domingo, 7 de março de 2021

8 DE MARÇO - DIA INTERNACIONAL DA MULHER

 

Dia Internacional da Mulher: temos motivos para comemorar?

*Psicóloga e Neuropsicologia Daniela Generoso


Chegamos em mais um dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, mas com poucas razões para celebrar. O número de casos de feminicídio e violência contra o sexo feminino não para de crescer.

Antes da pandemia, por exemplo, o instituto “É Possível Sonhar”, que atende crianças, adolescentes e mulheres vítimas de violência doméstica, recebia de 5 a 12 casos por semana. Agora, o número gira em torno de 18 a 23 casos. E os dados só aumentam. 

Não é segredo para ninguém que a violência sempre existiu, mas o isolamento social fez evidenciar casos em que o homem agredia psicologicamente a mulher. Então, a parceira mesma procurava justificar tais atos como momentos de chateação ou raiva pontual do companheiro, pois, para muitas, o abuso só acontece quando chega a agressão física.

Para entender o que é abuso, é preciso esclarecer primeiramente o que é um relacionamento saudável. Geralmente, trabalhamos com a cultura, crença e a idealização do “para sempre”. Essa ideia fantasiosa facilita a manipulação do agressor, que primeiro prende com palavras sutis e muito carinho, o que dificilmente faz a mulher enxergar o controle extremo.

Os agressores/assassinos justificam os atos como forma de amor, ciúmes ou até mesmo dizem que foram provocados. Essas questões são fatores cruciais para impedir e desencorajar a mulher de pedir ajuda.

A manipulação faz com que a pessoa se sinta culpada e alimente pensamentos como se não estivesse com tal roupa não iria provocar outros homens e o parceiro não sentiria ciúmes, já que se sente ciúmes é porque a ama. Esse tipo de pensamento gera um grande perigo. Por isso, precisamos urgentemente parar de romantizar algo que não é normal. Sentir ciúmes é um descontrole emocional causado pelo sentimento de posse.

Quando o indivíduo só diminui a pessoa, ofende, controla suas amizades, roupas e lugares aonde você vai, cuidado. Pode estar enfrentando um relacionamento abusivo. Você não é posse de ninguém. Um casal precisa andar de acordo mútuo, com amizade e respeito.

Além disso, não tem como generalizar, porque cada caso é um caso. Há muitas mulheres que sofrem de transtorno de personalidade dependente e vão sentir um vazio ou até mesmo uma dor por não estar com companheiro ao lado. Mas a pessoa precisa aprender a se amar.

Ninguém nasceu para ser maltratada. No entanto, muitas vezes podemos entender isso como um ciclo de como nossos pais nos tratavam. Porém, para compreender o que realmente acontece é necessário, primeiro, entender o que é um relacionamento saudável. Por isso, ao primeiro grito, procure o diálogo e, se persistir, busque ajuda. É possível sonhar e recomeçar, basta pedir ajuda e entender quem você realmente é, as coisas boas que pode conquistar e viver.

(*) Psicóloga, Pós-graduada em Neuropsicologia, Pós-graduanda em Psicologia Existencial Humanista, pós-graduada em direitos humanos, Mestranda na Universidade Européa Del Atlântico (Espanha), Formada pela UNESCO/UFRJ Interpretação de Desenho Infantil, Escritora, Professora  e supervisora de psicologia, fundadora e presidente do Instituto  “É Possível Sonhar”, que atende crianças, adolescentes e mulheres vítimas de violência doméstica.

OS GESTORES DA PANDEMIA NÃO SOFREM CONSEQUÊNCIAS DOS SEUS ATOS

 

Dobrando a aposta

Os gestores da epidemia não sofrem as consequências das decisões que tomam

J.R. Guzzo, O Estado de S.Paulo

Eis aí o Estado de São Paulo de volta à fase de restrições radicais por conta da covid – e é bom ir dando graças a Deus, segundo indicam as “autoridades locais” que receberam do STF a incumbência de gerir a epidemia sem interferências de cima ou dos lados. Como acaba de dizer o gestor-chefe do Alto Comissariado que decide hoje em dia o que o cidadão pode ou não pode fazer na sua vida, a atual “fase vermelha” da quarentena talvez não seja suficiente para satisfazer o grau de paralisia da sociedade que acham satisfatório; já ameaçou com a adoção de uma “fase preta”, na qual querem proibir ainda mais coisas. Quais? Nem eles sabem direito. Só dizem que vai ficar pior.

São Paulo covid
O Estado de São Paulo está de volta à fase de restrições radicais por conta da covid. Foto: Werther Santana/Estadão

Permanecem de pé, enquanto eles distribuem as suas ordens, duas questões essenciais. A primeira é: para que tudo isso? Nunca se adotaram medidas de intervenção nas liberdades individuais e públicas mais extremas que as de agora. Ao mesmo tempo, nunca morreu tanta gente – quase 260 mil pessoas, segundo os critérios que definem o que é morte por covid e segundo os últimos números publicados pela imprensa. Obviamente, pela observação objetiva dos fatos que estão à vista de todos, o “fique em casa” não deu certo – se tivesse dado, a quantidade de mortos e de infectados estaria diminuindo, e não aumentando. Tudo o que se diz em defesa do fechamento é a mesma coisa que vem sendo dita desde o começo: seria pior se não fosse assim. Quanto pior? Aí cada um diz o que quer. Haveria 3 milhões de mortos etc. etc. etc. Ou seja: acreditem em mim, façam “home office” e chamem o motoboy para o “delivery”.

A segunda questão é igualmente simples: depois de um ano inteiro de gestão exclusiva da covid (na prática, as decisões locais não podem ser mudadas por decisões superiores) e de gastarem dezenas de bilhões de reais em dinheiro tirado do público, o que as autoridades que trataram da epidemia têm para mostrar em seu favor? Nesse período o cidadão foi governado por decretos-leis e a Constituição foi sistematicamente desrespeitada. Uma recessão que fez a economia recuar mais 4% em 2020 destruiu empregos, liquidou empresas e arruinou as vidas de milhões de brasileiros. Num país desesperadamente atrasado na educação de suas crianças e jovens, a maioria das escolas está fechada há um ano. Em troca de tudo isso, o que se tem são 260 mil mortos e a constatação de que o sistema público de hospitais está em colapso – segundo os próprios responsáveis diretos pelo seu funcionamento.

As coisas estão assim, dizem eles, porque o número de casos aumentou demais. Mas não é justamente para isso, para resolver emergências extremas, que receberam esses poderes todos e estão aí fazendo o que bem entendem desde março de 2020? Não foi para tratar exclusivamente da covid que Estados e municípios receberam, ao longo deste último ano, R$ 35 bilhões em verbas federais? Com esse dinheiro o Brasil poderia ter hoje 250 mil leitos de UTI; tem menos de um terço disso. Quando apresentados a qualquer desses fatos, os comissários da covid ficam impacientes: dizem que é tudo “negacionismo” e encerram a conversa. Não muda nada – o fracasso continua do mesmo tamanho, e daí eles dobram a aposta. 

O fato é que os gestores da epidemia não sofrem as consequências das decisões que tomam. Nenhum deles perdeu o emprego até hoje, nem renda, nem fez cinco minutos numa fila de ônibus, nem passou um dia inteiro sem café da manhã, almoço e janta. Ninguém ficou sem elevador, luz elétrica e água quente – para isso, garantindo o conforto de quem está “em casa”, há sempre um infeliz pendurado no poste ou enfiado embaixo da terra. Eles que se aglomerem.

*JORNALISTA

sábado, 6 de março de 2021

SE LOCKDOWN NÃO RESOLVER?

 

Se o lockdown não resolve, sobram só as vagas em cemitérios; leia a análise

‘Infelizmente, vejo que vamos ter aumento da mortalidade nas portas dos hospitais, em ambulâncias, esperando a abertura de um leito de UTI e isso é responsabilidade do governo federal’

Gonzalo Vecina*, O Estado de S.Paulo

Não há como construir leitos de UTI na velocidade em que as pessoas estão morrendo neste momento. Muitos leitos foram desativados e a reativação significa reagrupar equipamentos que foram distribuídos, chamar profissionais não presentes agora. Até pode ser feito aumento de capacidade de leitos em alguns hospitais, mas uma resposta eficaz com essas ações é impossível no prazo de que dispomos.

Infelizmente, vejo que vamos ter aumento da mortalidade nas portas dos hospitais, em ambulâncias, esperando a abertura de um leito de UTI e isso é responsabilidade do governo federal, que diminuiu o número de leitos que estavam sendo financiados. O governo federal também sabia que havia condições de existir esse impacto que estamos vendo. A vigilância sanitária e a vigilância epidemiológica do Ministério da Saúde deveriam ter dado esse alerta. Dados não faltam para isso.

hospital
Paciente da UTI sendo removido no Hospital Albert Einstein  Foto: Nilton Fukuda/ Estadão

É culpa do ministério estarmos despreparados para enfrentar este momento. O único instrumento que temos hoje não é aumentar a oferta de leitos, é tentar, em alguns dias, diminuir a demanda, fazendo lockdown. Se for feito lockdown sério, vamos conseguir diminuir o número de novos casos daqui a dez dias. Agora, os casos que chegam hoje na rede hospitalar são de dez dias atrás. Esses vão continuar chegando, porque não tomamos nenhuma providência.

O presidente, em várias ocasiões, teve a oportunidade de se manifestar, dizendo que “lockdown não resolve”. Se lockdown não resolve e não há leitos de UTI, só sobram vagas no cemitério. 

É MÉDICO SANITARISTA E COLUNISTA DO ‘ESTADÃO’NOTÍCIAS RELACIONADAS

MEDIDAS DE SOCORRO CONTRA A PANDEMIA NO BRASIL

 

Quem vai disparar as medidas de socorro e apertar o botão de guerra?

Saúde e Economia caminham em passos distintos, enquanto o colapso do sistema de saúde de Manaus atinge o resto do País


Adriano Fernandes*, O Estado de S.Paulo

Na briga insana contra as medidas de isolamento social para frear a pandemia, Jair Bolsonaro repete a toda hora que a economia e a saúde “andam juntas”. No seu governo, essas duas áreas, porém, não se conversam.

Não se tem notícia de nenhuma reunião de cúpula dos Ministérios da Economia e da Saúde – Paulo Guedes e Eduardo Pazuello – para a organização de uma estratégia conjunta, a não ser por repasse de dinheiro. Nenhum encontro sequer dos “generais” de Bolsonaro num gabinete de guerra, de crise.

Saúde e Economia caminham em passos distintos enquanto o cenário mais catastrófico do início do ano se confirmou: a disseminação do colapso do sistema de saúde de Manaus para o resto do País. Tudo ao mesmo tempo.

Vírus avançando, com famílias inteiras contraindo a doença, UTIs lotadas, retrocesso na retomada econômica, alta volatilidade dos mercados e desconfiança dos investidores em relação ao que vai acontecer com o Brasil. A paciência deles com o País indo embora. 

Paulo Guedes e Eduardo Pazuello
Oficialmente, Guedes e Pazuello sempre se falam, mas quem já viu essa tropa reunida? Foto: Dida Sampaio/Estadão

É a tempestade perfeita, que ocorre quando um evento ruim é drasticamente agravado pela ocorrência de uma rara combinação de circunstâncias que se transforma em um desastre sem proporções.

É bem verdade que vão dizer no governo que a coluna está equivocada. Que em março do ano passado foi criado um comitê de crise para a supervisão e monitoramento dos impactos da covid-19. Que o comitê já publicou uma série de resoluções com ações para o enfrentamento e está em pleno funcionamento. Que o comitê está atuando conjuntamente e tem uma lista de medidas para provar isso. Que está dando tudo certo e dentro do previsto.

Oficialmente, o discurso é o de que Guedes e Pazuello mantêm diálogos constantes e frequentes em relação às medidas para o enfrentamento da pandemia no Brasil, o que não traria a necessidade de encontros presenciais.

Quem viu essa tropa em ação reunida? O Ministério da Economia diz que faz a sua parte com o repasse de dinheiro e o Ministério da Saúde faz a dele cobrando os recursos que estão em falta.

No domingo passado, Bolsonaro postou nas suas redes sociais uma foto enfileirado ao lado dos presidentes Arthur Lira (Câmara), Rodrigo Pacheco (Senado), e os ministros Walter Braga Neto (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Guedes e Pazuello. O assunto oficial: vacina e a PEC do auxílio emergencial.

O tema de maior interesse foi outro: mostrar que Bolsonaro fez a sua parte repassando recursos para os Estados no ano passado. Tudo isso para desmontar o aperto nas restrições que estão sendo tomadas pelos governadores e prefeitos e que a disponibilidade de caixa dos Estados e municípios fechou 2020 em patamar 70% maior do que um ano antes.

Isso demonstra que ter mais dinheiro não basta. A prova disso é que o governo já pagou R$ 524 bilhões em medidas emergenciais e o Brasil está no topo entre os países com pior situação na pandemia.

Depois da cloroquina e do tratamento precoce, a prova de energia gasta fora do lugar é o envio de uma comitiva a Israel para conhecer o spray para o combate da covid-19.

Mas nunca mandaram uma comitiva de peso – de alto nível – atrás de vacina. Por que não Guedes e Pazuello juntos numa comitiva? A equipe econômica pode e deveria ter se engajado mais nessa cobrança e articulação da diplomacia, pois tem seus canais particulares de diálogo internacional e instrumentos outros econômicos. A compra de vacina é uma guerra internacional e se deve disputá-la com todas as armas possíveis.

Com o temor de uma desorganização econômica, Guedes repete que o Brasil precisa de vacina. Mas não temos vacina. Com lucidez, disse que a guerra sem fim não vai chegar a nenhum lugar. Guedes conta para o presidente? O pior temor de Bolsonaro ao se lançar contra o combate duro da pandemia, o desastre econômico, pode acabar se concretizando.

O ministro já falou diversas vezes que aguardaria o sinal de Pazuello para disparar as medidas de socorro e acionar o botão da calamidade. No fim de janeiro, afirmou que o governo poderia retomar os programas de socorro, caso houvesse o entendimento de que o número de mortes por covid-19 continuará acima de mil por dia com a vacinação atrasada. Nessa situação, seria declarado novamente “estado de guerra”.

Infelizmente, esse é o quadro de hoje no Brasil. Quem aperta o botão?

*É REPÓRTER ESPECIAL DE ECONOMIA EM BRASÍLIA

PONTOS POLÊMICOS NA PRIVATIZAÇÃO DA ELETROBRAS

 

Alertas sobre a MP de privatização da Eletrobrás

Privatizar a estatal é fundamental, mas não há espaço para aventuras, nem para milagres, nem para milagreiros

Adriano Pires*, O Estado de S.Paulo

Depois de muitas idas e vindas e quando parecia existir um consenso de que não haveria privatização/capitalização da Eletrobrás, o governo apresenta uma MP, na tentativa, dentre outras, de recuperar a imagem de ser um governo liberal.

A privatização e/ou capitalização da Eletrobrás é desejável e fundamental ante a falência da capacidade de investimento da empresa e do estado atual do setor elétrico brasileiro. Estamos com bandeira amarela desde o início de 2021, no auge do chamado período úmido. A questão dos reservatórios já se arrasta há anos. Não dá mais para culpar apenas a “hidrologia ruim” ou a falta de sorte.

Existem fatores estruturais que precisam ser endereçados. O resultado de adiar o enfrentamento das verdadeiras questões estruturais pode ser um aumento contínuo e significativo das tarifas.

Eletrobrás
Privatizar uma empresa como a Eletrobrás é fundamental, mas não da forma como o governo sugere. Foto: Wilton Junior/Estadão

No entanto, o formato e o instrumento anunciados pelo governo na MP 1.031 não parecem ser os mais adequados. 

O primeiro é que capitalização não é privatização. A União passa a ter uma golden share o que representa risco político e desvaloriza a empresa. Após o episódio da demissão do presidente Castello Branco da Petrobrás, fica mais difícil o investidor acreditar na isenção da União na gestão das empresas. Ou seja, o modelo de empresas de capital misto parece não funcionar no Brasil, o que nos leva a duvidar se esse modelo de corporation com uma presença significativa da União e de golden share não terá os mesmos problemas do modelo de capital misto.

O segundo ponto é a ênfase dada na redução da tarifa de energia, ainda mais num contexto de que teremos elevações significativas em 2021. Caso a real intenção seja reduzir as tarifas, o livro-texto recomenda que seja feito através de políticas públicas claras, financiadas abertamente pelo Tesouro, ou mudanças nas relações entre o mercado cativo e o livre. Nos últimos anos tivemos um subsídio explícito do consumidor cativo em direção ao livre que precisa ser corrigido. No passado, vimos que a tentativa de reduzir os preços de energia pela MP 579/2012 foi desastrosa, e sentimos os efeitos até hoje. De outubro de 2012 a setembro/13 a energia residencial caiu 14,78%. Nos 12 meses seguintes, outubro/13-setembro/14, subiu 14,72%. Em novembro/14 já tinha acumulado alta de 18% zerando a queda. Em janeiro/15 a energia já tinha subido 28,45%, mais do que compensando a redução. De outubro/13 até agora subiu 107,65%.

A interpretação de que um dos objetivos da MP seria a redução de tarifas levanta a questão da efetividade desse instrumento e se isso não dificultaria a atração de investidores. A capitalização deveria ser para aumentar os investimentos da Eletrobrás, e não para reduzir tarifas.

Mesmo o objetivo de modicidade tarifária pode não ser atingido. Não está claro até que ponto teremos redução das tarifas colocando recursos da capitalização na CDE, ao mesmo tempo que ocorre o fim do regime das cotas promovidas pela MP 579 que levará a um aumento das tarifas para os consumidores cativos. O correto é que a redução das tarifas via CDE deveria beneficiar apenas os consumidores cativos, excluindo os consumidores livres. Os eleitores do presidente Bolsonaro estão no mercado cativo, e não no livre.

Ainda temos o risco de reduzir os aumentos tarifários nos próximos anos, como aconteceu com a MP 579, e a conta chegar no futuro, já que não estamos atacando as verdadeiras causas de termos tarifas elevadas.

Além das questões expostas acima, ainda existem outros fatores em aberto. Com o PL 414 em tramitação na Câmara haverá um crescimento mais rápido do mercado livre e, consequentemente, aumento na tarifa dos cativos. E qual vai ser o destino de programas como o Proinfa, que hoje estão embaixo da Eletrobrás. Como ficarão depois da capitalização da Eletrobrás?

Concluindo, privatizar uma empresa como a Eletrobrás é fundamental. Mas a escolha de um modelo de privatização num momento de crise e de pandemia, conduzido por uma necessidade de reduzir tarifas e agradar a alguns políticos, trará o risco de criar uma empresa com mais custos do que benefícios para a sociedade brasileira. Não há espaços para aventuras, nem para milagres, nem tampouco para milagreiros. 

*DIRETOR DO CENTRO BRASILEIRO DE INFRAESTRUTURA (CBIE)

EMPRESAS FEUDAIS ESTÃO CHEGANDO AO FIM

 

O Fim das Empresas Feudais chegou!

Nos últimos 200 anos, a maioria das empresas utiliza o mesmo modelo de gestão, baseado basicamente em comando e controle.

A realidade atual já mostrou que este modelo feudal de gestão não traz mais resultados e ainda gera uma série de problemas e limitações de crescimento para o seu negócio e prejuízos a suas equipes.

Mas como se livrar disso? Existe outro modelo diferente e mais eficaz no mercado?

O ‘feudalismo’ nas empresas

JOSÉ ROBERTO FERRO – VISÃO

Não, não estamos falando do feudalismo, o sistema econômico, social e político que prevaleceu na Europa a partir do século IV, após a decadência do Império Romano e do crescimento das invasões bárbaras.
Estamos falando da gestão moderna em muitas empresas atuais, nas quais, ainda hoje, há diversos resquícios e semelhanças com esse sistema antiquado, ultrapassado e superado.
Certa vez, estive em uma grande empresa preparando, com uma equipe de trabalho, uma apresentação para a direção. Durante a apresentação, fiquei surpreso ao notar que a mesma havia sido totalmente modificada e que alterara completamente o diagnóstico e as sugestões apresentadas. Ao final, procurei a pessoa que fizera a apresentação que me disse ter sido chamada no final da tarde do dia anterior por um dos vice-presidentes e feito as modificações. Perguntei por que isso acontecera e ela me disse simplesmente que o referido vice-presidente não queria que certos fatos de sua área viessem à tona, pois ele estava em “guerra” com outro VP. Enfim, a apresentação foi muito vazia e as sugestões dadas apenas solicitavam recursos adicionais, tirando, assim, todo o propósito do trabalho que fazíamos.

Esse tipo de comparação pode parecer exagerado ou inadequado. Mas notamos a existência de “feudos” em muitas empresas líderes e o predomínio de um sistema de gestão autocrático e territorialista em que as pessoas procuram proteger seu território de inimigos, ao mesmo tempo em que se estimulam e constroem-se relações servis com o “senhor feudal” empresarial moderno. Assim, a semelhança é muito maior do que se poderia imaginar.

No feudalismo, os senhores feudais eram donos do seu território, concedidos pelos reis, e administravam de forma autocrática. A economia era baseada na agricultura de subsistência e no trabalho servil. Embora os camponeses não fossem propriamente escravos, as possibilidades de ascensão social eram limitadas. As relações de trabalho eram servis, de obediência. Havia claros e rígidos estamentos sociais. Simplificadamente, tínhamos os senhores, o clero e os servos.

E de modo semelhante, dentro de muitas empresas, os feudos, quer sejam diretorias, gerências ou áreas funcionais, o responsável se comporta de modo parecido ao do antigo senhor feudal, julgando-se dono de seu território e esperando de seus colaboradores tenham uma atitude servil.

Essa situação pode ocorrer tanto no topo da organização, onde jogos de poder ainda prevalecem muito, mas também podem existir em todas as áreas da empresa.

Esse tipo de situação traz muitos problemas para as organizações. Esses feudos, mini-impérios ou silos tornam difíceis os esforços necessários para a gestão dos fluxos horizontais na organização, em que os processos fundamentais que agregam valor ao cliente e os processos suporte passam por cima dessas barreiras e fronteiras construídas artificialmente.

A visão feudal faz com que as pessoas olhem apenas para cima, esperando a ordem ou definição do senhor feudal, e para baixo, retransmitindo ordens, e mais importante, valores, comportamentos e atitudes. São incapazes de olhar para os lados onde fluem os processos mais significativos para os clientes, os processos horizontais.

Florescem exemplos de diretorias e diretores que mal se conversam ou, pior ainda, parecem estar mais empenhados muitas vezes em destruir ou conquistar novos territórios para garantir a sobrevivência e o crescimento do seu feudo do que trabalhar para garantir a sustentação e perenidade da empresa.

Os feudos podem ser técnico-funcionais, como TI ou Vendas, com barreiras de linguagem, discursos herméticos e particulares etc. Não há transparência, a comunicação não flui, as decisões são enviesadas pela luta entre os senhores feudais e, com isso, pode se prejudicar o desempenho.

O servo não se sentia estimulado a aumentar a produção com melhorias, uma vez que tudo que produzia de excedente era tomado pelo senhor. Por isso, o desenvolvimento técnico foi pequeno, limitando os aumentos de produtividade.
A “empresa feudal” também não estimula a participação das pessoas, as ideias divergentes e a variedade de opiniões. Respeitar as visões diferentes, estimular a diversidade de opiniões, permitir as iniciativas são outros elementos fundamentais que poderão ajudar as empresas a saírem desse atraso gerencial.

Os indicadores de desempenho tendem a ficar dentro dos feudos que tendem a procurar maximizar seus próprios resultados e a não enxergar o desempenho geral. E muitas vezes, também buscam aumentar os recursos de que dispõe.

Há, várias alternativas para superar o “feudalismo” nas empresas com a rotação de trabalho e posições em todos os níveis, a gestão via processos em que pessoas assumem as responsabilidades por fluxos horizontais. E uma gestão mais visual e transparente.

O sistema feudal estagnou, não gerou riquezas, ruiu e foi substituído por um sistema mais dinâmico e capaz de gerar permanentes e contínuos ganhos de produtividade, mais dinâmico e inovador: o capitalismo, que embora tenha os seus próprios problemas, foi capaz de promover uma maior geração de riqueza.
Se resquícios desse sistema primitivo de gestão não forem eliminados nas empresas, elas sofrerão as mesmas dificuldades e perecerão. Serão substituídas por novas empresas mais inovadoras e que operam com base em novos princípios e valores.

A Startup Valeon sendo uma empresa moderna, criada para enfrentar o mundo digital tem várias alternativas para superar o “feudalismo” nas empresas com a rotação de trabalho e posições em todos os níveis, a gestão via processos em que pessoas assumem as responsabilidades por fluxos horizontais e uma gestão mais visual e transparente, onde todos possam verificar as suas métricas nas nossas publicações.

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ATRAVÉS DE PEQUENOS CONSENSOS AS REFORMAS PODEM SER APROVADAS

 

Pequenos consensos

Mesmo diante de uma interdição do debate por razões ideológicas no Brasil, forças políticas ainda concordam em alguns pequenos temas no Congresso.

Por RICARDO CORRÊA – JORNAL O TEMPO

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Não há qualquer dúvida de que o Brasil vive hoje a maior polarização ideológica desde a volta da democracia no país. E temos que reconhecer que isso, evidentemente, atravanca o diálogo e a busca de soluções concretas para o país, que vive hoje a tragédia da pandemia, muito mal administrada pelas autoridades e, em especial, pelo governo federal. Mas mesmo diante de uma interdição tão brusca do debate, aparecem aqui e ali alguns consensos. E é sobre eles que pretendo falar hoje.

Qualquer país do mundo que pretenda prosperar precisa de uma agenda mínima. Uma série de objetivos básicos, que precisam ser perseguidos independentemente das visões ideológicas existentes e do embate natural entre governo e oposição. No Brasil, isso se perdeu e, hoje, não conseguiríamos dizer exatamente qual o grande objetivo do país ou qual nossa meta de longo prazo. É por isso que esses pequenos consensos precisam ser valorizados, independentemente das visões acerca do governo que temos, da necessidade de removê-lo ou do que a sociedade fará em 2022.PUBLICIDADE

Esses pequenos consensos podem ser observados em alguns pontos da lista de projetos formalmente considerados prioritários pelo governo federal no Congresso. Há na lista projetos da oposição, hoje encampados pelo Palácio do Planalto, e iniciativas que contaram com o apoio de parlamentares de um arco de partidos que vai da esquerda à direita.

O projeto que implanta o governo digital é um deles. O texto, que traça princípios e regras para a informatização dos serviços no governo é assinado por parlamentares da Rede, do PV, do PSDB, do PSB, do Novo, do Cidadania, do PDT, e tem o apoio do governo, embora a base aliada mais clara do presidente não o tenha criado.

Da mesma forma, como enfatizou o jornal O TEMPO na edição de hoje, o projeto que amplia e acelera as concessões na área florestal também encontra relativo consenso, inclusive com elogios de ambientalistas, que possuem enormes restrições à atuação do Executivo atual nas questões climáticas e ambientais. A presença na lista de um projeto que incentiva a ampliação de uma ideia difundida ainda durante a atuação de Marina Silva como ministra do Meio Ambiente no governo de Lula é importante para aumentar o investimento em preservação.

Também é fato que temos algum consenso em torno da necessidade da reforma tributária. Embora haja divergências em relação ao equilíbrio fiscal, às alternativas para reduzir a tremenda regressividade de nosso sistema ou à criação de novos mecanismos, não há dúvida de que, ao menos na temática da necessidade de simplificação de nosso sistema tributário, o consenso é evidente, o que pode ajudar a fazer tramitar ao menos os pontos básicos de uma fundamental reforma tributária.

O desafio agora, nesse debate difícil, é encontrar outros consensos para que o país, mesmo mergulhado na maior tragédia de sua história e com representantes e instituições se digladiando, consiga aprovar o mínimo possível para garantir algum avanço. É o que nos resta até 2022.

BOLSONARO AGORA NÃO PODE RECLAMAR QUE ESTÁ SENDO TRAVADO POR SENADORES E DEPUTADOS

 

Chega de desculpas

Alinhamento de Bolsonaro com Arthur Lira e Rodrigo Pacheco é nítido e relação com o Congresso não pode mais ser usada como justificativa para fracassos na agenda do governo

Por RICARDO CORRÊA – JORNAL O TEMPO

Editor de Política, Ricardo Corrêa fala da boa relação de Jair Bolsonaro com os comandos da Câmara e do Senado. Não será possível mais justificar o descumprimento de promessas alegando travamento no

Depois de uma relação conflituosa com Rodrigo Maia (DEM) na Câmara e com períodos dúbios com Davi Alcolumbre (DEM) no Senado, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não pode se queixar do alinhamento obtido com os atuais comandantes das duas Casas Legislativas. Com Arthur Lira (PP-AL) entre os deputados e Rodrigo Pacheco (DEM-MG) entre os senadores, o presidente não tem mais como dar a justificativa de que não consegue cumprir o que prometeu por resistência entre os parlamentares.

No caso da Câmara, a boa relação já era esperada. Afinal, o apoio do Palácio do Planalto, com cargos e verbas, foi fundamental para a vitória do líder do centrão. Havia claramente um candidato do governo e outro de oposição, e a vitória do Lira certamente estava alinhavada em um acordo por cargos e participação no governo que garantirá, ao menos momentaneamente, certa tranquilidade ao governo. Ninguém nunca duvidou disso.

Em relação ao Senado, embora Rodrigo Pacheco também tenha sido apoiado pelo Planalto, havia dúvidas sobre o grau de alinhamento, principalmente pelo fato de o comandante do Senado ter chegado à cadeira também com o apoio de partidos de oposição, como o PT por exemplo. Contudo, no primeiro mês no cargo, Pacheco deixou claro que é sim um aliado do Palácio do Planalto. A entrevista da última segunda-feira no programa Roda Viva deixou tudo transparente. Mesmo instado a criticar óbvios erros do presidente, Pacheco preferiu contemporizar.

Em um caso específico a postura de Pacheco já ajuda demais o Planalto. Na resistência a abrir a CPI da Covid, para investigar o gravíssimo problema que culminou com a falta de oxigênio em Manaus. Embora, como o próprio presidente do Senado tenha dito, trate-se de uma tentativa de apuração de uma situação específica e que não necessariamente impactaria no presidente, é evidente que em uma CPI o desgaste do governo federal por erros claros no combate à pandemia seria enorme. Como há assinaturas suficientes e há fato determinado, a CPI só não será aberta por proximidade política.https://53e1b3ab6c034246d5573ff88d6b09a8.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-37/html/container.html

Sem entrar nos méritos da utilidade da CPI, que normalmente é usada no Brasil apenas para a luta política, a proximidade exacerbada entre Congresso e Planalto pode até ser saudável para destravar as discussões que o país precisa para avançar, mas certamente prejudicam a função essencial de fiscalização do Legislativo sobre o Executivo, ainda mais importante no momento em que o Brasil enfrenta seu mais trágico momento na história democrática. Somos hoje o segundo país em mortes por milhão de habitantes na América do Sul, atrás apenas do Peru. A pandemia acelera e não há dúvidas de que o governo federal não cumpre seu papel a contento no combate a essa tragédia.

O bom momento vivido com os presidentes da Câmara e do Senado, por outro lado, certamente vai ajudar o governo, se quiser, a aprovar toda a pauta econômica colocada na Casa. O que tende a atrapalhar é o fato de o próprio Palácio do Planalto torcer o nariz para muitas medidas apresentadas pelo ministro Paulo Guedes. Há um claro choque entre o liberalismo de Guedes e a ânsia de controlar tudo que temos no presidente Jair Bolsonaro.

Em apenas uma coisa o alinhamento de Bolsonaro com o Congresso não tende a ajudar. Nas chamadas pautas ideológicas o buraco é bem mais embaixo. As Casas tendem a resistir muito mais e, diante do que se viu no episódio da PEC da Impunidade, que Lira tentou empurrar goela abaixo da sociedade, ficou nítido que mesmo uma minoria, se bem organizada, consegue frear medidas que não tenham um relativo consenso na sociedade. De toda forma, a excluir-se essa pauta ideológica radical, Bolsonaro não poderá reclamar que está sendo travado por deputados e senadores. As desculpas acabaram.

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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