quarta-feira, 3 de março de 2021

TENDÊNCIA DO STF É ENFRAQUECER AINDA MAIS A LAVA JATO

Com Lava Jato enfraquecida, Fachin age para reduzir danos

Relator da operação no STF deve levar à 2ª Turma recursos de Lula para tentar demonstrar à Corte que não há suspeição de desembargadores no caso do sítio de Atibaia

Rafael Moraes Moura, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA – O relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, lançou uma ofensiva para reduzir danos diante de derrotas iminentes que podem colocar em risco o legado da operação. A Corte virou foco de oposição à Lava Jato, como mostrou o Estadão, e Fachin não conta hoje com situação confortável nem na Segunda Turma nem no plenário.

Com a chegada de Kassio Nunes Marques ao Supremo, e a tentativa de aliados e inimigos políticos do presidente Jair Bolsonaro de desconstruir a imagem pública do ex-juiz Sérgio Moro, o cenário para a Lava Jato no Supremo se tornou nebuloso .

A derrota mais recente veio na última terça-feira, 2, quando a Segunda Turma decidiu, pelo placar de 3 a 2, arquivar a denúncia de organização criminosa apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL) e outros três parlamentares no caso do “Quadrilhão do PP”. 

Fachin
O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF  Foto: Roberto Jayme/ASCOM/TSE (25/5/2020)

Agora, uma das estratégias lançadas por Fachin é levar para julgamento, no plenário virtual da Segunda Turma, dois recursos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que pedem a suspeição dos desembargadores João Pedro Gebran Neto e Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), no caso do sítio de Atibaia.

A análise do processo pela Segunda Turma está prevista para começar nesta sexta-feira, 5, e se desenrolar por uma semana na plataforma online, na qual os ministros apenas depositam os seus votos, sem debates e longe das transmissões ao vivo da TV Justiça.

O objetivo de Fachin, segundo apurou o Estadão, é apontar que não há suspeição dos desembargadores na ação do sítio de Atibaia. Com isso, a ideia é esvaziar a discussão sobre outro caso: a suspeição de Moro no triplex do Guarujá. Esse segundo processo deve ter o julgamento concluído pela Segunda Turma ainda neste semestre. 

A ofensiva de Fachin busca preservar o legado da operação e evitar que a discussão sobre a atuação de Moro no caso do triplex contamine os demais processos da investigação de um esquema bilionário de desvios na Petrobrás. Fachin tem demonstrado, em conversas reservadas, preocupação com o futuro da Lava Jato, que, na sua avaliação, não se limita ao trabalho feito em Curitiba.

A manobra de levar para julgamento a suspeição dos dois desembargadores, no entanto, desagradou à ala garantista do Supremo, que ameaça pedir destaque e interromper a discussão no plenário virtual. Uma consequência do pedido de destaque é suspender o julgamento e transferir o caso para o plenário “físico”, nas sessões que ocorrem agora por videoconferência, em virtude da pandemia do novo coronavírus. 

Sinalização de votos

No que diz respeito ao caso do triplex, os ministros Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski sinalizaram que vão votar pela suspeição de Moro e intensificaram as críticas depois que o site The Intercept Brasil publicou mensagens privadas, obtidas por hackers, atribuídas ao ex-juiz da Lava Jato e a procuradores de Curitiba. Por outro lado, Fachin e Cármen Lúcia já votaram contra as pretensões de Lula quando o julgamento foi iniciado, em dezembro de 2018. 

Kassio Marques
O ministro Kassio Nunes Marques, do STF, que tem decidido julgamentos sobre a Lava Jato na Corte Foto: Felipe Sampaio/STF (10/11/2020)

Estadão apurou que o ministro Nunes Marques, que deve dar o voto decisivo sobre Moro, indicou a possibilidade de declarar suspeito o ex-juiz federal da Lava Jato. O julgamento tem potencial para marcar uma das maiores derrotas da história da Lava Jato no Supremo, já abalada com outros reveses. Na lista estão o fim da prisão após a condenação em segunda instância, a proibição de condução coercitiva de réus e investigados para depoimentos e o arquivamento em série de inquéritos e denúncias. 

Desde que chegou ao tribunal, em novembro do ano passado, Nunes Marques tem se alinhado a Gilmar e a Lewandowski para impor derrotas à Lava Jato e atender aos interesses da classe política. Com o apoio de Nunes Marques, o colegiado arquivou a denúncia contra Lira e aliados e  um inquérito contra o ex-senador Eunício Oliveira (MDB-CE), além de manter a decisão que obrigou a retirada da delação do ex-ministro Antonio Palocci da ação penal sobre o Instituto Lula.

Caso seja mantida a condenação no caso do sítio de Atibaia, o petista continua inelegível e impedido de disputar as eleições em 2022, mesmo que Moro seja declarado suspeito e a caia condenação no caso do triplex. A atuação de Moro no caso do sítio foi menor: ele aceitou a denúncia contra o petista, mas a sentença de condenação foi assinada pela juíza Gabriela Hardt. À época, Moro já tinha abandonado a magistratura para assumir o cargo de ministro da Justiça no governo Bolsonaro. 

Integrantes da Corte apontam que uma decisão de processo penal só vale para o caso específico, ou seja, a suspeição de Moro se limitaria ao caso do triplex.

Acesso a provas

Outro movimento de Fachin, que acabou frustrado, foi a tentativa de levar para julgamento no plenário, pelos 11 ministros, um outro habeas corpus de Lula, em que o petista pedia acesso às provas da Operação Spoofing. A investigação mirou um grupo de hackers que invadiu celulares de autoridades, atingindo Moro e procuradores que atuaram na força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.

Lula desistiu desse habeas corpus, alegando que em outra ação já havia obtido acesso às mensagens por decisão de Lewandowski. A decisão final ficou com a Segunda Turma, que no mês passado, por 4 a 1, manteve o entendimento de Lewandowski. O resultado escancarou o isolamento de Fachin na Turma e representou mais um revés da Lava Jato no Supremo.

Em outra ofensiva para preservar investigações, Fachin homologou recentemente o acordo de repactuação da colaboração premiada dos irmãos Joesley e Wesley Batista, da J&F, com a Procuradoria-Geral da República (PGR). A decisão do ministro, que continua sob sigilo, determinou o pagamento de multa de mais de R$ 1 bilhão e o cumprimento de dez meses de prisão domiciliar.

O julgamento da rescisão do acordo chegou a ser marcado pelo então presidente do STF, Dias Toffoli, para ocorrer em junho de 2020 no plenário da Corte, mas acabou não ocorrendo. De lá pra cá, a PGR acertou a repactuação do acordo e Fachin decidiu por conta própria homologá-lo em decisão individual, o que também fez a ala garantista do tribunal torcer o nariz para isso.

Na terça-feira, 2, uma outra decisão do ministro chamou atenção dos colegas e foi interpretada na Corte como forma de marcar posição. O relator da Lava Jato decidiu manter a denúncia apresentada pela PGR contra Arthur Lira pelo suposto recebimento de mais de R$ 1,5 milhão em propinas da construtora Queiroz Galvão a partir de contratos firmados com a Petrobrás.

Em um primeiro momento, a PGR apresentou a acusação formal contra Lira por corrupção passiva, mas depois recuou e pediu para excluir o presidente da Câmara da denúncia. Apesar do pedido de arquivamento, Fachin contrariou a PGR e decidiu submeter o caso ao plenário.

Ao participar de uma transmissão ao vivo da OAB na segunda-feira, 1.º, o ministro afirmou que se vive no Brasil uma “recessão democrática” e que o momento “é de alerta”. “É preciso não silenciar, preservar as instituições e seus ganhos institucionais em todos os campos”, disse Fachin na  ocasião.

 

SESSÃO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS ENCERRADA ONTEM POR DESENTENDIMENTOS

 

Irritado após questionamento, Lira encerra sessão que votava apoio a setor de entretenimento

Após discussão com líder do DEM, Efraim Filho, presidente da Câmara anulou aprovação de projeto decidida em votação simbólica

Anne Warth, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA – O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), encerrou a sessão plenária desta terça-feira, 2, logo após votar o texto-base do projeto de lei 5638/2020, que cria o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse). Irritado após uma discussão com o líder do DEM, Efraim Filho (PB), por causa de um impasse sobre questões regimentais, Lira decidiu dar fim à sessão na fase da análise dos destaques, propostas que podem mudar o teor do texto final, e anulou a aprovação do projeto, que havia sido decidida em votação simbólica.

A proposta prevê ajuda para o setor, um dos mais afetados pela pandemia de covid-19, que impede a realização de eventos para evitar aglomerações. Na lista de beneficiados foram incluídos hotéis, cinemas, casas noturnas, casas de shows, eventos e espetáculos. 

Câmara
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, preside a Mesa Diretora da Casa Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados

O relatório da deputada Renata Abreu (Podemos-SP) estabelece desconto de até 70% nas multas e juros de dívidas de empresas do setor e de 100% dos encargos legais. O texto permite o parcelamento desses financiamentos em 120 parcelas, zera o PIS/Cofins e a CSLL, facilita crédito para capital de giro das empresas e prevê medidas para preservar empregos.

O impasse ocorreu após o deputado Efraim Filho ter reclamado do fato de uma emenda de sua autoria ter sido rejeitada por inadequação financeira. A emenda incluía os parques temáticos, de diversão, aquáticos e atrações turísticas entre os que poderiam ser beneficiados pelo programa.

O líder do DEM apelou, então, ao regimento para cobrar o fato de o substitutivo apresentado por Renata Abreu ter sido votado sem que o texto tivesse sido publicado, impedindo uma análise mais profunda dos parlamentares.

“Se é para seguir o regimento, vamos seguir à risca. Nós acatamos votar a subemenda da relatora, com pedido inclusive de Vossa Excelência para passar por cima de todas as orientações, sem ela nem ter lido o texto, sem sequer estar publicado, para chegar agora e vir com uma decisão da Mesa (Diretora) de inadequação financeira dessa emenda”, protestou Efraim Filho. “É lamentável que numa proposta de acordo, trabalhada por tanto tempo, a Mesa tenha uma visão totalmente equivocada numa subemenda que sequer foi lida, que todos nós estamos fazendo esforços para votar”.

Lira subiu o tom com Efraim Filho. “Vossa Excelência não é obrigado a fazer esforço nenhum. Vossa Excelência pode usar regimentalmente o que lhe aprouver para levantar a questão de ordem, inclusive anular a sessão, deputado. Não vou discutir com Vossa Excelência e também não aceito esse tipo de reprimenda”, afirmou o presidente da Câmara, destacando que o deputado poderia até mesmo pedir a anulação da sessão, nos termos do regimento interno.

Como resposta, Efraim Filho disse que estava justamente fundamentando um pedido com esse objetivo e cobrou a publicação do relatório no sistema da Câmara, como manda o regimento. Foi quando Lira perdeu a paciência. “Pertine à Vossa Excelência a razão. A Mesa vai se pronunciar a respeito da questão de ordem de Vossa Excelência e cancela a votação do PL 5638/2020 a pedido de Vossa Excelência. Está encerrada a sessão”, decretou Lira, sem esconder a contrariedade.

Ao Estadão/Broadcast, o líder do DEM disse que tanto o substitutivo quanto os destaques serão votados na sessão desta quarta-feira, 3, às 13h55. Está na pauta da sessão, ainda, a MP 1006/2020, que aumenta a margem de crédito consignado para aposentados e pensionistas durante a pandemia e o novo marco do gás (PL 4476/2020), entre outros projetos e requerimentos.

LIBERAÇÃO DO AUXÍLIO EMERGENCIAL FAZ CONGELAR SALÁRIOS DE SERVIDORES

 

Se PEC que libera auxílio for aprovada hoje, 14 Estados já podem congelar salário de servidor

Possibilidade está prevista no texto que cria uma nova rodada do benefício para os mais vulneráveis; PEC permite acionar medidas de ajuste sempre que despesas obrigatórias excederem 95% das receitas

Adriana Fernandes e Idiana Tomazelli, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA – Números do Tesouro Nacional apontam que 14 Estados teriam condições fiscais para decretar estado de emergência fiscal e acionar medidas de controle de gastos, os chamados gatilhos, como o congelamento dos salários dos servidores.

Essa possibilidade está prevista na Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que prevê uma nova rodada do auxílio emergencial para os mais vulneráveis, prevista para ser votada hoje no Senado, e faz parte do coração de contrapartidas que a equipe econômica quer manter no texto.

Senado
Senado deve votar hoje Proposta de Emenda à Constituição que retoma o pagamento do auxílio emergencial por causa da pandemia. Foto: Dida Sampaio/Estadão

Pela proposta, as medidas de ajuste seriam acionadas sempre que as despesas obrigatórias primárias (ou seja, sem contar os juros da dívida) excedessem 95% das receitas correntes.

Boletim dos entes subnacionais de 2020, com dados de 2019, aponta BahiaDistrito FederalGoiásMaranhãoMinas GeraisMato Grosso do SulPernambucoPiauíRio de JaneiroRio Grande do NorteRio Grande do SulSanta CatarinaSergipe e Tocantins com nível acima de 95% de despesas. Minas Gerais, por exemplo, o valor estava em 105,2%.

O secretário do Tesouro, Bruno Funchal, diz que os dados de 2019 mostram uma realidade mais fidedigna porque em 2020 os Estados receberam uma injeção de transferências do governo adicional por causa da pandemia da covid-19 que não tende a se repetir. Ou seja, a métrica da PEC vai ser a do bimestre que o Estado decretar emergência fiscal. A trava de 95% para acionamento dos gatilhos é apurada em um período de 12 meses. 

Os gatilhos são praticamente os mesmos já previstos no teto de gastos, regra que proíbe que as despesas cresçam em ritmo superior à inflação, sendo reforçados pela proibição de aumento no valor de benefícios indenizatórios e vedação de progressão ou promoção de carreira que impliquem em aumento de gasto. Não poderá ser ampliado gasto com pessoal, seja via reajustes ou criação de vantagens e auxílios, seja via contratação ou alteração de estrutura de carreira. O acionamento é facultativo, mas não há necessidade de autorização do Legislativo.

Caso a despesa corrente ultrapasse 85% da receita corrente, também haverá a opção de acionamento dos gatilhos, mas nesse caso é necessária a aprovação do Poder Legislativo local. 

Notas

O patamar de 95% é utilizado pelo Tesouro para dar a nota aos Estados e municípios. Essa nota define quem tem ou não acesso a empréstimos com garantia da União (se o Estado dá calote, o governo federal cobre). 

Na União, o secretário estima que o patamar de 95% de despesas seria atingido entre 2024 e 2025. “Ficou faltando (na legislação) a parte perene e olhar para o bom funcionamento da regra fiscal para o futuro e é isso que a PEC está fazendo”, diz o secretário. Segundo ele, a proposta traz uma boa previsibilidade das despesas para trazer mais credibilidade e confiança de que vai ter um correto funcionamento do teto de gastos.

Para a especialista em contas públicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Vilma Pinto, é um erro deixar na PEC a palavra “poderão” para o acionamento dos gatilhos, deixando facultativo aos governadores. “Não vai ter tanta efetividade se não colocar isso como uma regra fiscal impositiva. Fica a critério de cada Estado e município. Não tem como avaliar a efetividade”, diz. 

Segundo ela, a medida é válida porque, observando as despesas correntes e as receitas correntes, não têm muita flutuação por efeitos atípicos como investimento. Vilma destaca que a tabela do Tesouro representa uma média ponderada dos três últimos anos. “É bom porque traz uma perspectiva intertemporal porque em 2020 teve muito recurso extraordinário”, diz Vilma, que acompanha em detalhes as contas dos Estados e municípios.

terça-feira, 2 de março de 2021

GOVERNADORES FARÃO VISITA À FÁBRICA DA VACINA SPUTNICK

 

Após conflito com Bolsonaro, governadores vão pedir ajuda a Lira e visitar fábrica da Sputnik

Líder do Executivo capixaba, Casagrande reclama de falta de coordenação nacional contra a pandemia

Leonardo Augusto, especial para o Estadão

BELO HORIZONTE -Após acusações do presidente Jair Bolsonaro sobre medidas adotadas pelos Estados para frear o novo coronavírus, governadores vão pedir nesta terça-feira, 2, ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas-AL), que o Congresso participe de uma coordenação nacional de combate à covid-19. Os gestores também vão visitar a fábrica responsável por produzir futuramente a Sputnik V no Brasil, na tentativa de articular a compra da vacina russa.

“Queremos do Congresso mais do que orçamento. Queremos uma coordenação nacional que envolva o presidente da Câmara em um trabalho que ajude os Estados neste momento de crescimento da pandemia. Estamos praticamente com 20 Estados com dificuldades de atender pacientes, especialmente em unidades de terapia intensiva”, apontou o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), durante entrevista coletiva em Vitória na tarde desta segunda-feira, 1º.

Renato Casagrande
Renato Casagrande (PSB), governador do Espírito Santo Foto: ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA

Segundo Casagrande, 20 chefes de executivos estaduais, que integram o Fórum dos Governadores, devem desembarcar em Brasília para a conversa com Lira. Além das críticas sobre as medidas adotadas contra o coronavírus, os governadores reclamam também de publicação do presidente nas redes sociais no fim de semana sobre a na natureza de repasses de recursos federais. Uma nota assinada por 16 mandatários estaduais divulgada nesta segunda contesta os números.

“Isto que o presidente está divulgando são fake news. Estão torturando números e publicando fake news”, afirmou Casagrande ao Estadão, em conversa antes da coletiva. O governador afirma que valores citados por Bolsonaro na publicação feita nas redes sociais são repasses constitucionais que seriam enviados, seja qual fosse o presidente. “São recursos constitucionais”. Bolsonaro citou ainda, por Estado, quanto foi pago de auxílio emergencial. Casagrande lembrou que, neste casos, os recursos são pagos diretamente à população.

Na sexta-feira, 26, o presidente afirmou que o governador que adotar medidas de restrição para evitar a propagação da covid-19 deverá bancar novas rodadas do auxílio emergencial. “Não pode continuar fazendo política e jogar para o colo do presidente da República essa responsabilidade”, disse, durante visita às obras de duplicação da BR-222, em Caucaia (CE).

Vacina russa Sputnik V
Dose da vacina russa Sputnik V contra covid-19 Foto: Pavel Golovkin/AP

Casagrande disse que as medidas tomadas são para tentar conter a pandemia e que ninguém “gosta de fechar comércio”. O governador, sem citar o nome do presidente, afirmou que as pessoas olham declarações de um líder e começam a ter dúvidas sobre se uma medida está correta ou não. “Acaba dificultando muito o trabalho. Nós governadores estamos tendo um trabalho muito exaustivo, mas intenso, por falta de uma coordenação nacional (para combate à pandemia)“, declarou.

Casagrande afirmou ainda ter esperanças de que o governo federal faça essa coordenação nacional. “Mas enquanto não coordena, que o Congresso Nacional exerça esse debate, que acompanhe o assunto, para que a gente não perca tempo tendo que responder a postagens do presidente”, argumentou. Além do encontro com o presidente da Câmara, os governadores vão visitar ainda a fábrica da farmacêutica União Química, que representa a vacina russa Sputnik no Brasil. O objetivo é articular a compra de imunizantes pelos próprios Estados.

Casagrande disse que a ideia inicial é que os Estados comprem a vacina e repassem para o Plano Nacional de Imunização, do Ministério da Saúde. A avaliação, no entanto, é de que o governo federal perdeu o timing para compra dos imunizantes. “Não estamos colhendo hoje os frutos que deveriam ter sido plantados lá atrás. O governo federal deveria ter feito mais parcerias, mais acordos para a compra de vacinas”, disse o governador.

Casagrande afirmou ainda que o governador de São Paulo, João Doria (PSDB) não irá a Brasília nesta terça-feira, mas disse que o tucano “está com o grupo”. Além da farmacêutica representante da Sputnik no Brasil, os governadores pretendem conversar ainda com autoridades da China e da Índia, países que também criaram vacinas contra a covid-19.

CRESCIMENTO DO BRASIL SERÁ INFERIOR AOS OUTROS BRICS EM 2021

 

Retomada do Brasil este ano deve ter ritmo inferior ao de outros emergentes

Para economistas, recrudescimento da pandemia, ritmo ainda lento de vacinação e falta de um novo auxílio, em meio ao cenário de incertezas políticas e econômicas, são os motivos que levam o País a ficar para trás na expansão global

Vinicius Neder e Daniela Amorim, O Estado de S.Paulo

RIO – Turbinada pelo impulso do auxílio emergencial no consumo das famílias, a economia brasileira terminará o ano da pandemia de covid-19 com desempenho mediano, na comparação com os principais países. O tombo do Produto Interno Bruto (PIB) de 2020 deverá ser menos agudo do que o de vizinhos da América Latina, mas será maior do que nas economias emergentes da Ásia. Por outro lado, a retomada neste ano deixará a desejar, com ritmo inferior aos emergentes asiáticos e pouco abaixo dos pares latino-americanos, num cenário em que os Estados Unidos poderão ser destaque.

No somatório de 2020 e 2021, a economia brasileira deverá registrar uma retração média de 0,5% ao ano, mostra levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), com base nas projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI), atualizadas em janeiro. A retomada de 2021 não recuperará totalmente o tombo de 2020, expectativa que já estava no cenário da maioria dos analistas.

Segundo economistas, controle da pandemia, vacinação e prorrogação de estímulos para mitigar a crise dão o tom das diferenças entre a retomada de cada país. O Brasil poderá ficar ainda mais para trás na retomada deste ano, por causa do recrudescimento da pandemia e do ritmo ainda lento de vacinação, em meio ao cenário de incertezas políticas e econômicas. Com o impasse em torno da reedição do auxílio emergencial, uma retração da economia neste primeiro trimestre já é prevista e há quem aposte em dois trimestres de queda, ou seja, teríamos uma recessão.

Coronavírus
Falta de vacina na quantidade necessária atrasa recuperação do País. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

“Sem a vacina não tem jogo, vamos estar atrasados em relação aos demais países do mundo. Não tem vacina em quantidade necessária para imunizar 70% da população e alcançar a imunidade por rebanho. O crescimento da economia este ano pode ser menor que o esperado. Eu, particularmente, não acredito num avanço de 3,6%, por conta das incertezas, mas, principalmente, por causa da vacina”, avaliou Claudio Considera, coordenador do Núcleo de Contas Nacionais do Ibre/FGV.

No ano passado, o PIB do Brasil deve ter encolhido 4,5%, nas estimativas do FMI – as projeções de analistas nacionais, compiladas pelo Banco Central (BC), apontam uma retração de 4,3%, conforme o Boletim Focus. Este ano, a projeção do FMI aponta para um crescimento de 3,6%, ante 3,29% nas estimativas dos analistas brasileiros pesquisadas pelo BC. As projeções locais vêm piorando. Há um mês, o Boletim Focus apontava crescimento de 3,50%. As estimativas para este ano serão calibradas após a divulgação do resultado oficial de 2020, pelo IBGE, amanhã.

“A principal atividade no País tem relação com o convívio social, que é a parte dos serviços. Isso faz com que nosso PIB seja bastante prejudicado pela pandemia. Os demais países (desenvolvidos) colocaram mais recursos em auxílio emergencial do que fomos capazes. Embora nosso primeiro auxílio tenha tido um volume relevante, agora está sendo discutido um volume menor”, disse Considera.

FMI

A retomada do Brasil será mais lenta do que o agregado mundial e do que a recuperação dos emergentes. O FMI projeta que a economia global crescerá 5,5% este ano, avanço médio de 0,9% ao ano em 2020 e 2021. No geral, o crescimento projetado para o Brasil em 2021 fica no meio da lista de 30 países incluídos no levantamento do Ibre/FGV: para 13 países, o FMI projeta crescimento superior ao estimado para o Brasil, enquanto 16 nações deverão crescer este ano num ritmo inferior ao brasileiro (veja quadro ao lado).

Só que a retomada, no agregado, será puxada pela Ásia, com destaque para a China e a Índia. Tanto que os emergentes deverão crescer 6,3% neste ano, ritmo quase duas vezes maior do que o esperado para o Brasil. Conforme as projeções do FMI, o PIB da Índia deverá saltar 11,5%, a China deverá crescer 8,1%, seguidos de Malásia (7,0%) e Filipinas (6,6%).

“A China, na contramão, ou como está na frente, deverá começar a retirar estímulos antes da maioria do mundo”, afirmou Fabiana D’Atri, economista do Bradesco, que prevê a “normalização” da economia chinesa, com a pandemia controlada, já a partir do segundo semestre.https://arte.estadao.com.br/uva/?id=2vw7Dz

EUA

O crescimento brasileiro também deverá ficar abaixo de economias desenvolvidas, como Estados Unidos (5,1%), França (5,5%) e Espanha (5,9%), segundo os números do FMI. As revisões, para cima, nas expectativas de crescimento da economia americana têm chamado a atenção, em função da possibilidade de o recém-empossado presidente Joe Biden conseguir aprovar mais um pacote de US$ 1,9 trilhão para mitigar os efeitos da pandemia – para além dos US$ 900 bilhões aprovados em dezembro, com efeitos desde janeiro.

Tanto que, em relatório divulgado na última sexta-feira, o Bradesco elevou sua estimativa para o crescimento americano neste ano para 7,0%, bem acima da projeção de janeiro do FMI. Além de mais estímulos, o controle da pandemia melhorou nos EUA, onde, segundo o banco, a vacinação contemplou 19,4% da população até fevereiro.

Para Fabiana, do Bradesco, diferentemente do tombo inicial do segundo trimestre de 2020, quando todas as economias do mundo pararam mais ou menos ao mesmo tempo e da mesma forma, a recuperação econômica tem sido assimétrica entre os países, por causa das diferenças no controle da pandemia, no ritmo de vacinação e na capacidade de adotar estímulos.

Na Europa, a Itália, fortemente atingida pela covid-19 ainda em fevereiro do ano passado, antes mesmo de a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciar que se tratava de uma pandemia, deverá ter o pior desempenho médio em 2020 e 2021, com crescimento de 3,0% este ano, vindo de um tombo de 9,2% ano passado, segundo o estudo do Ibre/FGV. O aumento do número de casos de covid-19 levou a novas medidas de restrição na virada do ano, colocando a possibilidade de retrações econômicas em diversos países europeus neste início de ano.

País deixa time das 10 maiores economias

A crise de 2020 deverá confirmar a saída do Brasil do grupo das dez maiores economias do mundo, como já mostrou outro levantamento do Ibre/FGV, de outubro do ano passado. O País deverá fechar o ano como a 12.ª maior economia em termos de valor do PIB, ultrapassado por CanadáCoreia do Sul e Rússia.

“Fica muito claro que o Brasil tem algum problema crônico e interno. É uma questão doméstica muito grave, que atribuo aos problemas que existem na gestão do Executivo e do Congresso, conflitos que persistem ao longo do tempo”, diz o economista-chefe da agência Austin Rating, Alex Agostini.

MARKETPLACES PODEM ALAVANCAR VENDAS ONLINE

 

ENTENDA COMO OS MARKETPLACES PODEM ALAVANCAR AS SUAS VENDAS

Todos os dias, vemos lojistas querendo saber o que são os maketplaces. Desde já deixamos registrado aqui que os marketplaces são os meios que podem alavancar as suas vendas.

Explicando de forma simplificada, um maketplace é como um shopping center virtual, onde recebem um enorme número de visitas e a sua empresa pode colocar a sua vitrine de produtos lá para ser vista pelo grande número de consumidores.

Desta forma, podemos dizer que o marketplace é o caminho mais barato para ter pessoas vendo as suas ofertas e a Startp Valeon aqui mesmo do Vale do Aço é o marketplace mais indicado para divulgar os seus produtos.

A Valeon opera dessa forma: reune compradores e lojistas, mas não necessariamente vende produtos próprios.

Esse é o tipo de combinação que todo mundo ganha. O lojista ganha por vender o seu produto sem precisar investir tanto em propaganda, o cliente fica satisfeito por comprar um bom produto e o a Valeon ganha cada vez mais força para divulgar a sua marca.

Se em outros meios de propaganda você precisa pagar valores astronômicos de mensalidades, no marketplace Valeon você pode divulgar os seus produtos com pequenas mensalidades que não vão onerar as suas despesas, mas isso é o de menos, afinal a Valeon tem o compromisso de trazer os clientes até à sua empresa.

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NÃO FAZ SENTIDO MANTER O DEPUTADO PRESO

 

PGR é a favor de Daniel Silveira sair da prisão e voltar à Câmara, mas com tornozeleira

Deputado está preso desde o último dia 16 de fevereiro por publicar vídeo nas redes sociais com ameaças a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e apologia à ditadura militar

Rafael Moraes Moura/BRASÍLIA e Paulo Roberto Netto/SÃO PAULO

Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou nesta segunda, 15, pela soltura do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) mediante uso de tornozeleira eletrônica. O parlamentar está preso desde o dia 16 de fevereiro por publicar vídeo nas redes sociais com ameaças a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e apologia à ditadura militar. A detenção foi ainda validada pela Câmara dos Deputados.

peça elaborada pela PGR reitera manifestação enviada à Corte no dia seguinte à prisão, quando uma denúncia foi apresentada contra Daniel Silveira. Na ocasião, a Procuradoria destacou a ‘periculosidade’ de Silveira, que na gravação em que ameaçou os ministros afirmou estar ‘disposto a matar, morrer, ser preso’.

As medidas cautelares foram solicitadas no inquérito dos atos antidemocráticos – o mesmo na qual foi apresentada a denúncia contra Silveira. A prisão do parlamentar, porém, foi ordenada por Alexandre de Moraes em um outro inquérito, que mira a difusão de fake news, ameaças e ofensas contra o Supremo.

Na semana passada, o ministro Alexandre de Moraes, que decretou a prisão de Silveira, pediu nova manifestação da PGR após ‘ocorrência de diversos fatos supervenientes’ à denúncia.

O ministro listou episódios como a discussão do parlamentar com uma agente da Polícia Civil no Instituto Médico Legal (IML) do Rio, declarações a manifestantes na porta do Batalhão e a descoberta de dois celulares na cela do deputado na Superintendência da Polícia Federal do Rio. Segundo relatório da PF, Daniel Silveira se recusou a fornecer as senhas dos aparelhos para perícia.

Na nova manifestação, a PGR aponta que o uso de tornozeleira e a proibição de Daniel Silveira de se aproximar das dependências do Supremo seriam suficientes para evitar novas ocorrências. O monitoramento valeria para sua residência em Brasília e para a Câmara dos Deputados, onde trabalha. Por não atrapalhar o mandato, a imposição da cautelar também não precisaria ser avaliada pela Casa.

“Embora não possam, nem devam agravar o estatuto jurídico-processual do acusado, esses episódios sugerem que a expedição de mandado de monitoração eletrônica em seu desfavor com área de inclusão limitada à sua residência ou domicílio, bem como a imposição de afastamento do edifício-sede do Supremo Tribunal Federal são medidas que evitariam novas intercorrências, bem como a inobservância, em prejuízo dele próprio, dos deveres previstos no art. 39 da lei de execução penal, e das obrigações legais inerentes ao seu estado”, anotou o vice-procurador-geral Humberto Jacques de Medeiros.daniel_silveira_deputado_federal_psl

Daniel Silveira é transferido para Batalhão Especial Prisional. Foto: Wilton Júnior / Estadão

Em relação à apreensão dos celulares, o vice-PGR apontou que ainda é necessário esclarecer o caso, mas que ele não é suficiente para justificar a prisão. “Ao caráter acintoso do delito não corresponde pena grandiosa. A dimensão da reprovabilidade a se considerar o impacto na liberdade deve ser, assim, a da pena mais modesta e não do comportamento reprovável no cárcere”, apontou.

Segundo o Estadão apurou, a apreensão dos aparelhos celulares repercutiu mal entre integrantes do STF e da PGR. A PF abriu um inquérito para investigar o caso. Pessoas que acompanham as investigações avaliam que a perícia nos aparelhos celulares pode revelar se Silveira, que foi policial militar do Rio, tem algum envolvimento com grupos de milicianos. A análise também poderá demonstrar a relação do deputado com o presidente Jair Bolsonaro e com dirigentes partidários.

Silveira foi preso em flagrante por crime inafiançável, no dia 16, ao divulgar vídeo com ataques e ofensas a integrantes do STF e, ainda, com apologia ao Ato Institucional nº 5, o mais duro da ditadura militar. A ordem de prisão, determinada por Alexandre de Moraes, foi confirmada por unanimidade pelo plenário da Corte um dia depois. Na sexta-feira passada, por 364 votos a 170, a Câmara manteve a decisão.

Na denúncia apresentada contra o parlamentar, a PGR listou três vídeos recentes em que Silveira praticou agressões verbais e graves ameaças contra integrantes da Corte, incitando o emprego de violência e a animosidade entre as Forças Armadas e o STF. Segundo Medeiros, desde que entrou na mira de inquéritos do Supremo, o deputado bolsonarista usou a estratégia de praticar agressões verbais e graves ameaças contra os integrantes da Corte, tentando intimidá-los.

Procurado pela reportagem, o advogado de Silveira, Maurizio Spinelli, informou apenas que protocolou junto ao STF as ‘representações pertinentes até o momento’, mas que prefere não dar detalhes, por uma questão de estratégia.

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