segunda-feira, 8 de março de 2021

MUDANÇAS NO MERCADO BRASILEIRO PARA 2021

 

Quais são as mudanças no mercado brasileiro para 2021

As mudanças no mercado brasileiro para 2021 têm tudo a ver com a pandemia. As transformações que o coronavírus causou no dia a dia das pessoas e nos hábitos de consumo ainda vão nos acompanhar por muito tempo. Então, vamos analisar agora como o mercado deve se comportar neste ano.

 

Camila Casarotto

Se a transformação digital ainda estava distante para a sua empresa, a pandemia do coronavírus certamente acelerou seus planos. Durante 2020, as empresas que não se adaptaram às mudanças no mercado brasileiro ficaram para trás

Nesse pensamento e necessidade de você fazer na sua empresa uma inclusão digital nos seus negócios, entra a Startup Valeon um marketplace que tem um Plataforma Comercial digital que vai te auxiliar muito nessa transformação.

Oferecer serviços de Tecnologia da Informação com agilidade, comprometimento e baixo custo, agregando valor e inovação ao negócio de nossos clientes, respeitando a sociedade e o meio ambiente.

A covid-19 fez as pessoas ficarem em casa e as empresas irem para a internet. Diante da necessidade de distanciamento social, o mercado também se transformou: as prioridades de consumo mudaram, as preocupações mudaram, as economias mudaram, as relações de poder mudaram.

Definitivamente, 2020 foi um ano de mudanças, que não vão ser esquecidas tão cedo. Elas ainda vão repercutir no mercado brasileiro ao longo de 2021 e até depois.

Por isso, vamos falar agora sobre as mudanças que devem marcar o ano de 2021 no Brasil, a partir do que a pandemia nos trouxe. Acompanhe agora uma retrospectiva de 2020 e as principais mudanças no mercado brasileiro que esperamos para este ano:

O que 2020 trouxe de mudanças para o mercado brasileiro?

Não há como falar do ano de 2020 sem falar de como a pandemia do coronavírus transformou a vida das pessoas de uma hora para outra.

Tivemos que aprender a trabalhar de casa, com os latidos do cachorro e as obras do vizinho. Tivemos que aprender a usar máscaras para frear o contágio do coronavírus. Tivemos que procurar novas formas de entretenimento, já que encontros com amigos, festas e viagens ficaram suspensos. Tivemos que lidar com as preocupações, a crise econômica, as disputas políticas e outras questões que desafiaram a nossa saúde mental.

Esse cenário complexo, é claro, também provocou mudanças no mercado brasileiro. Alguns negócios fecharam as portas em definitivo, porque não suportaram o peso da crise e da retração do consumo. Conforme o IBGE, 4 em cada 10 empresas que fecharam em 2020 relataram que o motivo foi a pandemia de covid-19.

Já outras empresas conseguiram sobreviver, com adaptações aos seus processos. E, diante do isolamento social e da suspensão das atividades presenciais, as empresas tiveram que correr para a internet.

Quem não tinha e-commerce adaptou seus canais para a web procurando marketplaces como o da Valeon. Quem já tinha e-commerce viu as vendas online explodirem — dependendo, é claro, do nicho de mercado, já que alguns setores tiveram perdas.

Um relatório sobre comportamento do consumidor em 2020 mostrou que foram mais de 20 milhões de novos compradores online no Brasil. Isso representa 47% de todas as pessoas que compraram pela internet no ano. Com essa migração para o ambiente online, o marketing em 2020 também foi essencialmente digital.

E, para muitas empresas, tudo isso teve que ser feito da noite para o dia. Se a velocidade das transformações no mundo já estava acelerada nos últimos anos, 2020 foi um propulsor. As empresas tiveram que ser ainda mais ágeis para se adaptar a cenários que mudavam a cada dia.

Mas, passada a primeira onda da pandemia no Brasil, o cenário mudou um pouco. Já cansados da quarentena, muitos brasileiros deixaram o “fica em casa” de lado e foram aos bares, restaurantes, festas e encontros, muitas vezes sem qualquer atenção aos protocolos de saúde. Esse comportamento, embora temerário, aqueceu o mercado e retomou alguns hábitos de consumo.

No gráfico abaixo, você pode ver como a percepção dos impactos da pandemia mudou na metade do ano. O efeito negativo foi se dissipando, e muitas empresas perceberam um pequeno impacto ou até um efeito positivo sobre os seus negócios.

mudanças no mercado brasileiroFonte: IBGE

Mas 2020 não foi só ano de pandemia. Não bastasse a preocupação com o vírus, inúmeros acontecimentos políticos entraram nas rodas de conversa virtuais e foram motivo de discussões e dores de cabeça para os brasileiros. Ao longo do ano, o clima político no Brasil só se acirrou e criou instabilidades para o cenário econômico que já era desastroso.

Mas as palavras “I can’t breathe” também não podem ficar de fora de uma retrospectiva de 2020. O assassinato de um homem negro, George Floyd, por um policial branco nos Estados Unidos motivou manifestações antirracistas no mundo inteiro. No Brasil, a discussão se ampliou com outros casos, como o assassinato também de um homem negro, João Alberto, por seguranças do Carrefour.

Esses casos motivaram reflexões sobre práticas que precisam mudar — não só no dia a dia das pessoas, mas também das marcas. As empresas já não podem mais ficar alheias a esses debates, que envolvem o racismo, mas também o machismo, a violência de gênero e qualquer tipo de discriminação e opressão, além de preocupações sociais e ambientais.

Então, quando falamos da necessidade de transformação digital imposta pela pandemia, não nos referimos apenas ao uso de ferramentas como redes sociais ou e-commerce e marketplaces.. A transformação digital é uma mudança profunda de cultura para colocar as empresas na era digital.

Nessa era digital, as empresas precisam aprender a lidar com a agilidade das mudanças, com o ativismo nas redes, com o engajamento dos consumidores nos problemas sociais, com novas formas de trabalho. E tudo isso é permeado pela tecnologia. Essa é a transformação digital que as empresas devem absorver e a Startup Valeon é uma empresa nacional, desenvolvedora de soluções de Tecnologia da informação com foco em divulgação empresarial. Atua no mercado corporativo desde 2019 atendendo as necessidades das empresas que demandam serviços de alta qualidade, ganhos comerciais e que precisam da Tecnologia da informação como vantagem competitiva.

Quais são as principais mudanças no mercado brasileiro para 2021?

Mudanças tão profundas e complexas na vida dos brasileiros não vão ser esquecidas. A pandemia transformou hábitos, comportamentos, relações e opiniões. Nas empresas, transformou processos, ferramentas e modelos de trabalho.

Muitas dessas transformações já estão absorvidas. Por isso, a partir de 2021, elas vão estar presentes e influenciar os comportamentos de consumo.

A seguir, vamos ver quais são as principais mudanças no mercado brasileiro para 2021, considerando o ano de pandemia que vivemos.

Cenário de crise e expectativa

A conjuntura econômica e política é essencial para analisar as mudanças no mercado brasileiro que esperamos para 2021.

2020 foi um ano em que a economia mundial e o mercado financeiro presenciaram quedas sem precedentes. O medo da pandemia, o desemprego, a retração do consumo, as crises políticas e outros diversos fatores levaram a uma crise no Brasil que ainda tende a repercutir por muito tempo.

Os economistas projetam que o PIB do Brasil tenha recuado 4,3% em 2020. Em dezembro de 2020, o índice de medo do desemprego cresceu 2.1 pontos em relação a setembro de 2020 e 1 ponto em relação a dezembro de 2019.

Mas o ano de 2021 já começa com a esperança da vacina. Mesmo ainda em ritmo lento, a vacinação é motivo de expectativa para que o cenário melhore.

Atualmente a expectativa de crescimento do PIB para 2021 é de 3,4%. Além disso, em dezembro de 2020, o índice de confiança do consumidor teve uma leve recuperação.

O que esperamos, então, é uma retomada gradual das atividades, à medida que a vacinação reduzir as mortes, internações e infecções devido à covid-19. Porém, o ceticismo com a doença no Brasil e o cenário de crise ainda devem nos acompanhar por muito tempo e impactar o consumo e o desempenho das empresas.

E-commerce em alta

Se muitos hábitos trazidos pela pandemia vão continuar por aí, um dos principais são as compras online. A tendência já era de crescimento do e-commerce e marketplaces nos últimos anos, mas 2020 conseguiu levar ainda mais empresas e consumidores para a internet.

O medo de ir às lojas físicas e a comodidade de comprar e receber produtos em casa provavelmente ainda vão manter o e-commerce e marketplaces como o da Valeon em alta, mesmo que as atividades presenciais sejam retomadas.

Pelo lado das empresas, vamos ver ainda muitas lojas surgindo na internet ou entrando em marketplaces. Entre as empresas que já estão online, a tendência é aumentar as vendas e aprimorar a experiência do cliente, principalmente no mobile, para conquistar a sua confiança.

E essa experiência não está apenas na loja virtual, na hora da compra. Está em todos os momentos de contato do consumidor com a marca no ambiente digital. Por isso, a tendência do marketing digital é continuar em crescimento em 2021, como forma de aumentar a visibilidade da marca e se aproximar do consumidor em toda a sua jornada de compra.

Quem entrou no digital não sai mais. Isso vale tanto para consumidores quanto para empresas. Se havia uma resistência antes de 2020, a pandemia deu o empurrãozinho que eles precisavam.

Marcas e consumidores ativistas

A pandemia do coronavírus escancarou a fragilidade humana. Um inimigo invisível levou inúmeras vidas, balançou economias, acentuou desigualdades, derrubou negócios, fragilizou nossa saúde.

A doença fez o ser humano se questionar sobre o que estamos fazendo aqui. O aumento do abismo entre ricos e pobres, a destruição do planeta e o excesso de trabalho, por exemplo foram temas de conversas ao longo do ano. Em meio a tudo isso, as manifestações antirracistas também nos fizeram questionar sobre as relações humanas e o respeito à diferença.

Não, não estamos dizendo que “vamos sair melhores” dessa situação. Mas diversas questões que apareceram com força em 2020 tendem a repercutir ainda nos próximos anos e mudar a forma como vivemos.

E é claro que essas mudanças impactam também nas marcas. Nesse contexto, muitos consumidores passaram a comprar de negócios e produtores locais, ao se conscientizarem da importância dos pequenos negócios na economia, na geração de empregos e na sustentabilidade.

Muitas pessoas também passaram a cobrar de marcas e influenciadores um posicionamento diante dos problemas sociais. Os influencers que continuaram normalmente suas vidas ou publicaram “partiu aglomerar!”, sem qualquer empatia diante da pandemia, foram cancelados.

Bia Granja, do YOUPIX, propõe uma mudança no mundo da influência que vale também para as marcas: da ostentação para a consciência coletiva, do engajamento superficial para a construção de um legado.

Marcas e influenciadores precisam olhar menos para os números e mais para as pessoas. Precisam se tornar mais humanas para serem mais relevantes no mundo.

2021 promete ser um ano em que os consumidores não vão mais aceitar marcas alheias às discussões importantes. É claro que elas não vão deixar de vender e lucrar, mas elas também vão precisar passar por uma tomada de consciência e se posicionar.

Saúde, bem-estar e segurança

Em um cenário de incertezas, medo e ansiedade, a procura por informações, produtos e serviços relacionados a saúde, bem-estar e segurança aumentaram. Na hierarquia das necessidades humanas, nos voltamos para a base da pirâmide de Maslow.

Nesse contexto, setores como alimentação saudável, mercado fitness, cosméticos naturais, DIY, atendimento psicológico e aplicativos de finanças se destacaram em 2020 e tendem a movimentar o mercado em 2021. Inúmeros negócios e produtos surgiram nessas áreas e ainda podem surgir no contexto da pandemia e da retomada da economia.

Pinterest Predicts, que aponta tendências para o próximo ano, mostrou que uma das previsões é o aumento das buscas por atividades manuais. Para as marcas, pode ser a oportunidade de ajudar as pessoas a descobrirem novos hobbies e se inspirarem nas suas atividades diárias.

Outra previsão do estudo é a busca por conforto na moda. Em 2021, vamos continuar querendo usar roupas confortáveis, mas não apenas em casa como em 2020. Para as marcas, pode ser uma oportunidade de proporcionar aconchego em momentos tão complicados, enquanto a pandemia não passa.

Saúde, bem-estar e segurança sempre foram preocupações do ser humano. Mas 2020 mostrou como são importantes para levar a vida com mais leveza. Por isso, esses temas ainda vão movimentar as mudanças no mercado brasileiro em 2021.

A tecnologia no mercado de trabalho

2020 lançou inúmeros desafios para o mercado de trabalho. A começar pelo home office: diante da necessidade de distanciamento social, as equipes passaram a trabalhar em casa, com reuniões à distância e até happy hour remoto.

Apesar das dificuldades de adaptação, especialmente para quem mora com filhos e outras pessoas em casa, o trabalho remoto se tornou opção viável, até mesmo para depois que a pandemia passar. Nos Estados Unidos, 30% dos trabalhadores disseram que largariam seu emprego caso tivessem que retornar ao escritório depois da pandemia.

Em 2021, provavelmente veremos muitas empresas com colaboradores remotos, com modelos de trabalho híbrido ou ainda oferecendo ao colaborador a opção de alguns dias de trabalho à distância na semana. Com isso, as empresas têm a oportunidade de reduzir seu espaço físico, tornar a operação mais enxuta e ainda ganhar produtividade.

Com o aumento do trabalho remoto e a transformação digital das empresas, outro movimento forte para 2021 é o aumento dos nômades digitais — profissionais que, sem escritório fixo, podem viajar o mundo enquanto trabalham. Já existem países que emitem vistos específicos para quem trabalha de forma remota.

Modelos de trabalho ainda precisam ser repensados para uma época em que a tecnologia e as ferramentas permitem trabalhar à distância e ter resultados até melhores. O desafio agora é aprender a gerenciar e trabalhar com equipes remotas ou híbridas, especialmente com as metodologias ágeis de trabalho.

A tecnologia, aliás, vai se mostrar cada vez mais propulsora de mudanças no mercado de trabalho. Não é por acaso que as principais profissões do futuro estão atreladas à tecnologia, como growth hacking, programação, ciência de dados e proteção de dados.

Atividades como essas vão se destacar no mercado de trabalho em 2021 e provocar mudanças nas profissões mais tradicionais, que devem se adaptar à chegada de novas tecnologias e novos profissionais.

A tecnologia provoca mudanças não apenas nas contratações, mas também na criação de negócios. O empreendedorismo digital ganhou força em 2020, com inúmeros negócios nativos digitais, tanto B2B quanto B2C. Para muitas pessoas, diante dos obstáculos da pandemia, a internet foi a solução para gerar ou complementar renda.

Enfim, perceba como a pandemia do coronavírus pisou no acelerador das mudanças. E as empresas que não acompanharam a velocidade ficaram para trás. Mas quem se adaptou e absorveu as mudanças deve enfrentar os desafios de 2021 com mais força.

A expectativa é de recuperação, diante da vacinação e da gradual retomada da economia. Mas não há como prever nada, principalmente no Brasil, com suas complexidades e contradições. Por isso, é preciso estar sempre de olho nas tendências e movimentos que apontam as mudanças no mercado brasileiro e como se preparar para elas. Não há dúvidas que 2021 ainda vai ser um ano desafiador para as empresas.Agora, aproveite para ler também sobre as principais lições de marketing dos pequenos negócios para as grandes empresas. Quem sabe você se inspira com algumas ideias para superar tempos de crise, não é?

A Startup Valeon está  lutando com as empresas para MUDAREM DE MENTALIDADE referente à forma de fazer publicidade à moda antiga, rádio, tv, jornais, etc., quando hoje em dia, todos estão ligados online através dos seus celulares e consultando as mídias sociais a todo momento.

Somos PROFISSIONAIS ao extremo o nosso objetivo é oferecer serviços de Tecnologia da Informação com agilidade, comprometimento e baixo custo, agregando valor e inovação ao negócio de nossos clientes e respeitando a sociedade e o meio ambiente.

Temos EXPERIÊNCIA suficiente para resolver as necessidades dos nossos clientes de forma simples e direta tendo como base a alta tecnologia dos nossos serviços e graças à nossa equipe técnica altamente especializada.

A criação da startup Valeon adveio de uma situação de GESTÃO ESTRATÉGICA apropriada para atender a todos os nichos de mercado da região e especialmente os pequenos empresários que não conseguem entrar no comércio eletrônico para usufruir dos benefícios que ele proporciona.

Temos CONHECIMENTO do que estamos fazendo e viemos com o propósito de solucionar e otimizar o problema de divulgação das empresas da região de maneira inovadora e disruptiva através da criatividade e estudos constantes aliados a métodos de trabalho diferenciados dos nossos serviços e estamos desenvolvendo soluções estratégicas conectadas à constante evolução do mercado.

Dessa forma estamos APROVEITANDO AS OPORTUNIDADES que o mercado nos oferece onde o seu negócio estará disponível através de uma vitrine aberta na principal avenida do mundo chamada Plataforma Comercial Valeon 24 horas por dia e 7 dias da semana.

Nossos contatos: Fones: (31) 3827-2297 e (31) 98428-0590 (Wp)

E-MAIL: valeonbrasil@gmail.com

Site: https://valedoacoonline.com.br/

A MORALIDADE DOS GASTOS NÃO COMBINA COM A CIÊNCIA

 

Que mundo é este?

VITTORIO MEDIOLI

A ciência legítima, contudo, não nos iludamos, não evita a enganação, quanto menos a ganância, e em nome dela, como muitas vezes nas religiões, cometem-se os maiores horrores

Nós estamos nos deparando com a ditadura da ciência. De certa forma, é o que nos cabe adotar, porque a ciência é mensurável, tridimensional, terrena, num mundo em que o charlatanismo, a irresponsabilidade são meios de enganação e ganância. 

A ciência legítima, contudo, não nos iludamos, não evita a enganação, quanto menos a ganância, e em nome dela, como muitas vezes nas religiões, cometem-se os maiores horrores. 

Ciência não é moralidade, representa apenas resultado prático. Com ciência pode-se preparar um artefato nuclear que explode com milhões de pessoas, como pode-se gerar uma vacina que previne milhões de óbitos. 

Em nome e com o carimbo da ciência já foram arrombados cofres públicos, pauperizados povos inteiros, levados ao genocídio, à fome desnecessária e ao atraso. 

Pode dizer o incrédulo: “Mas como?”. Basta ver aqui, debaixo de nossos olhares, como um laboratório que inventa um medicamento e o vende por 50 vezes de quanto chega a custar o seu genérico. Enquanto o genérico não é liberado, milhões de pessoas ficam penalizadas pela sua falta, por não ter condições de adquiri-lo. Isso é, com raras exceções, o resultado da moral imperante no planeta, perdendo-se vidas, o que poderia ser evitado. Nos últimos 50 anos, uma atitude corajosa, que remunere justamente o inventor, até com centenas de milhões de dólares, já que se desperdiçam bilhões em armamentos, poderia libertar do sofrimento e da perda imoral de existências. 

Num estado de guerra se admite tudo: matar, destruir, devastar cidades com mulheres e crianças inocentes. Já numa pandemia que paralisa o mundo, empobrece multidões, destrói milhões de vidas, não se consegue tomar uma atitude em relação a patentes que a “ciência” inventou. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, subscrita pelos participantes da ONU, determina em seu primeiro artigo: “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade”. 

Nestes dias a fraternidade andou esquecida. Dezenas de vacinas estão aparecendo no mercado, mas de nenhuma fórmula o esforço da ONU está conseguindo uma liberação incondicional. Pelo contrário, assiste-se, enquanto o atraso se prolonga, aos abutres, aproveitando-se do pânico, para vender vacinas por valores extorsivos. 

Refugio-me na sapiência de certos “humanos” que nos antecederam e continuam sendo exceções, para, nesse mar de inúteis disputas pela supremacia política, partidária e individual, pela ganância e avidez, chamar atenção ao atraso moral e civilizatório em que vivemos. Será vista a nossa, ainda, como uma época de primitivos e imorais.   

A procura do enriquecimento, neste momento, não pode ser motivo de um extermínio evitável. O conceito contemporâneo de riqueza, sem disposição para minorar os problemas da humanidade, não é reprovado, embora moralmente injustificável, frente às consequências de uma pandemia avassaladora. 

Nas escolas não se ensina que minorar o sofrimento é a fonte mais direta da felicidade, tanto de quem com ela acaba quanto de quem é livrado. 

Roubo ao sábio filósofo algumas palavras: “Para entender que nascemos com a suprema condição de escolher ser o que almejamos, é necessário refletir com zelo; que essa honraria não seja empregada com o desperdício de nos transformarmos em ímpios, insensatos e estúpidos”. Como predisse o profeta Asaph: “Sois deuses e filhos do Altíssimo; que não se abuse (portanto) da inteligentíssima liberalidade do Criador, transformando o benefício dado (ao ser humano) em uma mazela. Não satisfaçamos a mediocridade. Nos anelemos à Sumidade, tal que a alma seja morada do sagrado”.

PROJETO NA CÂMARA PARA EVITAR SUPERSALÁRIOS DO FUNCIONALISMO

 

FUNCIONALISMO

Para evitar supersalários, projeto quer incluir peduricalhos no teto

Projeto retira brechas na lei para evitar pagamento ao servidor acima do teto remuneratório. Apesar do consenso, tramitação do texto ficou parada no Congresso por quase dois anos

Com um custo extra aos cofres públicos de quase R$ 2,6 bilhões por ano, conforme levantamento do CLP – Liderança Pública, uma parcela ínfima dos 11 milhões de servidores públicos brasileiros recebe acima do teto remuneratório, que é de R$ 39.293 mensais. Apesar de a legislação brasileira impedir vencimentos acima do limite, brechas são utilizadas pelos órgãos do Executivo, Legislativo e Judiciário para engordar os valores para 0,23% do funcionalismo.

Desde 2016, quando foi aprovado pelo Senado, o Projeto de Lei (PL) 6.726/2016, que tramita na Câmara, quer acabar com os chamados “supersalários”. Apesar de ser considerado praticamente um consenso entre os parlamentares, tanto da base do governo quanto da oposição, o texto ficou dois anos parado. Agora, após ser definido como uma das pautas prioritárias do governo para discussão no Congresso, a promessa é que a tramitação volte a andar.PUBLICIDADE

É o que afirma o deputado federal Professor Israel Batista (PV-DF), presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público. “Existe, sim, uma perspectiva de que o projeto possa ser votado em breve. É importante lembrar que o PL, inclusive, estava na lista de prioridades do governo entregue por Jair Bolsonaro aos presidentes do Senado e da Câmara. Então, deve haver alguma movimentação para pressionar a votação”, enfatizou.

Conhecido como “penduricalhos”, o projeto determina que benefícios dos mais variados tipos, como os auxílios moradia, paletó, ajuda de custo, gratificações, abonos e prêmios, também sejam afetados pelo teto salarial, correspondente aos vencimentos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Atualmente, esses valores são somados à remuneração bruta e não estão limitados, levando a situações como a de juízes que recebem até R$ 250 mil por mês.

“E isso vale também para aposentadoria ou pensão (estatutária, militar ou especial, e pelo Regime Geral da Previdência Social). Só ficam fora dessa regra as verbas de caráter indenizatório”, explicou o parlamentar. Entre essas verbas consideradas indenizatórias estão gastos realizados por conta da função pública, como diárias em viagens, reembolso por despesas ou ajuda de custo por conta de mudança de cidade. 

Porém, o deputado lembrou que a frente é favorável ao projeto aprovado no Senado. “A discussão de acabar com os supersalários é positiva, até para cumprir a aplicação do limite remuneratório dos agentes públicos. Somos favoráveis ao projeto como saiu do Senado. Na Câmara, o texto foi bastante alterado pelo relator, o que o desfigurou de certa forma”, explicou. O relator é o deputado Rubens Bueno (Cidadania-PR), que comemorou a inclusão do tema na lista do Executivo.

“É um projeto que busca justiça, o respeito à Constituição e que no serviço público não tenhamos nenhum tipo de apaniguados, a começar pelo Poder Judiciário, o Ministério Público e qualquer outra instância do Executivo ou Legislativo”, disse. 

“Projeto é mais moral que fiscal”, diz economista

Para o mestre em economia e professor do Ibmec Bruno Carazza, o projeto de lei tem cunho mais pedagógico e moral do que fiscal. “Ele mostra para a sociedade que todas as pessoas são iguais e estão sujeitas aos mesmos limites, por isso é positivo, mas não vai alterar a trajetória explosiva da dívida pública nem dar os recursos para pagar o auxílio emergencial, por exemplo”, pontuou.

O especialista citou também a força das categorias impactadas pelo projeto de lei e como isso pode afetar a aprovação e até sanção pelo presidente. “Não sei se os líderes do centrão vão querer comprar essa briga com o Judiciário a essa altura. E também temos que lembrar que o presidente já começa a entrar em clima eleitoral e pode não querer se indispor com grupos tão poderosos”, disse. 

CLÁUSULA DE BARREIRA DIMINUI AUXÍLIO A PARTIDOS POLÍTICOS PEQUENOS

 

Uma transformação muito positiva

Ao diminuir os incentivos a partidos nanicos, a cláusula de barreira é um passo importante para reduzir a atual fragmentação partidária

O cenário político está tão conturbado que se pode perder de vista uma transformação muito positiva que vem ocorrendo aos poucos. Se de fato for completada, essa mudança pode proporcionar benefícios importantes para a qualidade da representação do regime democrático e para o ambiente de negociação das políticas públicas. Refere-se aqui à diminuição do número de partidos políticos, fruto da cláusula de barreira que começou a ser aplicada em 2019.

Para ter uma ideia da transformação que a cláusula pode gerar, apenas 18 dos 33 partidos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) atingiram o patamar mínimo de 2% dos votos válidos com base nas votações em candidatos a vereador em 2020, segundo o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).

A taxa de 2% de votos válidos é o limite mínimo fixado pela Emenda Constitucional (EC) 97/2017 para que, na legislatura seguinte às eleições de 2020, partidos políticos tenham acesso aos recursos do Fundo Partidário e à propaganda gratuita de rádio e televisão. Caso não aumentem sua representatividade em 2022, legendas como PV, Pros, PCdoB, Novo, Rede e PSTU não terão direito a recursos públicos e a tempo de rádio e televisão.

Ao diminuir os incentivos a partidos nanicos, a cláusula de barreira é um passo importante para reduzir a atual fragmentação partidária. Um sistema político com 33 partidos é uma aberração disfuncional.

A quantidade atual de legendas não gera melhor representação. Há muitas siglas para o eleitor votar, mas não há um aumento de opções políticas viáveis. Para que sejam minimamente efetivas, propostas políticas demandam um mínimo de representatividade.

Além disso, a diminuição do número de partidos pode contribuir para um ambiente de negociação política menos fisiológico. A fragmentação partidária é um convite à transformação da política em balcão de negócios. No regime vigente, mesmo os poucos eleitores que votam em partidos nanicos saem enfraquecidos, uma vez que seus representantes não dispõem de mínima relevância representativa no Legislativo. Há apenas uma ilusão de representação.

Em razão de seus bons frutos, a cláusula de barreira é adotada em muitos países. Por exemplo, Alemanha, Suécia e Noruega têm porcentuais mínimos acima de 4%. No Brasil, há um bom tempo tenta-se implantar algum limite para as legendas. Aprovada em 1995, uma primeira versão da cláusula de barreira foi declarada inconstitucional pelo Supremo em 2006.

Em 2017, o Congresso aprovou a atual cláusula de barreira, a ser implementada gradativamente. Por exemplo, a partir de 2026, os partidos precisarão alcançar 2,5% dos votos válidos ou eleger 13 deputados federais. Além de ser menos restritiva do que a de 1995, a nova cláusula foi aprovada por meio de uma Emenda Constitucional, o que evita eventuais discussões sobre inconstitucionalidades.

É de justiça reconhecer que a diminuição do número de partidos políticos não é mero resultado de disposições legais. O próprio eleitor concentra o seu voto em alguns partidos. Nas últimas eleições, por exemplo, cinco partidos se destacaram pelo número de prefeitos eleitos: MDB (783), Progressistas (687), PSD (654), PSDB (521) e DEM (466). Depois, com números bem menores, ficaram o PT (182) e o PSL (90).

Essa concentração de votos mostra que, mesmo com muitas legendas, o eleitorado encontra sua representação em alguns poucos partidos. Ou seja, é o próprio eleitor que distribui desigualmente os votos entre as legendas.

Além de evidenciar que a cláusula de barreira não diminui a representatividade política, a concentração de votos em alguns partidos mostra que, no conjunto das 33 legendas, existem realidades muito díspares. Há partidos, por exemplo, com enorme capilaridade, capazes de eleger cinco centenas de prefeitos.

Ao fixar limites mínimos de representatividade, a cláusula de barreira ajuda a diferenciar os partidos das meras siglas. Sua aprovação foi uma vitória importante, que não merece ser desfeita. Seus frutos podem gerar um novo cenário político.

LIBERALISMO DO GOVERNO É MUITO PEQUENO

 

Liberalismo tacanho

O Brasil necessita de uma ampla agenda de políticas pró-crescimento

Claudio Adilson Gonçalez, O Estado de S. Paulo

Em meu primeiro artigo neste espaço, Teoria Econômica, Ideologia e Crescimento (10/9/2012), procurei mostrar que quando a ideologia se sobrepõe à racionalidade, conduzindo ao excessivo apego por parte dos governantes aos cânones de uma determinada corrente do pensamento econômico, os custos para a sociedade podem ser elevados.

Paulo Guedes e Jair Bolsonaro
Para o compreensivelmente otimista Paulo Guedes, está tudo bem na economia. Bolsonaro também pensa igual. Foto: Dida Sampaio/Estadão

Naquela oportunidade, eu estava preocupado com a orientação de política econômica do governo petista de Dilma Rousseff. Antevi um desastre que, infelizmente, se concretizou. Agora ocorre o contrário, na esteira do discurso liberal. Mas minha preocupação com a influência nefasta do apego ideológico, quase religioso, a determinadas crenças, continua a mesma.

O liberalismo econômico se consolidou com os trabalhos publicados no século 18 por pensadores como QuesnayLockeMandeville e, sobretudo, Adam Smith, com sua obra Uma Investigação sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações, de 1776. A ideia central era que o setor privado, operando em concorrência perfeita, levaria à prosperidade e promoveria o bem-estar social. A função do Estado seria apenas a de fornecer os bens públicos, atuar nas falhas de mercado e estabelecer a legislação para que a iniciativa privada exercesse seu papel.

Após a grande recessão iniciada em 1929, John Maynard Keynes nos mostrou a possibilidade do chamado equilíbrio recessivo, abaixo do pleno-emprego. O gasto público entra na equação para suprir a escassez de demanda e recolocar a economia em uma trajetória virtuosa comandada pelo investimento privado.

A partir de 1950, a economia neoclássica, que instrumentalizou o liberalismo com ferramentas matemáticas e teorias de equilíbrio geral, começou a ganhar muita força. Com as contribuições dos monetaristas da Escola de Chicago, especialmente George Stigler e Milton Friedman e a hipótese das expectativas racionais (John MuthRobert Lucas e Leonard Rapping), essa corrente do pensamento econômico passou a predominar na academia.

De lá para cá, muitos dos conceitos dos neoclássicos foram revistos, alterados e até mesmo abandonados.

Hoje sabemos que não há relação direta entre emissão de moeda e inflação. No mundo da moeda fiduciária e dos pagamentos digitais, quando se diz que os governos financiam seus déficits com expansão monetária, o que de fato ocorre é uma troca de passivos do Tesouro por passivos de curto prazo dos bancos centrais (que também pagam juros). Talvez por ainda estar preso à tradição monetarista, o ministro da Economia afirmou, no ano passado, de forma equivocada, que, se o governo não conseguisse rolar adequadamente a dívida em 2021, o Brasil entraria em hiperinflação.

Há também fortes evidências empíricas, mundo afora, de que desigualdade e pobreza, além de socialmente injustas, prejudicam o crescimento econômico.

Aprendemos também que os agentes econômicos são homo sapiens e não homo economicus, como pensavam os defensores das expectativas racionais. Isso quer dizer que nem sempre mercados livres e desregulados são eficientes para conduzir a equilíbrios compatíveis com o bem-estar.

Há sólida evidência empírica internacional que mostra que os investimentos públicos, desde que apresentem taxas de retorno total (privada mais social) superior ao custo dos fundos para financiá-los, favorecem o crescimento econômico.

Sem dúvida é preciso zelar pela consolidação fiscal, mas resumir a política econômica a cortar gastos a qualquer custo – embora nem isso esteja sendo feito – é uma aposta arriscada demais. A tese de que a redução do tamanho do Estado conduz automaticamente ao aumento do investimento privado não tem encontrado suporte nas evidências empíricas.

O Brasil precisa de uma ampla agenda de políticas pró-crescimento. Ao invés disso, o que mais se observa, na equipe econômica, é apenas o discurso supostamente liberal. Pena que se trata de um liberalismo envelhecido, tacanho.

*ECONOMISTA E DIRETOR-PRESIDENTE DA MCM CONSULTORES. FOI CONSULTOR DO BANCO MUNDIAL, SUBSECRETÁRIO DO TESOURO NACIONAL E CHEFE DA ASSESSORIA ECONÔMICA DO MINISTÉRIO DA FAZENDA

PARTIDOS POLÍTICOS NÃO CUMPREM AS LEIS DE APOIO ÀS MULHERES

 

Partidos ignoram lei de apoio a mulheres

Dados de 4 anos mostram que norma não valeu em 67% dos casos, em 32 legendas

Paula Reverbel, O Estado de S.Paulo

Os partidos brasileiros não cumpriram a exigência legal de destinar 5% da verba que recebem do chamado Fundo Partidário – o Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos – em programas que incentivem a presença de mulheres na política, de acordo com levantamento acadêmico consultado pelo Estadão. A norma foi desrespeitada em 67% das ocasiões, considerando quatro exercícios financeiros já julgados de 32 agremiações. Apenas os nanicos Democracia Cristã (antigo PSDC) e PSTU respeitaram a regra nos anos considerados.

Outras 10 agremiações desrespeitam a norma durante os quatro anos da pesquisa: PCB, Cidadania (antigo PPS), PT, DEM, PP, MDB, PTC, PRP (incorporado ao Patriota), Avante (antigo PTdoB) e PRTB. Os dados foram coletados pelo pesquisador André Norberto Carvalho, que consultou os julgamentos das prestação de contas das siglas em 2010, 2011, 2012 e 2013. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) concluiu as análises de 2014 e avalia 2015.


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Maíra Recchia, coordenadora do Observatório Candidaturas Femininas OAB-SP, fala sobre a criação de um canal de denúncias para candidatas .  Foto: FOTO:WERTHER SANTANA/ESTADÃO

Ao contrário da cota de 30% do Fundo Eleitoral que tem de ir para candidaturas femininas – exigência que deriva de uma interpretação do TSE sobre a Lei das Eleições – a cota dos 5% consta explicitamente da Lei dos Partidos Políticos desde 2009. 

Alguns partidos tentaram, em suas prestações de contas, fazer com que despesas administrativas – como manutenção de instalações e telefone, por exemplo – fossem aceitas pelo tribunal como investimentos voltados ao aumento da participação feminina. Caso do PSDB que, a partir de 2011, criou uma norma interna sobre a aplicação dos recursos destinados à promoção da participação feminina na política, permitindo computar uma parcela dos gastos de manutenção da sede nacional – onde funciona também a Secretaria do PSDB-Mulher – como investimento para fins do programa.

Apesar de ser uma exigência legal, o desrespeito à norma dos 5% só não levou à reprovação das contas partidárias quando esse era o único problema nos cálculos apresentados pelos partidos. Na imensa maioria das vezes, o TSE optou por aprovar as contas com ressalvas, aplicando “os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade”, com o entendimento de que as falhas tinham afetado uma porcentagem pequena da verba pública destinada às agremiações.

“Logo que começa o julgamento das contas de 2010, firma-se o entendimento de que esse descumprimento por si só não geraria a desaprovação de contas, só uma multa de 2,5%”, explicou Carvalho ao Estadão.https://arte.estadao.com.br/uva/?id=Q8P4bQ

Uso eventual. O levantamento do pesquisador também mostrou que o mesmo argumento – que livrou partidos de serem penalizados por não investirem o mínimo em programas de participação feminina – não foi aplicado diante de outras falhas. Ao se debruçar sobre problemas de outra natureza, o ministro Luiz Fux considerou que era importante considerar o valor nominal da irregularidade – ou seja, se ela tinha comprometido quantias vultosas, mesmo que estas representassem uma parte pequena da verba total. O ministro Henrique Neves, também na análise de outros pontos que não a cota dos 5%, defendeu que o TSE deveria observar a qualidade e a gravidade das falhas. 

Nessa linha, Carvalho também destacou uma relatório de Luís Roberto Barroso, acompanhado por Edson Fachin, Og Fernandes, Luis Felipe Salomão, Admar Gonzaga e Tarcisio Vieira, segundo o qual irregularidades graves comprometem a transparência das contas, mesmo que representassem porcentual ínfimo em relação ao total de recursos.

O tratamento que o TSE deu à regra dos 5% passou a ser questionado pela ministra Rosa Weber, que começou a defender a ideia de que a reincidência no erro, ou seja, o descumprimento da cota por vários anos, deveria sim levar à reprovação das contas – desfecho que leva à suspensão dos repasses do Fundo Partidário. 

“A ministra Rosa Weber propôs que geraria reprovação na terceira reincidência”, afirmou o pesquisador Norberto Carvalho, salientando que esse entendimento foi aplicado uma vez, para reprovar as contas de 2012 do DEM. “Mas também não prevaleceu nos demais julgamentos sobre a questão essa ideia, porque criou-se o entendimento de que aqueles partidos que cumpriram parcialmente com os 5% estariam tentando viabilizar o cumprimento da norma. Mas a norma não coloca essas gradações, ela simplesmente estabelece que 5% é o mínimo”, argumentou Carvalho. 

Proporcionalidade. Para a advogada Maíra Recchia, coordenadora-geral do Observatório de Candidaturas Femininas da seção paulista da Ordem dos Advogados do Brasil, não se valoriza adequadamente a inserção das mulheres na política. 

“Se aplica o princípio da proporcionalidade para isso, mas não para outros casos”, criticou a advogada Recchia. E acrescenta: “Ao tratar de outros assuntos, eles rejeitam as contas eventualmente por uma porcentagem que, ainda que seja irrisória, eles falam que compromete a regularidade”. “E aí os partidos vão aplicando esse pacote de verbas em outras coisas que nada têm a ver com sua finalidade”, concluiu Recchia. 

A advogada admite que as agremiações partidárias vêm montando, em anos recentes, secretarias para as mulheres – mas sua avaliação é que isso ainda está muito distante de caracterizar atuação partidária. “As mulheres ficam restritas às secretarias de mulheres, fazendo palestras para mulheres e organizando cursos de formação”, criticou. Mas nenhuma dessas atividades configura cumprimento do texto legal: “ A legenda não as insere efetivamente na política”, concluiu Recchia.

Anistia

Em 2019, o Congresso aprovou uma mudança na lei dos partidos que anistia todas as siglas que tenham deixado de aplicar, entre os anos de 2010 e 2018, 5% do Fundo Partidário em programas de participação feminina, desde que tenham aplicado esse tanto no financiamento de candidaturas femininas. Segundo Recchia, a mudança de 2019 tratou-se de uma reação dos partidos à expectativa de que o TSE passasse a penalizar mais duramente as legendas que descumprissem a regra. 

“Como os partidos estavam reiterando o descumprimento da lei, era inevitável que começassem a ter penalidades mais duras”, afirmou a advogada, acrescentando que há maior entendimento da sociedade sobre questões de diversidade. 

Essa anistia virou, em setembro daquele ano, alvo de uma ação direta de inconstitucionalidade assinada pela então procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Pode, portanto, ser derrubada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Os partidos PL, DEM, MDB e PDT pediram que a corte os deixe participar da ação como amicus curiae, ou seja, partes interessadas no desfecho do processo.

Partidos dizem que vêm se adequando à legislação

Procurado pelo Estado, o MDB afirmou que homologou em agosto de 2020 um acordo firmado com o TSE para investir na participação das mulheres valores referentes à prestação de contas de 2010 a 2014. O partido disse ainda que foi o partido que mais elegeu mulheres nas eleições de 2020 (1468). 

O DEM informou que “já cumpriu as sanções, aplicadas pelo TSE às contas citadas” pelo não investimento dos 5% e informou que lançou em 2019 uma Estratégia Nacional de Formação Política para Mulheres para disputar as eleições pela sigla.  O Patriota informou que a lei permite gastar em campanhas de mulheres aquilo que não se gastou da cota dos 5% no decorrer do ano.

Falando pelo PDT, Miguelina Vecchio, liderança do movimento Ação da Mulher Trabalhista afirmou que o PDT vem cumprindo com outra exigência – a de repassar 30% do Fundo Eleitoral para candidaturas femininas – e disse não se lembrar dos julgamentos das contas partidárias que versavam sobre a cota de 5%.

O PSD informou que “as verbas estabelecidas pela legislação foram efetivamente aplicadas na promoção e difusão da participação política das mulheres e também destinadas às candidaturas femininas do PSD em eleições posteriores”. 

O PT afirmou que o estudo refletiu as dificuldades nos anos iniciais de aplicar “uma legislação que começou a romper uma longa tradição de desigualdade” e disse que foi o primeiro partido a adotar a paridade de 50% nos cargos direção em todos os níveis. O PSOL informou que “o partido e sua setorial de mulheres estavam, nos anos referidos, num período de adaptação à nova legislação, processo que foi concluído no ano seguinte, sem prejuízo à promoção de políticas de apoio às mulheres. 

O Podemos – respondendo pelo PTN e pelo PHS – afirmou que inicialmente, antes de o TSE se manifestar contra a soma de gastos administrativos no cálculo dos 5%, não conseguiu comprovar quais gastos foram para a estrutura da secretaria da mulher, já que ambos os partidos eram nanicos e utilizavam os mesmos espaços da sede nacional. 

O PC do B – que incorporou o PPL – informou que tem atualmente ao menos 30% da composição de todas as instâncias partidárias formadas por mulheres. O partido informou ainda que entendia ter cumprido com a norma, mas que o TSE considerou que algumas das despesas apontadas pelo PCdoB e pelo PPL não podiam ser qualificadas como parte dos programas de participação feminina. “Mesmo não concordando com os critérios do TSE (…) o PCdoB e o PPL cumpriram e estão cumprindo as determinações do TSE quanto às multas e valores a serem aplicados a mais nos anos seguintes”.

PCB, PL, PMN, PP, PRB, PSC, PSDB, PSB, PTB, Avante, PV e SD não responderam. O PSL entrou em contato com a reportagem para avisar que não iria conseguir enviar resposta. Os presidentes nacionais do Cidadania, Roberto Freire, e do PRTB, Levy Fidelix, não visualizaram as mensagens enviadas pelo Estadão. A reportagem não conseguiu entrar em contato com PCO, PTC, PRP e Pros.

domingo, 7 de março de 2021

MÉTRICAS SOCIAIS E GOVERNANÇAS PARA EXECUTIVOS

 

Meta ambiental vira parte de salário de executivos de alto escalão

Grandes companhias do País começam a colocar também no cálculo da remuneração do alto escalão métricas sociais e de governança

Fernanda Guimarães, O Estado de S. Paulo

Além das tradicionais métricas de desempenho financeiro e de crescimento da companhia que usualmente entram na conta das grandes empresas na hora de formar o salário de um executivo, começam a fazer parte dessa equação no Brasil metas relacionadas ao ESG – critérios ambientais, sociais e de governança, na sigla em inglês.

O País acompanha um movimento já comum no exterior, em resposta à cobrança da sociedade e de investidores pelo engajamento das empresas nas questões relacionadas à sustentabilidade, à inclusão e à transparência, aspectos cada vez importantes para o desempenho e, principalmente, para a perenidade da empresa. “O movimento das empresas para serem mais sustentáveis acaba por impactar diretamente o bolso dos executivos, com a entrada das metas ESG nos planos de incentivos de curto e de longo prazo”, aponta o sócio da X|R Consultoria, Henri Barochel.

Nos Estados Unidos, o número de empresas que incluem métricas sociais ou ambientais para decidir as bonificações de seus executivos dobrou nos últimos dois anos, segundo levantamento da ISS ESG, o braço de investimentos responsáveis da firma de assessoria em votações de acionistas Institutional Shareholder Services.

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Metas relacionadas a critérios ambientais, sociais e de governança, entram na fórmula de salários de executivos Foto: Dida Sampaio/Estadão

O fundador e gestor da Fama Investimentos, um dos pioneiros de investimentos ESG no Brasil, Fabio Alperowitch, afirma que atrelar tais métricas à remuneração de executivos é algo positivo, mas lembra que a empresa precisa tornar transparente quais são essas metas, já que é relevante que elas estejam relacionadas a pontos sensíveis para o setor de atuação da companhia. 

A siderúrgica Gerdau definiu dois itens que passaram, neste ano, a compor a avaliação da remuneração de longo prazo dos executivos: diversidade e redução de gás carbônico. “Trazer esse comprometimento é mais uma ação em prol de continuar evoluindo”, comenta a diretora global de Pessoas e Responsabilidade Social da Gerdau, Caroline Carpenedo. As métricas relacionadas ao ESG passarão a ser atreladas a 20% da remuneração de longo prazo dos executivos da empresa. 

No GPA, dono da rede de supermercados Pão de Açúcar, desde 2016 a remuneração variável de executivos conta com uma métrica relacionada à redução do consumo de energia elétrica. Mas a companhia percebeu que faz mais sentido trazer para o cálculo a redução da emissão de gás carbônico. “Descobrimos que os gases que saem dos refrigeradores tinham mais impacto na nossa pegada de carbono do que a questão da energia elétrica”, explica a diretora de sustentabilidade do GPA, Susy Yoshimura. Até o fim de 2025, a meta é reduzir tais emissões em 35%. 

A Lojas Renner há dois anos tem compromissos públicos para a área de sustentabilidade, como ter 80% dos produtos feitos com matérias-primas e processos menos impactantes, além de 100% do algodão utilizado certificado. “Objetivo é ser referência em sustentabilidade”, comenta a diretora de Recursos Humanos da Lojas Renner, Clarice Martins Costa. O bônus anual do alto escalão da companhia tem relação com o atingimento dessas metas e cada executivo tem seu próprio desafio, comenta Clarice.

FAZER CIÊNCIA OU TER FÉ?

 

Ciência e religião

Giordano, o inflexível; Galileu, o negociador: oposição absoluta entre fazer ciência ou ter fé

Leandro Karnal, O Estado de S. Paulo

“A ciência sem a religião é manca, a religião sem a ciência é cega.” A frase é bem construída. Coloca duas afirmações fortes unidas pela ausência (indicada pelo termo “sem”). Ela aponta o vazio irreparável da ideia científica e da religiosa na fala recíproca. O autor? O nome reforça ainda mais o peso da afirmação: Albert Einstein. 

Grande parte da história do mundo poderia ser contada como a relação complexa entre ciência e religião. Muitas pessoas invocarão a imagem simbólica de Galileu Galilei (1564-1642) diante do Tribunal do Santo Ofício, obrigado a se retratar oficialmente para não ser queimado. O exemplo do suplício de Giordano Bruno (1548-1600), ocorrido quando o astrônomo de Pisa tinha acabado de completar 36 anos, certamente pairava na memória. Um filósofo, Giordano, queimado em praça pública, torturado, o fogo aceso com sua própria obra: eis uma imagem forte que seduz quando vemos sua estátua no Campo dei Fiori.

Giordano, o inflexível; Galileu, o negociador: ambos são exemplos sempre citados de uma oposição absoluta entre fazer ciência ou ter fé. O escritor Morris West (1916-1999) criou O Herege, reforçando o caráter heroico do dominicano supliciado em Roma. Li na juventude, emocionado, a frase de Giordano olhando para os juízes e dizendo que eles, acusadores, tinham mais medo dele, réu, do que ele temia a seus carrascos. Psicanaliso: West, escritor de best-sellers, tinha uma relação complexa com sua mãe australiana católica, algo que aparece em obras como As Sandálias do Pescador ou O Advogado do Diabo.

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Documento do julgamento de Giordano Bruno pela Inquisição Foto: Vatican Secret Archives//Daniele Fregonese/Reuters

A inspiração também atingiu Bertolt Brecht (1898-1956), autor da Vida de Galileu. Anos depois, estudando mais, entendi que Brecht dialogava muito com o nazismo e sua repressão, pois a peça era de 1943 e o dramaturgo estava exilado na Dinamarca. Também no Brasil, Zé Celso, Cláudio Corrêa e Castro, Renato Borghi levaram adiante um Galileu que, com certeza, dialogava com o clima de enfrentamento com a ditadura por aqui. 

Críticas possuem história, origem e viés, sempre. Quase toda imagem que vemos de Galileu no Tribunal pertence ao século 19, momento em que o Liberalismo europeu via na Igreja (e no papado de Pio IX) um obstáculo. A Igreja Católica era considerada inimiga mortal da liberdade e da ciência. Sabemos, hoje, que tal proposta é um postulado que pertence mais às formulações de um grupo dos oitocentos do que ao Renascimento. O quadro mais ilustrativo da cena da repressão ao saber livre é o de Cristiano Banti (1824-1904), que mostra Galileu à direita, em pé, segurando sua capa e, a sua frente, um temível dominicano apontando com dedo acusador o trecho de uma obra. A pintura fala pouco do processo do astrônomo e muito da oposição do papado à Unificação Italiana. O mesmo pode ser dito da maioria das gravuras ilustrativas sobre torturas da Inquisição: quase sempre são um documento do Liberalismo e da secularização do século 19.

O caldo de crítica aos poderes (nazismo no caso de Brecht e ditadura militar no caso da encenação da Galileu aqui) mistura a ideia de uma ciência iluminada contra a religião.

Era uma dicotomia insuperável? Giordano Bruno era mais um hermético, ocultista e estudioso das artes da memória do que um cientista iluminado. Um dia, o filósofo de Nola se convertera ao Calvinismo, quando a nova religião parecia útil. Depois, renunciou à nova fé para, curiosamente, tornar-se o mártir da coerência diante do tribunal romano. Ao virar personagem, Giordano Bruno pode encarnar toda a luta contra a censura e o autoritarismo. Ali no local em que ele foi assassinado, todo dia 17 de fevereiro ocorrem discursos pela liberdade de pensamento. Em uma rara praça sem igrejas de Roma, todos olham para a estátua do frade com capuz e olhar triste (estátua, aliás, também feita no século 19 com coleta entre tantos inimigos do papado). Na mesma praça tinha sido erguida uma outra obra durante as agitações da “primavera dos povos” (1848/1849) e, depois, destruída pelo bispo de Roma. Reerguê-la era um sinal contra a memória de Pio IX e contra o papa reinante de 1889: Leão XIII. Durante a ditadura totalitária italiana, para agradar aos cardeais, Mussolini planejou remover a estátua. Ocorreu o inesperado. O filósofo fascista Giovanni Gentile era admirador de Giordano Bruno e pressionou para que Mussolini mantivesse o monumento. Construída duas vezes contra papas e mantida por um fascista, a obra continua lá mostrando que os signos são históricos, sempre, e mutáveis por natureza.

Para que não fiquemos repetindo slogans e ideias românticas, sempre é bom ler muito. A Editora Ideias & Letras traduziu o Cambridge Companion sobre Ciência e Religião. O organizador é Peter Harrison (autor do excepcional The Fall of Man and the Foundations of Science, Cambridge University Press). A obra original é de 2010 e a tradução brasileira é de 2018 (feita por Eduardo Rodrigues da Cruz). Nela, diversos autores analisam o binômio ciência e religião. Big Bang, criacionismo, design inteligente, ateísmo, darwinismo, universidades medievais, filosofia patrística e escolástica, secularização: todos os conceitos tratados por grandes especialistas em um texto claro e muito bom. Recomendo a leitura vivamente. Boa semana para todos.

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