sábado, 6 de março de 2021

EMPRESAS FEUDAIS ESTÃO CHEGANDO AO FIM

 

O Fim das Empresas Feudais chegou!

Nos últimos 200 anos, a maioria das empresas utiliza o mesmo modelo de gestão, baseado basicamente em comando e controle.

A realidade atual já mostrou que este modelo feudal de gestão não traz mais resultados e ainda gera uma série de problemas e limitações de crescimento para o seu negócio e prejuízos a suas equipes.

Mas como se livrar disso? Existe outro modelo diferente e mais eficaz no mercado?

O ‘feudalismo’ nas empresas

JOSÉ ROBERTO FERRO – VISÃO

Não, não estamos falando do feudalismo, o sistema econômico, social e político que prevaleceu na Europa a partir do século IV, após a decadência do Império Romano e do crescimento das invasões bárbaras.
Estamos falando da gestão moderna em muitas empresas atuais, nas quais, ainda hoje, há diversos resquícios e semelhanças com esse sistema antiquado, ultrapassado e superado.
Certa vez, estive em uma grande empresa preparando, com uma equipe de trabalho, uma apresentação para a direção. Durante a apresentação, fiquei surpreso ao notar que a mesma havia sido totalmente modificada e que alterara completamente o diagnóstico e as sugestões apresentadas. Ao final, procurei a pessoa que fizera a apresentação que me disse ter sido chamada no final da tarde do dia anterior por um dos vice-presidentes e feito as modificações. Perguntei por que isso acontecera e ela me disse simplesmente que o referido vice-presidente não queria que certos fatos de sua área viessem à tona, pois ele estava em “guerra” com outro VP. Enfim, a apresentação foi muito vazia e as sugestões dadas apenas solicitavam recursos adicionais, tirando, assim, todo o propósito do trabalho que fazíamos.

Esse tipo de comparação pode parecer exagerado ou inadequado. Mas notamos a existência de “feudos” em muitas empresas líderes e o predomínio de um sistema de gestão autocrático e territorialista em que as pessoas procuram proteger seu território de inimigos, ao mesmo tempo em que se estimulam e constroem-se relações servis com o “senhor feudal” empresarial moderno. Assim, a semelhança é muito maior do que se poderia imaginar.

No feudalismo, os senhores feudais eram donos do seu território, concedidos pelos reis, e administravam de forma autocrática. A economia era baseada na agricultura de subsistência e no trabalho servil. Embora os camponeses não fossem propriamente escravos, as possibilidades de ascensão social eram limitadas. As relações de trabalho eram servis, de obediência. Havia claros e rígidos estamentos sociais. Simplificadamente, tínhamos os senhores, o clero e os servos.

E de modo semelhante, dentro de muitas empresas, os feudos, quer sejam diretorias, gerências ou áreas funcionais, o responsável se comporta de modo parecido ao do antigo senhor feudal, julgando-se dono de seu território e esperando de seus colaboradores tenham uma atitude servil.

Essa situação pode ocorrer tanto no topo da organização, onde jogos de poder ainda prevalecem muito, mas também podem existir em todas as áreas da empresa.

Esse tipo de situação traz muitos problemas para as organizações. Esses feudos, mini-impérios ou silos tornam difíceis os esforços necessários para a gestão dos fluxos horizontais na organização, em que os processos fundamentais que agregam valor ao cliente e os processos suporte passam por cima dessas barreiras e fronteiras construídas artificialmente.

A visão feudal faz com que as pessoas olhem apenas para cima, esperando a ordem ou definição do senhor feudal, e para baixo, retransmitindo ordens, e mais importante, valores, comportamentos e atitudes. São incapazes de olhar para os lados onde fluem os processos mais significativos para os clientes, os processos horizontais.

Florescem exemplos de diretorias e diretores que mal se conversam ou, pior ainda, parecem estar mais empenhados muitas vezes em destruir ou conquistar novos territórios para garantir a sobrevivência e o crescimento do seu feudo do que trabalhar para garantir a sustentação e perenidade da empresa.

Os feudos podem ser técnico-funcionais, como TI ou Vendas, com barreiras de linguagem, discursos herméticos e particulares etc. Não há transparência, a comunicação não flui, as decisões são enviesadas pela luta entre os senhores feudais e, com isso, pode se prejudicar o desempenho.

O servo não se sentia estimulado a aumentar a produção com melhorias, uma vez que tudo que produzia de excedente era tomado pelo senhor. Por isso, o desenvolvimento técnico foi pequeno, limitando os aumentos de produtividade.
A “empresa feudal” também não estimula a participação das pessoas, as ideias divergentes e a variedade de opiniões. Respeitar as visões diferentes, estimular a diversidade de opiniões, permitir as iniciativas são outros elementos fundamentais que poderão ajudar as empresas a saírem desse atraso gerencial.

Os indicadores de desempenho tendem a ficar dentro dos feudos que tendem a procurar maximizar seus próprios resultados e a não enxergar o desempenho geral. E muitas vezes, também buscam aumentar os recursos de que dispõe.

Há, várias alternativas para superar o “feudalismo” nas empresas com a rotação de trabalho e posições em todos os níveis, a gestão via processos em que pessoas assumem as responsabilidades por fluxos horizontais. E uma gestão mais visual e transparente.

O sistema feudal estagnou, não gerou riquezas, ruiu e foi substituído por um sistema mais dinâmico e capaz de gerar permanentes e contínuos ganhos de produtividade, mais dinâmico e inovador: o capitalismo, que embora tenha os seus próprios problemas, foi capaz de promover uma maior geração de riqueza.
Se resquícios desse sistema primitivo de gestão não forem eliminados nas empresas, elas sofrerão as mesmas dificuldades e perecerão. Serão substituídas por novas empresas mais inovadoras e que operam com base em novos princípios e valores.

A Startup Valeon sendo uma empresa moderna, criada para enfrentar o mundo digital tem várias alternativas para superar o “feudalismo” nas empresas com a rotação de trabalho e posições em todos os níveis, a gestão via processos em que pessoas assumem as responsabilidades por fluxos horizontais e uma gestão mais visual e transparente, onde todos possam verificar as suas métricas nas nossas publicações.

O QUE OFERECEMOS E VANTANGENS COMPETITIVAS

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Prezado Cliente-Parceiro, enquanto fazíamos os devidos ajustes na nossa Startup Valeon, fizemos a divulgação gratuita do seu negócio por mais de um ano e outros um pouco menos e esperamos que a nossa iniciativa tenha agradado a essa empresa no tocante à divulgação do seu negócio em toda a região do Vale do Aço e com isso tenham realizado boas vendas.  Sendo assim, propomos a continuidade dos nossos serviços com uma pequena contribuição mensal, com valores que temos a certeza que lhes agradarão, para permitir também a continuidade do nosso trabalho e a nossa sobrevivência e solicitamos, por favor, que entrem em contato conosco para fazermos as tratativas que são muito simples e sem burocracia. Aproveitamos também, para solicitarmos a sua impressão sobre os nossos trabalhos, suas críticas e sugestões para futuras melhorias.

A introdução da nossa Startup nessa grande empresa, vai assegurar modelos de negócios com métodos mais atualizados, inovadores e adaptáveis, características fundamentais em tempos de crise, porque permite que as empresas se reinventem para continuarem as suas operações.

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ATRAVÉS DE PEQUENOS CONSENSOS AS REFORMAS PODEM SER APROVADAS

 

Pequenos consensos

Mesmo diante de uma interdição do debate por razões ideológicas no Brasil, forças políticas ainda concordam em alguns pequenos temas no Congresso.

Por RICARDO CORRÊA – JORNAL O TEMPO

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Não há qualquer dúvida de que o Brasil vive hoje a maior polarização ideológica desde a volta da democracia no país. E temos que reconhecer que isso, evidentemente, atravanca o diálogo e a busca de soluções concretas para o país, que vive hoje a tragédia da pandemia, muito mal administrada pelas autoridades e, em especial, pelo governo federal. Mas mesmo diante de uma interdição tão brusca do debate, aparecem aqui e ali alguns consensos. E é sobre eles que pretendo falar hoje.

Qualquer país do mundo que pretenda prosperar precisa de uma agenda mínima. Uma série de objetivos básicos, que precisam ser perseguidos independentemente das visões ideológicas existentes e do embate natural entre governo e oposição. No Brasil, isso se perdeu e, hoje, não conseguiríamos dizer exatamente qual o grande objetivo do país ou qual nossa meta de longo prazo. É por isso que esses pequenos consensos precisam ser valorizados, independentemente das visões acerca do governo que temos, da necessidade de removê-lo ou do que a sociedade fará em 2022.PUBLICIDADE

Esses pequenos consensos podem ser observados em alguns pontos da lista de projetos formalmente considerados prioritários pelo governo federal no Congresso. Há na lista projetos da oposição, hoje encampados pelo Palácio do Planalto, e iniciativas que contaram com o apoio de parlamentares de um arco de partidos que vai da esquerda à direita.

O projeto que implanta o governo digital é um deles. O texto, que traça princípios e regras para a informatização dos serviços no governo é assinado por parlamentares da Rede, do PV, do PSDB, do PSB, do Novo, do Cidadania, do PDT, e tem o apoio do governo, embora a base aliada mais clara do presidente não o tenha criado.

Da mesma forma, como enfatizou o jornal O TEMPO na edição de hoje, o projeto que amplia e acelera as concessões na área florestal também encontra relativo consenso, inclusive com elogios de ambientalistas, que possuem enormes restrições à atuação do Executivo atual nas questões climáticas e ambientais. A presença na lista de um projeto que incentiva a ampliação de uma ideia difundida ainda durante a atuação de Marina Silva como ministra do Meio Ambiente no governo de Lula é importante para aumentar o investimento em preservação.

Também é fato que temos algum consenso em torno da necessidade da reforma tributária. Embora haja divergências em relação ao equilíbrio fiscal, às alternativas para reduzir a tremenda regressividade de nosso sistema ou à criação de novos mecanismos, não há dúvida de que, ao menos na temática da necessidade de simplificação de nosso sistema tributário, o consenso é evidente, o que pode ajudar a fazer tramitar ao menos os pontos básicos de uma fundamental reforma tributária.

O desafio agora, nesse debate difícil, é encontrar outros consensos para que o país, mesmo mergulhado na maior tragédia de sua história e com representantes e instituições se digladiando, consiga aprovar o mínimo possível para garantir algum avanço. É o que nos resta até 2022.

BOLSONARO AGORA NÃO PODE RECLAMAR QUE ESTÁ SENDO TRAVADO POR SENADORES E DEPUTADOS

 

Chega de desculpas

Alinhamento de Bolsonaro com Arthur Lira e Rodrigo Pacheco é nítido e relação com o Congresso não pode mais ser usada como justificativa para fracassos na agenda do governo

Por RICARDO CORRÊA – JORNAL O TEMPO

Editor de Política, Ricardo Corrêa fala da boa relação de Jair Bolsonaro com os comandos da Câmara e do Senado. Não será possível mais justificar o descumprimento de promessas alegando travamento no

Depois de uma relação conflituosa com Rodrigo Maia (DEM) na Câmara e com períodos dúbios com Davi Alcolumbre (DEM) no Senado, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não pode se queixar do alinhamento obtido com os atuais comandantes das duas Casas Legislativas. Com Arthur Lira (PP-AL) entre os deputados e Rodrigo Pacheco (DEM-MG) entre os senadores, o presidente não tem mais como dar a justificativa de que não consegue cumprir o que prometeu por resistência entre os parlamentares.

No caso da Câmara, a boa relação já era esperada. Afinal, o apoio do Palácio do Planalto, com cargos e verbas, foi fundamental para a vitória do líder do centrão. Havia claramente um candidato do governo e outro de oposição, e a vitória do Lira certamente estava alinhavada em um acordo por cargos e participação no governo que garantirá, ao menos momentaneamente, certa tranquilidade ao governo. Ninguém nunca duvidou disso.

Em relação ao Senado, embora Rodrigo Pacheco também tenha sido apoiado pelo Planalto, havia dúvidas sobre o grau de alinhamento, principalmente pelo fato de o comandante do Senado ter chegado à cadeira também com o apoio de partidos de oposição, como o PT por exemplo. Contudo, no primeiro mês no cargo, Pacheco deixou claro que é sim um aliado do Palácio do Planalto. A entrevista da última segunda-feira no programa Roda Viva deixou tudo transparente. Mesmo instado a criticar óbvios erros do presidente, Pacheco preferiu contemporizar.

Em um caso específico a postura de Pacheco já ajuda demais o Planalto. Na resistência a abrir a CPI da Covid, para investigar o gravíssimo problema que culminou com a falta de oxigênio em Manaus. Embora, como o próprio presidente do Senado tenha dito, trate-se de uma tentativa de apuração de uma situação específica e que não necessariamente impactaria no presidente, é evidente que em uma CPI o desgaste do governo federal por erros claros no combate à pandemia seria enorme. Como há assinaturas suficientes e há fato determinado, a CPI só não será aberta por proximidade política.https://53e1b3ab6c034246d5573ff88d6b09a8.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-37/html/container.html

Sem entrar nos méritos da utilidade da CPI, que normalmente é usada no Brasil apenas para a luta política, a proximidade exacerbada entre Congresso e Planalto pode até ser saudável para destravar as discussões que o país precisa para avançar, mas certamente prejudicam a função essencial de fiscalização do Legislativo sobre o Executivo, ainda mais importante no momento em que o Brasil enfrenta seu mais trágico momento na história democrática. Somos hoje o segundo país em mortes por milhão de habitantes na América do Sul, atrás apenas do Peru. A pandemia acelera e não há dúvidas de que o governo federal não cumpre seu papel a contento no combate a essa tragédia.

O bom momento vivido com os presidentes da Câmara e do Senado, por outro lado, certamente vai ajudar o governo, se quiser, a aprovar toda a pauta econômica colocada na Casa. O que tende a atrapalhar é o fato de o próprio Palácio do Planalto torcer o nariz para muitas medidas apresentadas pelo ministro Paulo Guedes. Há um claro choque entre o liberalismo de Guedes e a ânsia de controlar tudo que temos no presidente Jair Bolsonaro.

Em apenas uma coisa o alinhamento de Bolsonaro com o Congresso não tende a ajudar. Nas chamadas pautas ideológicas o buraco é bem mais embaixo. As Casas tendem a resistir muito mais e, diante do que se viu no episódio da PEC da Impunidade, que Lira tentou empurrar goela abaixo da sociedade, ficou nítido que mesmo uma minoria, se bem organizada, consegue frear medidas que não tenham um relativo consenso na sociedade. De toda forma, a excluir-se essa pauta ideológica radical, Bolsonaro não poderá reclamar que está sendo travado por deputados e senadores. As desculpas acabaram.

NA POLÍTICA ATRAVÉS DO VOTO OS ELEITORES PUNEM OS CULPADOS

 

Cabe ao eleitor encontrar o culpado

Nos regimes presidencialistas, o mordomo costuma ser o próprio presidente

João Gabriel de Lima, O Estado de S.Paulo

De quem é a culpa por nossas tragédias simultâneas – a da pandemia e a da economia? Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro acusou os governadores de mau uso de repasses federais. Os governadores responderam – em entrevistas, nas redes sociais e até num manifesto – afirmando que Bolsonaro mente. Segundo eles, o presidente, além de falsear números, atrapalha o combate à pandemia ao ignorar a ciência. “Será que os principais países do mundo, que adotaram o distanciamento e a vacinação como estratégia de combate ao vírus, estão errados – e o Brasil, com 260 mil vidas ceifadas, está certo?”, perguntou no Twitter o governador gaúcho Eduardo Leite

As duas tragédias se expressam em números eloquentes. Na quarta-feira, o Brasil contabilizou 74 mil novos casos de infecções pelo coronavírus, assumindo a triste liderança nessa estatística, à frente dos Estados Unidos. No mesmo dia soube-se que a economia encolheu 4,1% em 2020. Segundo cálculos de Claudio Considera, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas e personagem do minipodcast da semana, a retração tira o Brasil do “top ten” da economia. Éramos o sétimo do mundo depois do ciclo social-democrata de Fernando Henrique e Lula. Com Dilma, caímos para o nono lugar. Sob Bolsonaro, passamos para décimo segundo. De quem é a culpa? 

Manaus
Em Manaus, profissionais trabalham no enterro de uma vítima de covid-19 no Cemitério de Nossa Senhora Aparecida nesta terça,2  Foto: EFE/Raphael Alves

Não importa se a crise é mundial. Os números doem na vida do eleitor. O Brasil hoje tem 32 milhões de desempregados, maior contingente dos últimos dez anos. E a inflação vem voltando aos poucos – o arroz subiu 74,1% e a carne, 22,8%, de acordo com dados do IPCA. O brasileiro está com medo de sair à rua e de perder o emprego, e falta dinheiro para comprar comida. De quem é a culpa? 

O jogo de empurra-empurra para livrar-se dela remete a um debate em curso na ciência política: o da responsabilização. Nas democracias, os cidadãos usam o voto para recompensar ou punir os governantes. Avalia-se principalmente o desempenho econômico – aquilo que sentimos no bolso. Mas o que acontece quando a responsabilidade é difusa? 

Pesquisas recentes mostraram que, durante a crise do euro, parte dos cidadãos da União Europeia relevou a responsabilidade de seus governantes, culpando os burocratas de Bruxelas. Em países semipresidencialistas, como França e Portugal, o crédito pelos sucessos e insucessos costuma se dividir entre Executivo e Legislativo. 

Em regimes presidencialistas, no entanto, o eleitor não costuma ter dúvidas. Estudos feitos nos Estados Unidos mostram que o presidente costuma ser responsabilizado pelo desempenho econômico, para o bem ou para o mal. No Brasil, é só olhar para o passado recente. Fernando Henrique e Lula foram recompensados com reeleições em períodos de crescimento. Collor e Dilma, que presidiram crises graves, enfrentaram ruas cheias e sofreram impeachments. 

Para Claudio Considera, o Brasil teria mais chance de voltar a crescer se adotasse as duas condutas-padrão no combate à pandemia: fechamento rigoroso por tempo limitado e vacinação em massa. Bolsonaro já zombou da vacina, e até hoje questiona o isolamento social. Se conseguir responsabilizar os governadores pela derrocada do País, será um caso de estudo em ciência política. Nas democracias, cabe ao eleitor o papel do detetive nos filmes policiais: encontrar o culpado. As evidências mostram que, nos regimes presidencialistas, o mordomo costuma ser o próprio presidente. 

*ESCRITOR, PROFESSOR DA FAAP E DOUTORANDO EM CIÊNCIA POLÍTICA NA UNIVERSIDADE DE LISBOA

VARIANTE DO CORONAVIRUS BRASILEIRA DEVE SER COMBATIDA PELOS CIENTISTAS BRASILEIROS

 

Combater variante verde-amarela é um problema a ser resolvido pelos cientistas brasileiros

O fato de possuirmos a própria cepa do vírus tem consequências importantes. Antes, todas as informações, tratamentos e vacinas descobertas em qualquer lugar do mundo se aplicavam ao Brasil; agora não

Fernando Reinach*, O Estado de S.Paulo

Em 2020 o Brasil foi invadido pelo Sars-CoV-2. Juntamente com o resto do planeta, batalhamos contra um único inimigo, o Sars-CoV-2 original. Em 2021 as coisas mudaram, o Brasil está enfrentando a própria variante do coronavírus, o Sars-CoV-2-P1, ou P.1, que surgiu em Manaus e já é responsável por mais da metade dos casos na maioria dos Estados. 

Isso significa que agora o Brasil enfrenta uma variante específica do País, verde-amarela, gerada e selecionada aqui. Mas não estamos sozinhos: a Inglaterra também está enfrentando uma variante que surgiu por lá (inglesa ou de Kent), com propriedades diferentes das do vírus original. Em 2021 vamos ser forçados a trilhar o mesmo caminho, descobrindo como melhor combater a P.1.

Emílio Ribas
Paciente com covid-19 internado no Hospital Emilio Ribas. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

O fato de possuirmos a própria variante tem consequências importantes. Antes, todas as informações, tratamentos e vacinas descobertas em qualquer lugar do mundo se aplicavam ao Brasil. Se na China o Sars-CoV-2 levava 20% dos infectados ao hospital e causava a morte de 0,5 a 1%, isso provavelmente valia para o Brasil. Se na Itália descobriram que a mortalidade aumentava com a idade e era maior em homens, isso valia para o Brasil. 

Agora isso mudou. A P.1 não deve ser radicalmente diferente do Sars-CoV-2 original, mas muitas de suas características podem ser distintas e exigir providências diferentes. Exemplos: a P.1 se espalha mais rapidamente e com maior facilidade; será que o nível de isolamento usado em 2020 bastará para controlá-la? Os hospitais reportam a presença de mais jovens nas UTIs; será que isso se deve ao comportamento dessas pessoas ou a uma propriedade da P.1? As perguntas iniciais precisarão ser respondidas novamente. 

O mais difícil nessa tarefa é que as investigações terão de ser feitas por cientistas brasileiros e seus colaboradores internacionais. Uma coisa é certa: em 2021 os países terão como prioridade investigar as variantes de seus territórios. 

Os cientistas brasileiros já começaram a caracterizar a P.1. Os dados de um dos primeiros trabalhos são preocupantes. Os cientistas mediram a capacidade de neutralização dos anticorpos produzidos por uma infecção pelo Sars-CoV-2 e os produzidos pela vacina Coronavac frente ao vírus original e a variante P.1. O soro de 18 pessoas que se recuperaram de casos moderados de covid causados pela linhagem original e o de 8 pessoas vacinadas com a Coronavac foi usado no estudo. 

No primeiro experimento foi medida a capacidade dos anticorpos das 18 pessoas que se recuperaram de inibir a penetração do Sars-CoV-2 original e da variante P.1 em células humanas. O resultado foi o esperado. O soro dos curados tem uma capacidade alta de inibir a entrada do vírus original, mas essa capacidade é 75% menor quando a variante P.1 é usada. Isso significa que os infectados pelo vírus original devem possuir uma capacidade reduzida de combater a P.1 e podem ter nova infecção.

Em seguida os cientistas repetiram o experimento com o soro das oito pessoas vacinadas com a Coronavac. Esse é o resultado mais preocupante. Os anticorpos presentes em 6 das 8 pessoas vacinadas têm capacidade de bloquear o vírus original. Mas nenhuma das oito pessoas vacinadas com a Coronavac possui anticorpos capazes de bloquear a entrada da variante P.1 nas células. 

Esse resultado levanta a possibilidade de a Coronavac não proteger contra a P.1. Claro que esse é um estudo preliminar, feito em tubos de ensaio, com muito poucos vacinados (somente oito), e que ainda não foi revisado por pares. Mas os pesquisadores envolvidos são competentes e muito conhecidos. A AstraZeneca comunicou que sua vacina é capaz de neutralizar a P.1, mas ainda não mostrou os dados. 

Combater um coronavírus verde-amarelo é um problema que tem de ser resolvido por brasileiros. Mais do que nunca vamos precisar dos nossos cientistas.

*É BIÓLOGO, PHD EM BIOLOGIA CELULAR E MOLECULAR PELA CORNELL UNIVERSITY E AUTOR DE A CHEGADA DO NOVO CORONAVÍRUS NO BRASIL; FOLHA DE LÓTUS, ESCORREGADOR DE MOSQUITO; E A LONGA MARCHA DOS GRILOS CANIBAIS

CONVOCAÇÃO DE GUERRA PARA COMBATER O INIMIGO DA PANDEMIA

 

Se o lockdown não resolve, sobram só as vagas em cemitérios; leia a análise

‘Infelizmente, vejo que vamos ter aumento da mortalidade nas portas dos hospitais, em ambulâncias, esperando a abertura de um leito de UTI e isso é responsabilidade do governo federal’

Gonzalo Vecina*, O Estado de S.Paulo

Não há como construir leitos de UTI na velocidade em que as pessoas estão morrendo neste momento. Muitos leitos foram desativados e a reativação significa reagrupar equipamentos que foram distribuídos, chamar profissionais não presentes agora. Até pode ser feito aumento de capacidade de leitos em alguns hospitais, mas uma resposta eficaz com essas ações é impossível no prazo de que dispomos.

Infelizmente, vejo que vamos ter aumento da mortalidade nas portas dos hospitais, em ambulâncias, esperando a abertura de um leito de UTI e isso é responsabilidade do governo federal, que diminuiu o número de leitos que estavam sendo financiados. O governo federal também sabia que havia condições de existir esse impacto que estamos vendo. A vigilância sanitária e a vigilância epidemiológica do Ministério da Saúde deveriam ter dado esse alerta. Dados não faltam para isso.

hospital
Paciente da UTI sendo removido no Hospital Albert Einstein  Foto: Nilton Fukuda/ Estadão

É culpa do ministério estarmos despreparados para enfrentar este momento. O único instrumento que temos hoje não é aumentar a oferta de leitos, é tentar, em alguns dias, diminuir a demanda, fazendo lockdown. Se for feito lockdown sério, vamos conseguir diminuir o número de novos casos daqui a dez dias. Agora, os casos que chegam hoje na rede hospitalar são de dez dias atrás. Esses vão continuar chegando, porque não tomamos nenhuma providência.

O presidente, em várias ocasiões, teve a oportunidade de se manifestar, dizendo que “lockdown não resolve”. Se lockdown não resolve e não há leitos de UTI, só sobram vagas no cemitério. 

É MÉDICO SANITARISTA E COLUNISTA DO ‘ESTADÃO’NOTÍCIAS RELACIONADAS

sexta-feira, 5 de março de 2021

DEFESA DE LULA ESTÁ TENTANDO TURVAR AS ÁGUAS DO LAGO

Moro errou ou não com Lula? Juristas dão sua opinião

Sonia Racy

SERGIO MORO

SERGIO MORO. FOTO: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO

As relações entre Sergio Moro e os desembargadores do TRF-4 responsáveis pelas condenações do ex-presidente Lula estarão no centro do debate no STF em julgamento virtual pautado para começar hoje. “No Brasil, as discussões sobre a perda de imparcialidade dos juízes são tratadas como se fossem ofensivas aos magistrados, ou afetassem a imagem da Justiça”, afirma o criminalista Antônio Pitombo.

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Ele entende que o debate é fundamental “para evolução do Judiciário”.

Dia D 2

Para declarar a quebra de imparcialidade de juiz por suspeição, segundo Roberto Livianu, seria necessária prova cabal de “amizade íntima entre Moro e desembargador”, o que não parece ser o caso.

O presidente do Instituto Não Aceito Corrupção acredita que a defesa de Lula pode estar tentando “turvar as águas do lago”.

Dia D 3

Já Ives Gandra Martins tem a impressão de que não houve cerceamento de defesa dos advogados de Lula nos processos que culminaram na sua condenação. “Não percebo um quadro que justifique a anulação de decisões.”

De forma geral, fala que houve “acesso diferenciado de membros do MP a Moro” mas que “ele deferiu corretamente à luz da prova e com fundamento jurídico”.

E lembra que a amizade entre advogados, juízes e procuradores é comum na sala de aula e na universidade.

Desconstrução

Assistente de Adriana Varejão por dez anos, Jeane Terra abre exposição segunda, Dia da Mulher. A artista traz instalações, esculturas, obras de sua “pintura seca” ou “pele de tinta”.

Batizada de “Escombros, peles, resíduos”, estará na Simone Cadinelli Arte Contemporânea.

Pelo mundo

Chega ao Brasil o projeto “Out of the Margins”, da ONG britânica Stonewall – ação global pela defesa dos direitos LGBTQIA+. A Change.org fica a cargo da versão brasileira em parceria com o Instituto Brasileiro de Transmasculinidades.

Esforço de imagem

Depois da trágica e incompreensível morte por espancamento em Porto Alegre, o Carrefour deflagra ação de combate à violência contra a mulher. O resultado da venda de pães franceses, dia 8, será doado à Utopiar.

 

DIZEM QUE O BOLSONARO SEGUE A CARTILHA DE BANNON

 

A cartilha de Bannon e as aberrações de Bolsonaro

Coluna do Estadão

Foto: Eduardo Munoz Alvarez/AP

Uma das estratégias vocalizadas por Steve Bannon e colocada em prática na primeira campanha de Donald Trump dizia mais ou menos o seguinte: o “personagem” deve dar declarações diárias, polêmicas, mesmo que absurdas e contraditórias, com um único objetivo, o de disputar espaço no noticiário. Em termos simples, sobra menos espaço na imprensa e na atenção dos receptores para as notícias críticas em relação ao “personagem” ou a seu governo. Quanto mais absurda a declaração, mais chamará a atenção e mobilizará as audiências.

Falem mal… Conforme esse receituário, aberrações retóricas como as produzidas por Jair Bolsonaro no Triângulo Mineiro podem não se tratar apenas de destempero, ausência de empatia ou cortina de fumaça, mas de disputa por espaço no noticiário completamente carregado e desfavorável a ele dos últimos dias.

…mas de mim. Quem não gosta de Bolsonaro se indigna. Porém, com base nas pesquisas é possível suspeitar que a parcela de apoiadores do presidente não move sobrancelha de reprovação às declarações desumanas. Já quando o assunto é o casarão de Flávio Bolsonaro, sondagens têm detectado insatisfação.

Xi… A crise na Petrobrás também não agrada a parte dos apoiadores.

Livre. Claro, sem qualquer tipo de fiscalização do Congresso (o Senado nem sequer consegue instalar uma CPI) e da PGR, Bolsonaro testa os limites e sobe cada vez mais o tom.

São os outros. Bolsonaro disparou no WhatsApp mensagens para aliados com trecho de uma enquete segundo a qual mais de 90% dos participantes afirmam que os responsáveis pela queda no PIB são os governadores e prefeitos.

Ação. A deputada estadual Marina Helou (Rede) é uma das autoras de projeto que garante prioridade para profissionais da educação em São Paulo. “Escolas têm que ser as últimas a fechar e as primeiras a abrir. Isso é garantir o direito de crianças e adolescentes a um futuro”, diz.

SINAIS PARTICULARES.
Marina Helou, deputada estadual (Rede-SP)

Ilustração: Kleber Sales

CLICK. O ex-ministro da Saúde José Serra, de 78 anos, recebeu a 1ª dose da vacina contra a covid-19. Ficou feliz, mas lamentou o ritmo lento da vacinação no País.

Coluna do Estadão

Pegadinha… Apesar de o nome de Bia Kicis (PSL-DF) estar bem encaminhado para presidir a CCJ, há uma estratégia para tentar derrotá-la no voto, sem candidatura adversária. Como? Votando em branco.

…do malandro. Como o voto é secreto, os partidos não seriam acusados de descumprir acordo. Uma vez derrotada, ela não poderia se recandidatar.

Coletivo? Do líder do DEMEfraim Filho (PB): “Há um acordo. Portanto, deve ser a Bia (Kicis) na presidência da CCJ. A gestão vai ser compartilhada. Se ela partir para uma agenda mais específica dela, nada andará na comissão”.

Memória. Duas missas serão celebradas no próximo fim de semana em memória de Mário Covas, morto há 20 anos. Ambas serão online e transmitidas no Facebook da fundação que leva o nome do governador e fundador do PSDB: amanhã (sábado), 6, às 10h30, e domingo, 7, às 18h.

Memória 2. “Ele nos deixou há 20 anos, mas o legado de seu ideário, tão atual nos dias de hoje, não pode ser esquecido”, afirma Sergio Kobayashi, presidente da Fundação Mário Covas.

PRONTO, FALEI!

Foto: João Mattos/Brazil Photo Press

Jaques Wagner, senador (PT-BA): “Chega a ser risível ver a base do governo pedindo para os senadores colocarem freio no presidente. Na verdade, querem frear o valor do auxílio emergencial e não têm coragem de assumir.”

COM REPORTAGEM DE ALBERTO BOMBIG, MARIANA HAUBERT E MARIANNA HOLANDA.

BOLSONARO PARABENIZA A VITÓRIA DO AMIGO DONALD TRUMP NOS ESTADOS UNIDOS

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