Para os EUA, descontrole da pandemia no Brasil e variante ameaçam o mundo
Autoridades da saúde e do governo americano estão em estado de alerta e afirmam que nenhum país estará seguro enquanto a disseminação do coronavírus continuar a crescer, pelo risco de surgirem novas variantes, mais transmissíveis e também agressivas
Beatriz Bulla* e Giovana Girardi, *Correspondente em Washington
Uma ameaça para o mundo. É assim que a imprensa americana retrata a atual situação da pandemia de coronavírus no Brasil, ecoando a preocupação de cientistas, autoridades da área de saúde e do governo americano sobre os efeitos do descontrole da propagação de uma nova variante do Sars-CoV-2 no País.
País tem falta de ações nacionais e baixa adesão a medidas restritivas: bloqueio a brasileiros deve se intensificar para barrar variante Foto: Felipe Rau/Estadão
Nos EUA, a população já discute quando a vida poderá voltar ao normal, diante da aceleração do ritmo de vacinação e da indicação de que até o fim de maio o país terá doses de imunizante para todos. Depois de um ano como epicentro da pandemia, os EUA agora veem uma luz no fim do túnel e a ameaça do lado de fora. Mais especificamente no Brasil.
“Há uma sensação de alarme sobre a natureza não controlada da pandemia no Brasil e o ritmo lento da vacinação – especialmente agora que o Brasil é a fonte de uma nova e preocupante variante da covid-19”, afirma Anya Prusia, do Brazil Institute do Centro de Estudos Wilson Center, em Washington. “A atenção aqui está voltada para a disseminação dessa cepa mais contagiosa, a P.1, que se originou em Manaus.”
Os primeiros dois casos da variante P.1 foram registrados nos EUA em janeiro, horas depois de o presidente Joe Biden revogar uma decisão de Donald Trump e recolocar a restrição de viagens do Brasil aos EUA.
Duas pessoas que estiveram no Brasil foram diagnosticadas com a nova cepa em Minnesota. Até agora, os EUA registraram 13 casos da mutação, em ao menos sete Estados. Mas ainda não há transmissão comunitária, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Mas não foi a chegada nos EUA da cepa de Manaus que alarmou os americanos e sim a recente situação da pandemia no Brasil, que tem batido recorde de mortes. “Enquanto a pandemia continuar a crescer, ninguém estará a salvo”, disse o porta-voz do Departamento de Estado americano, Ned Price, em coletiva de imprensa.
Em pronunciamentos e entrevistas recentes, o principal infectologista do governo americano, Anthony Fauci, tem ressaltado que a cepa P.1 está associada a uma maior transmissibilidade e à preocupação de que a mutação possa interromper a imunidade induzida naturalmente e pela vacina.
Há cerca de um mês, Fauci afirmou que isso preocupa os americanos, que não devem derrubar tão cedo o bloqueio de passageiros que estiveram no Brasil. Nesta semana, ele voltou ao tema. “O Brasil está numa situação muito difícil. A melhor coisa é vacinar o maior número de pessoas o mais rápido possível”, disse Fauci, que chegou a dizer que os EUA poderiam ajudar os brasileiros.
O ritmo de vacinação nacional, porém, não anima. O Washington Post descreveu a vacinação brasileira como um processo de “escassez e atrasos”, enquanto o The New York Times reporta uma vacinação lenta e sem sinalização de melhora.
“O país atingiu o pior momento. Surgiram variantes que parecem mais mortais para pessoas saudáveis, e os cientistas documentaram coinfecção por múltiplas variantes”, escreveu Kevin Ivers, vice-presidente da consultoria americana DCI Group, em relatório. “A preocupação é que a disseminação acelere essas coinfecções no Brasil e leve a uma explosão de novas variantes mais agressivas.”
A situação brasileira foi definida pelo Washington Post, no dia 4, como “terreno fértil” para outras variantes. O risco foi mencionado também por cientistas, como Bill Hanage, epidemiologista da Faculdade de Saúde Pública da Universidade Harvard (leia a entrevista aqui).
Nas redes sociais, o também epidemiologista e economista da área da saúde Eric Feigl-Ding, membro da Federação de Cientistas Americanos, postou que o Brasil precisa da ajuda de líderes estrangeiros. “A epidemia descontrolada do Brasil será uma ameaça ao mundo, mas ainda não é muito tarde”, disse ao Estadão. “Mas é preciso ter sequenciamento genético, controle de fronteiras, quarentenas e testagem em massa.”
Para a epidemiologista brasileira Denise Garrett, vice-presidente do Sabin Vaccine Institute, com base em Washington, se o Brasil não for capaz de controlar a situação, os bloqueios de viajantes devem se intensificar.
O neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, pesquisador da Universidade Duke, que nos últimos dias ganhou espaço em jornais estrangeiros pedindo uma pressão de outras nações sobre o Brasil, chama a atenção para a “geopolítica da pandemia”. “É a diplomacia do século 21. Já tem países trocando mercadorias por vacinas”, afirmou. “Se o fluxo ficar desimpedido, a doença desse país vai migrar para os outros.”
Falta de liderança
Na imprensa e entre analistas americanos, Jair Bolsonaro é o presidente que propaga desinformação, é cético sobre a vacina e está em choque com governadores. “Como aconteceu com Trump, o vácuo de liderança de Bolsonaro deu ao vírus abertura para se espalhar”, disse o Washington Post. Um dia antes, o The New York Times colocou a preocupação com o Brasil em sua capa.
A crise no País já chamou a atenção no ano passado, com as imagens de cemitérios lotados em Manaus e São Paulo. Desta vez, a preocupação é diferente, porque o que acontece no Brasil, segundo os americanos, pode colocar em xeque os avanços do resto do mundo.
Seis mulheres inspiradoras contam suas histórias de força e superação na pandemia
No Dia Internacional da Mulher, o Estadão conta histórias de quem passou por transformações recentes. Dentro de casa ou no trabalho, com os seus ou distante da família
Priscila Mengue, O Estado de S.Paulo
A gente acorda uma pessoa diferente todo dia, ainda mais quando se vive uma pandemia. Acontecimentos positivos, conquistas e desafios tomaram outra forma. Em uma data como a de hoje, Dia Internacional da Mulher, criada décadas atrás para reivindicar equidade de gênero, o Estadão conta histórias de quem passou por transformações recentes. Dentro de casa ou no trabalho, com os seus ou distante da família.
Entre essas mulheres, a que primeiro viveu as consequências da covid-19 foi Rafaela da Rosa Ribeiro, de 33 anos. Em Milão, onde estudava o zika, a pesquisadora de pós-doutorado viu a Itália colapsar em fevereiro. “Achava que iria durar pouco, que uns dias de lockdown resolveriam. Mas foi tomando a proporção que tomou.”
Rafaela viu a pandemia levar a Itália ao colapso e passou a estudar também o novo coronavírus Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO
Nos meses seguintes, ela passou a relatar o que ocorria a amigos, colegas de profissão e hospitais fora dos grandes eixos brasileiros, como um alerta do que poderia ocorrer. “Dei muita palestra, aula, entrevista”, recorda-se. “Quando lembro, vejo que foi difícil, que aquilo transforma, faz a gente repensar bastante coisa.”
Rafaela retornou ao Hospital Albert Einstein em agosto, onde seguiu com a pesquisa sobre tratamento para zika em gestantes. Em breve, continuará o estudo em uma universidade paulista. Rafaela conta que demorou para perceber diferenças de gênero em sua área, mas acredita que o último ano explicitou o protagonismo de cientistas como Margareth Dalcolmo, Ester Sabino e Jaqueline Goes. “Há uma visão maior da sociedade para as mulheres que fazem ciência”, acredita.
Na mesma época que Rafaela estava em Milão, a consultora em sustentabilidade Gabriela Mekari, de 36, vivia os últimos meses da gestação de Teresa. A covid-19 trouxe receio desde o início, mas o temor de contaminação aumentou quando ela entrou no hospital para ter a bebê, em maio.
Gabriela utilizou máscara durante grande parte do parto, mas chegou um momento que não conseguia mais. “No ápice, fiquei sem pensar na pandemia. Mas depois voltei a ficar preocupada em usar máscara e a passar álcool em todos os objetos que as pessoas traziam.”
Nadia e o desafio de ser líder em home office Foto: WERTHER SANTANA/ESTAD?O
Já em casa, Gabriela contou com o suporte do marido e dos pais, que estavam em home office. “Foi louco viver a maternidade na pandemia”, conta. “Uma coisa que impactou foi a impossibilidade de dividir a felicidade com a família toda, com os amigos. Pessoas próximas que só conheceram (a bebê) pelas redes sociais.”
Sócia em uma empresa, ela decidiu voltar ao trabalho em regime de meio período. Por isso e por ter a família presente, diz ter percebido como é privilegiada. “A maior parte das pessoas não tem essas possibilidades, a força tem de ser muito maior. Mudou toda a minha visão como mulher, como mãe.”
A consultora de comunicação Vivian Lopes, de 38, também passou por grandes mudanças na vida pessoal na pandemia. Insatisfeita com o estilo de vida que levava morando no Rio e, depois, em Niterói, ela e o marido Denis Barbosa, de 42, discutiam há tempos a possibilidade de voltar para a região de Campinas, onde seus pais vivem. “Foi uma decisão para buscar paz. Não conseguia me acostumar com tiroteio, camburão, operação policial.”
Após meses, eles encontraram o que procuravam em Vinhedo. Vivian, o marido e os filhos, Henrique, de 8, e Gabriela, de 12, vivem desde outubro em uma casa em um condomínio. “Vejo que a mudança foi no momento certo.”
Liderança
Na pandemia, mulheres se destacaram também pelo pioneirismo e pela liderança em ações de impacto social. É o caso da chef Telma Shiraishi, de 50. Assim que a quarentena começou, ela se viu com a despensa cheia de comida em dois restaurantes, ao mesmo tempo em que notava pessoas passando dificuldade nas ruas. Com a ajuda de parceiros e voluntários, surgia ali o Movimento Água no Feijão.
O grupo chegou a fazer até 400 marmitas por dia no restaurante que ela mantém na Japan House. “Um dos conceitos japoneses mais fortes é o do ‘mottainai’, que é o horror ao desperdício, principalmente de alimentos”, comenta Telma, que é neta de japoneses.
Depois, com a retomada paulatina nos meses seguintes e o investimento no delivery, não havia mais espaço nas cozinhas. As operações do movimento mudaram, então, para um espaço cedido em Heliópolis, no qual hoje a produção é feita por cozinheiras locais. “Em 2021, a gente quis evoluir um pouco, ampliar as frentes e impactar outras comunidades.”
Aos 68 anos, a arquiteta, urbanista e professora universitária Nadia Somekh também se viu em meio a mudanças na pandemia. A rotina de viagens e aulas deu lugar a cerca de dez horas em frente a telas. Um cotidiano diferente do que tiveram seus antecessores – todos homens – na presidência do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/BR), posto que assumiu há menos de dois meses. “Estou fazendo a gestão de 120 funcionários de forma remota. A sede, em Brasília, está fechada. Mas conseguimos nos reinventar”, afirma. Os recursos que estão sendo economizados com o home office, diz ela, podem ser investidos em melhorias de moradias, por exemplo. Um trabalho feito por meio de assessoria técnica prestada a gestores públicos e a ONGs.
Conselheira federal desde 2017, Nadia diz que embora a profissão tenha maioria feminina, as arquitetas enfrentam dificuldades para atingir projeção. “Quando falei de gênero pela primeira vez, um conselheiro disse que não tinha importância. Agora, queremos incluir a perspectiva de raça.”
Mais próxima
A neurocientista e biomédica Mellanie Fontes Dutra, de 28, encabeçou no início da pandemia a criação da Rede Análise Covid-19, coletivo multidisciplinar que reúne hoje cerca de 150 pesquisadores para analisar e coleta de dados sobre a doença. “É uma forma de fazer conscientização e levar informações de forma mais acessível para as pessoas”, conta.
Antes mais voltada à divulgação científica em eventos presenciais, Mellanie passou a atuar de forma bem ativa nas redes sociais, com uma linguagem mais despojada, referências a memes e imagens que chamam a atenção.
A neurocientista segue com objetivos na área de estudo a que se dedica há anos, pesquisando e escrevendo sobre autismo. Mas percebe que a pandemia trouxe outros interesses, especialmente em virologia e imunologia. “Penso em expandir, começar a estudar coisas que complementam.”
Quais são as mudanças no mercado brasileiro para 2021
As mudanças no mercado brasileiro para 2021 têm tudo a ver com a pandemia. As transformações que o coronavírus causou no dia a dia das pessoas e nos hábitos de consumo ainda vão nos acompanhar por muito tempo. Então, vamos analisar agora como o mercado deve se comportar neste ano.
Se a transformação digital ainda estava distante para a sua empresa, a pandemia do coronavírus certamente acelerou seus planos. Durante 2020, as empresas que não se adaptaram às mudanças no mercado brasileiro ficaram para trás…
Nesse pensamento e necessidade de você fazer na sua empresa uma inclusão digital nos seus negócios, entra a Startup Valeon um marketplace que tem um Plataforma Comercial digital que vai te auxiliar muito nessa transformação.
Oferecer serviços de Tecnologia da Informação com agilidade, comprometimento e baixo custo, agregando valor e inovação ao negócio de nossos clientes, respeitando a sociedade e o meio ambiente.
A covid-19 fez as pessoas ficarem em casa e as empresas irem para a internet. Diante da necessidade de distanciamento social, o mercado também se transformou: as prioridades de consumo mudaram, as preocupações mudaram, as economias mudaram, as relações de poder mudaram.
Definitivamente, 2020 foi um ano de mudanças, que não vão ser esquecidas tão cedo. Elas ainda vão repercutir no mercado brasileiro ao longo de 2021 e até depois.
Por isso, vamos falar agora sobre as mudanças que devem marcar o ano de 2021 no Brasil, a partir do que a pandemia nos trouxe. Acompanhe agora uma retrospectiva de 2020 e as principais mudanças no mercado brasileiro que esperamos para este ano:
O que 2020 trouxe de mudanças para o mercado brasileiro?
Não há como falar do ano de 2020 sem falar de como a pandemia do coronavírus transformou a vida das pessoas de uma hora para outra.
Tivemos que aprender a trabalhar de casa, com os latidos do cachorro e as obras do vizinho. Tivemos que aprender a usar máscaras para frear o contágio do coronavírus. Tivemos que procurar novas formas de entretenimento, já que encontros com amigos, festas e viagens ficaram suspensos. Tivemos que lidar com as preocupações, a crise econômica, as disputas políticas e outras questões que desafiaram a nossa saúde mental.
Esse cenário complexo, é claro, também provocou mudanças no mercado brasileiro. Alguns negócios fecharam as portas em definitivo, porque não suportaram o peso da crise e da retração do consumo. Conforme o IBGE, 4 em cada 10 empresas que fecharam em 2020 relataram que o motivo foi a pandemia de covid-19.
Já outras empresas conseguiram sobreviver, com adaptações aos seus processos. E, diante do isolamento social e da suspensão das atividades presenciais, as empresas tiveram que correr para a internet.
Quem não tinha e-commerce adaptou seus canais para a web procurando marketplaces como o da Valeon. Quem já tinha e-commerce viu as vendas online explodirem — dependendo, é claro, do nicho de mercado, já que alguns setores tiveram perdas.
Um relatório sobre comportamento do consumidor em 2020 mostrou que foram mais de 20 milhões de novos compradores online no Brasil. Isso representa 47% de todas as pessoas que compraram pela internet no ano. Com essa migração para o ambiente online, o marketing em 2020 também foi essencialmente digital.
E, para muitas empresas, tudo isso teve que ser feito da noite para o dia. Se a velocidade das transformações no mundo já estava acelerada nos últimos anos, 2020 foi um propulsor. As empresas tiveram que ser ainda mais ágeis para se adaptar a cenários que mudavam a cada dia.
Mas, passada a primeira onda da pandemia no Brasil, o cenário mudou um pouco. Já cansados da quarentena, muitos brasileiros deixaram o “fica em casa” de lado e foram aos bares, restaurantes, festas e encontros, muitas vezes sem qualquer atenção aos protocolos de saúde. Esse comportamento, embora temerário, aqueceu o mercado e retomou alguns hábitos de consumo.
No gráfico abaixo, você pode ver como a percepção dos impactos da pandemia mudou na metade do ano. O efeito negativo foi se dissipando, e muitas empresas perceberam um pequeno impacto ou até um efeito positivo sobre os seus negócios.
Mas 2020 não foi só ano de pandemia. Não bastasse a preocupação com o vírus, inúmeros acontecimentos políticos entraram nas rodas de conversa virtuais e foram motivo de discussões e dores de cabeça para os brasileiros. Ao longo do ano, o clima político no Brasil só se acirrou e criou instabilidades para o cenário econômico que já era desastroso.
Mas as palavras “I can’t breathe” também não podem ficar de fora de uma retrospectiva de 2020. O assassinato de um homem negro, George Floyd, por um policial branco nos Estados Unidos motivou manifestações antirracistas no mundo inteiro. No Brasil, a discussão se ampliou com outros casos, como o assassinato também de um homem negro, João Alberto, por seguranças do Carrefour.
Esses casos motivaram reflexões sobre práticas que precisam mudar — não só no dia a dia das pessoas, mas também das marcas. As empresas já não podem mais ficar alheias a esses debates, que envolvem o racismo, mas também o machismo, a violência de gênero e qualquer tipo de discriminação e opressão, além de preocupações sociais e ambientais.
Então, quando falamos da necessidade de transformação digital imposta pela pandemia, não nos referimos apenas ao uso de ferramentas como redes sociais ou e-commerce e marketplaces.. A transformação digital é uma mudança profunda de cultura para colocar as empresas na era digital.
Nessa era digital, as empresas precisam aprender a lidar com a agilidade das mudanças, com o ativismo nas redes, com o engajamento dos consumidores nos problemas sociais, com novas formas de trabalho. E tudo isso é permeado pela tecnologia. Essa é a transformação digital que as empresas devem absorver e a Startup Valeon é uma empresa nacional, desenvolvedora de soluções de Tecnologia da informação com foco em divulgação empresarial. Atua no mercado corporativo desde 2019 atendendo as necessidades das empresas que demandam serviços de alta qualidade, ganhos comerciais e que precisam da Tecnologia da informação como vantagem competitiva.
Quais são as principais mudanças no mercado brasileiro para 2021?
Mudanças tão profundas e complexas na vida dos brasileiros não vão ser esquecidas. A pandemia transformou hábitos, comportamentos, relações e opiniões. Nas empresas, transformou processos, ferramentas e modelos de trabalho.
Muitas dessas transformações já estão absorvidas. Por isso, a partir de 2021, elas vão estar presentes e influenciar os comportamentos de consumo.
A seguir, vamos ver quais são as principais mudanças no mercado brasileiro para 2021, considerando o ano de pandemia que vivemos.
Cenário de crise e expectativa
A conjuntura econômica e política é essencial para analisar as mudanças no mercado brasileiro que esperamos para 2021.
2020 foi um ano em que a economia mundial e o mercado financeiro presenciaram quedas sem precedentes. O medo da pandemia, o desemprego, a retração do consumo, as crises políticas e outros diversos fatores levaram a uma crise no Brasil que ainda tende a repercutir por muito tempo.
Os economistas projetam que o PIB do Brasil tenha recuado 4,3% em 2020. Em dezembro de 2020, o índice de medo do desemprego cresceu 2.1 pontos em relação a setembro de 2020 e 1 ponto em relação a dezembro de 2019.
Mas o ano de 2021 já começa com a esperança da vacina. Mesmo ainda em ritmo lento, a vacinação é motivo de expectativa para que o cenário melhore.
Atualmente a expectativa de crescimento do PIB para 2021 é de 3,4%. Além disso, em dezembro de 2020, o índice de confiança do consumidor teve uma leve recuperação.
O que esperamos, então, é uma retomada gradual das atividades, à medida que a vacinação reduzir as mortes, internações e infecções devido à covid-19. Porém, o ceticismo com a doença no Brasil e o cenário de crise ainda devem nos acompanhar por muito tempo e impactar o consumo e o desempenho das empresas.
E-commerce em alta
Se muitos hábitos trazidos pela pandemia vão continuar por aí, um dos principais são as compras online. A tendência já era de crescimento do e-commerce e marketplaces nos últimos anos, mas 2020 conseguiu levar ainda mais empresas e consumidores para a internet.
O medo de ir às lojas físicas e a comodidade de comprar e receber produtos em casa provavelmente ainda vão manter o e-commerce e marketplaces como o da Valeon em alta, mesmo que as atividades presenciais sejam retomadas.
Pelo lado das empresas, vamos ver ainda muitas lojas surgindo na internet ou entrando em marketplaces. Entre as empresas que já estão online, a tendência é aumentar as vendas e aprimorar a experiência do cliente, principalmente no mobile, para conquistar a sua confiança.
E essa experiência não está apenas na loja virtual, na hora da compra. Está em todos os momentos de contato do consumidor com a marca no ambiente digital. Por isso, a tendência do marketing digital é continuar em crescimento em 2021, como forma de aumentar a visibilidade da marca e se aproximar do consumidor em toda a sua jornada de compra.
Quem entrou no digital não sai mais. Isso vale tanto para consumidores quanto para empresas. Se havia uma resistência antes de 2020, a pandemia deu o empurrãozinho que eles precisavam.
Marcas e consumidores ativistas
A pandemia do coronavírus escancarou a fragilidade humana. Um inimigo invisível levou inúmeras vidas, balançou economias, acentuou desigualdades, derrubou negócios, fragilizou nossa saúde.
A doença fez o ser humano se questionar sobre o que estamos fazendo aqui. O aumento do abismo entre ricos e pobres, a destruição do planeta e o excesso de trabalho, por exemplo foram temas de conversas ao longo do ano. Em meio a tudo isso, as manifestações antirracistas também nos fizeram questionar sobre as relações humanas e o respeito à diferença.
Não, não estamos dizendo que “vamos sair melhores” dessa situação. Mas diversas questões que apareceram com força em 2020 tendem a repercutir ainda nos próximos anos e mudara forma como vivemos.
E é claro que essas mudanças impactam também nas marcas. Nesse contexto, muitos consumidores passaram a comprar de negócios e produtores locais, ao se conscientizarem da importância dos pequenos negócios na economia, na geração de empregos e na sustentabilidade.
Muitas pessoas também passaram a cobrar de marcas e influenciadores um posicionamento diante dos problemas sociais. Os influencers que continuaram normalmente suas vidas ou publicaram “partiu aglomerar!”, sem qualquer empatia diante da pandemia, foram cancelados.
Bia Granja, do YOUPIX, propõe uma mudança no mundo da influência que vale também para as marcas: da ostentação para a consciência coletiva, do engajamento superficial para a construção de um legado.
Marcas e influenciadores precisam olhar menos para os números e mais para as pessoas. Precisam se tornar mais humanas para serem mais relevantes no mundo.
2021 promete ser um ano em que os consumidores não vão mais aceitar marcas alheias às discussões importantes. É claro que elas não vão deixar de vender e lucrar, mas elas também vão precisar passar por uma tomada de consciência e se posicionar.
Saúde, bem-estar e segurança
Em um cenário de incertezas, medo e ansiedade, a procura por informações, produtos e serviços relacionados a saúde, bem-estar e segurança aumentaram. Na hierarquia das necessidades humanas, nos voltamos para a base da pirâmide de Maslow.
Nesse contexto, setores como alimentação saudável, mercado fitness, cosméticos naturais, DIY, atendimento psicológico e aplicativos de finanças se destacaram em 2020 e tendem a movimentar o mercado em 2021. Inúmeros negócios e produtos surgiram nessas áreas e ainda podem surgir no contexto da pandemia e da retomada da economia.
O Pinterest Predicts, que aponta tendências para o próximo ano, mostrou que uma das previsões é o aumento das buscas por atividades manuais. Para as marcas, pode ser a oportunidade de ajudar as pessoas a descobrirem novos hobbies e se inspirarem nas suas atividades diárias.
Outra previsão do estudo é a busca por conforto na moda. Em 2021, vamos continuar querendo usar roupas confortáveis, mas não apenas em casa como em 2020. Para as marcas, pode ser uma oportunidade de proporcionar aconchego em momentos tão complicados, enquanto a pandemia não passa.
Saúde, bem-estar e segurança sempre foram preocupações do ser humano. Mas 2020 mostrou como são importantes para levar a vida com mais leveza. Por isso, esses temas ainda vão movimentar as mudanças no mercado brasileiro em 2021.
A tecnologia no mercado de trabalho
2020 lançou inúmeros desafios para o mercado de trabalho. A começar pelo home office: diante da necessidade de distanciamento social, as equipes passaram a trabalhar em casa, com reuniões à distância e até happy hour remoto.
Apesar das dificuldades de adaptação, especialmente para quem mora com filhos e outras pessoas em casa, o trabalho remoto se tornou opção viável, até mesmo para depois que a pandemia passar. Nos Estados Unidos, 30% dos trabalhadores disseram que largariam seu emprego caso tivessem que retornar ao escritório depois da pandemia.
Em 2021, provavelmente veremos muitas empresas com colaboradores remotos, com modelos de trabalho híbrido ou ainda oferecendo ao colaborador a opção de alguns dias de trabalho à distância na semana. Com isso, as empresas têm a oportunidade de reduzir seu espaço físico, tornar a operação mais enxuta e ainda ganhar produtividade.
Com o aumento do trabalho remoto e a transformação digital das empresas, outro movimento forte para 2021 é o aumento dos nômades digitais — profissionais que, sem escritório fixo, podem viajar o mundo enquanto trabalham. Já existem países que emitem vistos específicos para quem trabalha de forma remota.
Modelos de trabalho ainda precisam ser repensados para uma época em que a tecnologia e as ferramentas permitem trabalhar à distância e ter resultados até melhores. O desafio agora é aprender a gerenciar e trabalhar com equipes remotas ou híbridas, especialmente com as metodologias ágeis de trabalho.
A tecnologia, aliás, vai se mostrar cada vez mais propulsora de mudanças no mercado de trabalho. Não é por acaso que as principais profissões do futuro estão atreladas à tecnologia, como growth hacking, programação, ciência de dados e proteção de dados.
Atividades como essas vão se destacar no mercado de trabalho em 2021 e provocar mudanças nas profissões mais tradicionais, que devem se adaptar à chegada de novas tecnologias e novos profissionais.
A tecnologia provoca mudanças não apenas nas contratações, mas também na criação de negócios. O empreendedorismo digital ganhou força em 2020, com inúmeros negócios nativos digitais, tanto B2B quanto B2C. Para muitas pessoas, diante dos obstáculos da pandemia, a internet foi a solução para gerar ou complementar renda.
Enfim, perceba como a pandemia do coronavírus pisou no acelerador das mudanças. E as empresas que não acompanharam a velocidade ficaram para trás. Mas quem se adaptou e absorveu as mudanças deve enfrentar os desafios de 2021 com mais força.
A expectativa é de recuperação, diante da vacinação e da gradual retomada da economia. Mas não há como prever nada, principalmente no Brasil, com suas complexidades e contradições. Por isso, é preciso estar sempre de olho nas tendências e movimentos que apontam as mudanças no mercado brasileiro e como se preparar para elas. Não há dúvidas que 2021 ainda vai ser um ano desafiador para as empresas.Agora, aproveite para ler também sobre as principais lições de marketing dos pequenos negócios para as grandes empresas. Quem sabe você se inspira com algumas ideias para superar tempos de crise, não é?
A Startup Valeon está lutando com as empresas paraMUDAREM DE MENTALIDADEreferente à forma de fazer publicidade à moda antiga, rádio, tv, jornais, etc., quando hoje em dia, todos estão ligados online através dos seus celulares e consultando as mídias sociais a todo momento.
SomosPROFISSIONAISao extremo o nosso objetivo é oferecer serviços de Tecnologia da Informação com agilidade, comprometimento e baixo custo, agregando valor e inovação ao negócio de nossos clientes e respeitando a sociedade e o meio ambiente.
TemosEXPERIÊNCIAsuficiente para resolver as necessidades dos nossos clientes de forma simples e direta tendo como base a alta tecnologia dos nossos serviços e graças à nossa equipe técnica altamente especializada.
A criação da startup Valeon adveio de uma situação deGESTÃO ESTRATÉGICAapropriada para atender a todos os nichos de mercado da região e especialmente os pequenos empresários que não conseguem entrar no comércio eletrônico para usufruir dos benefícios que ele proporciona.
TemosCONHECIMENTOdo que estamos fazendo e viemos com o propósito de solucionar e otimizar o problema de divulgação das empresas da região de maneira inovadora e disruptiva através da criatividade e estudos constantes aliados a métodos de trabalho diferenciados dos nossos serviços e estamos desenvolvendo soluções estratégicas conectadas à constante evolução do mercado.
Dessa forma estamosAPROVEITANDO AS OPORTUNIDADESque o mercado nos oferece onde o seu negócio estará disponível através de uma vitrine aberta na principal avenida do mundo chamada Plataforma Comercial Valeon 24 horas por dia e 7 dias da semana.
A ciência legítima, contudo, não nos iludamos, não evita a enganação, quanto menos a ganância, e em nome dela, como muitas vezes nas religiões, cometem-se os maiores horrores
Nós estamos nos deparando com a ditadura da ciência. De certa forma, é o que nos cabe adotar, porque a ciência é mensurável, tridimensional, terrena, num mundo em que o charlatanismo, a irresponsabilidade são meios de enganação e ganância.
A ciência legítima, contudo, não nos iludamos, não evita a enganação, quanto menos a ganância, e em nome dela, como muitas vezes nas religiões, cometem-se os maiores horrores.
Ciência não é moralidade, representa apenas resultado prático. Com ciência pode-se preparar um artefato nuclear que explode com milhões de pessoas, como pode-se gerar uma vacina que previne milhões de óbitos.
Em nome e com o carimbo da ciência já foram arrombados cofres públicos, pauperizados povos inteiros, levados ao genocídio, à fome desnecessária e ao atraso.
Pode dizer o incrédulo: “Mas como?”. Basta ver aqui, debaixo de nossos olhares, como um laboratório que inventa um medicamento e o vende por 50 vezes de quanto chega a custar o seu genérico. Enquanto o genérico não é liberado, milhões de pessoas ficam penalizadas pela sua falta, por não ter condições de adquiri-lo. Isso é, com raras exceções, o resultado da moral imperante no planeta, perdendo-se vidas, o que poderia ser evitado. Nos últimos 50 anos, uma atitude corajosa, que remunere justamente o inventor, até com centenas de milhões de dólares, já que se desperdiçam bilhões em armamentos, poderia libertar do sofrimento e da perda imoral de existências.
Num estado de guerra se admite tudo: matar, destruir, devastar cidades com mulheres e crianças inocentes. Já numa pandemia que paralisa o mundo, empobrece multidões, destrói milhões de vidas, não se consegue tomar uma atitude em relação a patentes que a “ciência” inventou. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, subscrita pelos participantes da ONU, determina em seu primeiro artigo: “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade”.
Nestes dias a fraternidade andou esquecida. Dezenas de vacinas estão aparecendo no mercado, mas de nenhuma fórmula o esforço da ONU está conseguindo uma liberação incondicional. Pelo contrário, assiste-se, enquanto o atraso se prolonga, aos abutres, aproveitando-se do pânico, para vender vacinas por valores extorsivos.
Refugio-me na sapiência de certos “humanos” que nos antecederam e continuam sendo exceções, para, nesse mar de inúteis disputas pela supremacia política, partidária e individual, pela ganância e avidez, chamar atenção ao atraso moral e civilizatório em que vivemos. Será vista a nossa, ainda, como uma época de primitivos e imorais.
A procura do enriquecimento, neste momento, não pode ser motivo de um extermínio evitável. O conceito contemporâneo de riqueza, sem disposição para minorar os problemas da humanidade, não é reprovado, embora moralmente injustificável, frente às consequências de uma pandemia avassaladora.
Nas escolas não se ensina que minorar o sofrimento é a fonte mais direta da felicidade, tanto de quem com ela acaba quanto de quem é livrado.
Roubo ao sábio filósofo algumas palavras: “Para entender que nascemos com a suprema condição de escolher ser o que almejamos, é necessário refletir com zelo; que essa honraria não seja empregada com o desperdício de nos transformarmos em ímpios, insensatos e estúpidos”. Como predisse o profeta Asaph: “Sois deuses e filhos do Altíssimo; que não se abuse (portanto) da inteligentíssima liberalidade do Criador, transformando o benefício dado (ao ser humano) em uma mazela. Não satisfaçamos a mediocridade. Nos anelemos à Sumidade, tal que a alma seja morada do sagrado”.
Para evitar supersalários, projeto quer incluir peduricalhos no teto
Projeto retira brechas na lei para evitar pagamento ao servidor acima do teto remuneratório. Apesar do consenso, tramitação do texto ficou parada no Congresso por quase dois anos
Com um custo extra aos cofres públicos de quase R$ 2,6 bilhões por ano, conforme levantamento do CLP – Liderança Pública, uma parcela ínfima dos 11 milhões de servidores públicos brasileiros recebe acima do teto remuneratório, que é de R$ 39.293 mensais. Apesar de a legislação brasileira impedir vencimentos acima do limite, brechas são utilizadas pelos órgãos do Executivo, Legislativo e Judiciário para engordar os valores para 0,23% do funcionalismo.
Desde 2016, quando foi aprovado pelo Senado, o Projeto de Lei (PL) 6.726/2016, que tramita na Câmara, quer acabar com os chamados “supersalários”. Apesar de ser considerado praticamente um consenso entre os parlamentares, tanto da base do governo quanto da oposição, o texto ficou dois anos parado. Agora, após ser definido como uma das pautas prioritárias do governo para discussão no Congresso, a promessa é que a tramitação volte a andar.PUBLICIDADE
É o que afirma o deputado federal Professor Israel Batista (PV-DF), presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público. “Existe, sim, uma perspectiva de que o projeto possa ser votado em breve. É importante lembrar que o PL, inclusive, estava na lista de prioridades do governo entregue por Jair Bolsonaro aos presidentes do Senado e da Câmara. Então, deve haver alguma movimentação para pressionar a votação”, enfatizou.
Conhecido como “penduricalhos”, o projeto determina que benefícios dos mais variados tipos, como os auxílios moradia, paletó, ajuda de custo, gratificações, abonos e prêmios, também sejam afetados pelo teto salarial, correspondente aos vencimentos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Atualmente, esses valores são somados à remuneração bruta e não estão limitados, levando a situações como a de juízes que recebem até R$ 250 mil por mês.
“E isso vale também para aposentadoria ou pensão (estatutária, militar ou especial, e pelo Regime Geral da Previdência Social). Só ficam fora dessa regra as verbas de caráter indenizatório”, explicou o parlamentar. Entre essas verbas consideradas indenizatórias estão gastos realizados por conta da função pública, como diárias em viagens, reembolso por despesas ou ajuda de custo por conta de mudança de cidade.
Porém, o deputado lembrou que a frente é favorável ao projeto aprovado no Senado. “A discussão de acabar com os supersalários é positiva, até para cumprir a aplicação do limite remuneratório dos agentes públicos. Somos favoráveis ao projeto como saiu do Senado. Na Câmara, o texto foi bastante alterado pelo relator, o que o desfigurou de certa forma”, explicou. O relator é o deputado Rubens Bueno (Cidadania-PR), que comemorou a inclusão do tema na lista do Executivo.
“É um projeto que busca justiça, o respeito à Constituição e que no serviço público não tenhamos nenhum tipo de apaniguados, a começar pelo Poder Judiciário, o Ministério Público e qualquer outra instância do Executivo ou Legislativo”, disse.
“Projeto é mais moral que fiscal”, diz economista
Para o mestre em economia e professor do Ibmec Bruno Carazza, o projeto de lei tem cunho mais pedagógico e moral do que fiscal. “Ele mostra para a sociedade que todas as pessoas são iguais e estão sujeitas aos mesmos limites, por isso é positivo, mas não vai alterar a trajetória explosiva da dívida pública nem dar os recursos para pagar o auxílio emergencial, por exemplo”, pontuou.
O especialista citou também a força das categorias impactadas pelo projeto de lei e como isso pode afetar a aprovação e até sanção pelo presidente. “Não sei se os líderes do centrão vão querer comprar essa briga com o Judiciário a essa altura. E também temos que lembrar que o presidente já começa a entrar em clima eleitoral e pode não querer se indispor com grupos tão poderosos”, disse.
Ao diminuir os incentivos a partidos nanicos, a cláusula de barreira é um passo importante para reduzir a atual fragmentação partidária
O cenário político está tão conturbado que se pode perder de vista uma transformação muito positiva que vem ocorrendo aos poucos. Se de fato for completada, essa mudança pode proporcionar benefícios importantes para a qualidade da representação do regime democrático e para o ambiente de negociação das políticas públicas. Refere-se aqui à diminuição do número de partidos políticos, fruto da cláusula de barreira que começou a ser aplicada em 2019.
Para ter uma ideia da transformação que a cláusula pode gerar, apenas 18 dos 33 partidos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) atingiram o patamar mínimo de 2% dos votos válidos com base nas votações em candidatos a vereador em 2020, segundo o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).
A taxa de 2% de votos válidos é o limite mínimo fixado pela Emenda Constitucional (EC) 97/2017 para que, na legislatura seguinte às eleições de 2020, partidos políticos tenham acesso aos recursos do Fundo Partidário e à propaganda gratuita de rádio e televisão. Caso não aumentem sua representatividade em 2022, legendas como PV, Pros, PCdoB, Novo, Rede e PSTU não terão direito a recursos públicos e a tempo de rádio e televisão.
Ao diminuir os incentivos a partidos nanicos, a cláusula de barreira é um passo importante para reduzir a atual fragmentação partidária. Um sistema político com 33 partidos é uma aberração disfuncional.
A quantidade atual de legendas não gera melhor representação. Há muitas siglas para o eleitor votar, mas não há um aumento de opções políticas viáveis. Para que sejam minimamente efetivas, propostas políticas demandam um mínimo de representatividade.
Além disso, a diminuição do número de partidos pode contribuir para um ambiente de negociação política menos fisiológico. A fragmentação partidária é um convite à transformação da política em balcão de negócios. No regime vigente, mesmo os poucos eleitores que votam em partidos nanicos saem enfraquecidos, uma vez que seus representantes não dispõem de mínima relevância representativa no Legislativo. Há apenas uma ilusão de representação.
Em razão de seus bons frutos, a cláusula de barreira é adotada em muitos países. Por exemplo, Alemanha, Suécia e Noruega têm porcentuais mínimos acima de 4%. No Brasil, há um bom tempo tenta-se implantar algum limite para as legendas. Aprovada em 1995, uma primeira versão da cláusula de barreira foi declarada inconstitucional pelo Supremo em 2006.
Em 2017, o Congresso aprovou a atual cláusula de barreira, a ser implementada gradativamente. Por exemplo, a partir de 2026, os partidos precisarão alcançar 2,5% dos votos válidos ou eleger 13 deputados federais. Além de ser menos restritiva do que a de 1995, a nova cláusula foi aprovada por meio de uma Emenda Constitucional, o que evita eventuais discussões sobre inconstitucionalidades.
É de justiça reconhecer que a diminuição do número de partidos políticos não é mero resultado de disposições legais. O próprio eleitor concentra o seu voto em alguns partidos. Nas últimas eleições, por exemplo, cinco partidos se destacaram pelo número de prefeitos eleitos: MDB (783), Progressistas (687), PSD (654), PSDB (521) e DEM (466). Depois, com números bem menores, ficaram o PT (182) e o PSL (90).
Essa concentração de votos mostra que, mesmo com muitas legendas, o eleitorado encontra sua representação em alguns poucos partidos. Ou seja, é o próprio eleitor que distribui desigualmente os votos entre as legendas.
Além de evidenciar que a cláusula de barreira não diminui a representatividade política, a concentração de votos em alguns partidos mostra que, no conjunto das 33 legendas, existem realidades muito díspares. Há partidos, por exemplo, com enorme capilaridade, capazes de eleger cinco centenas de prefeitos.
Ao fixar limites mínimos de representatividade, a cláusula de barreira ajuda a diferenciar os partidos das meras siglas. Sua aprovação foi uma vitória importante, que não merece ser desfeita. Seus frutos podem gerar um novo cenário político.