quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

PEDIDO DE CASSAÇÃO DA CHAPA BOLSONARO-MOURÃO FRUSTRADO PELO TSE

 

Parecer livra chapa Bolsonaro-Mourão de cassação no TSE

 

ISTOÉ

 

 

Em parecer enviado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o vice-procurador-geral eleitoral, Renato Brill de Góes, afirmou que as provas colhidas até agora não justificam a cassação do presidente Jair Bolsonaro e do seu vice, Hamilton Mourão, por supostas irregularidades cometidas na última campanha presidencial. A vitoriosa chapa na disputa pelo Palácio do Planalto em 2018 é alvo de quatro ações que aguardam julgamento na Corte Eleitoral. Brill de Góes pediu que esses processos tramitem de forma conjunta e sejam julgados simultaneamente, devido à conexão dos fatos investigados.

“Pelo conjunto probatório produzido nos autos, conclui-se pela não comprovação de eventual gravidade dos ilícitos narrados, de modo a macular a legitimidade e a normalidade das eleições, o que afasta o pedido de cassação do diploma”, escreveu Góes, que considerou “esquálido” o conjunto de provas coletados até agora.

Para o vice-procurador-geral eleitoral, o abuso de poder econômico e o uso indevido dos meios de comunicação social, para justificar a cassação e a inelegibilidade dos candidatos, “devem ser comprovados por prova robusta e convergente do ilícito perpetrado”. Góes, no entanto, apontou que “inexistem elementos concretos de participação ou anuência” de Bolsonaro e Mourão em supostos atos abusivos que estão sob investigação do TSE.

A manifestação de Góes foi feita dentro de uma ação movida pela coligação “Brasil Soberano” (liderada por Ciro Gomes na corrida presidencial de 2018) contra Bolsonaro e Mourão. A ação também investiga o empresário Luciano Hang e sócios de empresas de informática e mídia digital. O processo, assim como outros três que aguardam julgamento no TSE, investiga abuso do poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação social envolvendo a contratação de empresas para disparo em massa de conteúdo eleitoral no aplicativo WhatsApp.

“É inequívoco que as referidas ações de investigação judicial eleitoral – porque propostas por partes diversas e sobre o mesmo fato – devem receber uma solução jurídica uniforme e coerente”, escreveu Góes. As ações também apuram uso de robôs e de nome e CPF de idosos para garantir disparos em massa e a existência de uma “estrutura piramidal de comunicação” para disseminar desinformação.

Dois desses processos – movidos pela campanha de Fernando Haddad – aguardam uma decisão sobre o compartilhamento de provas com o inquérito sigiloso das fake news, que tramita no STF.

Quebra de sigilo.

Mesmo sem encontrar, até agora, provas que justifiquem a cassação da chapa Bolsonaro/Mourão, o vice-procurador-geral eleitoral destacou que, ao longo das investigações, o WhatsApp informou ao TSE a existência de contas registradas que “praticaram comportamento anormal” durante o mês de outubro de 2018, justamente quando foi realizado o primeiro e o segundo turno.

“É absolutamente relevante o teor da informação prestada pela WhatsApp INC., que noticia a detecção de ‘comportamento anormal, indicativo do envio automatizado de mensagens em massa” por parte das empresas SMSMarket Soluções Inteligentes Ltda. e Yacows Desenvolvimento de Software Ltda., bem como da pessoa física de William Esteves Evangelista (sócio da SMS Market) – o que, inclusive, levou ao banimento dessas contas”, observou o vice-procurador-geral eleitoral.

Ainda segundo o WhatsApp, uma conta relacionada à Yacows Desenvolvimento de Software Ltda. foi banida em 11 de outubro de 2018 “por

suspeita de spam, envio de mensagens em massa ou automatizadas”.

A partir das informações trazidas pelo WhatsApp, Góes pediu a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Luciano Hang e das empresas que estão na mira do TSE no período crítico da última campanha presidencial – 1º de julho a 30 de novembro de 2018.

Os pedidos ainda serão analisados pelo relator dos casos, o ministro Luis Felipe Salomão.

COM A PALAVRA, O PALÁCIO DO PLANALTO

Procurado, o Palácio do Planalto ainda não se manifestou.

COM A PALAVRA, LUCIANO HANG

Sobre o parecer do Ministério Público Eleitoral, o empresário Luciano Hang lamenta a confusão e imprecisão da Procuradoria-Geral Eleitoral (PGE) ao comparar o impulsionamento realizado na página pessoal e particular no Facebook do empresário, com as condutas que lhe são falsamente atribuidas de divulgação de compras de pacotes de disparos em massa de mensagens no WhatsApp.

De acordo com os advogados de Hang, estes e em outros autos, não houve qualquer produção probatória nesse sentido. Tanto é assim, que por duas oportunidades, foi determinado o encerramento da instrução processual.

Deixando claro o desperdício de recursos públicos na tramitação de um processo ajuizado pelo Partidos dos Trabalhadores (PT). Ação que visivelmente não possui qualquer efeito prático e respaldo probatório, pois baseado exclusivamente em acusações falsas de notícias do jornal Folha de São Paulo.

A questão que envolver os disparos no WhatsApp, trata-se de um boato criado pela Folha de São Paulo, cujo assunto já e objeto de uma ação de indenização em trâmite em Brusque (SC), a qual aguarda sentença.

Conforme os advogados do empresário, ainda que não exista uma decisão pelo Poder Judiciário, o fato é que encerrada a instrução dessa ação de indenização, a Folha de São Paulo foi incapaz de provar a falsa afirmação de que Luciano Hang teria financiado disparos de mensagens. Mais do que isso, ela confessa que essa estória surgiu de uma fonte ligada ao PT (agremiação política antagônica ao candidato eleito e atual presidente da república).

Em uma imprensa séria e independente, essa circunstância, aliada a absoluta falta de provas, seria suficiente para descredibilizar o relato. Porém, infelizmente não foi isso que ocorreu.

Quanto à quebra dos sigilos bancários e fiscal, o Luciano Hang reforça que nada tem a esconder, pois está ciente de suas condutas e jamais financiou disparo ou impulsionou mensagens pelo WhatsApp durante a campanha eleitoral de 2018.

 

REFORMA TRIBUTÁRIA HOSTIL A MUITAS FAMÍLIAS, SETORES PRODUTIVOS E ENTES FEDERATIVOS

 

Uma proposta hostil de reforma tributária

 

Everardo Maciel*

 

 

Num cenário de incertezas quanto aos desdobramentos das múltiplas crises associadas à covid-19, há previsões muito preocupantes, como a que fez António Guterres, secretário-geral da ONU, na reunião do G-20 realizada no fim de semana passado: “(...) o mundo em desenvolvimento está à beira da ruína financeira e da crescente pobreza, fome e sofrimento indizível”.

A despeito dessa dramática perspectiva, optamos, no Brasil, por uma conduta que ignora planejamento para enfrentar as crises e nem sequer dá atenção à elaboração do Orçamento federal do próximo exercício e à aprovação da PEC Emergencial. Em lugar disso, o debate público está concentrado na eleição das mesas diretoras do Congresso e num projeto de reforma tributária (PEC 45) hostil a muitas famílias, setores produtivos e entes federativos.

As críticas frequentes que tenho feito à PEC 45 não autorizam concluir que desconheço a existência de problemas no sistema tributário brasileiro, tanto quanto também existem nos sistemas tributários de todos os países. O que varia é a natureza e dimensão dos problemas.

 


© Tiago Queiroz/Estadão Adoção de medidas restritivas pode afetar a arrecadação do ISS, que representou 48% das receitas tributárias das capitais em 2019.

Não entendo como uma proposta de reforma tributária possa ser produzida em ambiente privado, submetendo-se ao crivo de interesses privados, e utilizada como instrumento para consecução de objetivos eleitorais. Receio que essa conduta seja pouco republicana.

A proposta é desabastecida de estudos, ressalvados exercícios econométricos contestados por experientes especialistas e que, sobretudo, ofendem o senso comum, quando pretendem fazer conjecturas sobre vinculação, em uma década, entre a aprovação de uma proposta lacunosa e o crescimento do PIB.

Paul RomerNobel de Economia de 2018, adverte sobre o mau uso da matemática na economia, envolvendo suposições irrealistas e interpretações tensas. Esse recurso seria tão somente uma cortina de fumaça sofisticada para disfarçar intenções e promover agendas ocultas.

Em artigos anteriores, procurei demonstrar que a PEC 45 é uma fonte inesgotável de problemas. Neste artigo, cuido das repercussões federativas da proposta, num contexto em que se vislumbram grandes dificuldades financeiras para Estados e municípios em 2021.

A pretensão de adotar o princípio do destino, a despeito de estimular evasão fiscal (carrossel, segundo a literatura especializada) e promover a acumulação de créditos nas operações interestaduais, implica um jogo de ganhos e perdas entre os entes federativos.

O financiamento dessas perdas, num inacreditável prazo de 50 anos, se daria, inevitavelmente, por aumento da carga tributária, já sabidamente elevada.

Os Estados conhecem os embates, que exigiram uma laboriosa negociação no STF, para efetivar, entre 2021 e 2037, o ressarcimento das perdas decorrentes da Lei Kandir (R$ 65,6 bilhões). O mais grave é que essa compensação se somaria àquela, agravando a dificuldade.

O autoritário governo de Narendra Modi, na Índia, implementou, a duras custas, uma reforma menos ambiciosa que a PEC 45, com promessa de compensação das perdas dos Estados. A crise fiscal associada à pandemia, entretanto, inviabilizou a compensação, impactando severamente as contas dos Estados, justamente os responsáveis pelos serviços de saúde e pelas transferências de renda.

Quanto aos municípios, é preciso ter em conta suas enormes responsabilidades no atendimento da população urbana, que alcança a expressiva proporção de 86% do total, sabendo que a crise sanitária não está contida e que há uma grande quantidade de tratamentos médicos represados por força da pandemia. Além disso, a adoção de medidas restritivas ao funcionamento de serviços, em razão da crise, pode repercutir negativamente na arrecadação do ISS, que em 2019 representou 48% das receitas tributárias das capitais.

A despeito disso, a PEC 45 pretende sequestrar o ISS, incorporando-o a um imposto com claro viés centralizador, logo agora que o STF decide que a tributação de softwares se inclui na base imponível daquele tributo.

*CONSULTOR TRIBUTÁRIO, FOI SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL (1995-2002)

 

quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

COLUNA ESPLANADA DO DIA 02/12/2020

 

Insuficiência de caixa

 

Coluna Esplanada – Leandro Mazzini

 

 

O Tribunal de Contas das União (TCU) emitiu alertas ao Ministério da Economia, à Controladoria-Geral da União e à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional sobre possível insuficiência de caixa de R$ 46 bi neste ano. A arrecadação de receitas no 4º bimestre sofreu queda de 4,48% em relação ao estimado, pontua o TCU. A previsão era de R$ 243,4 bilhões, mas a efetiva foi de R$ 232,5 bilhões. Segundo o ministro-relator, Walton Alencar Rodrigues, “essa insuficiência configura risco capaz de afetar o equilíbrio das contas públicas e a gestão fiscal responsável”.

Calamidade
O TCU aponta que, a partir da reavaliação das receitas e despesas primárias, haveria a necessidade de contingenciamento para todos os poderes, Ministério Público da União (MPU) e Defensoria Pública da União (DPU). “No entanto, devido ao estado de calamidade pública, tal medida está dispensada”, pondera o relator.

Estatais
O relatório da corte de contas também constata que o resultado de 2020 das empresas estatais federais mostrou déficit expressivo. Cita a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), R$ 1 bilhão; Empresa Gerencial de Projetos Navais (Emgepron), R$ 952 milhões e Empresa Gestora de Ativos (Emgea), R$ 247 milhões.

Presidenciáveis
Líder do ranking de prefeitos eleitos – foram 784 –, o MDB já projeta nomes para a disputa à presidência em 2022. Os presidenciáveis, por ora, são a senadora Simone Tebet (MDB-MS) e o governador de Alagoas, Renan Filho.

Centro
O bom desempenho do MDB, DEM e PSDB e a derrocada do presidente Jair Bolsonaro nas eleições municipais vão reforçar o protagonismo do Congresso Nacional. O Planalto fica mais dependente do Centrão, que ditará os rumos das pautas e da sucessão dos atuais presidentes, Rodrigo Maia, na Câmara, e Davi Alcolumbre, no Senado.

Abstenção
Composta por representantes de seis países, a Missão de Observação Eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA) classificou a eleição como “tranquila” e “transparente”. Mas registrou no relatório “os desafios que se apresentaram no primeiro turno” – referência ao ataque hacker ao TSE - e o expressivo aumento da abstenção: 29,47%.

Remoto 
O Conselho Nacional de Educação (CNE) aguarda, há dois meses, a homologação pelo Ministério da Educação (MEC) da resolução que permite o ensino remoto até dezembro de 2021. O Conselho auxilia a pasta na formulação e avaliação das políticas nacionais de educação.

Gradual 
O CNE orienta, na resolução, que as atividades presenciais sejam retomadas de forma gradual e estabelece que cabe à família, em acordo com a escola e a normatização, definir se o aluno continua com as atividades remotas ou não.

Retorno
Em meio ao aumento de casos de Covid-19, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), composta por 245 deputados federais e 39 senadores, defende o retorno “urgente e necessário” das atividades do Congresso Nacional. 

Paralisia
Os parlamentares alegam que o debate tem sido prejudicado por sessões remotas que analisam apenas o que é de consenso geral: “O Congresso não pode permanecer em paralisia enquanto assuntos urgentes deixam de ser discutidos”.

Internet
A Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint) aponta que a demanda por Prestadoras de Telecomunicações de Pequeno Porte (PPPs) cresceu 47% durante a pandemia. Os provedores regionais tiveram aumento de demanda em 144%, o que representa mais de 3,5 milhões de novos acessos.

Carentes
Na Câmara, deputados tentam destinar recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) para a compra de equipamentos de informática e de acesso à internet para os alunos carentes da rede pública de ensino. Os projetos estão parados há meses. “Há um abismo no que se refere ao acesso à internet”, resume o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), autor de uma das propostas.

 

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...