brevemente o que três gigantes em seus segmentos identificaram com a ferramenta.

1. Coca-Cola

Pela aplicação das 5 Forças de Porter, a Coca-Cola é capaz de se situar no mercado brasileiro de forma bastante realista.

Um exemplo disso é a identificação do guaraná Dolly como um concorrente local, já que a marca tem forte penetração no estado de São Paulo.

Outro aspecto interessante é em relação aos substitutos.

Para a gigante das bebidas, hoje, produtos como o suco Del Valle, por exemplo, podem ser apontados como substitutos ao refrigerante.

2. Ambev

Já a distribuidora Ambev, ao aplicar as 5 Forças de Porter, chegou à conclusão de que a sua enorme fatia de mercado permite ditar os preços.

Ou seja, a partir do que a Ambev determina, os concorrentes devem ajustar os valores junto ao cliente final – isso se quiserem permanecer competitivos.

Talvez um ponto fraco, por incrível que pareça, esteja no poder de barganha dos consumidores.

Como a quantidade de marcas no mercado de bebidas é realmente muito grande, então, é muito fácil para um comprador substituir marcas, o que dificulta a fidelização.

3. Apple

Se Coca-Cola e Ambev navegam praticamente um “Oceano Azul”, o mesmo não se pode dizer da Apple.

A marca fundada por Steve Jobs precisa lidar com muitas forças externas que reduzem seus lucros, como a pirataria e a popularização de aparelhos com sistema Android, seu principal concorrente.

No entanto, a Apple ainda reina soberana no segmento de tablets com o seu iPad, embora já tenha perdido uma fatia expressiva desse mercado.

Conclusão

As 5 Forças de Porter são ou não uma ferramenta de grande utilidade?

Você viu neste artigo que nem mesmo empresas já consolidadas nos seus mercados deixam de recorrer a essa ferramenta para se manterem competitivas.

Faça o mesmo pelo seu negócio: não tome decisões ao sabor do acaso ou sem uma sólida base de dados.

Essas informações podem ser levantadas a partir da poderosa ferramenta que conheceu no artigo, aplicando à sua realidade.

Então, qual das forças de Porter se mostra a mais desafiadora para a sua empresa? Deixe seu comentário!

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OS AMIGOS SE BENEFICIAM DAS BENESSES DO GOVERNO

 

Para os amigos, tudo

Minas está envergonhada e é preciso esclarecer se o modus operandi que frauda a verdade se estende a outras obrigações públicas

 Vittorio Medioli – Jornal o Tempo

Nunca como agora o covid bateu tão  forte no Brasil. Mostra que entre tantas disputas políticas, midiáticas, oportunistas, desarrazoadas  faltou a necessária maturidade para unir as forças de todos, preparar a população para um enfrentamento que seria duro e cruel numa guerra declarada por um inimigo invisível que mata, desemprega e leva a miséria e a ruína.

Os debates em volta da pandemia ocorreram de forma mais contaminante que o próprio covid. Desinformação, foco no desgaste de rivais, idiotas torcendo para o pior que se refletiria em ganhos pessoais. Como diz o ditado, “já que não consigo crescer em mérito, melhor ceifar os inimigos”. Rasteiros, impostores.

 Contaminação cerebral da massa que depende de orientação e amparo, no lugar de conceder-lhe um esclarecimento e estímulo para união.

Medidas enfiadas goela abaixo, taxando de não essenciais atividades que empregam e mantêm milhões de famílias. Não essenciais para quem? Para salvar um se matam dezenas?

Não há como suportar nesse momento, depois de alguns trilhões gastos para ficar parados, como compensar as atividades paralisadas. Esse é caminho que se trilha até a falência.

 O Congresso levantou os patamares de valores das ajudas emergenciais em 2020, prevista para R$ 300, até o limite de R$ 600, sabendo-se que isso seria insuportável para os cofres públicos, sem outras medidas compensatórias, como poderia ser a diminuição de despesa do legislativo e entes que nadam na fartura.

O Brasil parece conduzido por idiotas se digladiando, sem questionar e perder prerrogativas e privilégios. Assiste-se ao combate ideologizado, com persistente presença de despreparados para tomar decisões.

O caso do secretário de saúde do estado de Minas Gerais, que na surdina aplicou para si e 827 assessores de primeiro escalão a vacina, isso “para dar o exemplo” que manteve escondido, até a casa cair.

Um “exemplo” sigiloso, como seria um existente inexistente, um metal espiritual, líquido que não molha.  Entretanto, reflete a qualidade de pessoas escolhidas para tratar de assuntos sérios, em momento de criticidade extrema. Uma figura sem conhecimento de saúde pública, de relações institucionais e, como mostrou, de ética. Se ele era incompetente, e de longe se via isso, pelos pronunciamentos sem conteúdo, disseminador de incertezas, descumpridor de obrigações.

A maior “qualidade” dele, aparentemente foi economizar através de cortes de repasses ao município dos recursos constitucionalmente e contratualmente devidos. Ultimamente fora de sintonia com a escalada do covid, negando abertura de novos leitos que agora fazem falta fatal. Montou um hospital de campanha na Gameleira que serviu para tirar fotos e jogar fora uma fortuna até ser desmontada sem receber um único paciente.  Refratário aos apelos e a realidade. Uma presença ausente, uma faca que não corta, um balde furado.

Saiu sem pedir desculpa, achando que fez correto, e quase arrastando para a cova um inteiro governo razoavelmente bem avaliado.

Os planos de vacinação e os critérios de distribuição nunca foram claros em Minas, e não poderiam com alguém que foi o primeiro a desrespeitá-los.

O Estado passou vergonha, e ainda ganhou uma CPI pelo atraso em despedir o secretário vacinado. Este episódio mostra que nem tudo pode ser novo, tem que ter experiência, conhecimento e capacidade de enfrentamento de realidades complexas. Para o governador ter recusado a vacina não é suficiente para deixá-lo ao reparo de crítica pela permanência do secretário depois da proposta, ou, ao menos, de medidas que contivessem o que consumou.

Minas teve um desempenho razoável na pandemia em comparação a outros estados, se deve mais às situações morfológicas, de distribuição demográfica e costumes de sua população, mais que as confusões do ex-secretário. Boas atuações de prefeitos que vivendo próximos da população captaram mais corretamente as necessidades para prevenir e organizar.  

A salvação nessa altura seria vacinar em massa, mas nem isso a secretaria de saúde do Estado se preocupou com seriedade, ficando sentada e vacinada em seu castelo de marfim que ruiu pela sua trágica incompetência.

O desabafo de indignação do presidente da Assembleia, deputado Agostinho Patrus contra o secretário de saúde é um episódio único, até então desconhecido na história do legislativo e do próprio Estado. Uma erupção, até tardia, contra o tratamento sórdido dado aos municípios lesados pelos não repasses de recursos, distribuídos como vacinas, tudo para os amigos.   

Esse episódio mancha o governo do Estado, e muitos dos que neles se encontram.  

LULA CONTINUA COM A MESMA FICHA SUJA

 

A mesma ficha

A extravagante decisão do ministro Fachin não inocentou Lula de coisa nenhuma

J. R. Guzzo, O Estado de S.Paulo

Estado de S. Paulo num editorial recente, resume com notável exatidão tudo o que é realmente preciso dizer sobre o golpe judicial que anulou, de uma vez só, as quatro ações penais envolvendo o ex-presidente Lula, inclusive a sua condenação em três instâncias pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro: “A ficha moral de Lula é suja”. O STF pode até zerar o prontuário criminal que proíbe a candidatura de Lula à Presidência da República. Mas “para todos os efeitos – morais e políticos”, diz o Estadão, o chefe do PT “terá seu nome indelevelmente vinculado a múltiplos escândalos de corrupção, que nenhuma chicana será capaz de apagar”. Como achar outra coisa? Não há como.

De fato, a extravagante decisão do ministro Edson Fachin, algo jamais registrado nos 130 anos de história republicana do STF, não inocentou Lula de coisa nenhuma; ele diz, é claro, que reconheceram a sua “inocência”, mas isso é só mais uma bobagem sem nenhum contato com a realidade. Tudo o que Fachin disse, numa descoberta que levou cinco anos para fazer, é que Lula não deveria ter sido julgado em Curitiba e sim em Brasília. O que interessa, segundo o ministro, não é se houve crime, mas onde o crime foi praticado – se foi aqui vale, se foi ali não vale. “É como se o juiz resolvesse marcar no final do segundo tempo um pênalti supostamente cometido no primeiro”, diz o editorial.

Lula
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em discurso nesta quarta-feira. Foto: Amanda Perobelli/Reuters

O STF pode decidir o que quiser – pode declarar que Lula é o presidente vitalício do Brasil, ou mandar a Polícia Federal prender o triângulo escaleno. Mas nada vai apagar o fato de que Lula comandou o governo mais corrupto que o Brasil já teve desde 1500. Foi o governo em que reinou o empreiteiro Marcelo Odebrecht, réu confesso de crimes que o tornaram um dos maiores corruptores do planeta. Foi o governo do ex-ministro Antonio Palocci, que, além de confessar tudo, delatou até os Doze Apóstolos. Foi o governo em que brilhou o ex-governador e aliado íntimo Sérgio Cabral, condenado a mais de 300 anos de cadeia por ladroagem – e por aí vamos. 

Lula diz, o tempo todo, que é uma “vítima pessoal” de Sérgio Moro. É um disparate. Ele foi julgado e condenado por nove juízes independentes uns dos outros, em três instâncias diferentes, num processo que não tem mais para onde ir. Todos disseram que as provas dos crimes são suficientes; não há mais o que provar. A ficha continua suja.

Os cidadãos de São Paulo estão proibidos de praticar seus cultos religiosos. As crianças não podem ir à escola. É proibido estar na rua depois das oito horas da noite. É obrigatório trabalhar em casa, com um computador, para quem exerce a sua profissão em escritórios. É proibido andar num parque público e ir à praia. É obrigatório alimentar-se por sistemas de entrega a domicílio, ou retirar sua comida à porta de quem a serve – e isso só durante o dia, porque à noite não pode nada. É proibido entrar numa loja para comprar um fio elétrico, uma panela ou uma peça de roupa – e por aí vai, até onde o Estado consegue proibir e obrigar. As autoridades fracassaram no combate à pandemia: depois de tudo o que fizeram durante um ano inteiro, nunca houve tantas infecções e mortes como agora. 

Sua resposta está sendo o mais devastador ataque aos direitos individuais, às liberdades públicas e ao império da lei que o Brasil já conheceu em toda a sua história – incluindo os piores períodos de ditadura explícita. Com a aprovação e a cumplicidade integrais do sistema judiciário, os comitês de médicos-burocratas que hoje governam o País em nome das autoridades legais só têm estímulo para agredirem cada vez mais a democracia.

*JORNALISTA

BOLSONARO VIRA AGORA CAPITÃO GOTINHA

 

Bolsonaro, agora ‘Capitão Gotinha’, muda a retórica, assume as vacinas e vai abrir as torneiras

O Brasil vai assistir a uma guerra do populismo de esquerda contra o populismo de direita, com Lula ressentido e disposto a tudo e Bolsonaro cada vez mais sem escrúpulos, massacrando os fatos

Eliane Cantanhêde, O Estado de S.Paulo

À deriva, à mercê do coronavírus e exportando novas cepas para o mundo, o Brasil vai assistir – e sofrer – uma guerra do populismo de esquerda contra o populismo de direita, com o camarada Lula ressentido e disposto a tudo e o capitão Jair Bolsonaro cada vez mais sem escrúpulos, massacrando os fatos. Acaba de surgir o “Capitão Gotinha”, o maior defensor da vacina no planeta. Acredita quem quer. E o pior é que tantos acreditam em qualquer coisa.

Os dois lados estão armados até os dentes e só nos resta torcer para que a imagem de retórica não vire realidade na era de um presidente com delírios autoritários e fetiche por armas. Depois de papai Jair combater incansavelmente as vacinas, a família presidencial assume um slogan oposto: “Nossa arma agora é vacina”. Mas deixaram rastro, fantasiando o doce Zé Gotinha de miliciano, com um fuzil em forma de seringa. Argh!https://platform.twitter.com/embed/Tweet.html?dnt=false&embedId=twitter-widget-0&frame=false&hideCard=false&hideThread=false&id=1370485501145284609&lang=pt&origin=https%3A%2F%2Fpolitica.estadao.com.br%2Fnoticias%2Fgeral%2Cbolsonaro-agora-capitao-gotinha-muda-a-retorica-assume-as-vacinas-e-vai-abrir-as-torneiras%2C70003646955&siteScreenName=Estadao&theme=light&widgetsVersion=e1ffbdb%3A1614796141937&width=550px

E a deputada Carla Zambelli (PSL-SP)? Ao assumir a emblemática Comissão de Meio Ambiente da Câmara, a bolsonarista posou para o Estadão com cara de brava e… uma pistola 380. Não, não é contra desmatadores, traficantes, invasores de terras indígenas e criminosos em geral. Seus alvos são as ONGs!

Tudo isso num ambiente contaminado pelos recados velados e ameaças explícitas de Bolsonaro após a entrada de Lula no campo de batalha. Nervoso, o presidente deu um salto triplo carpado a favor das vacinas e atacou, além de Lula, governadores inimigos, como João Doria (SP), e amigos, com Ibaneis Rocha (DF). E acenou com insurreição, saques em supermercados… Eu, hein?! É convocação? Guerra civil?

Lula calibrou milimetricamente o confronto com Bolsonaro e a bandeira branca para o resto, enquanto Bolsonaro perdeu as estribeiras. Mas, afora táticas e estratégias, a polarização vai mostrar o quanto os extremos se aproximam, se parecem e se alimentam mutuamente, inclusive com métodos semelhantes de destruição de adversários, tratados como inimigos, e causas surpreendentemente comuns, camufladas pela ideologia.

JAIR BOLSONARO
Presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia para sanção dos projetos de lei que ampliam a aquisição de vacinas Foto: MARCELO CAMARGO/AG. BRASIL

PT e Bolsonaro, unha e carne no cerco a Sérgio Moro e à Lava Jato, trabalharam pelo mesmo candidato à presidência do Senado e estavam muito mais próximos na disputa na Câmara do que parecia à luz do dia. Agora, esquartejam a Lei das Improbidades – não para proteger os probos. Na campanha, sítio, triplex, rachadinhas e mansões milionárias farão a festa em palanques e na internet. Pior para Lula, que carrega os fardos do mensalão e do petrolão.

Na economia, PT e bolsonarismo caminham de mãos dadas no “nacionalismo” anacrônico, estatizante e corporativista. As corporações petistas estão na educação, cultura, ambientalismo, sindicatos. As bolsonaristas são mais “hard”: militares, policiais, reinos universais, quartéis e cultos. (Lula, lembre-se, jamais teve arroubos contra a democracia, ao contrário de seu oponente, com esse exército.)

Os dois lados douram a pílula para atrair o capital, mas gostam mesmo da boa e velha mão pesada em Petrobrás, BNDES, BB, Caixa, Eletrobrás e Correios. Nada como manipular preços politicamente, alardear a “função social” das estatais e ter o Centrão a bordo. Mas, quando entra o “social”, a balança pesa a favor de Lula. Além de correr desesperado atrás de vacinas, Bolsonaro será obrigado a mudar a retórica, acampar no Nordeste e abrir as torneiras.

Se o centro é uma incógnita, o Centrão (ou direitão) é fácil. Quem está com Bolsonaro e já esteve com Fernando Henrique, Lula, Dilma e Temer irá para onde os ventos soprarem. Como define um expert em Centrão, eles são garçons diligentes e cuidam bem da louça suja, não estão nem aí se o menu é comida chinesa ou pizza napolitana. Querem boa remuneração e nacos de poder, que Lula, Bolsonaro e centro dão de bandeja. Quem dá mais?

*COMENTARISTA DA RÁDIO ELDORADO, DA RÁDIO JORNAL (PE) E DO TELEJORNAL GLOBONEWS EM PAUTA

VACINAÇÃO COMEÇA A FAZER EFEITO POSITIVO EM IDOSOS

 

Internações de idosos com 90 anos ou mais caem 20% após início da vacinação

Queda ocorre na contramão do aumento de hospitalizações pela covid no País; faixa etária de 30 a 39 anos teve alta de 50%. Especialistas afirmam que ainda é cedo para atribuir mudança só à imunização, mas reconhecem que podem ser os primeiros resultados da campanha

Fabiana Cambricoli, O Estado de S.Paulo

O número de novas internações de idosos com 90 anos ou mais por covid caiu 20% após pouco mais de um mês do início da campanha de vacinação, o que contrasta com a alta de 10% no número geral de hospitalizações pela doença observada no mesmo período no País. Na faixa etária dos 30 aos 39 anos, o aumento foi de 50%. Os dados indicam que a imunização dos grupos mais vulneráveis, iniciada em 18 de janeiro, pode já estar causando impacto positivo na evolução da pandemia nessa população e reforçam a necessidade de aceleração da campanha.

Os índices foram calculados pelo Estadão com base nos dados do Sivep-Gripe, sistema do Ministério da Saúde que traz os dados sobre internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag). Selecionando só os registros com confirmação para covid por faixa etária, a reportagem verificou que o número de novas hospitalizações de pessoas com 90 anos ou mais caiu de 528 na última semana epidemiológica (SE) de janeiro – primeira após o início da campanha – para 425 na última SE de fevereiro, quando o programa de imunização completava cinco semanas.

Se considerado todo o grupo de idosos, ou seja, brasileiros com 60 anos ou mais, também houve uma queda nas internações, ainda que tímida: 2,7% (de 9.327 para 9.073 casos entre as semanas analisadas). Já o número de novas internações por covid em todas as faixas etárias subiu de 16.699 para 18.347 (alta de 10%). Entre a população de 30 a 39 anos, na qual foi registrado o maior aumento porcentual (50%), as novas internações passaram de 1.292 para 1.767 no intervalo analisado.

Vacina
Proteção. Cerca de 43,4 mil idosos tomaram 1ª dose da vacina em janeiro; reclusão dos mais velhos em casa também pode explicar redução de internações Foto: Taba Benedicto/Estadão

A análise foi feita até a última semana epidemiológica de fevereiro (SE 8) porque a notificação dos casos no sistema federal costuma demorar dias ou semanas, o que faz os dados mais recentes, de março, estarem incompletos ou defasados. Por essa razão, o Estadão também decidiu não analisar os dados de óbitos por faixa etária, pois como a morte costuma ocorrer semanas após a infecção, os dados do final de fevereiro provavelmente seriam referentes a infecções prévias à vacina.

A campanha de imunização no País teve início em 18 de janeiro com a vacinação de profissionais de saúde, indígenas e idosos que vivem em instituições de longa permanência. No começo de fevereiro, a maioria dos Estados ampliou a campanha para qualquer idoso a partir de 90 anos.

Especialistas dizem que ainda é cedo para atribuir a redução somente à vacinação, principalmente pelo fato de as vacinas precisarem de três a seis semanas, dependendo do imunizante, para conferir proteção. Mas admitem que os primeiros resultados da campanha podem já estar aparecendo. “Uma diminuição de 20% nas hospitalizações já é um número que nos anima, em especial em um grupo que a gente sabe ser muito vulnerável. Esse dado, ainda que preliminar, confirma estudos de efetividade feitos em países com vacinação mais acelerada e que viram quedas nas mortes e hospitalizações. São resultados da vida real que mostram que a vacina funciona”, diz Juarez Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

Ele se refere a análises feitas na Europa com os resultados de efetividade da aplicação em massa dos imunizantes da Pfizer/BioNTech e Oxford/AstraZeneca, esta última disponível em Brasil. Cunha explica que, embora ainda não tenhamos estudos do tipo para a Coronavac, é comum que imunizantes com mais de uma dose já comecem a provocar alguma resposta imune mesmo antes de concluído o esquema vacinal. “Em todas as vacinas que têm esquema de mais de uma dose, a imunidade vai num crescente a partir da primeira e chega ao índice máximo, aquele visto no estudo clínico, depois da conclusão de todas as doses.”

Segundo estudos, a vacina Covishield, desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a AstraZeneca, tem eficácia de 76% após três semanas da aplicação da primeira dose. Já a Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan, alcança a eficácia ideal duas semanas após a segunda dose (o tempo total entre a primeira dose e a proteção varia de 5 a 6 semanas, dependendo do intervalo entre as duas doses). Isso não quer dizer, como explicou Cunha, que antes disso não haja nenhuma proteção, mas esses dados ainda não estão disponíveis.

Pesquisador em saúde pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Leonardo Bastos pondera que, embora os dados possam já demonstrar uma tendência de queda nas hospitalizações de indivíduos dos grupos vacinados, o comportamento dos mais jovens também pode explicar por que as hospitalizações caem entre idosos e sobem em outras faixas etárias. “Os idosos ainda parecem estar mais reclusos do que os mais jovens, que estão se expondo mais ao risco. Há também as novas variantes, cujo papel ainda não sabemos. Pode já ter um efeito da vacina (na queda das hospitalizações entre idosos), mas acredito que ele seja pequeno”, opina o especialista.

Para Juarez Cunha, a aceleração da vacinação é imprescindível não só para salvar vidas, mas também para reduzir a pressão sobre o sistema de saúde em momentos críticos como o atual. “Mesmo que seja uma redução de 10% de internações de idosos, já alivia a demanda”, diz.https://arte.estadao.com.br/uva/?id=zM61Oy

Vacinados

De acordo com análise feita pelo Estadão a partir dos microdados de vacinação do Ministério da Saúde existentes no portal de dados abertos Brasil.io, cerca de 43,4 mil idosos com 90 anos ou mais (institucionalizados ou não) tomaram a primeira dose da vacina ainda em janeiro, o que poderia já significar algum nível de proteção no fim de fevereiro. Desse total, 23,5 mil receberam a Coronavac e outros 19,9 mil, a Covishield. Até a última quinta-feira, dia 10, 583 mil idosos dessa faixa etária haviam sido vacinados, dos quais 262 mil já receberam também a segunda dose.

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